9
FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA
NÚCLEO DE SAÚDE
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA
Francisca Cleide Rodrigues
PERFIL DO ESTILO DE VIDA DOS PROFISSIONAIS DA SEGURANÇA PÚBLICA DE
UMA DELEGACIA DE POLICIA CIVIL
MONOGRAFIA DE CONCLUSÃO DE CURSO
10
Porto Velho - Rondônia
2008
PERFIL DO ESTILO DE VIDA DOS PROFISSIONAIS DA SEGURANÇA PÚBLICA DE
UMA DELEGACIA DE POLICIA CIVIL
Francisca Cleide Rodrigues
Monografia de conclusão de curso
apresentada ao Departamento de
Educação Física da Universidade
Federal de Rondônia-UNIR, como
requisito parcial para obtenção do grau
de LICENCIADO EM EDUCAÇÃO
FÍSICA.
Orientador:
Prof. Esp. Juarez Alves das Neves júnior
11
Porto Velho – Rondônia
2008
12
FRANCISCA CLEIDE RODRIGUES
“PERFIL DO ESTILO DE VIDA DOS PROFISSIONAIS DA SEGURANÇA PÚBLICA DE
UMA DELEGACIA DE POLICIA CIVIL”
Monografia aprovada como requisito parcial para a obtenção do grau de
licenciado em Educação Fisica da Universidade Federal de Rondônia, pela
Comissão formada pelos professores:
Data da Defesa: 29/08/2008
BANCA EXAMINADORA
Orientador (Presidente da Banca)Prof. Esp.
Juarez Alves das Neves Júnior
Julgamento: ______________ Assinatura: ___________________________________
Prof. Ms.
Ricardo Faria Santos Canto
Julgamento: ______________ Assinatura: ___________________________________
Profª. Ms.
Angeliete Garcez Militão
Julgamento: ______________ Assinatura: ___________________________________
Dedicatória
13
Dedico este trabalho ao Seu Luis, e à Dona Lurdinha, que mesmo sendo semianalfabetos, me ensinaram o valor da educação e do conhecimento para a vida. Obrigada
por não desistirem, face às adversidades. É por causa de vocês que cheguei ate aqui e será
por causa de vocês que vou prosseguir.
14
À DEUS, fonte de toda ciência.
Ao professor
Juarez, pela confiança e amizade. Aos
meus filhos: Ian Luis e Alan Victor, vocês são a minha
vida e me fazem acreditar, a cada dia que passa que
todos os sacrifícios valeram à pena.
Ao meu companheiro Alan Robson, que encheu a minha
vida de alegria. Teu amor me traz vida.
15
Às minhas irmãs Zélia e Cléa. A distancia nos separa,
mas a alma nos une, sempre.
A Mary, por me dar tempo.
SUMÁRIO
Resumo..........................................................................................................................xi
Abstract..........................................................................................................................xii
1INTRODUÇÃO..............................................................................................................9
1.1 Problematização........................................................................................................9
1.2 Justificativa..............................................................................................................11
1.3 Objetivos..................................................................................................................12
1.3.1 Objetivo Geral.......................................................................................................12
1.3.2 Objetivos Específicos...........................................................................................12
2 REVISÃO DE LITERATURA......................................................................................13
2.1 Qualidade de vida...................................................................................................13
2.1.2 Saúde...................................................................................................................14
2.2 Estilo de Vida...........................................................................................................15
2.2.1 Atividade Física....................................................................................................16
2.2.2 Nutrição................................................................................................................18
2.2.3 Estresse................................................................................................................20
2.2.4 Relacionamentos..................................................................................................22
2.2.5 Comportamento Preventivo..................................................................................23
2.3 Promoção da Saúde................................................................................................24
2.4 Saúde Do Trabalhador............................................................................................25
2.5 Os Profissionais De Segurança Publica..................................................................27
2.5.1 Policia Civil...........................................................................................................29
2.5.2 Equipe de Investigação Criminal..........................................................................30
2.5.3 Estrutura de uma Delegacia de Policia................................................................31
3 METODOLOGIA.........................................................................................................33
16
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES...............................................................................35
5 CONCLUSÃO E RECOMENDACÕES.......................................................................44
REFERÊNCIAS ............................................................................................................47
RESUMO
O objetivo deste estudo foi verificar os fatores intervenientes na Promoção da Saúde em
profissionais da Segurança Publica de uma Delegacia de Policia Civil no município de Porto
Velho/RO. Para tanto, utilizou-se o questionário adaptado pelo SESI (Serviço Social da
Industria) daquele desenvolvido por Nahas (2000), que se fundamenta na visão holística de
Saúde e Qualidade de Vida, intitulado “Perfil do Estilo de Vida”, onde incluem:
características Nutricionais, Nível de Stress, Atividade Física habitual, Relacionamentos e
Comportamento Preventivo. Este instrumento de coleta serve como base para intervenções
individuais ou de grupos, objetivando mudanças comportamentais e Promoção da Saúde. A
amostra foi composta por 28 policiais civis, sendo 06 do sexo feminino e 22 do sexo
masculino, com faixa etária que varia de 30 a 50 anos, com predominância de 30 a 49 anos.
Os dados foram analisados através de estatística descritiva, caracterizado pelo somatório,
media aritmética e desvio padrão. Os resultados tiveram uma análise geral dos escores
obtidos por cada componente do estilo de vida, com as respectivas recomendações básicas
(alerta, pode melhorar e vá em frente) a principio no geral, e depois por postos de trabalho.
O resultado no geral mostrou que dos cinco itens analisados Atividade Física, foi o
componente que obteve a menor media, classificando a população estudada em um nível de
alerta. Nos itens Alimentação e Controle do Estresse, a classificação não foi tão baixa
quanto o item anterior, mas recomenda-se melhoria nos comportamentos avaliados. Os dois
últimos itens, Relacionamentos e Controle do Estresse, os índices foram bem satisfatórios,
um incentivo para continuarem nesta direção.
Palavras - chave: Qualidade de Vida, Estilo de Vida, Segurança Pública
17
18
ABSTRACT
The objective of this study was to verify the intervening factors in the Promotion of the Health
in professionals of the Security Publishes of a Police station of Polices Civilian in the city of
Porto Velho /RO. For in such a way, the questionnaire adapted for the SESI (Social Service
of the Industry) daqueledesenvolvido by Nahas was used (2000), that it bases on the holistic
vision of Health and Quality of Life, intitled “Profile of the Style of Life”, where they include:
Nutricionais characteristics, Level of Stress, habitual Physical Activity, Relationships and
Preventive Behavior. This instrument of collection serves as base for individual interventions
or of groups, objectifying mannering changes and Promotion of the Health. The sample was
composed for 28 civil policemen, being 06 of feminine sex and 22 of the masculine sex, with
etária band that varies of 30 the 50 years, with predominance of 30 the 49 years. The data
had been analyzed through descriptive statistics, characterized for the somatório, measured
Arithmetic and shunting line standard the results had had one analyze generality prop up of
them gotten for each component of the life style, with the respective basic recommendations
(alert, it can improve and it goes in front begin) it in the generality, and later for work ranks.
The result in the generality showed that of the five analyzed item Physical Activity, was the
component that got the minor measured, classifying the population studied in a level of alert.
In the item Feeding and Control of the Estresse, the classification was not so low how much
the previous item, but sends regards improvement in the evaluated behaviors. The two last
item, Relationships and Control of the Estresse, the indices had been well satisfactory, an
incentive to be continued in this direction.
Key words: Quality of Life, Style of Life, Security Publishes
19
1.
INTRODUÇÃO
1.1 Problematização
A Promoção da Saúde enquanto fator que se inter relaciona a outros valores como
Qualidade de Vida, Estilo de Vida, Saúde, Bem-estar e seus componentes, tornou-se dentro
do contexto atual, assunto de grande relevância. Porém este não é um tema tão atual, há
muito se fala sobre Promoção da Saúde, passando esta a ser discutida a nível mundial no
ano de 1978, através da CONFERÊNCIA INTERNACIONAL SOBRE CUIDADOS
PRIMÁRIOS DE SAÚDE, em Alma-Ata, URSS.
Para Buss (2000), a Promoção da Saúde foi utilizada a princípio para caracterizar um
nível de atenção da medicina preventiva, atualmente passou a representar um enfoque
político e técnico em torno do processo saúde-doença-cuidado e representa uma estratégia
promissora para enfrentar os múltiplos problemas de saúde que afetam as populações
humanas, tanto num sentido restrito (individual) quanto mais amplo (coletivo).
Dentro da promoção da saúde, o estilo de vida e seus fatores intervenientes são
fundamentais para a saúde e conseqüentemente para a melhoria da qualidade de vida,
nesse contexto, destaca-se o trabalho. É trabalhando que passamos a maior parte de nossa
vida; é o trabalho, ou por meio dele, que realizamos grande parte de nossas aspirações e é
daí que vem a relevância do papel do trabalho na vida e o reflexo do restante dela sobre a
qualidade do trabalho e o desempenho profissional (SILVA & DE MARHI, 1997).
Diversos trabalhos científicos (SANTOS & COÊLHO, 2003; BITTENCOURT ET AL,
2005; BARROS et al, 2008) relacionam a qualidade de vida no trabalho à promoção da
saúde e seus fatores intervenientes como estilo de vida, alimentação, dentre outros. Estes
estudos mostram que a adoção de hábitos de vida saudáveis visando à promoção da saúde,
realmente interferem de forma positiva na vida profissional dos indivíduos, constituindo
assim, a qualidade de vida no trabalho um importante item para o bem estar global do
indivíduo.
Quanto mais penosa e insalubre forem as condições de trabalho às quais o individuo
esteja submetido, maiores são as possibilidades de adoecimento e diminuição da qualidade
de vida. Nesse contexto destacam-se os profissionais de segurança pública, que no
exercício de sua profissão, desenvolvem atividades que por si só já consistem em risco
iminente para a vida. Aliado a isso, poucas condições de trabalho, cobranças dos superiores
ou órgãos subordinados bem como da sociedade, acentuam estes riscos e os tornam
20
candidatos em potencial a serem indivíduos doentes física e psicologicamente.
(http://www.mj.gov.br/ead)
Vale ainda ressaltar que muitos dos problemas de saúde desenvolvidos por estes
profissionais da Segurança Pública (depressão, DORT, alcoolismo, etc) chegam de forma
silenciosa, somente sendo percebidos após sua instalação avançada. Dessa forma, os
processos terapêuticos tornam-se mais morosos, caros e encontram maior resistência
durante o tratamento.
Minayo (2007) conceitua a segurança em dois sentidos: pública e pessoal. Para
completar o seu raciocínio, a autora cita Silva (1995), que sobre Segurança Publica diz
constituir a garantia que o Estado oferece aos cidadãos contra todo o perigo que possa
afetar a ordem pública, em prejuízo da vida, da liberdade ou dos direitos de propriedade dos
cidadãos: é a essência da missão dos policiais e deriva do campo jurídico. E segurança
pessoal, segundo o mesmo autor, deriva do mundo do trabalho. No segundo caso
representa a sistematização de normas destinadas a prevenir acidentes, eliminando
condições inseguras e prevenindo desastres ocupacionais. Cuidando da segurança coletiva,
os policiais são, também, servidores públicos protegidos pela Constituição Federal que lhes
assegura o direito à integridade física e mental no exercício do trabalho.
Segundo a Constituição Federal do Brasil (1988), no artigo 144, o sistema de
Segurança Pública do Brasil é composto pelos seguintes órgãos: polícia federal; polícia
rodoviária federal; polícia ferroviária federal; polícias civis; polícias militares e corpos de
bombeiros militares. No parágrafo 8º, do mesmo artigo, o Constituinte ainda acrescentou
Guardas Municipais neste contexto.
