Época de aplicação da primeira dose de Nitrogênio em cobertura em milho e espécies antecessoras de cobertura de inverno Mércio Luiz Strieder, Paulo Regis Ferreira da Silva, Ibanor Anghinoni, Egon José Meurer, Lisandro Rambo & Paulo César Endrigo Nomes: Cilas Pinnow Emilio Strack Maurício Sartor Wylliam Camera Introdução • Com a grande difusão do sistema plantio direto a partir da década de 90 no Sul do Brasil, a aveia preta (Avena strigosa) tornou-se a principal cultura de cobertura de solo de inverno, antecedendo as culturas comerciais de verão, principalmente soja e milho. Introdução • Aveia preta é considerada a principal cultura de cobertura de solo de inverno; • Vantagens: A facilidade de aquisição de sementes; - Elevado rendimento de massa seca (MS) da parte aérea; - Controle da erosão do solo; - Aumento da infiltração de água e do conteúdo de C orgânico no solo; - Ciclagem de nutrientes; - Controle de plantas daninhas. - • A aveia preta apresenta: - Alta relação carbono:nitrogênio (C/N) Introdução • Desvantagem em utilizar aveia preta em cobertura: – Por apresentar relação C/N elevada, ocorrerá diminuição de N disponível para a cultura, principalmente nos estadios iniciais de desenvolvimento; – Trabalhos de Silva et al. (2002) demonstram que pode haver redução de cerca de 25 % no rendimento de grãos do milho em sucessão à aveia preta. Culturas alternativas utilizadas: - Ervilhaca comum (Vicia sativa): - Alto potencial de fixação do N2 atmosférico em simbiose com Rhizobium. - Nabo forrageiro (Raphanus sativus): - alta capacidade de reciclagem de N de camadas mais profundas para a superfície do solo. Importância de utilizar esses meios alternativos: • A decomposição dos resíduos dessas espécies reduz a necessidade de aporte de N mineral às culturas subseqüentes; • Esta prática é particularmente importante na cultura do milho, por ser a adubação nitrogenada uma parcela importante no seu custo de produção. • Recomendação atual de adubação com N (RGS e SC): - Em semeadura direta preconiza-se usar de 10 a 30 kg ha-1 de N na hora do plantio; - O restante em cobertura quando a planta apresentar de quatro (V4) a seis (V6) folhas, ou seja, de 40 a 60 cm de estatura. • Para dose de N em cobertura considera-se: - expectativa de rendimento de grãos; - teor de matéria orgânica do solo ; - a espécie e seu rendimento de massa seca; - proporções das espécies. • Parâmetros para a adubação nitrogenada - Planta - Solo • A aplicação nitrogenada depende: - Cultura antecessora - Podendo haver redução de N na semeadura; - Podendo retardar a aplicação de N em cobertura, que promoveria um melhor aproveitamento do N, já que as raízes das plantas estariam mais desenvolvidas. OBJETIVOS • Avaliar o desenvolvimento inicial da planta de milho, cultivado em sucessão a quatro sistemas de coberturas de solo de inverno, com diferentes relações C/N de seus resíduos; • Avaliar a capacidade dessas espécies em suprirem as necessidades iniciais de N da planta; - Possibilidade de se retardar a aplicação da primeira dose de N; Materiais e Métodos Materiais e Métodos • Conduzido em Porto Alegre; – Casa de Vegetação e Laboratórios do Departamento de Plantas de Lavoura (UFRGS); – Nos meses de Setembro a Dezembro de 2004; Materiais e Métodos • Vasos de PVC; – 15 cm de diâmetro; – 20 cm de solo, com manutenção de suas características; – Solo coletado logo após a cobertura de inverno; – Solo em plantio direto desde 1993; Materiais e Métodos • Tratamentos: – Quatros coberturas invernais: • • • • Nabo Forrageiro; Ervilhaca Comum; Aveia Preta; Pousio sem residuos; Materiais e Métodos • Tratamentos: – Três formas de manejo de N em cobertura: • Estádios de três (V3) e cinco (V5) folhas expandidas; • Testemunha; Materiais e Métodos • Delineamento Experimental: – Completamente casualizado; – Fatorial 4x3; – Três repetições; Materiais e Métodos • Material utilizado: – Hibrido Premium Flex®; • Hibrido Simples; • Syngenta Seeds Ltda; Materiais e Métodos • Plantio: – 27 de setembro de 2004; – 14 dias após a dessecação da cobertura invernal; – 10 sementes em 5 covas por UE (vaso); Materiais e Métodos • Desbaste: – No estagio V2, deixou-se 1 planta por cova; – No estagio V3, coletaram-se 3 plantas; – No estagio V7, coletaram-se as outras 2 plantas; • Fim do experimento; Materiais e Métodos • Aplicação de N: – Dose de 88 mg por vaso; – Equivalente