Análise de Procedimentos e Gestão de Projeto: metodologia para a implementação de um sistema otimizador na MRS Logística SA Rômulo Alves de Almeida Júnior MONOGRAFIA SUBMETIDA À COORDENAÇÃO DE CURSO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA PRODUÇÃO Aprovada por: ________________________________________________ Prof. Carlos Frederico Corrêa Ferreira ________________________________________________ Prof. Marcos Martins Borges ________________________________________________ Eng. Raphael Steiman JUIZ DE FORA, MG - BRASIL JANEIRO 2007 ii ALVES DE ALMEIDA JÚNIOR, RÔMULO Análise de Procedimentos e Gestão de Projeto: metodologia para implementação de um sistema otimizador na MRS Logística SA [Juiz de Fora] 2006 VIII, 43 p. 29,7 cm (EPD/UFJF, Graduação, Engenharia de Produção, 2006) Monografia - Universidade Federal de Juiz de Fora, Departamento de Engenharia de Produção 1. Análise de Procedimentos 2. Gestão de Projetos I. EPD/UFJF II. Título ( série ) iii DEDICATÓRIA Dedico esta monografia aos meus pais, pelo empenho e apoio sempre demonstrado durante toda minha trajetória na graduação. iv AGRADECIMENTO Agradeço ao professor Carlos Frederico pela orientação dedicada para a conclusão deste trabalho. Agradeço também aos amigos da MRS Logística SA, pela compreensão e auxilio no desenvolvimento da minha monografia. v Resumo da monografia apresentada à Coordenação de Curso de Engenharia de Produção como parte dos requisitos necessários para a graduação em Engenharia Produção. Análise de Procedimentos e Gestão de Projeto: metodologia para a implementação de um sistema otimizador na MRS Logística SA Aluno: Rômulo Alves de Almeida Júnior – [email protected] Orientador: Carlos Frderico – [email protected] Resumo: A necessidade de novas ferramentas para o auxílio à tomada de decisão rápidas e precisas certamente é um diferencial no desempenho das atividades para uma organização. Entretanto, um grande desafio que surge é preparar o ambiente, e principalmente as pessoas, para que mudanças a serem realizadas com a inserção destas novas ferramentas se adaptem com sucesso dentro da rotina de trabalho já existente. Mudanças requerem planejamento. Sem uma sistemática baseada em métodos padronizados, visando adequar os procedimentos vigentes para operar de acordo com as premissas assumidas em projetos, certamente estaremos deixando de aproveitar as melhorias propostas em todas as suas potencialidades. A formação do Engenheiro de Produção, capaz de articular aspectos relacionados aos homens, às tecnologias, bem como aos processos, possibilita a criação de condições necessárias para que empreendimentos dessa natureza possam ser concretizados. O estudo proposto tem como finalidade verificar o desenvolvimento de metodologias capazes de auxiliar a implementação de um sistema informatizado de auxílio à tomada de decisão no setor de Planejamento e Controle de Operações, na empresa MRS Logística SA. Palavras-chaves: processo, padrão, sistema, mudança. vi Abstract of monograph presented to Department of Production Engineering as a partial fulfillment of the requirements for the undergraduate degree Analysis as of Procedures and Management’s Project : methodology for the implementation by one system otimizator at the MRS Logistical SA Student: Rômulo Alves de Almeida Júnior – [email protected] Advisors: Carlos Frderico – [email protected] Abstract: The need to news tools for its assistance at the decision-making quick and precision, certain that's a differential on performance of the works for a organization. Nevertheless, one ample challenge it is to appears is draw up the environment , and the people , for it to changes the one he shall be paid-up with the insertion of these news tools in case that adapts successfully within from the routine as of the work already existing. Changes requiring planning. Without a systematic suporting in standard’s procedures, fit together the methodological exisistenve for operating according to the models default well into projects, certain we shall be while leaving as of profiteer the proposed improvements at every their potentialities. The formation from the Industrial Engineer, able to articule appearances for to connect the man, to the technologies , as well as to the processes , makes it possible creating as of conditions required for it to undertakings of that nature may be specify. The review proposed does have as a goal to observate the development of the methodologies able to ancillary the implementation by one system computerised as of assistance at the decision-making at the setor as of Planning and Controls as of Operations , in the company MRS Logistical SA. Key words: process , norm , system , modification. vii Sumário Capítulo I..................................................................................................................................1 INTRODUÇÃO.........................................................................................................................1 1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS...............................................................................1 1.2 OBJETIVOS .........................................................................................................1 1.3 JUSTIFICATIVAS.................................................................................................2 1.4 ESCOPO DO TRABALHO OU CONDIÇÕES DE CONTORNO ..........................4 1.5 METODOLOGIA...................................................................................................4 Capítulo II.................................................................................................................................7 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.................................................................................................7 2.1) Panorama Logístico Nacional .......................................................................................7 2.2) Contexto da empresa....................................................................................................9 2.3) O Processo de Desestatização.....................................................................................9 2.4) MRS Logística SA .......................................................................................................11 2.5) Conceitos Gerais.........................................................................................................12 2.5.1) O que é um Projeto ? ...........................................................................................14 2.5.2) O que é Gerenciamento de Projetos? ..................................................................15 2.6) Etapas do Projeto........................................................................................................17 2.6.1) Concepção ...........................................................................................................19 2.6.2) Desenvolvimento ..................................................................................................21 2.6.3) Execução..............................................................................................................22 2.6.4) Conclusão.............................................................................................................23 Capítulo III..............................................................................................................................24 DESCRIÇÃO ......................................................................................................................24 3.1) Estruturação do Projeto...........................................................................................26 Capítulo IV .............................................................................................................................37 Conclusão ..........................................................................................................................37 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ..................................................................................38 APÊNDICE 1 – Fluxograma da Rotina de Programação ...................................................39 APÊNDICE 2 – Exemplo de Coleta de Restrições do Algoritmo .......................................49 APÊNDICE 3 – Exemplo de Ficha de Padrão de Operações ............................................56 viii 1 Capítulo I INTRODUÇÃO Não é uma novidade a adoção de sistemas informatizados para a melhoria de desempenho nos modernos ambientes de gestão. Métodos numéricos e ferramentas matemáticas são comprovadamente eficazes na busca de soluções para problemas rotineiros. Entretanto, um grande desafio que surge é adequar estruturas funcionais já existentes a estes novos ambientes competitivos. 1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS A visão que um profissional de Engenharia de Produção possui, capaz de alinhar fatores humanos, de processo e de ambiente, torna-se um atrativo de sucesso que contribui nos meios empresarias para a modelagem de rotinas e a implementação de projetos. Aliado ao conhecimento de sistemas bem como ao de ferramentas de otimização, o desafio de concretizar um projeto para a implementação de uma nova ferramenta computacional dentro de um ambiente onde as pessoas dominam a estrutura atual e a velocidade e o impacto das ações afetam toda a companhia, torna-se um grande desafio e enquadram-se perfeitamente no perfil do profissional de Engenharia de Produção. A possibilidade de conhecer novas ferramentas relacionadas à Pesquisa Operacional e à Gestão de Projetos, bem como a inserção dentro da rotina de um processo produtivo com o objetivo de criticar e propor melhorias, é uma oportunidade de enriquecimento profissional e de aplicações de recursos teóricos que motivam a realização deste trabalho. 