QUALIDADE DE FRUTOS DA MANGUEIRA “TOMMY ATKINS” SUBMETIDOS À ADUBAÇÃO POTÁSSICA Grazianny Andrade Leite1; Andrezza Valéria Costas e Caldas2; Vander Mendonça3; Miguel Ferreira Neto4; Poliana Samara de Castro Freitas5; Raniere Barbosa de Lira2; Glêidson Bezerra de Góes1 INTRODUÇÃO O cultivo da mangueira está crescendo em todo o mundo, especialmente no Brasil, destacando-se a variedade Tommy Atkins, com mais de 80% da área plantada no país (Scanavaca Júnior et al., 2006). Segundo Faquim (1994) o potássio é de maneira geral, o segundo nutriente mais exigido pelas culturas, depois do nitrogênio. A melhor época de aplicação de K e o número de parcelamentos vão depender da dose a ser aplicada e da demanda da cultura. Janse Van Vuuren & Stassen (1997) verificaram que a absorção de K é maior antes do florescimento e que há maior quantidade de K nos frutos; assim, esse elemento deve ser aplicado no início da produção dos frutos, devido à exigência dos mesmos nessa fase. Poucas são as pesquisas de determinação das quantidades de nutrientes exportadas pelos frutos. Isto é particularmente importante, pois têm efeito direto sobre a qualidade dos frutos, conservação póscolheita e suscetibilidade a doenças. Portanto, este trabalho teve como objetivo testar o incremento da adubação potássica na qualidade de frutos da mangueira “Tommy Atkins” no município de IpanguaçuRN. Tabela 1: Resumo da análise de variância para diâmetro longitudinal (DL); diâmetro transversal (DT); peso de frutos; firmeza de polpa; vitamina C; acidez total titulável (ATT); sólidos solúveis totais (SST); pH; coloração da casca e coloração da polpa da mangueira “Tommy Atkins” sob doses de K. Quadrado médio FV GL DL 12,69n Cor polpa DT Peso Firmeza Vit.C ATT SST pH Cor casca 2006,39n 17,41n 0,0037n 0,0029n s s s s s Potássio 3 0,670ns 0,48* 0,351* 0,156* Resíduo 9 4,8 0,779 1471,82 7,91 0,0016 0,113 0,037 0,096 0,042 - significativo 1,91 1,06 7,54de 1% de probabilidade; 12,25 4,72 11,89 8,37 **CV(%) - Efeito altamente pelo teste F ao nível * - Efeito 4,57 significativo4,74 pelo teste F ao nível de 5% de probabilidade; ns Efeito não significativo pelo teste F. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido em pomar comercial pertencente à Fazenda São Francisco, localizada no município de Ipanguaçu-RN no período de junho/2008 a março/2009. Durante a condução do experimento não houve ocorrência de chuvas. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso com quatro tratamentos (doses de K) e quatro repetições, cuja parcela útil foi composta das três plantas centrais. Os tratamentos consistiram de quatro dose de potássio (0, 50, 100 e 150 g/planta de K), na forma de cloreto de potássio, parcelado em 2 vezes: 50% aplicado após a colheita e 50% na floração conforme recomendações de Genú & Pinto (2002). E para as demais adubações de produção foram utilizada doses de fósforo e nitrogênio de acordo com a análise de solo. O pomar apresentava-se com idade de 9 anos, plantadas no espaçamento de 10 x 10 m. As plantas apresentavam ótimo estado fitossanitário e antes da aplicação dos tratamentos as plantas receberão poda de frutificação. Utilizou-se o sistema de irrigação por microasperção com um aspesor por planta. Os frutos foram colhidos no estádio de “vez”, ou seja, em perfeito estado de desenvolvimento, com coloração de casca e polpa na escala 2, e acondicionados em caixas foradas com jornal e, em seguida, transportados para o galpão. Após a colheita foram selecionados três frutos de cada planta colhida, totalizando um total de seis frutos. Os mesmos foram conduzidos para o laboratório de Agricultura Irrigada da UFERSA para serem realizadas as seguintes análises de qualidade de frutos: peso de frutos, firmeza de polpa, coloração da casca, coloração da polpa, diâmetro transversal e longitudinal, pH, sólidos solúveis totais e vitamina C. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e as médias foram comparadas pelo teste F à 5% de probabilidade utilizando o programa estatístico SISVAR (Ferreira, 2000). RESULTADOS E DISCUSSÕES A adubação potássica não promoveu efeito significativo para as características: diâmetro tranversal e longitudinal, peso de frutos, vitamina C, acidez titulável e pH, mas apresentou feito significativo para sólidos solúveis totais, coloração da casca e coloração da polpa (Tabela 1). O teor de sólidos solúveis totais apresentou um comportamento quadrático, alcançando seu maior valor estimado de 7,32%, com a aplicação da dose máxima de 86,56 g/planta de K, ocorrendo uma dimuição no teor de sólido solúveis totais nos frutos da mangueira “Tommy Atkins” (Figura 1). O teor de sólidos solúveis ideal para colheita de frutos para armazenamento ou para exportação é de 7 a 8ºBrix (Alves et al., 2002), no presente trabalho encontra-se na faixa ideal para exportação. Silva et al. (2008) observaram em goiabeira “Paluma” que o teor de sólidos solúveis totais foi influenciado pela quantidade de água aplicada, e pelo aumento das doses de nitrogênio. Com o aumento da adubação potássica até a dose máxima de 30,23 g/planta de K a coloração da casca apresentou nota máxima de 2,87 (Figura 2). No entanto o aumento da adubação potássica promoveu um incremento à nota cor da polpa, tendo seu maior valor com dose máxima estimada de 47,69 g/planta de K, cujo nota observada é de 2,62 (Figura 3). Malavolta et al. (1989) afirmam que o aumento de doses de fertilizantes pode provocar uma redução na qualidade dos frutos, afetando o tamanho, a resistência ao transporte e armazenamento, a coloração interna e externa e o teor de sólidos solúveis. (1) Figura 1: Sólidos solúveis totais (SST) de frutos da mangueira “Tommy Atkins” em função de doses de K. Figura 2: Coloração da casca de frutos da mangueira “Tommy Atkins” em função das doses de K. Figura 3: Coloração da polpa de frutos da mangueira “Tommy Atkins” em função das doses de K. CONCLUSÕES A adubação potássica influenciou positivamente no teor de sólidos solúveis totais e na coloração da casca e polpa. E a dose que melhor proporcionou resultado para qualidade de frutos foi de 50 g/planta de K. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES, R. E.; FILGUEIRAS, H. A. C.; MENEZES, J. B.; ASSIS, J. S.; LIMA, M. A. C.; AMORIM, T. B. F.; MARTINS, A. G. Colheita e pós-colheita. In: GENÚ, P.J. DE C. E PINTO, A.C. DE Q. A cultura da mangueira. EMBRAPA, Brasília; p. 193-221. 2002. FAQUIM, V. Nutrição mineral de plantas. Lavras/FAEPE, p.118-125, 1994. (Apostila do curso de especialização – Pós-Graduação “Latu Sensu”), Solos e Meio Ambiente. GEUS, J. D. DE. Fertilizer requirements of tropical fruit crops. Stikstof, v.8, p.41-64, 1964. FERREIRA, D. F. Análise estatística por meio do SISVAR (Sistema para Análise de Variância) para Windows versão 4.0. In: REUNIÃO ANUAL DA REGIÃO BRASILEIRA DA SOCIEDADE INTERNACIONAL DE BIOMETRIA, 45., 2000, São Carlos. Anais...São Carlos: UFSCar, 2000. p. 255-258. GENÚ, P. J. de C.; PINTO, A. C. de Q. A cultura da mangueira. Brasília: Embrapa Informação Tecnológica, 2002. 454p. JANSE VAN VUURWN, B. P. H.; SHIVANANDA, T. N. Seasonal uptake of macro elements by young bearing “sensation” mango trees. Acta Horticulturae, Leuven, v. 1, n. 445, p. 164-174, 1997. MALAVOLTA, E., VITTI, G. C., OLIVEIRA, S.A. DE. Avaliação do estado nutricional das plantas. Piracicaba: POTAFOS. 201p, 1989. SCANAVACA JÚNIOR,L.; FONSECA, N.; PEREIRA, A.R.; OLIVEIRA, F.V.E.G.; SOUZA, E.G. Caracterização físico-química de frutos de variedades estrangeiras de mangueira visando à diversificação da mangicultura nacional. In: Congresso Brasileiro de Fruticultura, 19, 2006. Cabo Frio. Anais.... Palestras e Resumos. Cabo Frio-RJ: SBF/UENF/UFRuralRJ. 2006 p. 462. Bolsista de Apoio Técnico do CNPq, Mestranda em Fitotecnia na UFERSA. E-mail: [email protected]; [email protected] (2) Mestre em Ciência do Solo (UFERSA): [email protected]; [email protected]; (3)Bolsista de produtividade do CNPq e Dr. Prof. Adjunto II do Departamento de Ciências Vegetais: [email protected]; (4)Professor Adjunto I do Departamento de Ciências Ambientais – LASAP: [email protected]; (5) Eng. Agrônoma (UFERSA): [email protected]. Apoio Financeiro: CNPq e CAPES.