a 50 kg ha; – Na forma de uréia; Materiais e Métodos • Palhada: – Adicionada ao vaso de acordo com a media de produtividade da espécie; – 4,20; 4,65 e 3 3,30 t ha para aveia preta, nabo forrageiro e ervilhaca comum respectivamente; Materiais e Métodos • Outros dados: – Manutenção da capacidade de campo; – Adubação de base de 180 kg ha de P2O5 e 180 kg ha de K2O; – N na base de acordo com cobertura: • Pousio e Aveia Preta : 30 kg ha; • Ervilhaca Comum e Nabo Forrageiro: 15 kg ha; Materiais e Métodos • Analises: – Nas coberturas de solo: • • • • Relação C/N; Teor de N nos resíduos na semeadura e no estagio V7; Percentual de mineralizacao da MS; Quantidade total de N liberado entre V0 e V7; Materiais e Métodos • Analises: – Nas plantas de milho: • Teor relativo de clorofila (TRC) na folha nos estádios V4 e V7; • Teor de N na planta; • Rendimento de MS da parte aérea e radicular nos estádios V3 e V7; Materiais e Métodos • Teor de MS na cobertura: – Secagem em estufa e pesagem; • Teor de N nos resíduos: – Moagem e analise química; • Teor de N no solo: – Somatório do Nitrato e Amônio; Materiais e Métodos • Teor de C: – Destilação com dicromato de potássio; • TRC na folha do milho: – Clorofilometro Minolta SPAD-502® Materiais e Métodos • Analises Estatísticas: – Análise de Variância submetido ao teste F a 5%; – Teste de Tukey a 5%; RESULTADOS E DISCUSSÃO Características relacionadas com os sistemas de coberturas de solo de inverno •Teor de N e relação C/N dos resíduos: por ocasião da semeadura do milho (V0), o teor de N nos resíduos foi maior na ervilhaca comum e no nabo forrageiro do que na aveia preta. •Por sua vez, a relação C/N foi maior na aveia preta, não houve diferenças entre a ervilhaca comum e do nabo forrageiro. •No estádio V7, houve diferença entre o teor de N dos resíduos das três coberturas de solo de inverno, sendo o maior teor determinado na ervilhaca comum, e o menor, na aveia preta. Mineralização dos resíduos das coberturas de solo de inverno: • Nos tratamentos sem aplicação de N e com a aplicação de N no milho no estádio V3, ocorreu maior mineralização dos resíduos de nabo forrageiro em relação aos de ervilhaca comum e aveia preta. • A aplicação de N, no estádio V5, aumentou a mineralização na ervilhaca comum em relação às outras duas espécies de cobertura de inverno. • Na comparação entre os sistemas de manejo do N em cobertura, para a ervilhaca comum e aveia preta, ocorreu maior mineralização das coberturas de solo de inverno com aplicação de N no estádio V5 em relação à não-aplicação de N em cobertura. • No nabo forrageiro, a não-aplicação de N em cobertura e o retardo de sua aplicação do estádio V3 para V5 diminuíram a mineralização de resíduos. Características relacionadas à planta de milho: Teor de N na planta Teor relativo de clorofila (TRC) na folha A avaliação dessa característica de planta, por meio do clorofilômetro tem sido bastante estudada nos últimos anos, em virtude de sua rapidez, precisão e baixo custo. Este método fundamenta-se na correlação positiva entre teor de clorofila na folha e teor de N na planta (Argenta, 2001), a qual está associada à atividade fotossintética. Por estas vantagens e por estar correlacionada com rendimento de grãos, a determinação do TRC pelo clorofilômetro tem sido usada para predizer a necessidade de adubação nitrogenada na cultura do milho (Varvel et al., 1997; Argenta, 2001; Rambo, 2005). Produção de massa seca (MS) CONCLUSÕES 1. A aveia preta apresentou baixa taxa de mineralização e de liberação de nitrogênio (N) de seus resíduos, sendo esses processos estimulados nas espécies ervilhaca comum e nabo forrageiro. 2. A utilização de aveia preta como cultura antecessora ao milho diminuiu os teores de N mineral no solo e de N na planta de milho, independentemente da época de aplicação de N em cobertura. 3. A utilização de ervilhaca comum e nabo forrageiro, como espécies de cobertura de solo antecessoras, incrementou o teor relativo de clorofila na folha e a produção de massa seca de milho, avaliados no estádio de sete folhas expandidas, independentemente da época de aplicação de N em cobertura. 4. É possível retardar a época de aplicação da primeira dose de N em cobertura em milho do estádio de três para cinco folhas expandidas, quando em sucessão à ervilhaca comum ou ao nabo forrageiro. Obrigado pela atenção!!! [email protected]