1.2 OBJETIVOS O trabalho realizado teve como objetivo identificar a estruturação de procedimentos e observar o planejamento de ações capazes de viabilizar a concretização do projeto de implementação de um sistema informatizado de auxílio à tomada de decisão, ferramenta que será utilizada pelo departamento de Planejamento e Controle de Operações, na empresa MRS Logística SA. 2 1.3 JUSTIFICATIVAS A busca por resultados operacionais mais satisfatórios, delineados por critérios de decisões sólidos e fundamentados em bases científicas são os grandes precursores para a iniciação deste trabalho. Visando a implementação de um sistema capaz de suportar a análise de dados e gerar soluções para sua produção (mais especificamente a distribuição de vagões), a MRS Logística SA deu início ao projeto “Optvag” em parceria com a empresa responsável pela concepção do aplicativo, a GAPSO Advanced Planning Solutions. As tendências de mercado que se apresentam, bem como todo o contexto que envolve a MRS, demonstra que dentro de um curto período de tempo poderá existir um panorama de atividades desempenhadas pela empresa muito divergente daqueles vivenciados nos dias de hoje. Isto se refere ao volume de produção que está sendo projetado para os próximos anos. No ano de 2005, o volume de produção da MRS chegou a 108 milhões de toneladas úteis (TU). A projeção é que para o ano de 2009 o volume de produção da empresa ultrapasse as 189 milhões de toneladas úteis. É necessário que para estes novos desafios que estão por vir haja condições implementadas que sirvam de base para suportar todas estas mudanças e oferecer alicerce para garantir que todo este volume estimado realmente seja possível de ser cumprido em termos práticos. Todas as diretrizes de Planejamento Estratégico da empresa buscam garantir que os passos estejam sendo dados neste sentido. As metas são desdobradas (de acordo com o Balanced Scorecard) em indicadores agressivos, forçando desde já que todos os colaboradores incorporem este espírito de garra e comprometimento que serão fundamentais para o futuro próximo. Aquisições de novos equipamentos, como vagões e locomotivas, ampliação e construção de novos terminais e estações, duplicação em alguns pontos da via permanente, contratação e treinamento de pessoal são algumas das ações tomadas pela companhia a fim de se preparar para os próximos anos. Outro ponto de grande atenção neste momento é o investimento em tecnologias, principalmente aquelas voltadas à informação, como o projeto MRS 2008 (SIACO) – projeto que têm como foco central melhorar o controle de circulação dos trens, através de modernos meios de monitoramento e comunicação - bem como o Optvag (objeto de estudo deste trabalho). De acordo com que foi argumentado anteriormente, é possível imaginar que dentro de um curto período de tempo a atividade de programação de produção e distribuição de vagões aumentará muito o grau de complexidade, uma vez que teremos um volume gigantesco de ativos em circulação, o que inviabilizará a tomada de decisões de forma “manual”. Por serem recursos limitados e caros, os vagões de uma ferrovia devem ser utilizados de maneira a obter o maior aproveitamento possível. Torna-se, por tanto, 3 necessário movimenta-los de maneira eficiente, ou seja, definir o plano de viagens de cada vagão no período determinado para atender o máximo das solicitações de transporte com os recursos existentes. A atividade de distribuição de vagões carregados e vazios contempla, não apenas as determinações de quais demandas devem ser atendidas, mas também a seqüência de anexação em trens, circulação e desanexação de cada um dos vagões utilizados no transporte (car trip plan). O número limitado de recursos, aliados às importantes restrições impostas pela frota de locomotivas e grade de trens*, capacidade de operação das estações (pátios e terminais), conjunto de demanda de produção, dentre outras, fazem da circulação de vagões carregados e vazios um processo de enorme complexidade, aumentando fortemente a responsabilidade dos planejadores dado o grande impacto econômico das decisões em questão. Quantificando simplesmente a complexidade da decisão de quais demandas atender, ou seja, não levando em consideração em como atende-las, os números obtidos são muito expressivos. Por exemplo, se de um conjunto de 1100 carregamentos fosse determinar um subconjunto de 1000 para serem efetivamente realizados, o número de alternativas seria superior a 10140 (GAPSO – 2004). A utilização de ferramentas apropriadas de apoio à decisão para a distribuição de vagões vazios e carregados, não só torna mais ágil e preciso o processo decisório, mas também têm grande potencial de retorno econômico. É justamente por estes motivos que a ferramenta Optvag torna-se um diferencial estratégico, em harmonia com os rumos tomados pela companhia. Contudo, um novo grande desafio surge no contexto deste projeto. Como garantir que as potencialidades desta ferramenta sejam realmente aproveitadas em plenitude pela companhia? Cabe ressaltar que anteriormente a este processo já era vigente na empresa uma estrutura operacional com o objetivo de realizar a distribuição dos vagões. Torna-se necessário neste momento criar mecanismos para que esta nova ferramenta, o Optvag, passe a ser utilizada na rotina de distribuição de vagões da MRS Logística SA sem que para isso os resultados operacionais sejam comprometidos pelo “choque de gestão”. Grade de Trens: tabela que contempla o itinerário padrão de cada trem da companhia, estabelecendo horário de partida das estações de origem e previsão de chegada nos destinos, bem como em todas as estações intermediárias, estabelecendo o padrão de atendimento às demandas dos clientes. 4 1.4 ESCOPO DO TRABALHO OU CONDIÇÕES DE CONTORNO A utilização de T.I no desempenhos das atividades da MRS é mais que um diferencial, é uma realidade. Para oferecer uma base de sustentação capaz de suportar o crescimento da empresa tornou-se emergencial o desenvolvimento do sistema baseado em Pesquisa Operacional para suportar o diversificado panorama de decisões que se apresentam diante dos gestores de frota. Todas estas decisões interferem diretamente nos resultados da companhia. O maior desafio que passa a existir e criar um conjunto de ações planejadas que viabilizem a implementação e continuação do projeto proposto. 1.5 METODOLOGIA O trabalho realizado seguiu a seguinte metodologia de desenvolvimento: 1.5.1) Revisão Bibliográfica A busca de artigos, livros, cases, sites, dentre outras referências bibliográficas que tratem de implementação de projetos e de sistemas. Certamente, referências que tratem de inserção de procedimentos e métodos de padronização de atividades servirão de consultas para o desenvolvimento do trabalho. Buscou-se explorar as referências de materiais institucionais da MRS, que possibilitaram a apresentação de várias informações relativas à operação da companhia, facilitando a visualização e favorecendo a ilustração de algumas argumentações. Para tornar a pesquisa mais objetiva, deu-se maior ênfase aos conteúdos multidisciplinares, onde buscou-se sintetizar temas relativos aos diversos assuntos tratados neste trabalho em referências consolidadas. Como exemplo, artigos abordando a utilização de Pesquisa Operacional no contexto de Logística, bem como materiais relativos à Gestão de Projetos direcionados a implementação de sistemas de Tecnologia da Informação. Cabe ressaltar o trabalho de direcionamento realizado pelo orientador do trabalho, buscando a manutenção do foco central, trazendo sugestões de pesquisas em materiais dentro do contexto trabalhado. Com a facilidade existente atualmente, representada de maneira mais direta pela Internet, certamente o acesso a informação torna-se mais rápido e diversificado possibilitando um grande enriquecimento do trabalho. 5 1.5.2) Coleta dos Dados na Empresa A coleta de dados foi constituída principalmente em conhecer a estrutura atual vigente, consultando documentos relacionados à execução das atividades de Planejamento e Controle Operacional da MRS e Gestão de Frota / Distribuição de Vagões. Os procedimentos gerenciais, procedimentos de rotinas e procedimentos operacionais, constituintes do Sistema de Gestão de Qualidade da empresa serviram de base de consulta. O acompanhamento das atividades juntamente com os colaboradores da empresa também foi realizado. A grande contribuição no processo de coleta de dados foi obtido principalmente em questionários formulados e aplicado ao gerente do projeto OPTVAG na MRS, o Especialista Ferroviário e Engenheiro Raphael Steiman, responsável por toda a etapa de concepção do projeto bem como participação de sua implementação. A busca de uma compreensão das rotinas atuais se justifica uma vez que é em cima desta realidade é que será desenvolvido o trabalho e é aonde buscou-se realizar a inserção do novo projeto, ocasionando a gestão de mudanças. Diante do compreendimento de toda a estrutura, tornou-se possível analisar de maneira mais cautelosa os possíveis impactos de cada ação tomada durante a execução do projeto. Com relação ao sistema, mais especificamente, foram realizados estudos visando conhecer a fundo qual era seu verdadeiro objetivo, como são seqüenciadas as etapas do projeto de implementação do sistema, como está estruturado atualmente o projeto de implementação, quais são as restrições existentes bem como os objetivos que se desejam alcançar. Para este estudo, a base principal de informação foi o próprio manual do sistema desenvolvido pela Gapso e também a participação em apresentações de divulgação do projeto realizadas internamente na companhia. 1.5.3) Análise dos Dados Durante esta etapa foi realizada uma análise crítica dos processos existentes. Diante da compreensão das rotinas existentes, buscou-se identificar como estavam sendo desenvolvidas as etapas estruturadas para o desenvolvimento do projeto e se haviam barreiras capazes de exigir alterações nos escopos. O acompanhamento de work-shops e de grupos de discussão se fez necessário para garantir uma melhor compreensão do projeto. Um ponto positivo desta etapa foi a oportunidade de participar de maneira simultânea, tanto do acompanhamento das analises, devido ao interesse direcionado para a execução deste trabalho, bem como a participação direta como “público-alvo” do projeto, uma vez que a estrutura na qual atualmente exerço minha profissão é justamente como 6 gestor de frota no setor de Planejamento e Controle de Operações, mais especificamente na divisão de Programação de Produção, sendo responsável pela distribuição de vagões de uma carteira específica de clientes da MRS. 1.5.4) Elaboração do Relatório Final O relatório buscou sintetizar quais foram os resultados obtidos ao longo dos estudos, trazendo a conclusão. Para esta elaboração foram traçados ao longo dos capítulos toda parte introdutória, trazendo o contexto atual onde se insere o projeto. Em seguida foram expostos alguns conceitos teóricos a respeitos das ciências que influenciaram de maneira direta toda a construção do projeto. Na seqüência, o conteúdo do projeto será elucidado e, de forma paralela, será buscado trazer o contexto teórico e prático de maneira a elaborar um estudo de caso do projeto. 7 Capítulo II REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1) Panorama Logístico Nacional A logística no âmbito nacional enfrenta um período de fortes transformações. Estas mudanças podem ser vislumbradas em muitos dos fatores que determinam o funcionamento da logística, como: desenvolvimento de pesquisas e estudos direcionados para o mercado logístico, utilização massiva de TI (Tecnologia de Informação), surgimento e investimento em novas infra-estruturas, intensificação do processo de globalização e aumento no número de pesquisas e estudos direcionados à resolução de problemas no âmbito da logística. “Para as empresas que aqui operam, é um período de riscos e oportunidades. Riscos devido às enormes mudanças que precisam ser implementadas e oportunidades devido aos enormes espaços para melhorias de qualidade do serviço e aumento de produtividade, fundamentais para o aumento da competitividade empresarial. Apesar de amplo, o movimento de mudanças é ainda recente. Até poucos anos atrás a logística era o elo perdido da modernização empresarial no Brasil. A explosão do comércio internacional, a estabilização econômica produzida pelo Real e as privatizações da infra-estrutura são os fatores que estão impulsionando este processo de mudanças. Desde a década passada o comércio exterior vem se expandindo rapidamente, exigindo uma rápida adaptação do setor logístico. “O processo de privatização da infra-estrutura vem caminhando aceleradamente, com quase todas as ferrovias e vários terminais portuários já em mãos privadas” (FLEURY – 2000). No mercado brasileiro, observa-se uma forte dependência do modal rodoviário, chegando a representar 10% do PIB e é responsável por cerca de 58% da carga transportada no país (FLEURY – 2000). Um fator contribuinte para a ineficiência no modelo de transporte no Brasil foi o grande período de estatização dos portos, ferrovias e dutos, reforçados por subsídios existentes para o modal rodoviário. Cabe também destacar a grande pressão exercida pelas multinacionais existentes no país, que buscavam o aumento de vendas dos caminhões e carretas por eles produzidos. Antes da privatização, nossas ferrovias apresentavam desempenho ruim, representado por baixa disponibilidade, má qualidade dos serviços prestados e baixa produtividade. 