Um Modelo Conceitual Fuzzy para Análise do Risco da Avaliação de Cursos de Graduação Simone E. Rosa, Viviane L. D. Mattos, and Graçaliz P. Dimuro Programa de Pós-Graduação em Modelagem Computacional Programa de Pós-Graduação em Computação Universidade Federal do Rio Grande – FURG 96203-090 Rio Grande, Brasil {viviane.leite.mattos,gracaliz}@gmail.com Resumo A autorização, reconhecimento e renovação de reconhecimento de cursos de graduação dependem de parecer emitido por avaliadores a partir de uma avaliação in loco, usando critérios definidos pelos órgãos competentes. Entretanto, esta avaliação é feita em um tempo exı́guo e sem o exame detalhado de todas as evidências, existindo risco de emissão de parecer inadequado. Partindo do pressuposto de que a formalização e o registro de todos os processos existentes em uma Instituição de Ensino Superior (IES) podem minimizar este risco, neste trabalho propõe-se um modelo conceitual fuzzy para análise do risco na avaliação de cursos de graduação, representado pela transparência da gestão em uma IES. O modelo proposto tem como base o modelo de avaliação de risco de controle em auditorias contábeis, introduzido por Antunes. O uso da lógica fuzzy se justifica por auxiliar na execução de um raciocı́nio aproximado, e o instrumento proposto, que se encontra em fase de validação, pode servir como indicador do detalhamento necessário na verificação das evidências. Keywords: Análise de Risco, Sistemas Fuzzy, Avaliação de Cursos de Graduação 1 Introdução Universidades e centros universitários possuem autonomia para ofertar ou encerrar cursos de graduação sem possuir autorização prévia. Podem pesquisar e identificar as necessidades da comunidade e propor a criação ou extinção de um curso de graduação. No caso de criação de um novo curso, seu projeto polı́tico-pedagógico deve ser submetido à aprovação pelos órgãos competentes da instituição de ensino superior (IES) e, se aprovado, deve ser encaminhado ao Ministério da Educação (MEC) para cadastramento [4]. Já as faculdades, faculdades integradas, escolas ou institutos superiores não apresentam autonomia para ofertar estes cursos. Quando isso acontece, é preciso fazer formalmente uma solicitação de autorização ao Ministério da Educação (MEC) e ao Conselho Nacional de Educação (CNE) [4]. Após sua criação, o curso de graduação deve passar por um processo de reconhecimento, o que pode ser feito após a metade da duração prevista para o curso. Existem situações nas quais as IES esperam a conclusão final da primeira turma para submeter o curso ao reconhecimento, que deve ser renovado a cada três anos [4]. Análise Fuzzy do Risco da Avaliação de Cursos de Graduação 853 Na operacionalização destes processos o MEC recebe a colaboração de dois órgãos: o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP) e o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES) [4]. Em qualquer uma das etapas: autorização, reconhecimento e renovação de reconhecimento, profissionais selecionados aleatoriamente entre os cadastrados no Banco Nacional de Avaliadores (BASis) exercem importante papel por realizarem avaliações in loco, utilizando instrumento próprio como parâmetro. Entretanto, eles têm um tempo exı́guo para fazer a avaliação, a qual considera alguns aspectos subjetivos, e emitir uma opinião, sem poder examinar detalhadamente todas as evidências, razão pela qual podem cometer alguns equı́vocos, dando subsı́dios para aprovação de um curso que não deveria ser aprovado ou, ao contrário, para reprovação de um curso que deveria ser aprovado. Partindo do pressuposto de que a transparência da gestão, demonstrada pela formalização e registro de todos os processos existentes na instituição, pode minimizar este risco, neste trabalho é proposta a definição de um modelo conceitual fuzzy para análise de riscos da avaliação de cursos de graduação, adaptado de Antunes [1], proposto para avaliação de risco de controle em auditorias contábeis. Este