equipamentos
Teste SDA da Uemis
Mais que um
computador
de mergulho?
Há pouco mais de um ano que se encontra à venda no
mercado o computador de mergulho desenvolvido pela
Uemis – Underwater Equipment Made In Switzerland.
A designação atribuída ao novo instrumento é Scuba Diver
Assistant (SDA) e pretende reflectir as suas inovadoras
características.
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Texto e Fotos: Detlef Charné e Ulrike Figueiredo (Tubarão Madeira)
A
ideia do nome surgiu
entre dois mergulhadores, um deles dispondo
de vinte anos de experiência no
desenvolvimento de computadores de mergulho, e o outro com o
gosto de explorar exaustivamente
todas as capacidades da internet.
O objectivo era criar um instrumento de muito fácil utilização e
que fosse capaz de partilhar dados
com a internet.
Principais características
Novidade absoluta é a utilização
da tecnologia OLED (Organic Light
Emitting Diode). Trata-se de um
semi-condutor orgânico com as
seguintes vantagens: permite criar
um forte contraste (10.000:1) entre
o fundo negro e as várias cores das
indicações, um ângulo de visão até
170º sem iluminação de fundo, o
que reduz o consumo de energia
para um valor mínimo.
A bateria tem três maneiras diferentes de ser carregada:
• através das células solares integradas;
• um cabo USB que liga a um
computador ou qualquer carregador
com essa característica ou
• ligada a uma tomada, passível de
ser usada em quase todo o mundo,
uma vez que inclui adaptadores
para os EUA, UK e AUS.
A utilização das três teclas, que
podem ser movidas para a esquerda/direita ou para cima/baixo, faz
com que a navegação nas páginas
do menu seja rápida e intuitiva.
Texto e números podem ser introduzidos através de um teclado
virtual incorporado. A solução de
prender o SDA ao braço com uma
fita de 3,5 cm de largura e extrema
robustez, fácil de abrir e fechar
com uma mão só, revelou-se muito
prática e segura.
Todos os SDA podem comunicar
durante a imersão com até seis instrumentos iguais até uma distância
de 2 a 3 metros, a fim de se poder
consultar as informações actuais
sobre os tempos de fundo ou descompressão, o consumo de ar e os
alertas activos dos nossos buddies.
Uma função com relevância especial para os instrutores.
No caso de se optar pelo modelo
com emissor integrado, o mergulhador é permanentemente infor-
mado sobre o seu consumo de ar
e o restante tempo de mergulho
disponível (RGT). Podem ser ligados a um SDA até três emissores,
preparados para a utilização de todo
o tipo de misturas de gases e até
uma pressão de 350 bares. A pilha
do emissor pode ser trocada pelo
próprio mergulhador após receber
do aparelho o respectivo aviso.
O modelo em que se baseiam os
cálculos de descompressão foi
designado ‘Uemis ZH-L8+’ e é
uma derivação do muito utilizado
e aprovado modelo ‘ZH-L8’ criado
pelo professor Bühlmann. Utiliza as
informações sobre o consumo de
ar e sobre a temperatura da água
para completar os dados sobre a
descompressão propriamente dita.
E aqui foram considerados dois
aspectos: a formação de bolhas
de azoto no sistema arterial na sequência de uma demasiado rápida
redução da pressão, bem como as
sempre existentes micro-bolhas em
cada imersão.
A velocidade permitida de subida
varia em função da profundidade
e vai desde os 20m/minuto abaixo
de 40 metros até 7m/minuto nos
últimos metros antes de chegar à
superfície. O utilizador pode definir
vários níveis de segurança, bem
como a inclusão do ‘deepstop’.
O modo de altitude é activado
automaticamente.
O SDA regista os dados de até
Pontos Fortes
•C
lareza do display e
iluminação
• Organização dos menus
e utilização das teclas
• Indicação do limite de
altitude
• Pulseira
Pontos Fracos
• Logbook digital apenas
disponível na internet e não
transponível para o computador pessoal
2000 imersões em intervalos de
apenas cinco segundos e pode
cumprir integralmente as funções
de logbook. O perfil de mergulho é apresentado no ecrã e as
restantes informações podem ser
acrescentados, uma vez que está
preparado para a introdução de
texto. Para incluir informações
mais completas está disponível a
ligação a uma base de dados no
portal da Uemis na internet. Para
além das informações gerais acessíveis a todos os mergulhadores,
como por exemplo sobre centros
e locais de mergulho, cada um
cria no ‘myUemis’ os seus registos
individuais, protegidos por uma
palavra-passe. Assim em qualquer
local com acesso à internet o logbook digital pode ser consultado ou
preenchido. É igualmente através))
Resultados SDA com
ou sem emissor
1º mergulho
SDA com emissor
Descompressão
sem deco
Patamar de segurança5m/3min ao fim de 39 min
Saturação
22,5 horas
Inibição de voo
14,14 horas
Limite de altitude
1.321 metros
SDA sem emissor
sem deco
5m/3min ao fim
de 39 min
20,2 horas
12,31 horas
1.689 metros
2º mergulho
SDA com emissor
Descompressão
sem deco
Patamar de segurança5m/3min ao fim de 37 min
Saturação
28,55 horas
Inibição de voo
17,46 horas
Limite de altitude
1.639 metros
SDA sem emissor
sem deco
5m/3min ao fim
de 37 min
25,43 horas
17,08 horas
2.130 metros
A utilização do emissor leva a mais três horas de saturação calculada, apenas a mais 38 minutos de inibição de voar e coloca um limite de altitude
491 metros mais baixo.
