i ii “Critérios para Localização de Unidades de Medição Fasorial Sincronizada em Estações de Agentes do Sistema Interligado Nacional” Marcos Henrique Gonçalves de Freitas Dissertação de Mestrado apresentada ao Colegiado do Programa de PósGraduação em Engenharia Elétrica da Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais em 05 de agosto de 2011. Convidada Especial: iii Dedico esta dissertação à minha querida esposa Asta, pela sua força, seu carinho e seu amor, e a meu filho Marcos, meu companheiro de todas as horas, alegrias de minha vida. iv AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus a oportunidade de concretizar mais este sonho, com muita persistência e força de vontade. À minha família querida, minha esposa Asta e meu filho Marcos, que com muito amor me ensinam a superar minhas deficiências, sendo o apoio de todas as horas. Dedico a vocês essa vitória, pois em conjunto vivenciamos cada etapa, cada momento, cada dificuldade. Agora é o tempo da colheita, que nos pertence em conjunto. Agradeço aos queridos Doutora Zélia Brandão e Ramal, que por muito tempo se dedicam com zelo e esmero, guiar-nos pelos caminhos da sabedoria e do bom senso. A todos que por seus intermédios nos acompanham fielmente por todos os caminhos. Agradeço aos meus pais, José Walmir e Iêda, que diante de todas as dificuldades sempre me proporcionaram amor e carinho. Em particular, agradeço à minha orientadora, Doutora Maria Helena, pela sua dedicação e atenção aos mínimos detalhes, mostrando-me que tudo pode ser melhorado. À CEMIG pela oportunidade ao desenvolvimento profissional, através de incentivos para a realização dos cursos de especialização do CESEP e de mestrado, ambos pela UFMG. Aos membros da Banca Examinadora, meu muito obrigado pela atenção e consideração demonstradas. Agradeço a todos que, de uma forma ou de outra, me auxiliaram nessa caminhada. Um grande abraço a todos e mais uma vez muito obrigado. v “O tempo não para no porto, não apita na curva, não espera ninguém.” Cartola vi RESUMO As propostas que viabilizam a implementação dos projetos conduzidos pelo operador do sistema elétrico brasileiro para o estabelecimento de um Sistema de Medição Fasorial Sincronizado nacional formalizam um atendimento às expectativas de modernidade e melhoria contínua ao sistema interligado brasileiro. Desta forma, esta dissertação tem por objetivo propor uma metodologia que proporcione aos agentes do sistema interligado, além de uma melhor visualização dos impactos da entrada de Unidades de Medição Fasorial nesse sistema, focalizar esses impactos em suas áreas de maior interesse diante de suas novas atribuições. A mudança de foco por parte dos agentes, de operador sistêmico para operador de instalações, necessita de uma nova adequação em todos os processos operativos, inclusive nos aspectos que envolvem a utilização de novas tecnologias como a de Sistemas de Medição Fasorial Sincronizada. O ineditismo deste trabalho a nível nacional e sem análogos internacionais revela-se na metodologia de avaliação de impactos em processos que envolvem um sistema interligado de transmissão e geração de energia. Tais avaliações são realizadas a partir da utilização de macrofunções que representam os fluxos operativos destes processos e da introdução localizada de tecnologia de medição fasorial sincronizada em pontos estratégicos para os agentes. Nesta dissertação, a proposta de Critérios para Localização de Unidades de Medição Fasorial Sincronizada em Estações de Agentes do Sistema Interligado Nacional contextualiza as necessidades em comum, bem como possibilita aos agentes de transmissão e geração, as condições necessárias para que possam viabilizar análises de seus casos particulares. vii ABSTRACT The propositions that enable the implementation of the projects conducted by the brazilian system operator in order to establish a national Wide Area Measurements System formalize an attendance to the expectations of modernity and continuous improvement to the brazilian interconnected system. This master thesis aims to propose a methodology that provides the agents of the interconnected system a better view of the impacts caused by the use of the Phase Measurement Units, in order to address these impacts in their areas of greater interest in face of their new assignments. The change in focus by the agents, from systemic operator to installation operator, requires a new adjustment in all operational processes, including those aspects that involve the use of new technologies such as the Synchronized Phasor Measurement Systems. The novelty of this work at national level and with no international analogues reveals itself in the impacts evaluation methodology on processes involving an interconnected transmission system and power generation. Such evaluations are conducted from the use of macro functions that represent the operational fluxes of these processes and from the localized introduction of synchronized phasor measurement technology at strategic points for the agents. This work proposes a Criteria for Location of Synchronized Phasor Measurement Units in National Interconnected System Agents Stations that contextualizes the common needs, as well as provides transmission and generation agents the needed conditions for the analysis of their specific cases. viii SUMÁRIO Lista de Abreviaturas e Siglas ........................................................................... xii 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 1 1.1 1.2 1.3 2 FASORES E SISTEMAS DE MEDIÇÃO FASORIAL SINCRONIZADA .... 11 2.1 2.2 2.3 2.4 2.5 3 Introdução .......................................................................................... 11 Aspecto Fasorial – Origem e Definição de Fasores ........................... 11 O Conceito de Fasores Sincronizados ............................................... 13 Sistemas de Medição Fasorial Sincronizada ..................................... 15 Considerações Finais......................................................................... 19 APLICAÇÕES PREVISTAS PARA O SMFS BRASILEIRO ...................... 21 3.1 3.2 3.3 3.4 4 Contextualização.................................................................................. 1 Objetivos, Relevância e Motivação ...................................................... 4 Estrutura da Dissertação...................................................................... 7 Introdução .......................................................................................... 21 Iniciativas do Operador Nacional do Sistema - ONS.......................... 21 Projeto MedFasee .............................................................................. 32 Conclusões ........................................................................................ 33 ANÁLISE DAS MACROFUNÇÕES FINALÍSTICAS - APLICAÇÃO NA LOCALIZAÇÃO DAS PMU ....................................................................... 35 4.1 4.2 4.3 4.4 4.5 4.6 4.7 4.8 4.9 4.10 4.11 4.12 4.13 4.14 4.15 4.16 Introdução .......................................................................................... 35 Caracterização dos Procedimentos de Rede – ONS ......................... 37 As Macrofunções Finalísticas ............................................................ 40 Macrofunção Estudos de Acesso ....................................................... 44 Macrofunção Integração de Novas Instalações ................................. 48 Macrofunção Requisitos Mínimos para Instalações da Rede Básica e Critérios para Estudos ....................................................................... 57 Macrofunção Administração da Transmissão .................................... 59 Macrofunção Elaboração do Plano de Ampliações e Reforços ......... 65 Macrofunção Planejamento da Operação Eletroenergética ............... 68 Macrofunção Programação da Operação Eletroenergética ............... 79 Macrofunção Acompanhamento da Previsão Hidrometeorológica .... 83 Macrofunção Consolidação da Previsão de Carga ............................ 86 Macrofunção Operação do Sistema ................................................... 90 Macrofunção Avaliação da Operação ................................................ 96 Macrofunção Análise de Ocorrências e Perturbações ..................... 100 Conclusões ...................................................................................... 102 ix 5 RECOMENDAÇÕES PARA LOCALIZAÇÃO DE PMU ........................... 105 5.1 Introdução ........................................................................................ 105 5.2 Conceitos de Análise de Observabilidade em SEE ......................... 106 5.3 Critérios Técnicos para Localização de PMU em SEE .................... 107 5.4 Critérios para Localização de PMU Utilizados pelo ONS ................. 109 5.4.1 Introdução ................................................................................. 109 5.4.2 Aspectos relevantes na modelagem sistêmica para o estudo de localização de PMU pelo ONS ................................................. 111 5.4.3 Localização de PMU – Metodologia para Cálculo da Profundidade e do Nível de Não-Observabilidade ......................................... 117 5.4.4 Localização de PMU - Metodologia para se Obter Tolerância de Nível 3 quando da Perda de 3 PMU ........................................ 119 5.4.5 Resultados da definição das localizações das PMU no SIN ..... 121 5.4.6 Instalações de PMU por fases no SIN ...................................... 121 5.4.7 Conclusões importantes ........................................................... 124 5.5 Localização de PMU – uma visão do agente ................................... 125 5.5.1 Introdução ................................................................................. 125 5.5.2 Necessidades atuais dos agentes de transmissão e geração do SIN ........................................................................................... 126 5.5.3 Informações ao agente sobre a implantação do SMFS por etapas ................................................................................................. 129 5.6 Proposta de Localização de PMU – Critério de Interface entre as Macrofunções e os Requisitos de Atendimento ............................... 132 5.7 Proposta de Localização de PMU – Metodologia dos Critérios Cruzados ......................................................................................... 135 5.7.1 Critérios para atendimento ao requisito Sistema Interligado..... 138 5.7.2 Critérios para atendimento ao requisito Carga ......................... 141 5.7.3 Critérios para atendimento ao requisito Ativos de Geração e Transmissão ............................................................................ 147 5.8 Recomendações e sugestões para localização de PMU pelos agentes ......................................................................................................... 161 5.9 Conclusões Finais ............................................................................ 162 6 CONCLUSÕES E PROPOSTAS DE CONTINUIDADE .......................... 164 Referências Bibliográficas .............................................................................. 171 Glossário ........................................................................................................ 