Dentre os órgãos acima citados, destacamos aqui a Polícia Civil; que é responsável
pelas funções de polícia judiciária, investigatória policial, preventiva da ordem social e dos
direitos, ao combate eficaz da criminalidade e da violência, além da apuração das infrações
penais e a elaboração do inquérito policial, dentre outras. (Estatuto da Policia Civil do
Estado de Rondônia, 1993).
Considerando as características especiais do trabalho dos profissionais da segurança
pública que é exaustivo e demanda contínua atenção, chamamos a atenção em especial,
para o policial civil que ainda passa pela pressão dos prazos de entrega de procedimentos à
justiça, disponibilidade de instrumentos de trabalho, quantidade de efetivo profissional,
situação física das instalações, recursos materiais adequados, manutenção do espaço
físico, etc. (http://www.mj.gov.br/ead). Estes, além de outros fatores, trazem conseqüências
físicas e psicológicas de várias naturezas, levando ao seguinte questionamento, em termos
de promoção da saúde:
21
QUAL O ESTILO DE VIDA DOS PROFISSIONAIS DE SEGURANÇA PÚBLICA DE
UMA DELEGACIA DE POLICIA CIVIL?
1.2. Justificativa
Trabalhar com Segurança Pública e Defesa Social por si só já é um risco à saúde do
individuo, visto que essas profissões são consideradas perigosas. Aliado a isso, aspectos
relacionados com as condições físicas de trabalho resultam quase que unanimemente em
conseqüências físicas e/ou psicológicas de varias natureza. (http://www.mj.gov.br/ead)
Baseado nos estudos feitos por vários autores (MINAYO, DE JOURS, MENDES, 2007)
sobre os riscos que favorecem o adoecimento do trabalhador, os profissionais de segurança
pública constituem perigosamente fortes candidatos ao desenvolvimento de doenças ditas
do trabalho, justificando assim a necessidade de se iniciar uma discussão acerca do tema
no Estado de Rondônia carente ainda deste tipo de estudo.
Também objetiva chamar a atenção para os hábitos que cada um pode adotar em seu
cotidiano, a fim de promover uma melhoria da sua própria qualidade de vida, podendo ainda
servir de subsídio para a elaboração de planos de ação relacionados à promoção da saúde
desta classe.
O estudo ainda pretende chamar atenção para a necessidade dos órgãos competentes
adotarem procedimentos que visem a melhoria das condições físicas e psíquicas de
trabalho, investindo em treinamentos, que irão promover a aquisição de conhecimentos por
parte desses profissionais, o que beneficiaria diretamente aqueles que precisam dos
serviços prestados por estes, em sua maioria a população de baixa renda, que estando à
margem da sociedade, privadas de direitos elementares básicos, buscam nesses órgãos de
proteção e Segurança Pública, solução para os conflitos do seu dia-a-dia.
A relevância acadêmica está em estimular a pesquisa em promoção da saúde do
trabalhador, mais especificamente dos profissionais de Segurança Pública, trabalhos desse
tipo são ainda escassos na lista de temas tratados por pesquisadores de saúde do
trabalhador em nosso Estado, favorecendo assim uma falta de dados e estatísticas que
demonstrem a importância deste tema para a criação de projetos visando uma melhoria real
de vida e saúde destes profissionais.
Sem informações qualificadas, seja ao nível nacional ou local, qualquer iniciativa na
área de segurança está fadada, como se observou nos últimos 30 anos, a produção de
resultados que não ultrapassam seus efeitos imediatos, gerando irracionalidade da
aplicação dos recursos, desperdício dos meios empregados, dispersão de esforços,
22
fragmentação das ações e incapacidade de pró-ação frente aos desafios colocados
diariamente. (www.mj.gov.br em 16/07/2008).
A Gerência de Recursos Humanos (GRH) da Policia Civil de Rondônia, forneceu
dados que ajudam a estimar numericamente esse objeto de trabalho. No Estado de
Rondônia, para um total de 1.202 agentes de policia, 149 delegados e 319 escrivães, para o
ano de 2006 houve registro de afastamento por licença médica de 91 agentes de policia, 20
delegados, 17 escrivães de polícia. Em 2007 foram 198 agentes de polícia, 45 delegados e
86 escrivães. Ate o mês de junho do corrente ano (2008), já foram registrados 141 agentes
de polícia, 16 delegados de policia e 66 escrivães. Dentro destes números não há distinção
de causas e nem gênero, podendo ter vários motivos.
1.3.OBJETIVOS
1.3.1.OBJETIVO GERAL
Verificar o nível de Qualidade de Vida dos profissionais da Segurança Pública lotados
em uma delegacia de Policia Civil no Município de Porto Velho/RO.
1.3.2.OBJETIVOS ESPECIFICOS
Para atender o objetivo geral dessa pesquisa, pretende-se analisar o Estilo de Vida
dos Policiais Civis nos seguintes componentes:

Nível de Atividade Física;

Controle do Stress;

Hábitos Alimentares;

Conhecimentos sobre Comportamento Preventivo;

Relacionamentos;
23
2-REVISÃO DE LITERATURA
2.1- Qualidade de Vida
A Qualidade de Vida Para Barbantti et al (2002), é moldada por múltiplos fatores
combinados que resultam em diferentes níveis de qualidade de vida. Para Nahas (2001), é
um conceito individual e tende a sofrer mudanças ao longo da vida, sendo múltiplos os
fatores que a determina. Para o mesmo autor, apesar da dificuldade de conceituação, é a
percepção de bem-estar resultante de um conjunto de parâmetros individuais e sócioambientais, modificáveis ou não, que caracterizam as condições em que vive o ser humano.
Enquanto fenômeno que se inter-relaciona com as diversas dimensões do ser
humano, a Qualidade de Vida tem sido objeto de constantes estudos na comunidade
cientifica (MINAYO ET AL, 2000 apud OLIVEIRA, 2005). A mesma autora é citada por
Martins (2008) e em relação ao mesmo tema, diz ser uma noção eminentemente humana,
que tem sido aproximada ao grau de satisfação encontrado na vida familiar, amorosa, social
e ambiental e à própria estética existencial.
Grande parte da literatura específica sobre Qualidade de vida mostra o empenho
metodológico de pesquisadores para avaliar e entender como se dá a integração de fatores
biológicos e ambientais, bem como suas influências sobre o estilo de vida das pessoas.
Cada vez mais se estabelecem os vínculos entre a adoção de comportamentos positivos
ligados ao Estilo de Vida e a melhoria das condições gerais e de bem-estar das pessoas.
(GONÇALVES & VILARTA, 2004).
Os mesmos autores fazem alguns questionamentos muito pertinentes acerca da
importância de aprofundar o conhecimento tanto nas bases conceituais, quanto das técnicas
de estudo e aplicação prática sobre qualidade de vida. Tudo isso porque vários são os
questionamentos relacionados a este tema, e muitos são os ângulos pelos quais se pode
estudá-lo como: a interação entre as pessoas, o ambiente e a sociedade, segundo
diferentes épocas, culturas e classes sociais; a importância de bens materiais, valores e
padrões éticos; o perfil populacional com as exigências de cada faixa etária; a prática de
atividade física na prevenção e agravo de enfermidades.
Na Qualidade de Vida Geraldes et al (2006), destacam fatores determinantes como:
estado de saúde, longevidade, satisfação no trabalho, salário, lazer, relações familiares,
disposição, prazer e espiritualidade.
Pascoal & Donato (2005), fazem a distinção entre a Qualidade de Vida num sentido
geral, daquela somente relacionada à saúde. Ambos entendem que boa qualidade de vida
24
passa pelo equilíbrio entre bem-estar físico, equilíbrio humano, psicológico, emocional e
espiritual (aspectos psicofísicos) e a adequação dos contextos vivenciados pelo individuo
(aspectos sócio-econômico e culturais).
Dentre muitos estudos que surgem constantemente acerca deste tema, Nunes et al.
(1997), apresentaram um estudo feito com o intuito de verificar qual a idéia comum que as
pessoas têm para definir qualidade de vida e se havia diferença entre os fatores citados em
faixas etárias diferentes. Os resultados mostraram que independentemente da idade, as
pessoas se referem aos fatores necessários para se ter qualidade de vida de forma
semelhante.
2.1.2- Saúde
A OMS (Organização Mundial da Saúde), ainda no final dos anos 40, já definia a
Saúde como um estado de completo bem-estar física, mental e social, e não meramente a
ausência de doença ou enfermidade. (NIEMAN, 1999).
A definição de Bouchard et al apud Oliveira (2005), sobre saúde, é uma condição
humana com dimensão física, social e psicológica, cada uma caracterizada por um
continnum com pólos positivos e negativos. A saúde positiva estaria associada à capacidade
de apreciar a vida e resistir aos desafios do cotidiano, e a saúde negativa associar-se à
morbidade e no extremo, à mortalidade.
Os governos, referenciando os aspectos que envolvem o ser humano na
contemporaneidade, iniciaram discussões consoantes sobre o tema saúde. O resultado
destas discussões pode ser observado nos vários documentos gerados, como por exemplo:
a “Carta de Ottawa” (1986), segundo a qual, a saúde é o maior recurso para o
desenvolvimento social, econômico e pessoal, assim como uma importante dimensão da
qualidade
de
vida.
Fatores
políticos,
econômicos,
sociais,
culturais,
ambientais,
comportamentais e biológicos podem tanto favorecer como prejudicar a saúde. As ações de
promoção da saúde objetivam, através da defesa da saúde, fazer com que as condições
descritas sejam cada vez mais favoráveis.
Nesse contexto, Seide & Zannon apud Fontoura (2008), ao relacionarem saúde à
qualidade de vida, envolvem aspectos mais diretamente associados às enfermidades ou às
intervenções em saúde, referindo-se àquilo que pode ser afetado pelas doenças e seus
tratamentos.
25
Nahas (2001), diz ser a saúde um dos nossos atributos mais preciosos. Mesmo assim,
a maioria das pessoas só pensa em manter ou melhorar a saúde quando esta se acha
ameaçada mais seriamente e os sintomas de doenças são evidentes.
O mesmo autor acima citado considera que aspectos como os efeitos do
comportamento individual sobre a saúde, avanços da medicina e as condições de vida em
geral, superiores há um século, fizeram com que nos dias de hoje as pessoas vivam com
mais saúde.
Por outro ângulo, Boff (1999), diz que a saúde não é um estado nem um ato
existencial, mas uma atitude face às várias situações que podem ser doentias ou sâns.
Portanto, como bem compõe Oliveira (2005), a maior preocupação em termos de prevenção
de doenças é a subseqüente modificação dos estilos de vida pouco saudáveis o que
contribuirá de forma essencial para a melhoria da qualidade de vida.
2.2.Estilo de Vida
O conceito de Estilo de Vida, para Gonçalves & Vilarta (2004), está relacionado com o
conjunto de hábitos e comportamentos, aprendidos e adotados durante toda a vida,
capazes de influenciar nas condições de bem-estar e no nível de integração pessoal com o
meio familiar, ambiental e social.
De acordo com Oliveira (2005), diante da evidência que o homem contemporâneo
utiliza-se cada vez menos de suas potencialidades corporais e este baixo nível de atividade
física é fator decisivo no desenvolvimento de doenças degenerativas, sustenta-se a hipótese
da necessidade de se promoverem mudanças no seu “Estilo de Vida”.
Estilo de Vida Positivo foi o nome dado por Nahas (2001), para a adoção de
comportamentos saudáveis, no entanto, Gonçalves & Vilarta (2004), chamam a atenção
para o imenso desafio para que as pessoas, situadas em determinada condição social e
histórica materialmente definida, se modifiquem e se mantenham em nova condição de
práticas saudáveis.
