Tópico Especial Abordagem da Impactação e/ou Irrupção Ectópica dos Caninos Permanentes: Considerações Gerais, Diagnóstico e Terapêutica Management of Impactions and/or Ectopical Eruption of the Permanent Cuspids: General Considerations, Diagnosis and Therapeutic Renato R. de Almeida Acácio Fuziy Márcio R. de Almeida Renata R. de Almeida-Pedrin José F. Castanha Henriques Celina Martins Bajo Insabralde Resumo INTRODUÇÃO O tratamento ortodôntico envolve a abordagem das alterações da oclusão desde a dentadura decídua até a permanente. No período de transição da dentadura mista para a permanente poderão ocorrer os problemas de impactações dentárias. As impactações dos caninos superiores manifestam-se em 2% da população, como resultado dos desvios da seqüência normal do desenvolvimento da oclusão. Quando não diagnosticadas, ou tratadas inadequadamente podem resultar no desenvolvimento de problemas, tais como: más oclusões, reabsorções de dentes adjacentes e formações císticas. Portanto, objetivou-se com este trabalho, revisar alguns aspectos concernentes à etiologia, diagnóstico e conduta clínica de caninos impactados e/ou irrompidos ectopicamente. A irrupção dentária é um dos processos fisiológicos que se realiza com uma precisão impecável em quase todos os seres humanos. Os dentes decíduos e permanentes se formam no interior dos ossos maxilares e, num certo espaço de tempo, vão irrompendo numa seqüência estabelecida pela natureza, para cumprir uma das suas principais funções: a mastigação. Entretanto, em algumas ocasiões este mecanismo falha ou se interrompe e se verifica, nos jovens que buscam o tratamento ortodôntico, a ausência de um ou mais dentes em seus arcos dentários, geralmente os caninos superiores, e que são confirmados, posteriormente, por meio dos exames radiográficos31. A irrupção ectópica e a impactação dos caninos superiores constituem assuntos de grande interesse na literatura ortodôntica. Renato Rodrigues de Almeida* Acácio Fuziy** Márcio Rodrigues de Almeida*** Renata Rodrigues de Almeida-Pedrin**** José Fernando Castanha Henriques***** Celina Martins Bajo Insabralde****** * Palavras-chave: Caninos impactados; Tracionamento de caninos; Erupção ectópica; Etiologia das impactações. Professor Doutor da Disciplina de Ortodontia da Faculdade de Odontologia de Bauru - USP; Professor Responsável pela Disciplina de Ortodontia em nível de graduação e Coordenador do Curso de Pósgraduação (Especialização) da Faculdade de Odontologia de Lins - UNIMEP e Professor Titular de Ortodontia da UNICID. ** Especialista, Mestre em Ortodontia pela Faculdade de Odontologia de Araraquara - UNESP e Doutorando pela Faculdade de Odontologia de Bauru - USP. *** Especialista, Mestre e Doutor em Ortodontia pela Faculdade de Odontologia de Bauru - USP e Professor da disciplina de Ortodontia em nível de graduação e Pós-graduação (Especialização), da Faculdade de Odontologia de Lins - UNIMEP. **** Especialista e Mestre em Ortodontia pela Faculdade de Odontologia de Bauru - USP e Professora da disciplina de Ortodontia em nível de graduação, da Faculdade de Odontologia de Lins - UNIMEP. ***** Professor Titular e Coordenador do Curso de Doutorado da Disciplina de Ortodontia da Faculdade de Odontologia de Bauru - USP. ****** Especialista em Ortodontia pela Faculdade de Odontologia de Lins - FOL e Professora do curso de especialização em Ortodontia, da Faculdade de Odontologia de Lins - UNIMEP. R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 6, n. 1, p. 93-116, jan./fev. 2001 93 O canino superior apresenta o período mais longo e tortuoso de desenvolvimento, iniciando a mineralização antes do primeiro molar e do incisivo. Além disso, leva duas vezes mais tempo para completar a sua irrupção e, portanto, tornando-se mais suscetível de sofrer alterações na trajetória de irrupção normal. Durante o percurso de irrupção, desde a odontogênese até o estabelecimento final da oclusão, pode sofrer uma deflexão que altera o seu curso normal, resultando num problema clínico freqüentemente observado, a irrupção ectópica ou a impactação por vestibular ou palatina. O diagnóstico e o tratamento deste problema, geralmente requer a avaliação criteriosa do ortodontista, bem como a cooperação de profissionais de áreas distintas, como: o clínico geral, o odontopediatra, o cirurgião bucomaxilofacial e o periodontista. Assim, a finalidade deste trabalho foi de propiciar ao leitor subsídios para um adequado diagnóstico, ressaltando as diversas formas de manipulação clínica de caninos impactados e/ou irrompidos ectopicamente. lata que a freqüência de impactação de caninos concentra-se em 1 a 2% da população. Avaliando-se radiograficamente os caninos superiores, ERICSON, KUROL11, notaram que 8% dos jovens com idade variando entre 8 a 12 anos, mostravam sinais de distúrbios de erupção. Em jovens com idade superior a 11 anos somente 1,7% dos caninos revelaram distúrbios de erupção. Deve-se atentar também para a presença de dimorfismo sexual na ocorrência de impactação de caninos superiores, sendo mais freqüente no sexo feminino do que no masculino, segundo RHÖRER38; LAPPIN23 e FASTLICHT15. No sexo feminino a prevalência de caninos impactados é de 2,3:1, de acordo com DACHI, HOWELL9; 2,5:1 segundo BECKER, SMITH, BEHAR2 e 3:1 como relatado por OLIVER, MANNION, ROBINSON 32 . Para BISHARA 4 e BECKER1, as impactações são duas vezes mais comuns nos jovens do sexo feminino (1,7%) do que nos do masculino (0,51%) e em 8% dos casos este problema se manifesta bilateralmente. A localização da impactação dos caninos superiores, se por vestibular ou palatina, também constituiu objeto de estudo dos pesquisadores (fig. 3, 4). A impactação por palatina, segundo 1 INCIDÊNCIA Os caninos superiores são os dentes desta série mais acometidos de impactação ou da irrupção ectópica (fig. 1, 2). Considerando-se a freqüência de impactação, somente os terceiros molares superam os caninos superiores, de acordo com THILANDER, JAKOBSSON43; RAYNE 37; HOWARD18; ERICSON, KUROL12. Ao analisar a incidência de impactação de dentes superiores, BLUM citado por VANARSDALL, CORN47 constatou que 51% eram de caninos. Por meio de um estudo radiográfico, DACHI, HOWELL9, verificaram a ocorrência de impactação de caninos superiores em 0,92%; por outro lado, THILANDER, MYRBERG44, encontraram em crianças de 7 a 13 anos, a prevalência de 2,2%. A grande maioria dos estudos, THILANDER, JAKOBSSON43; RAYNE 37; HOWARD18; ERICSON, KUROL11; ERICSON, KUROL12,13; FOX, FLETCHER, HORNER17; BECKER1, re- 2 FIGURAS 1, 2 - Radiografias panorâmicas evidenciando formas diferentes de impactação de caninos. 3 FIGURA 3 - Impactação do canino permanente superior esquerdo por vestibular. R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 6, n. 1, p. 93-116, jan./fev. 2001 4 FIGURA 4 - Impactação dos caninos superiores por palatina. 