178 x ÍNDICE DE FIGURAS E TABELAS Figura 2.1 - Circuito elétrico RL nos domínios do tempo e da frequência....................11 Figura 2.2 – Convenções para medição fasorial sincronizada em relação ao tempo.14 Figura 2.3 – Estrutura básica de um SMFS..................................................................16 Figura 2.4 – Estrutura básica de uma PMU..................................................................17 Figura 2.5 – PDC no contexto do fluxo de dados de um SMFS...................................18 Figura 2.6 – Aplicações baseadas nas categorias das PMU........................................19 Figura 4.1 – Relação dos Procedimentos de Rede com as Macrofunções Finalísticas e com os Resultados da Operação..................................................................42 Figura 4.2 – Inter-relacionamento entre Macrofunções Finalísticas..............................43 Figura 4.3 – Macrofunção Estudos de Acesso..............................................................45 Figura 4.4 – Macrofunção Integração de Novas Instalações........................................49 Figura 4.5 – Relações contratuais entre os agentes e o ONS......................................53 Figura 4.6 – Macrofunção Administração da Transmissão...........................................61 Figura 4.7 – Macrofunção Elaboração do Plano de Ampliações e Reforços...............66 Figura 4.8 – Macrofunção Planejamento da Operação Eletroenergética.....................70 Figura 4.9 – Macrofunção Programação da Operação Eletroenergética.....................80 Figura 4.10 – Macrofunção Acompanhamento da Previsão Hidrometeorológica........84 Figura 4.11 – Macrofunção Consolidação da Previsão de Carga................................89 Figura 4.12 – Macrofunção Operação do Sistema.......................................................91 Figura 4.13 – Macrofunção Avaliação da Operação....................................................97 Figura 4.14 – Macrofunção Análise de Ocorrências e Perturbações.........................101 Figura 5.1 – Linha com TAP.......................................................................................114 Figura 5.2 – Gerador Fictício......................................................................................114 Figura 5.3 – Elementos Shunt....................................................................................114 Figura 5.4 – Capacitor Série.......................................................................................115 xi Figura 5.5 – Transformador de Três Enrolamentos....................................................115 Figura 5.6 – Conceito de Profundidade e de Nível de Não-Observabilidade.............118 Figura 5.7 – Mais de 3 PMU instaladas em uma vizinhança......................................120 Figura 5.8 – Exatamente 3 PMU instaladas em uma vizinhança...............................120 Figura 5.9 – Correspondências Biunívocas-Macrofunção Consolidação da Previsão de Carga..........................................................................................................133 Tabela 4.1 – Módulos dos Procedimentos de Rede......................................................39 Tabela 4.2 – Proposta da Macrofunção Requisitos Mínimos........................................58 Tabela 5.1 – Parte Interessada x Requisito de Atendimento....................................134 Tabela 5.2 – Critérios Cruzados – atendimento ao requisito Sistema Interligado......139 Tabela 5.3 – Critérios Cruzados – atendimento ao requisito Carga...........................141 Tabela 5.4 – Critérios Cruzados – atendimento ao requisito Ativos de Geração e Transmissão...............................................................................................150 Tabela 5.5 – Linhas de Transmissão da Região Sudeste – CEMIG..........................160 xii Lista de Abreviaturas e Siglas LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS • ANEEL: Agência Nacional de Energia Elétrica • CAG: Controle Automático de Geração • CCEE: Câmara de Comercialização de Energia Elétrica • CCI: Contrato de Compartilhamento de Instalações • CCT: Contrato de Conexão ao Sistema de Transmissão • CEMIG: Companhia Energética de Minas Gerais • CNOS: Centro Nacional de Operação do Sistema • COD: Centro de Operação de Distribuição • COS: Centro de Operação do Sistema • COSR-NCO: Centro de Operação do Sistema Regional Norte Centro-Oeste • COSR-NE: Centro de Operação do Sistema Regional Nordeste • COSR-S: Centro de Operação do Sistema Regional Sul • COSR-SE: Centro de Operação do Sistema Regional Sudeste • CPSA: Contrato de Prestação de Serviços Ancilares • CPST: Contrato de Prestação de Uso do Sistema de Transmissão • CUSD: Contrato de Uso do Sistema de Distribuição • CUST: Contrato de Uso do Sistema de Transmissão • DIPC: Duração da Interrupção do Ponto de Controle • DIT: Demais Instalações de Transmissão • DMIPC: Duração Máxima da Interrupção do Ponto de Controle • EAR: Energia Armazenada • EAT: Extra Alta Tensão • ECA: Erro de Controle de Área • ECE: Esquema de Controle de Emergência • ECS: Esquema de Controle de Segurança • ENA: Energia Natural Afluente • EPE: Empresa de Pesquisa Energética • ERAC: Esquema Regional de Alívio de Carga • ESS: Encargos de Serviços do Sistema • FIPC: Frequência da Interrupção do Ponto de Controle • FT: Função Transmissão • GPS: Global Positioning System • IHM: Interface Homem-Máquina • INMETRO: Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial xiii Lista de Abreviaturas e Siglas • IO: Instrução de Operação • LRC: Lightning Research Center • MME: Ministério de Minas e Energia • MPO: Manual de Procedimentos da Operação • MRA: Mecanismo de Redução de Energia Assegurada • MRE: Mecanismo de Realocação de Energia • MUST: Montante de Uso do Sistema de Transmissão • ONS: Operador Nacional do Sistema Elétrico • PAR: Plano de Ampliações e Reforços na Rede Básica • PB: Pagamento Base • PDC: Phasor Data Concentrator • PDO: Programa Diário da Operação • PMU: Phasor Measurement Units • PROINFA: Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica • PSS: Power System Stabilizers • PV: Parcela Variável • QEE: Qualidade de Energia Elétrica • RAP: Receita Anual Permitida • RDP: Registrador Digital de Perturbação • SCADA: Supervisory Control And Data Acquisition • SCDE: Sistema de Coleta de Dados de Energia • SEE: Sistema de Energia Elétrica • SEP: Sistema Especial de Proteção • SGI: Sistema de Gestão de Intervenções • SIN: Sistema Interligado Nacional • SMF: Sistema de Medição para Faturamento • SMFS: Sistema de Medição Fasorial Sincronizada • SPDC: Substation Phasor Data Concentrator • TL: Termo de Liberação para Operação Integrada • TLP: Termo de Liberação Provisória para Operação Integrada • TSA: Tarifa de Serviços Ancilares • UG: Unidade Geradora • UHE: Usina Hidrelétrica • UTE: Usina Termelétrica • UTR: Unidade Terminal Remota • WAMS: Wide Area Measuring Systems 1 Capítulo 1 - Introdução 1 INTRODUÇÃO 1.1 Contextualização O mundo cada dia se torna mais dependente da energia elétrica para prover desenvolvimento ao ser humano. Diante das perspectivas de escassez de recursos energéticos não renováveis como o petróleo em médio prazo, investem-se recursos financeiros em pesquisas para o desenvolvimento de tecnologias para viabilizar a utilização de recursos renováveis e melhoria da eficiência energética das fontes atualmente disponíveis. Os sistemas elétricos, cada vez mais sobrecarregados, enfrentam os desafios de se manterem confiáveis, ecologicamente corretos e seguros operativamente. Existe um paradoxo entre o prover com tais qualidades e se garantir a sustentabilidade do crescimento com diminuição de tarifas de custos operacionais. Nos últimos tempos, principalmente na última década, visualizase um aumento da complexidade da operação dos sistemas elétricos de potência denotada pela adequação de novas propostas de modelos energéticos. O negócio Energia tornou-se opção rentável para investidores e mesmo empresários de outros ramos de atividades, como a fabricação de alumínio, por exemplo. Empresas que construíam usinas para gerar para o próprio consumo já estão se conectando nos sistemas interligados para a venda de energia e aumento da receita. O faturamento pode ser maior do que a própria atividade fim dessas empresas [Freitas-07]. No Sistema Interligado Nacional (SIN), consumidores cativos se tornam livres da noite para o dia, a geração independente abre espaço no mundo da oferta e da procura. Consolidam-se ações e legislação vasta na utilização e fornecimento de energia elétrica. Após a definição do novo modelo brasileiro do 2 Capítulo 1 - Introdução setor elétrico, as possibilidades de investimento aumentaram, porém o consumo estabelecido, com uma moeda mais forte, avança comprometendo as margens de estabilidade do sistema. Há um verdadeiro “salto quântico” da diversificação da matriz energética nacional, com o aumento da geração distribuída e a inserção de usinas térmicas e eólicas, dentre outras, como alternativas de fontes renováveis de energia para o SIN. Aumenta a complexidade e a responsabilidade nas atividades de planejamento, operação e manutenção de tal sistema. Nas concessionárias de energia elétrica brasileiras, a pressão por se utilizar o máximo dos ativos disponíveis contrastase com a imperiosidade da manutenção preventiva. A cobrança da Parcela Variável (PV) ao detentor dos ativos na transmissão, pela disponibilidade de tal recurso para o sistema, está causando uma verdadeira revolução nos processos anteriormente utilizados. Recursos de manutenção em linha viva estão se tornando imprescindíveis. É a ininterruptibilidade do sistema falando mais alto. As receitas para cada ativo estão sendo criteriosamente analisadas. A programação de intervenções no sistema também aumenta sua complexidade, gerando estudos cada vez mais apurados e de rígido controle. Nesse cenário os desafios não param. A sobrecarga de linhas de transmissão e transformadores se torna cada vez maior. A necessidade de investimento em equipamentos e tecnologia se torna imperiosa e constante. Os meios de controle dos Sistemas de Energia Elétrica (SEE) no mundo passam por grandes testes atualmente. Como manter a eficiência e a confiabilidade diante das perspectivas de maior vulnerabilidade desses sistemas é a grande pergunta que se faz. Aspectos de proteção do sistema e operação estão cada dia mais relacionados. Desde 1994, o mundo assiste a um aumento considerável no número de blecautes de grandes proporções. Suécia, Dinamarca e Itália em 2003, por exemplo, ficaram sem energia elétrica por horas. Estados Unidos e Canadá, no mesmo ano, precisaram de dois dias para restabelecer completamente o sistema que atende 50 milhões de pessoas. No ano seguinte, a Grécia ficou sem luz e, no 1º de janeiro de 2005, Rio de Janeiro e Espírito Santo sofreram 3 Capítulo 1 - Introdução com blecaute. Esses eventos atingiram cerca de 150 milhões de pessoas e causaram prejuízos de US$ 10 bilhões [Novosel-06]. Considerando esta crescente complexidade e também o contexto atual dos sistemas elétricos, em especial o brasileiro (risco de blecautes e cortes de carga, racionamento de energia, impacto das tarifas em indicadores socioeconômicos), fica evidente que as técnicas atuais de monitoração, controle e proteção não são mais suficientes para fornecer o suporte adequado aos operadores. Torna-se um grande desafio a resposta de forma eficiente, em tempo real, às consequências de eventos não planejados, como desligamentos não programados, contingências e outros distúrbios em geral. As técnicas baseadas no planejamento de longo, médio e curto prazo, supondo condições pré-determinadas para o sistema e no uso das medidas oriundas dos sistemas SCADA (Supervisory Control and Data Acquisition) atuais já não se mostram confiáveis suficientemente perante a dinâmica do sistema [Araujo-07]. Essas questões induzem a busca por novas tecnologias, que proporcionem uma operação mais segura, automatizada e eficiente dos sistemas, e é neste contexto que se insere a medição fasorial. Os primeiros Sistemas de Medição Fasorial Sincronizada (SMFS) foram desenvolvidos em meados da década de 1980 como resultado de pesquisas realizadas na Virginia Tech University. Desde então, esta tecnologia tem oferecido novas e amplas oportunidades para a aplicação de técnicas poderosas para melhor monitoramento, controle e proteção de sistemas elétricos de potência. Conjuntos de Medição Sistêmica (Wide Area Measuring Systems – WAMS) baseados em Unidades de Medição Fasorial (Phasor Measurement Units – PMU) estão sendo crescentemente utilizados em muitos projetos inovadores por todo o mundo. A tecnologia de medição fasorial, ou melhor, de forma mais específica, a tecnologia de medição sincronizada de alta precisão é uma mudança de paradigma tecnológico para a próxima geração. Atualmente, a tecnologia Global Positioning System (GPS) permite a sincronização de medições 4 Capítulo 1 - Introdução tomadas em uma extensa região geográfica com uma precisão de 1µs. Isto permite medir o próprio estado de um sistema elétrico (módulo e ângulo das tensões dos barramentos), correntes de linha (módulo e ângulo), assim como frequências, potência ativa e reativa, harmônicos, e diversas outras grandezas de interesse, sincronizadas no tempo [Araujo-07]. Atento a estas oportunidades, o Operador Nacional do Sistema (ONS) tem trabalhado pela implantação de um sistema de medição fasorial aplicável a todo o Sistema Interligado Nacional (SIN). Para isto, contratou uma consultoria especializada para estruturar a implementação de funções de monitoramento baseadas em medições fasoriais. Além disto, este órgão teve aprovada uma iniciativa voltada para Aplicações de Tempo Real da Medição Fasorial, sob o Projeto de Assistência Técnica ao Setor de Energia (Energy Sector Technical Assistance Project – ESTAL). Este projeto é suportado por um empréstimo do Banco Mundial ao Governo Brasileiro e o ONS tem a responsabilidade de lançar uma concorrência internacional para contratar os serviços relacionados. 