Para os mesmos autores, adotar hábitos novos e saudáveis dependeria de condições
preexistentes, capazes de potencializar os efeitos positivos intrínsecos a cada uma delas.
Estão elas determinadas pela realidade social em que se vive pela disponibilidade de
elementos circunstanciais e ambientais presentes e também da própria estrutura biológica
individualizada capaz de favorecer ou dificultar a adoção de estilo de vida saudável, como o
processo educacional e cultural, a estratificação social e a decisão pessoal.
26
Portanto, um Estilo de Vida considerado saudável é alicerçado no modelo global do
bem-estar que compreende o indivíduo como um todo indivisível, considerando o ser
humano como uma única unidade corpo e mente (PASCOAL & DONATO, 2005).
Colombo & Aguillar (1997), relacionam a identificação e controle dos fatores de risco
presentes no estilo de vida dos indivíduos com a manutenção e/ou progressão de doenças
cardiovasculares e citam o estudo Lifestyle Heart Trial, onde Ornish et al (1990),
demonstraram que mudanças no estilo de vida (dieta vegetariana, abandono do fumo,
atividade física regular e manejo do estresse) foram associados à regressão de lesões
ateroscleróticas, analisadas angiograficamente após um ano da adoção do estilo de vida
proposto.
Gonçalves e Vilarta (2004), destacam alguns hábitos que contribuem para influenciar o
estilo de vida das coletividades:

Regular a ingestão de nutrientes e distribuir de forma equilibrada em várias
refeições durante o dia;

Respeitar as necessidades específicas de nutrientes para cada etapa da vida
(adolescentes, gestantes, idosos, atletas,etc.);

Praticar atividade física regular e apropriada à sua condição fisiológica;

Controlar o estresse físico e emocional;

Envolver-se em ações comunitárias, estabelecendo boas relações no
convívio familiar e social;

Dedicar-se ao lazer ativo.
Vários são os hábitos que contribuem para influenciar o bem-estar pessoal e
conseqüentemente o Estilo de Vida, destacando-se, a atividade física regular, a nutrição
equilibrada, o controle do stress, o cultivo dos relacionamentos e os cuidados preventivos
com a saúde (NAHAS,2001).
2.2.1 Atividade Física
Atividade Física, segundo GuiselinI (2004), pode ser definida como qualquer
movimento corporal causado por uma contração muscular que resulte num gasto de
energia, incluindo, portanto, as atividades laborais e da vida diária. Diferente do Exercício
Físico, que é um tipo de atividade física mais organizada, que inclui duração, intensidade,
freqüência e ritmo (GUISELINI, 2004;MATSUDO, 2005).
Robergs &Roberts (2002) dizem que o exercício desempenha um papel importante na
prevenção das doenças cardíacas, assim como na reabilitação das pessoas cardíacas.
27
Todos os riscos principais para doenças coronárias – hipertensão, tabagismo, colesterol alto
– são afetadas de maneira positiva pelo exercício. Além disso, atualmente, atribui-se à
inatividade física uma grande contribuição no processo aterosclerótico.
As evidências das pesquisas científicas provam que a Atividade Física regular diminui
o risco de muitas doenças, fortalece a maioria dos sistemas e melhora a saúde psíquica
Nieman (1999). O objetivo final da Atividade Física é a Saúde, para isso o mesmo autor
relaciona Saúde à Aptidão Física, que é tipificada por uma capacidade de realizar as
atividades diárias com vigor.
Segundo BarbantI (1990), a Aptidão Física é a capacidade de executar tarefas diárias
com vigor e vivacidade, sem fadiga excessiva e com ampla energia para apreciar as
ocupações das horas de lazer e para enfrentar emergências imprevistas.
A aptidão pode ser relacionada à saúde ou às capacidades esportivas. A primeira
reúne os aspectos bio-fisiologicos responsáveis pela promoção da saúde (Resistência
Cardio Respiratória, Composição Corporal, Flexibilidade, Força e Resistência Muscular
Localizada.); a segunda aos aspectos promotores do rendimento esportivo. (BOUCHARD et.
al. apud OLIVEIRA, 2005).
Guiselini (2004) acrescenta que a falta de exercício regular, causa o aparecimento das
doenças hipocinéticas como as coronarianas, pressão alta, obesidade, problemas nas
articulações e na região lombar e a osteoporose.
Apesar da importância da prática regular de Atividade Física para a manutenção da
saúde e prevenção de doenças, o que mostrou o Primeiro Estudo Brasileiro Sobre O Risco
Cardiovascular publicado em 1990 é que na cidade de São Paulo o fator de risco com maior
prevalência foi o sedentarismo com (69%), seguido do tabagismo (37%), a hipertensão
arterial(22,3%), a obesidade(18%) e o alcoolismo(7,7%) (NEGRÃO & BARRETO, 2006).
Acerca deste assunto, Robergs et al. (1997) apud Gonçalves &Vilarta (2004)
descrevem quatro estágios pelos quais as pessoas passam até chegar a uma mudança
positiva e ainda diz que para o indivíduo manter a nova condição adquirida, necessita que
os procedimentos adotados por quem propõe a mudança sejam feito de forma adequada a
fim de evitar a o retorno ao sedentarismo.
O primeiro estágio é a Pré-contemplação ausência de conscientização sobre a
mudança, negar sua necessidade ou assumir a posição de os custos superam os
benefícios; o segundo a Contemplação ou motivação a partir de fatos e estímulos dados
pelo ambiente, pela família e equipe de saúde, etc.; o terceiro á a Ação ou o envolvimento
na prática regular de exercícios ou atividade física. E por último mas não menos importante,
28
a Manutenção que seriam as ações preventivas diferenciadas, durante o acompanhamento
da prática de Atividade Física, para evitar o retorno ao estágio anterior.
Martins et al (1998); preconizam que o conhecimento é um dos fatores que se associa
com a mudança de comportamento, fato este comprovado, quando em seu estudo, houve a
implantação de um programa de intervenção através de orientação acerca da pratica de
atividade física a trabalhadores e obteve-se aumento de conhecimento e conseqüentemente
mudança nos estágios de comportamento. Miranda et al (1988), ainda vem complementar a
discussão a cerca de intervenção, quando para aumentar a aderência ao exercício em seu
estudo, utilizou estratégias adequadas ao estágio apresentado por cada grupo em horários
compatíveis com seu cotidiano bem como aliar a sensação de prazer ao exercício.
2.2.2 Nutrição
O único alimento que supre 100% de todas as necessidades nutricionais para o
crescimento saudável é o leite materno e somente durante os seis primeiros meses de vida.
(DÂMASO, 2001).
Para Barbanti (1990), os alimentos são todas as substâncias consumidas que
fornecem energia e material suplementar (como as vitaminas e minerais) para o
crescimento, reparos e para a Atividade Física. Eles devem ser consumidos em quantidades
suficientes para satisfazer as necessidades metabólicas do corpo, mas não em excesso
para não causar obesidade.
A respeito deste assunto, Nieman (1999), diz ser a variedade da dieta, o principio mais
importante da nutrição, para isso de acordo com U.S. Departament o f Agriculture (USDA)
existem sete conselhos dietéticos principais para uma dieta prudente: comer alimentos
variados; equilíbrio entre a ingestão alimentar e a atividade física; escolher uma dieta com
grande quantidade de produtos derivados de grãos, vegetais e frutas; pobre em gorduras
saturadas e colesterol; moderada em açúcar; moderada em sal e sódio e se consumir
bebidas alcoólicas, que seja com moderação.
Segundo Nieman (1999) apud Geraldes et al (2006), uma alimentação correta aliada
com atividades físicas regulares, diminui a obesidade, pois a obesidade aliada ao
sedentarismo acaba gerando uma situação de balanço nutricional positivo, (quando o
consumo é superior ao gasto), potencializa o risco de doenças cardiovasculares,
hipertensão arterial e diabetes.
Halpern (2002) complementa que a obesidade não pode ser resultado puro e simples
deste desequilíbrio, tal desequilíbrio pode ser decorrente do fato de alguns indivíduos
29
queimarem menos calorias, ou terem mais facilidade para acumular a energia consumida
em forma de gordura, reforçando mais ainda a necessidade desses adotarem o hábito da
prática de atividade física, como forma de auxilio à queima dessas mesmas calorias.
Oliveira (2005) diz que a Energia é fundamental para a manutenção dos sistemas
biológicos e da própria vida, e ela só é obtida no organismo a partir dos nutrientes
energéticos, proteínas, carboidratos e gorduras e o consumo adequado vai depender da
necessidade individual. Estima-se que para uma dieta equilibrada deve-se obedecer à
seguinte proporção: 60-70% Carboidratos; 20-30% gorduras e 10-15% proteínas.
Lima (2007) relaciona os aumentos dos riscos do aparecimento do câncer de próstata
e mama, com o consumo total de gordura e gordura de origem animal, enquanto dietas ricas
em fibras, vitaminas e minerais, estão associadas a uma maior proteção aos indivíduos
contra cânceres de pulmão, boca, faringe, esôfago, estômago e colon-reto, e à prevenção e
ao tratamento de doenças como diabetes mellitus, doenças cardiovasculares, doenças do
trato-gastrointestinal, entre outras.
Powers & Howley (2000), chamam a atenção para o que diz o American Heart
Association acerca da dieta na elevação do colesterol sérico, na obesidade e no
desenvolvimento da hipertensão. A dieta, ainda segundo os mesmos, também foi
relacionada ao câncer de cólon a ao diabetes.
Diretamente ligado à nutrição e atividade física tem-se o sedentarismo, que foi
considerado oficialmente em 1992 um fator de risco para o desenvolvimento de doenças
cardiovasculares pela OMS (MATSUDO et al, 2005). A pessoa sedentária ou fisicamente
inativa é aquela que não realiza habitualmente atividade física com intensidade suficiente,
volume adequado e freqüência compatível para o desenvolvimento de aptidão física
(MENDES & LEITE, 2004).
Martins (2008) chama a atenção para os riscos de o sedentarismo desencadear
doenças hipocinéticas (enfermidades causadas pelo pequeno montante de movimento
realizado) o qual gera condições de risco real, tais como acúmulo de gordura corporal e
baixa densidade óssea, causadores das doenças coronarianas, obesidade e osteoporose.
Este mesmo autor ainda cita Weineck (2000), e ele afirma que o organismo humano baseiase em movimento e por isso, cada subexigência crônica irá se manifestar sob a forma das
doenças por falta de movimentação.
Silva e De Marchi (1997), atribuem ao sedentarismo o aparecimento/agravamento da
obesidade e da hipercolesterolemia, além disso, em uma pessoa sedentária a tolerância ao
esforço é menor; o coração dispõe de menos reservas, atuando como uma máquina menos
30
rentável, pois precisa de mais energia que o coração de outra bem condicionada para a
realização do mesmo esforço.
Nos estudos mais recentes, permitiu-se estabelecer uma clara relação entre o excesso
de adiposidade e o aumento de mortalidade, que decorre principalmente de lesões no
sistema vascular. A obesidade associa-se com grande freqüência a dislipidemia, diabetes e
hipertensão
arterial
que
favorecem
a
ocorrência
de
eventos
cardiovasculares,
particularmente os coronarianos (MION & NOBRE, 1999).