94 LAPPIN23, foi observada em 66 dos 109 casos estudados. Em 1979, JACOBY21, observou uma taxa de 12 caninos impactados por palatina contra 1 por vestibular. Posteriormente, JACOBY22, apresentou a proporção de 6,6:1 de impactação vestibular e palatina, respectivamente (fig. 3, 4). GAULIS e JOHO, citado por SHROFF42 encontraram a taxa de 2:1, enquanto FOURNIER, TURCOTTE, BERNARD16, uma proporção mais elevada de 3:1. Recentemente, BECKER1, reportou uma prevalência de 0,92% a 1,8% de caninos impactados por palatina. Ressaltou que, normalmente, quando os caninos superiores se encontram por palatina, existe paralelamente uma alta incidência de fatores genéticos e ambientais atuando, bem como anomalias de forma, número e estrutura dos incisivos laterais superiores. ETIOLOGIA O canino superior, segundo BROADBENT7 e DEWEL10, segue a mais difícil e tortuosa trajetória de erupção e as oportunidades de deflexão do seu curso normal aumentam proporcional- mente com a distância que o dente deve percorrer, desde o início de sua formação até a oclusão final (fig. 5, 6). Comentando sobre a etiologia das impactações dentárias, MOYERS30, citou que as causas podem ser primárias e secundárias. Enumerou como causas primárias: 1) reabsorção radicular do dente decíduo; 2) trauma dos germes dos dentes decíduos; 3) disponibilidade de espaço no arco; 4) rotação dos germes dos dentes permanentes; 5) fechamento prematuro dos ápices radiculares; 6) irrupção de caninos em áreas de fissuras palatinas; e como causas secundárias: 1) pressão muscular anormal; 2) doenças febris; 3) distúrbios endócrinos e 4) deficiência de vitamina D. Os dentes podem não irromper devido a fatores como: 1) interferências mecânicas com a erupção e 2) falha no mecanismo de erupção. As interferências mecânicas podem ser decorrentes da anquilose dentária; podem ocorrer espontaneamente ou como resultado de trauma, ou por obstáculos no padrão de erupção. Do mesmo modo, os dentes não anquilosados podem não irromper por falha no mecanismo de erupção. BECKER, SMITH, BEHAR2 e JACOBY22, relacionaram a ausência de incisivos laterais superiores e a variação no tempo de formação radicular, como fatores etiológicos importantes associados à impactação dos caninos. Em seu artigo sobre impactação de caninos superiores, BISHARA4, comentou que as causas mais comuns são geralmente localizadas e resultam da combinação de um ou mais fatores: 1) discrepância do comprimento do arco; 2) retenção prolongada de dentes decíduos; 3) posição normal do germe dentário; 4) presença de fissura alveolar; 5) anquilose; 6) cisto ou formação neoplásica; 7) dilaceração radicular; 8) origem iatrogênica; e 9) condição idiopática. Além destes fatores, o trauma tem sido mencionado na literatura como fator etiológico estreitamente relacionado à impactação. Devido à proximidade das raízes dos dentes decíduos com os germes dentários dos sucessores permanentes, um trauma na região ântero-superior pode conduzir à anormalidade no padrão de erupção dos caninos adjacentes, resultando na impactação ou erupção ectópica (fig. 7, 8). 6 FIGURA 6 - Radiografia panorâmica evidenciando a posição dos caninos superiores. 5 FIGURA 5 - A longa trajetória a ser percorrida pelos caninos durante a sua erupção - VAN DER LINDEN46. 7 8 FIGURAS 7, 8 - A relação dos caninos superiores com as raízes dos dentes decíduos durante o desenvolvimento da oclusão - VAN DER LINDEN46. R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 6, n. 1, p. 93-116, jan./fev. 2001 95 Fatores genéticos concorrem como origem primária de muitas impactações por palatina, e estas ocorrências repetem-se em outros membros da mesma família. ZILBERMAN, COHEN, BECKER 49 ; BJERKLIN, KUROL, VALENTIN6; PECK, PECK, KATAJA 33 ; PIRINEN, ARTE, APAJALAHTI34; BECKER1, verificaram que 17% dos casos de impactação dos caninos por palatina mostravam a atuação de fatores intrínsecos, tais como os mecanismos genéticos. Recentemente, BECKER1, em 1998, relatou que a maior impactação dos caninos por palatina ocorre devido a fatores genéticos e ambientais. Aludiram ainda que os incisivos laterais com anomalia de forma, como conóide e a cúspide em forma de garra, bem como a ausência congênita deste dente, concorrem como os principais fatores etiológicos desta entidade. ALTERAÇÕES DECORRENTES DA IMPACTAÇÃO SHAFER, HINE, LEVY41, apresentaram as sete possíveis seqüelas relacionadas com os caninos não irrompidos: 1) impactação vestibular, geralmente impactados verticalmente; 2) impactação lingual, geralmente impactados horizontalmente; 3) reabsorção radicular de dentes adjacentes; 4) dor; 5) infecção das impactações parciais, resultando em dor e trismo; 6) cisto dentígero que pode tornar-se ameloblastoma, e 7) reabsorção do próprio dente. Ao estudar a reabsorção dos dentes permanentes, BROWN et al.8, sugeriu que os caninos que irrompem em contato com as raízes dos incisivos permanentes causam reabsorções, como conseqüência do rompimento do ligamento periodontal e a pressão na área dos ápices radiculares. A reabsorção radicular pode ser esperada em 12% dos incisivos que contatam com os caninos em erupção ectópica, indicando uma prevalência de 0,7% em um grupo de crianças de 10 a 13 anos, de acordo com ERICSON, KUROL13. Quanto à localização das áreas freqüentemente envolvidas pela reabsorção, destacavase as regiões lingual ou distolingual, em 68% dos casos. No plano vertical, as reabsorções localizava-se, em 82%, na parte central da raiz; na região apical, em 13% e na região cervical, em 5% dos casos. As reabsorções dos incisivos laterais prevalecem em jovens do sexo feminino, segundo SASAKURA et al. 40 e ERICSON, KUROL14. Além das reabsorções de incisivos laterais existe a possibilidade, dependendo da posição dos caninos impactados, de ocorrerem reabsorções radiculares dos pré-molares 35. Com relação à ocorrência da reabsorção radicular decorrente das impactações e/ou erupções ectópicas dentárias, diversos autores, LIND25 e BECKER, ZILBERMAN, TSUR3, verificaram uma maior predisposição desta patologia, quando os dentes, principalmente, os incisivos centrais, apresentavam raízes curtas. Outro fator contribuinte para as reabsorções dentárias, relaciona-se às dimensões do folículo dentário. No entanto, ERICSON, KUROL13, verificaram alterações dimensionais dos folículos dos caninos, em apenas 22% dos casos relacionados às reabsorções dos incisivos laterais. Algumas informações clínicas poderiam ser traçadas, avaliando-se o comprimento radicular dos incisivos, pois os incisivos centrais curtos geralmente indicam uma predisposição para a ocorrência de reabsorções, fator que poderia ser agravado durante a erupção dos caninos 3,25. A espessura do folículo dentário dos caninos também é vista como causadora das reabsorções dos incisivos. Tal condição estava presente em casos de reabsorções de incisivos laterais, em somente 22%, não demonstrando uma associação significante. As larguras dos folículos dentários dos caninos podem ser medidos em radiografias, sendo que 19% dos caninos impactados apresentam a largura máxima entre 3 e 5mm e, em 81%, abaixo de 3mm13 (fig. 9, 10). Pode-se associar a ocorrência destas reabsorções com a participação do componente genético na determinação de algumas posições e inclinações dos caninos, em relação aos incisivos laterais, de acordo com SASAKURA et al.40 (fig. 11-14). DIAGNÓSTICO E LOCALIZAÇÃO DE CANINOS IMPACTADOS Para a realização de um diagnóstico preciso, torna-se