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UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO
INSTITUTO DE PÓS-GRADUAÇÃO QUALITTAS
PREVALÊNCIA DE CISTICERCOSE BOVINA EM MATADOURO
FRIGORÍFICO SOB INSPEÇÃO ESTADUAL (SIE)
EM SANTA CATARINA
JEAN PIERRI DOS SANTOS
CURITIBA - PR
2008
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1
PREVALÊNCIA DE CISTICERCOSE BOVINA MATADOURO
FRIGORÍFICO SOB INSPEÇÃO ESTADUAL (SIE)
EM SANTA CATARINA
Trabalho monográfico de conclusão do curso de
Pós-graduação em Higiene e Inspeção de
Produtos
de
Origem
Animal
-
Vigilância
Sanitária, apresentado a UCB, como requisito
parcial
para
obtenção
do
certificado
Especialista.
Orientador Prof. Dr. Zander Barreto Miranda
CURITIBA - PR
2008
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de
2
PREVALÊNCIA DE CISTICERCOSE BOVINA EM MATADOURO
FRIGORÍFICO SOB INSPEÇÃO ESTADUAL (SIE)
EM SANTA CATARINA
Elaborado por Jean Pierri dos Santos
Aluno do Curso de Especialização em Higiene e Inspeção de Produtos de Origem
Animal da Universidade Castelo Branco
Foi analisado e aprovado com grau: ..............................
Curitiba, ............ de ....................................... de 2008.
______________________________
Membro
______________________________
Membro
______________________________
Professor Orientador
Presidente
CURITIBA- PR
2008
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Santos, Jean Pierri dos,
Prevalência de cisticercose bovina em matadouro frigorífico sob
inspeção estadual (SIE) em Santa Catarina – SC/ Jean Pierri dos
Santos. –Curitiba: [s.n],2008. 36p.
Monografía Especialização em Higiene e Inspeção de Produtos de
Origem Animal-Vigilância Sanitária - Universidade Castelo Branco,2008
Orientador: Zander Barreto Miranda
1. Cisticercose – Bovinos – Matadouros Frigoríficos - Prevalência
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SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS ...............................................................................................5
LISTA DE GRÁFICOS ............................................................................................6
1.0. - INTRODUÇÃO...............................................................................................7
2.0. - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .........................................................................9
2.1. - Histórico .........................................................................................................9
2.2. - Etiologia .......................................................................................................10
2.3. - Reservatórios...............................................................................................13
2.4. - Ciclo evolutivo..............................................................................................14
2.5. - Transmissão ................................................................................................17
2.6. - Patogenia e sintomas...................................................................................18
2.6.1. - Cisticercose bovina ...................................................................................18
2.6.2. - Cisticercose humana.................................................................................19
2.6.3. - Teníase .....................................................................................................21
2.7. – Diagnóstico .................................................................................................22
2.8. - Prevenção e controle ...................................................................................22
3.0. - MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................24
4.0. - RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................................25
CONCLUSÕES .....................................................................................................29
REFERENCIAS ....................................................................................................30
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LISTA DE FIGURAS
Fig.1 Presença de cistos (cisticercose) na musculatura – bovino ..........
Pág. 11
Fig. 2 Presença de cistos (cisticercose) na musculatura – bovino ..........
Pág. 12
Fig. 3 Presença de cistos (cisticercose) na musculatura – bovino ..........
Pág. 12
Fig. 4 Taenia saginata .............................................................................
Pág. 13
Fig. 5 Ciclo da Taenia saginata …...………........…………………………..
Pág. 16
Fig. 6 Medidas preventivas …………..........….....…………………...…….
Pág. 23
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LISTA DE GRÁFICOS
1. Quantidade de animais abatidos conforme divisão regional da
CIDASC (Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola do
Estado de Santa Catarina) .................................................................
Pág. 27
2. Números de carcaças encontradas com cisticercose conforme
divisão
regional
da
CIDASC
(Companhia
Integrada
de
Desenvolvimento Agrícola do Estado de Santa Catarina) …………...
