UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL
UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE AQUIDAUANA
PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA
PREPARO DO SOLO E ARRANJO DE PLANTAS NA
CULTURA DO MILHO SEGUNDA SAFRA
Acadêmico Lucas Vinicius Andrade Oliveira
Aquidauana – MS
Março de 2013
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL
UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE AQUIDAUANA
PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA
PREPARO DO SOLO E ARRANJO DE PLANTAS NA
CULTURA DO MILHO SEGUNDA SAFRA
Acadêmico Lucas Vinicius Andrade Oliveira
Orientador Matheus Gustavo da Silva
Dissertação apresentada ao programa de
pós-graduação em Agronomia, área de
concentração em Produção Vegetal, da
Universidade Estadual de Mato Grosso do
Sul, como parte das exigências para a
obtenção do título de Mestre em
Agronomia.
Aquidauana – MS
Março de 2013
O48p Oliveira, Lucas Vinicius Andrade
Preparo de solo e arranjo de plantas na cultura do milho segunda
safra / Lucas Vinicius Andrade Oliveira. Aquidauana, MS: UEMS,
2013.
30p, 30 cm.
Dissertação (Mestrado) – Agronomia – Universidade Estadual de
Mato Grosso do Sul, 2013.
Orientador: Prof. Dr. Matheus Gustavo da Silva.
1.Zea mays L. 2. Híbrido simples 3. Manejo do solo 4. Milho
safrinha 5. Sistema plantio direto I. Título.
CDD 20.ed. 631.521
iv
AGRADECIMENTOS
A Deus.
Aos meus, pais, familiares e amigos pelo apoio durante o período de estudos.
Ao professor Matheus Gustavo da Silva, pela orientação companheirismo
durante todas as etapas deste trabalho.
Ao UEMS, pelo suporte para realização do trabalho.
Aos professores, colegas da graduação e da pós-graduação que contribuíram
para execução desse trabalho.
A CAPES, pela concessão da bolsa de estudos.
v
SUMÁRIO
PÁGINA
RESUMO .....................................................................................vi
ABSTRACT ................................................................................vii
CAPÍTULO 1 - CONSIDERAÇÕES GERAIS ............................. 1
INTRODUÇÃO. ............................................................................ 1
MILHO SEGUNDA SAFRA ........................................................ 2
SISTEMAS DE PREPARO DO SOLO......................................... 2
SISTEMA DE PREPARO CONVENCIONAL .............................. 3
SISTEMA PLANTIO DIRETO ..................................................... 4
ARRANJO DE PLANTAS ........................................................... 5
ESPAÇAMENTO ENTRELINHAS .............................................. 5
POPULAÇÃO DE PLANTAS ....................................................... 6
REFERÊNCIAS ........................................................................... 8
CAPÍTULO - 2 PREPARO DO SOLO E ARRANJO DE
PLANTAS NA CULTURA DO MILHO SEGUNDA SAFRA .... 10
RESUMO .................................................................................... 10
ABSTRACT ................................................................................ 11
INTRODUÇÃO ........................................................................... 12
MATERIAL E MÉTODOS ......................................................... 13
RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................ 15
CONCLUSÕES ........................................................................... 27
REFERÊNCIAS .......................................................................... 28
vi
RESUMO
O milho segunda safra é cultivado por pequenos, médios e grandes produtores do país, e
sua produção mais expressiva está concentrada na região Centro Oeste, sendo que o
estado de Mato Grosso do Sul, é o segundo maior produtor da região e do Brasil. O
investimento com insumos agrícolas são definidos basicamente pelo nível tecnológico
de cada propriedade. Entre as técnicas de manejo que vêm contribuindo para a
sustentabilidade do sistema produtivo, pode-se citar o preparo do solo e o arranjo de
plantas. O primeiro visa adequar o ambiente para a semeadura e o estabelecimento das
plantas de milho, ajuda no controle de plantas invasoras e na conservação do solo. Já o
arranjo de plantas é outra técnica que vem contribuindo para o aumento de produção de
milho, seja na safra de verão ou na segunda safra, e consiste na manipulação das plantas
na área de cultivo, basicamente através da variação do espaçamento entrelinhas e da
população de plantas. Isso é possível devido aos novos híbridos com arquiteturas
foliares modernas tolerantes ao adensamento, e pelas novas plataformas das colhedoras,
que permitem o uso de espaçamentos menores. É possível inferir que a produção de
milho segunda safra com alto nível tecnológico na região de transição do
cerrado/pantanal sul-mato-grossense é promissora,
mediante a utilização
de
espaçamento reduzido.
Palavras-chave: Zea mays L., híbrido simples, manejo do solo, milho safrinha, sistema
plantio direto.
vii
ABSTRACT
The second crop corn is grown by small, medium and large producers in the country,
and its production is concentrated more expressive in the Midwest region, and the state
of Mato Grosso do Sul is the second largest producer in the region and Brazil. The
investment in agricultural inputs are defined primarily by technological level of each
property. Among the management techniques that are contributing to the sustainability
of the production system, we can mention the soil preparation and plant arrangement.
The first aims to adapt the environment for seeding and plant establishment corn helps
in weed control and soil conservation. Since the arrangement of plants is another
technique that has contributed to the increase of corn production, whether in summer
crop or second crop, and consists of the manipulation of plants in cultivation area,
basically by varying row spacing and plants population. This is possible because of the
new hybrids with leaf canopies modern tolerant to crowding, and new platforms of
harvesters, which allow the use of smaller spacings. It is possible to infer that the
second crop corn production with high technological level in the transition region of
savanna / wetland of Mato Grosso do Sul is promising, by using reduced spacing.
Key Words: Zea mays L., simple hybrid, soil management, maize, no-tillage
CAPÍTULO 1 – CONSIDERAÇÕES GERAIS
INTRODUÇÃO
O milho segunda safra é o cultivado após a safra de verão, geralmente depois
da cultura da soja, sendo semeado de janeiro a meados de março. Assim seu cultivo era
caracterizado como cultura de menor tecnologia e alto risco, quando comparado com a
safra de verão, devido ao menor investimento em insumos, e principalmente por ser
realizados em uma condição desfavorável de clima.
Porém com o aperfeiçoamento de novas técnicas de cultivo como a
consolidação do sistema plantio direto, melhoramento genético e manejo da cultura,
admite-se que o milho segunda safra possa chegar a representar 57% do volume total de
grãos de milho na safra 2012/2013 (CONAB, 2013).
Entre as práticas que possibilitam a consolidação do milho segunda safra podese citar o manejo do solo, pois a implantação no final do período chuvoso deixa o
agricultor na expectativa de ocorrência de déficit hídrico a partir deste período (CRUZ
et al., 2010). Assim, toda estratégia de manejo do solo deve levar em consideração
propiciar maior quantidade de água disponível para as plantas. Nesse caso, sempre que
possível, deve-se optar pelo sistema de plantio direto, pois oferece maior rapidez nas
operações, além da maior capacidade de retenção de água.
Entretanto, ocorrem situações em que se faz necessário à utilização do preparo
convencional do solo, principalmente nas condições do cerrado onde há grande número
de pastagens degradadas, que vem se modificando para o novo modelo de produção
como exemplo a integração lavoura pecuária.
Outra forma de aumento da produção da cultura do milho é através do arranjo
de plantas, sendo o milho a cultura mais sensível à variação da população de plantas
(ARGENTA et al., 2001).
