EMEI FRANCISCO MANOEL DA SILVA
Arte Contemporânea e a Infância
Leticia Silva
Pensar no encontro entre infância e arte, e principalmente com a arte que nos é
contemporânea, aparece como uma aventura e ao mesmo tempo um desafio. O mais
interessante é o fato de suas obras nos chamarem atenção para a infinita diversidade da
criação, que consegue agregar artista, objeto, espaço e público, despertando novas
sensações, nos levando a diferentes mundos e ao mesmo tempo ao nosso próprio
mundo. Sem manual ou receitas pedagógicas, é um desafio que espera pelo olhar
sensível do professor a procura de possibilidades para tornar a rotina escolar mais rica
em experiência poética.
Uma vez me perguntaram: “O que você ensina para seus alunos?” Nesse momento eu
me perguntei: o que eu ensino para meus alunos? Acho que na verdade aprendo muito
mais com eles do que o contrário. Porém, acredito que a minha missão enquanto
professora de pequeninos é de criar possibilidades, vivências, descobertas. E a Arte e
em especial a Arte Contemporânea, está intimamente ligada a essas experiências.
Nesse contexto, foi pensado num diálogo entre arte contemporânea, experiências
poéticas e infância. As proposições se definiram a partir da escuta atenta às brincadeiras
com pedaços de linhas e barbantes. Assim foi planejado exploração das linhas com o
corpo e movimento, criação de desenho e formas com lãs e a transformação desse
desenho em uma instalação coletiva.
É importante frisar que o projeto foi disparador para observar como se dão as
experiências poéticas das crianças, e ao longo do percurso, foi possível perceber que as
proposições contribuíram para essas experiências e que esta se deu na deu na fruição
lúdica das crianças com as propostas, sendo as crianças protagonistas de suas ações. As
crianças fizeram parte da obra em si todo tempo e estiveram sempre inteiras nesses
momentos, suas ações sustentaram a obra, movimento tão presente na arte
contemporânea.
Foram experiências singulares de cada um, mas ao mesmo tempo contribuiu para o
exercício da participação coletiva, compartilhada culturalmente. Singular, porque cada
criança viveu uma experiência diferente, mais ou menos intensa, em cada proposição.
Coletivo, porque ao pensar uma instalação única, mas com as produções individuais ou
feitas em pares, as crianças foram fazendo trocas uma com as outras ampliando
momentos de interação e criando experiências coletivas, únicas daquele grupo de
crianças.
Posso afirmar que o itinerário do projeto, mostrou-me a complexidade das experiências
poéticas quando se trabalha com crianças pequenas. Foi nesse contexto também, que
percebi o quanto preciso ouvir as crianças ao planejar propostas. Percebo que não seja
necessário algo grande, uma proposta bem pequena e confiando nas crianças, elas
expandem e mostram a todo o momento que, a arte não é racional e sim poética.
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