Em nossa caminhada pelas cartas que compõem a espinha dorsal dos ensinos de Paulo às igrejas neotestamentárias, chegamos à terceira delas neste trimestre de estudos: a Epístola aos Filipenses. As evidências contidas no texto levam a grande maioria dos historiadores a advogar a prisão em Roma e os anos de 58 a 60 da era cristã, como o local de origem e a data aproximada da carta, durante o primeiro aprisionamento de Paulo. A passagem de Paulo por Filipos é uma das páginas mais esplendorosas do trabalho evangelístico do apóstolo acompanhado, no caso, por Silas. Ela está narrada em Atos 16.12-40, quando o apóstolo inicia a evangelização da Europa conforme lhe determinara a visão. Nesta cidade ele trabalha objetivamente em duas casas, primeiramente com Lídia, a fabricante de púrpura da cidade e depois na casa do anônimo carcereiro da prisão em Filipos, onde ele se hospeda após o martírio, é tratado, alimentado e prega o evangelho a ele e a toda a sua família. Desses dois núcleos familiares, deve ter surgido então a igreja cristã em Filipos, à qual Paulo vai escrever mais tarde. Esta é mais uma das cartas chamadas “da prisão”. Tudo faz crer que, tomando conhecimento em Roma de que aquela igreja estava recebendo pessoas que ensinavam certas heresias e, que, também, alguns dos líderes da igreja teriam se voltado contra ele em sua liderança, o apóstolo resolve escrever a carta, onde aconselha, responde e adverte. No entanto, apesar disto,vemos que a igreja o amava pois ele agradece a ajuda que dela teria recebido expressando o seu amor pelos crentes ali. Nesta carta, ele expressa também alguma características que devem marcar a vida do crente, falando da confiança, alegria, amor, comunhão e firmeza que deveriam estar presentes neles. Filipos A Macedônia, ficava na chamada região dos balcãs europeus, sendo a cidade de Filipos aquela que ligava-se mais de perto com a Ásia, pela travessia do Estreito de Bósforo. Embora situada dentro de uma planície a 16 quilômetros de distância do mar, foi para lá que Paulo se dirigiu logo que atendeu à visão que recebeu em Trôade, conforme podemos ler em Atos 16.12: “e dali para Filipos que é a primeira cidade desse distrito da Macedônia, e colônia romana; e estivemos alguns dias nessa cidade”. Paulo esteve ali portanto em sua segunda viagem, e passa depois por lá na terceira viagem também, como podemos ler em Atos 20.6. A cidade de Filipos tinha sido uma das mais importantes no período interbíblico, pois fora construída em honra a Filipe, o Grande, o pai de Alexandre, aquele que viria a ser o maior conquistador da Antigüidade. Esta cidade vai marcar muito o ministério de Paulo e ele vai se afeiçoar àquela igreja seja pela participação de Lídia, a sua primeira hospedeira, seja pela recepção que o carcereiro vai lhe dar após a sua libertação notável. Na carta aos filipenses ele vai falar sobre o poder que Deus dá ao crente e à sua igreja de forma que o crente saiba daí para a frente e em todas as épocas que "pode todas as coisas naquele que lhe fortalece“. Vamos abrir então as nossas Bíblias nesta preciosa carta de Paulo. Vamos ler ali, aquilo que escrito a dois mil anos atrás tem muito a ver com todos nós e com todas as igrejas de Cristo, em pleno século XXI. Filipenses 1 e 2 é a nossa jornada de hoje! Filipenses 1.1-6 Uma saudação elogiável 1.Paulo e Timóteo, servos de Jesus Cristo, a todos os santos em Cristo Jesus, que estão em Filipos, com os bispos e diáconos: 2.Graça a vós, e paz da parte de Deus nosso Pai e da do Senhor Jesus Cristo. 3.Dou graças ao meu Deus todas as vezes que me lembro de vós, 4.Fazendo sempre com alegria oração por vós em todas as minhas súplicas, 5.Pela vossa cooperação no evangelho desde o primeiro dia até agora. 6.Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo; Filipenses 1.7-11 A reciprocidade do amor cristão 7.Como tenho por justo sentir isto de vós todos, porque vos retenho em meu coração, pois todos vós fostes participantes da minha graça, tanto nas minhas prisões como na minha defesa e confirmação do evangelho. 8.Porque Deus me é testemunha das saudades que de todos vós tenho, em entranhável afeição de Jesus Cristo. 9.E peço isto: que o vosso amor cresça mais e mais em ciência e em todo o conhecimento, 10.Para que aproveis as coisas excelentes, para que sejais sinceros, e sem escândalo algum até ao dia de Cristo; 11.Cheios dos frutos de justiça, que são por Jesus Cristo, para glória e louvor de Deus. Filipenses 1.12-17 A perseguição como bênção para o Evangelho 12.E quero, irmãos, que saibais que as coisas que me aconteceram contribuíram para maior proveito do evangelho; 13.De maneira que as minhas prisões em Cristo foram manifestas por toda a guarda pretoriana, e por todos os demais lugares; 14.E muitos dos irmãos no Senhor, tomando ânimo com as minhas prisões, ousam falar a palavra mais confiadamente, sem temor.15.Verdade é que também alguns pregam a Cristo por inveja e porfia, mas outros de boa vontade; 16.Uns, na verdade, anunciam a Cristo por contenção, não puramente, julgando acrescentar aflição às minhas prisões. 17.Mas outros, por amor, sabendo que fui posto para defesa do evangelho. Filipenses 1.18-23 A dedicação extrema do apóstolo 18.Mas que importa? Contanto que Cristo seja anunciado de toda a maneira, ou com fingimento ou em verdade, nisto me regozijo, e me regozijarei ainda. 