8 “Enquanto a produtividade média nas ferrovias norte-americanas, medida por toneladas - km por empregado, é de 8 milhões, na antiga Rede Ferroviária Federal o valor era de 1 milhão e na Fepasa de 500 mil. A baixa produtividade se reflete em custos maiores para os usuários das ferrovias no Brasil. Enquanto aqui o preço médio é de U$ 23,0 por 1.000 toneladas-km, nos EUA é de apenas US$ 16,25. Isto, apesar das enormes diferenças na qualidade de serviços, representados por alta disponibilidade, entrega rápida e confiabilidade de prazos que se observa nos EUA. O processo de privatização dos portos e ferrovias, assim como a nova legislação em relação aos dutos, criou enormes oportunidades para aumento de produtividade, redução de custos e melhoria de serviços. Embora muito recente, os resultados destas mudanças já começam a aparecer. No caso da primeira ferrovia privatizada, o tempo médio de viagem na principal rota foi reduzido de 11 para 6 dias; o nível de utilização das locomotivas subiu de 37% para 65%; o número de empregados foi reduzido de 1.800 para 900. Como conseqüência, os preços já sofreram reduções médias entre 15% e 20%. As mudanças são muitas, mas o caminho já foi estabelecido. Para as empresas brasileiras, ainda há muito espaço a conquistar. Resta continuar trabalhando na busca por maior produtividade e melhores serviços, que levarão a uma maior competitividade.” (FLEURY – 2000). “Se for necessário traçar cenários futuros para a logística brasileira ou para o seu negócio deve-se considerar pelo menos cinco grandes tendências que devem se manter nos próximos anos relacionadas a aspectos estruturais, a processos, a relações entre atores das cadeias produtivas, a relações das atividades com o meio e a capacitação do recurso humano. Em termos estruturais a grande tendência é da Volatilização de ativos causada pela desvinculação dos mesmos dos produtores e a separação das atividades que efetivamente geram valor ao negócio e as acessórias, principalmente a logística. Este fato vem levando a um aumento nas locações de infra-estrutura (terminais, armazéns, escritórios, e até parques fabris) junto com um significativo processo de terceirização no Brasil. Hoje mais de 80% das empresas já não tem a atividade de transportes própria e mais de 40% das empresas já terceirizaram ou pretendem terceirizar a armazenagem, estando as atividades de gestão de estoques e projetos seguindo o mesmo caminho. Esta é uma tendência que deverá continuar no curto prazo, mas tem boas chances de se reverter, pelo menos parcialmente, no longo prazo em função do crescente numero de insucessos relacionados principalmente a riscos estruturais e aumento não percebido de custos indiretos. Em relação aos processos a tendência é a continuidade e crescimento do uso intensivo da tecnologia da informação tanto para a gestão ( ERP, WMS, TMS, LIS) quanto 9 para a automação de armazéns (etiquetas eletrônicas, robotização), a eletrônica embarcada( roterizadores) e a comunicação veículo via/base( GPRS) com sensíveis reduções de custos e ampliação do espectro de possibilidades de serviços. Esta tendência leva a se vislumbrar uma grande revolução no futuro pela criação de uma inteligência operacional com base na automação dos processos de tomada de decisão. Será possível, em breve, decidir-se automaticamente e de forma otimizada, sobre uma situação operacional instantânea existente baseando-se nos cenários prováveis para as próximas horas de operação. Um exemplo do que vem acontecendo é a readequação dos roteiros de coleta e entrega dos veículos que estão circulando a medida que novos pedidos entram durante o dia, mas de forma otimizada e com baixo custo.” (LALT Laboratório de Aprendizagem em Logística e Transportes - DGT Faculdade de Engenharia Civil UNICAMP – 2004). 2.2) Contexto da empresa O projeto em questão está sendo desenvolvido na MRS Logística S.A, empresa atuante no setor de logística ferroviária. A MRS foi fundada em 1996 através da associação de empresas que, em sua maioria, atuam no ramo da mineração e siderurgia, sendo estes hoje seus principais clientes. A empresa surgiu no processo de privatização da antiga Rede Ferroviária Federal (RFFSA), obtendo concessão para utilização da malha ferroviária correspondente aos trechos da SR3 e SR4 da antiga RFFSA, contemplando parte dos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. A empresa hoje possui cerca de 3.200 funcionários espalhados por estes 3 estados. 2.3) O Processo de Desestatização “De 1980 a 1992, os sistemas ferroviários pertencentes à Rede Ferroviária Federal S.A. – RFFSA e à FEPASA – Ferrovia Paulista S.A., foram afetados de forma dramática, quando os investimentos reduziram-se substancialmente, atingindo, na RFFSA em 1989, apenas 19% do valor aplicado na década de 1980. Em 1984, a RFFSA, encontrava-se impossibilitada de gerar recursos suficientes à cobertura dos serviços da dívida contraída. A empresa suportava sério desequilíbrio técnico-operacional, decorrente da degradação da infra e da super estrutura dos seus principais segmentos de bitola métrica e da postergação da manutenção de material rodante, que ocasionaram expressiva perda de mercado para o modal rodoviário. Medida de ajustamento institucional foi tomada pelo Governo Federal, com o afastamento da RFFSA dos transportes urbanos. O Decreto n.º 89.396, de 22/02/84, 10 constituiu a Companhia Brasileira de Transporte Urbano – CBTU que ficou responsável pela prestação daqueles serviços. Note-se que estes, na maioria dos casos, são altamente deficitários. Na impossibilidade de gerar os recursos necessários para continuar financiando os investimentos, o Governo Federal colocou em prática ações voltadas à concessão de serviços públicos de transporte de carga à iniciativa privada. Foi editada a Lei n.º 8.031/90 e suas alterações posteriores, que instituíram o Programa Nacional de Desestatização – PND, sendo a RFFSA incluída no referido Programa, em 10/03/92, por meio do Decreto n.º 473. Neste processo atuou como gestor o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES que, nos termos do Decreto n.º 1.024/94, elaborou a forma e as condições gerais para concessão das malhas da RFFSA. O processo de desestatização da RFFSA, foi realizado com base na Lei n.º 8.987/95, (Lei das Concessões). Esta lei estabeleceu os direitos e obrigações para as partes envolvidas no processo de concessão, definindo ainda, o princípio da manutenção do equilíbrio econômico e financeiro e os direitos dos usuários. O processo obedeceu a seguinte cronologia indicada na tabela 1: Tabela 01 - A desestatização das malhas da RFFSA Malhas Data do Regionais Leilão Concessionárias Início da Extensão Operação (Km) Oeste 05.03.1996 Ferrovia Novoeste S.A. 01.07.1996 1.621 Centro-Leste 14.06.1996 Ferrovia Centro-Atlântica S.A. 01.09.1996 7.080 Sudeste 20.09.1996 MRS Logística S.A. 01.12.1996 1.674 Tereza Cristina 22.11.1996 Ferrovia Tereza Cristina S.A. 01.02.1997 164 Nordeste 18.07.1997 Cia. Ferroviária do Nordeste 01.01.1998 4.534 ALL-América 01.03.1997 6.586 Ferrovia Sul-Atlântico S.A. – Sul 13.12.1998 atualmente – Latina Logística S/A Paulista Total 10.11.1998 Ferrovias Bandeirantes S.A. 01.01.1999 4.236 25.895 11 Fonte: RFFSA e BNDES. Com o leilão da Malha Paulista (antiga FEPASA incorporada à RFFSA pelo Decreto n. o 2.502, em 18/02/98), concluiu-se o processo de desestatização das malhas da RFFSA. O Governo Federal outorgou, em 28/06/97, à Companhia Vale do Rio Doce, no processo de sua privatização, a exploração da Estrada de Ferro Vitória a Minas e Estrada de Ferro Carajás. Em 7 de dezembro de 1999, o Governo Federal, com base na Resolução n.º 12, de 11 de novembro de 1999 do Conselho Nacional de Desestatização e por intermédio do Decreto n. 3.277, dissolve, liquida e extingue a Rede Ferroviária Federal S.A. - RFFSA.” (DNIT Brasileiro – Ferrovias 2003). 2.4) MRS Logística SA Atualmente, a MRS Logística S.A, apresenta como carro chefe de suas operações logísticas o transporte do tipo “Heavy Haul”, responsável por cerca de 70% de seu faturamento. Dentro desta linha, ganham destaque o transporte de minério para exportação e mercado interno, carvão, coque e bauxita. Observa-se atualmente uma concentração de esforços por parte da organização em atender a este mercado, visando a garantia de resultados positivos e capazes de atender com eficiência e eficácia a demanda dos clientes. Neste sentido, existe hoje uma maior disponibilização de ativos e mão-de-obra, bem como uma priorização de atividades visando atender aos fluxos de transporte dos clientes do Heavy Haul. Contudo, mantendo uma linha de planejamento que visa a incorporação de novos mercados e novos nichos para a exploração, vêm crescendo em importância dentro da companhia às operações que atendem aos mercados mais diversificados, denominados Carga Geral. A Carga Geral hoje contempla uma gama de clientes variados bem como uma infinidade de produtos sendo transportados. Como principais mercadorias dentro deste contexto, pode-se destacar: produtos siderúrgicos (bobinas, fios-máquina, tarugos, placas); gusa, sucata, containeres, grãos (especialmente a soja), sal, açúcar, enxofre, zinco, areia, cimento, fertilizantes, combustível (este com foco principalmente para o consumo interno). Diferente do que poderia-se supor, as dificuldades operacionais para a consolidação do transporte da Carga Geral são consideravelmente superiores quando comparadas ao do Heavy Haul. Isto ocorre devido ao fato da grande variedade de produtos, pontos de carga e descarga existente no transporte da Carga Geral. No Heavy Haul, apesar de se trabalhar com volumes gigantescos de produção, observa-se freqüentemente a existência de “trens unitários”. Estes trens possuem uma origem e um destino definido para a carga e a 12 descarga, reduzindo bastante a variabilidade do processo (o trem carrega um único produto em sua origem e circula até seu destino final onde será realizada a descarga). Já na Carga Geral esta situação é bastante diferente. Os trens possuem sua origem e destino definido através de itinerários padrões, definindo a chamada grade de trens. Durante sua circulação, um trem da Carga Geral realizará atividades diversas de anexação e desanexação de vagões, atendendo em uma só viagem aos mais diferentes fluxos de produção. Isto é possível, pois, conforme dito anteriormente, os produtos da Carga Geral são muito diversificados, entretanto o número de vagões atendendo a um cliente específico é relativamente pequeno. Assim, para um melhor aproveitamento dos recursos (no caso, a capacidade de tração das locomotivas) são consolidados no mesmo trem vagões de diferentes clientes com as mais diversas mercadorias e as mais diversas origens e destinos, bem como diferentes graus de prioridade quanto ao recebimento do material transportado. Isto exige um melhor planejamento das atividades do trem, já que poderão ser traçadas uma infinidade de possibilidades para a circulação dos vagões. Atualmente a MRS Logística, no contexto da Carga Geral, dispõe de 89 estações de origem, 77 estações de destino, 192 terminais, 3148 vagões, 1674 Km de malha ferroviária, 137 clientes, 20 trens por dia com uma média de transporte de 70 vagões cada (www.mrs.com.br). Ao analisarmos os dados anteriores é possível termos dimensão da infinidade de alternativas que diariamente se apresentam e que, em muitas vezes, não são escolhidas de forma ótima, já que atualmente todas as tomadas de decisões referentes à atividade de programação de produção e gestão de frota são realizadas com base na experiência dos colaboradores, inviabilizando a visualização de todos os cenários possíveis. 