MAIOR OFERTA POR ATIVOS DA LBR É DE VENEZUELANA
Entre as principais propostas, a de maior valor é da venezuelana Unaquita, que ofertou
R$ 535 milhões por sete unidades de produção isoladas.
A LBR Lácteos Brasil publicou ontem as propostas das 16 empresas interessadas em
comprar ativos que colocou à venda dentro de seu plano de recuperação judicial.
Entre as principais propostas, a de maior valor é da venezuelana Unaquita, que ofertou
R$ 535 milhões por sete unidades de produção isoladas (UPIs). Pelos termos da
proposta, a Unaquita pagaria R$ 35 milhões à vista. Outros R$ 300 milhões seriam
pagos em dez anos, em 120 parcelas mensais de R$ 2,5 milhões. Depois de dez anos, a
empresa venezuelana pagaria mais uma parcela única de R$ 200 milhões à LBR. A
Unaquita também propõe investir R$ 110 milhões em capital de giro para "assegurar a
viabilidade da nova operação".
As UPIs envolvidas na proposta da Unaquita, estão a São Gabriel (RS), que produz leite
longa vida; a UPI Líder, que inclui dois laticínios, em Lobato (PR) e Presidente Prudente
(SP) e a marca Líder; a UPI Fazenda Vila Nova, que inclui unidade de leite longa vida e
leite em pó em Fazenda Vila Nova (RS); a Barra Mansa, que inclui a marca DaMatta e
unidades em Barra Mansa (RJ) e Miradouro (MG); a UPI Ibituruna, que contém apenas
a marca Ibituruna; a UPI Poços de Caldas, que inclui equipamentos para a produção de
requeijão em São Luiz dos Montes Belos (GO) e as marcas de requeijão Poços de
Caldas e Paulista; e a UPI Bom Gosto, que inclui apenas a marca de mesmo nome.
A francesa Lactalis, que no ano passado chegou a negociar a compra do controle da
LBR, fez uma proposta considerada de valor baixo por fontes do mercado. A proposta
foi feita por meio da Lactalis do Brasil, afiliada da Parmalat S.p.A - controlada pelo
grupo Lactalis -, e prevê o pagamento de R$ 150 milhões por cinco UPIs: Líder, Fazenda
Vila Nova, Barra Mansa, Boa Nata (unidades em Curral Novo e Pouso Alto e a marca
Boa Nata) e Poços de Caldas.
Além das UPIs, a proposta também envolve a aquisição de sede, escritórios
administrativos e "outras atividades de suporte" do grupo LBR. Prevê, ainda, a
transferência de funcionários.
Segundo a proposta da Lactalis, o pagamento será feito na data de fechamento do
negócio, "com recursos imediatamente disponíveis". Como a LBR tem a licença do uso
da marca Parmalat - que pertence à Lactalis - até 2017, a Lactalis do Brasil colocou
como condicionante para a compra das UPIs que todos os contratos de uso de marca
existentes hoje sejam rescindidos e todos os direitos previstos nos contratos de uso da
marca sejam devolvidos para a Parmalat S.p.A. Além disso, a LBR terá de interromper o
uso de todas e quaisquer marcas Parmalat (respeitados os períodos de carência
estabelecidos nos contratos de uso) e devolver para a Parmalat ou destruir todo o
material publicitário ou promocional relativo à marca.
Fontes do setor consideram que essa condicionante pode dificultar uma eventual
compra dos ativos pela Lactalis.
Em sua oferta, a Lactalis argumenta que "após 10 anos sem presença direta no Brasil, a
Parmalat deseja aproveitar a oportunidade de administrar diretamente sua marca em
país que representa 200 milhões de consumidores, e possui um grande potencial de
desenvolvimento para a indústria de laticínios". Além disso, afirma que "estabelecer
uma presença relevante no Brasil, um dos cinco maiores mercados de laticínios do
mundo, é fundamental para a empresa global deste segmento, como o grupo Lactalis".
A Vigor Alimentos, controlada pela J&F, fez duas propostas independentes pelos ativos
da LBR. Juntas, as duas propostas somam R$ 40 milhões. Na primeira, a Vigor oferece
R$ 30 milhões pela UPI Garanhuns, que inclui uma unidade de leite UHT, creme de
leite, leite em pó e leite condensado. Pelos termos da proposta, a Vigor pagaria R$ 5
milhões à vista e os outros R$ 25 milhões em parcelas anuais de R$ 5 milhões,
corrigidas pelo IGPM.
Na segunda proposta, a Vigor oferece R$ 10 milhões pela UPI Poços de Caldas. A
proposta feita pela Vigor prevê o pagamento de R$ 2,5 milhões à vista e os outros R$
7,5 milhões divididos em cinco parcelas anuais de R$ 1,5 milhões, também corrigidos
pelo IGM da FGV.
Controlada pela Vigor e pela Cooperativa Central dos Produtores Rurais de Minas
Gerais (CCPR), a Itambé ofereceu R$ 60 milhões pela UPI Tapejara. Essa UPI inclui uma
planta de UHT e leite em pó em Tapejara (RS). A Itambé propõe pagar R$ 10 milhões à
vista e os R$ 50 milhões restantes em cinco parcelas anuais de R$ 10 milhões,
corrigidas pelo IGMP. A proposta da Itambé segue o mesmo padrão das ofertas feitas
pela Vigor.
A ARC Medical Logística, com sede na cidade de Itu (SP) fez cinco propostas. A primeira
delas de R$ 3 milhões pela UPI São Gabriel (MT), com pagamento em de seis parcelas
mensais e consecutivas. A segunda pela UPI de Garanhuns, por R$ 50 milhões. A
terceira pela UPI Líder, por R$ 65 milhões, com abatimento do valor antecipado a título
de arrendamento. A quarta proposta é pela UPI Tapejara, por R$ 65 milhões, e a quinta
pela UPI Poços de Caldas, por R$ 35 milhões, com dedução do valor antecipado a título
de arrendamento.
Segundo fontes do setor, essas unidades já teriam sido vendidas para a ARC, que as
arrendou para a LBR. Assim, as ofertas de aquisição seriam uma estratégia de defesa.
O laticínio Bela Vista fez uma oferta pela UPI Leitbom (marca LeiteBom), por R$ 7,5
milhões. Esse montante seria pago em três parcelas mensais de R$ 2,5 milhões.
Já a Italac informou que só fará uma proposta caso haja um novo edital. A empresa
justificou a ausência de propostas efetivas devido à "exiguidade dos prazos para a
análise e constatação dos ativos e passivos de cada UPI" prevista no primeiro edital de
leilão.
Além dessas, também fizeram ofertas a Agricoop, Colorado, Cooperativa Vale do Rio
Doce, Lactojara, Laticínios Montes Belos, Laticínio Deale, Marcelinense, Tangará e
Value Bridge. Uma assembleia de credores da LBR no dia 28 de julho irá avaliar as
melhores ofertas.
Fonte: Valor Econômico
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