Hipertextos de conteúdo técnico em língua inglesa: mediações e desafios em atividades de leitura dirigida Helvia P. P. Bastosi (IF Fluminense) Resumo: O trabalho apresenta questões envolvidas em um programa de leitura conduzida de hipertextos em inglês de natureza técnica para alunos dos Cursos Superiores de Tecnologia do IF Fluminense. A proposta didática se fundamenta na perspectiva interacionista-construtivista de construção do conhecimento, e de encaminhamentos dados pela abordagem instrumental para o ensino e aprendizagem da língua estrangeira. As implicações envolvidas na leitura de textos digitais em Língua Inglesa e a mediação do professor nas atividades são discutidas. O estudo apresenta, ainda, os resultados do questionário de avaliação da experiência aplicado a um grupo de alunos. Palavras-chave: Aprendizagem de línguas baseada na Web; Hipertexto; Inglês instrumental. Abstract This article presents issues involved in guided-reading activities of hypertexts of technical content for students of English in a college-level technology course at the Instituto Federal Fluminense. The approach is based on the interactionist-constructivist idea of knowledge construction and guidelines given by English for Specific Purposes programs. The paper discusses different aspects of reading hypertexts in a foreign language, and the mediating role of teachers. It also presents and analyzes data collected in an evaluative questionnaire answered by students. Key-words: Web-based language learning; Hypertext, English for Specific Purposes. Introdução Institutions need to adapt to current student needs and identify new learning models that are engaging to younger generations. Assessment, likewise, has not kept pace with new modes of working, and must change along with teaching methods, tools, and materials. (Horizon Report, 2009) Universidade Federal de Pernambuco - Núcleo de Estudos de Hipertexto e Tecnologias na Educação -1- Os novos modos de organização do conhecimento originados pela emergência das Tecnologias da Informação e da Comunicação (TIC) têm suscitado estudos e revisões dos programas de ensino e da própria dinâmica escolar visando atender às demandas e complexidades da sociedade contemporânea (RAMMAL, 2002; LIBÂNEO, 2003). O cotidiano permeado pelas redes hipermidiáticas exige dos indivíduos maior fluência na utilização das tecnologias digitais para não se tornarem, como alerta Manuel Castells (1999), uma categoria de cidadãos “interagidos” (excluídos ou apenas consumidores), mas “interagentes” (inseridos ou produtores) na Era da Informação. Nesse sentido, as tecnologias digitais constituem instrumentos mediadores necessários na Educação contemporânea. O Relatório Horizon (Johnson et alli, 2010) destaca a relevância de se promover o desenvolvimento de letramentos digitais, particularmente as habilidades de leitura e escrita, face o crescimento do intercâmbio entre os sujeitos na obtenção de todo tipo de informação. A prática docente realizada nessa perspectiva possibilita que os alunos desenvolvam habilidades específicas para a exploração e utilização das páginas da Web. O aprendizado e desenvolvimento de práticas sociais de comunicação realizados por meio da Internet constituem o chamado letramento digital1, atividades que envolvem, entre outras, estratégias de busca, comunicação oral e escrita, avaliação crítica dos conteúdos, organização, construção e compartilhamento de informações na Rede. (Marcuschi, 2004; Reinking, 1998; Warschauer e Kern, 2000; Buzato, 2001). O artigo descreve uma experiência realizada nos Cursos Superiores de Tecnologia do Instituto Federal Fluminense (IFF, Campos campus Centro), uma abordagem que se apóia nos princípios da Pedagogia Interacionista / Construtivista, na classificação de Santarosa (2006), particularmente nos conceitos de construção 1 Shetzer e Warschauer (2000:173) preferem o termo letramento eletrônico (electronic literacy) para definir “o modo como usamos os computadores para interpretar e expressar os significados”. Segundo esses autores, a expressão letramento digital (computer literacy) limita-se ao mero manuseio da máquina. Hobbs (1996) e Lemke (1995) usam o termo letramento multimidiatico (multimedia literacy) para se referirem ao amplo espectro de interação nos variados meios de comunicação. Universidade Federal de Pernambuco - Núcleo de Estudos de Hipertexto e Tecnologias na Educação -2- social do conhecimento, mediação, interação e zona de desenvolvimento proximal dados por