necessária a associação dos exames clínicos (inspeção e palpação) com os radiográficos. Inspeção No exame clínico de acordo com BISHARA et al.5, alguns sinais podem indicar a presença de caninos impactados: 1) atraso na irrupção de um ou mais caninos, após os 14 anos de idade; 2) retenção prolongada de caninos decíduos; 3) abaulamento do tecido FIGURAS 9, 10 - A espessura do folículo dentário e respectivas reabsorções dos incisivos laterais. R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 6, n. 1, p. 93-116, jan./fev. 2001 9 10 96 12 11 FIGURAS 11-14 - Aspecto radiográfico mostrando as reabsorções dos incisivos lateral e central, decorrentes da posição e inclinação inadequada do canino impactado. mole por palatina ou vestibular; 4) migração distal dos incisivos laterais com ou sem desvio da linha média (fig. 15-20). Devido à proximidade da coroa dos caninos não irrompidos com a raiz dos incisivos laterais, suas posições podem ser influenciadas pelos tipos de impactações. Se a impactação ocorre por palatina, pode pressionar a raiz do incisivo lateral no sentido anterior e a coroa movimenta-se em direção ao palato, conseqüentemente, permanecendo verticalizado em relação ao incisivo central. Entretanto, se a impactação ocorrer por vestibular, a pressão sobre a raiz do incisivo lateral para a palatina conduz a coroa para a vestibular, ficando inclinada para anterior, em relação ao incisivo central 20. Os incisivos laterais vestibularizados foram encontrados em 15% e a inclinação distal, em 27% dos casos, segundo ERICSON, KUROL12,13. 13 15 14 16 FIGURAS 15, 16 - Retenção prolongada dos caninos decíduos superiores. 17 18 FIGURAS 17, 18 - Falta de espaço para irrupção dos caninos permanentes. Palpação Geralmente, em 70% dos casos, um dente impactado pode ser palpado. Ocasionalmente, entretanto, a eminência óssea do canino pode ser confundida com o dente, quando, na realidade, o dente pode estar ausente. Em crianças de 9 anos de idade, o canino em correta erupção é palpável (fig. 21, 22). Em condições normais de desenvolvimento, o dente é palpável vestibularmente acima dos caninos decíduos, entre 2 a 3 anos antes da sua irrupção. O aspecto vestibular do alvéolo deve ser palpado acima da gengiva inserida. 19 FIGURA 19 - Abaulamento na região ântero-superior, denotando caninos por vestibular. 21 20 FIGURA 20 - Vista oclusal mostrando abaulamento na região anterior, evidenciando os caninos por palatina. 22 FIGURAS 21, 22 - Exame de palpação para evidenciar caninos impactados R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 6, n. 1, p. 93-116, jan./fev. 2001 97 Constatando-se um contorno convexo do osso, indica-se o canino em condição favorável de irrupção. Por outro lado, de acordo com BECKER1, se o contorno ósseo for côncavo, não se deve deixar de realizar a palpação pela palatina, para verificar se o canino se encontra localizado nesta região. O clínico deveria manipular o canino decíduo, a fim de determinar a sua mobilidade, um indicativo da presença da rizólise da raiz do dente. Isto representa uma evidência de que o canino permanente está irrompendo na direção correta 19. EXAME RADIOGRÁFICO Diferentes técnicas radiográficas são empregadas, com o intuito de localizar os caninos não irrompidos. As mais comuns são: radiografias periapicais, radiografias oclusais, radiografias panorâmicas, telerradiografias em norma lateral e frontal e politomografias. Radiografias Periapicais O filme periapical consiste na radiografia mais simples para a avaliação de dentes impactados e proporciona uma imagem de precisão e qualidade de resolução, sendo considerada aquela que trará informações iniciais em casos de suspeita de impactações (fig. 23, 24). Diante desta situação, deve-se analisar criteriosamente a radiografia obtida, verificando e comparando se o estágio de calcificação é similar entre os dois caninos, principalmente, nas manifestações unilaterais. Esta radiografia também possi- 25 26 bilita a avaliação da presença e tamanho do folículo, assim como a integridade da coroa e raiz do elemento dentário. Além disso, as obstruções mecânicas podem ser constatadas e determinar a necessidade ou não da realização de medidas terapêuticas. Por outro lado, um filme periapical proporciona a visualização dos dentes, numa avaliação bidimensional, isto é, pode relacionar o canino com os dentes vizinhos, localizando-os mesiodistal ou verticalmente. Para a avaliação vestibulolingual do canino, uma segunda tomada radiográfica deve ser realizada utilizando-se a técnica de Clark, que consiste, basicamente, na angulação horizontal do cone da primeira para a segunda tomada. Nestes casos, se o canino se movimenta na mesma direção da incidência dos raios-X, o dente encontra-se por palatina e se o canino se move em direção oposta, está situado por vestibular (fig. 25-28). Quando se considera a necessidade de tracionamento do canino impac- tado, esta técnica é de grande utilidade na decisão da abordagem cirúrgica de exposição da coroa do referido elemento dentário, por palatina ou vestibular5,19,45,4,28,20. Radiografias Oclusais Os filmes oclusais também ajudam na determinação da posição vestibulolingual do canino impactado, e, em conjunto com os filmes periapicais, proporcionam a visualização da sua relação com outros dentes. Estas radiografias proporcionam uma boa indicação da orientação horizontal do canino e a posição da coroa e ápice em relação aos outros dentes segundo BISHARA et al.5; JACOBS19; SHROFF 42. Porém, há uma limitação na utilização desta técnica radiográfica: a sobreposição dos caninos com os dentes adjacentes (fig. 29, 30). Radiografias Panorâmicas A radiografia panorâmica é uma FIGURAS 23, 24 Radiografias periapicais evidenciando a impactação de caninos superiores. 23 24 27 28 FIGURAS 25-28 - Radiografias periapicais empregando-se a Técnica de Clark para a localização de caninos impactados. R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 6, n. 1, p. 93-116, jan./fev. 2001 98 radiografia extremamente útil para determinar a posição de caninos não irrompidos, nos três planos do espaço. Esta radiografia, além de fornecer uma boa indicação da altura do canino e sua relação com o plano sagital mediano, propicia, ainda, informações sobre a sua inclinação. O canino, quando visualizado pela posição anterior do tubo, é obscurecido pelo incisivo lateral. Entretanto, quando observado pela posição posterior do tubo, o canino está mais próximo do tubo que o incisivo lateral, isto é, o canino posicionado pela palatina segue a mesma direção de deslocamento do tubo. Acrescente-se ainda que a magnificação da imagem é um instrumento suplementar útil para localizar o dente. O canino localizado pela palatina, de acordo com JACOBS19, apresenta uma imagem maior do que os dentes adjacentes e isto se torna bastante evidente, quando se comparam as imagens de dois caninos impactados, um por vestibular e outro pela palatina. Embora freqüente nos exames de rotina, as radiografias panorâmicas proporcionam informações limitadas quanto ao posicionamento vestibulolingual do dente impactado. LINDAUER et al.26 e SHROFF42, afirmaram que a relação da