2.5) Conceitos Gerais Antes de ser iniciado um aprofundamento sob o tema central do estudo que são os métodos de padronização e gestão de projetos, cabe uma breve explicação sobre o princípio de funcionamento do Optvag, fundamentado em Pesquisa Operacional. “A Pesquisa Operacional é uma ciência aplicada voltada para a resolução de problemas reais. Tendo como foco a tomada de decisões, aplica conceitos e métodos de outras áreas científicas para concepção, planejamento ou operação de sistemas para atingir seus objetivo Através de desenvolvimentos de base quantitativa, a Pesquisa Operacional visa também introduzir elementos de objetividade e racionalidade nos processos de tomada de decisão, sem descuidar no entanto dos elementos subjetivos e de enquadramento organizacional que caracterizam os problemas. 13 A Pesquisa Operacional surgiu durante a Segunda Guerra Mundial, quando os Aliados se viram confrontados com problemas (de natureza logística, tática e de estratégia militar) de grande dimensão e complexidade. Para apoiar os comandos operacionais na resolução desses problemas, foram então criados grupos multidisciplinares de matemáticos, físicos e engenheiros e cientistas sociais. Esses cientistas não fizeram mais do que aplicar o método científico, que tão bem conheciam, aos problemas que lhes foram sendo colocados. Desenvolveram então a idéia de criar modelos matemáticos, apoiados em dados e fatos, que lhes permitissem perceber os problemas em estudo e simular e avaliar o resultado hipotético de estratégias ou decisões alternativas. O sucesso e credibilidade ganhos durante a guerra foram tão grandes que, terminado o conflito, esses grupos de cientistas e a sua nova metodologia de abordagem dos problemas se transferiram para as empresas que, com o "boom" econômico que se seguiu, se viram também confrontadas com problemas de decisão de grande complexidade. Seguiram-se então grandes desenvolvimentos técnicos e metodológicos que hoje, com o apoio de meios computacionais de crescente capacidade e disseminação, nos permitem trabalhar enormes volumes de dados sobre as atividades das empresas e, através de adequados modelos de base quantitativa, simular e avaliar linhas de ação alternativas e encontrar as soluções que melhor servem aos objetivos dos indivíduos ou organizações. Face ao seu caráter multidisciplinar, a Pesquisa Operacional é uma disciplina científica de características horizontais com suas contribuições estendendo-se por praticamente todos os domínios da atividade humana, da Engenharia à Medicina, passando pela Economia e a Gestão Empresarial” (http://www.sobrapo.org.br/PO.htm) Retomando a questão relativa à projetos, o que pode ser entendido como conceito de gestão de projeto? Segue abaixo uma frase do professor Heitor Coutinho (Fundação Dom Cabral), que expressa de forma sucinta este conceito: “A Gestão de Projetos consiste na aplicação de conhecimentos, habilidades e técnicas às atividades de projetos, visando a obtenção de resultados e requisitos definidos.” “As pessoas têm planejado e gerenciado projetos desde o início dos tempos. Toda vez que uma civilização criou suas raízes houve projetos a serem gerenciados: prédios a construir, estradas a pavimentar e leis a serem escritas. Mesmo sem as ferramentas, técnicas e metodologias avançadas de que dispomos hoje, as pessoas criaram linhas de tempo, alocaram materiais e recursos e avaliaram os riscos envolvidos em seus projetos. Com o passar do tempo, as pessoas perceberam que as técnicas para controle de custo, desenvolvimento da programação, procura e compra de recurso e gerenciamento de 14 riscos poderiam ser aplicadas a uma variedade de projetos, seja erguendo pontes, realizando colheitas sazonais ou decidindo como se governar. Estas idéias foram as precursoras do estabelecimento de técnicas de gerenciamento que hoje conhecemos como “Gerenciamento de Projetos moderno”. As organizações modernas estão descobrindo que a utilização do Gerenciamento de Projetos traz muitas vantagens. Clientes esclarecidos exigem cada vez mais produtos melhores e serviços mais rápidos. As pressões para acompanhar a velocidade do mercado demandam maior eficiência. Gerenciar projetos de forma profissional encontrou seu lugar na arena empresarial competitiva e global de hoje” (http://www.pmisp.org.br/exe/pmi/ger_projetos.asp). 2.5.1) O que é um Projeto ? “Um Projeto é um esforço temporário empreendido para alcançar um objetivo específico. Eles são semelhantes às operações em função de serem executados por pessoas, geralmente terem limitações de recursos e serem planejados, executados e controlados. As operações (processos) e projetos diferem entre si principalmente porque as operações têm um caráter contínuo e repetitivo, ao passo em que os projetos têm um caráter temporário e único. Temporário significa que todo projeto tem um início e um término definidos. Único significa que o produto ou serviço é, de algum modo, diferente de todos os produtos e serviços semelhantes” (COUTINHO – 2004). Tabela 02 – Quadro comparativo de características Processos X Projetos PROCESSOS 1- Rotina 2 - Vários Objetos 3 - Continuidade 4 - Métodos e Instrumentos definidos e implementados 5 - Relativo domínio de esopo, prazo e custo 6 - pode ser delimitado a uma área da empresa 7 - Manutenção do status quo Fonte: (FLEURY – 2000). PROJETOS 1 - Algo novo 2 - Objeto Definido 3 - Temporário (ciclo de vida definido) 4 - Métodos e Instrumentos são função da tipologia 5 - Risco quanto à escopo, prazo e custo 6 - frequentemente é interdepartamental 7 - Modificação do status quo 15 Projetos são criados em todos os níveis da organização. Podem envolver uma pessoa ou milhares delas. Podem exigir menos de 100 ou mais de 10.000.000 de horas para serem concluídos. Os projetos podem ser desenvolvidos em um único departamento da organização ou transpor suas fronteiras, como nas joint ventures e parcerias. Freqüentemente, os projetos representam componentes críticos da estratégia de negócio das empresas. O Gerenciamento de Projetos pode ser aplicado a projetos independentemente de suas dimensões, prazos e orçamentos. Alguns exemplos incluem: • Desenvolver um novo produto ou serviço; • Efetuar mudança na estrutura, no pessoal ou no estilo de uma organização; • Conceber um novo veículo de transporte; • Desenvolver ou adquirir um sistema de informações novo ou modificado; • Construir um edifício ou uma instalação; • Conduzir uma campanha política; • Implantar um novo procedimento ou processo de negócio. 2.5.2) O que é Gerenciamento de Projetos? De acordo com o “A Guide to the Project Management Body of Knowledge” - 2000 Edition, [Project Management Institute (PMI®) December 2000], Gerenciamento de Projetos é a aplicação de conhecimentos, habilidades, ferramentas e técnicas nas atividades do projeto a fim de atender os requisitos do projeto. Ele pode ser melhor explicado através dos processos que o compõem, que podem ser reunidos em cinco grupos de processos Iniciação, Planejamento, Execução, Controle e Encerramento – e em nove Áreas de Conhecimento - Gerenciamento da Integração do Projeto, Gerenciamento do Escopo do Projeto, Gerenciamento do Tempo do Projeto, Gerenciamento dos Custos do Projeto, Gerenciamento da Qualidade do Projeto, Gerenciamento dos Recursos Humanos do Projetos, Gerenciamento da Comunicação do Projeto, Gerenciamento dos Riscos do Projeto e Gerenciamento dos Fornecimentos de Bens e Serviços do Projeto. A equipe do projeto gerencia os trabalhos envolvidos nele, que geralmente envolvem: • Balanceamento de demandas conflitantes do escopo, tempo, custo, risco e qualidade do projeto; 16 • Satisfação de diferentes interessados (stakeholders) com diferentes necessidades e expectativas; • Alcance dos requisitos estabelecidos. O termo Gerenciamento de Projetos é às vezes utilizado para descrever uma abordagem organizacional ao gerenciamento de operações rotineiras. Essa abordagem trata muitos aspectos das operações rotineiras como projetos a fim de aplicar as técnicas de Gerenciamento de Projetos a elas. O Gerenciamento de Projetos ajuda as organizações a atenderem as necessidades de seus clientes padronizando tarefas rotineiras e reduzindo o número daquelas que poderiam ser esquecidas. O Gerenciamento de Projetos assegura que os recursos disponíveis são alocados da maneira mais eficiente e eficaz, permitindo aos executivos seniores a perceber “o que está acontecendo” e “para onde as coisas estão indo” dentro das organizações. Muitas organizações ao redor do mundo, como NASA, IBM, AT&T, Siemens, Chiyoda Corporation, PricewaterhouseCoopers, Sociedade Computacional de Singapura e o Governo Estadual de Oregon (EUA), lançam mão do Gerenciamento de Projetos para desenvolver processos inovadores, planejar, organizar e controlar iniciativas estratégicas, monitorar desempenho de empreendimentos, analisar divergências significantes e prever seus impactos nos projeto e na organização. A aplicação dos princípios de Gerenciamento de Projetos permite que os executivos seniores: • Estabeleçam medidas do sucesso; • Mantenham o foco no cliente; • Quantifiquem o valor agregado correspondente aos custos; • Aperfeiçoem o uso dos recursos da organização; • Incorporem princípios de qualidade; • Coloquem planos estratégicos em marcha; • Assegurar a atualização da empresa às demandas do mercado. O Gerenciamento de Projetos ganhou popularidade durante as últimas décadas em função de uma série de mudanças significativas no local de trabalho. Algumas destas mudanças incluem: • Processos de Downsizing (menos pessoas para fazer mais tarefas); 17 • Projetos e serviços maiores e mais complexos; • Competição global e feroz; • Acesso à informação mais fácil através de amplas redes de comunicação; • Clientes mais sofisticados que exigem produtos e serviços de maior qualidade; • Crescimento tecnológico exponencial; • Organizações multinacionais que buscam estabelecer práticas uniformes para gerenciar projetos. O Gerenciamento de Projetos está sendo aplicado em muitas indústrias hoje, da construção e sistemas de informação para assistência médica, serviços financeiros, educação e treinamento. Com esta expansão, as pessoas que dirigem projetos atualmente têm diferentes formações profissionais e acadêmicas, e trazem diferentes níveis de experiência como praticantes do Gerenciamento de Projetos. Para se prepararem para os papéis de gerente de projeto ou de integrante de equipes de projeto, os indivíduos devem assimilar uma compreensão básica dos processos e das áreas de conhecimento que são comuns a todos os projetos. O Gerenciamento de Projetos moderno começou no final dos anos 50 e inicio dos anos 60, quando o porte, escopo, duração e recursos necessários para os novos projetos começaram a exigir mais que um fluxograma e uma mesa de reuniões. Ao mesmo tempo, literatura sobre o “Gerenciamento por Projetos” começou a surgir. A expressão “Gerenciamento de Projetos” foi incorporada ao vernáculo, ainda que limitada essencialmente à engenharia e construção. Hoje, o Gerenciamento de Projeto é utilizado globalmente e sem distinção por corporações de bilhares de dólares, governos e pequenas organizações sem fins lucrativos. A liderança em Gerenciamento de Projetos é uma habilidade altamente procurada como diferencial competitivo global para que novos projetos e desenvolvimento de negócios sejam completados no prazo e dentro do orçamento. Profissionais que trabalham no Gerenciamento de Projetos dirigirão o desenvolvimento próspero de novas empresas no século 21. (http://www.pmisp.org.br/exe/pmi/ger_projetos.asp). 