9.º CONGRESSO NACIONAL DE
BIBLIOTECÁRIOS, ARQUIVISTAS
E DOCUMENTALISTAS
CONCLUSÕES
9º CONGRESSO NACIONAL DE BIBLIOTECÁRIOS,
ARQUIVISTAS E DOCUMENTALISTAS
CONCLUSÕES
O 9º Congresso Nacional de Bibliotecários, Arquivistas e Documentalistas,
subordinado ao tema geral Bibliotecas e Arquivos - Informação para a Cidadania, o
Desenvolvimento e a Inovação e promovido pela BAD nos passados dias 28, 29 e
30 de Março, em Ponta Delgada, Açores, proporcionou aos profissionais da
informação e da documentação a oportunidade de reflectirem sobre os aspectos
técnicos e tecnológicos, políticos e sociais que conformam dinâmica e
evolutivamente o exercício da sua profissão, sobre o papel das bibliotecas e dos
arquivos na construção de uma sociedade desenvolvida, participada e inclusiva e
sobre as condições de formação de recursos humanos altamente qualificados para a
gestão da informação e para a promoção da cultura.
Do elevado número de comunicações e posters apresentados e dos painéis
realizados, bem como dos debates que se registaram na maioria das sessões do
Congresso, emerge um significativo conjunto de conclusões, reunidas em função
dos quatro temas do Congresso e que a seguir se apresentam.
CIDADANIA E ACESSO À INFORMAÇÃO
1. A necessidade de estudar e aprofundar conceitos como: literacia
informacional, comportamento informacional, info-exclusão, infoxicação;
2. O reconhecimento do confronto existente entre Direitos de Autor e Cultura de
Acesso e a necessidade de aprofundar o debate e precisar as fronteiras entre
estes dois conceitos;
3. A importância da leitura na construção da identidade individual e colectiva e
na educação para a cidadania e o papel crucial desempenhado pelas
Bibliotecas na sua promoção;
4. A importância crucial dos Arquivos na disponibilização de informação de
cidadania;
5. A função decisiva das Bibliotecas Escolares na promoção de competências
de literacia da informação e de cidadania nas crianças e nos jovens, e em
formas de educação ao longo da vida que envolvam as Escolas e a
aprendizagem, presencial ou à distância;
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6. A necessidade de aprofundar a ligação entre as Bibliotecas Escolares e as
Bibliotecas Públicas, reconhecendo o papel de umas e de outras no combate
à iliteracia e à info-exclusão, na promoção da auto-aprendizagem e da
aprendizagem ao longo da vida;
7. A necessidade de a acção das Bibliotecas Públicas chegar não apenas a
alguns públicos mas a todos os públicos;
8. A importância da missão dos arquivistas enquanto garantes da imparcialidade
no acesso à informação e da transparência na Administração Pública e, neste
quadro, a necessidade de respeitar o código ético da profissão;
9. A importância da investigação e da produção de evidências sobre as
Bibliotecas, os Arquivos e outras unidades, bem como da acessibilidade desta
informação, para a formação de profissionais mas também para o
planeamento e a gestão de serviços e instituições;
10. A cidadania e o acesso à informação podem funcionar como uma espécie de
narrativa partilhada – na expressão utilizada por Chris Batt na palestra
inaugural –, um desígnio comum a bibliotecários, arquivistas e
documentalistas, capaz de induzir hábitos de colaboração entre profissionais
e entre instituições.
BIBLIOTECAS E ARQUIVOS:
RECURSOS PARA O DESENVOLVIMENTO E A INOVAÇÃO
1. No quadro actual de reestruturação e modernização da Administração Pública
portuguesa, a informação e a documentação encontram-se entre as matériasprimas mais importantes para fundamentar a decisão política e gerar um
aumento persistente da produtividade nas organizações;
2. É necessário assegurar que a nova arquitectura da Administração Pública se
alicerça num novo modelo de organização em rede e em sistemas de gestão
documental integrados e eficientes;
3. Importa estabelecer metodologias de intervenção célere, capazes de garantir
o acesso continuado à informação que suporta os processos de negócio;
4. Há que desenvolver instrumentos normalizados que facilitem a gestão
documental: macro-estruturas temáticas, planos de classificação funcionais,
tabelas de selecção, etc;
5. Os profissionais do sector público devem alertar para os riscos inerentes ao
outsourcing de tarefas de gestão documental na Administração Pública e
trabalhar em prol da definição de requisitos de qualidade (implementação de
boas práticas) e de mecanismos de controlo;
6. Compete ao Estado garantir a salvaguarda e preservação da documentação
com valor arquivístico, resultante da prossecução de funções públicas,
mesmo quando desempenhadas pelo sector privado;
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7. Os métodos de avaliação de desempenho devem contribuir para que os
serviços de Informação/Documentação se orientem para os utilizadores,
numa óptica de melhoria contínua das instituições;
8. Importa reflectir sobre novas metodologias para a determinação do valor
económico da Informação/Documentação, capazes de revelarem a
importância económico-social e cultural das Bibliotecas e dos Arquivos;
9. Cabe aos profissionais de Informação/Documentação desenvolver um
trabalho de sensibilização dos dirigentes e dos gestores de topo sobre a
importância social e o valor económico da profissão.