artigo está organizado como descrito a seguir. Na Seção 2, discute-se brevemente a utilização de controladores fuzzy. O modelo proposto é detalhado na Seção 3. A Seção 4 apresenta as considerações finais. No Anexo, apresenta-se o formulário utilizado nas entrevistas, contendo os elementos que devem ser levados em consideração na avaliação de fatores que podem provocar falhas no sistema de gerenciamento de IES. 2 Breves considerações sobre controladores fuzzy A mensuração de variáveis pode ser feita por diversos tipos de instrumentos que podem empregar escalas qualitativas (nominais ou ordinais) ou quantitativas (intervalares ou de razão). Entretanto, toda medida está associada a um certo grau de incerteza por poder conter erro e os cientistas buscam incessantemente formas de mensuração com a maior fidedignidade possı́vel. Neste contexto, assume importante papel a lógica fuzzy, que se baseia nos conceitos da teoria dos conjuntos fuzzy proposta por Zadeh [7], em 1965, para fornecer meios para lidar com a idéia da incerteza, do nebuloso, do vago, muito presentes em avaliações subjetivas, como no caso da avaliação de cursos de graduação de que trata este trabalho. Na lógica fuzzy a descrição de um fato pode ser feita de maneira mais coerente do que na lógica clássica, onde existem apenas dois graus de verdade: o puramente ”verdadeiro”(V) e o ”puramente falso”(F). Na lógica fuzzy há uma graduação de graus de verdade variando entre o V e o F, reduzindo a perda de informações e refletindo melhor a realidade. Sua estruturação é mais semelhante à forma de pensar e tirar conclusões dos humanos, originando respostas fundamentadas em informações imprecisas e ambı́guas. De acordo com esta teoria, um elemento pode pertencer, não pertencer ou estar parcialmente presente em um determinado conjunto, sendo associado a ele um grau de pertinência ao conjunto em questão [2]. Uma aplicação prática de bastante sucesso desta teoria se deu no desenvolvimento de controladores industriais, que têm sido muito úteis tanto na área de controle in- 854 Simone E. Rosa et al. dustrial como em tarefas de reconhecimento de padrões. Estes controladores são formados por três estágios: fuzzificação das entradas discretas, processamento através de inferência fuzzy, e cálculo de saı́das discretas por defuzzificação (este módulo é opcional)[2,3,6]. As entradas discretas são categorizadas por meio de variáveis lingüı́sticas, qualificadas por meio de termos linguı́sticos, representados como conjuntos fuzzy. O processo de fuzzificação tem a função de transformar as entradas discretas em entradas nebulosas, transformando um dado numérico “crisp” em resultados categóricos com diferentes graus de pertinência aos conjuntos fuzzy que representam os termos linguı́sticos. A partir daı́, o modelo se baseia em uma base de regras de inferências, estabelecidas pelo especialista, para descrever as diversas possibilidades de raciocı́nio sobre a aplicação em questão. Essas regras de inferência se baseiam na aplicação de regras de controle, que podem ser de caráter condicional (se ... então...) ou incondicional (se), realizando somente uma asserção e podendo conter mais de um condicionante. As premissas da regra são chamadas de antecedentes e sua ação constituı́da de conseqüente. A relação entre estas premissas se dá por meio de conectivos lógicos – operador de junção (e) ou de disjunção (ou). O processo de inferência se baseia na avaliação de variáveis antecedentes que formam a regra de controle. O controlador de lógica fuzzy deve definir os valores correspondentes aos graus de pertinência dos termos linguı́sticos que correspondem às antecedentes, estabelecer a força das conclusões de cada regra disparada, partindo de um determinado grau de pertinência dos termos linguı́sticos, e determinar a saı́da nebulosa. Posteriormente os resultados podem ser defuzzificados, determinando valores discretos (valores crisp). Primeiramente o processo combina as saı́das nebulosas obtidas no decorrer do processo de inferência, a partir de uma função que Dubois [5] designou de Agregação ou Resolução de Conflitos, transformando posteriormente o resultado encontrado em saı́da discreta, o que pode ser feito por vários métodos. Os mais usados são: método do centróide no qual os graus de pertinência são usados como peso para o cálculo de uma média ponderada; método do máximo, que identifica o valor de saı́da nebuloso que apresenta o valor máximo; método da média dos máximos, que calcula a média de todos os pontos máximos das saı́das nebulosas. 