1.2 Objetivos, Relevância e Motivação O objetivo básico deste trabalho é a proposta de metodologias que possam orientar os agentes de transmissão e geração do SIN de forma a possibilitar uma adequada localização de PMU em estações de sua responsabilidade, visando atendimento aos seus primordiais interesses. Como objetivo específico, determinam-se recomendações e critérios simplificados para a verificação do posicionamento estratégico de PMU que atendam às necessidades dos agentes em suas questões mais relevantes. Desta forma, espera-se um melhor restabelecimento de ativos diante de perturbações no sistema elétrico com minimização de impactos aos clientes, referentes à interrupção de cargas e qualidade de energia, e descontos de Parcela Variável para o agente. Utiliza-se como suporte ao desenvolvimento do 5 Capítulo 1 - Introdução trabalho, o sistema elétrico de abrangência da CEMIG através de avaliações provenientes de seu Centro de Operação do Sistema (COS). No novo modelo do sistema elétrico nacional os agentes estão modificando o foco de suas atuações. Em tempo passado a operação do sistema era o objetivo de maior relevância. No contexto atual, a operação sistêmica foi gradualmente transferida para o ONS. Os agentes se voltaram para novo foco: a operação de instalações. Desta forma, novas metodologias foram evidenciadas e ações foram implementadas no sentido de se garantir a plena continuidade de suprimento às cargas através da máxima disponibilização dos ativos contratados. O planejamento e execução de manutenções no sistema elétrico constituem-se em um foco estratégico para os agentes de maneira a possibilitar a maior rentabilidade diante da máxima disponibilização de ativos para o sistema interligado. Verificou-se que nos períodos de pesquisa para a preparação da elaboração desta dissertação, muitas foram as descobertas de particularidades sobre as interfaces sistêmicas dos processos que compõem o SIN. Neste sentido, tornou-se muito mais ampla e difícil a condução dos objetivos propostos inicialmente. Uma gama enorme de possibilidades referentes ao preparo de alternativas para a criação de recomendações e critérios para a localização de PMU na visão dos agentes foi encontrada. Pode-se dizer que a relevância deste trabalho refere-se à utilização das Macrofunções Finalísticas como base para a análise dos impactos da implementação de PMU no SIN, metodologia ainda inédita na literatura para esta abordagem. Além disto, refere-se também na criação de condições de contorno, bem como na utilização de Critérios Cruzados para a verificação de atendimento às condições de observabilidade de ativos por PMU, metodologia também inédita na literatura especializada. A motivação para o estudo, pesquisa e elaboração da dissertação vem da percepção de que ainda não estão claras para os agentes as possibilidades de utilização de Sistemas de Medição Fasorial Sincronizada (SMFS) de forma 6 Capítulo 1 - Introdução ampla e aplicada. Entende-se que as perspectivas ainda estão em aberto, não só como suporte tecnológico com vistas à proteção, supervisão e controle, mas também garantindo confiabilidade e maior robustez ao sistema interligado. Neste foco, estruturar metodologias que possam permitir que as novas atribuições dos agentes sejam coerentes com os interesses de cada componente do SIN torna-se um grande desafio. Percebe-se também que a convergência de critérios técnicos para localização de PMU no SIN juntamente com a subjetividade implícita das necessidades econômicas, financeiras e de processos de teleassistência às estações dos agentes foi um grande motivador para estabelecerem-se olhares diferenciados para situações já conhecidas. Diante desse novo desafio, juntamente com a constante evolução tecnológica, a decisão de aquisição de PMU para melhorias operativas nos sistemas elétricos configura uma nova realidade. A visão do sistema elétrico com todas as suas variáveis intrínsecas sob supervisão e controle apurado se alia às necessidades de se terem os equipamentos disponíveis no mais amplo período para a operação interligada. As pesquisas empreendidas para a elaboração desta dissertação complementam as revisões bibliográficas realizadas na elaboração de dissertações do LRC/UFMG, a fim de atualizar seu banco de referências sobre PMU e SMFS. Complementam-se as referidas pesquisas os estudos realizados na CEMIG, especialmente no ambiente de seu centro de operações de geração e transmissão, pois se trata do local de trabalho do autor, representando maior facilidade de obtenção de informações e adequação de objetivos práticos para implementação do conhecimento adquirido. Desta forma procurou-se não particularizar ações exclusivas da CEMIG para que se estabelecessem possibilidades amplas de aplicações para outros agentes. 7 Capítulo 1 - Introdução 1.3 Estrutura da Dissertação Para a elaboração de um texto abrangente que permitisse uma visualização do tema de forma ampla, optou-se por se estabelecer inicialmente uma explanação sobre alguns conceitos importantes de natureza fasorial. Esses conceitos são fundamentais para que haja uma percepção intuitiva, pode-se assim dizer, das características que são vinculadas ao desenvolvimento da tecnologia de SMFS. Na sequência, uma estruturação de um sistema genérico de medição sincronizada de fasores possibilita o entendimento dos equipamentos que constituem tal sistema, bem como suas funções e características básicas. A partir desse encaminhamento, contemplam-se no texto as principais utilizações vislumbradas para SMFS, abrangendo os aspectos importantes que se traduzem em modificação do modus operandi atual das diversas atividades que envolvem a operacionalidade do SEE. Uma visão da aplicação atual da nova tecnologia é evidenciada de forma a se estabelecer um paralelo com o capítulo 3 relacionado em sequência sobre as perspectivas de implementação a nível nacional e as ações do ONS com este objetivo. Para a adequação da estrutura do texto foram elaborados seis capítulos com uma sequência informativa que possibilita um gradativo avanço na contextualização do tema, proporcionando as bases para a estrutura dos objetivos propostos. A captação de bibliografia coerente com o objetivo da pesquisa, construindo-se passo a passo uma ideia de continuidade ao longo da dissertação foi primordial para o alcance dos objetivos de informação e formação de conceitos importantes para o estabelecimento de critérios em relação à disponibilização de PMU no território nacional. Além disso, proporciona-se ao leitor condições de constituir espírito crítico sobre o tema, dando-lhe condições de personalizar critérios para atendimento específico às suas demandas próprias. 8 Capítulo 1 - Introdução Nesse âmbito, apresenta-se a seguir, um breve discorrer sobre a itemização proposta dos seis capítulos, incluindo-se a presente Introdução. No Capítulo 2 é realizada uma recapitulação de alguns conceitos de análise fasorial em SEE, propondo-se uma visão evolutiva ao assunto, a partir da origem dos fasores e da significância de fasores sincronizados. Além disso, são apresentadas neste capítulo as informações conceituais referentes a um SMFS, sua caracterização, bem como componentes e suas respectivas funções. Em seguida apresentam-se as possíveis aplicações de sincrofasores em SEE, reunindo-se a possibilidade futura de sua real utilização. No Capítulo 3 são apresentadas as aplicabilidades previstas para o SMFS do SIN. Não constitui objeto desse trabalho um aprofundamento na arquitetura já determinada para o SMFS estruturado para o SIN, pois já existe bibliografia focada nesse assunto. Desta maneira verificam-se as perspectivas de uso da tecnologia fasorial por parte do ONS de forma a melhorar as ferramentas de utilização para o tempo real, bem como as possibilidades de modificações através das mudanças esperadas com a implementação do SMFS nacional. Nesse capítulo, identificam-se as ações em andamento do ONS que visam implementar funcionalidades de SMFS em breve prazo no sistema, ajustando-se às novas realidades e requisitos do setor energético nacional. São evidenciadas as oportunidades de desenvolvimento e utilização de aplicações de SMFS em tempo real no SIN [Andrade-09], agregando-se valores onde anteriormente já se constatavam impedimentos, em breve prazo, na condução de tais atividades. Na sistemática estabelecida para o capítulo procurou-se apurar de forma convergente o que essa “ferramenta tecnológica” pode vir a ser útil na condução de perspectivas aplicáveis ao desenvolvimento do controle e operação do SIN. São aspectos inovadores que ainda carecem de estudo de aplicabilidade no cenário nacional, pela sua insipiência e caráter inovador, como também pela avaliação do atual parque tecnológico e das modificações em sua estrutura para que suporte tal advento. No âmbito internacional ainda é incipiente a aplicação prática da nova tecnologia que possa servir de balizamento para ações no atual projeto nacional, até mesmo por causa das peculiaridades do sistema elétrico do Brasil. No entanto, pode-se notar que a contratação de consultoria internacional de apoio ao programa brasileiro de utilização da tecnologia SMFS constitui-se em decisão 9 Capítulo 1 - Introdução baseada na vasta experiência da mesma em implantação de tais sistemas em diversos países. Não constitui objeto deste trabalho um aprofundamento na arquitetura já determinada para o SMFS estruturado para o SIN, pois existe bibliografia focada neste assunto. No Capítulo 4 são realizadas análises dos impactos da introdução de PMU no SIN, utilizando-se para isto, metodologia inovadora de utilização dos Procedimentos de Rede, em especial, as Macrofunções Finalísticas. Neste sentido, são realizadas análises das doze macrofunções contempladas nos procedimentos atuais, inferindo-se contrastes nas subjetividades referentes ao SMFS a ser parcialmente e integralmente instalado pelo ONS. Analisam-se os processos que compõem as macrofunções em tentativas de se perceberem mudanças que sejam significativas na cadeia de insumos e produtos. Torna-se de grande importância a observação crítica dos processos em relação aos impactos da implementação de SMFS no âmbito do ONS, pois em maior escala se visualizam os entrelaçamentos de ações que podem ser agrupadas e contextualizadas com propostas de aumento de ganhos operativos e nas tratativas rotineiras de apurações e métodos. No Capítulo 5 são apresentadas as metodologias utilizadas pelo ONS e seus contratados de forma a simular, calcular e testar as configurações de PMU no SIN. Neste contexto, conceitos importantes de observabilidade, profundidade e nível de não-observabilidade são apresentados de forma a possibilitar um entendimento das filosofias empregadas para a implantação de PMU em uma fase ou em duas fases. Mostra-se também a questão das barras de injeção zero e a contextualização dos impedimentos de uma implantação com o número total estipulado para o SMFS de uma só vez. Os rigores dos atributos técnicos que são levados em consideração para a determinação da localização de PMU devem ser observados pelos agentes. No entanto, devem condicionar suas necessidades e interesses de forma a abranger outras tratativas que lhe permitam avaliar alternativas que lhe atendam mais especificamente. Com essa proposta, foram realizadas convergências de conceitos que podem ser utilizados para abranger as lacunas ainda não preenchidas para a determinação ótima de PMU sob o ponto de vista dos agentes de transmissão e geração. Cria-se desta forma uma metodologia peculiar de estudo e análise para se verificarem níveis de observabilidade e profundidade relativos a demandas importantes dos agentes. 