Desse modo, a produtividade tende a se elevar com o aumento da população,
até atingir determinado número de plantas por área, que seria considerada como
população ótima. Após esse ponto, a produtividade decresce com o aumento do número
de plantas por área. Quando a densidade de plantas é baixa, ocorre certa compensação
2
por meio do aumento no número de espigas, em razão da prolificidade do genótipo, o
que pode minimizar a diferença da produtividade (PEREIRA, 1991).
Outra forma de manipulação do arranjo de plantas é pela variação do
espaçamento entrelinhas, que pode proporcionar melhor distribuição das plantas,
aumentando a distância das plantas na linha, e pode contribuir com o fechamento mais
rápido das entrelinhas, e aumentar a competitividade com plantas daninhas, além de
diminuir a competição por água e nutrientes, e favorecendo a interceptação de luz,
consequentemente aumentando a taxa de fotossíntese e produção de grãos (ALVAREZ
et al., 2006; BALBINOT e FLECK, 2005).
MILHO SEGUNDA SAFRA
O milho segunda safra é cultivado em sequeiro, sendo semeado entre janeiro a
abril após a cultura de verão, geralmente a soja, na região Centro-Sul do Brasil. O termo
segunda safra como também é conhecido, tem origem nas baixas produtividades, que
gerava volume muito pequeno de grãos comparado à safra de verão (CRUZ et al, 2010).
Embora o termo segunda safra seja pejorativo, não correspondendo ao
excelente nível atual de produtividade de parte das lavouras e à sua importância no
cenário nacional, está consagrada pelo uso e caracteriza um sistema de produção
peculiar, a participação da segunda safra de milho nessa temporada 2012/13, está
prevista atingir 57% da oferta total de milho no mercado nacional (CONAB, 2013).
O milho segunda safra é produzido, basicamente, pelos estados de PR, SP, GO,
MT e MS. O estado de Mato Grosso do Sul cultivou na safra 2011/2012 uma área de
1.199.500 ha, obtendo produtividade média de 5.100 kg ha-1, já para a safra 2012/2013 a
estimativa de área a ser cultivada é de 1.230.000 ha, ou seja, 2,5% maior que a safra
passada, representando cerca de 14,87% da área total cultivada com milho segunda
safra no Brasil, que é estimada em 8.267.000 ha, com produtividade esperada de 4.455
kg ha-1 (CONAB, 2013).
SISTEMAS DE PREPARO DO SOLO
Em todas as zonas tropicais do mundo procuram-se novos caminhos de preparo
do solo, pois ficou evidente que não é o clima quente que impede o solo de proporcionar
produtividades elevadas, mas sim, o manejo inadequado (PRIMAVESI, 2002).
O manejo correto do solo busca manter e/ou melhorar seus atributos,
viabilizando a produção econômica e sustentável. Nesse sentido, manejo de solo,
3
embora seja aplicado frequentemente como preparo de solo, é um conceito até mais
abrangente que conservação do solo (FORNASIERI FILHO, 2007).
As técnicas de preparo do solo desenvolvidas na Europa, sob clima temperado
ou frio, em topografias pouco acidentadas e chuvas caracterizadas por energia cinética
baixa, foram introduzidas sem modificações nos trópicos. Estas técnicas, que consistem
na incorporação de resíduos vegetais, deixando a superfície do solo nu por muitos
meses (pousio no inverno com solo já preparado), apresentaram sob condições tropicais
de altas temperaturas e chuvas intensas com alta energia cinética e relevo ondulado,
efeitos desastrosos em termos de perda de solo por erosão (PRIMAVESI, 2002).
O preparo do solo pode ser dividido em três categorias: preparo primário,
preparo secundário e cultivo do solo após a semeadura. As operações mais profundas e
grosseiras que visam, entre outras, eliminar ou enterrar as plantas daninhas
estabelecidas assim como restos de culturas, e também, soltar o solo são considerados
como sendo o preparo primário do solo; como preparo secundário do solo podem ser
definidas todas as operações superficiais subsequentes ao preparo primário que visam,
por exemplo, nivelação do terreno, e destorroamento; por cultivo do solo após
semeadura, entende-se, como toda manipulação do solo após a cultura ter sido
implantada, visando entre outras coisas, eliminar plantas daninhas que concorrem por
água, luz e nutrientes (FORNASIERI FILHO, 2007).
SISTEMA DE PREPARO CONVENCIONAL
O preparo convencional do solo se dá em duas etapas. Na primeira, o preparo
primário, faz-se uma operação inicial de mobilização do solo, mais profunda, que visa
essencialmente eliminar ou enterrar as plantas daninhas e os restos culturais e, também,
melhorar as condições ao solo visando facilitar o crescimento inicial de raízes e a
infiltração de água (FORNASIERI FILHO, 2007; VIEIRA et al., 2006).
A segunda etapa é constituída por operações superficiais subsequentes ao
preparo primário, e são feitas normalmente com grades. Constituem o nivelamento e o
destorroamento do terreno, com eliminação de plantas invasoras, de forma a permitir
um ambiente favorável ao plantio e ao desenvolvimento inicial das plantas. Os métodos
mais tradicionais de preparo convencional do solo são aqueles em que se utilizam
arados e grades para o preparo primário.
4
SISTEMA PLANTIO DIRETO
É considerado o evento tecnológico mais relevante ocorrido na agricultura
brasileira nos últimos 30 anos sendo decisivo para viabilizar o desenvolvimento da
agricultura nas áreas de cerrado (BARROS, 2007).
O sistema plantio direto foi desenvolvido com o objetivo principal de proteger
o solo contra a erosão e, assim, evitar a degradação acelerada do mesmo. Desse modo, o
potencial produtivo do solo é assegurado ao longo do tempo (VIANA et al., 2006).
Houve uma grande evolução tecnológica do sistema de plantio direto no Brasil,
desde a sua introdução, na década de 70 e, hoje, já é possível assegurar o controle de
erosão associado a produções equivalentes ou até mesmo superiores às dos métodos
convencionais de preparo do solo e, o que é mais importante, assegurar essas altas
produtividades no decorrer de vários anos.
O SPD apresenta-se como a técnica com melhores condições de manter a
sustentabilidade do solo, principalmente nas condições da agricultura brasileira em que
ocorre uso intensivo do solo, onde são realizados dois ou mais cultivos ao ano. Nessas
condições, o solo será intensivamente mobilizado quando se adotar o preparo
convencional.
Por outro lado, o sistema plantio direto limita essa mobilização ao sulco de
semeadura, onde são depositadas as sementes e fertilizantes, permanecendo o restante
da superfície sem qualquer revolvimento e protegida pelos resíduos das culturas
anteriores.
Foi constatado entre os anos de 2008 e 2009 que cerca de 94% das lavouras de
milho segunda safra de alta produtividade de grãos utilizaram esse sistema (CRUZ et
al., 2010b).
Pesquisadores avaliando cultivares de milho em diferentes sistemas de manejo
do solo (plantio direto, preparo reduzido e preparo convencional) e espaçamentos entre
linhas (0,45 e 90 m), não verificaram efeito para manejo de solo e nem espaçamentos
entrelinhas (SILVA & BENEZ, 2005).
Trabalho avaliando a influência de três manejos do solo e doses se nitrogênio
na cultura do milho cultivado em espaçamentos reduzido e tradicional, observaram
efeito para o manejo de solo, sendo que o sistema de plantio direto, sobressaiu-se em
relação ao manejo com grade aradora + grade niveladora e escarificador + grade
niveladora, proporcionando maior produção de grãos e população final de plantas
(KANEKO et al., 2010).
