Revista Iberoamericana de Psicología del Ejercicio y el Deporte ISSN: 1886-8576 [email protected] Universidad de Las Palmas de Gran Canaria España Montiel, José Maria; Bartholomeu, Daniel Reseña de "FUTEBOL, PSICOLOGÍA E PRODUÇAO DO CONHECIMENTO" de Maria Regina Ferreira Brandão, Afonso Antonio Machado, João Paulo Subirá Medina e Alcides Scaglia Revista Iberoamericana de Psicología del Ejercicio y el Deporte, vol. 4, núm. 2, julio-diciembre, 2009, pp. 323-326 Universidad de Las Palmas de Gran Canaria Las Palmas de Gran Canaria, España Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=311126265011 Como citar este artigo Número completo Mais artigos Home da revista no Redalyc Sistema de Informação Científica Rede de Revistas Científicas da América Latina, Caribe , Espanha e Portugal Projeto acadêmico sem fins lucrativos desenvolvido no âmbito da iniciativa Acesso Aberto REVISTA IBEROAMERICANA DE PSICOLOGÍA DEL EJERCICIO Y EL DEPORTE Vol. 4, nº2, pp. 323-326 ISSN: 1886-8576 RI Pe D FUTEBOL, PSICOLOGÍA E PRODUÇAO DO CONHECIMENTO Maria Regina Ferreira Brandão, Afonso Antonio Machado, João Paulo Subirá Medina e Alcides Scaglia Coleção Psicologia do Esporte Vol. 3. São Paulo. Editora Atheneu, 2008 Trata-se de uma obra instigante, provocadora e inovadora, naquilo que apresenta. Nossa resenha será elaborada a partir da compreensão da sociedade de espetáculo e do esporte sensacionalista, que sobressai na sociedade capitalista. Pinçamos elementos reais que nos levaram a conduzir a escrita pelos caminhos trilhados pelo Futebol, o esporte do século. O esporte e as diversas ações esportivas atendem a algumas regras específicas e lógicas próprias que atendem às estruturas e princípios sobre os quais os especialistas devem trabalhar para alcançar o melhor do rendimento. E estes especialistas, por sua vez, atendem às regras de suas especialidades, que no esporte são originadas das Ciências do Esporte, nicho em que a Psicologia do Esporte está alojada. Mais ainda: vemos que o esporte moderno tem suas origens nas mais primitivas ações do homem. Temos na caça, tida como principal meio de sobrevivência de nossos antepassados, um dos mais importantes ensinamentos para o início das práticas esportivas: não bastava fazer o melhor uso de seu corpo se não se contasse com uma boa e adequada lança para atingir a presa ou defender-se dos inimigos. Tal e qual acontecem com nossos atletas que se lançam a competir reunindo o que há de melhor em seus atributos físicos e psicológicos, além das melhores peças esportivas desenvolvidas com a mais alta tecnologia: esta somatória remonta aos tempos ini- 323 José Maria Montiel e Daniel Bartholomeu ciais, resultando em sucesso quando bem encadeada. Verifiquemos um caso específico: um jogador de futebol conta com seu preparo físico e técnico, além de sua equilibrada capacidade psicológica; no entanto, se a chuteira e o uniforme forem confeccionados com material da mais alta tecnologia possível, com certeza, haverá um resultado excepcional ao final da atuação, pois conta-se a somatória de bons procedimentos. Bastante divulgado na cultura popular mundial, o futebol atrai a curiosidade e a atenção em vários setores da vida do brasileiro. Da economia à educação, passando pelo lazer, pelo entretenimento, pela arte e pela cultura, essa modalidade esportiva oferece subsídios e elementos para a construção de um estilo de vida com características próprias, que chegam a mover grandes montantes e interferir em complexas gestões financeiras. Essas proposituras são suficientes para alterar a rotina diária das pessoas, quando estas incorporam hábitos fortalecidos na mídia e no mundo esportivo. Aproveitando o momento de interesse popular, a indústria lança diariamente no mercado produtos que despertam desejos nas crianças, afloram sensações e emoções nos adultos, como material esportivo, roupas, equipamentos, remédios e bebidas. Também estimulam o consumo de artigos desde um simples