INFORMAÇÃO EM REDE: TECNOLOGIAS, SERVIÇOS E UTILIZADORES
1. A importância crescente conferida à avaliação dos serviços de Bibliotecas e
Arquivos enquanto estratégia essencial de desenvolvimento e de
transformação organizacionais;
2. A importância crescente conferida à qualidade dos serviços de Bibliotecas e
Arquivos e a necessidade de implementar metodologias activas de gestão
que a suportem;
3. A necessidade de garantir a sustentabilidade dos projectos de bibliotecas e
arquivos digitais;
4. A importância de assegurar, a longo prazo, a preservação dos objectos
digitais;
5. A necessidade de assegurar a interoperabilidade entre diferentes sistemas e
dados, de modo a alargar o acesso aos recursos de informação, integrando
dados de várias origens e permitindo o acesso a conjuntos cada vez mais
vastos de recursos informativos;
6. A importância de linguagens e formatos como, por exemplo, o XML
(eXtensible Markup Language), nos processos de interoperabilidade e de
criação de serviços que permitam o acesso a recursos informativos cada vez
mais vastos;
7. A importância da reflexão sobre a prática e do trabalho colaborativo e em
rede, de âmbito local, regional nacional e internacional, na emergência de
identidades profissionais, no desenvolvimento de competências técnicas,
deontológicas, de advocacia e de liderança entre os profissionais, bem como
no efectivo reconhecimento e na sustentabilidade de Bibliotecas, Arquivos e
outras unidades documentais.
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PROFISSIONAIS DA INFORMAÇÃO: EDUCAÇÃO, ÉTICA E INTERVENÇÃO
SOCIAL
1. A necessidade de se aprofundar a reflexão sobre o modelo, a estrutura e o
conteúdo dos programas de formação dos profissionais de informação e
documentação, tendo em conta o quadro resultante da criação do Espaço
Europeu de Ensino Superior e visando a melhoria da qualidade neste
domínio;
2. A vantagem de desenvolver a reflexão sobre a formação de profissionais de
Informação/Documentação num quadro de análise comparada e de
cooperação de âmbito europeu;
3. A necessidade de diálogo entre os estabelecimentos de ensino superior e as
associações profissionais em matéria de competências dos profissionais de
Informação/Documentação e da formação indispensável para a sua
aquisição;
4. A necessidade de diálogo entre os estabelecimentos de ensino superior e as
associações profissionais e o poder político tendo em vista a introdução de
alterações, quer no que diz respeito ao modelo de formação, quer no que diz
respeito ao quadro legislativo que regulamenta o acesso à profissão;
5. A necessidade, face às permanentes mudanças sociais e tecnológicas, de a
Universidade aprofundar o conhecimento do mercado de trabalho,
reestruturando a formação ministrada e adaptando-a à emergência de novos
tipos de perfis profissionais;
6. A importância da avaliação do ensino superior no domínio da
Informação/Documentação, realizada por agência qualificada e de acordo
com critérios aceites internacionalmente;
7. A vantagem de contar com o contributo activo dos empregadores, tanto do
sector público como do sector privado, na redefinição dos perfis dos
profissionais de Informação/Documentação, tendo em conta os novos
contextos organizacionais e tecnológicos;
8. A vantagem da constituição de um observatório de perfis profissionais e de
empregabilidade, visando avaliar a adequação da formação superior dos
profissionais de Informação/Documentação, a visibilidade da profissão e a
relevância social que lhe é atribuída.
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