Portugal: uma economia não inovadora? Eduardo J C Beira Departamento de Sistemas de Informação Universidade do Minho www.dsi.uminho.pt/~ebeira [email protected] Funchal,27 Setembro 2002 ???Portugal??? • • Uma cultura de pouca inovação e baixos riscos ... Não gastamos dinheiro em R&D ... – Em especial as empresas portuguesas ... • • • • Temos uma produção ridicula de patentes ... Temos uma % muito baixa de emprego high tech ... Falta-nos uma cultura de empreendedorismo ... Os empresários portugueses: – Sem visão estratégica ... – Sem capacidade inovadora ... – Sem ... • Os gestores portugueses: – “arrasados” .... Funchal,27 Setembro 2002 Portugal PIB pc (ppp) • Um país europeu atrasado sob o ponto de vista de PIB – PIB per capita (ppp, 2000) = 18 m.USD • Versus UE15 = 24,4 • Mas a crescer bem na década 90 – Taxa de crescimento = 2,3% • Ranking UE15 = 4 • Mas um país da Iª liga mundial ... – Ranking HDI = 28 – Mas no fim da tabela (UE) Funchal,27 Setembro 2002 UE Zona euro 24,4 24,3 Bélgica Dinamarca Alemanha Grecia Espanha Finlandia França Irlanda Itália Luxemburgo Holanda Austria Portugal Suécia Reino Unido 26,2 29,1 25,9 16,8 20,1 25,2 24,2 29,2 25,2 47,1 27,8 27,0 18,0 24,8 24,4 USA 35,6 PIB taxa % 90-98 HDI 1,6 2,9 1,5 1,7 1,9 2,0 1,5 7,7 1,2 92,3 90,5 90,6 86,7 89,4 91,3 91,8 90,0 90,0 2,6 1,9 2,3 1,2 2,2 92,1 90,4 85,8 92,3 91,8 Convergencia % Crescimento do PIB 5 4 3 2 1 0 1 -1 -2 2 3 4 5 6 7 8 9 10 81-90 3,1 92 93 94 95 96 97 98 99 00 01 1,9 -1,3 2,5 2,9 3,7 3,8 4 3,1 3,3 1,8 Fonte: Banco de Portugal, UE divergencia com UE Funchal,27 Setembro 2002 Crescimento Crescimento do PIB 75-01 75-85 85-90 90-95 95-01 Bélgica Dinamarca Alemanha Grecia Espanha Finlandia França Irlanda Itália Luxemburgo Holanda Austria Portugal Suécia Reino Unido 2,1 2,1 2,2 2,1 1,6 2,9 2,4 3,5 3 2,4 1,9 2,4 3 1,5 1,9 3,1 1,3 3,4 1,2 4,5 3,3 3,3 4,6 2,9 6,4 3,1 3,2 5,5 2,3 3,3 1,5 2 2 1,2 1,5 -0,7 1,1 4,7 1,3 5,4 2,1 2 1,8 0,6 1,6 2,8 2,6 1,8 3,5 3,7 4,9 2,5 9,1 2 6,1 3,7 2,5 3,4 2,9 2,8 USA Japão 3,4 3,8 3,2 5,2 2,4 1,5 3,9 1,1 Fonte: UE, European competitiveness report 2001 Funchal,27 Setembro 2002 Produto e crescimento do produto Crescimento do produto (PIB) = crescimento do emprego * crescimento da produtividade do trabalho (output per capita) = Crescimento nas horas de trabalho per capita * Crescimento da produtividade horária do trabalho (output por hora de traballho) Funchal,27 Setembro 2002 Produtividade e crescimento da produtividade Crescimento da produtividade = Efeito do “capital deepening” (do trabalho, output per capita) • Contribuição da substituição de trabalho manual por capital / bens de equipamento (automação, ...) + Produtividade multifactor (MFT) • Contribuição de outras fontes de crescimento para além das contribuições do capital e do trabalho – Inovação tecnológica – Inovação organizacional • Tudo o mais que contribui para melhorar e eficiencia de transformação dos inputs em outputs do sistema economico Funchal,27 Setembro 2002 1995-2001 • PIB per capita (USA 2001=100) Emprego (2001, %) Crescimento do emprego (1995-2001, %) P UE Rank 48 73 0,4 65 