O aumento crescente da prevalência da obesidade nas ultimas décadas vem
alcançando proporções epidêmicas (NEGRÃO & BARRETO, 2006). Os mesmos autores
ainda citam dados coletados no mais recente levantamento do Nutrition Examination Survey
(NHANES), que mostrou o aumento significativo na prevalência da obesidade de 22,9%
(NHANES III –1988-1994) para 30,5% (1999-2000), e do sobrepeso de 55,9% para 64,5%,
em uma amostra representativa da população norte-americana. No Brasil, este estudo foi
feito nas duas mais populosas regiões brasileiras, Nordeste e sudeste, em 1975,1989 e
1997, onde os resultados se assemelham à maioria dos países desenvolvidos.
Corroborando com estudos nesta área, Prado et al (2008), verificou o nível de
Atividade Física e o percentual de nutrientes ingerido por trabalhadores e chamou a atenção
para o fato de ser estes fatores, importantes indicadores de saúde e estarem relacionados
ao surgimento de doenças crônico-degenerativas.
2.2.3 Estresse
Nieman (1999) define o Estresse como qualquer ação ou situação (estressor) que
submete uma pessoa a demandas físicas ou psicológicas especiais. Ou seja, qualquer coisa
que a desequilibre. Palavra derivada do Inglês, stress, e que se poderia traduzir como
“tensão”. É o conjunto de reações e modificações apresentadas pelo organismo de um
mamífero quando em situação de perigo (SILVA E DE MARCHI, 1997).
Mendes e Leite (2004) acrescentam que é uma reação natural e espontânea que
ocorre em todas as pessoas diariamente, por meio da liberação da adrenalina, hormônio
liberado pela glândula supra-renal, e que interfere em todos os sistemas corporais
possibilitando o movimento corporal para a luta ou fuga. O objetivo é garantir a
sobrevivência e promover a adaptação dos sistemas muscular, nervoso e cardiovascular
para manter o equilíbrio interno em situação de medo, raiva, aborrecimento e até de
felicidade extrema.
31
Lima (2007) cita Ferreira, quando este define estresse, como sendo o conjunto de
reações do organismo a agressões de diversas origens, capazes de perturbar o equilíbrio
interno. Em relação ao trabalho ou à ocupação, complementa que podemos entender como
estresse ocupacional a reação do organismo a agressões físicas e psicológicas, originarias
da tarefa executada pelo profissional.
Mendes e Leite (2004) chamam a atenção para as respostas fisiológicas do estresse,
integradas à vida diária dos trabalhadores nas últimas décadas. Esses ainda dizem que a
relação homem-trabalho pode gerar um estresse crônico com aparecimento de sintomas, se
a percepção do ambiente de trabalho não for prazerosa e o trabalhador não sentir
segurança no seu emprego.
Os mesmos autores ainda dizem que o estresse no ambiente de trabalho geralmente
está relacionado com a organização das tarefas. As principais causas são: o excesso de
trabalho, a execução de tarefas sob pressão, a ausência de decisões no processo produtivo,
as condições ambientais insatisfatórias, a interferência da empresa na vida particular, a falta
de conhecimento no processo de avaliação de desempenho e promoção e a falta de
interesse na atividade profissional desempenhada”.
De acordo com o que foi exposto, não podemos interpretar que trabalhar causa
estresse ocupacional, muito pelo contrario, atividades diárias bem organizadas que
respeitam os limites do corpo trazem uma grande quantidade de energia e desenvolvem um
equilíbrio físico. São os componentes físicos inadequados e a desorganização de tarefas
mentais que geram o estresse (LIMA,2007).
Nahas, Barros & Francalacci (2000), relatam que estudos nos últimos 20 anos
envolvendo pacientes e pessoas em risco para doenças crônicas (AIDS, câncer, doenças
cardíacas) produziram evidencias de que o comportamento das pessoas pode predizer a
incidência ou reincidência dessas doenças e citam Scherwitz et al, (1986) quando estes
dizem que características como hostilidade, cinismo e excessivo individualismo mostraramse como fortes indicadores de risco para novos eventos cardíacos, independentemente de
outros fatores.
Barbanti (1990) descreve dois padrões básicos de comportamento, tipo A e tipo B. Os
indivíduos do tipo A apresentam traços de personalidade que os torna excessivamente
perfeccionistas, exigentes e competitivos; demonstram senso exagerado de premência de
tempo e agressividade, além de uma insatisfação pessoal bastante exagerada; estão
sempre competindo consigo mesmos e com os outros. Ao contrario, os indivíduos de padrão
de comportamento tipo B raramente apresentam desejos de executar várias tarefas ao
mesmo tempo, podem ate ter pretensões similares aos indivíduos do tipo A, mas de forma
32
menos obsessiva, o que preserva seu aspecto emocional, sendo as pessoas de
comportamento tipo A as mais expostas aos fatores de riscos das doenças coronarianas.
2.2.4 Relacionamentos
O Relacionamento Social é um importante item que compõe a qualidade de vida. O
impacto das relações sociais da pessoa, em especial sobre seu relacionamento com a
família, no trabalho e no lazer, realização de expectativas e satisfação com a vida sexual,
além dos sentimentos de acesso a bons cuidados médicos, amparo da sociedade e apoio
dos amigos e familiares é essencial para a realização de uma vida plena (GONÇALVES E
VILARTA, 2004).
Boff (1999), utiliza o termo convivialidade, como sendo a capacidade de fazer conviver.
O mesmo autor ainda chama a atenção para a sociedade contemporânea, dita sociedade do
conhecimento e da comunicação, que esta criando contraditoriamente, cada vez mais
incomunicação e solidão entre as pessoas. A internet pode conectar-nos com milhões de
pessoas sem precisarmos encontrar alguém. Pode-se comprar, pagar contas, trabalhar,
pedir comida, assistir um filme sem falar com ninguém, sem precisar sair de casa. Tudo vem
à nossa casa via on line.
Neste contexto, para que não ocorram os fatores preconizados pelo autor acima,
devem-se fortalecer os laços familiares, amizades e atividades sociais, pois esta associação
pode trazer melhores benefícios para a saúde do indivíduo. Porém, é preciso investir nos
relacionamentos, aprendendo a comunicar-se de forma eficiente e dedicando tempo às
pessoas do seu convívio (http://www.sesisc.org.br). Cartilha “lazer ativo”. Esta cartilha, ainda
distingue os vários tipos de relacionamentos:
 Com os outros - enxergar o valor do outro, perceber suas dificuldades e ajudar a
superá-las;
 Consigo mesmo - valorizando-se, respeitando e reconhecendo suas qualidades;
 Com o ambiente - mantendo o bom humor;
 Com a sociedade - exercitando a cidadania, respeitando as leis e os direitos dos
outros);
 Com a natureza - Procurando viver da forma mais simples,consumindo menos, de
modo a não esgotar as fontes de matéria prima do planeta
Portanto, Guiselini (2004), refere-se ao relacionamento com as outras pessoas como
“uma troca de energia social” de fundamental importância para a Qualidade de Vida.
Consoante a este Barros & Francalacci (2000), sugerem que os relacionamentos podem ser
33
melhorados se exercitarmos os músculos da alma: otimismo, bom humor, criatividade,
curiosidade, persistência, tolerância, confiança, amor, perdão, dentre muitos outros.
2.2.5- Comportamento Preventivo
São os comportamentos aprendidos e modelados desde os primeiros anos de vida, e
que podem ao longo do ciclo da vida ter muitos dos seus componentes alterados segundo
influências biológicas, ambientais ou culturais. e estão diretamente relacionados ao
comportamento preventivo (GONÇALVES E VILARTA, 2004). Nahas (2001) complementa
que estas ações teriam grandes influências na saúde geral e qualidade de vida de todos os
indivíduos.
É importante conservar hábitos de segurança. Nahas (2000), diz que os hábitos são
formados pela repetição de certos comportamentos (ações do cotidiano). Depois que se
aprende algo e se repete tal ação várias vezes (amarrar os sapatos ou escovar os dentes,
por exemplo), o subconsciente passa a ser responsável por uma ação, não sendo mais
preciso “pensar” para realizá-la, tornando se então, um hábito, por isso são difíceis de serem
alterados.
É importante cultivar hábitos de segurança. Eles trazem uma sensação de proteção e
tranqüilidade. A segurança começa em casa, com medidas simples como: instalar extintores
de incêndio e detectores de fumaça, ter sempre à mão instruções de como agir em caso de
emergência, guardar remédios e produtos de limpeza fora do alcance das crianças, etc. O
comportamento preventivo prolonga a sensação de bem-estar (http://www.sesisc.org.br).
Cartilha “comportamento preventivo”
A mesma cartilha acima citada, ainda trás alguns dados que evidenciam o
comportamento preventivo como fator essencial para a melhoria da vida: nos últimos dez
anos, graças aos exames preventivos, o número de infartos caiu cerca de 10% , as mortes
por câncer de mama cerca de 30%, entre 70 e 90% dos tumores malignos de próstata
podem ser curados quando descobertos no início, assim como a realização anual do exame
de papanicolau reduz em 80% o risco de morte por câncer no útero.
Nahas, Barros & Francalacci (2000), citam algumas ações de comportamento
preventivo relacionado à saúde, fundamentais para vida contemporânea tais como:uso de
cinto de segurança e direção defensiva;uso de protetor solar; uso de preservativo;
observação de princípios ergonômicos; uso de equipamentos de segurança no trabalho; não
fumar;ingestão moderada (ou abstinência) no consumo de bebidas alcoólicas; não usar
drogas.
34
2.3 Promoção da Saúde
Promoção da Saúde é definida na Carta de Otawwa (WHO,1986), como: o processo
de capacitação da comunidade para atuar na melhoria da sua Qualidade de Vida e Saúde,
incluindo uma maior participação no controle desse processo. Assim, ficou claro que a
promoção da saúde não é responsabilidade exclusiva do setor de saúde, e vai para além de
um estilo de vida saudável, na direção de um bem-estar global.
Buss (2000) relata que a Promoção da Saúde representa uma estratégia promissora
para enfrentar os múltiplos problemas de saúde que afetam as populações humanas e
embora tenha sido usado a principio para caracterizar um nível de atenção da medicina
preventiva, mudou e atualmente passou a representar um enfoque político e técnico em
torno do processo saúde-doença-cuidado.
A Declaração de Alma-Ata, no ano de 1978, foi o marco mais importante do movimento
Saúde Para Todos no Ano 2000, lançado pela Assembléia Mundial da Saúde. Estruturado
sobre o reconhecimento da saúde como um objetivo social fundamental, a Declaração dá
uma nova direção às políticas de saúde, enfatizando a participação comunitária, a
cooperação entre os diferentes setores da sociedade e os cuidados primários de saúde
como seus fundamentos conceituais.
A partir de então, foram realizadas muitas outras conferências (Ottawa- 1986,
Adelaide-1988, Jacarta-1997), que geraram importantes documentos que objetivavam a
adoção de estratégias mundiais para a promoção da saúde. Um destes documentos é a
Carta de Otatwwa (WHO,1986), onde autores como Buss (2000), Gonçalves e Vilarta (2004)
dentre outros, dão como sendo, um dos documentos fundadores da promoção da saúde
atual, associando este termo a outros valores como: qualidade de vida, saúde,
solidariedade, cidadania, desenvolvimento, dentre outros.
Em relação à America Latina, destaca-se a Conferência Internacional de Promoção da
Saúde, realizada sob o patrocínio do Ministério da Saúde da Colômbia e da Organização
Pan-Americana da Saúde (OPS), em Santafé de Bogotá, em 1992, que contou com 550
representantes de 21 países, que se reuniram para definir o significado da promoção da
saúde na América Latina e debater princípios, estratégias e compromissos relacionados
com o sucesso da saúde da população da região
No Brasil, foi a partir de 1988, com a promulgação da Constituição Federal, que o pais
passou a contar com um novo olhar sobre o atendimento à saúde de seus cidadãos.