10 Capítulo 1 - Introdução Apresenta-se também uma sequência de verificações importantes que podem ser seguidas para a particularidade de cada agente no sentido de abranger o que se pode considerar seu foco maior de interesse, ou seja, a disponibilização de seus ativos. Como menção importante a ser realizada, constata-se que não existe uma metodologia com esse foco para permitir uma abordagem de pesquisa por parte dos agentes em relação a localização de PMU no SMFS brasileiro. No Capítulo 6 foram realizadas as considerações finais sobre o tema, evidenciando-se as conclusões do trabalho de forma não hermética e, sim, vislumbrando-se a aplicabilidade da metodologia evidenciada para tratativas sobre a localização de PMU no SIN. Além disto, a metodologia utilizada para a análise dos impactos desta tecnologia nas Macrofunções Finalísticas pode também ser utilizada para outros fins. É importante ressaltar que, como são aspectos inovadores a serem utilizados como ferramentas de análise, com poucas adaptações podem-se registrar ganhos consideráveis. Além disso, o próprio caminho percorrido assinala um diferencial que pode permitir outras contextualizações e abordagens. As aplicações podem, por exemplo, contemplar dinâmicas de processos, interferências em sistemas correlacionados e aparentemente não correlacionados, e ainda, impactos de outras tecnologias e ferramentas. O diferencial desta metodologia no caso proposto foi de se utilizarem aspectos subjetivos em detrimento às necessidades objetivas de avaliação de impactos da tecnologia fasorial. Desta forma, propostas de continuidade são amplas, pois as metodologias empregadas garantem formalização aos princípios, através dos conceitos estruturados do ONS, além de ser possível, a efetivação de adequações a casos especiais, bastando-se ajustar as condições de contorno requeridas. Assim sendo, tornam-se promissoras as medidas de tendências e projeções futuras pela utilização dos conceitos empregados. Ao final são apresentadas as Referências Bibliográficas consultadas e um Glossário, evidenciando termos utilizados no texto e nos estudos para a sua elaboração. 11 Capítulo 2 - Fasores e Sistemas de Medição Fasorial Sincronizada 2 FASORES E SISTEMAS DE MEDIÇÃO FASORIAL SINCRONIZADA 2.1 Introdução Este capítulo tem como objetivo apresentar conceitos didáticos provenientes da literatura em relação a fasores sincronizados e principais componentes de um SMFS. Desta forma, propõem-se aglutinar em um só capítulo esses conceitos, ditos estruturais, para nivelamento de conhecimentos necessários para o pleno entendimento dos próximos capítulos. Nesta proposta apresenta-se apenas o necessário para este propósito entendendo-se que parte deste conteúdo foi amplamente apresentada por outros trabalhos desenvolvidos pelo LRC/ UFMG como, por exemplo, [Andrade-08]. 2.2 Aspecto Fasorial – Origem e Definição de Fasores Considerando-se sua essência original, os fasores foram introduzidos com o propósito de transformar as equações diferenciais de circuitos elétricos senoidais em equações algébricas comuns. Como exemplo, realiza-se uma análise do circuito da Figura 2.1 [Benmouyal-02]. 12 Capítulo 2 - Fasores e Sistemas de Medição Fasorial Sincronizada Figura 2.1 - Circuito elétrico RL nos domínios do tempo e da frequência [Benmouyal-02] A solução para a corrente do circuito é dada através da equação diferencial (2.1.1): Considerando-se o circuito linear, tem-se para a corrente, a equação (2.1.2): Representando-se os fasores de tensão e corrente como números complexos na forma exponencial tem-se de acordo com a equação (2.1.3): A equação (2.1.1) pode ser reescrita em sua forma algébrica, conforme (2.1.4): Para a corrente tem-se a seguinte solução conforme (2.1.5): 13 Capítulo 2 - Fasores e Sistemas de Medição Fasorial Sincronizada De acordo com este exemplo, pode-se concluir conforme [Benmouyal-02]: a) Verifica-se que um fasor é um número complexo associado a uma onda senoidal, onde a magnitude do fasor é a mesma que a magnitude da referida onda. Observa-se que o ângulo de fase do fasor é a fase da onda para o tempo t = 0. b) Normalmente associam-se os fasores a uma única frequência. c) Os parâmetros do sistema têm de ser constantes para que seja possível remover a dimensão de tempo da solução quando da aplicação da transformação fasorial. d) A partir do momento em que a dimensão de tempo foi removida das equações finais baseadas em fasores, não é necessário definir uma escala de tempo ou uma referência de tempo nos estudos teóricos do estado de regime permanente. e) A aplicação de fasores em SEE ocorre em todas as situações onde os parâmetros são constantes e existe uma frequência única. Como exemplos, podem-se citar os programas de fluxo de potência e de curto-circuito. As equações diferenciais do sistema para análise de transitórios são normalmente resolvidas no domínio do tempo. Na teoria, nos SEE reais, somente se pode aplicar os fasores para as condições de regime permanente. No entanto, pode-se aplicar o conceito fasorial para as condições transitórias e obterem-se resultados satisfatórios. 2.3 O Conceito de Fasores Sincronizados O conceito de fasores e fasores sincronizados é verificado na norma IEEE 1344-1995. Para o termo fasores é definida a referência de tempo absoluto. Neste caso, a precisão de tempo desses pontos é conhecida como estando dentro da faixa de um microssegundo se houver receptores do relógio do 14 Capítulo 2 - Fasores e Sistemas de Medição Fasorial Sincronizada satélite disponíveis. No entanto, a norma não define a fase para grandezas fora de frequência (off-frequency), tal como num sistema operando a 59,8 Hz, por exemplo. Na Norma IEEE 1344-1995 a definição de um fasor sincronizado ou em tempo real corresponde à definição convencional descrita anteriormente, pelo menos para a frequência nominal. Quando se verificam valores diferentes da frequência nominal, a norma permite que os fabricantes de equipamentos criem suas próprias definições. Essa norma não possui requisitos relativos à precisão da medição da magnitude dos fasores para valores diferentes dos relativos à frequência nominal do sistema (50 Hz ou 60 Hz). As formas de onda em tempo real necessitam de definição de uma referência de tempo para medir os ângulos de fase de forma sincronizada. O início do segundo como a referência de tempo para estabelecer o valor do ângulo de fase do fasor é definido pela Norma IEEE 1344-1995. A convenção para medição fasorial sincronizada está mostrada na Figura 2.2 [Benmouyal02] a seguir. Figura 2.2 - Convenções para medição fasorial sincronizada em relação ao tempo [Benmouyal-02] Caso se esteja usando a referência do início do segundo para a fase, a medição do ângulo de fase instantânea permanece constante para frequência nominal. A fase instantânea varia com o tempo se o sinal estiver fora da frequência nominal (off-nominal frequency). Verifica-se que a escolha dessa 15 Capítulo 2 - Fasores e Sistemas de Medição Fasorial Sincronizada referência tem influência sobre a medição do ângulo de fase do fasor para frequência off-nominal. Define-se na Norma IEEE 1344-1995 a forma de onda para o estado de regime onde a magnitude, a frequência e o ângulo de fase da forma de onda não variam. Não há inclusão de requisitos relativos ao desempenho da medição dos fasores para uma forma de onda no estado transitório nessa norma. 2.4 Sistemas de Medição Fasorial Sincronizada Este item objetiva apresentar de forma concisa os conceitos que envolvem a utilização de SMFS, abordando o conhecimento de seus principais componentes e da função de cada um deles. Além disso, vislumbra as possibilidades da aplicação da tecnologia de SMFS em SEE através da utilização de PMU e diretamente por relés que possuem a função de medição de sincrofasores. O conceito de Sistemas de Medição Fasorial Sincronizada, do inglês Synchronized Phasor Measurement Systems, refere-se à aquisição de fasores de tensão e corrente sincronizados por um sinal de GPS, em pontos selecionados de um SEE, permitindo sua utilização em amplo espectro de aplicações como monitoração, controle e proteção de sistemas elétricos. 2.4.1 Componentes de um SMFS Os SMFS são constituídos essencialmente por unidades de medição fasorial denominadas PMU, conectadas a um concentrador de dados chamado de Phasor Data Concentrator (PDC) e interligados por modernos sistemas de transmissão de dados. Além disso, utiliza-se de metodologias de aplicação envolvendo aspectos de monitoração e controle em tempo real. 16 Capítulo 2 - Fasores e Sistemas de Medição Fasorial Sincronizada Nestes sistemas, as PMU adquirem e enviam fasores de tensão e corrente ao PDC, que os organiza de acordo com sua cronologia (etiquetas de tempo), disponibilizando-os para as aplicações. As aquisições são realizadas de forma sincronizada a partir do sistema GPS, originando-se assim sincrofasores. Consegue-se, desta maneira, observar o comportamento do SEE dinamicamente em tempo real, permitindo que sejam realizadas ações de controle com base em seu estado atual. A Figura 2.3, de acordo com [Moraes-07], ilustra a estrutura básica de um SMFS, permitindo-se visualizar os seus componentes de acordo com sua localização nos pontos de um SEE. Figura 2.3 – Estrutura básica de um SMFS [Moraes-07] Nessa estrutura, alguns componentes merecem destaque: PMU, PDC e os elementos que compõem a transmissão de dados. As unidades PMU foram concebidas inicialmente no Virgina Polytechnic Institute, em 1991. Elas medem grandezas fasoriais a partir de amostras sincronizadas por sinal de GPS. Realizam cálculos de fasores executados por meio da DFT-Transformada Discreta de Fourier. As grandezas fasoriais medidas são enviadas continuamente para um concentrador de dados a uma taxa de 60Hz. Elas também disponibilizam os dados coletados por meio de canais de comunicação (serial e/ou ethernet). Para o caso de perda temporária 17 Capítulo 2 - Fasores e Sistemas de Medição Fasorial Sincronizada do link de comunicação entre a PMU e o concentrador de dados, armazenam em buffer circular local os registros fasoriais. A Figura 2.4, conforme [Moraes-07], mostra a estrutura básica de uma PMU, mostrando a sequência do processamento das informações para a obtenção dos fasores sincronizados. Figura 2.4 – Estrutura básica de uma PMU [Moraes-07] Os PDC continuamente recebem pelas os fasores diversas PMU de do forma assíncrona, sistema, enviados organizando-os e correlacionando-os no tempo por meio das suas etiquetas de tempo. Armazenam esses fasores recebidos (e eventuais triggers gerados) em um banco de dados circular (em disco). A partir disto, identificam solicitações das aplicações, disponibilizando os fasores solicitados. Dão suporte a registros de curta duração, mediante solicitações externas (aplicações interessadas), pois podem solicitar, receber e repassar esses registros armazenados nas PMU. A Figura 2.5, conforme [Fabiano-04], evidencia o fluxo de dados através dos componentes do SMFS, identificando-se os esquemas de comunicação utilizados e o processo de controle que possibilita ações de ajustes no SEE. 18 Capítulo 2 - Fasores e Sistemas de Medição Fasorial Sincronizada Figura 2.5 – PDC no contexto do fluxo de dados de um SMFS [Fabiano-04] 2.4.2 Possibilidades de Aplicação da Tecnologia SMFS em SEE Estas aplicações com base em sincrofasores provenientes de PMU podem ser divididas em dois grupos principais: • Aplicações off-line • Aplicações on-line / de tempo real Mesmo que os objetivos das aplicações e os requisitos do sistema possam ser diferentes para aplicações off-line e on-line, os módulos básicos de software geralmente são os mesmos. No caso, por exemplo, da monitoração de diferenças de ângulo fasorial, pode ser usada tanto para análises de perturbações pós-evento (off-line) quanto para avaliação do nível de estresse do sistema (on-line) [Araujo-07]. O grupo de aplicações on-line de tempo real pode ser dividido em três subgrupos: • Aplicações de monitoramento • Aplicações de controle para grandes áreas 19 Capítulo 2 - Fasores e Sistemas de Medição Fasorial Sincronizada • Aplicações de proteção para grandes áreas Na Figura 2.6, conforme [Araujo-07], pode-se verificar a estrutura para os referidos aspectos relacionados. Figura 2.6 – Aplicações baseadas nas categorias das PMU [Araujo -07] Verifica-se que existem muitas opções de utilização dos recursos das medições sincronizadas de fasores para uma concessionária de energia elétrica. Sejam nos trabalhos relativos à operação de SEE nos COS, gerenciamento de ativos (apuração de indisponibilidades de equipamentos para o sistema), análise de perturbações (Pós-Operação), estudos elétricos e dinâmicos (Planejamento) e testes ou comissionamentos de sistemas de proteção. Tais recursos podem ser utilizados para se obterem diversos benefícios que são desconhecidos pela maioria dos usuários. A prerrogativa de se ter os valores de tensão e corrente, precisamente alinhados, através dos relógios GPS (precisão de microssegundos), tornam as possibilidades de utilização cada vez mais amplas. Deve-se lembrar de que um microssegundo corresponde a apenas 0,02 graus elétricos a 60Hz e erros de fases são na maioria das vezes oriundos de TCs e TPs [Schweitzer-07]. 