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Pág. 28
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1.0. - INTRODUÇÃO
Dentre as lesões encontradas na linha de inspeção em matadouro
frigorífico de bovinos no estado de Santa Catarina, a cisticercose se apresenta
como uma das mais freqüentes. Essa patologia tem envolvimento direto do
homem, sendo essa peça chave para o ciclo de vida do parasita mostrando-se um
assunto de saúde pública. Considerando a relevância do assunto em tela, nas
suas diferentes dimensões, econômica, social e de saúde pública, a presente
pesquisa tem o objetivo de realizar a prevalência em estabelecimentos de abate
de bovinos sob à égide do serviço de inspeção estadual, constituindo-se através
da colheita dos dados obtidos fornecer subsídios aos órgãos de saúde pública
para ações preventivas.
A alta prevalência da cisticercose bovina representa uma perda econômica
visível, afetando diretamente a industria da carne, que sofre uma depreciação de
seu valor da ordem de 10 a 12%, dependendo do país (ABDUSSALAM, 1975;
GONZALES LUARCA, 1984).
Esta parasitose representa um grande problema de saúde pública que
atinge em maior número, classes com menor poder aquisitivo sabendo-se que o
único hospedeiro definitivo deste parasita é o homem.
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As característica morfológicas macróscopicas em relação aos cistos
encontrados nos bovinos e nos suínos são muito semelhantes. A cisticercose
suína é denominada em algumas regiões do Brasil como “canjiquinha”, “pipoca”,
“querela”, sendo presente em algumas regiões
com criações de suínos não
tecnificadas.
A cisticercose bovina tem se apresentado em achados de sala de matança
em estabelecimentos sob inspeção veterinária, constituindo-se no achado de
maior percentagem entre as demais enfermidades registradas, ocasionado perdas
econômicas significativas, considerando os destinos que são reservados,
segundo a legislação em vigor.
A ocorrência desta parasitose vem sendo observada ao longo dos anos,
com taxas de prevalência, que variam de Estado para Estado, conforme se
observa nos trabalhos citados por Ungar & Germano (1992), Zampini (1994),
Freitas & Palermo (1996), Reis et al. (1996), Carmos et al. (1997) e Souza et al.
(1997).
Considerando a relevância do assunto em tela, nas suas diferentes
dimensões, econômica, social e de saúde pública, a presente pesquisa tem o
objetivo de realizar a prevalência em estabelecimentos de abate de bovinos sob à
égide do serviço de inspeção estadual, constituindo-se através da colheita dos
dados obtidos e o estudos de seus resultados, fornecer subsídios aos órgãos de
saúde pública para a promoção de
ações preventivas para esta importante
parasitose.
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2.0. - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1. - Histórico
Atentando-nos à história natural das tênias, veremos que elas são
conhecidas desde os tempos pré-históricos (FOSTER, 1965).
ANTONIUK (1994) conta que o medo da cisticercose ocorria a 300 anos
antes de Cristo, quando a lei dos judeus proibia, sob pena de prisão, a ingestão
da carne suína, devido à descrição de Aristóteles sobre a cisticercose nos suínos.
Moisés e Maomé também contribuíram para esse conceito errado de que o porco
é transmissor da cisticercose, pois proibiram o consumo da carne suína, tentando
evitar as parasitoses. Historiadores também mencionam que Joana D’arc, quando
foi queimada em praça pública e submetida a uma necrópsia, o lobo temporal
esquerdo não foi queimado por apresentar cisticercos racemosos calcificados.
FOSTER (1965), considerando as descrições sobre as tênias encontradas
nos trabalhos da antigüidade, somadas aos conhecimentos modernos sobre a
história natural destes parasitas e sobre os hábitos modernos alimentares dos
povos que viviam ao redor do Mediterrâneo, concluiu que as espécies de tênias
prevalentes naquela época eram a Taenia solium e a Taenia saginata, com
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predominância da segunda. Este mesmo autor afirma que Andry, em 1718, foi o
primeiro a fazer uma ilustração de uma tênia humana, na qual se visualizavam,
perfeitamente, as 4 ventosas e a ausência de coroa de ganchos no escólex da T.
saginata.