Considerada como um direito social, cuja responsabilidade formal é do Estado, a saúde
35
passou de uma concepção sabidamente excludente, centralizadora, medicalizada e
hospitalocêntrica para a idéia de atendimento integral, voltado especialmente para a
prevenção e para a promoção de saúde, descentralização político-administrativa e de
participação da sociedade (VALENTIM & KRUEL,2007).
2.4 Saúde do Trabalhador
Para Mendes & Dias (1991), a saúde do trabalhador pode ser definido como o
processo saúde e doença dos grupos humanos, em sua relação com o trabalho e busca a
explicação sobre o adoecer e o morrer das pessoas, dos trabalhadores em particular,
através do estudo dos processos de trabalho, de forma articulada com o conjunto de
valores, crenças e idéias, as representações sociais, e a possibilidade de consumo de bens
e serviços, na “moderna” civilização urbano-industrial.
Dentro dos conceitos de saúde total, bem-estar, estilo de vida e qualidade de vida,
(que apresentam dimensões e componentes similares: social, emocional,física, mental e
espiritual), os autores chamam a atenção para a integração da dimensão profissional a
esses componentes, tendo em vista que esta passa pela questão da auto-estima, sem a
qual nenhum individuo pode ser considerado possuidor de uma qualidade de vida
(PASCOAL E DONATO, 2005).
Para Laurell & Noriega (1989) os seres humanos, através do trabalho, transformam
a natureza, esculpem seus próprios corpos nesse processo, mudando seus padrões de
adoecer e morrer. Além disso, Mendes (1995) ainda complementa ao dizer que mais do
que viabilizar a sua subsistência, dá sentido à sua existência. Silva e De Marchi (1997)
falam que a importância do trabalho para o bem-estar e a saúde das pessoas fica claro,
ao lembrarmos que é trabalhando que passamos a maior parte de nossa vida; é também
no trabalho, ou através dele, que realizamos grande parte de nossas aspirações
A saúde do trabalhador deve ser avaliada dentro dos aspectos ocupacionais físicos,
químicos, biológicos, mecânicos, ergonômicos, psíquicos e sociais. Além disso, o
trabalhador necessita de uma abordagem holística, visto que, para detectar um individuo
doente, o especialista precisa atentar para uma serie de características, como a tarefa
executada no trabalho, o ambiente de trabalho, as relações interpessoais, os hábitos de
sono e alimentares, a aptidão física, entre outros (MENDES E LEITE, 2004).
Os mesmos autores acima citados preconizam que os resultados da rotina diária de
trabalho sobre a saúde dos trabalhadores se manifestam pelos desajustes psicológicos e
pelos desgastes que podem ocorrer nos diferentes sistemas corporais durante a execução
36
da tarefa, traduzidos em uma pressão arterial descompensada, dores nas costas ou outros
sintomas.
As doenças do trabalho referem-se a um conjunto de danos ou agravos que incidem
sobre a saúde dos trabalhadores, causados, desencadeados ou agravados por fatores de
risco presentes nos locais de trabalho (Ministério da Saúde, 2002).
Ainda Mendes E Leite (2004), preconizam que estes fatores de risco podem ser
divididos em fatores não modificáveis e modificáveis, conforme as possibilidades de
interferências externas ao seu desenvolvimento ou regressão. Estes mesmos autores
complementam a classificação destes fatores em primários (aqueles implicados diretamente
para o desenvolvimento das doenças coronarianas, como a hipertensão, o tabagismo e as
dislipidemias) ou secundários, conforme a contribuição do fator de risco na formação da
arteriosclerose.
Sobre este assunto, pode-se dizer que, enquanto todos os fatores primários podem ser
controlados e alterados, os secundários são classificados como alteráveis e inalteráveis. Os
fatores secundários alteráveis são: o diabetes, o estresse emocional, a obesidade e a
inatividade física. Os inalteráveis são a idade, o sexo e a história familiar (MENDES e
LEITE, 2004).
Um exemplo de doenças causadas por alguns destes fatores são as doenças
cardiovasculares, e segundo a American Heart Association(1998) Apud Robergs & Roberts
(2002), as doenças cardiovasculares ainda são a maior causa de óbito no mundo ocidental e
incluem a doença arterial coronariana, a hipertensão arterial sistêmica, o acidente vascular
cerebral, a insuficiência cárdica congestiva, as doenças vasculares periféricas, as
cardiopatias congênitas, as doenças valvares e a doença reumática.
Em se tratando de saúde do trabalhador, é necessário chamar a atenção para alguns
itens que a compõe, como:
 A organização do trabalho, que é caracterizada pela divisão do trabalho (conteúdo
das tarefas e seu modo de execução) e a divisão dos homens (hierarquia, comando,
vigilância, relação entre as pessoas). É a organização do trabalho que determina o uso que
será feito do mobiliário, dos instrumentos de trabalho e do tempo de realização das tarefas.
(Serie A.Normas e ManuaisTécnicos, nº103, 2001);
 Ergonomia, um conjunto de ciências e tecnologias que procura a adaptação
confortável e produtiva entre o ser humano e seu trabalho, basicamente procurando adaptar
as condições de trabalho às características do ser humano (COUTO, 1995 apud MENDES &
LEITE, 2004).
37
 Ambiente de trabalho é um lugar em que todos trabalham juntos para alcançar uma
visão comum de saúde e bem estar, incluindo não só os trabalhadores, mas também sua
comunidade, fazendo com que o ambiente de trabalho possa ter um impacto extremamente
positivo na saúde e bem-estar de trabalhadores e suas famílias, comunidades e sociedade.
segundo a Organização Mundial da Saúde- OMS (WHO,1999 apud MARTINS 2008).
2.5 Os Profissionais de Segurança Pública
A Polícia é a organização administrativa que tem a função de impor limitações à
liberdade de indivíduos ou grupos, medida necessária à salvaguarda e manutenção da
ordem pública, ela representa a força do Direito (L'APICCIRELLA, 2003).
Estes trabalhadores vivenciam em seu cotidiano o embate entre o conjunto de
prescrições e exigências para a realização das tarefas, e a disponibilidade dos recursos
materiais e tecnológicos, concedidos ou negados conforme políticas institucionais. No
confronto entre o que lhes é exigido e os meios de que dispõem para realizá-lo, esses
servidores mobilizam seus próprios recursos emocionais, cognitivos e físicos (DE JOURS,
1999)
Segundo o curso oferecido pelo SENASP para os profissionais da Segurança Publica:
“Saúde ou Doença: de que lado você esta?”. O trabalho do profissional de Segurança
Pública é exaustivo e demanda continua atenção. Essas características peculiares à função
podem trazer conseqüências físicas de várias naturezas:
 Natureza psicológica: o medo (fugir ou enfrentar o risco) e a raiva (descontrole
emocional): sensação de injustiça;
 Natureza fisiológica: grande quantidade de toxinas derramadas na corrente
sangüínea;
 Natureza legal: pressão pelos prazos de entrega dos procedimentos à justiça; regime
jurídico (poder-dever do Estado); envolvimentos constantes com a justiça; abuso de poder.
O mesmo curso acima citado, ainda relaciona as doenças típicas destes trabalhadores
de policia, destacando dentre outras, as seguintes:
 BURN OUT-
Resposta ao estresse ocupacional crônico e caracteriza-se pela
desmotivação ou desinteresse, mal estar interno ou insatisfação ocupacional que afeta em
maior ou menor grau, alguma categoria ou grupo (SILVA,2000).
 LER
(Lesão
por
Esforço
Repetitivo),
DORT
(Distúrbios
Osteomusculares
Relacionados Ao Trabalho) Abrange diversas patologias que atingem milhares de
trabalhadores, sendo mais conhecidas a tendinite e bursite. Apesar de não haver dados
38
precisos, é possível observar que grande parte da categoria de escrivães das policias civil e
federal, sofre algum tipo de LER/DORT, devido à sua intensa atividade no manuseio de
computadores, em mobiliários nem sempre ergonômicos, fato comprovado através da
quantidade de solicitações de afastamento por intermédio de atestados médicos.
 DAB ou TAB (Distúrbio Afetivo Bipolar)
Caracteriza-se por uma alteração do humor na qual o paciente se encontra
basicamente em estado de hiperatividade. A doença apresenta fases diferentes e é
caracterizada por sintomas como alteração do humor, agitação, insônia, suposição de
poder, dentre outros:
 DEPRESSÃO
A depressão está relacionada com situações de perdas físicas ou afetivas e é
caracterizada por um grande contingente de sintomas que podem incluir sentimentos de
tristeza, auto depreciação, desvalia, abandono, culpa, idéias de suicídio, incapacidade de
sentir prazer e mesmo uma angustia que suplanta qualquer experiência humana normal e
possui um caráter emocional extremamente doloroso. Alem desses sintomas, o quadro é
acompanhado de alterações físicas como distúrbios de sono, obstipação intestinal,
indigestão, dificuldade respiratória e dor.
 ANSIEDADE
Presente na maioria dos agentes da Segurança Publica, a ansiedade é vista quase
como sintoma normal num policial. Todos os casos de ansiedade apresentam sintomas
psicológicos (apreensão, medo, insônia) e somáticos (dor de cabeça e lombar, maior tensão
dos músculos do pescoço, dentre outros).
 ALCOOLISMO
Considerada uma doença pela OMS (Organização Mundial da Saúde), numa categoria
própria entre às drogas provocadoras de dependência e as provocadoras de hábito. Casos
de alcoolismo são freqüentes entre os profissionais da área de segurança publica. É muito
complicado lidar com esta patologia porque, de certa forma, entre os profissionais sob
estresse, essa doença é até tolerada.
 DEPENDÊNCIA QUIMICA
Alguns profissionais buscam ansiosamente o consumo de drogas ilícitas, para romper
a pressão psíquica causada pelo meio onde trabalham. Acreditam que o uso de drogas
poderá gerar prazer e virilidade, além de marcar suas deficiências emocionais ou contornar
as dificuldades externas, ajudando-os a conviver melhor com elas.
 TAP (Transtorno de Ataque de Pânico)
39
Caracteriza-se por um sentimento súbito de terror, sensação de morte iminente com o
coração que dispara, pele molhada de suor e dores no peito que quase impedem a
respiração, por vezes também sentimentos de irrealidade ou catástrofe. Semelhante a um
ataque cardíaco. A TAP é uma doença que acomete mais aos Policiais Militares do que os
Civis.
2.5.1 Policia Civil
É uma instituição estatal destinada à apuração das infrações penais e suas autorias,
sendo também chamada de Polícia Judiciária, visto que o seu trabalho é dirigido para
orientar o órgão do Ministério Público na aplicação da Lei Penal, com o que estará o Poder
Judiciário em condições de fazer justiça (Manual de Orientação Acadepol/RO, 2003).
O órgão da Policia Civil é estruturalmente hierarquizado, com carreiras dispostas
geralmente em escalonamento vertical, culminando com as classes de delegado de policia,
as quais, no cume da pirâmide, comandam a Policia Civil.
A Constituição Federal do Brasil (1988), ao dispor sobre o assunto, no Capitulo III Da
Segurança pública, declarou que:
Art. 144. “A segurança Publica dever do estado, Direito e Responsabilidade de todos, é
exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do
patrimônio, através dos seguintes órgãos:
IV – Policiais Civis:
§4º Às policias civis, dirigidas por delegados de policia de carreira, incumbem,
ressalvada a competência da união, as funções de polícia judiciária e a apuração de
infrações penais, exceto as militares.