5
ARRANJO DE PLANTAS
Para obtenção de altas produtividades de grãos, deve-se potencializar a duração
da interceptação da radiação, utilizar eficientemente a energia interceptada
(fotossíntese), distribuir os novos fotoassimilados na proporção ótima para formação de
folhas, colmos, raízes e de estruturas reprodutivas e manter estes processos com custo
mínimo para a planta; tais processos são bastante complexos, tornando muito difícil a
maximização simultânea do uso destes fatores. (LOOMIS & AMTHOR, 1999).
A utilização de luz é o processo mais importante para a produtividade, porque é
através da fotossíntese que a planta acumula matéria orgânica em seus tecidos. A
quantidade de energia convertida e, portanto, a quantidade de massa seca produzida,
depende da percentagem de absorção e da eficiência de utilização da energia absorvida
(ARGENTA et al., 2001).
ESPAÇAMENTO ENTRELINHAS
O espaçamento de 1 m entrelinhas é originário do uso de animais nas lavouras
para realização de tratos culturais. Com a introdução do uso de herbicidas no controle
de plantas daninhas, a adoção do espaçamento amplo tem sido questionada (ARGENTA
et al., 2001).
A redução do espaçamento entrelinhas permite melhor distribuição espacial das
plantas, aumentando a sua eficiência na interceptação de luz, muitas vezes, isto se
reflete em incrementos do rendimento de grãos, devido ao aumento da produção
fotossintética líquida (BULLOCK et al., 1988).
O aumento da produção de grãos mediante a redução do espaçamento
entrelinhas é atribuído a maior capacidade na interceptação de radiação, e à diminuição
da competição entre plantas na linha de cultivo por luz, água e nutrientes, devido a sua
distribuição mais uniforme de plantas (ALVAREZ et al., 2006; BALBINOT & FLECK,
2005).
Os incrementos potenciais na produção de grãos de milho mediante o uso de
espaçamento reduzido podem variar entre 5 a 10%. Mesmo que em algumas situações, a
redução do espaçamento não resulte em aumento de produtividade de grãos, a sua
adoção pode ser vantajosa pelo aumento da competitividade com as plantas daninhas,
devido à maior quantidade de luz que é interceptada pelas folhas da cultura (ARGENTA
et al., 2001; CRUZ et al., 2006).
6
Em levantamento realizado entre os anos de 2008 e 2009 para caracterização
de cultivo de milho segunda safra de alta produtividade, constatou-se que 37% das
lavouras utilizaram o espaçamento reduzido (0,45 a 0,50 m), embora o espaçamento
convencional (0,70 a 0,90 m) ainda seja mais frequente (CRUZ et al., 2010). Ainda
verificou-se que, nos estados do Paraná e São Paulo, houve predomínio do uso de
espaçamento maior que 70 cm, já no estado de Goiás, predominou o espaçamento
reduzido, sendo que em 69% das lavouras com alta produtividade foi utilizado o
espaçamento de 45 a 50 cm.
Nos estados de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, não há um espaçamento
entrelinhas predominante (CRUZ et al., 2010).
POPULAÇÃO DE PLANTAS
A população de plantas ou estande é definida como o número de plantas por
unidade de área, tendo papel importante na produtividade da lavoura de milho, uma vez
que pequenas variações na densidade têm grande influência na produtividade final da
cultura (CRUZ et al., 2006)
O milho é uma das culturas mais sensíveis à variação na população de plantas.
A população ideal para maximizar a produtividade de grãos da cultura varia de 30.000 a
90.000 plantas ha-1, dependendo da disponibilidade hídrica, fertilidade do solo, ciclo da
cultivar, época de semeadura e espaçamento entrelinhas (ARGENTA et al, 2001).
O aumento da população de plantas é uma das táticas mais eficientes e simples
de se aumentar a interceptação da radiação solar incidente pela comunidade de plantas
de milho (SANGOI et al, 2009). No entanto, o uso de altas populações pode afetar o
mecanismo fotossintético e a eficiência da conversão de fotoassimilados em
produtividade de grãos. Assim, de acordo com alguns experimentos, para cada sistema
de produção, há uma população de plantas que maximiza a utilização dos recursos
disponíveis, permitindo expressão máxima produtividade em cada ambiente
(DEMÉTRIO et al., 2008; SANGOI, 2000).
Vários pesquisadores consideram o próprio genótipo como principal
determinante da densidade de plantas. Atualmente, os programas de melhoramento de
milho têm buscado genótipos com elevada resposta produtiva em espaçamentos
reduzidos, associado ao uso de elevadas densidades populacional (80 mil a 100 mil
plantas por hectare) (DOURADO NETO et al., 2003).
7
Apesar disso, Kappes et al. (2011) avaliando o efeito da população de plantas
de plantas (50.000, 60.000, 70.000, 80.000 e 90.000 plantas ha -1) e híbridos de milho
(XB 6010, XB6012, XB 7253, XB 9003 e AG 9010), na época do milho segunda safra
na região de Selvíria/MS, não obtiveram respostas significativas para os três híbridos
(XB 6010, XB6012 e XB 9003) dentre das populações de plantas utilizadas.
Em outro trabalho avaliando o efeito conjunto da população de plantas e do
espaçamento sobre a produtividade de híbrido de milho, pesquisadores chegaram ao
consenso que, o aumento da população de plantas de 60.000 para 90.000 plantas ha -1,
acarreta sobre a produção de grãos: aumenta no genótipo de arquitetura foliar aberta;
estabiliza-se, no genótipo de arquitetura semiereta; estabiliza-se, sob o menor
espaçamento, ou diminui sob espaçamento de 0,80 m, no genótipo de arquitetura aberta
(DOURADO NETO et al., 2003).
8
REFERÊNCIAS
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agronômicas e de produtividade de forragens e grãos de milho em diferentes densidades
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77).
CAPÍTULO – 2 PREPARO DO SOLO E ARRANJO DE PLANTAS NA
CULTURA DO MILHO SEGUNDA SAFRA
RESUMO
O milho segunda safra vem se destacando no senário nacional por contribuir com
grande parte da oferta deste cereal do agronegócio. Dentre as técnicas de manejo que
colaboram para esse crescimento, pode-se citar o preparo do solo e o arranjo de plantas.
O objetivo deste experimento foi avaliar a resposta de um híbrido simples de milho,
submetido a dois preparos do solo, espaçamentos entrelinhas e população de plantas, na
safrinha 2011/2012, na região de transição do cerrado/pantanal sul-mato-grossense. O
experimento foi desenvolvido no município de Aquidauana/MS, no período janeiro a
julho de 2012, no qual o delineamento experimental utilizado foi em blocos
casualizados em esquema de parcelas subsubdivididas, com quatro repetições, onde as
parcelas foram compostas por dois preparos do solo (preparo convencional e sistema
plantio direto); as subparcelas foram compostas por dois espaçamentos entrelinhas (0,90
m e 0,45 m); as subsubparcelas foram compostas por quatro populações de plantas
(50.000; 60.000; 70.000 e 80.000 plantas ha-1). As seguintes variáveis vegetativas e de
produção foram avaliadas: massa seca da parte aérea, teor de nitrogênio foliar, diâmetro
do colmo, altura de inserção de espiga, altura de planta, comprimento de espiga, número
de grãos por fileira, massa de 1000 grãos e produtividade. O preparo do solo não
influencia a produtividade de grãos do milho. O espaçamento reduzido (0,45 m)
proporciona maior produtividade de grãos. Baseando-se no custo-benefício, a população
de 50.000 plantas ha-1 é a recomendada.