2.6) Etapas do Projeto No estudo técnicas de Gestão de Projetos há uma importante metodologia que é muito válida em sua elucidação, mostrando de forma clara uma linha de raciocínio capaz de conduzir a resultados positivos no empreendimento desejado. A metodologia citada é o ciclo 18 de vida do projeto, que traz em seu escopo sub-etapas de atividades que abrange toda a concepção do projeto. Abaixo seguem quais são estas sub-etapas, que serão descritas de forma sucinta no decorrer do estudo. • Concepção; • Desenvolvimento; • Execução; • Conclusão. A relação entre o tempo dedicado a cada uma destas etapas, relacionado com o nível de atividades desempenhados em cada uma delas pode ser visualizado no gráfico exposto na figura 01. 19 Nível de Atividade Ciclo de Vida dos Projetos Execução Desenvolvimento Conclusão Concepção Tempo Figura 01 – Ciclo de Vida dos Projetos 2.6.1) Concepção A fase de concepção do projeto consiste numa etapa onde são delineadas todas as premissas que farão parte da concepção do projeto. É fundamental que ao final desta etapa esteja clara a resposta as seguintes perguntas: Quais necessidades serão supridas com o 20 desenvolvimento deste projeto (objetivos e metas)? Quem são os grandes beneficiados com o trabalho em questão (stakeholders)? Que riscos estão presentes na elaboração do projeto? Quais são as estratégias que serão adotadas para a elaboração do trabalho? Quem serão os responsáveis pela execução do projeto (delinear responsabilidades)? Quais recursos serão necessários para a conclusão do empreendimento? A resposta a cada um dos questionamentos realizados acima servirá como base e diretriz para a execução das atividades. Entender e traçar metas e objetivos bem definidos para a execução de um projeto é vital para seu nascimento. No processo de geração de alternativas para um problema que se apresenta é muito comum a perca o foco que realmente conduziu o raciocínio inicial, conduzindo a soluções complexas que muitas vezes não atendem de forma objetiva ao problema principal. Por isso é tão importante deixar estes objetivos bem claros, a fim de que eles direcionem o processo de idealização de alternativas. Com relação aos stakeholders, o fato importante a ser mencionado é de que a todo momento devemos ter em mente que suas necessidades precisam ser atendidas da maneira que eles desejam. Não podemos confundir anseios pessoais (se “apaixonar” pelo projeto), trazendo alternativas que se distanciam do foco. Outro ponto muito importante diz respeito aos riscos envolvidos na realização do projeto. Constituir cenários que simulem os possíveis impactos que podem ser gerados durante a execução do projeto evita que o projeto seja surpreendido em etapas avançadas. É uma forma prudente de se evitar retrabalho e garantir de se garantir a preparação adequada para eventualidades indesejadas no decorrer do trabalho. Atuar de forma planejada, estruturando e traçando planos de ações capazes de abranger todos os desafios que se apresentaram durante o projeto evita a perda de tempo e de recursos no projeto. Atuando desta forma é possível que se tenha maior consistência para o sequênciamento das etapas do projeto, evitando os imprevistos. De vital importância para o bom andamento das atividades do projeto é a divisão das responsabilidades. Grande parte dos projetos é dotada de um grau de complexidade alto. Diante deste contexto é imprescindível que cada membro da equipe conheça suas atribuições para que não haja uma sobrecarga de responsabilidades. Outro fator importante neste contexto é saber diligenciar estas responsabilidades de acordo com o perfil de cada membro do projeto, possibilitando que sejam explorados os talentos individuais destas pessoas, formando um time mais completo. Por fim, cabe a avaliação de recursos necessários para o desenvolvimento do projeto. Não é viável que o trabalho se inicie sem conhecermos quanto investimento será necessário para sua conclusão. Este estudo é viabilizado na medida que definimos as etapas anteriores. Com este direcionamento, evitamos que o projeto tenha que ser 21 interrompido durante seu desenvolvimento em função de inviabilidade de disponibilização de recursos, 2.6.2) Desenvolvimento De importância fundamental para o trabalho que se deseja concluir, a etapa de desenvolvimento dentro da estruturação de um projeto tem por objetivo captar as informações disponibilizadas e delineadas na etapa de concepção e concentrar esforços para que as premissas anteriormente assumidas possam ser perseguidas e cumpridas para a obtenção dos resultados esperados. Durante esta etapa é necessário que sejam definidas as pessoas-chave para a continuidade das atividades. Só desta forma torna-se possível criar os centros de referência para que sirvam de consulta na seqüência do trabalho. Sem esta definição o projeto corre o risco de não “andar” e ficar restrito somente às teorias. Com o grupo definido é possível a realização de estudos e conhecer com maior clareza as dificuldades que se farão presentes durante o avanço do projeto. É muito importante que neste contexto exista a preocupação em se criar registro de tudo aquilo que está sendo discutido, pois a geração de um histórico é uma importante referência para consultas futuras. No decorrer deste estudo, onde é possível uma visualização do contexto existente, o qual é confrontado com a necessidade inicial motivadora do projeto, passa a ser possível uma visualização dos resultados que poderão ser obtidos. Intrinsecamente, começa a ser desenhado novas premissas que também farão parte do trabalho, como, por exemplo, o padrão de qualidade que se deseja atingir. Nesta etapa muitas atividades de preparação e de suporte serão desempenhadas, sendo a principal delas a coleta de informações. A necessidade dos recursos para a concretização do projeto torna-se bem mais evidente. Isto deve ser cuidadosamente analisado, principalmente para termos uma idéia de retorno à este investimento após a finalização do trabalho. De posse deste escopo básico faz-se necessário a formalização de alguns itens. É neste momento que é concebido o Plano do Projeto. Este plano é um verdadeiro manual, que guiará todas as ações que deverão ser seguidas até a conclusão da atividade proposta. É evidente que ajustes serão permitidos neste Plano, uma vez que muitas alterações de contexto são possíveis até o desfecho do projeto. Contudo, é importante frisar que deverá existir uma grande disciplina no cumprimento do plano. Esta formalização é necessária na medida que evita que desvios de conduta possam existir no projeto, o que poderia gerar uma perda de foco. Políticas e procedimentos deverão ser construídos visando disciplinar as atividades. 22 Neste momento é imprescindível que já exista uma visão concreta do orçamento necessário para costear as ações, bem como funcionará o fluxo de caixa para garantir a seqüência das atividades. Outro fator de importância vital para o sucesso do empreendimento é a análise de risco do projeto, que são oportunidades e obstáculos para que seja atingido os resultados. A equipe envolvida no projeto deverá realizar um levantamento probabilístico da ocorrência de riscos inerentes ao empreendimento. Cabe a esta equipe minimizar a probabilidade de ocorrência de eventos de risco bem como maximizar a probabilidade do surgimento de eventos favoráveis. Importante é salientar que atividades que apresentem alto risco em sua execução deverão sempre estar acompanhadas de um plano “B”, a fim de evitar imprevistos. Por fim, é necessário que esteja claro para os membros da equipe que as soluções propostas estejam completamente viáveis mesmo quando confrontado com todos os aspectos revistos (questões financeiras, aplicabilidade da solução proposta, riscos do processo). 2.6.3) Execução A fase de execução contempla um conjunto de ações que têm o objetivo de direcionar a implementação propriamente dita do projeto. Neste momento torna-se clara a importância da organização geral dos processos para que seja realizada uma inserção de novas rotinas que viabilizem o plano inicial. Deve ser dado grande importância ao processo de gerenciamento das informações. Isto inclui todos os processos necessários para assegurar oportuna e apropriada geração, obtenção, disseminação, arquivo e utilização de informações necessárias à gestão do projeto. Isto facilita a quebra de barreiras capazes de gerar conflitos. Esta comunicação deverá ocorrer de forma interna e externa à equipe básica do projeto e de forma vertical e horizontal na organização. Outro componente fundamental para o sucesso durante a etapa de execução é a motivação entre os envolvidos. É importante que as pessoas que estejam trabalhando pela conclusão do trabalho estejam realmente interessada nos resultados que poderão ser gerados, ou seja, as pessoas devem estar convictas que o trabalho é capaz de gerar benefícios a elas próprias. Assim, torna-se possível o comprometimento dos envolvidos, capazes de agilizar este processo. Nesta etapa é necessário que sejam disponibilizados também informações sobre requisitos técnicos e que sejam detalhadas e criadas referências para especificações que poderão estar implícitas no trabalho. 23 Um importante conceito que pode ser utilizado durante esta etapa e que gera resultados positivos durante o processo de execução de projetos diz respeito a implementação de “pacotes” de trabalho, que nada mais são do que fragmentações do todo que são implantadas de forma gradativa. Esta técnica permite que se avalie separadamente o impacto de cada ferramenta de forma isolada e evita também uma mudança muito abrupta no processo atual vigente, reduzindo a chance de surgimento de riscos. Não diferente dos processos que antecederam esta etapa, durante a execução é interessante que sejam construídas equipes responsáveis pela implementação de pacotes específicos, visando atrelar pessoas com determinadas habilidades às características presentes no projeto que mais se adaptem aos seus perfis. É sempre importante buscar verificar se os pacotes implementados estão atendendo as premissas estabelecidas, evitando desta forma um distanciamento do escopo original. 2.6.4) Conclusão A etapa de conclusão busca retratar a finalização do “produto” que se havia idealizado. Nesta etapa é importante que os resultados obtidos sejam registrados e que se realize comparações e simulações a fim de constatar se estão sendo encontrados resultados conforme esperado. É vital que durante esta etapa ocorra a transferência de responsabilidades. A equipe que concebeu e gerenciou o projeto não necessariamente irá prosseguir como usuários dos novos ambientes. Importante é que se realize uma realocação de responsabilidades, visando delegar atribuição aqueles que permaneceram neste novo sistema. Muitas vezes a equipe inicial que desenvolveu o projeto é novamente direcionada para outras atividades, deixando de ser os agentes de referência. Para garantir um bom funcionamento do projeto é interessante que se realize avaliações periódicas, a fim de constatar a necessidade de se realizar novos ajustes. Cabe ressaltar que é necessário que se crie uma documentação que retrate este período de adaptação, gerando uma base histórica de eventos ocorridos, capazes de direcionar possíveis ações de melhorias. 