66 1,2 14 5 15 3,4 2,9 1,1 1,8 2,6 1,3 0,4 1 7 3 1 5 (Gr) N, D, S, A 1995-2001 Crescimento do PIB (%) Produtividade do trabalho (1) "Capital deepening" (2) MFP / TFP (3) Fonte: UE, European competitiveness report, 2001 (1) crescimento anual médio do PIB por pessoa empregada (%) (2) contribuição anual média para o crescimento da produtividade do trabalho (%). Os numeros indicam a contribuição do "capital deepening", ou a substituição de capital por trabalho, o crescimento da produtividade do trabalho, em percentagem. (3) "multifactor productivity" ou "total factor productivity" Funchal,27 Setembro 2002 Ir, L, Fin, N, S, Gr Ir, L Ir, Fin, G, S Anos 90 P UE Rank 48 73 0,4 65 66 1,2 14 5 15 95-01 90-95 3,4 1,8 2,6 1,5 7 7 Ir, L, Fin, N, S, Gr Ir, L, N, G, A, D 95-01 90-95 2,9 2,3 1,3 2 3 6 Ir, L L, Fin, Ir, D, UK 95-01 90-95 1,1 1,1 0,4 1 1 3 Fin, E 95-01 90-95 1,8 1,3 1 1,1 5 8 Ir, Fin, G, S Ir, D, L, Fin, S, UK, A PIB per capita (USA 2001=100) Emprego (2001, %) Crescimento do emprego (1995-2001, %) (Gr) N, D, S, A Crescimento do PIB (%) Produtividade do trabalho (1) "Capital deepening" (2) MFP / TFP (3) Fonte: UE, European competitiveness report, 2001 (1) crescimento anual médio do PIB por pessoa empregada (%) (2) contribuição anual média para o crescimento da produtividade do trabalho (%). Os numeros indicam a contribuição do "capital deepening", ou a substituição de capital por trabalho, o crescimento da produtividade do trabalho, em percentagem. (3) "multifactor productivity" ou "total factor productivity" Funchal,27 Setembro 2002 Mas ... • Os indicadores parecem ser contraditórios ... P UE Rank P BERD (%PIB) (business R&D) PRD (%PIB) (public R&D) Patentes hightech / Milhão habit 0,17 0,4 0,4 1,24 0,66 17,9 14 13 15 Incubadoras de negócios / M.hab ICT (%GDP) 4,9 6,6 5,5 6,1 6 7 Fonte: UE, Enterprise policy indicators, 2001 • • O que é R&D? Como se contabiliza? Qual a função económica das patentes? • Qual a expectativa de retorno do investimento? Funchal,27 Setembro 2002 (Gr) (Ir, Gr) R&D? • R&D is not responsible for a large share of productivity growth in the US. Since the US is the world leader in R&D, this conclusion can be made extensive to other nations... • Since the innovation that result from these [non R&D investments] are not patentable and quite easy to imitate, the externalities associated with them are probably much larger – D. Comin, “R&D? A small contribution to productivity growth”, NY Univ, Maio 2002 Funchal,27 Setembro 2002 Patentes? • • • Patentes e não inovação ... Protecção dos muito grandes ... Arma de bloqueio ou de incentivo à criatividade? • O estranho caso das patentes de sw e processos de negócio ... Funchal,27 Setembro 2002 UE Innovation scoreboard • UE 2001 Innovation scoreboard • Portugal: -8 (!!!!) (vs +6 Suécia) – Pontos fortes: • TIC / PIB • Inovação de produtos (!!!!!!!) – Pontos fracos: • • • • Funchal,27 Setembro 2002 I&D publica e privada Educação PMEs inovativas Patentes de alta tecnologia CIS2 Portugal • Inovação tecnológica – Não inovação organizacional! (% de empresas) Industria Serviços introduziram inovação