Palavras-chave: Zea mays L., espaçamento entrelinhas, população de plantas, manejo
do solo, produtividade de grãos.
11
ABSTRACT
The second crop corn has been highlighted in national senary for contributing much of
this cereal offering national agribusiness. Among the management techniques that
contribute to this growth, one can cite the soil preparation and plant arrangement.The
aiming of this experiment was to evaluate the response of a maize simple hybrid
submitted to two soil managements, row spacings and plant populations on out-ofseason maize crop, in 2011/2012, in savanna/wetland Mato Grosso do Sul transition
region. The experiment was carried out at the municipal district of Aquidauana/MS
during the period of January to July 2012, in which the experimental design was a
randomized block scheme in split-split plot with four replications, where plots were
composed by two soil management (conventional management and no-tillage system);
subplots were composed by two row spacings (0.90 m 0.45 m); subsubplots were
composed by four plant populations (50,000, 60,000, 70,000 and 80,000 plants ha -1).
The following vegetative and production variables were evaluated: shoot dry matter,
shoot nitrogen concentration, stem diameter, ear and plant height, ear length, kernel row
number, 1000-grain mass and grain yield. The soil preparation and plant population did
not affect grain yield. Soil management does not influence maize crop grain yield. The
reduced row spacing (0.45 m) provides higher yield. Based on cost benefit, 50,000
plants ha-1 population is recommended.
Key Words: Zea mays L., rows spacing, plant population, soil management, grain
yield.
12
INTRODUÇÃO
O preparo do solo visa adequar o ambiente para a semeadura e o
estabelecimento das plantas de milho, podendo também ajudar no controle de plantas
invasoras e no controle de erosão. Nesse sentido, o sucesso do sistema plantio direto é
comprovado pelo grande número de produtores que vêm o adotando. Foi constatado entre
os anos de 2008 e 2009 que cerca de 94% das lavouras de milho segunda safra de alta
produtividade de grãos utilizaram esse sistema (CRUZ et al., 2010).
Contudo, ainda há propriedades que adotam o preparo convencional, além de
áreas de pastagens que vêm migrando para o cultivo de culturas anuais, que necessitam de
reformas para consolidação plena do sistema plantio direto.
A arquitetura foliar é importante quando se considera a produção agrícola, pois
determina como será a eficiência de absorção da luz que pode ser traduzida em alta
produtividade grãos. Esta, por sua vez, depende em parte da extensão de área de solo
que é coberta com a superfície fotossintetizante, uma vez que a luz solar exposta ao solo
não contribui para a produtividade de grãos (VIEIRA et al., 2010).
Entre as estratégias de se maximizar a produtividade de grãos da cultura do
milho o arranjo de plantas influencia de forma decisiva, pois permite a distribuição mais
uniforme por área, possibilitando melhor utilização de luz, água e nutrientes
(ARGENTA et al., 2001).
Basicamente, as formas mais efetivas de manipular o arranjo de plantas na área
de cultivo são pela variação no espaçamento entrelinhas e na população de plantas por
unidade de área. Mantendo-se a população recomendada pelas empresas e instituições
de pesquisa, a redução do espaçamento entrelinhas tem como vantagens o aumento na
distância entre as plantas na linha, proporcionando arranjo mais equidistante das
mesmas na área de cultivo, acarretando redução da competição entre as plantas por
água, por luz e nutrientes na linha, limitando, por sua vez, o desenvolvimento de plantas
daninhas pela menor incidência de luz (ALVAREZ et al., 2006; BALBINOT &
FLECK, 2005).
O aumento da população de plantas é uma das táticas mais eficientes e simples
de se aumentar a interceptação da radiação solar incidente pela comunidade de plantas
de milho (SANGOI et al, 2009), no entanto, o uso de altas populações pode afetar o
mecanismo fotossintético e a eficiência da conversão de fotoassimilados em
produtividade de grãos. Assim, de acordo com alguns experimentos, para cada sistema
13
de produção, há uma população de plantas que maximiza a utilização dos recursos
disponíveis, permitindo expressão máxima da produtividade em cada ambiente
(DEMÉTRIO et al., 2008; SANGOI, 2000).
Entretanto, a utilização de espaçamento reduzido com elevadas populações de
plantas, pode aumentar a eficiência da interceptação da radiação solar na cultura do
milho segunda safra, uma vez que a oferta de radiação é reduzida à medida que o
fotoperíodo diminui.
São poucos os experimentos relacionando preparo do solo e arranjo de plantas, em
milho segunda safra de alta tecnologia. Assim, este experimento objetivou verificar a
resposta de um híbrido simples de milho, submetido a dois preparos do solo, espaçamento
entrelinhas e população de plantas, cultivado na segunda safra 2011/2012, na região de
transição do cerrado/pantanal sul-mato-grossense.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi desenvolvido na Universidade Estadual de Mato Grosso do
Sul, Unidade Universitária de Aquidauana/MS, localizada nas coordenadas 20º20′, Sul e
55º48′, Oeste, e altitude de 200 m, onde o clima é classificado, segundo Köppen, como
tipo Aw tropical sub úmido, com verão chuvoso e inverno seco, precipitação média
anual de 1.200 mm. O solo local é classificado como Argissolo Vermelho-Amarelo
distrófico, de textura arenosa (EMBRAPA, 2006), com as seguintes características
químicas: pH (H2O) = 5,4; MO (g dm-3) = 20,3; P Mehlich (mg dm-3) = 46; Ca = 3,6 cmolc
dm-3, Mg = 0,9 cmolc dm-3, K = 0,19 cmolc dm-3, Al = 0,15 cmolc dm-3 e H+Al = 3,66
cmolc dm-3.
A área de implantação do experimento foi cultivada sob preparo convencional
até fevereiro de 2004 quando se iniciou o sistema de plantio direto até 2006, foram
utilizadas as culturas de soja, nabo forrageiro e milho e a partir de outubro de 2006
foram introduzidas no sistema o algodão, o girassol e crotalárias, que se mantiveram até
o ano de 2008 (RODRIGUES et al., 2011), permanecendo posteriormente a área em
pousio até janeiro de 2012, no local foi notada a predominância de plantas invasoras
como braquiária, o capim colonião e a tiririca.
O delineamento experimental foi em blocos casualizados em esquema de
parcelas subsubdivididas, com quatro repetições, onde a parcela principal constou de
dois preparos do solo (preparo convencional e sistema plantio direto), as subparcelas de
14
dois espaçamentos entrelinhas (0,90 m e 0,45 m) e as subsubparcelas, de quatro
populações de plantas (50.000; 60.000; 70.000 e 80.000 plantas ha -1).
As subsubparcelas possuíam 5 m de comprimento por 3,6 m e 3,15 m de
largura para os espaçamentos de 0,90 m e 0,45 m, respectivamente. Para as avaliações
de todas as variáveis, descartaram-se as linhas mais externas, bem como 0,5 m da
extremidade das linhas de semeadura.
O preparo da área teve inicio no mês de janeiro de 2012, no preparo do solo
convencional a área foi roçada e posteriormente gradeada com grade pesada e nivelada
com duas gradagens niveladoras antes da semeadura. Já para o sistema plantio direto a
mesma foi dessecada 15 dias antes da semeadura utilizando herbicida glyphosate na
dose de 1.440 g ha-1 i.a..