3 Modelo proposto A idéia do controlador de lógica fuzzy foi utilizada na construção do modelo proposto neste trabalho. O instrumento construı́do baseou-se no proposto por Antunes [1] para avaliação de risco de controle em auditorias, no qual o sistema em estudo foi segregado em classes de risco. Estas classes foram segregadas em fatores de risco e, para avaliá-los, foram identificados os principais elementos que os compõem para serem mensurados em uma escala numérica. No presente trabalho, o risco de avaliação, representado pela transparência da gestão em uma IES, foi avaliado pelo registro da formalização dos processos envolvidos na criação e no gerenciamento de um curso de graduação, definidos no projeto polı́tico pedagógico do curso, projeto polı́tico pedagógico da instituição, além de estatutos e regimentos internos das diversas unidades administrativas. Análise Fuzzy do Risco da Avaliação de Cursos de Graduação 855 Inicialmente, o risco de avaliação foi considerado sob dois aspectos: risco de ambiente e risco de ameaças, contribuindo com, respectivamente 90% e 10% de seu valor: RAv = 0.9RAmb + 0.1RAme (1) onde RAv é o risco de avaliação, RAmb é o risco de ambiente e RAme é o risco de ameaças. Estes percentuais foram definidos a partir de consulta a cinco profissionais já envolvidos em processos de avaliação de cursos de graduação. O risco do ambiente foi segregado em três classes: risco de gestão de pessoas, risco de modelo de decisão e risco de infra-estrutura, enquanto o risco de ameaças se constituiu apenas de uma classe: risco de ameaças. Cada uma destas quatro classes foi segregada em dois ou três fatores de avaliação que foram novamente segregados em elementos de avaliação, conforme apresentado na Figura 1. A classe de risco gestão de pessoas foi segregada em dois fatores: comprometimento com competência e polı́ticas e práticas de recursos humanos. O fator comprometimento com competência foi segregado em três elementos de avaliação, a saber: – conhecimentos e habilidades necessárias para a competência exigida, que deve avaliar a existência de procedimento formal, com critérios bem definidos e devidamente registrados para avaliar os conhecimentos e habilidades necessárias em cada processo de seleção; – aprimoramento do conhecimento dos funcionários, que deve avaliar a existência de plano de aperfeiçoamento dos funcionários, com critérios bem definidos e devidamente registrados, que viabilizem o real aprimoramento de seus conhecimentos pela participação em eventos, cursos e outras atividades; e – formação e experiência necessária para a execução de tarefas, que deve avaliar a existência de procedimento formal, com critérios bem definidos e devidamente registrados, para avaliar a formação e habilidades necessárias necessários em cada processo de seleção. O fator polı́ticas e práticas de recursos humanos também foi segregado em três elementos de avaliação: – polı́ticas de recrutamento e seleção adequadas para contratar os funcionários, que deve avaliar a existência de procedimento formal com critérios bem definidos e devidamente registrado para a seleção de pessoal; – cultura da organização, papéis e responsabilidades, que deve avaliar se os funcionários recebem orientação de maneira formal a respeito de seus deveres e direitos, bem como sobre o funcionamento da Instituição; – avaliação de desempenho para progressão