cúspide do canino, com a metade distal da raiz do incisivo lateral, tem sido empregada como um bom método para a visualização da impactação por palatina. Analisando-se a localização da cúspide do canino superior não irrompido em relação à raiz do incisivo lateral, nas radiografias panorâmicas, na dentadura mista, LINDAUER et al.26, revelaram que 78% dos caninos impactados por palatina mostravam a sobreposição das cúspides mesialmente às raízes dos incisivos laterais. A sobreposição horizontal dos caninos, sobre as raízes dos incisivos laterais, é um fator que pode ser analisado por meio das radiografias panorâmicas, quando se constata que mais da metade da raiz do incisivo lateral sofreu a sobreposição, pois isto indica que existe uma possibilidade de 64% dos casos de caninos em posição ectópica para a palatina normalizarem-se; porém dos casos em que menos da metade da raiz do incisivo lateral é sobreposta pelos caninos, 91% tendem a normalizar-se, como relatado por ERICSON, 29 KUROL14. A angulação do longo eixo dos caninos com o plano médio-sagital visualizado nas radiografias panorâmicas pode indicar o padrão de erupção dos caninos, se favorável ou não. Quando este ângulo exceder o valor de 31º, a possibilidade de erupção favorável reduz-se, segundo POWER, SHORT36 (fig. 31-36). 30 FIGURAS 29, 30 - Radiografia oclusal para a visualização do canino impactado e a sua relação com os dentes adjacentes. 31 FIGURA 31 - Ângulo de erupção formado pelo longo eixo do canino impactado com a linha mediana e a sua distância ao plano oclusal, ERICSON, KUROL14. 32 FIGURA 32 - Posição dos caninos superiores no plano transversal em relação à linha mediana, ERICSON, KUROL14. 33 34 35 36 FIGURAS 33-36 - Radiografias panorâmicas evidenciando a angulação do longo eixo dos caninos impactados com o plano médio-sagital. R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 6, n. 1, p. 93-116, jan./fev. 2001 99 Telerradiografias em Norma Lateral e Frontal As telerradiografias em norma lateral e frontal podem, em alguns casos, auxiliar na determinação da posição do canino impactado e relacioná-lo com as estruturas faciais vizinhas, como o seio maxilar e o soalho da cavidade nasal, como descrito por BISHARA4 e MARTINS et al.28. A telerradiografia em norma frontal permite avaliar a posição vestibulolingual do canino, assim como a sua inclinação axial neste sentido. Esta informação é importante na análise da severidade da impactação e na definição do plano de tratamento e identificação do sistema de força, necessários para a sua correção, segundo SHROFF42 (fig. 37, 38). Nas telerradiografias em norma frontal, os caninos deveriam se apresentar com uma ligeira inclinação medial e com as coroas abaixo ou ao nível dos incisivos laterais e bem abaixo da borda lateral da cavidade nasal. As raízes dos caninos deveriam sobrepor-se ou permanecer lateralmente à borda lateral da cavidade nasal. Clinicamente, se os caninos não são palpáveis nos processos alveolares e a radiografia frontal evidencia o dente com a sua coroa inclinada medialmente à borda lateral da cavidade nasal, poderá ocorrer uma impactação futura48. Por sua vez, a telerradiografia em norma lateral possui utilidade na determinação da inclinação mesiodistal e na distância vertical que o canino deve percorrer, para ser alinhado no arco. Isto é significante para o correto plano de tratamento e desenho do aparelho. Politomografias A politomografia é uma técnica radiográfica mais confiável, que permite a verificação com maior precisão, da relação do canino impactado com o incisivo permanente, bem como define a real extensão de uma possível reabsorção. A avaliação da condição da raiz 37 38 FIGURAS 37, 38 - Telerradiografias em norma lateral e frontal mostrando a impactação de caninos. FIGURAS 39, 40 Politomografias denotando a extensão da reabsorção do incisivo lateral pela presença do canino impactado, ERICSON, KUROL13. 39 do incisivo lateral é de grande importância para o clínico, em função da alta incidência de reabsorções destes dentes, pela irrupção ectópica dos caninos. ERICSON, KUROL13, em 1987, estimaram que 0,7% das crianças, na faixa etária de 10 a 13 anos, possuíam incisivos permanentes reabsorvidos, devido à erupção ectópica de caninos superiores. É importante salientar esta técnica radiográfica, uma vez que 50% dos jovens apresentam reabsorções por vestibular ou por palatina e que podem escapar à detecção, no exame radiográfico de rotina 13. Estas reabsorções, que ocorrem no terço médio, nas faces vestibular e lingual da raiz, escapam da detecção por meio das radiografias periapicais e panorâmicas. ERICSON, KUROL13, verificaram que, em 40% dos casos de reabsorções dos incisivos laterais pelos caninos impactados, a extensão R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 6, n. 1, p. 93-116, jan./fev. 2001 40 destas reabsorções eram adequadamente observadas somente com o emprego das politomografias. Assim sendo, surpresas desagradáveis, como as extrações de pré-molares e a constatação futura da existência destas reabsorções poderiam ser evitadas, com o emprego das politomografias (fig. 39, 40). QUANDO SE SUSPEITA DE IMPACTAÇÃO? O clínico deveria estar sempre alerta para a possibilidade de o canino superior tornar-se impactado: 1) antes dos 10 anos de idade, quando verificado pela anamnese, que existem casos de impactação na história familiar e/ou relacionados com a presença de incisivos laterais anômalos ou ausentes. Estas suspeitas se aplicam mais para as impactações por palatina e 2) após a idade dos 10 anos, 100 observar: a) a existência de assimetrias na palpação dos caninos ou uma pronunciada diferença na erupção dos caninos entre os lados direito e esquerdo; b) os caninos não são palpáveis e se encontram num avançado estágio de desenvolvimento, sugerindo um padrão de erupção ectópica, isto é, os dentes se encontram em posições desfavoráveis; c) os incisivos laterais apresentam-se inclinados para a vestibular ou para a distal. PREVENÇÃO DA IMPACTAÇÃO DOS CANINOS SUPERIORES Quando se detectam, precocemente, sinais de erupção ectópica dos caninos, por meio da radiografia panorâmica, em que se constata a sobreposição dos caninos sobre os incisivos já completamente desenvolvidos, associados aos sinais clínicos da não possibilidade da palpação do canino, deve-se tomar providências para tentar evitar a sua impactação e as possíveis alterações que possam ocorrer. As extrações seletivas de caninos decíduos, na idade de 8 a 9 anos, foram sugeridas por WILLIAMS48, como abordagem interceptora para a impactação de caninos em casos de Classe I sem apinhamento, principalmente nos casos em que os caninos não eram palpáveis em seus processos alveolares e a radiografia frontal demonstrava uma inclinação medial inadequada dos caninos. A remoção de caninos decíduos na presença de caninos permanentes deslocados para a palatina, evidenciaram a melhora nas suas posi- 41 42 43 44 ções durante a erupção, sendo que o restabelecimento total na posição foi verificado em 62% destes casos. Entretanto, quando a sobreposição horizontal sobre o incisivo mais próximo ultrapassar a metade da sua raiz e a angulação do longo eixo do canino com o plano médio-sagital exceder 31º, o prognóstico é desfavorável36. ERICSON, KUROL14 ressaltaram que a possibilidade da normalização de caninos em posição ectópica pela palatina, ocorria em 91% dos casos, quando ocorria a sobreposição horizontal, envolvendo menos da metade das raízes dos incisivos laterais, porém esta porcentagem reduzia-se para 64, quando ultrapassava mais do que a metade de suas raízes (fig. 41-51). FIGURAS 41-44 - Retenção prolongada dos caninos decíduos e atraso na irrupção dos caninos permanentes. 