Vygotsky2 (1998a, 1998b). Fundamentadas nesse ideário, experiências pedagógicas que utilizam as TIC promovem a participação efetiva dos aprendizes transpondo a mera apresentação de conteúdos e de exercícios de prática ou memorização. Da mesma forma, a perspectiva sociointeracionista se coaduna com tendências contemporâneas no ensino e aprendizagem de idiomas assistidos por computador que valorizam atividades centradas no aluno e contatos com registros discursivos autênticos e culturalmente diversificados (WARSCHAUER e KERN, 2000; CHAPELLE, 2001). Entre os múltiplos aspectos benéficos da utilização da Web para professores e alunos de língua estrangeira apontados por Menezes (2001, p.99), encontram-se: variedade de informação e de materiais, atualização constante, recursos multimidiáticos, navegação adaptada ao ritmo do usuário, oportunidade para publicar e / ou compartilhar conhecimento. A abordagem descrita neste estudo visa ao desenvolvimento de habilidades de leitura de textos autênticos e interdisciplinares em inglês (L2), de forma a auxiliar os alunos a atuarem de forma mais eficaz em sua vivência acadêmica e profissional. Esse trabalho é desenvolvido no 3o. período dos Cursos de Tecnologia Superior – Área Industrial (CST-AI) do IF Fluminense, Campos-Centro (Sistemas Elétricos, Manutenção Industrial e Telecomunicações) Além da contextualização e descrição da proposta didática, o artigo discute algumas questões envolvidas na leitura de hipertextos em língua estrangeira, na abordagem instrumental no ensino e aprendizagem de idiomas, e parte dos dados obtidos em questionário respondido por alunos. 2 O conjunto teórico de Vygotsky é conhecido por diferentes denominações: sociointeracionismo, histórico-cultural, sóciohistórica, genético-dialética, teoria dos determinantes socioculturais, sociocognitivista. Universidade Federal de Pernambuco - Núcleo de Estudos de Hipertexto e Tecnologias na Educação -3- Leitura nas rotas eletrônicas: a mediação necessária Aspecto característico das páginas da Web, o hipertexto constitui uma modalidade de escrita e leitura que introduz relações distintas, inovadoras e desafiadoras entre o texto e usuários. Para Marcuschi (2001, p.96), o texto digital é instável, topográfico (sem limites definidos), fragmentário, de acesso ilimitado, multissemiótico (pela convergência de outras linguagens/mídias), descentrado e interativo. A aparente deslinearização das páginas digitais não configura uma “produção textual randômica”, na visão de Marcuschi (2001, p.96); ao contrário, os links são elementos coesivos essenciais para que o usuário encontre coerência entre as diversas partes constitutivas dos hipertextos e apreenda seus significados (Braga, 2004). Kock (2007) destaca que os links funcionam como “encapsuladores de cargas de sentido”, cabendo ao leitor “inferir o que poderá existir por trás de cada um deles, formulando hipóteses sobre o que poderá encontrar ao segui-los”. Sendo a leitura uma prática social e uma atividade interativa, pode-se dizer que o hipertexto amplia a relação entre autores, textos e leitores em função de sua estrutura em nós (que permite escolhas individualizadas para cada usuário), e por sua característica de hipermídia que desperta, simultaneamente, diferentes processos cognitivos. Da mesma forma a nodalidade típica dos hipertextos permite a interatividade entre autores e leitores e a possibilidade de exploração e interferência nos conteúdos. Devido a essa arquitetura de limites imprecisos e múltiplas rotas de percurso, Lúcia Leão (1999) compara o hipertexto a um “labirinto”. Para se orientar na leitura em L2, no formato impresso ou no labirinto virtual, Moita-Lopez (1998) atenta para o fato de que o indivíduo precisa recorrer aos seguintes conhecimentos: do sistema lingüístico, de mundo, da organização dos textos, e dos diferentes meios semióticos. Trata-se, então, de um processo complexo de decodificação dos significados que demanda a mediação do professor uma vez que esse conjunto de conhecimentos não é igual para todos. Universidade Federal de Pernambuco - Núcleo de Estudos de Hipertexto e Tecnologias na Educação -4- No caso da experiência descrita aqui, ela é oferecida antes que os alunos tenham estudado as disciplinas técnicas especificas da grade curricular. Isso significa que, para muitos, o primeiro contato com tópicos de seu campo de formação é pela leitura de textos digitais em L2. Isso requer maior interferência e domínio do tópico de leitura por parte da professora e