19.Porque sei que disto me resultará salvação, pela vossa oração e pelo socorro do Espírito de Jesus Cristo, 20.Segundo a minha intensa expectação e esperança, de que em nada serei confundido; antes, com toda a confiança, Cristo será, tanto agora como sempre, engrandecido no meu corpo, seja pela vida, seja pela morte. 21.Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho. 22.Mas, se o viver na carne me der fruto da minha obra, não sei então o que deva escolher. 23.Mas de ambos os lados estou em aperto, tendo desejo de partir, e estar com Cristo, porque isto é ainda muito melhor. Filipenses 1.24-30 O sentido de unidade do apóstolo com os seus seguidores 24.Mas julgo mais necessário, por amor de vós, ficar na carne. 25.E, tendo esta confiança, sei que ficarei, e permanecerei com todos vós para proveito vosso e gozo da fé, 26.Para que a vossa glória cresça por mim em Cristo Jesus, pela minha nova ida a vós. 27.Somente deveis portar-vos dignamente conforme o evangelho de Cristo, para que, quer vá e vos veja, quer esteja ausente, ouça acerca de vós que estais num mesmo espírito, combatendo juntamente com o mesmo ânimo pela fé do evangelho. 28.E em nada vos espanteis dos que resistem, o que para eles, na verdade, é indício de perdição, mas para vós de salvação, e isto de Deus. 29.Porque a vós vos foi concedido, em relação a Cristo, não somente crer nele, como também padecer por ele, 30.Tendo o mesmo combate que já em mim tendes visto e agora ouvis estar em mim. Lembremos sempre que em Trôade, Paulo tem a visão que o leva a atravessar o Estreito de Bósforo para chegar à Europa, onde dará início à sua jornada missionária mais expressiva pois estará atingindo o cume da civilização ocidental. À época, Roma dominava o mundo, e Filipos era a 4ª cidade do Império, encrava da na região dos Balcãs, península que corre entre a Albânia, a Bulgária e as antigas Iugoslávia e Tchecoslováquia. Filipenses 2.1-8 Tomando a forma de Cristo 1.Portanto, se há algum conforto em Cristo, se alguma consolação de amor, se alguma comunhão no Espírito, se alguns entranháveis afetos e compaixões, 2.Completai o meu gozo, para que sintais o mesmo, tendo o mesmo amor, o mesmo ânimo, sentindo uma mesma coisa. 3.Nada façais por contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo. 4.Não atente cada um para o que é propriamente seu, mas cada qual também para o que é dos outros. 5.De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, 6.Que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, 7.Mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; 8.E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz. Filipenses 2.9-13 A soberania de Deus 9.Por isso, também Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu um nome que é sobre todo o nome; 10.Para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, 11.E toda a língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai. 12.De sorte que, meus amados, assim como sempre obedecestes, não só na minha presença, mas muito mais agora na minha ausência, assim também operai a vossa salvação com temor e tremor; 13.Porque Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade. Filipenses 2.14-18 Refletindo como astros no mundo 14.Fazei todas as coisas sem murmurações nem contendas; 15.Para que sejais irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis, no meio de uma geração corrompida e perversa, entre a qual resplandeceis como astros no mundo; 16.Retendo a palavra da vida, para que no dia de Cristo possa gloriar-me de não ter corrido nem trabalhado em vão. 17.E, ainda que seja oferecido por libação sobre o sacrifício e serviço da vossa fé, folgo e me regozijo com todos vós. 18.E vós também regozijaivos e alegrai-vos comigo por isto mesmo. Filipenses 2.19-24 Enviando auxílio e apoio 19.E espero no Senhor Jesus que em breve vos mandarei Timóteo, para que também eu esteja de bom ânimo, sabendo dos vossos negócios. 20.Porque a ninguém tenho de igual sentimento, que sinceramente cuide do vosso estado; 21.Porque todos buscam o que é seu, e não o que é de Cristo Jesus. 22.Mas bem sabeis qual a sua experiência, e que serviu comigo no evangelho, como filho ao pai. 23.De sorte que espero vo-lo enviar logo que tenha provido a meus negócios. 24.Mas confio no Senhor, que também eu mesmo em breve irei ter convosco. Filipenses 2.25-30 Reconhecendo o valor do outro 25.Julguei, contudo, necessário mandar-vos Epafrodito, meu irmão e cooperador, e companheiro nos combates, e vosso enviado para prover às minhas necessidades. 26.Porquanto tinha muitas saudades de vós todos, e estava muito angustiado de que tivésseis ouvido que ele estivera doente. 27.E de fato esteve doente, e quase à morte; mas Deus se apiedou dele, e não somente dele, mas também de mim, para que eu não tivesse tristeza sobre tristeza. 28.Por isso vo-lo enviei mais depressa, para que, vendo-o outra vez, vos regozijeis, e eu tenha menos tristeza. 29. Recebei-o, pois, no Senhor com todo o gozo, e tende-o em honra; 30.Porque pela obra de Cristo chegou até bem próximo da morte, não fazendo caso da vida para suprir para comigo a falta do vosso serviço. Conclusão 1) Quantos aspectos positivos você percebeu na igreja em Filipos, na leitura que fizemos? 2) Será que podemos ver pelo menos 10 deles? 3) Será que a nossa igreja possui tais atributos? 4) Você reconhece o valor do outro? 5) Você se dispõe a ajudar o seu irmão?