funcional, que deve avaliar se existe um plano de carreira formal, com critérios bem definidos e devidamente registrados, para avaliação dos funcionários, viabilizando sua progressão funcional. A classe de risco modelo de decisão foi segregada em três fatores de risco: filosofia e estilo operacional, postura pedagógica e conselhos da Instituição. O fator de risco filosofia e estilo operacional foi segregado em três elementos de avaliação: Simone E. Rosa et al. Ameaças Externas Ameaças Internas Estrutura Organizacional Atribuição de Responsabiladade Conselhos da Instituição Postura Pedagógica Filosofia e Estilo Operacional Políticas e Práticas de Recursos Humanos Comprometimento com competência Fatores de Risco Riscos de Ameaças Riscos de Infra-Estrutura Riscos de Modelo de Decisão Risco de Gestão de Pessoas Classes de Riscos MODELO CONCEITUAL DE AVALIAÇÃO DE RISCO DE CONTROLE INTERNO NA CRIAÇÃO DE UM CURSO DE GRADUAÇÃO Elementos de Avaliação Conhecimentos e Habilidades Aprimoramento do Conhecimento Formação e Experiência para execução de tarefas Políticas de Recrutamento e Seleção Cultura da organização, Papéis e Responsabilidade Avaliação de Desempenho para progressão funcional Forma de assumir e Monitorar Riscos Atitudes com os principais gestores Atitudes com funcionários Ações pedagógicas Criação de um curso de graduação Independência com relação aos Sup. e experiência Envolvimento e adequação de ações Integração com discentes e docentes Atribuição de Responsabilidade Autoridades e Responsabilidade em TI Adequação tamanho da instituição Natureza da atividade Eficiência Identificar ameaças e oportunidades no ambiente Identificar ameaças decorrentes dos Rec. Humanos Identificar ameaças decorrentes das políticas inst. Identificar ameaças no cenário da Instituição Identif. ameaças por novas modalidades de ensino Ident. ameaças por mudança nas políticas públicas Riscos Riscos do Ambiente Riscos de Ameaças Resultado da Avaliação: Plenamente adequada, adequada, suficiente, insuficiente, precária/inexistente Grau de Importância: Grande, Média e Pequena Resultado da Avaliação Psicométrica:Muito Alto, Alto, Razoável, Baixo, Muito Baixo Figura 1. Classes e fatores e elementos de avaliação considerados na mensuração da transparência da gestão em IES Avaliação Psicométrica : Plenamente adequada, adequada, suficiente, insuficiente, precária/inexistente 856 Análise Fuzzy do Risco da Avaliação de Cursos de Graduação 857 – forma de assumir e monitorar riscos, que deve avaliar se existem procedimentos formais e devidamente registrados de monitoramento e análise de riscos; – atitudes com os principais gestores da instituição, que deve avaliar se as responsabilidades dos gestores estão definidas de uma maneira formal e adequada, permitindo uma atuação autônoma, desde que não se oponha aos princı́pios norteadores da instituição; – atitudes com os funcionários, que deve avaliar se as responsabilidades dos funcionários estão definidas de uma maneira formal e adequada, viabilizando um tratamento igualitário e respeitoso. O fator de risco postura pedagógica foi segregado em dois elementos de avaliação: – ações pedagógicas, que deve avaliar se existe documento formal, adequado e devidamente registrado, que oriente os docentes na definição de suas ações pedagógicas; – criação de um curso de graduação, que deve avaliar a existência de documento formal, adequado e devidamente registrado, que regulamente a criação de cursos de graduação. O fator de risco conselhos da Instituição foi segregado em três elementos de avaliação: – independência em relação aos superiores e experiência, que deve avaliar a existência de regimento interno nas unidades administrativas e/ou acadêmicas que viabilize uma escolha idônea dos membros dos conselhos, bem como atuação autônoma; – envolvimento e adequação de ações, que deve avaliar se existe documento formal e devidamente registrado que permita o envolvimento dos conselhos das diversas