suporte de alunos mais familiarizados com o assunto. Nesse sentido, a abordagem didática apresentada se sustenta na noção de aprendizagem centrada no aluno e no papel do professor como coordenador das atividades, um “arquiteto cognitivo” como descreve Rammal (2000). Segundo Marco Silva (2005, p. 198-9), nesse trabalho de estimular a manipulação de informações e problematizar a experiência pedagógica, o professor “constrói uma rede, e não uma rota”. Contata-se, então, a mediação do professor ao estimular a ativação do conhecimento prévio do aluno e orientá-lo quanto ao uso de estratégias de leitura que se apóiam, entre outros: conhecimentos anteriores, aspectos não-verbais, palavras cognatas, referências lexicais e pronominais, estrutura textual. Da mesma forma, a pouca familiaridade com a navegação na Web e com as especificidades do texto digital, ainda observada em certos grupos de alunos, requer apoio atento do docente. Conforme Patterson (2000) a estrutura de dados interligados dos ambientes hipermidiáticos, com seus limites e sequência indefinidos, exigem do aluno / leitor uma postura ativa e maior empenho em organizar os significados do que o texto impresso tradicional. Por conseguinte, o trabalho didático aqui descrito busca selecionar textos em L2 que sejam não somente sobre tópicos de interesse acadêmico dos alunos, mas também que oportunizem a tarefa de construção dos sentidos do texto por parte daqueles com menor conhecimento da língua. Assim, a preparação dos materiais enfatiza a noção vigotiskiana do conhecimento construído na interação Universidade Federal de Pernambuco - Núcleo de Estudos de Hipertexto e Tecnologias na Educação -5- social3, uma vez que procura situar o aluno na “Zona de Conhecimento Proximal”, ZDP (Vygotsky, 1998a), isto é, a distância entre o “nível de desenvolvimento real” (o que o sujeito já sabe ou consegue realizar por si) e o “nível de desenvolvimento potencial” (o que o sujeito passa a realizar com auxilio de outros ou de instrumentos mediadores)4. Celso Antunes (2002, p.29) explica: “o que em uma ZDP se realiza com assistência de outra pessoa mais especializada, no futuro se realizará com autonomia, sem necessidade dessa assistência”. É nesse espaço, portanto, que a metodologia usada procura atuar, estimulando a cooperação entre os pares e propiciando a modificação e reformulação seus pré-saberes. Relacionando tais noções ao ensino e aprendizagem de idiomas, é possível verificar que o conceito de ZDP assemelha-se à indicação de Krashen (1988) acerca da aquisição da língua estrangeira. Para esse lingüista, a aprendizagem é favorecida quando o aprendiz se encontra exposto a um input lingüístico significativo e em nível imediatamente superior ao seu. Corroborando esse ponto de vista, Lantoff e Appel (1994) afirmam que o aluno avança para níveis lingüísticos mais altos ao colaborar e interagir com outros com maior conhecimento da L2, como professores e colegas. Descrição da abordagem didática Fundamentado nos aportes teóricos apresentados, o programa de leitura dirigida de textos digitais em L2 busca integrar o ensino de inglês a conteúdos e / ou temas das disciplinas técnicas do currículo, fazendo do estudo da língua não um fim per se, mas meio de aprendizagem de tópicos relevantes e necessários na formação tecnológica dos alunos. 3 No sentido dado por Passerino e Santarosa (2000): “ação conjunta e interdependente de dois ou mais participantes que produz mudanças tanto nos sujeitos como no contexto no qual a interação se desenvolve.” 4 Baquero (1998) aponta a proximidade do conceito de ZDP com o de “suporte” ou “andaimento” (scaffolding) formulado por Wood, Bruner e Ross, in The role of tutoring in problem solving. Journal of Child and Psychiatry. Londres, v.17, p. 89-100, 1976. Universidade Federal de Pernambuco - Núcleo de Estudos de Hipertexto e Tecnologias na Educação -6- Trata-se, portanto, de uma abordagem do tipo instrumental no ensino e aprendizagem da L2, em que se procura conscientizar o aprendiz acerca dos objetivos do programa e de suas próprias necessidades em relação aos conteúdos (Hutchinson e Waters, 1996, p. 10). O programa em questão visa, também, promover maior autonomia na pesquisa e desenvolver o espírito de colaboração e cooperação entre os participantes da experiência. Como instrumento mediador na aquisição e atualização do conhecimento em outras disciplinas do currículo, o ensino e aprendizagem de inglês tem função significativa nos Cursos de Tecnologia Superior – Área