Domingo, 19 de maio de 2013 por caminhão Ciclista morre atropelado no Rio Rio Um ciclista morreu atropelado por um caminhão, ontem, na Cidade de Deus (zona oeste do Rio). O veículo transportava caixas compactadoras de lixo. (FSP) Felipe Hanower/Agência O Globo Agora Nas ruas A4 19KR401 2.0 11.48 Mulheres criam coragem e pedem a mão dos namorados em casamento A8 Novas regras de inseminação causam correria às clínicas Procura aumenta por preocupação com a nova idade limite e pela busca de novas opções de tratamento Com as novas regras de reprodução assistida, que passaram a valer no dia 8 deste mês, as clínicas de inseminação artificial da capital registraram um aumento de procura por parte de mulheres. Entre as novidades está a possibilidade de compartilhar óvulos e a idade limite para fazer o tratamento. As novas medidas para fertilização são do CFM (Conselho Federal de Medicina). Especialistas afirmam que as consultas aumentaram após as novas regras —tanto de pacientes já em tratamento como de mulheres que pretendem engravidar. “O limite de idade de até 50 anos certamente foi o item que mais causou impacto, em especial nas mulheres na faixa dos 40 anos”, afirma o especialista em reprodução assistida Luiz Eduardo de Albuquerque. Aos 35 anos, Sofia (nome fictício) correu para a clínica com receio da idade. “Entrei na fase em que os riscos aumentam e, por isso, decidi engravidar logo”, conta. Sofia fez laqueadura há mais de uma década —ela já tem três filhos com o marido. O casal decidiu ter um Almeida Rocha/Folhapress quarto filho e foi estimulado a fazer reprodução assistida quando soube da possibilidade da doação compartilhada, uma das novidades. A partir de agora, mulheres de até 35 anos poderão doar óvulos para uma mais velha. Em troca, a doadora terá parte de seu tratamento custeado pela receptora —o processo é anônimo e gerenciado pela clínica. Antes, isso era proibido por ser conside19KR402 rado comércio. A nova regra considera que não há bene4.0 fício financeiro decorrente 31.0 dessa troca entre mulheres. “A regra deixou doadoras e receptoras de óvulos bastante esperançosas”, diz Renato Fraietta, coordenador do grupo de reprodução humana da Unifesp. A nova norma deixa clara a permissão da inseminação artificial para casais gays. A socióloga Laura e sua parceira, Fernanda (nomes fictícios), juntas há quase dois anos, decidiram ter um filho. Laura, que já tem um filho ■Sofia (nome fictício), 35 anos, e o marido querem ter o quarto filho por inseminação artificial; com as de 16 anos, vai emprestar o novas regras, ela poderá doar seus óvulos e ter parte do tratamento custeado pela receptora anônima útero para a inseminação do óvulo da parceira. “Estamos muito felizes em realizar esse sonho juntas”, afirma Laura. “As regras vão beneficiar mais pessoas: incentivar mulheres na faixa dos 40 anos a Engravidar por insemina- mil, em média, incluindo a fertilização custa entre R$ R$ 2.000 e R$ 6.000. Há ouse apressarem e garantir ção artificial não é barato, medicação. Há uma década, 7.000 e R$ 15 mil. As medi- tros custos, como o congelaparticipação maior de casais mas os preços se tornaram o custo era de R$ 40 mil. cações —para ovulação, por mento de embriões. homoafetivos”, diz o espe- mais acessíveis nos últimos Segundo o especialista em exemplo (que podem ser Há opção de inseminação cialista em fertilização Joji anos. Os valores podem va- fertilização do Hospital Sírio custeadas pela doação com- na rede pública, mas a fila Ueno. (Tatiana Cavalcanti) riar entre R$ 15 mil e R$ 35 Libanês João Dias Júnior, só a partilhada)— custam entre chega a cinco anos. (TC) Tratamento está cada vez menos caro Idosa tem gêmeos após tentar 20 anos Entenda as novas regras COMO ERA COMO FICOU Limite de idade Não havia. Cabia ao médico avaliar a possibilidade Pacientes com mais de 50 anos só poderão se submeter ao procedimento com autorização do CRM Grau de parentesco Apenas parentes de até 2º grau (mães, irmãs e avós) da mulher poderiam emprestar o útero (“barriga de aluguel”) para gerar o bebê; demais casos dependiam do parecer do CRM Poderá ser usado útero substituto de parentes de até 4º grau (tias, primas ou sobrinhas de até 50 anos) tanto da família da mulher quanto a do homem Doação compartilhada Não era autorizada por caracterizar comercialização Mulheres de até 35 anos poderão doar parte de seus óvulos anonimamente a mulheres mais velhas. As receptoras deverão custear (também de forma anônima) parte do tratamento das doadoras (medicamentos) Doação de gametas (óvulos e espermatozoides) Não havia limite de idade A idade limite é de 35 anos para mulheres e 50 anos para homens Casais homoafetivos A regra não mencionava gays, apenas A regra permite de forma clara o uso da técnica que “pessoas” _e não “casais”_ tanto para casais masculinos como femininos, poderiam se submeter respeitando o direito de objeção do médico ao procedimento Casais masculinos Irmãs ou outras parentes não poderiam doar útero, pois ação deveria ser anônima Um dos homens faz fertilização com o óvulo de uma doadora desconhecida. Depois, casal escolhe uma parente de até 4º grau para ser a “mãe de aluguel”, inclusive podendo ser a irmã do doador do sêmen Casais femininos Apenas uma das mulheres era fertilizada, com sêmen de doador anônimo. A outra parceira não participava do processo Uma delas pode doar o óvulo (mãe biológica) para a parceira ser a “barriga de aluguel”, com um sêmen desconhecido. Ambas poderão participar do procedimento Descarte de embrião Não previa. Os pais poderiam doar para outros casais, para pesquisas de células-tronco ou manter congelados Além dessas opções, o embrião poderá ser descartado após cinco anos, se for da vontade dos pais Rivaldo Gomes/Folhapress 19KR403 2.0 20.0 ■A auxiliar de cadastro Antônia Letícia Rovati Asti e o marceneiro José Cézar Asti, 56, com Roberto e Sofia Após três tentativas de inseminação artificial, a auxiliar de cadastro Antônia Letícia Rovati Asti realizou o sonho de ser mãe aos 61 anos. Ela deu à luz a um casal de gêmeos, Sofia e Roberto, em outubro no ano passado, em Santos (72 km de SP). Apesar da idade avançada e dos riscos na gravidez (os bebês nasceram prematuros e permaneceram dois meses internados), todos passam bem. “Nossa vida mudou completamente, mas nunca fomos tão felizes”, conta An- tônia, mulher do marceneiro José Cézar Asti, 56 anos. Antônia tentou engravidar por 20 anos. “Nunca desisti, lutei para ser mãe e venci”, afirma a mulher. Especialistas não aconselham uma gravidez após os 50 anos, pois aumenta a possibilidade de doenças como diabetes gestacional e hipertensão. Já Orlando de Castro Neto, ginecologista de Antônia, considera possível, desde que a mãe esteja em bom estado de saúde. (TC) Fontes: Sociedade Brasileira de Reprodução Humana, CFM (Conselho Federal de Medicina), CRM (Conselho Regional de Medicina), especialistas em fertilização Luiz Eduardo Trevisan de Albuquerque (Fertivitro), Renato Fraietta (coordenador do grupo de reprodução humana da Unifesp), Joji Ueno (Clínica Gera), Armindo Dias Teixeira e João Dias Júnior (Sírio Libanês) e ginecologista Orlando de Castro Neto