45 46 FIGURAS 45, 46 - Radiografias periapicais evidenciando a rizogênese completa dos caninos permanentes. 47 48 FIGURAS 47, 48 - Radiografias periapicais após as exodontias dos caninos decíduos. R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 6, n. 1, p. 93-116, jan./fev. 2001 101 49 FIGURA 49 - Abertura de espaço para caninos permanentes, utilizando-se mola de aço de secção aberta. dos o benefício imediato de proporcionar espaço para a espontânea melhoria da posição dos caninos, durante as fases de alinhamento e nivelamento da mecanoterapia. Muitos casos de impactação estão associados com incisivos anômalos; nestes casos, o profissional terá que optar pela manutenção dos incisivos e solicitar a realização das exodontias de pré-molares, para posicionar os caninos impactados, havendo, posteriormente a necessidade da reconstrução estética dos incisivos laterais anômalos. Estes casos podem encontrar uma segunda solução viável: as extrações dos incisivos anômalos que podem favorecer a irrupção adequada dos caninos permanentes, anteriormente impactados. CONDUTAS DE TRATAMENTO 50 51 FIGURAS 50, 51- Irrupção espontânea dos caninos permanentes. 52 53 FIGURA 52 - Radiografia panorâmica de um paciente com 11 anos, mostrando os caninos permanentes superiores em posição de erupção. FIGURA 53 - Radiografia panorâmica do mesmo paciente, 2 anos e 5 meses após, evidenciando o canino esquerdo em posição desfavorável de erupção. QUANDO NÃO SE FAZ PREVENÇÃO roas distalmente à linha média do incisivo lateral. Entretanto, a taxa média de sucesso de 64% era verificada, se as coroas dos caninos se localizassem mesialmente à linha média dos incisivos laterais (fig. 52, 53). As extrações de pré-molares estão indicadas nos casos de apinhamento, oferecendo aos caninos desloca- ERICSON e KUROL14 observaram que a remoção de caninos decíduos, antes da idade de 11 anos, poderia normalizar a posição de caninos permanentes, que estavam irrompendo ectopicamente em 91% dos casos, se os caninos se encontrassem com as co- R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 6, n. 1, p. 93-116, jan./fev. 2001 Frente aos diversos meios atuais de diagnóstico disponíveis, conseguese prevenir ou mesmo evitar as impactações e/ou irrupção ectópica dos caninos, fato este relevante no planejamento clínico. Raramente se observa a prevenção da impactação deste dente no âmbito preventivo, principalmente em função de os caninos apresentarem um desenvolvimento longo e uma irrupção tardia. Como salientado anteriormente, sabe-se que a interceptação da impactação pode ocorrer quando das extrações precoces dos caninos decíduos, numa faixa etária jovem de 8 a 10 anos, como sugerido por WILLIAMS48. Deste modo, o clínico pode considerar várias possibilidades de tratamento que incluem: 1) acompanhamento, onde se deve apenas realizar controles periódicos para verificar a ocorrência de condições patológicas, 2) auto-transplantação do canino; 3) extração do canino impactado e a movimentação do prémolar para o seu espaço; 4) extração do canino e posterior osteotomia, para movimentar o segmento posterior a fim de fechar o espaço residual; 5) exposição cirúrgica do canino e posterior tracionamento ortodôntico; 6) prótese para substituir o canino. 102 ABORDAGEM DE CANINOS IMPACTADOS PELA PALATINA ABORDAGEM DE CANINOS IMPACTADOS PELA VESTIBULAR Há vários métodos cirúrgicos para a exposição dos caninos impactados e o tracionamento a fim de conduzi-los à linha de oclusão. Os métodos mais comumente empregados são: 1) exposição cirúrgica, permitindo a irrupção natural, e 2) exposição cirúrgica e colocação de um acessório ortodôntico, para posterior tracionamento. As forças ortodônticas são, subseqüentemente, aplicadas para movimentar os dentes impactados. LEWIS24 propôs a segunda forma que consiste em realizá-lo em dois tempos. Na primeira fase, o canino é exposto cirurgicamente e a área é protegida com cimento cirúrgico. Após a cicatrização e a remoção do cimento, cola-se o dispositivo no dente não irrompido. A impactação pela vestibular é menos freqüente e geralmente causada pela insuficiência no comprimento do arco. Como resultado, o canino encontra-se numa posição mais elevada no osso alveolar e irrompe ectopicamente na mucosa alveolar. FOURNIER, TURCOTTE, BERNARD16 sugeriram que os dentes impactados pela vestibular e em posição vertical favorável, fossem tratados simplesmente pela exposição cirúrgica e irrupção natural do dente, e, em alguns casos, com a realização do tracionamento ortodôntico. A ausência de uma faixa adequada de gengiva inserida sobre o canino em irrupção pode predispor a inflamação do periodonto. Portanto, VANARSDALL, CORN47 aconselharam a colocação de tecido queratinizado sobre a junção cemento-esmalte até 2 a 3mm da coroa. Este procedimento preveniria a perda óssea marginal e a recessão gengival que geralmente acontece na exposição cirúrgica do dente impactado. Sistema de Forças Desejado Os caninos impactados pela palatina necessitam irromper e movimentar-se para a vestibular. A aplicação da força sobre o canino é acompanhada de um sistema de equilíbrio com força intrusiva e um momento de inclinação anterior, sobre os dentes posteriores. No plano transversal, quando o canino irrompe, exibe uma tendência a ser deslocado, lingualmente, e os dentes posteriores, vestibularmente, devido à ação das forças verticais sobre os caninos, que são aplicadas, vestibularmente ao centro de resistência dos dentes posteriores42. A inclinação vestibular do canino é alcançada pela aplicação de uma simples força nos braquetes. Quando os caninos se movimentam para a vestibular, o molar inclina-se, lingualmente, e sofre uma rotação da mesial em direção palatina. Recomenda-se a utilização de “cantilevers” do tubo molar até a conexão com os caninos, para promover a irrupção de caninos impactados pela palatina. Porém, aconselhase realizar a consolidação do segmento posterior com um segmento de fio de aço inoxidável .019”X .025”, vestibular e lingualmente à barra transpalatina42 (fig. 54). 54 FIGURA 54 - Sistema de força necessário para o tracionamento de caninos impactados pela palatina. 