unidades acadêmicas e/ou administrativas na definição de atividades estratégicas da instituição assim como implementação de ações; – integração com discentes e docentes, que deve avaliar se existe documento formal, e devidamente registrado, que garanta a efetiva participação de docentes e discentes nos conselhos das unidades acadêmicas e/ou adminstrativas. A classe de risco infraestrutura foi segregada em dois fatores: atribuição de responsabilidade e estrutura organizacional. O fator de risco atribuição de responsabilidade foi dividido em dois elementos de avaliação: – atribuição de responsabilidades aos funcionários pela consecução de resultados, que deve avaliar se existe um procedimento formal, com critérios bem definidos e devidamente registrados, que atribua responsabilidade aos funcionários pela consecução de resultados (prêmios e sansões). – responsabilidade em TI, que deve avaliar a existência de processo formal e devidamente registrado para controlar a circulação de documentos, informações e acessos. O fator de risco estrutura organizacional foi dividido em três elementos de avaliação: – tamanho da instituição, que deve avaliar se a quantidade de unidades administrativas e acadêmicas é compatı́vel com a quantidade de alunos e cursos oferecidos pela instituição; 858 Simone E. Rosa et al. – natureza da atividade, que que deve avaliar se a as unidades administrativas e acadêmicas estão de acordo com natureza dos cursos oferecidos pela instituição; – eficiência, que deve avaliar a existência de processo formal, adequado e devidamente registrado para avaliar a eficiência dos processos administrativos. A classe de riscos ameaças foi segregada em dois fatores de risco: ameaças internas e ameaças externas, sendo cada um deles segregado em três elementos de avaliação. Os elementos de avaliação do fator de risco ameaças internas foram: – identificação de ameaças e oportunidades decorrentes de mudanças no ambiente fı́sico, que deve avaliar a existência de estudos formais e devidamente registrados para identificar ameaças e oportunidades decorrentes de mudanças no ambiente fı́sico (espaço e equipamentos), adequando-o à quantidade de alunos e suas necessidades; – identificação de ameaças e oportunidades decorrentes de recursos humanos, que deve avaliar a existência de estudos formais e devidamente registrados para identificar ameaças e oportunidades decorrentes de recursos humanos (avaliação da mãode-obra disponı́vel); – identificação de ameaças e oportunidades decorrentes das polı́ticas institucionais, que deve avaliara a existência de estudos formais e devidamente registrados para identificar possı́veis ameaças e oportunidades que possam ocorrer a partir das polı́ticas institucionais. Já os elementos de avaliação do fator de risco ameaças externas foram: – identificação de ameaças e oportunidades no cenário onde a instituição está inserida, que deve avaliar a existência de estudos formais e devidamente registrados relacionados ao cenário da instituição (alunos, atividades, criação de curso etc.); – identificação de ameaças e oportunidades por novas modalidades de ensino, que deve avaliar a existência de estudos formais e devidamente registrados para detectar ameaças e oportunidades por diferentes modalidades de ensino, tais como: EAD; – capacidade de identificar ameaças e oportunidades por mudanças nas polı́ticas públicas, que deve avaliar a existência de estudos formais e devidamente registrados para detectar ameaças e oportunidades por mudanças nas polı́ticas públicas. A cada um destes elementos de avaliação deverão ser atribuı́dos valores inteiros entre 0 (zero) e 100 (cem), onde o menor valor corresponde ao não cumprimento dos requisitos (processo inexistente ou informal) e o maior valor, ao seu cumprimento integral (processo formal, registrado e bem definido). Quando algum item não for avaliado, lhe será atribuı́do o valor zero. Estes valores discretos são fuzzificados de acordo com escala