inovação de produto inovação de processo actividades / projectos de inov abandonaram projectos 25,8 15,1 22,9 28,5 8,3 28,0 Global Industria Externa Mista Interna 26,7 7,7 15,8 35,6 11,1 16,0 28,5 79,6 59,1 31,4 9,4 Fonte: P Conceição e P Avila, "A inovação em Portugal: II Inquérito comunitário às actividades de inovação", Celta Editora, 2001 Funchal,27 Setembro 2002 Serviços Externa Mista Interna 26,1 29,5 47,0 CIS2 industria Irlanda Alemanha Austria Holanda Reino Unido Suécia França Luxemburgo Finlandia Espanha Bélgica Portugal Dinamarca Itália Grecia Funchal,27 Setembro 2002 IRL D A NL UK S FIN L FIN E B P DK IRL G pib pc ppp 29,2 25,9 27,0 27,8 24,4 24,8 24,2 47,1 25,2 20,1 26,2 18,0 29,1 25,2 16,8 tot 73 69 67 62 59 54 43 42 36 29 27 26 industria peq med 68 78 63 70 59 73 54 71 54 59 43 61 34 48 21 52 21 22 22 43 29 30 grd 85 85 88 84 81 79 75 85 76 50 51 CIS2 serviços Irlanda Austria Luxemburgo Alemanha Reino Unido Holanda Suécia França Portugal Finlandia Bélgica Espanha Dinamarca Itália Grecia Funchal,27 Setembro 2002 IRL A L D UK NL S FIN P FIN B E DK IRL G pib pc ppp 29,2 27,0 47,1 25,9 24,4 27,8 24,8 24,2 18,0 25,2 26,2 20,1 29,1 25,2 16,8 tot 58 55 48 46 40 36 32 31 28 24 13 serviços peq 60 54 45 41 40 32 40 25 28 11 med 49 58 55 60 37 45 37 33 27 grd 87 74 83 83 55 71 55 73 50 21 55 CIS2 • • • A taxa de inovação na industria e nos serviços cresce em geral com a dimensão das empresas Os sectores “tradicionais” são os menos inovadores A correlação entre despesa e inovação é muito “irregular” – Não há correlação em P, Fin e Aus • • • Os objectivos da inovação são melhorar a qualidade e aumentar o mercado As principais fontes de informação são internas, os clientes, a concorrencia e só muito pouco Univ, Labs, patentes As principais dificuldades são falta de pessoal especializado e financeiras Funchal,27 Setembro 2002 Kw e HTw pib pc ppp 24,4 24,3 UE Zona euro Bélgica Dinamarca Alemanha Grecia Espanha Finlandia França Irlanda Itália Luxemburgo Holanda Austria Portugal Suécia Reino Unido B DK D G E FIN FIN IRL IRL L NL A P S UK 26,2 29,1 25,9 16,8 20,1 25,2 24,2 29,2 25,2 47,1 27,8 27,0 18,0 24,8 24,4 Fonte: I. Lafia, Statistics in focus, T9 - 3/2002, Eurostat, 2002 Funchal,27 Setembro 2002 Kwork % 2000 32,3 Kwork % 1995 29,9 36,8 42,1 30,4 22,2 24,5 37,9 34,6 31,7 26,7 35,5 39,1 28,1 18,9 45,7 39,6 32,9 39 26,9 20,1 22 37,3 33,4 29,2 24 30,5 36,7 25,6 17,8 44,2 36,8 HighT work (%) 2000 3,4 3,6 5 3 1,6 2,2 4,4 3,9 4 2,9 2,7 4,1 2,8 1,2 5,1 4,3 11% 10% 12% 10% 7% 9% 12% 11% 13% 11% 8% 10% 10% 6% 11% 11% K e HT CAEs CAE 61 62 64 65 66 67 70 71 72 73 74 80 85 92 Transporte de águas Transportes aereos Correios e telecomunicações Intermediação financeiro, salvo seguros e fundos de pensões Seguros e fundos de pensões, salvo segurança social obrigatória Actividades auxiliares de serviços financeiros Actividades imobiliárias Aluguer de máquinas e equipamentos sem operador ... Computadores e tecnologias da informação Investigação e desenvolvimento Uotas actividades empresariais Educação Saude e trabalho social Actividades desportivas, culturais