55 Sistema de Forças Desejado Os caninos impactados pela vestibular devem ser extruídos para buscar o alinhamento no arco e, o sistema de força necessário para obter este tipo de momento constitui-se na aplicação de uma simples força extrusiva sobre o canino. Este sistema de força pode ser facilmente alcançado pelo uso de um “cantilever”. De modo que, os dentes posteriores experimentam uma força intrusiva e um momento de inclinação para anterior, enquanto, os caninos irrompem 42. No plano frontal, de acordo com SHROFF42 devido à aplicação da força extrusiva vestibular ao centro de resistência do canino, estes sofrem uma inclinação para a lingual e os dentes posteriores tendem simultaneamente a inclinar-se para a vestibular (fig. 55, 56). SISTEMAS DE TRACIONAMENTO Várias abordagens terapêuticas têm sido empregadas e apresentadas na literatura ortodôntica para buscar o posicionamento adequado dos caninos impactados em correto alinhamento e nivelamento nos arcos dentários. Dentre elas, destacam-se as molas ortodônticas construídas com fios de calibre reduzido (0,6mm), que podem ser soldadas aos arcos palatinos ou por vestibular, ao grampo de Adams nos aparelhos removíveis e também às dobras de segunda ordem, introduzidas nos arcos de nivelamento. A introdução dos fios de memória abriram novas possibilidades para o tracionamento destes elementos dentários, com a redução da relação carga/deflexão e um melhor controle da 56 FIGURAS 55, 56 - Sistema de força ideal para o tracionamento de um canino impactado por vestibular. R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 6, n. 1, p. 93-116, jan./fev. 2001 103 direção da força aplicada. Um cuidado especial a ser observado, durante a realização do tracionamento, relaciona-se com a direção da força aplicada, que não deve promover o direcionamento da tração para as raízes dos dentes vizinhos , para não acarretar traumas e reabsorções radiculares externas. Recomenda-se, inicialmente, a obtenção do espaço nos arcos dentários previamente à condução do tracionamento e também a utilização de força de baixa intensidade (não mais que 60g) e o emprego de arcos de rigidez suficiente (.018”X .025”) para não sofrer as deflexões que possam comprometer o controle dos movimentos 28. Algumas abordagens serão apresentadas tentando evidenciar as características dos sistemas e as suas vantagens durante o tracionamento dos caninos. Sistema “Ballista” O sistema “Ballista” consiste num sistema ortodôntico simplificado para a abordagem de dentes impactados. O dente é tracionado pela ação de uma mola que libera uma força contínua, pela ativação por meio do seu longo eixo. Após exposição cirúrgica da coroa dos caninos, que é realizada de forma conservadora e menos traumática, a montagem do sistema inicia-se pela bandagem dos primeiros e segundos molares (se presentes nos arcos dentários).Os primeiros molares receberão, vestibularmente, tubos triplos e linguais pela palatina; e os segundos molares, tubos simples. Estes dentes serão interligados aos seus homólogos por meio de uma barra transpalatina construída com 59 fio de aço inoxidável .036”, estabelecendo-se a consolidação deste segmento. A ancoragem pode ser reforçada pela vestibular, com um arco segmentado .019”X .025”, unindo os primeiros e segundos molares. Assim, torna-se necessário o reforço de ancoragem, pois durante a ativação da mola, a força de reação será transmitida diretamente aos tubos molares, o que poderá gerar movimentos indesejáveis nestes elementos dentários. Posteriormente, procede-se à colagem de acessórios nos pré-molares e incisivos, empregando-se braquetes “Edgewise” convencionais ou do sistema pré-ajustado. Nos caninos, utiliza-se acessórios do tipo “lingual clets”, que serão os dispositivos auxiliares de ligação para a complementação do sistema de tracionamento. A mola “Ballista” pode ser construída com fio de aço inoxidável redondo .014”, .016” ou .018”, cuja extremidade será inserida no tubo molar, sendo amarrado por um fio de amarrilho 0,25mm, evitando-se a rotação nos referidos tubos. A extremidade anterior da mola se direciona mesialmente, passando pelas ranhuras dos braquetes dos pré-molares (fig. 57, 58). A porção final da mola se dobra 57 FIGURA 57 - Reforço de ancoragem, empregando-se a barra palatina 60 verticalmente para baixo, terminando com uma dobra em forma de uma gota. Quando se leva a porção vertical de encontro ao dente impactado, liga-se a parte horizontal da mola que acumula a energia por meio de um fio de amarrilho 0,25mm ou elástico ao referido elemento dentário. Assim sendo, completa-se o sistema mecânico que irá movimentar o referido dente (fig. 59-61). A magnitude da força desenvolvida pela mola será proporcional ao diâmetro do fio empregado na sua construção. Quando o fio usado corresponde ao calibre de .016”, a força resultante será de aproximadamente 120 a 150g. Aconselha-se iniciar o procedimento da tração com uma mola construída, inicialmente com fio de aço .016” e aumentando-se, no intervalo de um mês, para .018”, segundo JACOBY21, em 1979. Aplica-se esta força tangente à mucosa e, portanto, não há desconforto para o paciente. A aplicação deste sistema pode causar a intrusão ou inclinação vestibular dos primeiros pré-molares. Para neutralizar este efeito indesejável, a barra transpalatina pode ser estendida mesialmente e soldada às bandas dos primeiros pré-molares, reforçando-se a ancoragem, nesta região. 58 FIGURA 58 - Sistema “Ballista” constituído de uma mola contruída com fio de aço inoxidável redondo .018” 61 FIGURAS 59-61 - Sistema “Ballista”, unindo-se aos caninos em linguoversão. R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 6, n. 1, p. 93-116, jan./fev. 2001 104 Pode-se enumerar algumas vantagens: 1. permite a aplicação sobre dentes impactados que se aproximam muito das raízes dos dentes adjacentes, pois o sistema os afastam do contato com as raízes de dentes adjacentes, o que normalmente não ocorreria com o emprego de um simples arco, vestibularmente; 2. o sistema é de fácil manipulação e proporciona um bom controle na magnitude e direção da força; 3. este sistema não requer a montagem completa do aparelho, durante o tracionamento, reduzindo o tempo para se obter o correto alinhamento e nivelamento do dente impactado; 4. o procedimento cirúrgico para a exposição do dente impactado para a aplicação do sistema é menos traumático e mais conservador. Sistema Integrando o Aparelho Ortodôntico Removível e Aparelho Fixo Após a exposição cirúrgica da coroa do canino impactado e a colagem do acessório auxiliar, subseqüentemente à cicatrização do tecido mole, realiza-se a moldagem para a obtenção do modelo de trabalho, no qual será construído o aparelho ortodôntico removível para o tracionamento do dente. A montagem do aparelho fixo segue os requisitos da técnica a ser utilizada: banda nos primeiros molares com tubos triplos, vestibularmente, e tubos simples, para os segundos molares. Os demais dentes com braquetes do sistema pré-ajustado (fig. 62, 63). Após o alinhamento e nivelamento inicial o arco superior, foi estabilizado com um arco rígido de aço inoxidável .019”X .025”, possuindo, como característica, uma dobra em “bypass” (dobra de alívio), na região do canino a ser tracionado e, dobras em ômegas, justapostos aos tubos dos segundos molares e amarrados a estes dentes. O aparelho removível foi construído apresentando grampos auxiliares de retenção em forma de gota, localizados nas ameias de pré-molares e entre segundos pré-molares e primeiros molares (fig. 64). Confeccionou-se uma estrutura de suporte com fio de