24 Capítulo III DESCRIÇÃO O grande desafio do estudo em questão e objetivo do projeto proposto é traçar um plano de ação capaz de monitorar e descrever as etapas necessárias para que o sistema otimizador “Optvag” possa ser inserido dentro da estrutura do Planejamento e Controle de Operações da MRS Logística, a fim de propiciar a adoção de métodos informatizados na tomada de decisão das atividades de distribuição de vagões. É importante destacar que, a princípio, esta ferramenta será disponibilizada somente para os gestores de frota ligados às operações de distribuição de vagões da Carga Geral. Cabe lembrar também que os trechos de circulação que são de responsabilidade da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) não são contemplados na análise do sistema, em função das restrições operacionais peculiares deste trecho de circulação. Os grandes objetivos deste sistema são: receber as demandas de carga geral a serem transportadas, localizar a posição de trens e vagões na malha, respeitar as restrições operacionais especificadas, maximizar o volume transportado pela companhia e transmitir a solução encontrada para toda a operação. Com isto espera-se que haja uma maximização das capacidades de atendimento, redução dos custos operacionais, aumento na qualidade e na disponibilidade da informação, maior satisfação dos clientes e uma melhoria geral no processo. Antes de tratar diretamente do projeto, segue uma breve explicação do processo atual de programação de produção e distribuição de vagões na estrutura de Carga Geral da MRS. A estrutura de programação na MRS é dividida entre os gestores de frota. Estes colaboradores são responsáveis por atender a uma carteira de clientes específica, utilizando como “matéria-prima” vagões vazios de uma determinada frota. As frotas de vagões são delineadas principalmente pelo tipo de vagão com o qual se está trabalhando (vagão gôndola, plataforma, fechado, hopper, tanque). Cada divisão de vagões é subdividida em grupos menores (frotas) que servirão para atender de maneira mais adequada ao transporte de um produto específico. De posse de informações do cliente que será atendido e com que frota atender, deverão ser conhecidos também os fluxos que serão respeitados neste processo de atendimento (origens e destinos) bem como o volume de transporte que deverá ser transportado, de acordo com o no plano mensal de transporte (sendo este último quebrado em planos semanais, onde se determinam os dias que deverão ser realizados as cargas). Um conjunto de informações muito importante no processo de gestão de frotas diz respeito às características operacionais dos terminais de carga e descarga. Estas 25 informações são vitais para o atendimento da demanda do cliente. Como exemplo destas informações pode-se citar: número de vagões limite para posicionamento no terminal, horário de posicionamento, tipo de vagão a ser carregado, TU por vagão, mercadoria a ser transportada, se são realizadas operações nos finais de semana e feriados, dentre outras. Resta então conhecer a grade de trens da companhia para determinar em quais trens circularão os vagões, sejam eles vazios ou carregados. A grade de trens é um plano estabelecido de circulação de trens que informa aos gestores de frota quais são os horários de saída dos trens de suas origens e quais serão suas previsões de passagens nas estações intermediárias durante seu percurso até sua estação de destino (itinerário dos trens). É algo semelhante aos horários pré-fixados de saída de ônibus de uma rodoviária. Com base nesta informação torna-se possível conhecer qual serão os possíveis horários de saídas e chegadas dos vagões (vazios e carregados), possibilitando a realização das atividades de programação. Diante deste contexto surgem uma série de restrições e detalhes que deverão ser respeitados pelos gestores para a garantia de um bom modelo de transporte. Informações como horário disponível para carregamento e descarregamento dentro dos terminais dos clientes bem como o volume diário que se pretende trabalhar nestas duas operações, capacidade máxima de tração dos trens, emissão de ordem de movimentação dos vagões que minimizem as distâncias a serem percorridas, atrelar frotas a grupos de produtos capazes de otimizar a operação, garantir a circulação dos vagões analisando tempo médio de carga e descarga, dentre outros. Com base nestas informações é possível imaginar a infinidade de alternativas que se apresentam diante do processo de decisão de um gestor de frotas. O que se torna complicado neste processo é a grande quantidade de informações que deverão ser assimiladas simultaneamente para a tomada de decisão de distribuição dos vagões, que deve ser realizada com extrema agilidade. É impossível garantir que, diante deste contexto, está se tomando a melhor decisão na gestão dos ativos da companhia. Outro grande inconveniente presente neste processo é a necessidade de pessoas estarem diariamente ajustando estas decisões, uma vez que a operação ferroviária está sujeita a um grau de previsibilidade que exige um acompanhamento bastante próximo. Além disto, percebe-se que este processo, vital para os resultados da empresa, é extremamente dependente das pessoas que o realizam, visto que é uma grande dificuldade disseminar este conhecimento, uma vez que estamos diante de uma variada gama de informações influenciando o processo decisório. Com isso observa-se uma excessiva flexibilização do sistema e com precisão limitada das decisões. Tudo que foi dito até agora deixa muito claro que para toda a tendência que têm se desenhado e até mesmo pelo direcionamento estratégico que a companhia anseia, é 26 evidente que é necessário a realização de mudanças no atual processo de gestão de frotas da MRS. Em um curto período de tempo, é eminente o surgimento de um verdadeiro colapso na atividade de programação diante da enorme quantidade de variáveis que irão surgir. Para a criação do projeto têm-se como premissa básica a construção e implementação de uma ferramenta customizada capaz de distribuir de maneira ótima os recursos da companhia. Não podemos deixar de lembrar que o objetivo central do estudo não é demonstrar o projeto de construção do sistema e nem demonstrar suas utilidades e resultados. É assumida a premissa que o mesmo já possui plena capacidade de funcionamento e que seus resultados são confiáveis. O que se deseja observar é de que forma toda esta nova filosofia de trabalho está sendo implementada na empresa, evidenciando mecanismos para administrar toda as mudanças que serão ocorridas, os riscos eminentes deste processo, os resultados que estão sendo obtidos e o que se pretende para o futuro. 3.1) Estruturação do Projeto Com relação à estruturação do projeto no que diz respeito à divisão e sequênciamento das etapas para a implementação do sistema, pode-se destacar os seguintes passos: • Concepção • Alinhamento; • Validação; • Treinamento; • Implantação; • Monitoramento; Muitas decisões e planejamentos estão sendo estudados e desenhados pela equipe de projeto da MRS. O objetivo é que a gestão da mudança ocorra de forma mais abrangente possível e que outros projetos que estão sendo desenvolvidos em paralelo dentro da empresa estejam integrados e alinhados com os objetivos finais almejados pelo OPTVAG. Torna-se pertinente nesta fase do estudo um detalhamento destas etapas para que se possa visualizar o contexto proposto na elaboração do projeto. O projeto em questão visa detalhar o sequênciamento de medidas que estão sendo desenvolvidas pela MRS para a 27 implantação do sistema dentro da rotina da atividade de Planejamento e Controle de Operações. 3.1.1) Concepção Durante a fase de Concepção do projeto deu-se prioridade na busca permanente em preparar e adequar às características necessárias para a operação do sistema com as informações disponíveis dentro da empresa, tentando identificar pontos para aperfeiçoamento entre estes dois ambientes. Houve uma preocupação constante em analisar quantitativa e qualitativamente as informações disponíveis na MRS que seriam utilizadas para alimentação do sistema. Tais informações serviriam como base para a geração de resultados, criando condições necessárias para a execução do algoritmo. O sistema tem seu funcionamento baseado em Programação Linear Inteira, mais especificamente o método “Branch and Cut” com utilização da tecnologia I Log Cplex, que é uma referência mundial, sendo largamente utilizado em Aeroportos (Aeroport de Paris, United Airlines), pela Simens, Visa, SNCR (French Railways), Oracle, SAP, Nokia, Accenture, HP, Peuget-Citroen, dentre outros (GAPSO Advanced Planning Solutions – 2005). Assim sendo, para que um sistema baseado em Pesquisa Operacional obtenha resultados satisfatórios, é necessário que sejam definidas restrições para a estruturação do modelo matemático capaz de validar as saídas deste sistema. Com base no que foi argumentado, delineou-se quais seriam exatamente as informações necessárias para que o sistema pudesse operar. De posse deste mapa de “necessidade de informações” partiu-se então para uma avaliação das informações disponíveis, a fim de verificar o grau de confiabilidade das mesmas. Uma grande parte destas informações já estavam disponíveis e bem organizada no atual sistema existente dentro da MRS que é utilizado no apoio as decisões de produção, que é o sistema Sislog. Este sistema reúne informações tanto de números relativos à produção (como Tonelagem Útil transportada), bem como posicionamento de vagões, posicionamento de trens, condição dos ativos da companhia (vagões avariados, em manutenção, bons, etc.), informações de pátios e terminais dentre outras infinidades de informações relativas à operação ferroviária. As informações existentes dentro do Sislog foram analisadas e criticadas. Para a realização destas críticas, contou-se com a experiência dos colaboradores da MRS, que puderam trazer sugestão de correções baseando-se em fatos cotidianos que eram capazes de revelar alguma possível inconsistência nas informações atuais disponíveis na empresa. Para que este trabalho fosse possível de ser concretizado foram selecionados grupos específicos de colaboradores, das mais diversas especializações dentro da empresa para 28 que se realizassem Brain Storming capazes de contribuir para a reunião de dados consistentes. Importante destacar que foi parte da premissa do projeto de elaboração do Optvag a necessidade de comunicação deste sistema com o sistema atual da MRS, o Sislog, justamente para que fosse realizado este intercâmbio de informações. As informações que foram criticadas e ajustadas e que servem como “input” para o sistema ser exemplificadas e resumidas em alguns grupos, como: Grade de Trens, Estado dos Trens, Dados Operacionais, Estado dos Vagões e Demandas (ver exemplo no apêndice 2). Como exemplo de restrições presentes no sistema, pode-se mencionar: horários, dias e taxas horárias de carregamento dos terminais, feriados