2.5 Considerações Finais Nesse capítulo realizou-se uma abordagem dos conceitos que envolvem a caracterização de fasores e fasores sincronizados, de maneira a proporcionar 20 Capítulo 2 - Fasores e Sistemas de Medição Fasorial Sincronizada uma visão das possibilidades de aplicações em SEE através da disponibilização de seus valores. Verificou-se também que para se acelerar a solução das equações de circuitos elétricos que representam um SEE, os fasores foram introduzidos de forma a possibilitar transformar as equações diferenciais em equações algébricas. Foi apresentada também a composição de um SMFS. Observou-se que são constituídos essencialmente por unidades de medição fasorial denominadas PMU, conectadas a um concentrador de dados chamado de PDC e interligadas por modernos sistemas de transmissão de dados. 21 Capítulo 3 - Aplicações Previstas Para o SMFS Brasileiro 3 APLICAÇÕES BRASILEIRO PREVISTAS PARA O SMFS 3.1 Introdução Este capítulo tem por objetivo apresentar as perspectivas de utilização de SMFS no SIN. Uma referência interessante que trata destas possibilidades é [Andrade-09]. Apresentam-se também as iniciativas do ONS, através de seus principais projetos, com enfoque na aplicação de medição fasorial para tomada de decisão em tempo real. Verificam-se as fases dos projetos do ONS incluindo a localização de PMU. São apresentadas as informações das iniciativas mais recentes do ONS em relação ao SMFS nacional. Apresenta-se também o Projeto MedFasee, iniciativa da Universidade Federal de Santa Catarina. 3.2 Iniciativas do Operador Nacional do Sistema - ONS O ONS, com o objetivo de aumentar a confiabilidade do SIN utilizando tecnologia de medição sistêmica para monitoramento e controle e atender às recomendações dos relatórios de análise dos blecautes de 1999 e 2002, iniciou em 2005 um projeto para instalar um sistema para registro do desempenho dinâmico do SIN durante perturbações sistêmicas através do uso da tecnologia de medição fasorial. O objetivo maior é de se implantar uma infraestrutura de medição sincronizada de fasores robusta, com disponibilidade adequada e segura e com ferramentas para atendimento aos seguintes requisitos: - Registro e análise do desempenho dinâmico do SIN – criação do Projeto 6.2 22 Capítulo 3 - Aplicações Previstas Para o SMFS Brasileiro - Melhoria da estimação de estado e visualização em tempo real – criação do Projeto 11.11 3.2.1 Projeto 6.2 – Implantação do Sistema de Oscilografia de Longa Duração No Plano de Ação do ONS, o Projeto 6.2 – “Implantação do Sistema de Oscilografia de Longa Duração”, tem como objetivos a implantação de um SMFS e o desenvolvimento de aplicativos off-line. No final de 2005 foi firmado um contrato com a empresa de consultoria internacional para a realização dos seguintes trabalhos de acordo com [Moraes-06]: - Definição da arquitetura do Sistema de Medição Fasorial - Especificação técnica do PDC do ONS - Documentação para consulta e aquisição do PDC - Especificação técnica das PMU - Especificação técnica dos canais de telecomunicação PMU- PDC - Desenvolvimento de metodologia para ensaios funcionais para homologação das PMU O trabalho de consultoria foi finalizado, onde foram colhidas diversas contribuições de agentes e fabricantes. 3.2.2 Projeto 11.11 – Aplicação da Tecnologia de Medição Fasorial a Sistemas de Apoio à Tomada de Decisão em Tempo Real No ano de 2006 foi criado um segundo projeto no Plano de Ação do ONS [Moraes-06]. Conhecido como Projeto 11.11 – Aplicação da tecnologia de Medição Fasorial a sistemas de apoio à tomada de decisão em Tempo Real, 23 Capítulo 3 - Aplicações Previstas Para o SMFS Brasileiro tem como objetivo o uso dessa tecnologia para a melhoria dos sistemas de supervisão e controle com a melhoria dos estimadores de estado e desenvolvimento de novas ferramentas para visualização de grandezas em tempo real. Essas ações visam aumentar o nível sistêmico da segurança operacional, seja através da mitigação de grandes perturbações ou através do alívio de uma variada gama de restrições operacionais. Em prosseguimento a esse projeto foi assinado o Projeto ESTAL como se pode verificar no item que se segue. 3.2.3 Utilização de Fasores para Aplicações em Tempo Real no SIN (MME/ONS – Brasil) No final de 2006 foi firmado um novo contrato com a mesma empresa de consultoria, no âmbito do projeto ESTAL - Energy Sector Technical Assistance Loan do Ministério das Minas e Energia [Araujo-07]. O Projeto ESTAL/ ONS está dividido em oito fases, abaixo indicadas conforme [Araujo-07], com as principais tarefas associadas a cada uma delas. Fase 1: Avaliar os impactos econômicos do uso da tecnologia de PMU. Fase 2: Avaliar os documentos e especificações do Projeto do SMFS para registro de oscilografia de longa duração, em função dos requisitos e do escopo do atual projeto. Fase 3: Identificar e avaliar as PMU já instaladas no SIN. Fase 4: Efetuar simulações de localização das PMU e estudos para determinar o número mínimo de PMU e sua distribuição no sistema e localizações dos Concentradores de dados dos agentes que garanta observabilidade e redundância (até três perdas de unidades de PMU). Fase 5: Avaliar opções, a partir das considerações de custo mínimo, para implementação mais adequada do SMFS, e apresentar um plano estratégico de implementação da tecnologia. Fase 6: Analisar o sistema EMS/SCADA existente no ONS e seu Estimador de Estado. Fase 7: Avaliar as aplicações que usam dados de medição fasorial que possam ser utilizadas pelo ONS para apoiar a tomada de decisão em tempo real. 24 Capítulo 3 - Aplicações Previstas Para o SMFS Brasileiro Fase 8: Desenvolver/integrar/customizar pelo menos duas aplicações ou produtos de medição fasorial para operações de tempo real. Este projeto apresenta uma variada gama de potenciais utilizações/aplicações e um enorme potencial de ganhos financeiros e de segurança operativa. Pelo fato da tecnologia empregada ser nova, algumas destas utilizações ainda não foram bem avaliadas ou não são conhecidas. Estas aplicações estão detalhadas a seguir conforme [Moraes-06]. a) Monitoramento do Ângulo de Fase de Tensão (VPAM) A aplicação denominada VPAM é utilizada na monitoração de tempo real, onde os fasores de tensão de barramento medidos pelas PMU são utilizados para monitorar as diferenças de ângulo de fase entre dois ou mais barramentos selecionados. Mesmo sendo muito básica, ela fornece informações dinâmicas críticas do sistema que atualmente não são disponibilizadas aos operadores em tempo real e que podem ser utilizadas em diversas aplicações. Para auxiliar os operadores do sistema em operações de tempo real, o monitoramento da diferença de ângulo de tensão de barramento pode ser usado em uma variedade de modos. De acordo com, eles podem ser utilizados para avaliação de estresse do sistema, assistência à operação do sistema e ainda determinação do limite de transferência dinâmico. A utilização da VPAM para rastrear dinamicamente os limites de transferência, permite aos operadores do sistema a maximização do uso da capacidade de transferência de uma linha sob quaisquer condições de sistema, sem violar os seus limites de estabilidade. Quando da ocorrência de perturbação sistêmica que desencadeie o desenvolvimento rápido de uma situação de ilhamento, a informação sobre a diferença de ângulo de fase em tempo real permite que os operadores tomem as ações corretivas necessárias, enquanto ainda houver tempo para reagir. 25 Capítulo 3 - Aplicações Previstas Para o SMFS Brasileiro Após o blecaute do dia 14 de agosto de 2003 nos EUA-Canadá, em análise detalhada, verificou-se que esse evento resultou de condições que se iniciaram horas antes do colapso em cascata do sistema, e que foram progressivamente piorando. A partir da utilização da aplicação VPAM, ações de proteção contra perda de sincronismo poderiam ser automaticamente tomadas, evitando eventos desta magnitude. A VPAM foi utilizada no religamento da região sudeste da Europa ao sistema UCTE em 2004, fornecendo maior confiança e segurança aos operadores do sistema. b) Monitoração de Oscilações do Sistema (SOM) Após estudos realizados pelo ONS, foi evidenciada a possibilidade da ocorrência no SIN de oscilações eletromecânicas pouco amortecidas de baixa frequência e longa duração. Em determinadas situações, estas oscilações podem se espalhar e levar a grandes perturbações do sistema, com consequências severas. Através de um sistema baseado em PMU, torna-se possível monitorar estas oscilações em tempo real, pois possui a habilidade de rastrear o comportamento dos fasores de corrente de linha e de tensão de barramento de sequência positiva uma vez por ciclo. A aplicação SOM permite calcular a potência ativa em uma linha ou corredor de transmissão uma vez para cada amostra de fasores e a exibe na forma de uma curva potência-tempo para um período de tempo prédeterminado. Ela pode também calcular e identificar a frequência característica e o fator de amortecimento das oscilações de potência. De posse destas informações é possível implementar medidas contra oscilatórias para minimizar seus efeitos danosos aos SEE. No caso do sistema SCADA, devido à baixa granularidade das medições, a monitoração de oscilação de potência de baixa frequência não é possível. Assim, a implantação desta aplicação requer o uso de tecnologia de PMU, que já se encontra em uso para monitoramento de oscilações entre sistemas na Suíça e na Tailândia. 26 Capítulo 3 - Aplicações Previstas Para o SMFS Brasileiro c) Monitoração do Limite de Carregamento de Linha (LLLM) Sabe-se que a capacidade de carregamento de linhas de transmissão aéreas varia de acordo com as condições climáticas (vento e temperatura ambiente). No entanto, faltava uma tecnologia de aspecto prático abrangente e com boa relação custo-benefício para permitir a avaliação dinâmica do valor limite de carregamento das linhas de transmissão. Através de um SMFS esta avaliação é possível. A aplicação LLLM utiliza medições fasoriais sincronizadas (tensão e corrente) em ambos os lados de determinada linha para determinar a impedância verdadeira dos seus condutores. Assim, estima-se a temperatura média do condutor da linha, a partir da resistência da mesma. A resistência da linha pode mudar devido a condições de ambiente e de carregamento. Conhecendo as características do condutor e dos dados acima, uma estimativa da temperatura média do condutor pode ser realizada. Para o SIN a determinação do limite de carregamento dinâmico de linha baseada em LLLM pode resultar em benefícios, permitindo que estas linhas transfiram potência adicional sem se violar o verdadeiro limite de carregamento das mesmas. Para essa aplicação é requerido o cálculo, em tempo real, da impedância da linha utilizando-se medição fasorial sincronizada, o que não pode ser realizado ao utilizar-se de medições SCADA. Outra possibilidade da implementação desta aplicação é o desenvolvimento de uma proteção adaptável para a coordenação da proteção de sobrecarga com os limites determinados pelo LLLM. Desta forma, não apenas os limites de transferência de energia, mas também os limites de proteção seriam determinados em tempo real. Pode-se dizer que a aplicação LLLM é uma solução prática, com boa relação custo-benefício e de fácil uso para permitir a determinação dos limites dinâmicos de carregamento de linhas de transmissão. 