O ciclo da T. saginata foi estabelecido por Leuckart, em 1861, que
administrou proglotes por via oral a bezerros, obtendo a forma larvar e, por Oliver,
em 1869, que reverteu o procedimento de Leuckart, obtendo a forma adulta ao
infectar homens com cisticercos de bovinos (DEWHIRST, 1975).
O nome de Cisticercus foi dado por Laennec em 1804 e deriva das
palavras gregas “Kystic” = vesícula e kercos = apêndice ou cauda. O sobrenome
de “cellulosae” foi dado por Rudolphi em 1809, que além de achar que as
vesículas eram animais, considerava que o seu aspecto lembrava o do tecido
conjuntivo. Van Beneden (1853) foi o primeiro a suspeitar da relação do cisticerco
com as tênias, estando relacionadas à Kucknmeister (1855) e a Leuckart (1856),
a melhor identificação e caracterização dos cisticercos e a Virchow (1860), a
definição de seu ciclo de vida (PAWLOWSKI & SCHULTZ, 1972).
2.2. - Etiologia
De acordo com a chave parasitológica, RENÚNCIO (1997 apud ALVES,
2000)
reporta que o complexo é formado pela Taenia solium e pela Taenia
saginata, que pertencem à classe Cestoidea, ordem Cyclophillidea, família
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Taenidae e gênero Taenia e suas respectivas formas larvares: Cysticercus
cellulosae e Cysticercus bovis.
FIGURA 1: Presença de cistos (cisticercose) na musculatura - bovino
Fonte:http://www.canaltortuga.com.br/noticiário/pág_noticia.asp?categoria=12&co
ntrole=12 (2008)
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FIGURA 2: Presença de cistos (cisticercose) na musculatura - bovino
Fonte:http://www.canaltortuga.com.br/noticiário/pág_noticia.asp?categoria=12&co
ntrole=12 (2008).
FIGURA 3: Presença de cistos (cisticercose) na musculatura - bovino
Fonte:http://www.canaltortuga.com.br/noticiário/pág_noticia.asp?categoria=12&co
ntrole=12 (2008).
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FIGURA 4: Taenia saginata.
Fonte: www.ufrgs.br/.../Animalia/Taenia%20saginata.htm (2008).
2.3. - Reservatórios
Sabidamente, o homem passa a ser a peça mais importante deste
complexo, tornando-se o vilão da história. É o único hospedeiro definitivo da
forma adulta da Taenia saginata. Os bovinos (Bos taurus e B. indicus) e os
búfalos (Bubalus bubalus) representam as vítimas deste parasita, sendo os
hospedeiros intermediários da forma larval. Os ruminantes silvestres, tais como
antílopes, gazelas, girafas, gnus, lhamas e renas, também podem ser portadores.
(ABDUSSALAM, 1975; PAWLOWSKI, 1982; SOULSBY, 1982).
É preciso ressaltar ainda que, não é o consumo de carne bovina e suína
que levam a cisticercose e, sim a teníase (parasitismo instestinal pelas
“solitárias”). A cisticercose só é adquirida pelo homem pela ingestão de ovos da
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Taenia, dessa forma nota-se a grande importância de hábitos higiênicos pessoais
no preparo de alimentos e fonte adequada de água.
A tênia no homem é conhecida também como “solitária” pelo fato de, na
maioria das vezes, ser encontrada apenas um único exemplar no intestino do
hospedeiro. Todavia, alguns autores têm descrito casos de infecção múltipla por
T. saginata e de infecção associada a outros parasitas, inclusive pela T. solium
(DONKCASTER & DONOSO, 1960; PAWLOWSKI & SCHULTZ, 1972).