Industrial (CST-AI) do IF Fluminense (Campos campus Centro). A disciplina é oferecida nos três primeiros períodos de cada curso, num total de 120 h/a. Utilizando orientações da abordagem instrumental, o programa dos dois primeiros semestres contempla a revisão e ampliação de estratégias de leitura, de estruturas sintáticas consideradas relevantes. Apesar dos conteúdos trabalhados nos dois primeiros semestres dos CST-AI, parte dos alunos chega ao 3º. Período ainda com dificuldades com a língua. Nessa etapa do curso, as atividades são realizadas em laboratório equipado com computadores e um projetor em tela grande. As tarefas (em geral, uma por tempo de aula) podem ser realizadas individualmente ou em dupla, conforme o objetivo da atividade, interesse ou necessidade do aluno – uma flexibilidade que permite a troca de idéias e o esclarecimento de dúvidas relativas à língua e/ou ao conteúdo. Essa estrutura de trabalho permite diferentes tipos de interação, a saber: aluno-aluno, aluno-professor, aluno-computador, aluno-texto digital, alunocomunidade discursiva virtual. Visando à objetividade e ao dinamismo didático, a leitura é conduzida ou dirigida, com questões do tipo: fechadas e abertas (em que o aluno pode fazer suas escolhas de navegação), de compreensão textual, de aquisição de vocabulário, de percepção das peculiaridades do gênero textual, de observação crítica do conteúdo, e de reflexão acerca dos processos cognitivos utilizados na tarefa. Em Universidade Federal de Pernambuco - Núcleo de Estudos de Hipertexto e Tecnologias na Educação -7- geral, o aluno é solicitado a comentar sobre a validade e contribuição da atividade para seu aprendizado. Dessa forma, a turma recebe um roteiro pré-determinado com orientações para partes específicas do site ou da página, permitindo, também, trajetos pessoais que originam resultados distintos para cada aluno ou grupo de alunos. A opção por essa orientação na leitura justifica-se, também, pela descontinuidade e múltiplas conexões dos gêneros eletrônicos, fator que pode levar o aluno à dispersão ou a uma maior dificuldade em realizar a tarefa. A esse respeito Silva (2002, p. 123) diz que “[...] caberá aos professores estabelecer critérios de busca e seletividade de modo a, inclusive, gerar significação para as buscas e pesquisas através das leituras”. O estudo de Barreto e Bastos (2007) apontou que a leitura conduzida ou semi-conduzida de textos eletrônicos em L2 é uma estratégia adequada porque possibilita que a tarefa seja realizada no tempo previsto e que haja maior controle na realização dos objetivos. As autoras observaram que, nas ocasiões em que foi dada maior liberdade na exploração dos sites sugeridos, os alunos não conseguiram, em sua maioria, trabalhar com objetividade, resultando em experiências pouco produtivas. Como objetivos específicos, o programa busca oportunizar ao aluno: • Desenvolver estratégias de navegação e pesquisa; • Avaliar, relacionar e organizar dados; • Ler textos de gêneros variados e de teor técnico-tecnológico; • Ampliar o léxico específico à área de formação; • Desenvolver a seletividade e o espírito crítico acerca de informações disponíveis na Web; • Preparar e apresentar seminários utilizando recursos de hipermídia. Universidade Federal de Pernambuco - Núcleo de Estudos de Hipertexto e Tecnologias na Educação -8- O programa (desenvolvido ao logo de um semestre letivo) tem sequido um roteiro semelhante ao apresentado no Quadro 1. Quadro 1: Atividades de leitura conduzida de hipertextos em L2 Módulo 1 Esclarecimento da proposta de trabalho; discussão e conscientização acerca do uso de tradutor eletrônico; revisão das habilidades de navegação na Rede; características das páginas digitais; estratégias de busca e pesquisa. Módulo 2 Familiarização com a leitura de hipertextos em L2; estudo do layout da página e opções nos menus, localização dos recursos textuais e de hipermídia no ambiente, inferência e compreensão dos dados solicitados. Módulo 3 Visita a sites de conteúdo interdisciplinar; leitura de tópicos na área de formação; verificação de equipamentos e processos de funcionamento; identificação de terminologia específica; estudo de diagramas e simulações. Módulo 4 Pesquisa sobre empresas (área de atuação, linha de produtos, descrição de produtos, léxico relevante, avaliação crítica do site institucional); organização e apresentação da pesquisa em slides, avaliação da atividade didática. Entre os sites usados nas atividades acima, destacam-se o How Stuff