27 Capítulo 3 - Aplicações Previstas Para o SMFS Brasileiro d) Monitoração de Harmônicos para Grandes Áreas (WAHM) Através da aplicação WAHM é possível medir, calcular e estimar o estado harmônico de uma rede de energia elétrica de grande porte. Utilizam-se técnicas semelhantes às da medição de estado na frequência fundamental, do cálculo ou da estimação de estado. Se um estado harmônico de um sistema é obtido, é possível se determinar as origens e os harmônicos sob diversas condições operacionais. Sabe-se que a absorção excessiva de harmônicos por capacitores shunt é prejudicial aos mesmos, e a técnica de estimação de harmônicos aponta para áreas específicas de preocupação neste sentido. Ao se localizar as origens dos harmônicos fica mais fácil detectar defeitos potenciais ocorridos em filtros de harmônicos ou em outros elementos do sistema. Os harmônicos podem sofrer amplificação em pontos distantes de sua origem real, dependendo dos comprimentos das linhas de transmissão e da presença de outros elementos capacitivos ou indutivos. Desta forma a estimação de estado harmônico identifica a existência de amplificação de harmônicos na rede e pode permitir o uso de estratégias corretivas se estas forem julgadas necessárias. Esta aplicação também não é viável através do sistema SCADA. e) Avaliação Avançada de Estabilidade de Tensão (EVSA) Através da monitoração da tensão em um barramento em particular, podese plotar seus valores em função da transferência de potência, o que produz um diagrama conhecido como curva PV, que é uma forma de análise usada para um aplicativo conhecido como Análise de Estabilidade de Tensão (VSA). Se a tensão no barramento selecionado fica inferior a um nível pré-definido (faixa de tensão), o operador precisa intervir, pois ignorar a baixa tensão e continuar a aumentar a transferência eventualmente levaria a curva a um ponto onde o sistema entre em colapso. Verifica-se que o ponto de colapso (o nariz da curva) é frequentemente chamado de limite de transferência por Colapso de Tensão. 28 Capítulo 3 - Aplicações Previstas Para o SMFS Brasileiro Nos sistemas de supervisão e controle atuais, as ferramentas VSA são executadas sobre a saída do Estimador de Estado. Com isso, qualquer melhoria que as PMU tragam à determinação do estado do sistema elétrico, indiretamente ajudará a melhorar o desempenho da ferramenta VSA. Assim, as PMU são usadas indiretamente (usar os valores medidos para melhorar a saída do Estimador de Estado) para melhorar a precisão na elaboração da curva PV através de uma determinação mais precisa do estado do sistema elétrico. Como os atributos desejáveis de dados das PMU são diluídos pela coleção de dados baseada em SCADA, os potenciais benefícios não são alcançados. Desta maneira, estes benefícios apenas podem ser alcançados com o uso direto das medições fasoriais na aplicação VSA. Permite-se com isso, a construção de um diagrama mais preciso que reflita melhor as condições do sistema elétrico, diante de suas modificações repentinas. f) Análise de Contingência On-Line (OLCA) Verifica-se que a aplicação OLCA inclui tanto a análise on-line de contingência dinâmica quanto de regime permanente. Além disso, uma aplicação OLCA ideal também deve ser capaz de identificar rapidamente ações viáveis de mitigação que transformem um sistema não seguro (devido a uma contingência) em um sistema seguro. Em regime permanente a análise de contingência é usada para fornecer uma rápida avaliação da condição da rede devido a interrupções e faltas. O interesse está na violação dos limites de carregamento dos equipamentos e nos perfis de tensão dos barramentos de rede. Verifica-se que esta aplicação depende não somente da precisão do estado do sistema elétrico atualmente obtido a partir do estimador de estado, mas também da precisão do modelo dinâmico do sistema. 29 Capítulo 3 - Aplicações Previstas Para o SMFS Brasileiro A utilização desta aplicação atualmente não é possível, através dos estimadores de estado tradicionais, pois os modelos dinâmicos do sistema disponíveis são baseados em estudos de caso base, o que pode trazer errônea representação do sistema elétrico. Em um Sistema de Gerenciamento de Energia (EMS) moderno, a análise de contingência on-line é um componente importante. Através da melhoria da precisão dos resultados do OLCA pode-se atingir uma maior transferência de potência sem exceder os limites de segurança, tanto em regime permanente quanto sob condições dinâmicas. A redução do tempo necessário para se obter resultados precisos de OLCA também permitirá aos operadores reagir muito mais rapidamente a mudanças nas condições do sistema devido a contingências e ajudará a encurtar períodos “N-1” após ocorrências. g) Proteções de Sistema para Grandes Áreas (WASP) A aplicação WASP constitui-se de esquemas/sistemas de proteção usados para prevenir perturbações de grande porte, como blecautes de grandes proporções, de se abaterem sobre um sistema de energia. A utilização de medições em grandes áreas para se melhorar a proteção do sistema de energia tem sido ativamente discutida em literatura técnica atual. Verifica-se que as medições fasoriais obtidas de localizações remotas só são apropriadas para melhorar relés, esquemas e sistemas de proteção que não operem em velocidade ultrarrápida, como relés de distância zona 1. Assim sendo, funções de proteção de backup, relés de sincronismo, relés de perda de campo, relés de desligamento de carga por sub-frequência e por sub-tensão, Esquemas de Ação Corretiva (RAS) são os potenciais candidatos para se ter o desempenho melhorado através do uso de medição fasorial sincronizada. A utilização de medições fasoriais em grandes áreas possui potencial para melhorar o desempenho dos WASP (como os RAS/SIPS – Sistemas de Proteção de Integridade que estão em operação hoje). Constata-se que a aplicação de tais sistemas é especialmente útil numa rede de transmissão 30 Capítulo 3 - Aplicações Previstas Para o SMFS Brasileiro congestionada, já que as ações corretivas (como desligamento imediato do gerador, corte de cargas, etc.) tomadas após certas contingências de sistema permitiriam que limites de transmissão muito mais altos fossem usados (o que pode trazer grandes retornos financeiros), quando comparada à rede sem tais sistemas instalados. h) Controle de Sistema para Grandes Áreas (WASC) São aplicações que têm como meta alcançar certos objetivos de controle através de medições em grandes áreas. O Controle Automático de Geração (CAG) é um exemplo de aplicação WASC. Verifica-se que estabilizadores de sistemas de potência, terminais de extra-alta tensão em corrente contínua, dispositivos eletrônicos de potência (compensadores reativos estáticos), etc., podem ser utilizados para se atingir um melhor desempenho em um sistema de potência através de controles coordenados para grandes áreas. Observa-se que até as medições de grandes áreas serem disponibilizadas, os sistemas de informação usados nos controladores de tais dispositivos usavam sinais localmente disponíveis. No entanto, a relação entre a quantidade controlada e as medições localmente disponíveis nem sempre é clara ou precisa. Para estabilizar as oscilações entre áreas remotas de um sistema de potência, utilizar sinais de ângulo de fase e de frequência localmente disponíveis não é tão efetivo quanto utilizar as diferenças de ângulo de fase entre partes remotas do sistema de potência, por exemplo. Contudo, os controles de sistema para grandes áreas baseados em medições de PMU de tempo real prometem trazer benefícios verdadeiros para operações de tempo real, já que permitiriam que ações de controle adequadas fossem tomadas automaticamente em resposta a mudanças nas condições do sistema sem qualquer envolvimento dos operadores. 31 Capítulo 3 - Aplicações Previstas Para o SMFS Brasileiro 3.2.4 Atualidades sobre as ações do ONS O projeto de medição fasorial do ONS está baseado em 3 alicerces [Volkis-11]: Certificação de PMU: De forma a garantir que PMU de diferentes fabricantes consigam trabalhar harmonicamente entre si (principalmente com relação a questões dinâmicas), o ONS entende que devem ser feitos testes de desempenho nos equipamentos de forma a garantir o sucesso do SMFS. Para tanto ele desenvolveu, por meio de consultoria especializada, um caderno de testes para avaliação dos equipamentos e certificação dos mesmos, caso o equipamento seja aprovado em todos os testes propostos. Esses testes visam a comprovação de atendimentos das PMU aos requisitos estabelecidos pela norma IEEE 37.118. O objetivo final é garantir que, para as PMU certificadas, não devem existir problemas de interoperabilidade no SMFS do SIN. Em 2008 o ONS convidou 8 fabricantes de PMU para a realização dos testes, custeados pelo próprio ONS e, ao final do processo, nenhuma das PMU pode ser certificada. Os relatórios dos testes foram encaminhados aos fabricantes participantes do processo e atualmente eles informaram que os equipamentos foram ajustados para corrigir os problemas. O ONS então, por meio do projeto META (Projeto de Assistência Técnica aos Setores de Energia e Mineral) do MME e verba do BIRD, pretende realizar uma nova convocação de fabricantes de PMU para a realização de ensaios visando a certificação destes equipamentos para o SMFS-SIN. Uma vez que haja um elenco de PMU certificadas será possível um agente do setor elétrico comprar e instalar uma PMU (certificada pelo ONS) em local indicado pelo ONS e depois ser ressarcido pela ANEEL do valor investido na compra do equipamento. SPDC (Substation Phasor Data Concentrator): O concentrador de dados fasoriais de subestação é um equipamento que concentra todas as medições fasoriais feitas na subestação e as envia ao PDC de forma que as medições das PMU podem ser feitas em taxas de aquisição distintas (ex.: 30 fasores/segundo, 60, 120), porém serão enviadas aos PDC do agente (se 32 Capítulo 3 - Aplicações Previstas Para o SMFS Brasileiro existir esse equipamento no agente) e PDC do ONS a uma taxa prefixada (ex.: 60 fasores/segundo). Esse equipamento seria responsável pela decimação e ajuste do dado para envio aos PDC, bem como do armazenamento e posterior envio de medições que por algum motivo deixaram de serem enviadas (ex.: perda temporária do link de comunicações). ONS PDC: Concentrador de dados fasoriais do ONS que receberá todas as medições dos SPDC e as historiará, de forma que seja possível fornecer informações para as análises do desempenho dinâmico do SIN frente a ocorrência de distúrbios. O PDC fornecerá também medições/informações para os aplicativos de tempo real que façam uso da medição fasorial para apoio à tomada de decisão em tempo real. No caso, o ONS está substituindo todos os sistemas de supervisão e controle em tempo real dos seus 5 centros (CNOS, COSR-NCO, COSR-S, COSR-NE e COSR-SE) pelo REGER (Rede de Gerenciamento de Energia), que vem a ser um sistema distribuído de supervisão e controle que está sendo desenvolvido por um Consórcio. Entre as ferramentas de apoio à tomada de decisão em tempo real estão sendo desenvolvidos quatro aplicativos que fazem uso de medição fasorial, identificados em projeto piloto. Atualmente o ONS está preparando os termos de referência para a contratação do desenvolvimento do software para os SPDC e compra e desenvolvimento do PDC do ONS via projeto META do MME/BIRD. 3.3 Projeto MedFasee É um Projeto de P&D iniciado em 2003 com objetivo de implementar um protótipo de SMFS, desenvolvendo aplicativos para monitoramento e controle do SIN baseado em sincrofasores [Decker-07]. Esse Projeto é uma iniciativa da UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina e viabiliza um sistema piloto instalado em várias universidades em cidades brasileiras, como Florianópolis, Curitiba, Porto Alegre e Belo Horizonte. 33 Capítulo 3 - Aplicações Previstas Para o SMFS Brasileiro É realizada a medição das tensões trifásicas da rede de distribuição com a utilização da internet para conexão entre PMU e PDC. Podem-se verificar os registros da repercussão na baixa tensão de diversas ocorrências recentes no SIN, proporcionando a identificação e análise de aspectos específicos do comportamento dinâmico deste. O PDC foi instalado no LabPlan na UFSC, cidade de Florianópolis, possuindo recebimento, tratamento e re-sincronização de sincrofasores, disponibilização e armazenamento centralizado de dados e suporte a funções de monitoração e controle de SEE em tempo real. Além disto, possui suporte a estudos on-line (dados históricos), sinalização de ocorrências (triggers) e registro completo de logs [Decker-07]. A interface computacional possibilita a monitoração de módulos, ângulos e frequência em tempo real, além de gráficos de evolução no tempo. A monitoração dos sincrofasores e frequência em tempo real é realizada via WEB com acesso público. A monitorização on-line de dados históricos do sistema constitui-se em grande utilidade. Desta forma permite-se a montagem de gráficos de módulos, ângulos e frequência no tempo, assim como seus espectros de frequência. O Projeto MedFasee é importante para o sistema elétrico brasileiro, pois agrega conhecimento às ações de implantação de SMFS em território nacional, proporcionando experiência no desenvolvimento desses sistemas e permitindo testar suas potenciais aplicabilidades. 