A semeadura foi realizada no dia 18 de fevereiro de 2012, na qual para a
demarcação dos espaçamentos entrelinhas de 0,45 m utilizou-se as sete linhas da
semeadora de plantio direto. Para a marcação do espaçamento entrelinhas de 0,90 m,
utilizou-se quatro linhas de semeadoura. Foram aplicados na adubação de base 300 kg
ha-1 da formula comercial 04-14-08, mediante interpretação da análise química do solo e
da produtividade esperada superior a 6.000 kg ha-1 (COELHO, 2006). Foi utilizado o
hibrido simples AG 8088 VTPRO da empresa Agroceres, de ciclo precoce e porte
médio. A distribuição das sementes foi realizada com semeadoura manual, com o
auxilio de uma régua com marcação graduada para cada espaçamento conforme a
população de plantas ha-1, distribuindo-se de 2 a 3 sementes por ponto na linha de
semeadura, sendo posteriormente realizado o desbaste deixando-se uma planta por
ponto, garantindo uniformidade no estande, de acordo com o pré-estabelecido em cada
tratamento.
Para a adubação de cobertura foram aplicados 100 kg ha -1 de nitrogênio (N) e
40 kg ha-1 de potássio (K2O) tendo como fonte de N o sulfato de amônio (21%) e de
K2O o cloreto de potássio (60%). O N foi parcelado em duas épocas, 50 kg ha -1 no
estádio de V4, o restante no estádio de V8, já o K2O foi aplicado em dose única no
estádio V4. O controle das plantas daninhas foi realizado mediante aplicação de
herbicida seletivo pós-emergente, em ambos os sistemas de preparo, utilizando o
nicosulfuron na dose de 50 g ha-1 i.a, por volta dos 20 dias após emergência das plantas
daninhas.
Foram realizadas as avaliações de massa seca da parte aérea, a qual foi obtida
pela média de cinco plantas de cada subsubparcela, coletadas por ocasião do
15
florescimento pleno, que posteriormente foram trituradas, pesadas e colocadas em
estufa com circulação forçada de ar a 65 °C até obtenção de massa constante; teor de
nitrogênio foliar: por ocasião do florescimento foram retiradas seis folhas por
subsubparcela (folha abaixo e oposta à primeira espiga), descartando-se o ápice a base e
a nervura central, utilizando apenas à área mediana, posteriormente as mesmas foram
lavadas com água destilada e encaminhadas para laboratório para determinação do N
através da metodologia proposta por Malavolta (1997); para diâmetro de colmo, altura
de plantas e altura de inserção de espiga, por ocasião do florescimento, foram avaliadas
as mesmas 10 plantas por subsubparcela, diâmetro do colmo: realizando a mensuração
com auxílio de paquímetro, medindo-se a 0,1 m do solo; altura de plantas: medindo do
colo da planta à extremidade da inflorescência masculina; altura de inserção de espiga:
medindo-se do colo das plantas à inserção da primeira espiga principal; comprimento de
espiga e número de grãos por fileira: foram mensuradas 10 espigas por subsubparcela,
medindo-se de sua base ao seu ápice e contando o número de grãos por fileira da base
ao seu ápice, respectivamente; massa de 1000 grãos: por ocasião da colheita foram
pesados 1000 grãos de cada subsubparcela (13% b.u.); produtividade de grãos: foram
colhidas as espigas de 3,60 m2 da área útil de cada subsubparcela, que foram
posteriomente debulhadas, sendo a produtividade estimada pela extrapolação do valor
obtido para kg ha-1 (13% b.u.).
Os dados foram submetidos à análise de variância pelo teste F a 5%, com os
dados qualitativos (preparo do solo e espaçamentos entrelinhas) sendo submetidos ao
teste de Tukey a 5% e os quantitativos (população de plantas) à análise de regressão,
utilizando o software Sisvar.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As condições climáticas contribuíram para o bom desenvolvimento da cultura
(Figura 1), sendo que o total acumulado de precipitação foi de 538 mm, experimentos
têm demostrado exigência média entre 350 a 500 mm de pluviosidade para que produza
sem prejuízos. Quanto à temperatura, a média ficou na casa dos 25 °C, tida como ideal
para o desenvolvimento da cultura (CRUZ et al., 2006; FANCELLI & DOURADO
NETO 2004).
Na Tabela 1 encontram-se a análise de variância e médias para a massa seca da
parte aérea (MS), nitrogênio foliar (N), diâmetro do colmo (DC), altura de inserção de
16
espiga (AE) e altura de planta (AP) na cultura do milho segunda safra, cultivado sob
Precipitação (mm)
100
Precipitação
T° média °C
80
60
40
20
0
30
25
20
15
10
5
0
Temperatura (°C)
dois preparos do solo, espaçamentos entrelinhas e populações de plantas.
28-fev. 09-mar. 19-mar. 29-mar. 08-abr. 18-abr. 28-abr. 08-mai. 18-mai. 28-mai. 07-jun. 16-jun.
Dias em Decêndios
Figura 1. Dados climáticos coletados durante a execução do experimento, no ano 2012.
Tabela 1. Análise de variância e valores médios para massa seca da parte aérea (MS),
nitrogênio foliar (N), diâmetro do colmo (DC), altura de inserção de espiga (AE) e
altura de planta (AP) na cultura do milho segunda safra, cultivado em diferentes
preparos do solo (S), espaçamentos entrelinhas (E) e populações de plantas (P).
MS
N
DC
AE
AP
Fonte de variação
-1
-1
g planta
g kg
cm
m
Preparo do solo (S)
Preparo convencional
113
34,2
2,24
0,92
2,24
Sistema plantio direto
110
34,9
2,14
0,91
2,14
DMS
Espaçamento entrelinhas (E)
0,45 m
113
34,9
2,26
0,90
2,26
0,90 m
109
34,3
2,13
0,92
2,13
DMS
População de plantas ha-1 (P)
50000
129
35,9
2,31
0,88
2,22
60000
119
34,5
2,21
0,92
2,23
70000
104
33,7
2,16
0,91
2,25
80000
92
34,4
2,09
0,94
2,26
Equação
1
Média geral
111
34,6
2,19
0,91
2,24
S
1,48ns
0,48ns
14,08*
0,37ns
5,66ns
E
2,03ns
0,18ns
36,17*
6,89*
4,78ns
P
23,22*
1,25ns
13,65*
7,02*
1,22ns
Teste F
SxE
14,40*
0,07ns
18,69*
9,69*
0,01ns
ns
ns
ns
*
SxP
0,52
0,13
2,44
7,95
1,98ns
ExP
0,46ns
0,21ns
4,51*
0,03ns
0,12ns
ns
ns
ns
ns
SxExP
0,07
0,92
1,65
0,58
0,69ns
parcela
9
12
5
5
3
C.V.%
subparcela
10
17
4
4
2
subsubparcela
12
10
5
4
3
* e ns: significativo e não significativo a 5% pelo teste de Tukey, respectivamente. DMS: diferença
mínima significativa. C.V: coeficiente de variação. 1 y = 194,55 - 0,001282x
17
Constatou-se interação entre preparo do solo e espaçamento entrelinhas para a
variável massa seca da parte aérea (MS) (Tabela 1). No desdobramento preparo do solo
dentro de espaçamento entrelinhas, se observou que o preparo do solo convencional
sobressaiu ante o sistema plantio direto quando utilizado o espaçamento entrelinhas de
0,45 m (Tabela 2). Para o desdobramento espaçamento dentro de preparo do solo, o
espaçamento de 0,45 m propiciou maior produção de MS quando da utilização do
preparo convencional, em detrimento do sistema plantio direto, no qual não houve
diferença entre os espaçamentos entrelinhas.
Tabela 2. Desdobramento da interação entre preparo do solo e espaçamento entre
linhas para massa seca da parte aérea (g planta-1), na cultura do milho segunda safra,
2012.