2.4. - Ciclo evolutivo
O ciclo da tênia implica na existência de dois hospedeiros e uma fase de
vida livre.
Teniase e Cisticercose são duas entidades morbidas distintas, causadas
pela mesma espécie de helminto do gênero Taenia em fases de vida diferentes.
Representam um verdadeiro antropozoonótico, no qual o homem é o hospedeiro
definitivo e essencial disseminador da doença, e os animais vertebrados agem
como hospedeiros intermediários (ACHA, 1989).
A teníase humana decorre da presença do cestódeo Taenia saginata no
intestino delgado do homem, sendo a forma larvar do metacestodeo (Cysticercus
bovis) a causadora da cisticercose bovina. Como citado anteriormente, o homem
passa a ser a peça mais importante deste complexo, tornando-se o vilão da
história. É o único hospedeiro definitivo da forma adulta da Taenia saginata.
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(PAWLOWSKI, 1982). Localizações erráticas podem ocorrer em diferentes pontos
do organismo, tais como, vesícula biliar, apêndice vermiforme e tecido adenóide
da nasofaringe (SHAKHSUVARLI et al., 1964 apud PAWLOWISKI, 1972).
As proglotes maduras da Taenia são eliminadas no intestino juntamente
com as fezes; no meio ambiente, degeneram e deixam livres os ovos,
embrióforos, que encerram o embrião (hexacanto) (VERONESI et al. 1991). REY
(1992) afirma que em cada uma das proglotes podem conter até 80.000 ovos que
serão eliminados no ambiente.
Os ovos no meio ambiente podem resistir mais ou menos tempo,
dependendo da umidade relativa do ar e da temperatura ambiente. De uma forma
geral, os ovos podem permanecer viáveis durante semanas e até meses
(PAWLOWSKI & SCHULTZ, 1972).
GEMEMEL et al. (1983) explica que quando os ovos de tênia são ingeridos
pelos hospedeiros intermediários, os embriões (oncosferas) se libertam do ovo no
intestino delgado pela ação do sucos digestivos e bile. As oncosferas penetram
na parede intestinal e, em 24 a 72 horas difundem-se no organismo através da
circulação sangüínea. Ocorre então formação de cisticercos nos músculos
esqueléticos e cardíacos.
PARDI et al. (1952) dizem que dentre os sítios preferências onde se alojam
os cisticercos, estão os músculos mastigadores (Masseteres, Pterigóides internos
e externos), língua e coração.
Os primeiros cisticercos maduros podem ser encontrados 3 meses após a
infecção, sendo deste modo, já infectantes para o homem (SILVERMAN &
HULLAND, 1961).
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A infecção do homem se dá pela ingestão da carne parasitada pela forma
larvária, consumida crua ou que tenha sofrido apenas cocção parcial (MORAES et
al. 1971). Após ser ingerido pelo homem, os cisticercos viáveis sofrem ação dos
sucos gástrico e intestinal, resultando na evaginação do escolex e conseqüente
fixação na mucosa intestinal, completando desta forma, o ciclo biológico da T.
saginata (PAWLOWSKI & SCHULTZ, 1972).
Cerca de 62 a 72 dias após a infecção a larva, atinge seu estágio adulto e
inicia a eliminar os primeiros proglotes que saem através das fezes (ACHA &
SZIFRES, 1991).
FIGURA 5: Ciclo da Taenia saginata
Fonte: http://www.cve.saude.sp.gov.br/htm/hidrica/Taenia_sag.htm (2006).
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2.5. - Transmissão
A transmissão da cisticercose pode ser direta, horizontal e vertical, ou
indireta. A forma direta horizontal acontece quando um homem com teníase
estimula
bezerros
para
o
aleitamento
artificial,
colocando seus dedos
contaminados com ovos na boca dos animais. Esta forma de transmissão pode
acontecer, particularmente, em confinamentos, onde apenas uma fonte de
infecção pode gerar um surto de cisticercose (PAWLOWSKI, 1982; SOULSBY,
1975). A transmissão direta vertical, ou transmissão transplancetária da
cisticercose bovina é citada por alguns autores como MAC MANUS (1960), porém
a sua importância epidemiológica em condições naturais ainda não foi
confirmada.