doce em formato de uma bola até os mais sofisticados “games” destinados aos computadores, cativando crianças, adolescentes e os torcedores em geral. Verificamos, na sociedade de consumo, que o futebol também está associado a um componente lúdico de prazer, alegria e diversão. É nesse sentido que as crianças transformam uma tampa de garrafa, uma pedra ou uma lata vazia em uma bola, improvisando um jogo em plena calçada, no meio da rua ou em cima de uma mesa. Esta magia só salienta o grau de interferência que a prática do futebol exerce no cotidiano. Podemos dizer que o espetáculo esportivo é um espelho da sociedade que representa, uma vez que, ao ser uma das atividades representativas daquele agrupamento humano, recebe os valores, as atitudes e os comportamentos que nele presenciamos. É uma forma de verificarmos o estado da própria sociedade e tentarmos fazer algo com vista à sua evolução; a escolha, voluntária ou não, por uma modalidade, demonstra um determinado patamar social do aderente à prática esportiva. Além disso, o simples fato de assistir a uma partida produz efeitos psicológicos imensos. Temos um processo de identificação com uma equipe ou atleta, pois a vontade de vencer o oponente cria um espetáculo particular e íntimo. Validar as vitórias, amargar as derrotas e entender os empates são elementos psicológicos que nos possibilitam identificar, estratificar ou disseminar ideais que estão postos no espetáculo esportivo, de forma subjacente. O volume aqui analisado traça as bases para a compreensão do futebol, numa perspectiva inter e transdisciplinar, tal como esta modalidade vem sendo trabalhada, em grandes clubes e equipes profissionais. Parte do princípio que temos uma Filosofia do Futebol, inserida nos gramados e nas ações esportivas. Perceber e entender a grandeza da modalidade na era da globalização faz-nos encará-la de modo menos ingênuo e 324 Revista Iberoamericana de Psicología del Ejercicio y el Deporte. Vol. 4, nº 2 (2009) Futebol, psicología e produçao do conhecimento garante-nos explorar com melhor proveito a sociedade do espetáculo que vivemos, diante dos fenômenos esportivos que pontuam nosso cenário social. Para a específica era da globalização, um treinamento psicológico específico se faz necessário, conforme observamos na atenta leitura deste livro. O mesmo fato é observado quando se pensa no aspecto da liderança e no treinamento de atletas adolescentes: o que um psicólogo pode ensinar a um treinador? Difícil trabalho, porém escrito de modo claro e objetivo, a ponto de proporcionar atração pela leitura e incentivar à ação psicopedagógico. A apresentação de assuntos como futebol, psicologia e produção de conhecimento apenas ressalta a tão necessária programação interdisciplinar da carreira do futebolista, de forma a levá-lo a construir um perfil de inteligência específica. Estes temas estão muito bem delineados no livro analisado. São capítulos que instigam a mais leitura, a mais atenção e observação da realidade exposta na mídia e nos campos esportivos. E todos estão abalizados por farta literatura de apoio, que envolve obras atuais e clássicas da Psicologia do Esporte. Nem sempre conseguimos deixar de nos envolver com o espetáculo esportivo proposto pelo futebol, com isenção de valores. Desta forma, neste volume, vemos reunidos, à luz da Psicologia do Esporte, um conjunto de reflexões que sintetizam aquilo que de mais avançado temos no mundo do esporte, especificamente do futebol, abalizado por profissionais de gabaritado reconhecimento nacional e internacional, oferecendo e antecipando uma visão do que ainda está por vir nessa sociedade do espetáculo. Este volume compreende uma leitura instigante e reflexiva, que todo aquele que assiste ao fenômeno esportivo do século deveria tomar conhecimento. José Maria Montiel e Daniel Bartholomeu Universidade São Francisco, Brasil Revista Iberoamericana de Psicología del Ejercicio y el Deporte. Vol. 4, nº 2 (2009) 325