Works5 e a Wikipedia6, por seus recursos de hipermídia (vídeo, diagramas, animações), variedade de tópicos de teor técnico-tecnológico, textos estruturados em seções de fácil navegação e, mais recentemente, de acesso por meio de redes sociais como Twitter e Facebook. Durante as atividades no laboratório, surgem, freqüentemente, dificuldades relativas à língua, ao tópico de estudo ou a referências que demandam conhecimento cultural e / ou técnico-profissional. Nessas ocasiões, a professora estimula e solicita a contribuição dos alunos mais experientes, sugere alternativas 5 6 URL: <www.howstuffoworks.com>. URL: <www.wikipedia.org>. Universidade Federal de Pernambuco - Núcleo de Estudos de Hipertexto e Tecnologias na Educação -9- de resolução, ou fornece as informações minimamente necessárias. Como dito anteriormente, em algumas situações de dúvida, a professora pede que um aluno com maior prática ou conhecimento sobre o tema faça uma explanação coletiva. Essa dinâmica de interações mostra a relevância das mediações e dos intercâmbios na construção dos sentidos do texto pela exploração dos saberes individuais e comuns dentro da Zona de Desenvolvimento Proximal de Vygotsky (1998a). Os itens abaixo constituem exemplos de questões comumente usadas nas atividades: a) Entre no site <www...........> e examine o menu principal. Entre na categoria “electronics”. Escreva, em português, 5 assuntos de seu interesse listados no tópico “solid state electronics”. b) O que mostram as ilustrações em movimento? c) No tópico “Methods of generating electricity”, encontre as informações necessárias para preencher o quadro abaixo. Modo de geração de energia Como é o processo Exemplos d) Faça o scanning do tópico “Production by country”. Descreva, em português, dois fatos que você entendeu nesse parágrafo. e) Após uma rápida leitura da seção “Geothermal energy and the environment”, explique a idéia desenvolvida nesta seção. f) Preencha os espaços com informações encontradas no penúltimo parágrafo da página. Em um ……………….., o número de elétrons ...............se chama………………ou.................... medida em amps. [...]. g) Você já tinha familiaridade com o tema do artigo estudado hoje? Em que medida isto influenciou sua compreensão do texto? h) Explique as razões pelas quais você indicaria, ou não, o site “........” para um amigo seu. O uso do tradutor eletrônico não é estimulado nem vedado – uma questão discutida com os alunos no início do período letivo. Quando ocorre a consulta, a atitude da professora é questionar essa necessidade. Como o tradutor comete muitas falhas, considera-se que o trabalho de selecionar o significado mais adequado e organizar os possíveis sentidos do texto são tarefas cognitivas Universidade Federal de Pernambuco - Núcleo de Estudos de Hipertexto e Tecnologias na Educação - 10 - igualmente válidas. Entretanto, com o crescente aperfeiçoamento dos programas de tradução automática, os mesmos podem vir a comprometer esta proposta de leitura dirigida em L2 nos moldes em que tem sido oferecida. No que se refere à avaliação dos alunos, esta é do tipo formativa e qualitativa. Segundo Kratochwill e Sampaio (2006), essa forma de verificar o desempenho está em conformidade com os princípios interacionistas-construtivistas porque evidencia “os sujeitos envolvidos não mais como objeto de pura observação, mas como sujeito de estudo dentro de um contexto histórico e social [...]”. Assim, os alunos são avaliados por seus esforços de superação, pela participação, cooperação, cumprimento adequado das tarefas, e apresentação do projeto final (Cf. Quadro 1). A autora atenta para um aspecto complicador na elaboração das atividades – a mobilidade das páginas da Web. As constantes atualizações dos ambientes demandam constante revisão na elaboração das questões e resulta, por vezes, na reformulação das mesmas no momento em que o aluno faz acesso ao site. A seção seguinte discute alguns resultados obtidos no questionário de avaliação aplicado a uma turma do CST-AI no IF Fluminense. Discussão dos resultados da pesquisa Os dados apresentados nesta seção foram obtidos em um questionário aplicado aos alunos do 3º. Período do Curso Superior de Telecomunicações em julho de 2010. O questionário foi estruturado de forma simplificada, com apenas duas opções “concordo” e “discordo”. Dos 25 alunos da turma, foram recebidos 22 questionários preenchidos adequadamente. O quadro seguinte contém itens relativos aos procedimentos didáticos. Universidade Federal de