3.4 Conclusões A contextualização das ações de planejamento para a implantação de um SMFS pelo ONS possibilita verificar a abrangência que se espera das aplicações principalmente relativas ao tempo real. Verificou-se desta maneira, que as possíveis melhorias na operação do SIN podem trazer mais segurança 34 Capítulo 3 - Aplicações Previstas Para o SMFS Brasileiro operativa, bem como precisão de tempo com a sincronização das medidas coletadas pelas PMU. A localização de PMU para atendimento às demandas de transição tecnológica no SIN torna-se de primordial relevância, pois significa a referência necessária para o êxito dos ganhos esperados com o emprego da tecnologia SMFS. Essa localização contempla análises cuidadosas de forma a ser mais eficiente a implantação em questão do número de unidades instaladas, e ainda aliar recursos pré-existentes de infraestrutura com as necessidades para a operação ótima destes equipamentos. Verifica-se que os investimentos são elevados e devem proporcionar uma condição custo-benefício favorável. As aplicações previstas para o SMFS brasileiro, verificadas neste capítulo, representam importante papel de estabelecer uma base teórica informativa que permite uma preparação para os contextos que serão apresentados no próximo capítulo. A abordagem realizada introduziu perspectivas de aplicações de SMFS a serem implantadas no SIN, que vislumbram possibilidades de ganhos operativos que devem ser estratificados pelos agentes de forma a serem evidenciadas as melhores alternativas. Desta forma, criou-se um ambiente propício para que se realize uma formalização de propostas de metodologias para a mais adequada localização de PMU neste sistema, visando atender a prerrogativas favoráveis aos novos contextos de atribuições dos agentes, encadeamento que é apresentado no capítulo 4. 35 Capítulo 4 - Análise das Macrofunções Finalísticas-Aplicação na Localização das PMU 4 ANÁLISE DAS MACROFUNÇÕES FINALÍSTICAS APLICAÇÃO NA LOCALIZAÇÃO DAS PMU 4.1 Introdução Este capítulo tem por objetivo analisar os diversos processos do SIN conforme [ONS-09] que se inter-relacionam em complementaridade para que se possa, a partir desta análise, viabilizar um fluxo de tratativas de forma a contextualizar a entrada de SMFS nesse sistema, bem como apropriar-se de visão crítica em relação à localização de PMU no foco dos agentes. Para tanto, vários estudos foram empreendidos no sentido de se encontrar a melhor alternativa para se conduzir essas expectativas. Compatibilizar uma metodologia que integre as características funcionais das PMU, a partir de suas disponibilizações de informações sistêmicas, com a estrutura de processos criada para a operacionalização do SIN não pode ser considerada uma tarefa convencional e muito menos de fácil apresentação. Neste sentido, o presente trabalho realiza proposta inovadora de maneira a vincular informações aparentemente dissociadas. Diante do desafio de se compreender a abrangência do impacto da aplicação de SMFS no SIN, verifica-se uma pluralidade de ações de compatibilização de sistemas e processos já implantados. Neste sentido, o caráter técnico em si já contempla enorme dificuldade de apropriação de configurações. No entanto, o que se propõe no momento, neste capítulo, é ampliar o foco destes impactos, proporcionando uma visão sistêmica dos processos estabelecidos para o SIN. Este objetivo se consolida a partir da análise dos impactos nos processos de gestão de ativos e de processos operativos envolvendo os níveis de pré-operação, tempo real e pós-operação 36 Capítulo 4 - Análise das Macrofunções Finalísticas-Aplicação na Localização das PMU dos COS dos agentes em relação aos aspectos relevantes da aplicabilidade dos SMFS através de suas potenciais ferramentas de utilização. Utiliza-se o COS-CEMIG como referência para algumas análises destes impactos. Diante da perspectiva atual dos agentes em sua "nova" atribuição de operador de instalações e disponibilizador de ativos para o SIN, o que se busca no momento é proporcionar aos envolvidos nestes processos um melhor conhecimento e visualização do impacto positivo da tecnologia dos SMFS no seu dia-a-dia. Atualmente o grande foco dos trabalhos existentes relativos aos SMFS refere-se às suas possibilidades de aplicação na operação sistêmica de um SEE, no caso do Brasil, o SIN. Em aplicações off-line propõem-se ferramentas para análises de perturbações, validação de parâmetros e aprimoramento de modelos matemáticos, controle de amortecimento de oscilações, estudos de fluxo de carga, otimização de controladores e localização de faltas [Freitas-07], [Andrade-08]. No entanto, a abordagem apresentada neste capítulo possibilita uma avaliação das vantagens da utilização dessa tecnologia em relação aos novos e velhos desafios que a operação integralizada dos sistemas elétricos nos apresenta. A abordagem dos impactos diretos e ganhos econômicos na aplicação desta tecnologia na construção de ferramentas para aplicações nos SEE é considerada muito difícil de ser evidenciada pelas dificuldades de se adequar referências em um cenário de muitas variáveis. O que se pode dizer então sobre os impactos nos processos que se constituem a partir destas “novas disposições informativas”, quando não se dispõe de uma medida clara e conhecida de causa e efeito? Este será o foco, os impactos nestes processos. A gestão de ativos como fisiologia institucional dos agentes, busca primordialmente a disponibilidade plena dos equipamentos através de metodologia inteligente de manutenção e operação, tanto na transmissão, quanto na geração. Como mencionado, a utilização de SMFS infere no julgo da 37 Capítulo 4 - Análise das Macrofunções Finalísticas-Aplicação na Localização das PMU Parcela Variável (PV) através da melhor disponibilização dos ativos ao ONS, possibilitando maior rentabilidade e melhor visualização do cenário do restabelecimento das Funções Transmissão (FT) ao SIN. Compatibilizando-se as necessidades desses estudos, retrata-se aqui o atendimento ao novo foco institucional dos agentes, com relação às múltiplas aplicações possíveis dos produtos advindos da tecnologia dos SMFS em seus processos operativos. 4.2 Caracterização dos Procedimentos de Rede – ONS Diante de um cenário de várias possibilidades de percepção sobre as influências que se podem admitir nos processos que envolvem o SIN em relação aos SMFS, verifica-se a necessidade de um conjunto de abordagens que possa legitimar as pesquisas propostas. Neste sentido, caracterizar condições de contorno torna-se fundamental para possibilitar uma metodologia que agregue conhecimento e busque objetivamente a visualização dos impactos que se percebem reais, porém de difícil mensuração e caracterização. Desta forma, foi criada uma metodologia que viabiliza percorrer os fluxos internos dos processos em que permeiam as informações fruto das disponibilizações dos dados das PMU para SEE, em particular, o SIN. A partir de um desafio inicial em que se propõe a percepção dos impactos da aplicação da tecnologia dos SMFS na gestão de ativos e processos operativos do SIN, verifica-se, dentre várias possibilidades, uma alternativa que possibilita uma pesquisa de forma objetiva e segundo regras conhecidas, porém pouco utilizadas para apurações desta natureza. Assim, a primeira condição de contorno estabelece-se e denomina-se Procedimentos de Rede do Operador Nacional do Sistema – ONS. Os Procedimentos de Rede, elaborados pelo ONS com a participação dos agentes e aprovados pela ANEEL, fundamentam-se em importante acervo de conhecimento especializado. Eles concentram volumoso conjunto de 38 Capítulo 4 - Análise das Macrofunções Finalísticas-Aplicação na Localização das PMU informações necessárias, e mesmo indispensáveis, para que o ONS e as entidades envolvidas na operação do SIN possam exercer plenamente as atribuições de planejamento e programação da operação eletroenergética, de supervisão e controle da operação do sistema em tempo real e de administração da transmissão. São documentos que estabelecem as sistemáticas e os requisitos técnicos necessários ao exercício, no âmbito do SIN, das atribuições de planejamento e programação da operação, de supervisão, coordenação e controle da operação, de administração de serviços de transmissão de energia elétrica, de garantia do livre acesso à rede básica, de proposição de ampliações e reforços para a rede básica e para as Demais Instalações de Transmissão (DIT). Esses documentos estabelecem também as responsabilidades do ONS e dos agentes. Eles têm como principais objetivos, legitimar, garantir e demonstrar a transparência, integridade, equanimidade, reprodutibilidade e excelência da operação do SIN, conforme disposto no art. 3º do Estatuto do ONS, aprovado pela Resolução Autorizativa nº 328/2004 [ONS-09]. Além disto, visam estabelecer, com base legal e contratual, as responsabilidades do ONS e dos agentes, no que se referem a atividades, insumos, produtos e prazos para executar a operação integrada dos recursos de geração e transmissão do SIN. Os principais clientes dos Procedimentos de Rede são a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), os agentes do setor elétrico e a sociedade como um todo, como consumidora final de energia elétrica. Os Procedimentos de Rede propiciam transparência e embasamento técnico-operacional às atividades realizadas pelo ONS no exercício de suas atribuições. O ONS e os agentes devem garantir que suas ações priorizem o interesse publico, observadas a fundamentação técnica e a imparcialidade de suas ações e decisões, bem como os princípios da administração pública. Para viabilizar a reprodutibilidade de resultados, o ONS deve disponibilizar as informações, critérios, métodos e ferramentas utilizados na execução de suas atividades, ressalvadas as informações não constantes nos relatórios padronizados, que possam propiciar vantagem competitiva a qualquer outro agente. Os agentes devem 39 Capítulo 4 - Análise das Macrofunções Finalísticas-Aplicação na Localização das PMU disponibilizar as informações, critérios e métodos necessários para a execução das atividades do ONS. Como responsabilidade do ONS ressalta-se zelar pela atualidade dos Procedimentos de Rede, bem como coordenar os seus processos de revisão, garantindo ampla participação dos agentes do setor elétrico e cumprir o que neles estiver estabelecido. Já aos agentes, cabe ter pleno conhecimento de todos os Procedimentos de Rede, com participação nos seus processos de revisão e cumprir, naquilo que lhe compete, o que neles estiver estabelecido. A Tabela 4.1 [ONS-09] apresenta a relação dos Procedimentos de Rede. Tabela 4.1 – Módulos dos Procedimentos de Rede [ONS-09] 40 Capítulo 4 - Análise das Macrofunções Finalísticas-Aplicação na Localização das PMU Devido a mudanças ocorridas, o conteúdo do antigo Módulo 17 – Requisitos de Informações entre o ONS e os Agentes, está incluído no atual Módulo 1. Após essas considerações a respeito dos Procedimentos de Rede, primeira etapa da abordagem que se inicia, prossegue-se na determinação de condições que possam conduzir a melhor visualização das necessidades dos agentes do SIN que possam ser mais bem atendidas a partir da implementação de SMFS nesse sistema. Com isto, novas adequações devem ser implementadas, proporcionando uma estrutura onde as análises se estabelecem de forma contextualizada e objetiva. 