aço inoxidável 0,8mm, em forma de letra “U”, posicionado entre o incisivo lateral e o primeiro pré-molar. Nesta estrutura, soldou-se um gancho realizado com fio 0,7mm, cuja finalidade é estabilizar o elástico de tração (fig. 65). Construiu-se outro gancho com fio 0,7mm, e posicionou-se na placa de resina acrílica, na região palatina do dente a ser tracionado. A força de tração foi produzida por meio de um elástico de diâmetro 3/16”, ligando o acessório auxiliar do canino a este gancho palatino (fig. 66-68). A grande vantagem deste sistema constitui o reforço da ancoragem oferecida pela placa de resina acrílica, apoiada no palato e no arco dentário, enquanto que, os efeitos sobre os dentes adjacentes, são minimizados pelo arco rígido, empregado vestibularmente. Sistema Empregando Fios Superelásticos A abertura de espaço suficiente para o posicionamento do canino impactado a ser tracionado pode ser alcançada por meio da utilização de mola superelástica, de níquel-titânio, posicionada num arco retangular de aço inoxidável .018”X .025”, entre o incisivo lateral e primeiro pré-molar. Esta mola pode ser mantida nesta 63 62 FIGURAS 62, 63 - Montagem do aparelho. 64 65 FIGURAS 64, 65 - Sistema integrando o aparelho ortodôntico removível e o aparelho fixo para o tracionamento de canino. 66 67 68 FIGURAS 66-68 - Força de tração produzida pela utilização de elástico do gancho do canino a estrutura do aparelho removível. R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 6, n. 1, p. 93-116, jan./fev. 2001 105 posição como uma estabilização (fig. 69). O segmento posterior pode ser estabilizado, vestibularmente, por meio de um arco .019”X .025” e, lingualmente, interligando-se os molares dos lados direito e esquerdo pela barra transpalatina, construída com fio de aço inoxidável de diâmetro .036”. Esta consolidação do segmento posterior torna-se necessária para minimizar os efeitos indesejáveis sobre os dentes adjacentes, durante o procedimento de tracionamento (fig. 70). Na etapa seguinte, realiza-se a fase cirúrgica de exposição do canino e a colagem do acessório. Remove-se o arco principal de aço e um segmento de um arco de fio superelástico de níquel-itânio é posicionado, havendo a deflexão até se encaixar adequadamente na ranhura do braquete do ca- 69 FIGURA 69 - Abertura de espaço com mola superelástica de níquel-titânio. 72 Sistema com Aparelhos Ortodônticos Removíveis Após a etapa cirúrgica de exposição do canino impactado para o tracionamento, obtém-se o modelo de trabalho, no qual será construído o aparelho ortodôntico removível. Devem ser construídos grampos de retenção do tipo Adams, nos primeiros molares e, auxiliares em forma de gota, nas ameias entre pré-molares. Posteriormente, constrói-se uma estrutura de suporte, em forma de letra “U”, com fio de diâmetro 0,8mm. No aspecto vestibular desta estrutura, solda-se uma extensão a partir do incisivo lateral até o primeiro pré-molar, para proporcionar o afastamento do elástico de tração da mucosa gengival. No extremo superior da estrutura, solda-se um gancho construído com fio 0,7mm (fig. 72). 70 FIGURA 70 - Consolidação do segmento posterior, empregando-se a barra palatina. 73 zação das substituições dos elásticos, para se manter a magnitude da força. Outro sistema que pode ser utilizado no tracionamento de caninos por vestibular é a incorporação de mola construída com fio de aço .06mm e soldada à barra horizontal do grampo de Adams. A força destinada ao tracionamento do canino será decorrente da ativação desta mola e deve ser aplicada sobre o acessório colado no dente (fig. 7577). A vantagem citada no uso deste método é a maior facilidade no manuseio do aparelho durante os procedimentos de remoção e inserção do mesmo pelo paciente, isto se compararmos com o sistema que utiliza o elástico. 71 FIGURA 71 - Utilização de um arco de fio superelástico para tracionamento do canino. 74 FIGURA 72 - Aparelho ortodôntico removível utilizado para o tracionamento do canino. FIGURAS 73-74 - Sistema de força empregando-se o elástico de 3/16”. nino. Instala-se novamente arco principal, respeitando-se as suas características (fig. 71). A vantagem deste método reside na possibilidade de se poder empregar uma força leve e contínua sobre o canino a ser tracionado, o que é conseguido, aproveitando-se das características mecânicas do fio superelástico de níquel-titânio. A força para o tracionamento do canino será desenvolvida, unindo-se o elástico de diâmetro 3/16” desde o gancho ao acessório do canino (fig. 73, 74). A desvantagem oferecida por este sistema será o emprego de uma força intermitente e, portanto, dependeremos da cooperação do paciente, quanto ao uso do aparelho e à reali- R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 6, n. 1, p. 93-116, jan./fev. 2001 Sistema de Mola Soldada ao Arco Principal Após o alinhamento e o nivelamento prévio dos dentes, a estabilização do arco superior é feita mediante a utilização de uma arco rígido .019"X .025" e por uma barra transpalatina , interligando-se os molares dos lados direito e esquerdo, a seguir solda-se uma mola construída com fio de aço .020" no arco 106 75 FIGURA 75 - Aparelho ortodôntico removível, composto de uma mola construída com fio de aço 0,6mm, soldada à barra horizontal do grampo de Adams. 78 76 FIGURA 76 - Mola ativada. 79 77 FIGURA 77 - Mola em posição. 80 FIGURAS 78-80 - Mola construída com fio de aço .020”, soldada mesialmente ao braquete do primeiro pré-molar. Mostrando a sua ativação e sistema de ligaçào ao canino. 81 82 83 FIGURAS 81-83 - Mola construída com fio de aço .020”, soldada mesialmente ao braquete do primeiro molar. Mostrando a sua ativação e sistema de ligação ao canino. principal. Esta mola poderá ser soldada mesialmente ao braquete do primeiro pré-molar, sendo portanto, uma mola de braço curto e, conseqüentemente descreverá uma trajetória em semi-círculo, cuja indicação seria para os caninos em mesioversão. A mola também poderá ser soldada, mesialmente ao braquete do primeiro molar constituindo-se numa mola de braço longo, cuja trajetória descrita aproxima-se de uma reta e, portanto, a indicação precisa seria para os casos onde os caninos encontram-se bem posicionados para a sua irrupção. A força necessária para o tracionamento do dente será produzida, ligando-se a mola ativa ao acessório do canino. (fig. 78-83). A vantagens verificadas na aplicação deste sistema são: 1) o controle na magnitude e direção da força aplicada ao dente impactado e 2) não de- pende da cooperação do paciente, por ser um sistema fixo. Entretanto, necessita-se realizar os controles mensais para as reativações das molas, resultado da relação carga/ deflexão, inerente ao material utilizado na construção da mola. Sistema de “Cantilevers” Um dos sistemas que proporcionam o bom controle no movimento dos caninos, associado a um menor comprometimento das unidades de ancoragem, corresponde ao emprego dos “cantilevers”. Após o alinhamento e o nivelamento prévio dos segmentos anterior e posterior é conduzida a consolidação dos segmentos posteriores com o emprego de uma barra transpalatina, de fio .036", interligando-se os molares dos lados direito e esquerdo. Podemos reforçar a ancoragem com um R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 6, n. 1, p. 93-116, jan./fev. 2001 arco estabilizador por vestibular, construído com fio rígido .019"X .025", estendendo-se do segundo molar, de um lado, até o segundo do lado oposto, com dobras em degrau na distal do incisivo lateral e mesial do primeiro pré-molar (fig. 84-86). Posteriormente, confeccionou-se uma alça retangular com fio de titânio-molibdênio (TMA) .017"X .025", cuja a sua conformação segue os requisitos descritos por MARCOTTE27 e SAKIMA39. A ativação da mola deve incidir nos pontos de ativação contidos na morfologia da mola e respeitando-se as dobras de pré-ativação (fig. 87-89). A grande vantagem encontrada neste método, consiste na possibilidade de trabalharmos com um sistema de força definido e com maior controle dos movimentos do canino e das unidades de ancoragem. 