Os Estados Membros da Federação, em virtude do principio constitucional legislam
concorrentemente sobre os assuntos relativos às suas policias civis, em virtude também da
inexistência de Lei orgânica Federal, dispondo sobre o assunto. Convém salientar que já
existem no Congresso Nacional projetos de Lei Orgânica da Policia Civil, tramitando nas
Comissões.
A esse respeito, dispõe o Art. 24 da Constituição Federal:
Art. 24. “Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente
sobre:
XVI – organização, garantias, direitos e deveres das policias civis.”
40
No estado de Rondônia a Lei Complementar nº 076 de 27 de abril de 1993, é que
dispõe sobre as peculiaridades do regime jurídico do Servidor Policial Civil do Estado
através do Estatuto da Policia Civil (Manual de Orientação Acadepol/RO, 2003).
Em seu capitulo III, o Estatuto da Policia Civil dispõe sobre as funções institucionais
exclusivas da Policia Civil, as de policia judiciária, investigatória policial, preventiva da ordem
social e dos direitos, ao combate eficaz da criminalidade e da violência, além da apuração
das infrações penais e a elaboração do inquérito policial, dentre outras (Estatuto da Policia
Civil do Estado de Rondônia-1993).
De acordo com o que dispõem as Cartas Estaduais, as policias civis ora se
subordinam aos Secretários de Segurança Pública, ora aos Governadores dos Estados. A
Polícia Civil do Estado de Rondônia se subordina atualmente à Secretaria de Estado da
Segurança, Defesa e Cidadania (Manual de Orientação ao Escrivão de Policia Civil/RO2003).
Cada Órgão é responsável por elaborar, planeja, dirigir, coordenar, controlar e
executar as ações dos que lhe são subordinados.
As Delegacias de Policia estão subordinadas aos seus respectivos departamentos. O
DPI (Departamento de Policia do Interior) é responsável por todas as delegacias Regionais
e nos municípios do interior do Estado; DPE (Departamento de Policia Especializada)
controla, organiza e coordena as atividades das Delegacias Especializadas e o DEPOM
(Departamento de Policia Metropolitana) que é responsável pelos nove DP’S da região
metropolitana de Porto Velho.
Cada Delegacia de Policia é responsável por prevenir e reprimir as infrações penais
ocorridas
nas
suas
respectivas
circunscrições
(de
acordo
com
a
Portaria
437/GAB/DGPC/RO de 06 de agosto de 2002), fornecendo certidões e executando outras
tarefas de natureza policial, registrados através de ocorrência policial, que não seja
especifico das Delegacias Especializadas.
2.5.2 Equipe de Investigação Criminal
Independente da área de atuação, extensa ou restrita a uma pequena região, de pouca
ou grande incidência criminal, uma equipe de investigação de crimes contra a pessoa deve
ter, idealmente, a seguinte composição: Delegado de Policia, Escrivão de Policia,
Investigadores de Policia, Médicos Legistas, Peritos Criminais, Papiloscopistas e fotógrafo
Técnico-Pericial (Queiroz, 2002).
41
Segundo o Edital N. º 01/2003 – SESDEC/CONSUPOL de 10 de novembro de 2003,
estas são as atribuições individuais de cada cargo, estando abaixo relacionados apenas os
principais componentes de uma Delegacia de Policia:
DELEGADO DE POLÍCIA
Executa a atividade de nível superior, principalmente de direção, de supervisão, de
coordenação, de planejamento, de orientação, de execução e de controle administração
policial Estadual, bem como das investigações e operações policiais, além de instaurar e
presidir procedimentos policiais. Suas atividades são na maioria das vezes executadas no
gabinete, onde passam a maior parte do tempo sentados em frente ao computador ou
prescrevendo os procedimentos a serem adotados pelos seus subordinados.
AGENTE DE POLÍCIA
Responsável pelas atividades relacionadas ao cumprimento das formalidades legais
necessárias aos inquéritos, investigações e demais serviços relacionados a apuração de
delitos e infrações penais. Poderá desempenhar suas funções em vários setores além do
setor de investigação e captura (SEVIC) onde fica a maior parte do tempo na rua, e onde as
atividades são mais dinâmicas (entrega intimações e documentos, realiza investigações,
etc.) No comissariado, o trabalho é sob o regime de plantão, as atividades desempenhadas
são basicamente realizadas em frente ao computador, onde o servidor permanece por
longos períodos registrando ocorrências, solicitando laudos, etc.
ESCRIVÃO DE POLÍCIA
Atividades relacionadas ao cumprimento das formalidades legais necessárias aos
inquéritos, aos processos e aos demais serviços cartorários.
Ao desempenhar suas
atividades, este é o servidor com maior propensão ao desenvolvimento de patologias, tendo
em vista o longo período em que passam basicamente nas mesmas posições, bem como as
cobranças acerca de prazos.
Com exceção dos que trabalham em regime de plantão, em todos os cargos acima
citados a jornada de trabalho é integral, com exclusiva dedicação às atividades do cargo e
jornada semanal mínima de quarenta horas, podendo ser convocado a qualquer tempo, a
critério da Administração.
2.5.3 Estrutura de uma Delegacia de Polícia Civil
Comissariado: praticamente onde se inicia, na Delegacia, os trabalhos da Policia Civil,
responsável pelos registros das ocorrências policiais e o primeiro atendimento das pessoas
que procuram a Policia.
42
Gabinete das Autoridades Policiais: De onde saem os expedientes a serem cumpridos
pelos subordinados da unidade policial.
Secretaria: Responsável pela parte administrativa da Delegacia, como o controle da folha
de ponto, escala de férias dos servidores, agenda da autoridade policial, escala de plantão,
material de expediente, distribuição de ocorrências e demais documentos, depois de
despachados pela autoridade policial; organização do patrimônio da delegacia, expedição e
controle de toda a documentação do Gabinete (não é tarefa executada pelos profissionais
da segurança pública e sim por agentes administrativos, “teoricamente” porque na pratica é
realizado pelos escrivães ou um agente designado;
Cartório Criminal: Escritório na delegacia de Policia onde trabalham os Escrivães,
promovendo a formalização de procedimentos, apreensão e restituição de objetos e arquivo
de documentos.
SEVIC (Serviço de Investigação e Capturas): Setor responsável pelas investigações dos
delitos e infrações penais.
43
3.0 METODOLOGIA
3.1 Tipo de Pesquisa
O presente trabalho caracteriza-se como um estudo descritivo de caráter quantitativo,
pois o mesmo pretende buscar mais informações sobre a promoção da saúde dos
profissionais de segurança publica de Porto Velho e analisar os dados coletados, realizando
uma interpretação destes sem interferência dos resultados. Sobre este método de pesquisa,
o que os autores descrevem como possuidor de características básicas, entre elas está:
observar, registrar, analisar, descrever e correlacionar fatos ou fenômenos sem manipulá-los
ou qualquer tipo de interferência (MATOS, et al. 2004; BISQUERRA, 1989; TRIVIÑOS,
1987; FURASTÉ, 2006).
3.2 População
A amostra deste estudo foi composta por 28 funcionários da Segurança Pública
(Policiais Civis) de uma Delegacia de Policia Civil da Cidade de Porto Velho/RO,
subdivididos nas seguintes funções: dois delegados (sendo um titular e o outro adjunto); seis
escrivães de policia (sendo um chefe de cartório); vinte agentes de policia (subdivididos em
10 comissários, um intimador, oito investigadores e um motorista).
3.3 Instrumento Utilizado
O instrumento utilizado neste estudo foi um questionário adaptado de NAHAS (2000),
intitulado “Perfil do Estilo de Vida”, utilizado pelo SESI (Serviço Social da Industria) que traz
como componentes do estilo de vida a Nutrição, a Atividade Física, o Comportamento
Preventivo, os Relacionamentos e o Controle de Estresse; cada um desses componentes é
avaliado por 6 questões, as quais teriam como opção de resposta as afirmativas nunca, às
vezes, quase sempre e sempre, correspondente a valores de 0, 1, 2 e 3, respectivamente.
Após a classificação citada, fez-se, para cada componente do instrumento (são 5), um
somatório dos pontos marcados ( 0,1,2,3). O resultado desta soma pode variar de 0 a 18
pontos e, conforme a pontuação alcançada é gerada uma proposição de incentivo para um
estilo de vida saudável:
 De 0 a 6 pontos – ALERTA! (recomendações para mudanças de comportamentos
urgentes).
44
 De 7 a 12 pontos – PODE MELHORAR (recomendações para melhorar os
comportamentos avaliados).
 De 13 a 18 pontos – VÁ EM FRENTE! (incentivo para continuar nesta direção).
3.4 Procedimentos para coleta de dados
Após realizar estudo bibliográfico a fim de subsidiar as etapas de coleta e análise de
dados, fez-se contato prévio com a chefia imediata da delegacia de policia, a fim de expor e
esclarecer os objetivos da pesquisa bem como solicitar autorização para o inicio da coleta
de dados junto aos funcionários daquela unidade policial. De acordo com a disponibilidade
dos mesmos, fora feito breve explicação individual sobre o questionário, efetuada a
assinatura dos formulários de consentimento livre e esclarecido e aplicado o instrumento da
coleta. Posteriormente os resultados foram sistematizados com o cruzamento das
informações de acordo com os critérios prescritos pelo autor do instrumento. (Ver anexos III,
IV e V).
3.5 Tratamento Estatístico
O tratamento dado para organização e tabulação dos resultados deste trabalho foi a
estatística descritiva caracterizada pelo somatório (∑), média aritmética (X), e desvio padrão
(DP). Os cálculos foram realizados utilizando o aplicativo Excel versão 2007.
45
4.0 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Neste capítulo, serão abordados os resultados e discussão de cada componente
pesquisado, sendo apresentados em forma de tabelas e gráficos,com suas respectivas
análises descritivas.
Na tabela e gráfico 1 são apresentados os dados referentes às variáveis faixa etária e
sexo da amostra deste estudo.
Gráfico 1 – Demonstração dos resulta dos por sexo e faixa etária.
SEXO e FAIXA ETÁRIA
25
22
20
15
10
5
9
8
6
4
3
1
1
2
0
0
<30
30 - 39
40 - 49
masc
50 +
total
fem
Tabela 1 – Caracterização da amostra por sexo e faixa etária.
Sexo
N
Faixa Etária
< 30
30-39
40-49
50 ou mais
Masculino
22
3
8
Feminino
06
01
04
01
0
Total
28
4
12
10
3
09
2
46
Com relação à faixa etária e sexo, os dados apresentado na tabela 01 e gráfico acima,
demonstram que na unidade policial pesquisada, existem na faixa etária menor que 30 anos
03 profissionais do sexo masculino e 01 do sexo feminino; na faixa 30-39 anos observa-se
08 profissionais do sexo masculino e 04 femininos; faixa etária 40 a 49 anos, 09 masculinos
e 01 feminino; enquanto que na faixa etária de 50 anos ou mais há apenas 02 do sexo
masculino. Dessa forma, verifica-se uma predominância na faixa etária de 30 a 39 anos,
amostra caracterizada como economicamente ativas.
Semelhante a este estudo Costa et. Al.(2007), no estudo feito com Policiais Militares
da Cidade de Natal/RN, verificou que a amostra se constituiu, principalmente, por indivíduos
do sexo masculino e com idade inferior a 40 anos, nos levando a crer que em consonância
com outros estudos, a Segurança Publica é composta basicamente por trabalhadores no
ápice de sua produtividade. Corroborando com esta realidade, temos o estudo também feito
por Moraes et al. (2000), com policiais militares do estado de Minas Gerais e também
constatou que a maioria dos indivíduos eram do sexo masculino e com idade inferior a 40
anos.