PORTUGAL DIVE
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))A utilizar um SDA ligado
a dois emissores
O nosso plano era utilizar o SDA com vários gases, idealmente
com três misturas diferentes:
• Travelmix;
• Bottommix e
• Decomix.
Mas infelizmente foi-nos enviado pela Uemis um emissor a menos, o que nos permitiu mergulhar apenas com duas misturas de
gases: Nitrox 32 como Bottommix em duas garrafas de 7 litros e
Nitrox 62 para a descompressão. A fim de poder testar com segurança o comportamento do SDA em situações tais como a não
observância de ‘deepstops’ ou patamares de descompressão, foi
introduzido no SDA Nitrox 21,
isto é ar comprimido normal,
para o Bottommix.
Descemos então para o
destroço do Pronto, permanecendo a profundidades entre os 28,9 e
32,6 metros. Ao fim de 13
minutos apareceu o primeiro
aviso (foto 1): restam dois minutos de tempo de fundo. No
entanto só ao fim de 26 minutos iniciamos a subida e como
tínhamos activado a função
de ‘deepstop’ apareceu o aviso de parar 1 minuto nos 15
metros (foto 2). Ignorámos de
propósito esta recomendação,
o que originou logo nos 14,6
metros o aviso amarelo com a
seta para baixo (foto 3). De repente apareceu um novo aviso
amarelo, este completamente
inesperado: subir e efectuar
um patamar a 9 metros, RGT
= 0 (foto 4), e imediatamente
a seguir a vermelho: terminar
mergulho, RGT = 0 (foto 5). Sem
ar? Não podia ser! Como ainda
tínhamos mais de 90 bares na
garrafa só se podia tratar de
um erro (mais tarde consultámos os técnicos da Uemis, que
afirmaram ter-se tratado de
uma avaria de um dos emissores, muito provavelmente
resultante dos múltiplos envios
a que estão sujeitos os instrumentos teste). Continuamos
então a nossa subida. Nos 13
metros fomos alertados para a
mudança de garrafa (foto 6).
Efectuámos então a troca para
o decogás Nitrox 62, fizemos
o patamar de 1 minuto nos
9 metros e subimos à velocidade de 7m/minutos até aos
3 metros, onde foi necessário
ficar 6 minutos. O tempo total do mergulho foi de 41
minutos: 26 minutos de
fundo mais 15 minutos de
subida e patamares. Sem
o Nitrox 62 teríamos tido mais 9 minutos de descompressão.
Os mergulhos com mudança de gás podem ser efectuados sem
os emissores, na maior parte dos casos a solução preferida no
mergulho técnico.
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deste portal que o software do SDA
poderá ser actualizado.
Durante os nossos testes o SDA
recebeu o último upgrade do software, a versão Firmware v 1.20,
que engloba as seguintes opções:
a paragem de segurança pode ser
definida a partir dos 6 metros e
no profundímetro pode ser activado um cronómetro. Dentro de
pouco tempo surgirá a capacidade
de utilização com trimix e para
até seis misturas de gases e seis
emissores.
e finalmente com dois emissores.
Tanto durante mergulhos meramente recreativos, nocturnos, em
grutas e naufrágios, como nas aulas
práticas com os nossos alunos e
utilizando diferentes misturas de
gases, testámos as funcionalidades
acima descritas.
Começar a utilizar o SDA é extremamente fácil. Embora seja
sempre aconselhável a leitura das
instruções completas (um pequeno livrinho em cartolina incluído no estojo do SDA fornece as
Uma vez na água o mais
surpreendente é a nitidez de
todas as informações no
display, uma verdadeira
mais-valia em ambientes escuros
como grutas, naufrágios
ou nos mergulhos nocturnos
Se tiverem curiosidade em conhecer
o logbook digital, podem consultar
os dados de oito dos mergulhos na
página www.uemis.org No canto
superior direito deve ser inserido
no campo de procura: “tubarao
madeira”.