A transmissão indireta é a mais característica da doença, e as vias de
transmissão abrangem a água, o solo, as pastagens, a silagem, o feno, os vetores
mecânicos e os carreadores (PAWLOWSKI, 1982).
Observando a origem dos animais com cisticerco encontrado na linha de
inspeção, podemos afirmar que a transmissão indireta acontece principalmente
nas regiões aonde se cultivam erva-mate, extração de pinha e corte de árvores no
Estado de Santa Catarina, pois os funcionários que desempenham essas
atividades não possuem educação na área sanitária, com isso, não tomam
antihelminticos possuindo a forma adulta do parasita, e defecam ao ar livre
contaminando rios e pastagens.
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Há fatores que auxiliam a dispersão dos ovos tais como: a contaminação
fecal do solo, o transporte através do vento, aves, anelídeos e artrópodes
(moscas, besouros, traças, formigas, pulgas e ácaros orbatídeos) (LAWSON,
1982; GEMMELL & LAWSON, 1982; GEMMELL et al., 1983).
2.6. - Patogenia e sintomas
2.6.1. - Cisticercose bovina
O cisticerco é considerado viável quando está na etapa vesicular, isto é,
com a presença de uma membrana transparente contendo líquido e a larva
invaginada em seu interior. Na primeira etapa a resposta imune pode variar de
tolerância até intensa resposta inflamatória. A próxima etapa é a coloidal, na qual
a vesícula aparece mais espessa e com líquido turvo ou fracamente gelatinoso
esbranquiçado e a larva fragilizada. O escólex apresenta sinais de degeneração
hialina. A terceira etapa é a granular, na qual, a vesícula tende a reduzir seu
tamanho, seu conteúdo torna-se semisólido e o cisticerco não está mais viável. O
escólex é transformado em um granulo mineralizado. A etapa final ou calcificada
consiste em um nódulo sólido, mineralizado, rodeado totalmente por cápsula de
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tecido conjuntivo denso, formando um granuloma (SOTELO & DEL BRUTO, 2000;
LINO JR. et al., 2002).
Dentre os sítios preferências onde se alojam os cisticercos, estão os
músculos mastigadores (Masseteres, Pterigóides internos e externos), língua e
coração. Exames post-mortem efetuados em 35 mil bovinos abatidos em Barretos
- SP (PARDI et al., 1952), constatou-se que 70% da cisticercose localizavam-se
nos músculos mastigadores, 32% no coração e 1,5 % na língua. Além destas
localizações mencionadas, podem ocorrer no diafragma, esôfago, membros
anteriores e posteriores e, ocasionalmente, no tecido adiposo, fígado, pulmão, rim
e linfonodos (GRACEY, 1986; WALTHER & KOSKE, 1980; REIS et al, 1996).
2.6.2. - Cisticercose humana
Os cisticercos são geralmente múltiplos, com 0,5 a 2,0 cm de diâmetro,
distribuídos por todo o corpo. Muitos pacientes têm sintomas mínimos de
infestação e, às vezes nenhum. Por outro lado, a neurocisticercose sintomática
tem mortalidade estimada de até 50% e exige atenção médica. A cisticercose do
parênquima do Sistema Nervoso Central está associada a convulsões,
comprometimento intelectual e alterações na personalidade. A compressão
devido à tumefação ou inflamação em volta dos cistos pode provocar déficits
focais, sinais de edema cerebral e/ou hidrocefalia, e a hipertensão intracraniana
pode se manifestar por vômitos, cefaléia e distúrbios visuais. As alterações
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sensoriais podem constituir-se em apatia, amnésia, demência, alucinação e
distúrbio emocional (BENNETT & PLUM, 1997).