Pernambuco - Núcleo de Estudos de Hipertexto e Tecnologias na Educação - 11 - Quadro 2: Sobre a Abordagem Utilizada Indicadores Percentual de Concordância 1. Necessidade acadêmica / profissional 90 % 2. Respeita o ritmo individual 80% 3. Possibilita a autoaprendizagem 70% 4. Promove o compartilhamento dos saberes 60% 5. Presença da professora foi aspecto diferencial 70% 6. A colaboração dos colegas foi importante no esclarecimento de dúvidas 65% 7. A experiência ampliou conhecimentos na área de formação 75% Os percentuais acima mostram que a maior parte dos alunos entendeu que a proposta utilizada com a turma constituiu uma experiência diferenciada e desafiadora. Da mesma forma, observa-se que a maioria dos participantes valorizou a mediação (itens 5 e 6) da professora e colegas. Em contraponto, apenas 60% concordaram que a abordagem metodológica promoveu o compartilhamento dos conhecimentos. Considerando que durante as atividades, as interações entre os alunos foram constantes, pode-se supor que parte dos respondentes entendeu que “compartilhar conhecimento” significava compartilhamento on line via recursos de Comunicação Mediada por Computador (CMC). Quadro 3: Sobre as Atividades de Leitura Indicadores Percentual de Concordância 8. Relevantes e atuais 90 % 9. Monótonas 35% Universidade Federal de Pernambuco - Núcleo de Estudos de Hipertexto e Tecnologias na Educação - 12 - 10. Adequadas ao nível da turma 60% 11. Adequadas ao tempo de aula 60% 12. Orientações claras 65% 13. A complexidade dos temas de leitura constituiu desafio positivo 70% 14. Usar o computador foi um aspecto motivador 75% O fato de 90% dos alunos concordarem com a relevância e atualidade dos temas de leitura mostra que a abordagem didática constitui um procedimento pertinente nos CST-AI. Por outro lado, os itens 10, 11 e 12 refletem as dificuldades da turma, sejam de natureza lingüística ou de conhecimento dos assuntos escolhidos. Como explicado anteriormente (Cf. p. 6 deste documento), a maior parte dos alunos da turma observada ainda não tinham estudado os tópicos de leitura, o que exigiu que a professora precisasse explicar o funcionamento de certos equipamentos ou processos na área de Telecomunicações. Por essa razão, uma parte expressiva dos alunos (70%) reconheceu que, mesmo não tendo maior conhecimento do tema, a leitura dos mesmos foi um desafio positivo (item 13). Da mesma forma, em que pese o acesso freqüente e cotidiano do computador, o uso deste como ferramenta em sala de aula ainda constitui uma mudança na rotina de aulas e um recurso diversificado e motivador na aula de língua estrangeira (item 14. Considerações Finais O artigo apresentou as bases teóricas e procedimentos metodológicos de uma abordagem interdisciplinar no ensino e aprendizagem de Língua Inglesa Instrumental assistida por computador, utilizada nos Cursos Superiores de Tecnologia – Área Industrial do Instituto Federal Fluminense (Campos campus Centro). Essa proposta didática se mostra pertinente quando se constata que a crescente produção e intercâmbio de informações nas redes requerem dos Universidade Federal de Pernambuco - Núcleo de Estudos de Hipertexto e Tecnologias na Educação - 13 - indivíduos certas habilidades como a compreensão e expressão numa língua estrangeira dominante (como o inglês). Tais letramentos são necessários, também, porque os textos se encontram em ambientes com especificidades distintas dos suportes tradicionais. Nesse sentido, o trabalho buscou mostrar como a interação e a mediação entre os sujeitos com o professor, com os materiais didáticos, e com a ferramenta de trabalho constituem mecanismos importantes na compreensão e apropriação dos significados. Os resultados do questionário respondido por alunos do 3º. Período de Telecomunicações mostram um bom nível de satisfação para com a abordagem didática e a necessidade de acertos na elaboração das tarefas. Embora não contemple todas as possibilidades de aprendizagem e desenvolvimento cognitivo e lingüístico dados pelos recursos da Comunicação Mediada por Computador, a experiência relatada neste artigo tem produzido resultados encorajadores, sinalizando, particularmente, o papel mediador da língua estrangeira e do professor na pesquisa e aquisição de saberes necessários em outras disciplinas do currículo. Referências: ANTUNES, Celso. Vygotsky quem diria?! Em minha sala de aula. 2. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002. BAQUERO, Ricardo. 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