Massa seca da parte aérea
Espaçamento entrelinhas
DMS
Preparo de solo
0,90 m
0,45 m
Preparo convencional
106 aB
120 aA
Sistema plantio direto
113 aA
106 bA
DMS
9,39
Médias com letras diferentes minúsculas na coluna e maiúsculas na linha diferem entre si pelo teste de
Tukey a 5% de probabilidade. DMS: diferença mínima significativa.
A combinação entre preparo convencional e espaçamento entrelinhas de 0,45
m, proporcionou maior acúmulo de MS em relação ao sistema plantio direto; é provável
que o preparo convencional tenha ocasionado maior oferta de nutrientes, devido à
mineralização dos resíduos vegetais incorporados, favorecido pelas condições
ambientais, principalmente pelo regime pluviométrico e temperatura durante a execução
do experimento, pois favoreceram a atividade microbiana (GRANT & ROCHETTE,
1994). Assim, a maior capacidade de absorção desses nutrientes pelas plantas, quando
submetidas ao espaçamento entrelinhas 0,45 m, resultou em incremento positivo na MS.
Verificou-se efeito isolado do fator população de plantas ha -1 na MS, com os
dados se ajustando a uma equação linear decrescente, na qual mediante a cada aumento
de 10.000 plantas ha-1 houve redução da MS em 12 g planta-1 (Figura 2). Isso pode estar
associado à maior competição entre plantas pelos fatores de produção, principalmente
pela menor radiação solar disponível às folhas das mesmas quando submetidas ao
aumento populacional (ARGENTA et al., 2001), resultando em menor acúmulo de MS
individual, mesmo na utilização de espaçamento reduzido (0,45 m).
O teor de nitrogênio foliar (N) não foi influenciado por nenhum dos fatores
estudados (Tabela 1), no entanto, apresentou teores semelhantes aos preconizados como
18
ideal para adequado desenvolvimento da cultura do milho, os quais se situam entre 27,5
e 35,0 g kg-1 (RAIJ & CANTARELLA, 1996).
A utilização do N, como indicador do nível desse nutriente na planta, está
baseada na relação existente entre produtividade de grãos e seu teor na folha
(FORNASIERI FILHO, 2007).
Massa seca (g planta-1)
130
y = 195 - 0,001282x
R² = 0,99
120
110
100
90
50.000
60.000
70.000
80.000
População de plantas ha-1
Figura 2. Regressão linear para massa seca da parte aérea em função da população de
plantas, na cultura do milho segunda safra, 2012.
Em experimento avaliando dois espaçamentos entrelinhas, três populações de
plantas ha-1 e quatro doses de nitrogênio na cultura do milho verão, Amaral et al. (2005)
verificaram diferenças nos valores de N nos dois primeiros fatores considerados,
ocorrendo relação entre teor de nitrogênio foliar e produtividade de grãos, sendo que a
redução do espaçamento ocasionou aumento do teor de N, enquanto que o aumento da
população de plantas ha-1 resultou em diminuição do mesmo, não corroboram com os
valores obtidos no presente experimento, pois houve efeito para a produtividade de
grãos em função do espaçamento entrelinhas utilizado, não se verificando efeito para o
N. Isso se deve provavelmente ao suprimento desse elemento pela matéria orgânica do
solo, manejo da adubação nitrogenada e condições climáticas favoráveis.
Para o diâmetro do colmo (DC) houve interação entre preparo do solo e
espaçamento entrelinhas (Tabela 1), na qual não se observou efeito do preparo do solo
quando utilizado espaçamento entrelinhas de 0,90 m (Tabela 3). Por outro lado, com
espaçamento de 0,45 m, foi constatado maior DC utilizando o preparo do solo
convencional.
19
Mediante esses resultados é possível inferir que exista relação positiva entre
MS e DC, pois ambos se comportaram de forma semelhante, apresentando as maiores
médias para a interação em questão, podendo-se deduzir que essa combinação resultou
em plantas mais vigorosas e tolerantes ao acamamento e/ou quebramento.
Tabela 3. Desdobramento da interação entre preparo do solo e espaçamento entre
linhas para (cm), na cultura do milho segunda safra, 2012.
Altura de inserção de espiga
Espaçamento entrelinhas
DMS
Preparo do solo
0,90 m
0,45 m
Preparo convencional
2,13 aB
2,35 Aa
Sistema plantio direto
2,12 aA
2,16 bA
DMS
0,10
Médias com letras diferentes minúsculas na coluna e maiúsculas na linha diferem entre si pelo teste de
Tukey a 5% de probabilidade. DMS: diferença mínima significativa.
No desdobramento da interação espaçamento entrelinhas e população de plantas
para DC observou-se que independentemente do espaçamento entrelinhas houve
redução do DC conforme se aumentou a população de plantas (Tabela 4), sendo que os
dados se ajustaram a regressão linear para ambos os espaçamentos (Figura 3), sendo que
o aumento de 10.000 plantas ha -1 acarreta redução de 0,09 e 0,05 cm do DC para os
espaçamentos entrelinhas 0,90 e 0,45 m, respectivamente.
Tabela 4. Desdobramento da interação entre espaçamento entre linhas e população de
plantas para diâmetro do colmo (cm), na cultura do milho segunda safra, 2012.
Diâmetro do colmo
População de plantas ha-1
Espaçamento entre linha
50.000
60.000 70.000 80.000 Equação
0,45 m
2,38 a
2,24 a
2,18 a
2,23 a
1
0,90 m
2,24 b
2,19 a
2,14 a
1,94 b
2
DMS
0,10
Medias seguida por letras diferentes na coluna diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de
probabilidade. DMS: diferença mínima significativa. 1 y = 2,60 - 0,000005x*. 2 y = 2,74 - 0,000009x*
Estudos verificaram que quanto maior a população de plantas menor o DC, e
que isso se deve ao fato de que quanto maior for o número de plantas por unidade de
área, maior a competição por água, luz e nutrientes, resultando em menor acúmulo de
massa seca individual influenciando negativamente no DC (DOURADO NETO et al.,
2003; DEMÉTRIO et al., 2008; KAPPES et al., 2011).
Para altura de inserção de espiga (AE) houve interação entre preparo do solo e
espaçamento entrelinhas e preparo do solo e população de plantas (Tabela 1). O
20
desdobramento preparo do solo dentro de espaçamento entrelinhas permitiu concluir
que o preparo convencional, juntamente com o espaçamento entrelinhas de 0,90 m
proporcionou maior AE (Tabela 5).
0,90 m
Diâmetro do colmo (cm)
2,50
2,40
0,45 m
y= 2,60 - 0,000005x
R² = 0,61
2,30
2,20
2,10
2,00
y = 2,74-0,000009x
R2 = 0,86
1,90
1,80
50.000
60.000
70.000
80.000
População de plantas ha-1
Figura 3. Regressões lineares referentes ao desdobramento da interação população de
plantas e espaçamentos entrelinhas para diâmetro do colmo, na cultura do milho
segunda safra, 2012.
Tabela 5. Desdobramento da interação entre preparo do solo e espaçamento entre
linhas para altura de inserção de espiga (m), na cultura do milho segunda safra, 2012.
Altura de inserção de espiga
Espaçamento entrelinhas
DMS
Preparo do solo
0,90 m
0,45 m
Preparo convencional
0,94 aA
0,89 aB
Sistema plantio direto
0,91 bA
0,91 aA
DMS
0,03
Médias com letras diferentes minúsculas na coluna e maiúsculas na linha diferem entre si pelo teste de
Tukey a 5% de probabilidade. DMS: diferença mínima significativa.