por terminal; horários programados de circulação dos trens; capacidades máximas utilizadas em cada trem; capacidades por mercadoria e taras de cada vagão da empresa; restrições fiscais; blocagem de trens e terminais; prioridades (volume, margem, estratégico); acúmulo de demandas. De acordo com que havia sido informado anteriormente, um bom método de verificação de alinhamento do projeto é deixar claro quais são os objetivos a serem alcançados. Este destaque pode ser realizado através do estabelecimento de questionamentos que a todo momento não podem causar dúvidas na apresentação das respostas. No caso da fase de concepção tínhamos as seguintes questões a serem respondidas: Quais necessidades serão supridas com o desenvolvimento deste projeto (objetivos e metas)? Quem são os grandes beneficiados com o trabalho em questão (stakeholders)? Que riscos estão presentes na elaboração do projeto? Quais são as estratégias que serão adotadas para a elaboração do trabalho? Quem serão os responsáveis pela execução do projeto (delinear responsabilidades)? Quais recursos serão necessários para a conclusão do empreendimento? Vamos buscar responder aos questionamentos realizados para verificar se estamos conseguindo uma boa aderência entre o contexto prático e teórico. Em relação ao suprimento das necessidades, está claro que o objetivo final do trabalho é implementar uma ferramenta ao apoio à tomada de decisões capazes de oferecer soluções ótimas ao processo de distribuição de vagões da MRS Logística, representado através de um sistema de informação computadorizado. Os grandes beneficiados do processo são os Gestores de Frotas, colaboradores que possuem a tarefa de distribuir os vagões da companhia para atendimento das necessidades dos clientes. Este processo, conforme dito anteriormente, não se desenvolve de uma forma muito inteligente, uma vez que esta atividade exige que haja um trabalho permanente de rastreamento de frota, contato com clientes internos e externos para que seja possível fechar de forma mais precisa os carregamentos da companhia. Esta demanda grande de 29 tempo não permite que seja realizado um trabalho intensivo de busca de uma forma mais eficiente de distribuição dos vagões, mesmo por que isso iria exigir uma capacidade de análises numéricas inviáveis para resolução sem o auxílio de um sistema dedicado para este fim. Com relação aos riscos presentes na elaboração do projeto, buscou-se estruturar um plano afim de identificar o surgimento de possíveis inconsistências ao escopo determinado do projeto. Para tanto, definiu-se os seguintes itens para a identificação destas falhas: definir conceitos de produtos intermediários e finais, possibilitando a utilização de checklist destes eventos; deixar claro e buscar ser o mais abrangente possível no escopo do projeto; delinear responsabilidades; estabelecer um cronograma rígido; estabelecer orçamento; estabelecer canais claros de comunicação entre os membros das equipes de projeto. Para clarear a questão da estratégia, buscou-se deixar claro a forte ligação entre o Planejamento Estratégico da companhia (tendências de crescimento) e o crescimento da complexidade do processo de gestão de frota. Para se chegar aos resultados esperados criou-se grupos específicos para a condução do trabalho, estabelecendo-se prazos para apresentação das diretrizes impostas (isso responde também a questão relativa a delineação de responsabilidades). Com relação aos recursos, desde o início foi entendido pela companhia que os mesmos já estavam disponíveis na empresa, tanto no que se refere aos recursos humanos, bem como de equipamentos. 3.1.2) Alinhamento Esta etapa se faz necessária para que os colaboradores da empresa possam conhecer de forma global como se encontra o projeto (o que já foi realizado até o momento) e quais serão as diretrizes e premissas que se seguirão para a conclusão do trabalho. É a oportunidade existente para “vender” a imagem do projeto, deixando claro quais são os resultados que poderão ser alcançados com sua implementação e qual é o papel de cada um para o sucesso deste empreendimento. Em suma, é o momento de encorajar as equipes para que sejam tomadas ações em prol de resultados positivos para a conclusão do trabalho. Neste contexto foram desenvolvidos “work-shops”, visando justamente divulgar o projeto e deixar bastante claro quais serão as funcionalidades que serão disponibilizadas para os colaboradores e principalmente apresentar como a contribuição de cada um se faz necessária para o sucesso do empreendimento, o que será alterado na rotina diária das equipes, como será realizado o processo de transição para a nova ferramenta. Este foi um momento importante para que todos pudessem perceber como serão transformadas suas rotinas, enfatizando quais os benefícios que esta nova ferramenta propiciará não só para a 30 execução das atividades de programação de produção e distribuição de vagões, mas principalmente suportar o esperados crescimento da companhia. 3.1.3) Validação e Treinamento A etapa de validação do projeto consiste na elaboração de cenários para que seja possível simular o comportamento do sistema e checar se os resultados obtidos com a utilização da ferramenta realmente traduzem expectativas capazes de validar a sua utilização, ou se serão necessários novos ajustes. Importante destacar que parte deste trabalho foi iniciada ainda antes da própria etapa de alinhamento. Cabe então distinguir este processo em duas partes: a validação com testes iniciais e a validação realizada pelos usuários (teste realizado pelos stakeholders). Cabe ressaltar que esta última (validação realizada pelos usuários) é a fase atual onde se encontra o projeto dentro da MRS. Outra observação pertinente é que, conforme citado anteriormente, este é um processo que previne o projeto contra eventuais riscos, uma vez que desvios do escopo poderão estar sendo verificados e corrigidos neste momento. A etapa inicial de validação consistiu em avaliar o desempenho de cada uma das funcionalidades disponíveis no sistema e também uma breve avaliação do desempenho da ferramenta. Neste momento o é válida uma breve apresentação dos benefícios desta ferramenta. A figura 02 é uma representação esquemática do processo OPTVAG. Processo Optvag Produto Final Restrições (Geradas pelo Sislog) Fluxos x Frotas O Estado Inicial Trens X Fluxos Demandas Fluxos X Trens P T Relatórios V e SMV´s* A G Grade de Trens Frotas x Taras x Comprimento Figura 02 – Processo OPTVAG 31 SMVs – Solicitação de Movimentação de Vagões Para que fosse possível a realização destes testes (no momento da concepção), partiu-se inicialmente para uma análise em ambientes isolados, onde torna-se mais fácil uma visualização de uma determinada solução, onde é possível avaliar a adequação para o atendimento da demanda. Assim, foram realizadas análises no que pode ser entendido como um programa piloto, observando o comportamento da ferramenta ao tratar de pátios específicos e terminais específicos, fluxos de atendimento de determinados clientes, análise em pontos críticos (de maior movimentação de trens), como os entroncamentos de via por exemplo. A metodologia utilizada baseou-se na observação de variados cenários dentro de cada contexto analisado, visando observar qual seria o comportamento do sistema diante destas situações variadas. Um critério largamente explorado neste momento foi a comparação de números reais obtidos no processo de programação atual utilizado pela MRS, baseado na decisão tomada pelos gestores de frota, e comparar com os resultados apresentados pelo sistema quando solicitado para apresentar uma solução exatamente no contexto em que fora trabalhado. Dados históricos armazenados nos bancos de dados da empresa auxiliaram neste processo, permitindo aos responsáveis pelos testes traçar uma análise comparativa destes dois ambientes. A análise comparativa consistia em observar a aderência entre a demanda recebida e a solução fornecida com a utilização dos dois critérios: solução na programação das atividades baseado na resposta oferecida pelo sistema e solução baseada na decisão tomada pelo gestor de frota. Conforme dito anteriormente, a atividade de teste do sistema será em grande parte realizada pelos atuais gestores de frota da MRS, principais beneficiados com a implementação do sistema. Para que isto seja possível será realizada em paralelo com a atividade de validação a atividade de treinamento para a utilização da ferramenta, visando garantir a máxima utilização dos recursos disponíveis. Neste momento o projeto apresenta um ponto crucial e de vital importância para o seu sucesso. Mais do que simplesmente apresentar aos usuários os benefícios que poderão ser alcançados com a utilização das novas ferramentas, serão desenhadas novas rotinas que irão existir no cotidiano dos gestores. O foco da atividade destes colaboradores passa a ser outro. Atualmente observa-se uma preocupação grande dos gestores de frota no processo de rastreamento dos vagões que estão sob sua gestão. Esta é uma atividade que demanda um tempo excessivo e que desvia a atenção dos gestores no processo de distribuição dos vagões. Outro ponto importante é o próprio processo de distribuição dos ativos, que com a inserção do sistema, deixa de ser realizado pelos gestores. Como se pode observar o ponto crucial nesta etapa de treinamento não será a capacitação do colaborador para a utilização da ferramenta. Este processo vai muito mais 32 além. Como a atividade que atualmente consome mais tempos dos gestores será realizada pelo sistema será possível que futuramente este profissional realize análises mais estratégicas, como analisar rentabilidade das frotas, aproveitamento dos vagões, avaliar cenários através de simulações com o próprio sistema, analisar reestruturação de frotas (avaliar se o vínculo de uma frota específica a um determinado cliente é realmente a melhor opção) dentre outras análises que hoje são inviáveis devido a indisponibilidade de tempo na rotina atual dos gestores. Outro fator muito importante durante esta etapa é a diminuição da flexibilidade na execução das atividades. Atualmente, por existir uma estrutura em que a distribuição dos vagões depende exclusivamente da tomada de decisão dos gestores, existe também uma alta flexibilidade para esta tomada de decisão. Os processos não respeitam a uma formalização muito consistente. Esta situação permite a existência de falhas dentro da rotina, uma vez que não há uma padronização na execução das atividades. Os colaboradores exercem suas atividades baseando-se em experiências adquiridas ao longo do tempo, gerando uma forma de trabalhar bastante peculiar em cada gestor. Isto é particularmente preocupante, pois cria-se um ciclo de ações nos fluxos atendidos por estes gestores que podem ocasionar “vícios” não só para o gestor de uma maneira isolada, mas para todos aqueles que estão envolvidos no processo de atendimento gerido por este colaborador. Isto gera um ambiente largamente dependente de apenas uma pessoa. Com isto, pode-se perceber que um ponto de importância extrema em toda a concepção do projeto é a inserção de novos padrões de atividades, a formalização dos processos e um aperfeiçoamento no modelo de gestão como um todo e de toda a estrutura de Planejamento e Controle de Operações da MRS Logística. Para o início desta etapa uma importante medida foi tomada, o deslocamento de um profissional com larga experiência no processo de gestão de ativos assumiu a condução desta etapa, principalmente pela capacidade de crítica mais acurada que este colaborador irá apresentar na análise dos dados. Outro processo e mudança de conceito que foi introduzido paralelamente foi a rotina dos atuais gestores de frota. Inicialmente, estes profissionais dedicavam boa parte do dia (para ser exato de 08:00h até 12:00h) para validar os dados da produção de “D” *, ou seja, a atividade central destes colaboradores na rotina da companhia era validar (confirmar) se os números planejados na produção nos dias anteriores estavam sendo cumpridos. Isto envolvia uma atividade desgastante de confirmação (via telefone e e-mail) com os clientes e os agentes de estação da MRS se os carregamentos previstos para aquela data realmente estavam sendo efetivados. Depois desta confirmação, os números relativos à produção eram inseridos em um programa específico que alimentava de informação o Centro de Formação de Trens, responsável pela programação da tração destes vagões. 