Para facilitar o processo de educação e mudanças de hábitos de vida, a tabela e
gráfico 2 apresentam uma analise geral dos escores obtidos por cada componente do estilo
de vida, com as respectivas recomendações básicas, e nas tabelas e gráficos 3, 4 e 5, por
postos de trabalho.
Tabela 2– Média, desvio padrão e nível de recomendação para cada componente do
estilo de vida no GERAL
Componentes
Média ( X ) – DP
*Nível de Recomendação
Atividade Física
07 ± 3,5
Pode melhorar
Alimentação
11 ± 3,5
Pode Melhorar
12 ± 3,4
Pode Melhorar
15 ± 2,7
Vá em Frente
13 ± 2,8
Vá em Frente
do Estilo de Vida
Controle de
Estresse
Relacionamento
Comportamento
Preventivo
* Nível de recomendação
Alerta - 0 a 6 pontos
Pode Melhorar - 7 a 12 pontos
Vá em Frente - 13 a 18 pontos
47
Analisando tabela e o gráfico dois de uma forma geral, observamos que dentre os
cinco itens apresentados como necessários para um estilo de vida saudável, a atividade
física foi o que obteve resultados menos favoráveis, tanto num sentido geral, quanto quando
analisado por postos de trabalho. Em se tratando de Alimentação e Controle de Estresse,
apesar de ainda não ser o ideal, classificou-se em pode melhorar indicando que ainda se
pode interferir de maneira positiva. Os melhores índices ficaram com os itens
Relacionamento e Comportamento preventivo, em especial os Relacionamentos, que obteve
os maiores escores.
Gráfico 2-demonstração dos resultados geral do Estilo de Vida
Análise geral do estilo de vida
15
15
11
10
13
12
7
5
0
0 0
af
Alerta
0
0
a
0
0
s
Pode melhorar
0 0
r
0 0
p
Vá em frente
Resultados semelhantes aos acima demonstrados, foram encontrados por Cunha et. al
(1988), em estudo realizado com oficiais da Policia Militar do Estado de Pernambuco, onde
a inatividade física foi bastante elevada, constituindo o principal aspecto do estilo de vida a
ser modificado por estes profissionais. Em outro estudo também relacionado à atividade
física, de Policiais militares, realizado em São Paulo por Merino (2007), buscou verificar a
relação entre as dores corporais e a pratica de atividade física, e constatou-se que nos
sedentários os desconfortos apresentados foram em media 33% maiores em relação aos
pouco ativos, um índice semelhante ao da amostra aqui apresentada, o que comprova que
mesmo em policias com funções distintas, civil e militar, é possível verificar que há uma
tendência muito forte à inatividade física.
Fontenele et. al. (2007), investigando a resistência a síndrome de Burnout em
servidores hospital de base Ary Pinheiro na cidade de Porto Velho, constatou que 53% dos
pesquisados não praticam nenhum tipo de atividade física, e tendo em vista que os
48
servidores públicos que trabalham com segurança e saúde se encontram em situações
laborais semelhantes, tais resultados servem como referencia para esse estudo.
Apesar da importância da pratica regular de atividade física para a manutenção da
saúde e prevenção de doenças, o que se comprova em vários estudos nas diferentes áreas
profissionais Souza et al. (1988) e faixas etárias diferentes Oliveira et al. (2007) é que
apesar da massificação destas informações, ainda não se tem bons resultados em termos
práticos.
É o que se pode observar nos trabalhos de Vieira et al. (2003) e Silva et al. (2003), que
fizeram estudos objetivando verificar quais os fatores que mais influenciam na aderência ou
abandono dos exercícios físicos, por populações que necessitam dessa prática regular para
a manutenção de sua saúde, obesos matriculados em uma academia da Zona Sul do RJ e
pacientes do Ambulatório de Cardiologia do Hospital da Universidade Federal de Juiz de
Fora. Respectivamente, os resultados mostram que o percentual de abandono é bastante
significativo. E os motivos mais alegados são a falta de tempo, motivo de saúde e a falta de
atenção por parte dos profissionais da área.
Em relação ao item ALIMENTAÇÃO os resultados demonstrados na tabela 2, é que a
maioria obteve a recomendação “pode melhorar”, ou seja, ainda pode ser feita intervenção
positiva, mas não éum comportamento tão negativo. Diferente a este estudo, Geraldes et.
Al. (2006) demonstrando também através do PBE (Pentáculo do Bem estar), que o nível de
qualidade de vida dos colaboradores da Diretoria de Esportes e Lazer de SESI-SP, em
relação à nutrição, 61% dos participantes apresentam escores negativos referentes a esse
item, alem de 52% apresentarem escores negativos referentes à ingestão de gordura.
Barros et al (2008), constatou que semelhante a estes resultados, os enfermeiros do
centro obstétrico do Hospital de Base Ary pinheiro em Porto Velho, também obtiveram
medias boas no item alimentação, apesar das condições de trabalho a que estão
submetidos.
Mauro & Nahas (2001), ao analisarem os comportamentos de risco, auto avaliação do
nível de saúde e percepção de estresse entre trabalhadores da indústria em Santa Catarina,
constataram que havia um reduzido consumo de frutas e verduras (menos de uma porção
ao dia), bem diferentes desta população que ao serem indagados se incluíam em suas
refeições diárias verduras e saladas verdes, disseram que sim, corroborando com a media
final.
Por estas analises, concluímos que seria necessário o privilegio de não dar devida
atenção à alimentação, não é uma característica dos Profissionais da Segurança Publica,
diferente do estudo feito por Pascoal & Donato (2005), onde os autores fizeram uma
49
investigação a respeito da qualidade de vida entre os alunos da Pontifica universidade
Católica de Campinas e ao serem questionados sobre os aspectos psicofísicos da qualidade
de vida, ter boa alimentação ficou em segundo lugar nas respostas destes, onde a saúde
ficou em primeiro.
Obtivemos na tabela 2 um resultado onde os pesquisados mantêm sob CONTROLE O
ESTRESSE, ficando em um nível onde poderia ser melhor, mas com uma media acima do
esperado para esta população. Resultados semelhantes foram obtidos por Costa et. Al.
(2007), que diagnosticou a ocorrência e a fase de estresse em policiais militares do
Comando de Policiamento da Cidade de Natal, onde os resultados mostram que os níveis
de estresse e de sintomas também não indicaram, necessariamente, a presença de um
quadro de fadiga crítico (fase de exaustão), apontando a ausência de um risco ocupacional
eminente.
Diferentes dos resultados acima descritos têm-se o estudo feito por Moraes et al.
(2000), que ao verificar o estresse e a qualidade de vida de policiais militares do estado de
Minas Gerais, constatou a existência de importantes níveis de estresse entre os membros
da corporação, que decorrem de uma elevada insatisfação em relação à Instituição, porem,
paralelamente foi encontrado um importante nível de satisfação com o trabalho em si,
implicando em significativa Qualidade de Vida no Trabalho.
Em outro estudo com uma população semelhante à desta pesquisa ora apresentada,
caracterizadas pela presença de demandas físicas e mentais importantes, com riscos à
saúde e segurança, Martinez & Latorre (2008) verificaram, dentre outros fatores, que nos
eletricitários de uma empresa do setor elétrico do Estado de São Paulo, os níveis de
estresse identificados foram considerados moderados, em relação à outras populações e às
peculiaridades desta profissão.
Este perfil, quando se considera o papel que o estresse no trabalho passou a
representar como agente desencadeante de agravos à saúde dos trabalhadores com
conseqüências sobre a saúde, o bem-estar, a qualidade de vida e a produtividade destes, é
um ponto que merece atenção especial, demonstrando que ainda é possível uma ação
preventiva por parte das organizações governamentais.
Nos RELACIONAMENTOS, temos os melhores resultados aqui apresentados, este é o
item com maior média. Resultado um pouco diferenciado foi apresentado pelos alunos da
Pontifica Universidade Católica de Campinas, onde ao serem questionados por PASCOAL &
DONATO (2005), a cerca dos aspectos sócio-culturais da qualidade de vida, o item
relacionamentos apareceu em segundo lugar, sendo precedido pelo lazer.
50
Quando comparado com estudo feito também com policiais, por Moraes et al (2000), o
autor constatou, diferentemente do estudo ora apresentado, a existência de interrelacionamentos conflituosos entre superiores e subordinados, o que juntamente com a
presença de lideranças autoritárias que buscam cercear os subordinados a uma disciplina
extremamente rígida, contribui para a deteriorização do clima e ambiente organizacional.
Esta diferença de resultados pode ter sua explicação no regime hierárquica, adotada por
ambas as Instituições, uma vez que na Policia Civil, tal disciplina é menos exigida.
A média para o COMPORTAMENTO PREVENTIVO, também foi boa, classificando
esta população em um nível que os incentiva a ir em frente. Resultados semelhantes foram
observados em uma outra categoria, que também trabalham em condições próximas à dos
profissionais da Segurança Pública, em termos de estresse, são os enfermeiros do Centro
Obstétrico do hospital de Base Ary Pinheiro na cidade de Porto Velho/RO, que por ser um
setor fechado, com atendimentos de alta complexidade, exige do profissional um nível de
tensão elevado, um equilíbrio físico e emocional adequado para as atividades que realizam.
Os resultados mostram 86% de comportamento satisfatório à prevenção (BARROS et al.,
2008).
Em se tratando de saúde e qualidade de vida, é mais do que notória a importância da
adoção de hábitos novos em termos de prevenção. É o que se vê em um estudo feito por
Popim et al.(2008) com carteiros da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos em
Botucatu, São Paulo, onde mesmo a empresa fornecendo 100% de equipamentos
protetores, e este grupo consistir em propensos candidatos à aquisição de câncer de pele, o
hábito de usar filtro solar foi encontrado em 63,63% dos entrevistados, sendo a não
aderência a este, justificada em 75% por falta de costume ou habito.
Mesmo com os fatores de risco iminente e as condições a que tais profissionais de
segurança pública estão expostos, este resultado nos remete a uma perspectiva um tanto
quanto positiva, uma vez que os cuidados com a prevenção consistem importante
componente da qualidade de vida e talvez não tenham sido mais positivo, face os
equipamentos de segurança não serem oferecidos a essa população como deveria.
Obtivemos na tabela 4 um resultado onde metade dos pesquisados mantêm sob controle o
estresse e a outra metade não. Costa et. Al. (2007), Diagnosticou a ocorrência e a fase de
estresse em policiais militares do Comando de Policiamento da Cidade de Natal, onde os
resultados mostram que os níveis de estresse e de sintomas também não indicaram,
necessariamente, a presença de um quadro de fadiga crítico (fase de exaustão), apontando
a ausência de um risco ocupacional eminente.
51
Gráfico 2-Demonstração dos resultados por postos de trabalho
Comparação dos postos de trabalho
15
11 12
10
9
7
11
13
15
14
15
15
13
12
10
9
6
5
0
Ativde. Fisc.
alim
stress
sevic
cart
rel
prev
comis
Ao analisar os resultados por postos de trabalho, é possível observar maiores
diferenças. A característica especificas de cada posto explicaria tais resultados, uma vez
que mesmo desempenhando atividades de policia, cada posto tem atribuições diferentes.
Tabela 3 – Média, desvio padrão e nível de recomendação para cada componente do estilo de
vida por postos de trabalho (SEVIC- Serviço de Investigação e Captura).
Componentes
Média ( X ) – DP
*Nível de Recomendação
Atividade Física
07 ± 6,9
Pode melhorar
Alimentação
9 ± 3,7
Pode melhorar
10 ± 5,0
Pode melhorar
14 ± 3,2
Vá em frente
12 ± 2,1
Pode melhorar
do Estilo de Vida
Controle de
Estresse
Relacionamento
Comportamento
Preventivo
Pela tabela 3 é possível observar que talvez pela dinâmica das tarefas deste setor,
executadas praticamente o tempo todo fora das instalações da DP, estes obtiveram um nível
de recomendação “pode melhorar”, no item Atividade Física, ficando melhor que o cartório e
na mesma media do comissariado, o que ainda não é o ideal, face a necessidade destes se
manterem com um condicionamento que os permita desempenharem suas tarefas laborais
com satisafatoreidade.