107 84 85 86 FIGURAS 84-86 - Arco estabilizador por vestibular e reforço de ancoragem com a barra palatina. 87 88 89 FIGURA 87 - Alça angular construída com fio TMA. FIGURA 88 - Alça retangular ativada para promover o tracionamento canino. FIGURA 89 - Alça em posição de ativação. APRESENTAÇÃO DOS CASOS CLÍNICOS Caso Clínico 1 posição e à colagem do acessório auxiliar, associado a um segmento de fio de amarrilho .025". O procedimento de tracionamento inicial foi realizado empregando-se elástico intermaxilar, com a ancoragem dos dentes inferiores, envolvendo canino, pré-molares e molares do lado esquerdo. A paciente foi orientada para efetuar as substituições dos elásticos 1/8” a cada três dias ou quan- do da ruptura do mesmo. O alinhamento e o nivelamento final do canino foi realizado, seguindo-se a mecânica convencional. Após a finalização do caso, evidenciou-se o bom posicionamento do canino superior esquerdo; demonstrouse, além disso, que o procedimento de tracionamento foi alcançado com êxito (fig. 90-98). O caso clínico número 1 refere-se a um paciente do sexo feminino, com idade cronológica de 15 anos e 5 meses e que apresentava o canino superior esquerdo impactado por vestibular. Após a abertura de espaço, utilizando-se uma mola de aço de secção aberta, procedeu-se à cirurgia de ex- 91 90 92 93 94 R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 6, n. 1, p. 93-116, jan./fev. 2001 108 95 96 97 98 FIGURAS 90-98 - Tracionamento de canino permanente superior esquerdo impactado por vestibular. Caso Clínico 2 O caso número 2 relaciona-se a um paciente do sexo feminino, idade cronológica de 13 anos e 4 meses, caracterizada pela má oclusão, de Classe II, 2a divisão, com mordida profunda acentuada e a presença de caninos decíduos. Durante a condução do exame clínico, constatou-se, pela palpação que os caninos superiores 99 apresentavam-se impactados pela palatina. Após as exodontias dos caninos decíduos, realizou-se a montagem do aparelho e, subseqüentemente, a abertura de espaço com a mola de secção aberta. Posteriormente, realizou-se a fase cirúrgica de exposição dos caninos para a colagem de acessórios. Os caninos foram tracionados, empregando-se o sistema “Ballista” até a obtenção do posicionamento adequado por vestibular. O alinhamento e o nivelamento final dos caninos foram obtidos com a mecânica de alças e arcos contínuos. A finalização do caso clínico seguiu-se com um prognóstico favorável (fig. 99-132). 100 105 101 102 103 104 R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 6, n. 1, p. 93-116, jan./fev. 2001 106 109 107 108 109 110 111 112 113 114 115 116 R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 6, n. 1, p. 93-116, jan./fev. 2001 110 118 117 119 120 121 122 123 124 R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 6, n. 1, p. 93-116, jan./fev. 2001 111 125 126 127 128 129 130 131 132 FIGURAS 99-132 - Tracionamento de caninos permanentes superiores impactados por palatina e irrupção ectópica do canino inferior do lado esquerdo. Caso Clínico 3 O terceiro caso corresponde a um paciente do sexo masculino com idade cronológica de 14 anos e 8 meses, apresentando uma má oclusão, de Classe I, com falta de espaço para a erupção do canino superior esquerdo impactado. A montagem do aparelho, a abertu- 133 ra de espaço e a fase cirúrgica obedeceram aos procedimentos convencionais. O tracionamento do canino superior esquerdo foi realizado, empregando-se o sistema de mola simples, construído com fio .020”, soldado no próprio arco .019”X .025”, até a realização da cola- 134 R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 6, n. 1, p. 93-116, jan./fev. 2001 gem do acessório auxiliar. O alinhamento e nivelamento foram concluídos com fio retangular .017”X .025” superelástico Bioforce Ionguard. Na etapa seguinte procedeu-se ao tratamento convencional, até a correta finalização (fig. 133-150). 135 112 136 137 138 139 140 141 142 143 144 145 146 147 148 R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 6, n. 1, p. 93-116, jan./fev. 2001 113 FIGURAS 133-150Tracionamento de canino permanente superior esquerdo impactado por vestibular. 149 150 Caso Clínico 4 No caso 4, apresentamos um paciente com a idade cronológica de 14 anos e 2 meses, caracterizado pelos caninos impactados pela palatina bilateralmente. Após a realização das etapas de abertura de espaço e a fase cirúrgica, o tracionamento foi realizado com aparelho ortodôntico removível , associado ao aparelho fixo, segundo a técnica descrita nos sistemas de tracionamento (fig. 151-170). 151 152 153 154 155 156 157 159 158 160 R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 6, n. 1, p. 93-116, jan./fev. 2001 161 162 114 164 165 163 166 167 168 169 FIGURAS 151-169 - Tracionamento de caninos permanentes superiores impactados por palatina. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem ao técnico especializado da Disciplina de Ortodontia da F.O.B., Luiz Sérgio Vieira, pela construção dos modelos que compõe a mesa clínica deste trabalho, e a ABZIL LANCER pela doação dos braquetes e tubos do sistema pré-ajustado da linha “Kirium Line”. 2% of the population, as a result of the disturbances in normal sequence of the occlusion development. When they aren’t diagnosed or treated correctly it may result in problem stablishment, as a: malocclusion, resorption of adjacent teeth and cystic formation. Therefore, it was purposed with this study, to review some aspects concerning to the etiology diagnosis and clinical conduct of cuspids impactions and/or ectopically erupting. Abstract The orthodontics treatment envolves the management of the occlusion changing since the deciduous denture until the permanent. During the period of transition from the mixed denture to the permanent one it may occur some problems of dental impactions. The maxillary cuspids impactions are displayed in R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 6, n. 1, p. 93-116, jan./fev. 2001 Key-words : Impacted cuspids; Palatally impacted canines; Labially impacted canines; Impactation etiology. 115 REFERÊNCIAS 1 - BECKER, A. Palatally impacted canines. In:_______. The orthodontic treatment of impacted teeth. 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