Para a segunda interação verificou-se ajuste para análise de regressão linear
(Tabela 6) apenas para o preparo do solo em sistema plantio direto (Figura 4), sendo que
o aumento da população acarreta aumento da AE; o que pode ser uma tendência natural
para a AE, quando se adota maiores populações (ARGENTA et al., 2001). Outros
experimentos também evidenciaram essa mesma tendência, sendo atribuído ao aumento
da distância entre os entre nós (ARGENTA et al., 2001; DEMÉTRIO et al. 2008;
KAPPES et al. 2011).
Para a variável altura de planta (AP) não se constatou efeito para os fatores
estudados (Tabela 1). A proximidade das plantas submetidas a altas populações e
maiores espaçamentos favorece a menor oxidação de auxinas, como consequência, os
21
colmos tendem a ficarem mais longos, acarretando aumento da altura da planta
(SANGOI et al., 2002).
Entretanto, essa tendência não foi constatada no presente experimento,
evidenciando não ter ocorrido uma competição tal que desencadeasse o incremento na
AP. Pesquisadores estudando dois híbridos simples em dois anos de cultivo e quatro
espaçamentos entrelinhas (0,40; 0,60; 0,80 e 1 m), não evidenciaram efeito sobre esta
variável para um dos híbridos. Contudo, de acordo com os autores a produtividade de
grãos desse híbrido respondeu de forma positiva à redução do espaçamento,
corroborando com os resultados obtidos no presente experimento para a mesma variável
(ARGENTA et al., 2001a).
Tabela 6. Desdobramento da interação entre preparo do solo e população de plantas
para (m), na cultura do milho segunda safra, 2012.
Altura de inserção de espiga
População de plantas ha-1
Espaçamento entre linha
50.000
60.000
70.000
80.000 Equação
Preparo convencional
0,91 a
0,94 a
0,88 b
0,94 a
Sistema plantio direto
0,85 b
0,90 b
0,94 a
0,95 a
1
DMS
0,03
Medias seguida por letras diferentes na coluna diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de
probabilidade. DMS: diferença mínima significativa. 1 y = 0,70 - 0,000003x*
Altura de inserção
da espiga principal (m)
1,00
0,95
y = 0,70 + 0,000003x
R² = 0,91
0,90
0,85
Sistema plantio direto
0,80
50.000
60.000
70.000
80.000
População de plantas ha-1
Figura 4. Regressão linear referente ao desdobramento da interação populações de
plantas e preparos do solo para altura de inserção de espiga, na cultura do milho
segunda safra, 2012.
Na Tabela 7 encontram-se a análise de variância e médias para comprimento
de espiga (CE), número de grãos por fileira (NG), massa de 1000 grãos (M1000) e
22
produtividade de grãos (PG) na cultura do milho segunda safra, cultivado sob dois
preparos do solo, espaçamentos entrelinhas e populações de plantas.
Para a variável comprimento de espiga (CE), verificou-se efeito para preparo
do solo e interação entre espaçamento entrelinhas e população de plantas (Tabela 7).
Tabela 7. Análise de variância e valores médios para comprimento de espiga (CE),
número de grãos por fileira (NG), massa de 1000 grãos (M1000) e produtividade de
grãos (PG), na cultura do milho segunda safra, cultivado sob dois preparos do solo (S),
espaçamentos entrelinhas (E) e populações de plantas (P).
CE
NG
M1000
PG
Fonte de variação
cm
grãos fileira-1
g
kg ha-1
Preparos do solo (S)
Preparo convencional
15,47 a
31,88 a
274
9.050
Sistema plantio direto
14,38 b
28,89 b
279
9.132
DMS
0,80
1,40
Espaçamento entrelinhas (E)
0,45 m
15,45
30,80
276
9.645 a
0,90 m
14,39
29,98
277
8.538 b
DMS
598
População de plantas ha-1 (P)
50000
16,62
32,71
296
9.029
60000
15,63
31,76
284
9.021
70000
13,99
28,85
266
9.185
80000
13,47
28,24
260
9.129
Equação
1
2
Média geral
14,90
30,39
276
9.091
S
14,47*
43,24*
0,60ns
0,06ns
E
20,59*
2,60ns
0,14ns
20,49*
*
*
*
P
58,91
42,01
20,97
0,16ns
Teste F
SxE
0,14ns
0,12ns
0,03ns
0,00ns
ns
ns
ns
SxP
0,90
2,57
0,19
2,49ns
ExP
3,42*
1,41ns
0,44ns
0,99ns
ns
ns
ns
SxExP
3,22
2,25
0,60
0,20ns
parcela
6
6
8
15
C.V%
subparcela
6
7
5
10
subsubparcela
5
4
5
8
* e ns: significativo e não significativo a 5% pelo teste de Tukey, respectivamente. DMS: diferença
mínima significativa. C.V%: coeficiente de variação. 1 y = 41 - 0,000163x. 2 y = 358,6 - 0,001265x
No desdobramento da interação população de plantas dentro de espaçamento
entrelinhas (Tabela 8), a combinação espaçamento entrelinhas 0,45 m e as populações
60.000 e 80.000 plantas ha-1, proporcionaram maiores médias para CE. Observando o
desdobramento de espaçamento dentro das populações, concluiu-se que independente
do espaçamento entrelinhas adotado, ocorre redução linear do CE (Figura 5), sendo que
23
essa redução é mais acentuada para o espaçamento entrelinhas 0,90 m, pois cada
acréscimo de 10.000 plantas ha -1 ocasiona redução de 1,3 cm, contra 0,91 cm para o
espaçamento reduzido (0,45 m); outros experimentos evidenciaram o efeito do aumento
da população no comprimento de espiga (BRACHTVOGEL et al., 2009; KAPPES et
al., 2011).
Tabela 8. Desdobramento da interação entre espaçamento entrelinhas e população
plantas para comprimento de espiga (cm), na cultura do milho segunda safra, 2012.
Comprimento de espiga
População de plantas ha-1
Espaçamento entrelinha
50000
60000
70000
80000
Equação
0,45 m
16,91 a
16,14 a
14,28 a
14,51 a
1
0,90 m
16,33 a
15,13 b
13,69 a
12,44 b
2
DMS
0,77
Medias seguida por letras diferentes na coluna diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de
probabilidade. DMS: diferença mínima significativa. 1 y = 21,35 - 0,000091x. 2 y = 22,92 - 0,000131x.
Para a variável número de grãos por fileira (NG) só houve efeito para os fatores
preparo do solo e população de plantas (Tabela 7). O preparo do solo convencional
proporcionou maior média para o NG. O revolvimento do solo ocasionado pelo preparo
convencional
influencia
positivamente
na
taxa
de
crescimento
radicular
e
desenvolvimento inicial da cultura do milho (FORNASIERI FILHO, 2007;
Comprimento de espiga (cm)
PETERSEN, 2008).
17
0,90 m
0,45 m
y = 21,35 - 0,000091x
R² = 0,85
16
15
14
13
12
50.000
y = 22,92 - 0,000131x
R² = 0,99
60.000
70.000
Popualação de plantas ha-1
80.000
Figura 5. Regressão linear para comprimento de espiga, referente ao desdobramento
da interação entre populações de plantas e espaçamentos entrelinhas, na cultura do
milho segunda safra, 2012.