52
Tabela 4– Média, desvio padrão e nível de recomendação para cada componente do
estilo de vida por postos de trabalho (CARTORIO).
Componentes
Média ( X ) – DP
*Nível de Recomendação
Atividade Física
6 ± 3,5
Alerta
Alimentação
11 ± 2,9
Pode melhorar
11 ± 2,8
Pode melhorar
15 ± 2,5
Vá em frente
15 ± 3,0
Vá em frente
do Estilo de Vida
Controle de
Estresse
Relacionamento
Comportamento
Preventivo
Pela tabela 4, é possível observar que o Cartório obteve os resultados menos
favoráveis para o item Atividade Física, resultados estes que poderiam ser justificados se
levado em consideração a natureza das tarefas desempenhadas, que favorecem à
inatividade física, uma vez que os funcionários deste setor permanecem por longos períodos
sentados digitando, quando em audiências apuratórias, ou realizando os procedimentos
burocráticos necessários à apuração dos IPL’S (Inquéritos Policiais).
Tabela 5– Média, desvio padrão e nível de recomendação para cada componente do
estilo de vida por postos de trabalho (COMISSARIADO).
Componentes
Média ( X ) – DP
*Nível de Recomendação
Atividade Física
9 ± 4,4
Pode melhorar
Alimentação
12 ± 3,5
Pode melhorar
13 ± 3,5
Vá em frente
15 ± 2,8
Vá em frente
13 ± 3,3
Vá em frente
do Estilo de Vida
Controle de
Estresse
Relacionamento
Comportamento
Preventivo
.
Na tabela 5 temos o Comissariado que, apesar de nos dias em que se encontram
trabalhando permanecerem por muito tempo digitando e sentados, têm horários
diferenciados em virtude de trabalharem em regime de plantão e as folgas propiciariam uma
53
compensação, o que justificaria os resultados (9) melhores que o SEVIC (7) e ainda
melhores que o CARTORIO (6), para o item Atividade Física.
Em se tratando de alimentação, todos os postos de trabalho ficaram numa media boa,
tendo o SEVIC a menor media (9) em relação ao cartório (11) e ao comissariado (12). Se
levarmos em consideração o corre-corre a que este setor esta submetido no desempenho
de suas funções, que dependendo da situação não têm hora e nem lugar para fazerem suas
refeições, esta media é considerada muito boa.
Quando o assunto é estresse, mais uma vez temos resultados semelhantes ao item
alimentação, com medias maiores do comissariado (13), menores do cartório (11) e ainda
menores do SEVIC (10) porem mantendo todos os postos em um nível de recomendação
que apesar de não ser o ideal (ainda podendo melhorar), mais uma vez se levarmos em
consideração o ambiente de trabalho e a natureza das tarefas desempenhadas por este
grupo, observa-se uma média muito boa.
Resultados semelhantes foram observados em se tratando de relacionamentos, onde
houve quase uma unanimidade, em atingir uma media que classifica a todos em um nível de
recomendação que os incentiva a continuarem nesta direção. Apesar do ambiente pouco
salutar das dependências de uma DP, onde se lida com todos os tipos de situações, pelas
respostas obtidas é possível observar que a maioria absoluta procura cultivar o bom
relacionamento com os colegas de trabalho.
Por ultimo mais não menos importante, temos os questionamentos a cerca dos
comportamentos adotados como forma de prevenção e melhoria da qualidade de vida, onde
houve novamente diferenças entre o SEVIC (12) e os outros, principalmente o cartório (15) e
o comissariado (15), resultados que os
incentiva a manter tais hábitos, pois este é o
caminho certo para uma vida saudável.
Quanto ao SEVIC, que desta vez obteve uma media (12), o que chama a atenção para
a necessidade de melhorar neste item, uma vez que de todos os postos, eles sempre ficam
na linha de frente do perigo, não desmerecendo aos outros, como é o caso dos escrivães e
delegados que no cartório, mantêm contato também com materiais e situações de risco,
mas o SEVIC é o que está mais exposto ao risco iminente, quando na maioria das
situações.
O risco representa uma condição intrínseca à profissão policial. Os estudiosos que
avaliam risco apontam que as situações englobadas por essa noção não podem ser
consideradas apenas como processos objetivos e redutíveis a análises quantitativas, uma
vez que fatores culturais afetam o julgamento dos indivíduos sobre ocorrências arriscadas
(Minayo et. Al., 2007). Talvez pela influencie destes fatores subjetivos, os resultados
54
relacionados ao item comportamento preventivo, houve uma media boa, classificando estes
profissionais em um nível positivo.
5.0 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES
Este estudo teve como objetivo identificar o Estilo de Vida dos Profissionais da
Segurança Publica de uma delegacia de Policia Civil da cidade de Porto Velho/RO,
utilizando o questionário de estilo de vida individual – conhecido como O Pentáculo do Bem
Estar – que analisa os componentes: Atividade física, Nutrição, Controle do Estresse,
Relacionamentos e Comportamento Preventivo. Diante dos resultados obtidos nesta
pesquisa, conclui-se que:
 Os dados para atividade física apresentam deficiência bastante preocupante, quando
se constata que a maioria dos entrevistados não praticam nenhum tipo de atividade física,
mesmo sendo de conhecimento geral, na atualidade, que este é um dos fatores
fundamentais para manutenção da saúde e prevenção de doenças. É importante ressaltar
ainda que a instituição não oferece o serviço de ginástica na empresa, fazendo com que ao
serem indagados a cerca da participação neste programa, todos foram unânimes em
responder que não.
 Existe certa preocupação por parte dos pesquisados em manter uma alimentação
equilibrada, é o que pode ser observados nos índices consideráveis aqui apresentados,
sendo necessário apenas um pouco mais de atenção no consumo de sal e alimentos
defumados, uma vez que 14 dos 28 entrevistados demonstram não ter o habito de evitar tais
alimentos. E como preconiza a literatura, este mau hábito pode causar hipertensão,
dependendo da adição de outros fatores.
 Apesar das características insalubres e estressantes das tarefas desempenhadas
por estes trabalhadores, os resultados da pesquisa mostra que uma parte significativa dos
profissionais pesquisados lidam bem com o estresse. Porem, talvez pelas características
das situações enfrentadas no dia-a-dia destes profissionais, ao serem questionados se se
mantêm calmos em uma discussão mesmo sendo contrariado, apenas três responderam
que sempre o fazem.
 Se no item atividade física os resultados foram abaixo do necessário para uma boa
saúde, em termos de relacionamentos esta categoria vai muito bem. Este resultado positivo
55
pode ser atribuído ao fato destes buscarem no contato com a natureza e nas relações com a
comunidade o equilíbrio, deixando a maioria satisfeita com a vida que leva, ao serem
questionados quanto a este.
 O componente comportamento preventivo foi o que teve maiores índices positivos,
também obteve escores bem elevados, porem, pela especificidade dos riscos eminentes de
vida a que estes estão expostos, ao serem questionados se utilizam equipamentos de
proteção e evitam expor-se a acidentes de trabalho, 16 responderam que quase sempre o
fazem, mas levando em consideração que a maioria não tem equipamentos de segurança
disponíveis, ou quando os tem quase sempre é sucateado, este resultado esta em
consonância com a realidade.
Ao serem questionados sobre a valorização da prática regular de atividade física para
a sua saúde, 20 dos 28 entrevistados mantiveram o seu nível de resposta entre quase
sempre e sempre valorizam, demonstrando que o grupo detém conhecimentos que
justificaria a inclusão de alguma atividade física em seu dia-a-dia.
Percebe-se que apesar do reconhecimento da importância da atividade física,
principalmente para os operacionais, que a qualquer instante podem ter que utilizar um
condicionamento físico satisfatório, foi o item que apresentou os escores mais negativos.
Porem, esta não é uma peculiaridade desta população, muitos são os estudos em que
baixos níveis de atividades físicas entre os trabalhadores da segurança publica bem como
trabalhadores em geral aparecem de forma significativa (BARROS ET AL. 2008,MERINO
2007).
Outro fator a ser considerado, é que pela natureza legal da profissão, que exige total
dedicação, pode ser que este baixo nível de atividade física esteja relacionado à falta de
tempo, ou ma administração deste, uma vez que estudos (VIEIRA ET AL. 2003, SILVA ET
AL.2003) mostram ser este o principal motivo para o baixo nível de atividade física, não só
para os trabalhadores, como da população em geral, que somente buscam estes serviços,
quando já desenvolveram alguma patologia e recebem recomendação médica.
Após esta análise, pode-se apontar a necessidade de vislumbrar estratégicas de
implementação de Atividades Físicas para a manutenção da saúde e qualidade de vida no
meio destes profissionais, inclusive como controle do stress.
Esse trabalho buscou verificar o Estilo de Vida de profissionais da segurança publica
de uma unidade policial das mais importantes da capital rondoniense, por abranger a região
central da cidade, onde lidam com situações que vão desde briga de vizinhos, até assaltos à
lojas e bancos. Porem, este estudo está longe de esgotar as possibilidades sobre o tema,
56
uma vez que cabe ampliar discussões sobre o mesmo. Assim apresentam-se algumas
sugestões para trabalhos científicos e recomendações para os gestores:
 Pesquisas com amostras de todas as delegacias da capital e quiçá do interior,
associando diagnóstico mais detalhado sobre Estilo de Vida e Qualidade de Vida destes
servidores;
 Estudos correlacionais entre o estilo de vida dos agentes de policia operacionais e os
profissionais do serviço burocrático, a fim de analisar se há diferenças significativas em
termos de adoecimento e etc.;
 Propostas de estratégias para conscientização e manutenção de um Estilo de vida
Saudável;
 Pesquisas epidemiológicas relacionadas com o estilo de vida dos funcionários em
todas as unidades policiais de Porto Velho e do interior.
 Campanhas preventivas e educativas sobre a importância de manter hábitos
saudáveis, a fim de promover conscientização sobre o estilo de vida;
 Oportunizar atividades no ambiente de trabalho de exercícios físicos, como ginástica
laboral e incentivos como convênios para acesso a uma academia de ginástica para os
servidores, uma vez que nesta capital, serviços deste tipo e de qualidade, oneram muito o
orçamento familiar;
 Estabelecer
parcerias
com
instituições
que
podem
oferecer
acompanhamento/realização de algumas ações voltadas à saúde do servidor, como SESI,
CEREST, instituições de ensino técnico e superior, entre outras;
 Estruturar uma equipe de monitoramento de saúde para os servidores das
Delegacias, com nutricionista, educador, físico, psicólogo e médico, cujo acompanhamento
poderá ser estendido a outros setores da secretaria de segurança publica (SESDEC).
57
REFERENCIAS
ACADEPOL/RO- Manual de Orientação;2003.
BARBANTI, V.J. Aptidão Física: Um convite à saúde. São Paulo: Manole,1990.
BARROS, Mauro V. G.; Nahas Markus V. Comportamento de Risco, auto-avaliação do
nível de saúde e percepção de estresse entre trabalhadores da industria. Revista
Saúde Pública vol. 35 nº 6 São Paulo Dec. 2001.
BARROS, Josilene A. De; SOUZA, Maria de Fátima B.; CARDOSO, Sidomar G.: Estilo de
vida do profissional de saúde, 2008. (Monografia Especialização).
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