A cisticercose pode causar diferentes quadros clínicos em alguns
indivíduos dependendo da localização anatômica e da reação imunológica do
hospedeiro. Os cisticercos podem ser encontrados na forma ativa provocando
aracnoidite, hidrocefalia por obstrução na comunicação dos ventrículos
encefálicos, inflamação meningea, cistos parenquimatosos, enfarte cerebral; ou
na forma inativa provocando calcificações parênquimatosas ou hidrocefalia
secundária a fibrose subaracnoidea. Os sinais/sintomas mais comuns da
cisticercose na forma encefálica são epilepsia, cefaleia, papiledema, vômitos,
sinais piramidais. O enfarte cerebral lacunar que é a complicação cerebrovascular
mais comum na neurocisticercose cerebral é resultado da oclusão arterial
secundária a intensa reação inflamatória dentro do espaço subaracnóide, também
já foram descritos casos de grandes enfartes. Aracnoidite pela cisticercose é
associada em muitos casos com a hidrocefalia.
RUBIO-DONNADIEU (1988) diz que a neurocisticercose, embora sendo
uma doença tratável em muitos casos, é geralmente uma infecção aguda ou com
um passado longo, afetando a qualidade de vida do paciente e com um
envolvimento social. A doença é socioeconomicamente importante, pois 75% dos
pacientes
com
neurocisticercose
estão
em
idade
produtiva,
e
estão
freqüentemente inaptos para trabalhar.
A alta freqüência desta parasitose está relacionada com os seguintes
fatores: más condições higiênicas, como a ausência de banheiros e falta de água
potável;
conhecimento
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inadequado
da
população
sobre
esta
doença;
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contaminação do meio ambiente com os agentes causadores dessa enfermidade
pela defecação ao ar livre, irrigação de hortaliças com água contaminada, e venda
da carne com cisticercos (FLISSER, 1991).
Alguns autores sustentam que a cisticercose humana por T. saginata é
extremamente rara ou não ocorre (ACHA & SZIFRES, 1986; ORGANIZACION
PANAMERICANA DE LA SALUD, 1994) enquanto outros admitem a possibilidade
de haver cisticercose humana por ambas as espécies de tênia (PAWLOWSKI &
SCHULTZ, 1972; GEMMELL et al., 1983; REY, 1992).
2.6.3. - Teníase
O tempo prolongado de parasitismo no homem pela tênia pode resultar
em reações tóxico-alérgicas, provocar hemorragias no ponto de sua fixação na
mucosa intestinal, destruir o epitélio e causar inflamação com hipo ou
hipersecreção de muco (NASCIMENTO, 1985). Os sintomas, decorrentes da
infecção por T. saginata estudados por PAWLOWSKI e SCHULTZ (1972), em
3.110 pacientes, mostram uma diversidade de manifestações, tais como: perda de
peso, náuseas, fraqueza, aumento do apetite, cefaléia, diarréia, constipação, e
até
quadros de tontura e excitação, todos de freqüência variável. Dentro do
quadro clínico, não existe um sintoma patognomônico. No entanto, a expulsão
ativa ou passiva das proglotes, constitui um sinal característico da infecção, o qual
foi constatado em 98,3% dos casos observados.
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2.7. – Diagnóstico
O diagnóstico clínico da neurocisticercose cerebral é difícil dado ao grande
polimorfismosintomatológico. Testes imunológicos podem facilitar o diagnóstico
de pacientes sintomáticos. Existem vários métodos imunológicos que são
utilizados para a detecção de anticorpos específicos. O diagnóstico por imagem,
tais como, tomografia computadorizada e ressonância magnética nuclear foram
melhorando a precisão do diagnóstico. Entretanto, áreas hipodensas e
hiperdensas na tomografia computadorizada não são exclusivas de cisticercos e
essas tecnologias são mais caras do que os métodos imunológicos (FLISSER,
1991).