33 Este processo atualmente foi completamente alterado. Hoje os gestores de frota não são mais responsáveis por verificar e confirmar os dados da produção em “D”. Esta atividade foi alocada ao Centro de Locomotiva. Ou seja, os gestores de frota informam em dias anteriores tudo que deverá ser carregado em D, D+1 e D+2. O Centro de Locomotiva confirma esta informação com as estações e qualquer desvio do que havia sido programado é informado para o gestor responsável que processará o ajuste. Esta medida foi estabelecida justamente para que estes profissionais tenham mais tempo para participar do projeto. Um atividade já realizada foi a alteração no cadastro de vagões, onde estabelece-se relações entre grupos de fluxos de produção e frotas de vagões para o atendimento destes fluxos. Esta atividade foi realizada pelos gestores de frota e seu objetivo foi gerar uma restrição dentro do algoritmo de Programação Linear que existe dentro do Optvag. Um aspecto muito positivo criado dentro da etapa de validação foi a criação de uma nova ferramenta dentro do PCO visando contribuir com informações para alimentação das restrições do OPTVAG. Conforme dito em outra ocasião, atualmente pode-se perceber que as atividades desempenhadas dentro da Programação da Produção são extremamente dependentes do executor. Isto é muito negativo para a companhia, uma vez que há um risco iminente já que as pessoas estão sujeitas à diversos fatores externos que podem ocasionar sua ausência temporária ou até mesmo permanente da empresa. Assim sendo, foi desenvolvido um documento, semelhante à uma ficha de cadastro (ver apêndice 3) onde os gestores de frota detalham informações fundamentais relativas aos terminais de carga e descarga que exercem influência direta à atividade de programação. Observa-se um esforço da companhia em migrar o conhecimento tácito destes colaboradores para o conhecimento explícito. Isto permite que na ausência de um gestor, por qualquer que seja o motivo, a atividade de distribuição de vagões não seja comprometida, já que a informação ficará disponibilizada para que outro colaborador esteja apto à executar a programação. D, D+1, D+2: termo utilizado para se referir à datas de acontecimento de um determinado evento. Quando falamos em D, estamos nos referindo à eventos que estão sendo realizados na data de hoje, D+1 ao eventos que estão previstos para ocorre amanhã, e assim sucessivamente. 3.1.4) Implantação A fase de implantação da nova ferramenta é completamente dependente da execução plena das etapas precedentes. Neste momento a atenção é direcionada para a inserção do sistema no cotidiano da empresa. Cabe destacar que com relação à utilização de equipamentos não será exigido um investimento alto por parte da companhia, uma vez 34 que a estrutura atual já é munida de uma rede de Tecnologia de Informação bastante abrangente. Cabe ressaltar que os aspectos orçamentários relacionados aos hardwares para suportar toda esta tecnologia que está sendo implementada não é significativa diante do investimento total que foi realizado pela MRS na busca da customização deste aplicativo. Abaixo, na figura 03 segue representação esquemática da arquitetura do sistema. 35 Figura 03 - Modelo Esquemático de Arquitetura do Sistema Para a garantia do sucesso da implementação do projeto é muito importante que principalmente a etapa de treinamento tenha sido bem elaborada, para que não haja falhas no manuseio da ferramenta. Para isto, deve ser tomado uma atenção especial, uma vez que falhas no processo inicial de utilização do sistema podem gerar críticas pelos colaboradores da empresa, fazendo com que a confiabilidade no projeto diminua e cresça a resistência pela mudança nas novas rotinas que serão implementadas. 36 Um ponto que ainda gera grande discussão entre a equipe responsável pelo projeto diz respeito exatamente ao momento da implantação do sistema. Mesmo com todo o cuidado empreendido nas etapas anteriores há ainda bastante cautela a ser tomada no momento de se realizar a migração de um modelo existente para outro. Não existe ainda uma posição definitiva de como será realizada esta gestão de mudança. 3.1.5) Monitoramento A fase de monitoramento consiste de um acompanhamento dos resultados gerados pelo sistema durante sua utilização. Esta análise deverá ser realizada com maior rigor durante a fase inicial da operação do sistema. Durante este período inicial é imprescindível que todos os membros envolvidos no projeto realizem um monitoramento das respostas no sistema, pois é possível que, apesar de todos os esforços desempenhados em fases anteriores do projeto, ainda hajam alguns ajustes a serem realizados. Semelhante ao período de testes, análises comparativas deverão ser realizadas no que diz respeito ao nível de aderência das soluções geradas com relação à demanda solicitada pela área comercial. Serão realizadas também comparações com períodos anteriores (onde predominava a distribuição de vagões por meio de decisão dos gestores de frota) a fim de medir se há realmente um aumento da produtividade, conforme esperado com a implementação do projeto. 37 Capítulo IV Conclusão O objetivo inicial deste trabalho tratava da identificação e estruturação de procedimentos e a observação do planejamento de ações capazes de viabilizar a concretização do projeto de implementação OPTVAG. Diante do estudo realizado e do acompanhamento das etapas que se sucederam, pode-se considerar que obteve-se o alcance do resultado esperado. Foi possível identificar como a metodologia abordada pela MRS para a condução do projeto se desenvolveu e está sendo desenvolvida. A observação de conceitos teóricos, elucidados durante a graduação foi vislumbrada em muitos aspectos e permitiu o amadurecimento e assimilação das informações incrementadas por uma visão mais acurada e crítica. Foi notável a grande dificuldade da inserção de novas tendências em uma estrutura consolidada, onde a interferência do fator humano é, sem sombra de dúvidas, a grande barreira a ser vencida para que se alcance o objetivo proposto. Conforme exposto o projeto ainda não chegou ao fim, e certamente outros grandes desafios estarão se apresentando e a oportunidade de estar participando da continuidade deste processo é motivadora e certamente trará um enriquecimento e experiência no que diz respeito ao aspecto profissional. 38 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: - BALLOU, R. H., 1993, Logística Empresarial. Editora Atlas. - DNIT Ferroviário; 2003; “O Processo de Desestatização”; http://www1.dnit.gov.br/ferrovias/historico.asp - FLEURY, Paulo., 2002, "Perspectivas para a Logística", Coluna Artigo, www.celuloseonline.com.br - GAPSO Advanced Planning Solutions, 2005, Manual Usuário Optavag/MRS 1.0 - GAPSO Advanced Planning Solutions, 2005, Especificação de Projeto Optavag/MRS 1.0 - LALT Laboratório de Aprendizagem em Logística e Transportes; DG T Faculdade de Engenharia Civil UNICAMP; 2004; “ Cenários da logística brasileira”; www.unicamp.br/~lalt. - L.N. COUTINHO, Heitor, (2004) – “Gestão de Projetos” – mod. I e II, Fundação Dom Cabral – Programa Trainee Geração 2004 MRS Logística AS (Fundação Dom Cabral). - MACHLINE, SÁ MOTTA, SCHOEPS, WEIL., 1976, Manual de Administração da Produção. Vol.1 / 3ª edição. Editora da Fundação Getúlio Vargas. - M. STAIR, Ralph; W. REYNOLDS, George, Princípios de Sistema de Informação. 4ª edição. LTC Editora. - Material Institucional MRS Logística SA, consulta outubro 2006, www.mrs.com.br - SLACK, N. & OUTROS, 1996, Administração da Produção. Editora Atlas. 39 APÊNDICE 1 – Fluxograma da Rotina de Programação 40 41 Novo Ajuste Diário Consultar Terminai s Não Alterações em Terminais ? Estado Não alteradas ? Clientes Ajustar Prioridade Sim s Sim d Atualizar horário Atualizar horário de funcionamento e taxas Gerar Demandas Consultar Atualizar demandas na tela de Ajuste e Executar Há o que Analisar Optvag corrigir no E. I.? Atendimento Editar Sim Estado Inicial Inicial Não Reunião de Reunião de Produção Produção Processo 3 Figura 04 – Fluxograma de Novo Ajuste Diário 42 43 44 Novo Ajuste Diário Solução Processo 3 Não Prioridades já satisfatória? redefinidas? Sim Redefinir Não Prioridade Sim s Cadastrar Criar Trens Sim extras ? Trens no Sislog Executar Não Optvag Há Trens com Sim sub lotação? Suprimir Trens Não Gerar SMV´s Ajustar Solicitar Automáticas demandas SMV´s manualmente Manuais Atualizar dados no Fim Sislog Figura 05 – Fluxograma de Novo Ajuste Diário 45 46 Nova Programação Consultar Alterações em Terminai Terminais ? s Não Ajustar Prioridade s Sim Atualizar horário de funcionament o e taxas Gerar Estado Executar Há o que Analisar Optvag Atendiment Inicial corrigir no E. I.? Não Semanal Estado Inicial o Reunião Editar Sim Processo 4 47 Figura 06 – Fluxograma de Nova Programação de Produção 48 49 Nova Programação Solução Processo 4 Não satisfatória? Prioridades já Não redefinidas? Sim Redefinir Prioridade s Sim Sugerir novo plano à Comercial Plano Aprovado ? Não Down-size Executar demandas Optvag Sim Atualizar dados no Fim Sislog Figura 07 – Fluxograma de Nova Programação de Produção APÊNDICE 2 – Exemplo de Coleta de Restrições do Algoritmo 50 Planilha de Preenchimento (por pátio de origem ou destino) 51 52 Tempo circulação até o Pátio Satélite (em minutos) Prefixo Pátio Concentrador FPK Terminais Tempo pátio terminal (em minutos) Feriado 1 FPK Feriado 2 Feriado 3 Feriado 4 Feriado 5 Pátio da grade onde o trem Tempo de Feriado 6 viagem entre o Feriado 7 anexa/desanexa o pátio Feriado 8 vagão origem/destino Feriado 9 e o respectivo Feriado 10 desta origem/destino de terminal Tempo de viagem Data entre pátio feriados concentrador e o (dd/mm) pátio que o terminal o de origem/destino do fluxo dos em não funciona FTU FIR EOE 53 54 Planilha de Preenchimento (por fluxo) VAGÕES HORA POR SEMANA Semana 00:00 01:00 02:00 03:00 04:00 05:00 06:00 07:00 08:00 09:00 10:00 11:00 12:00 13:00 14:00 15:00 16:00 17:00 18:00 19:00 Seg Ter Qua Qui Sex Sáb Dom Feriado Grupo de Devolução Mínimo Incrementos Por exemplo, mínimo for 5 se o e o incremento for 1, o pátio Número mínimo de irá no terminal para vagões necessários para buscar 5, 6, 7, 8 vgs, o pátio disponibilizar uma etc... Se o mínimo for 5 e máquina para buscá-los o no terminal buscará apenas lotes de incremento for 5, 10, 15, 20 vgs, etc... 5, Número de vagões, por hora, que o terminal é capaz de carregar/descarregar para cada fluxo. 55 56 APÊNDICE 3 – Exemplo de Ficha de Padrão de Operações 57 58