Área: CV ( ) CHSA(X) ECET ( ) MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA – MEC UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ – UFPI PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO – PRPPG Coordenadoria Geral de Pesquisa – CGP Campus Universitário Ministro Petrônio Portela, Bloco 06 – Bairro Ininga Cep: 64049-550 – Teresina-PI – Brasil – Fone (86) 215-5564 – Fone/Fax (86) 215-5560 E-mail: [email protected]; [email protected] Resumo Projeto Bullying escolar: um estudo genealógico. Luiz Gustavo da Costa Franco (bolsista ICV), João Paulo Pereira Barros (Orientador, Depto de Psicologia – UFPI) 1. INTRODUÇÃO Em tempos onde cada vez mais procura-se verdades mais confiáveis e respaldadas por algo que nos passe um sentimento de segurança, a ciência se apresenta como essa fonte de confiabilidade tão desejada. Discursos se institucionalizam, tomam para si “status” de universalidade e viram verdades inquestionáveis, ditando o que é certo e o que é errado, respaldados por um ideal científico positivista. Fato esse que acarreta vários processos tipificadores, marginalizando os que se situam fora do que é estabelecido como norma, acarretando um sentimento de estranhamento do outro. E sendo a escola uma construção social, não poderia ficar imune a isso tudo. Ela também se apresenta como um dos geradores de violência, no momento que procura tipificar, apoiando-se em técnicas meramente quantitativas de classificação que estimulam a concorrência entre os alunos e outras formas de violência. 2. METODOLOGIA Este estudo dividiu-se em dois momentos. Primeiramente foi feito um levantamento dos trabalhos científicos na área. Logo após, foram realizados estudos em grupo com frequência semanal como intuito de realizar uma análise destes textos, de acordo com os objetivos do estudo. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Como um dos mecanismos de disciplina e dominação mais claramente encontrados hoje em nossa sociedade, a escola passou por inúmeras transformações desde sua criação até hoje. Ela usa uma forma de imposição do poder que Foucault (1987) chamava de “poder disciplinar”. Uma forma de imposição velada que trabalha nas micro formas de poder, ou seja, nas pequenas relações de poder, estando esse em todos os lugares, e tem por objetivo transformar os indivíduos em corpos dóceis por meio de técnicas como vigilância hierarquizada, a sanção normatizadora e o exame. A sociedade disciplinar (que foi o meio onde a forma de escola hoje praticada foi criada) e também a escola, com todos os seus métodos, visam vigiar e fiscalizar, moldar comportamentos, impor a obediência de forma velada, moralizando e impondo modos de ser e de viver. E é justamente a imposição do certo, do correto, do bonito, legitimizado pelas verdades sócio-historicamente construídas, que os meios sociais de convívio (por exemplo, a escola) se tornam um campo propício para o surgimento e propagação de violências. E funcionando nessa lógica, a escola apresenta-se como espaço fomentador da violência. Os atores escolares se apropriam de determinados comportamentos hostis que, embora tenham sido construídos através do processo de construção da própria escola, servem para ratificar e perpetuar certas violências às pessoas. E é neste contexto que comportamentos violentos que segregam, dividem e excluem no ambiente escolar, como é o caso do bulying, desafiam pais e professores a desenvolver de forma conjunta modos de enfrentamento para combater e prevenir a violência na escola. Hoje em dia, o bullying virou foco de estudos em todas as partes do mundo, devido a essa forma de violência, que surge no ambiente escolar, ter ganhando cada vez mais espaço na mídia, preocupando pais, educadores e membros da sociedade como um todo (FREIRE E AIRES, 2012). No entanto, Antunes (2010) diz que “apesar da divulgação ampla do conceito de bullying e de ter adentrado as discussões sobre violência escolar no Brasil, parece que ainda carece de uma análise crítica. Até o momento, não foram encontrados trabalhos, pesquisas, livros ou artigos que tragam uma real problematização” (ANTUNES, 2010, p. 32). 4. CONCLUSÃO A partir do que vimos, permite-se compreender como se deu o processo de construção do modelo de escola vigente em nossa sociedade, o que possibilita um melhor entendimento do que propiciou uma maior incidência, e, por conseguinte, uma maior visibilidade do bullying, que servirá para nortear possíveis modos de enfrentamento. A ação dos diversos atores escolares de forma conjunta se faz necessário para uma otimização dos resultados desses modos de enfrentamento. Uma análise dos discursos tomados como verdade na escola se faz necessário, para detectarmos de que modo esses discursos são produzidos, por quem e para quê. Repensar nossas noções de certo ou errado, e saber que se faz necessário não somente achar o problema, mas também combatê-los. Foucault disse que “[...]não há relação de poder sem resistência [...] toda relação de poder implica, portanto, ao menos de forma virtual, uma estratégia de luta”(FOUCAULT, 2011, p. 15). Se faz necessário também fazer uma análise crítica sobre o que tem sido veiculado no meio científico sobre bullying, bem como também conhecer quem a produz e sustenta e seus efeitos na realidade escolar e na subjetividade do indivíduo. Observa-se que a conquista de espaço nos meios informativos, principalmente na televisão e na internet, e o aumento do número de estudos acerca da violência entre pares dentro da escola, trouxe a temática bullying para o centro das atenções. No entanto, ainda carece de uma maior problematização da questão. Arroyo (2007) diz que existem ainda poucos conhecimentos, o que nos impede de termos a noção exata da magnitude e gravidade do efeito da violência na escola, nos indivíduos e no processo de ensino e aprendizagem. Necessita-se ainda de uma elaboração de modos de enfrentamento e medidas preventivas que façam frente a essa forma de violência, e não fique somente no campo do levantamento de informações em trabalhos e pesquisas quantitativistas, como ainda apresenta a literatura em sua maioria. 5. APOIO Universidade Federal do Piauí (UFPI) 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANTUNES, D. C. Bullying: Razão instrumental e Preconceito. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2010. ARROYO, M. G. Quando a violência infanto-juvenil indaga a pedagogia. Educação e Sociedade, Campinas, v. 28, n. 100, p. 787-807, 2007. FOUCAULT. M. Dois ensaios sobre o sujeito e o poder.Tradução parcial do texto “Deux essais sur Le sujet et Le Louvoir”, In: Hubert Freyfus e Paul Rabinow. Michel Foucault.Um pa. School experience of gay, lesbian, bissexual and transgender youth. Journal of Gay & Lesbian Issues in Education rcours philosophique. Paris, 1984, pp.297-321. Disponível em: <.http://vsites.unb.br/fe/tef/filoesco/foucault/sujeitopoder.pdf>Acesso em 1 de março de 2011. FOUCAULT. M. Vigiar e Punir – Petrópolis. Ed. Vozes, 1987 FREIRE, A. N.; AIRES, J. S. A contribuição da psicologia escolar na prevenção e no enfrentamento do bullying. . Journal of Gay & Lesbian Issues in Education Psicologia Escolar e Educacional. Maringá, v. 16, n, 1, p. 55 – 60 Tecnologias do eu e educação, 2012. Palavras-chave: Bullying. Subjetividade. Genealogia.