utilizada pelo INEP nos instrumentos de avaliação, através de termos linguı́sticos a saber: plenamente adequada, adequada, suficiente, insuficiente e precária/inexistente, com grau de pertinência definido por função de pertinência triangular ou trapezoidal, conforme mostrado na Tabela 1 e Figura 2. Assim, um elemento de avaliação que receba a pontuação 57, por exemplo, será considerado suficiente com grau 0,7 e adequado com grau 0,3 (veja Figura 2). Análise Fuzzy do Risco da Avaliação de Cursos de Graduação 859 Tabela 1. Critérios para fuzzificar valores discretos atribuı́dos aos elementos de avaliação Pontuação Categoria 00 a 20 Precária/inexistente 21 a 40 Insuficiente 41 a 60 Suficiente 61 a 80 Adequada 81 a 100 Plenamente adequada Figura 2. Critérios para fuzzificar valores discretos atribuı́dos aos elementos de avaliação Pela aplicação das regras de controle aos resultados fuzzificados, é definida uma rotulação para os fatores de avaliação. Para estes fatores também é atribuı́da uma pontuação entre 0 (zero) e 100 (cem) que reflita a sua importância na avaliação do curso, o que é feito a partir da quantidade de questões do formulário de avaliação do INEP que contemplam o fator considerado (Tabela 2). Os valores discretos são fuzzificados com os rótulos (termos linguı́sticos): pequena, média e grande, conforme apresentado na Tabela 3. A partir das duas escalas e utilizando as regras de controle, nova rotulação é definida para os fatores de avaliação. Novamente são aplicadas regras de controle para rotular as classes a partir dos fatores de avaliação. Em cada classe ocorre o processo de defuzzificação, sendo o escore final para a satisfação encontrado por uma média aritmética ponderada, com pesos definidos por especialistas. 4 Considerações finais Embora esta proposta tenha tomado como base o modelo para análise do risco de controle em auditorias contábeis de Antunes [1], que já foi validado, o presente modelo conceitual fuzzy para análise do risco na avaliação de cursos de graduação em IES 860 Simone E. Rosa et al. Tabela 2. Determinação da importância dos fatores de avaliação para o risco de avaliação de acordo com o instrumento de reconhecimento de curso elaborado pelo INEP Classes de avaliação Fatores de avaliação Valor atribuı́do Gestão de Pessoas Comprometimento com Competência 67 Polı́ticas e Práticas de Recursos Humanos 50 Modelo de Decisão Filosofia e Estilo Operacional 27 Postura Pedagógica 100 Conselhos da Instituição 55 Infra-Estrutura Atribuição de Responsabilidade 55 Estrutura Organizacional 100 Ameaças Ameaças Internas 83 Ameaças Externas 11 Tabela 3. Critérios para fuzzificar valores discretos atribuı́dos à importância dos fatores de avaliação Pontuação 00 a 30 31 a 69 70 a 100 Categoria Pequena Média Grande ainda está passando por um processo de validação. Atualmente estão sendo realizadas entrevistas para comparar os resultados obtidos pelo modelo com avaliações in loco. A utilização da lógica fuzzy na construção de um modelo de avaliação de risco pareceu ser adequada porque os avaliadores precisam emitir uma opinião sem poder examinar detalhadamente todas as evidências, ou seja, efetuar um raciocı́nio aproximado com proposições vagas, o que, justificaria o uso da lógica fuzzy. O modelo proposto não é de fácil operacionalização, pois requer muitos cálculos em função do processo de fuzzificação, da aplicação das regras de inferência e do processo de defuzzificação. Para sua implementação, utilizou-se um software especı́fico para sistemas fuzzy. Agradecimentos. Este trabalho está sendo financiado pelo CNPq (Proc. 476234/20115, 560118/2010-4,305131/2010-9) e FAPERGS (Proc. 11/0872-3). Referências 1. Antunes, J.: Modelo de avaliação de risco de controle utilizando a lógica nebulosa. Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP, São Paulo (2004). Tese de Doutorado. 2. Barros, L. C., Bassanezi, R. C.: Tópicos de Lógica Fuzzy e Biomatemática. UNICAMP/IMECC, Campinas (2010). 