2.8. - Prevenção e controle
Segundo PAWLOWSKI (1982) tem-se pouca experiência no que se refere à
execução de programas de prevenção do complexo teníase-cisticercose, sendo
que tais procedimentos necessitam de confirmação na prática. Os programas de
prevenção e controle do complexo teníase-cisticercose abrangem medidas
aplicáveis
às
populações,
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humana
e
bovina,
e
ao
meio
ambiente.
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As medidas aplicáveis ao meio ambiente objetivam orientar a população
rural, principalmente quanto ao destino adequado das excretas humanos,
evitando-se a contaminação da água, solo e alimentos e não utilizar efluentes de
esgotos para a irrigação de pastagens (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE LA
SALUD, 1979; PAWLOWSKI, 1982).
FIGURA 6: Medidas preventivas
Fonte: FUNDEPECA (sem data).
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3.0. - MATERIAL E MÉTODOS
Os métodos utilizados na linha de inspeção nos matadouros frigoríficos
para a pesquisa da cisticercose, constituem-se no que está preconizado pelo
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, através do RIISPOA,
assim como, os critérios adotados para o critério de julgamento e o destino das
carcaças, órgãos e vísceras.
Os dados colheitados para a presente pesquisa, foram registrados em
papeleta própria obtidos em um estabelecimento de abate de bovinos, sob a
égide do Serviço de Inspeção Estadual, durante a inspeção na sala de matança
de um total 19.072 bovinos, durante o período de janeiro à dezembro de 2006,
procedentes de diversos municípios do Estado de Santa Catarina como
demonstrado no gráfico 1.
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4.0. - RESULTADOS E DISCUSSÃO
Dos 19.072 bovinos abatidos no ano de 2006, 268 carcaças encontraramse com cisticercose (gráfico 2), o que demonstra prevalência de 1,40% A
prevalência, pontuada na presente pesquisa, comparada aos autores citados na
revisão bibliográfica configura um percentual significativo, o sugere uma alta
contaminação ambiental por ovos de taenia eliminada pelo homem.
RICCETTI
et
al.
(1989)
apresentaram
estudo
de
investigação
epidemiológica sobre as zoonoses de maior constatação em bovinos, e
verificaram que a cisticercose estava entre os três primeiros, nos seis estados
brasileiros em que a pesquisa foi realizada. Dos 611 municípios pesquisados, a
cisticercose estava presente em 574 deles, correspondendo a um percentual de
93,94%.
Os nossos achados não foram concordantes com os dados obtidos
pelos autores, quando foram registrados em 69 municípios pesquisados, destes
38 municípios apresentaram bovinos com cisticercose, correspondendo a 55,07%
do total pesquisado.
SANTOS et al. (1996) pontuam, que a prevalência da cisticercose bovina
no Brasil detectada nos estabelecimentos inspecionados pelo Serviço de
Inspeção Federal – Ministério da Agricultura, Abastecimento e Reforma Agrária –
(MAARA), é de 6%, sendo superior a da cisticercose suína (0,5-1%). Nossos
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26
achados estabeleceram para o período de janeiro a dezembro de 2006 em
relação aos bovinos abatidos procedentes de 69 municípios a prevalência de
1,405% .
TABELA 1: DADOS E RESULTADOS OBTIDOS NA LINHA DE INSPEÇÃO EM
MATADOURO FRIGORIFICO – SERVIÇO DE INSPEÇÃO DO ESTADO DE
SANTA CATARINA NO ANO DE 2006.