A experiência
Durante o verão tivemos a oportunidade de experimentar dois SDA
no Tubarão Madeira, cedidos pela
Uemis a fim de fazer testes práticos
e relatar os resultados aos leitores
da Portugal DIVE. Efectuámos mais
de uma centena de mergulhos na
ilha da Madeira, a profundidades
entre 10 a 40 metros e em vários
cenários possíveis, utilizando o
SDA sem emissor, com apenas um
principais indicações). Uma vez
habituado às teclas e à maneira
de navegar no menu, o acesso às
várias opções é rápido e intuitivo.
O único pequeno senão é o facto
de não existir o português entre
as línguas disponíveis, que são o
inglês, francês, alemão, italiano e
espanhol.
O primeiro passo será de atribuir
ao SDA o nosso nome, que passa a
constar do canto superior esquerdo
e que nos identifica perante os
nossos buddies. A seguir deve ser
verificado se as definições base
do instrumento correspondem às
nossas preferências e necessidades
pessoais. Principal atenção merece aqui o tipo de gás utilizado, o
tamanho da garrafa e o desejado
nível de segurança.
Uma vez na água o mais surpreendente é a nitidez de todas as informações no display, uma verdadeira
mais-valia em ambientes escuros
como grutas, naufrágios ou nos
mergulhos nocturnos. As indicações
são dadas em três cores:
• verde - valores meramente informativos;
• laranja - valores que se aproximam de algum dos limites definidos e
• vermelho - situações de alerta,
estas últimas completadas por um
sinal sonoro.
Os alertas vão desde o tempo de
mergulho, pressão da garrafa e velocidade de subida aos patamares
de descompressão e segurança.
Esses avisos são dados não só em
valores numéricos como também
em gráficos de muito fácil interpretação e exigem a confirmação por
parte do mergulhador, movendo
uma das teclas.
Todas as informações e gráficos que
não constam do ecrã principal são
facilmente consultados durante o
mergulho, como por exemplo a
profundidade máxima atingida ou
os dados dos nossos buddies. As teclas são facilmente tocáveis, mesmo
com luvas grossas. Em patamares
mais longos, e pela novidade que
ainda é, transformou-se numa espécie de brinquedo para os próprios
e outros membros do grupo.
Verificamos que uma carga completa de bateria fornece energia
>
suficiente para cerca de 6 a 8
imersões de uma hora, ao contrário das 8 a 10 horas indicadas
pela Uemis, no entanto mais que
suficiente para a sua normal utilização. O apoio dado pela célula
fotovoltaica incorporada não nos
pareceu muito relevante e nunca
será suficiente para uma viagem
com muitos mergulhos sucessivos, pelo que devemos ter sempre
disponível a alternativa de ligar o
SDA à corrente eléctrica.
Tabela Comparação da profundidade indicada e do tempo
de fundo calculado
Uma avaliação
da segurança
No próximo teste tentámos esclarecer qual o acréscimo de
segurança que proporciona a
utilização do emissor face ao
modelo básico. Colocamos então
ao braço os dois SDA, ambos
sem mergulho registado durante
três dias e com as mesmas definições. Exagerámos um pouco
ao inserir para o tamanho da
garrafa 30 litros. Mas com esta
simulação conseguimos atingir
um consumo de ar calculado
de 38 l/minuto e 44 l/minuto
no 1º e 2º mergulho respectivamente, valores realistas para
imersões com fortes correntes.
Fizemos então primeiro 53 minuto a 25,6 m e ao fim de quatro
horas de intervalo de superfície
46 minutos a 22,5 m.
Comparando os valores dados
pelo SDA com os valores dos
nossos computadores pessoais,
verificámos que existiam diferenças na profundidade medida
que atingiam cerca de um metro
na zona dos 30 metros. Fazendo
a média das várias marcas, o
SDA indica um pouco menos
profundidade, o que resulta do
facto de ele ser programável para
água salgada enquanto os res-
tantes aplicam uma média entre
água do mar e água doce. Já o
modelo de cálculo de descompressão pré-definido revela na
zona mais procurada pelos mergulhadores amadores, entre os
20 e 30 metros, um perfil mais
conservador, consequência
directa do modelo de cálculo
utilizado que divide o corpo
humano em oito tipos de tecidos distintos, com velocidades
de saturação diferentes. Considerando o tecido com o processo
de saturação mais acelerado o
SDA chega a tempos de fundo
mais reduzidos e penalizações
maiores em mergulhos sucessivos (ver tabela).
Tudo somado somos da opinião
que o SDA realmente acrescenta novas capacidades aos
tradicionais computadores de
mergulho. Trata-se sem dúvida
de um topo-de-gama, o que obviamente tem o seu custo, que pode ser
consultado em www.uemis.com\
shop. Cada um terá de avaliar se
o seu perfil e tipo de mergulhos
que costuma fazer exige ou
justifica a quantidade de opções
e informações disponíveis. Mas
reconhecemos que é uma peça
que nos podia simplesmente
fazer perder a cabeça...
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