3. Chen, G., Pham, T. T.: Fuzzy Sets, Fuzzy Logic, and Fuzzy Control Systems. CRC Press, Boca Raton (2001). 4. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anı́sio Teixeira, editor: SINAES, Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior, da Concepção à Regulamentação. INEP/MEC, Brası́lia (2009). Análise Fuzzy do Risco da Avaliação de Cursos de Graduação 861 5. Dubois, D. J., Prade, H. M.: Fuzzy Sets and systems: Theory and applications. Academic Press, New York (1980). 6. Ross, T. J.: Fuzzy Logic with Engineering Applications. Wiley, New Mexico (2004). 7. Zadeh, L. A.: Fuzzy sets. Information and Control 8 (3), 338–353 (1965). A Modelo para avaliação da transparência da gestão Parte I - Dados de Identificação Respondente: Cargo: Curso avaliado: Área do conhecimento: Tempo de existência do curso: Instituição: Localização: Mantenedora: Tempo de atuação da instituição: Parte II - Avaliação dos elementos de avaliação Os ı́tens abaixo apresentam os elementos que devem ser levados em consideração na avaliação de fatores que podem provocar falhas no sistema de gerenciamento de IES. A cada elemento de avaliação deverão ser atribuı́dos valores crescentes e inteiros entre 0 (zero) e 100 (cem), onde os menores valores correspondem ao não cumprimento dos requisitos e os maiores valores, ao seu cumprimento. Quando algum item não for avaliado, lhe será atribuı́do o valor zero. As questões estão agrupadas em blocos de ı́tens relacionados a fatores de avaliação. 862 Simone E. Rosa et al. Fatores de avaliação Comprometimento com Competência Elementos de avaliação Nı́vel de conhecimentos e habilidades exigidos para que as pessoas, nos diversos nı́veis da instituição, realizem suas tarefas de maneira eficaz. Aprimoramento do conhecimento dos funcionários para o desenvolvimento das funções. Compatibilidade da formação e experiência profissional com as tarefas designadas aos funcionários, principalmente para aquelas que envolvem maior risco e responsabilidades. Polı́ticas e Práticas Polı́ticas de recrutamento e processos de Recursos Humanos de seleção para a contratação de novos funcionários colaboradores. Fornecimento de orientações precisas e oportunas sobre a cultura organizacional da entidade, as responsabilidades e os papéis atuais e potenciais para os funcionários contratados. Processos de avaliação de desempenho para progressão funcional. Filosofia e Estilo Forma de assumir e monitorar riscos. Operacional Modo de tratamento dispensado aos principais gestores da instituição. Atitudes para com os docentes e técnicos administrativos. Postura Pedagógica Escolha dos princı́pios norteadores das ações pedagógicas. Atitude e ação envolvidas no processo de criação de um curso de graduação. Conselhos da Independência em relação aos superiores, Instituição adequada experiência de seus membros. Envolvimento com atividades estratégicas e adequação das ações. Natureza e extensão da integração com discentes e docentes. Atribuição de Atribuição de responsabilidades aos Responsabilidade funcionários pela consecução de resultados. Processo de atribuição de autoridade e responsabilidade por documentação, transações e acessos em ambiente de TI. Estrutura Organizacional Estrutura apropriada ao tamanho da instituição. Estrutura pertinente com a natureza da atividade. Eficácia proporcionada pela estrutura organizacional. Ameaças Internas Capacidade de identificar ameaças e oportunidades decorrentes de mudanças no meio fı́sico (espaço e equipamentos). Capacidade de identificar ameaças e oportunidades decorrentes de recursos humanos. Capacidade de identificar ameaças e oportunidades decorrentes das polı́ticas institucionais. Ameaças Externas Capacidade de identificar ameaças e oportunidades no cenário onde a instituição está inserida. Capacidade de identificar ameaças e oportunidades por novas modalidades de ensino. Capacidade de identificar ameaças e oportunidades por mudanças nas polı́ticas públicas. Valor atribuı́do