Regiões conforme
N. de animais
Quantidade de
administrações regionais
abatidos
animais positivos
ADR de Chapecó
1575
4
0,254
ADR de Concórdia
21
1
4,762
ADR de Campos Novos
2309
58
2,512
ADR de Caçador
411
3
0,730
ADR de Mafra
1943
26
1,338
ADR de Lages
5038
66
1,310
ADR de Rio do Sul
34
0
0
ADR de Itajaí
67
0
0
ADR de São José
0
0
0
ADR de Criciúma
0
0
0
ADR de Tubarão
110
0
0
ADR de Joinville
372
7
1,882
ADR de São Miguel do Oeste
246
2
0,813
Central
0
0
0
Terminal Graneleiro
0
0
0
Posto Agropecuário de Indaial
0
0
0
Dragagem de Tubarão
0
0
0
ADR de Videira
314
3
0
ADR de Xanxerê
3361
35
1,041
ADR de Blumenau
902
27
2,993
ADR de Joaçaba
1270
24
0,787
ADR de Canoinhas
710
6
0,845
ADR de São Joaquim
433
6
1,386
19072
268
1,405
Total
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%
http://www.pdf4free.com
PDF Creator - PDF4Free v2.0
Catarina)
0
0
0
0
Posto Agropecuário de Indaial
Dragagem de Tubarão
314
ADR de São Joaquim
902
ADR de Canoinhas
1575
ADR de Joaçaba
ADR de Blumenau
ADR de Xanxerê
ADR de Videira
0
Terminal Graneleiro
Central
ADR de São Miguel do Oeste
ADR de Joinville
ADR de Tubarão
ADR de Itajaí
34 67
ADR de Criciúma
21
372 246
0 110
0
ADR de São José
411
ADR de Rio do Sul
ADR de Lages
ADR de Mafra
1000
ADR de Caçador
ADR de Campos Novos
2000
ADR de Concórdia
ADR de Chapecó
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27
Número de animais abatidos
6000
5000
5038
4000
3361
3000
2309
1943
1270
710
433
GRÁFICO 1: Quantidade de animais abatidos conforme divisão regional da
CIDASC (Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola do Estado de Santa
28
Número de Caracaças Bovina com Cisticercose
70
66
58
60
50
40
35
27
30
26
24
20
6
ADR de São Joaquim
Dragagem de Tubarão
ADR de Joaçaba
Posto Agropecuário de Indaial
ADR de Blumenau
0
ADR de Xanxerê
0
ADR de Videira
0
Terminal Graneleiro
Central
ADR de São José
6
3
0
0
ADR de São Miguel do Oeste
ADR de Itajaí
0
ADR de Joinville
0
ADR de Tubarão
0
ADR de Criciúma
0
ADR de Rio do Sul
ADR de Lages
2
ADR de Mafra
ADR de Caçador
ADR de Concórdia
ADR de Chapecó
0
http://www.pdf4free.com
3
1
ADR de Campos Novos
4
ADR de Canoinhas
7
10
GRÁFICO 2 – Números de carcaças encontradas com cisticercose conforme
divisão regional da CIDASC (Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola
do Estado de Santa Catarina) - 2006
Os levantamentos bibliográficos realizados configurados acima sobre a
neurocisticercose, podem afirmar que apesar das semelhanças exitentes entre a
T. saginata e T.solium, inclusive em relação a ecologia parasitária, ainda não foi
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creditado científicamente a neurocisticercose produzida por cisticercus bovis no
homem. Todavia não se deve descurar sobre a importãncia da teníase no homem
considerando sua importãncia para saúde pública.
29
CONCLUSÕES
1. O estudo apresentado configura um percentual (1.40%) significativo de
cisticercose bovina no Estado de Santa Catarina;
2. Os achados obtidos na presente pesquisa reforçam a necessidade de uma
maior conscientização da população sobre o complexo teníase e
cisticercose;
3. Promoção de
ações integradas pelos diversos orgãos dos estado
no
âmbito da educação sanitária e ambiental, tendo em vista as ações de
caráter preventivas
4. Proceder um rigoroso combate ao abate clandestino, evitando que
carcaças
e orgãos infectados com cisto possam ser destinados ao
consumo humano.
5. Considerando que os ovos da T.saginata não reproduz a Cisticercose
Humana, não se pode descurar sua importancia em saúde pública, no que
se refere, as formas do parasita adulto para o homem, assim como, em
relação a presença de cistos nos bovinos acarretando sérios prejuizos pela
condenação , ou mesmo sob condições de aproveitamento condicional
gerando um maior custo na obtenção da carne com higidez.
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