e recreativas Fonte: I. Lafia, Statistics in focus, T9 - 3/2002, Eurostat, 2002 Funchal,27 Setembro 2002 Inovação • O caso do calçado: – Uma industria tradicional e de PMEs, mas ... • • • • Funchal,27 Setembro 2002 Uma industria low-tech? Uma industria pouco inovadora? Uma industria de empresários sem “visão estratégica”? ... O exemplo do calçado (80 – 00) Funchal,27 Setembro 2002 Funchal,27 Setembro 2002 A inovação e a capacidade financeira • Inovação, mas ... – Risco empresarial – Capacidade financeira limitada – Risco do empresário • A inovação e o crescimento da economia / PMEs é severamente limitada pelo “environment” de financiamento que os empresários portugueses podem usar • e por uma lei de falencias absolutamente inibidora do risco empresarial ... • e pela falta de instrumentos de financiamento tipo “venture capital” ... • e pela falta de recursos financeiros dos empresários ... – o que não é crime nem vergonha ! ... Funchal,27 Setembro 2002 • Uma das grandes inovações institucionais do mundo ocidental foi desacoplar (pelo menos parcialmente) os destinos individuais das pessoas e o destino dos empreendimentos ou decisões que as pessoas tomam • • • • • Seguros Sociedades Anónimas Venture capital ... Deficit da situação europeia (vs. USA) – Portugal em especial ... Funchal,27 Setembro 2002 (Pedro Conceição, 2002) Conclusões • • • Uma economia do pelotão da frente ... A sair no fim do pelotão ... Embora a sprintar bem ... – e a convergir com o meio do pelotão ... • Com um razoavel crescimento da produtividade ... • Uma economia onde o significado e a forma de implementar e medir inovação não pode ser o mesmo dos países do Norte da Europa ou USA ... – A inovação é algo “cultural dependent” ... • e “path dependent ...” • e multidimensional e não linear ... • Uma economia ainda com severas limitações estruturais no incentivo socioeconomico à inovação empresarial ... – – especialmente associadas ao financiamento da inovação empresarial ... e à gestão do risco empresarial ... Funchal,27 Setembro 2002 Se calhar ... • • • • • • O problema da inovação empresarial é muito mais complexo do que parece ... Portugal não é tão mau como parece ... Os empresários portugueses não são tão tacanhos como parecem ... As empresas portuguesas fazem mais inovação do que parece ... Há um Portugal mais inovador do que parece ... A solução não é tão simples e voluntarista como parece ... • Pilotar uma economia não se faz por decreto – Mas vai-se fazendo com decretos ... Funchal,27 Setembro 2002 Politicas • Politicas de inovação: o alvo errado? • Promoção da inovação: – Educação – Concorrencia – Regulamentação legislativa Funchal,27 Setembro 2002 Educação Trabalhadores 25-64 anos: nivel educacional (%) P E UK G Prim Sec- Sec+ Terc Anos educ 67 42 12 23 18 17 12 14 57 53 10 21 25 27 8,0 9,9 12,5 13,3 2 Fonte: European competitiveness report 2002 Funchal,27 Setembro 2002 Futuro? • Se mesmo assim, somos como somos, então ... • A expectativa do futuro não pode deixar de ser positiva .... Funchal,27 Setembro 2002 • Muito obrigado pela vossa atenção! Funchal,27 Setembro 2002