É possível inferir que este sistema tenha influenciado positivamente, uma vez
que, todas as folhas, espigas e o número máximo de grãos em potencial, estão sendo
24
definidos no estádio V3, portanto a produção em potencial; a definição das variáveis CE
e NG é definida do estádio V12 até VT (FANCELLI e DOURADO NETO, 2000;
FORNASIERI FILHO, 2007), momento esse que a planta tem grande demanda por
nutrientes e água, sendo possível inferir que as condições de desenvolvimento
proporcionadas pelo sistema de preparo convencional, juntamente com os fatores
climáticos favoráveis, tenham contribuído para a superioridade deste sistema de
preparo, ante do sistema plantio direto.
Já para o fator população de plantas, os dados se ajustaram ao modelo de
regressão linear decrescente, sendo que o aumento de 10.000 plantas ha -1 ocasiona
redução de 1,63 grãos fileira -1 (Figura 6).
Para a massa de 1000 grãos (M1000) só houve efeito para o fator população de
plantas, em que os dados se ajustaram ao modelo de regressão linear decrescente, sendo
que o aumento de 10.000 plantas ha -1 ocasiona redução de 12,60 g (Figura 7).
É possível que exista uma correlação entre as variáveis DC (Tabela 1), CE e
NG (Tabela 7), pois pesquisadores avaliando o efeito da população de plantas e do
espaçamento entrelinhas sobre a produtividade de grãos de milho constataram haver
correlação positiva entre essas variáveis, uma vez que o aumento no DC proporcionou
aumento no CE e no NG, corroborando os dados do presente estudo (DOURADO
NETO et al., 2003).
Número de grãos por fileira
34
33
32
31
y = 41 - 0,000163x
R² = 0,93
30
29
28
27
50.000
60.000
70.000
População de plantas ha-1
80.000
Figura 6. Regressão linear para numero de grãos por fileira em função da população de
plantas, na cultura do milho segunda safra, 2012.
Essa tendência de redução das variáveis de produção (CE, NG e M1000)
mediante o aumento da população de plantas, ocorre devido à competição
25
intraespecífica pelos recursos do meio, pois, com menos recursos disponíveis, a planta
produz espigas menores, com grãos mais leves e em menor número. Vários autores tem
evidenciado esse efeito da população de plantas, sobre as variáveis de produtividade
(DOURADO NETO et al., 2003; BRACHTVOGEL et al., 2009; KAPPES et al., 2011).
Massa de 1000 grãos (g)
300
290
y = 359 - 0,001265x
R² = 0,97
280
270
260
250
240
50.000
60.000
70.000
Populaçao de plantas ha-1
80.000
Figura 7. Regressão linear para massa de 1000 grãos em função da população de
plantas, na cultura do milho segunda safra, 2012.
Com relação à produtividade de grãos (PG), esperava-se que a PG utilizando o
preparo convencional apresentasse melhores resultados ante o sistema plantio direto,
devido aos melhores resultados principalmente para as variáveis de produção, entretanto
isso não ocorreu, sendo possível inferir que os menores valores de CE e NG no sistema
plantio direto tenham sido compensados pelo maior acúmulo de fotoassimilados para a
M1000, pois se verificou que em valores absolutos esse sistema proporciona maior
M1000, possivelmente anulando o efeito para esse fator.
Para a variável supracitada (PG) só houve efeito para o fator espaçamento
entrelinhas (Tabela 7). O espaçamento entrelinhas 0,45 m proporcionou maior PG,
sendo que esse aumento pode ser atribuído a melhor disposição das plantas no campo,
favorecendo a interceptação de radiação, diminuindo a competição por luz, água e
nutrientes, consequentemente, aumentando a produção de fotoassimilados, repercutindo
em aumento da produtividade (ARGENTA et al., 2001; BALBINOT e FLECK 2005).
Considerando que o milho teve o regime hídrico e térmico adequado, e que as
condições de manejo e nutrição, foram atendidas durante a execução do experimento, é
possível que a diferença de produtividade de grãos observada no presente experimento
possa ser devido a maior capacidade de interceptação da radiação solar, pois a
26
fotossíntese é fortemente influenciada pelo arranjo foliar, determinando a eficiência de
absorção da luz, influenciando diretamente na produtividade de grãos quando outros
fatores ambientais não são limitantes (ARGENTA et al, 2001; VIEIRA et al., 2010), tais
como a radiação solar, temperatura noturna e fotoperíodo (FORNASIERI FILHO,
2007).
Nas condições ambientais em que o milho segunda safra é cultivado, é
submetido a menor incidência de luz pela redução do fotoperíodo, consequentemente,
da radiação incidente nas folhas, principalmente nas fases mais críticas de florescimento
e enchimento de grãos.
Isso acarreta em menores taxas fotossintéticas, e nestas condições de cultivo, a
adoção do espaçamento entrelinhas reduzido vem a contribuir com o aumento da
produtividade de grãos, pois possibilita melhor arranjo de plantas, consequentemente,
melhor aproveitamento da radiação solar, resultando em maiores produtividade de
grãos. Muitos experimentos permitem concluir que há aumento da produtividade de
grãos mediante a redução do espaçamento (DOURADO NETO et al., 2003;
DEMÉTRIO et al., 2008; GIORDANI et al., 2012; NASCIMENTO et al., 2012),
corroborando os observados no presente experimento.
Para o fator população de plantas (Tabela 3), observou-se que a variação de
50.000 a 80.000 plantas ha-1 não influenciou a PG, independente do espaçamento
entrelinhas e do preparo do solo adotado. Ocorreram decréscimos nas variáveis de
produção CE (Figura 5), NG (Figura 6) e M1000 (Figura 7) à medida que se aumentou a
população de plantas. Isso acarreta diminuição individual das variáveis de produção por
planta, porém é compensado pelo ganho coletivo por área. No presente experimento não
foi observada a população considerada ótima para maximização da produtividade,
demostrando a alta capacidade de ajuste às diferentes populações de plantas, na segunda
safra, pelo híbrido em estudo, podendo assim ser recomendada a população de 50.000
plantas ha-1, em virtude do alto valor de comercialização do tipo de híbrido utilizado no
presente experimento, o qual chega a atingir até o dobro do valor, quando comparado
com os híbridos convencionais, reduzindo assim o investimento inicial com este insumo
tão importante. Assim, utilizando a população de 50.000 plantas/ha, com 10 sacos
contendo 60.000 sementes conseguiríamos semear 12 hectares, por outro lado, seguindo
a recomendação tradicional (60.000 plantas/ha), o agricultor consegue semear apenas 10
hectares, descartando ainda quaisquer outras populações utilizadas no presente
experimento.
27
Nesse sentido, Kappes et al. (2011) avaliaram diferentes espaçamentos
entrelinhas (0,45 m e 0,90 m), populações de plantas (50.000, 60.000, 70.000, 80.000 e
90.000 plantas ha-1) e híbridos de milho (XB 6010, XB6012, XB 7253, XB 9003 e AG
9010), na época do milho segunda safra na região de Selvíria/MS, não encontrando
resposta para os três híbridos (XB 6010, XB6012 e XB 9003) para populações de
plantas, o que permite inferir que a resposta ao aumento da população de plantas é
dependente do híbrido e das condições ambientais de cada região.
CONCLUSÕES
Nas condições em que o experimento foi conduzido conclui-se que:
O preparo do solo não influencia na produtividade de grãos do híbrido de milho
AG 8088 VTPRO, cultivado na segunda safra, na região de transição do
cerrado/pantanal sul-mato-grossense.
O espaçamento reduzido (0,45 m) proporciona maior produtividade de grãos.
A população de 50.000 plantas ha -1 é a recomendada.
28
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