4.3 As Macrofunções Finalísticas Em um segundo momento, verifica-se a necessidade de uma melhor objetividade da pesquisa, pois os Procedimentos de Rede são extensos e pode-se perder o foco facilmente diante das dificuldades de encadeamento de informações necessárias ao estudo proposto. Surge assim a segunda condição de contorno: as Macrofunções Finalísticas. Através do Submódulo 1.2 [ONS09], elas são organizadas de acordo com as atribuições do ONS de planejamento e programação da operação, de despacho centralizado da geração, de supervisão e controle da operação do SIN e das interligações internacionais. Somam-se também a estas atribuições as de contratação e administração dos serviços de transmissão de energia elétrica, de proposição de ampliações e reforços e de definição de regras para a operação das instalações de transmissão da rede básica do SIN. As diretrizes e medidas operativas aplicadas ao SIN pelo Operador são estabelecidas a partir das análises e estudos realizados no âmbito dessas macrofunções executadas pelo ONS. Elas são desenvolvidas de acordo com critérios, procedimentos, requisitos e normas estabelecidos nos Procedimentos de Rede, para assegurar a eficiência e eficácia dos processos, de modo a atender, simultaneamente, a otimização energética e a maximização da segurança de atendimento ao SIN 41 Capítulo 4 - Análise das Macrofunções Finalísticas-Aplicação na Localização das PMU de forma a garantir suprimento de energia elétrica contínuo, econômico, com segurança e qualidade. Essas macrofunções são ditas finalísticas na medida em que resultam nas ações, diretrizes e recomendações que devem ser aplicadas ao SIN. Não é o foco do presente trabalho uma pormenorizada análise em todos os Procedimentos de Rede de forma minuciosa a ponto de estender e determinar uma nova configuração das regras do sistema elétrico a partir da introdução da tecnologia de SMFS. A análise do universo particular de cada Módulo destes Procedimentos possibilita inúmeras considerações que não podem ser respondidas, haja vista as grandes dúvidas e especificidades particulares para cada sistema, além das referências para se utilizar tal inovação no SIN ainda não poderem ser consideradas estruturalmente executadas e implantadas. Pelas análises nas Macrofunções Finalísticas sinalizam-se encadeamentos de processos onde se podem evidenciar possíveis nichos de aplicabilidade de SMFS quando de sua efetiva implantação sistêmica. Desta forma, as macrofunções estão aqui ordenadas e agrupadas, em base temporal, para melhor visualização de seu encadeamento e dependência. Seu detalhamento também se encontra descrito nos módulos dos Procedimentos de Rede. Neste sentido, a estrutura do Submódulo 1.2 compreende a descrição das Macrofunções Finalísticas e sua relação com os módulos dos Procedimentos de Rede, os quais contêm as regras e requisitos necessários ao exercício, no âmbito do SIN, das atribuições do ONS. Além disso, possibilita a apresentação dos produtos disponibilizados para os agentes por meio da execução dessas macrofunções. A Figura 4.1 [ONS-09] ilustra a conjugação dos Procedimentos de Rede com as Macrofunções Finalísticas e com os resultados da operação. Representa as condições operativas resultantes das ações do ONS relativas ao 42 Capítulo 4 - Análise das Macrofunções Finalísticas-Aplicação na Localização das PMU SIN. Indica também as atualizações dos Procedimentos de Rede decorrentes dos resultados da operação, da regulamentação vigente e da melhoria dos produtos e processos do ONS. Figura 4.1– Relação dos Procedimentos de Rede com as Macrofunções Finalísticas e com os Resultados da Operação [ONS-09] No objetivo de se avaliarem os processos que configuram as diversas atividades executadas no SIN, apresentam-se abaixo as Macrofunções Finalísticas que foram classificadas a partir das atribuições do ONS, estabelecidas na legislação e regulamentação vigentes. Desta forma, tem-se: a) Integração de Novas Instalações; b) Requisitos Mínimos para Instalações da Rede Básica e Critérios para Estudos; c) Estudos de Acesso; d) Elaboração do Plano de Ampliações e Reforços; e) Administração da Transmissão; f) Planejamento da Operação Eletroenergética; 43 Capítulo 4 - Análise das Macrofunções Finalísticas-Aplicação na Localização das PMU g) Programação da Operação Eletroenergética; h) Operação do Sistema; i) Acompanhamento da Previsão Hidrometeorológica; j) Consolidação da Previsão de Carga; k) Avaliação da Operação; l) Análise de Ocorrências e Perturbações. A Figura 4.2 [ONS-09] apresenta um diagrama ilustrativo das Macrofunções Finalísticas desenvolvidas pelo ONS para o exercício de suas atribuições. Figura 4.2 – Inter-relacionamento entre Macrofunções Finalísticas [ONS-09] Observa-se que as macrofunções Avaliação da Operação e Análise de Ocorrências e Perturbações realimentam as macrofunções anteriores, 44 Capítulo 4 - Análise das Macrofunções Finalísticas-Aplicação na Localização das PMU fornecendo novas diretrizes para a operação do SIN, de modo a restabelecer a operação dentro dos padrões de desempenho desejados. Cabe ressaltar que as atividades relativas aos Módulos 18, 19 e 20, referentes a Sistemas e Modelos Computacionais, Identificação, Tratamento e Penalidades para as Não-conformidades e Glossário de Termos Técnicos, respectivamente, não são detalhadas, por não se enquadrarem como Macrofunções Finalísticas. O ONS se utiliza de diferentes informações técnico-operacionais fornecidas pelos agentes e entidades relacionados com a operação do SIN de maneira a avaliar o desempenho das Macrofunções Finalísticas. Com base nessa primeira apresentação das macrofunções, objetiva-se no momento apresentar um detalhamento dos processos relacionados a cada uma, buscando, quando oportuno, evidenciar possíveis aplicações de SMFS nas transformações que se vislumbram próximas. A partir destas análises, em decorrência dos próprios fluxos apresentados, encaminham-se perspectivas de verificação de posicionamento de PMU no sentido de diferenciais de ganhos operativos para os ativos dos agentes instalados no sistema. 4.4 Macrofunção Estudos de Acesso O direito, garantido por Lei, de qualquer agente se conectar e fazer uso do sistema elétrico mediante o ressarcimento dos custos envolvidos, diga-se ainda, independentemente da comercialização de energia, é chamado de livre acesso. Para que se realize tal ensejo, antes de estabelecer nova conexão às instalações integrantes da rede básica do SIN ou de alterar essa conexão já existente, os acessantes devem fazer uma solicitação formal de acesso ao ONS ou ao agente de transmissão envolvido. Cabe ressaltar que se o acesso pretendido for para instalações não integrantes da rede básica (abaixo de 230kV), a solicitação deve ser feita exclusivamente à concessionária de distribuição. 45 Capítulo 4 - Análise das Macrofunções Finalísticas-Aplicação na Localização das PMU A Figura 4.3 [ONS-09] ilustra as principais interações relativas à Macrofunção Estudos de Acesso, bem como seus fluxos internos. Figura 4.3 – Macrofunção Estudos de Acesso [ONS-09] Neste processo, a responsabilidade de analisar a solicitação de acesso é do ONS, no primeiro caso, ou do agente de distribuição, no segundo caso. Estas solicitações são regulamentadas na definição dos prazos, podendo ser diferenciados, dependendo de serem ou não necessários reforços ou ampliações na rede envolvida. Denomina-se Parecer de Acesso o documento pelo qual todo o processo de análise e determinação de providências para realização do acesso solicitado é registrado. Além disto, esse documento deve ser levado ao conhecimento do acessante e da ANEEL. A determinação padronizada da sistemática e dos requisitos relativos ao acesso aos sistemas de transmissão está contida no Módulo 3 – Acessos aos Sistemas de Transmissão dos Procedimentos de Rede. Neste documento também se encontram as informações necessárias quanto a requisitos mínimos a serem considerados no desenvolvimento do projeto das instalações de conexão à rede básica no seu Submódulo 3.6. Os requisitos iniciais devem ser complementados pelos requisitos definidos para instalações da rede básica que se encontram no Módulo 2 – Requisitos mínimos para instalações e gerenciamento de indicadores de desempenho da rede básica e de seus 46 Capítulo 4 - Análise das Macrofunções Finalísticas-Aplicação na Localização das PMU componentes, bem como pelas normas e padrões das instalações, de caráter geral e específico de cada concessionária acessada. Para que se possam verificar os potenciais impactos nesta Macrofunção com relação à implantação de SMFS, promove-se uma abordagem dos Módulos dos Procedimentos de Rede mais significativos na sua composição. Em relação à Macrofunção Estudos de Acesso, identificam-se os Módulos 2 e 3 como os mais importantes. Desta maneira, selecionam-se os objetivos destes Módulos de forma a direcionar o foco das análises propostas. Verificase que os objetivos constantes no Módulo 3 referem-se ao estabelecimento das instruções e dos processos para a viabilização do acesso, que compreende a conexão e o uso às instalações de transmissão. Ressaltam-se para esta análise os objetivos do Módulo 2, pois além de atribuição de responsabilidades nos processos e atividades neles descritos, tem-se: a) a definição dos requisitos mínimos para as instalações da rede básica e das Demais Instalações da Transmissão (DIT), a fim de propiciar as condições necessárias à obtenção da continuidade, da qualidade e da confiabilidade do suprimento de energia elétrica aos seus usuários; b) a definição do processo de verificação da conformidade dos empreendimentos de transmissão com os requisitos estabelecidos no instrumento técnico do processo de licitação ou de autorização do empreendimento e nos Procedimentos de Rede; c) o estabelecimento da sistemática para o gerenciamento dos indicadores de desempenho da rede básica e das DIT (barramento de transformadores de fronteira com a rede básica) quanto à frequência, tensão e continuidade de serviço; d) o estabelecimento da sistemática para o gerenciamento dos indicadores de desempenho das FT da rede básica. 47 Capítulo 4 - Análise das Macrofunções Finalísticas-Aplicação na Localização das PMU Procedendo a uma análise conjunta dos objetivos ressaltados acima, sugere-se a observação dos ditos grifados em cada um deles. Desta forma, ressalta-se que as condições de continuidade, qualidade e confiabilidade, caso os parâmetros mínimos de observabilidade sejam implantados no SIN, conforme projetos em andamento terão suas margens de segurança ampliadas. Não obstante, menciona-se que a padronização da referência temporal pelo GPS possibilita além de uma visibilidade realística do sistema momento-a-momento, uma facilitação de análise para a tomada de decisão. Assim sendo, tanto a definição da localização das PMU, quanto a quantidade ótima para um nível de observabilidade mínima, configuram importância vital para a melhoria esperada. Observa-se também que a apuração dos indicadores da rede básica e das DIT para os parâmetros referentes à frequência, tensão e continuidade de serviço serão mais próximos da realidade, diminuindo-se as taxas de erros, além de que os fatores de comparação poderão ser mais bem utilizados através da unificação temporal. Verifica-se então que a apuração de tais indicadores sofrerá um ganho de confiabilidade a partir da gradativa instalação de PMU no SIN em um processo de transição que ao longo do tempo garantirá uma base histórica mais eficiente e adequada ao estudo estatístico. Na análise desta Macrofunção pode-se verificar que os estudos de acesso são dependentes das referências de requisitos mínimos para que se possa avaliar a inserção de um acessante à rede básica. Com a introdução gradativa de PMU avalia-se que através de um histórico crescente de informações integradas possibilitará uma transformação na abordagem e na efetiva avaliação de solicitações de acessantes à rede básica, bem como ao sistema de distribuição. À medida que o SMFS possibilita uma maior observabilidade, as medidas de ajustes para o recebimento de novos integrantes ao SIN vai se tornar mais transparente 48 Capítulo 4 - Análise das Macrofunções Finalísticas-Aplicação na Localização das PMU e de melhor visibilidade, possibilitando-se a tomada de decisões mais acertadas nas fases de planejamento. Com níveis de confiabilidade ampliados através das bases de dados disponibilizadas dos parâmetros elétricos, ampliam-se a visibilidade através do aumento possível da quantidade de medições e da possibilidade de análises de contextos mais abrangentes utilizando-se tais medições. 4.5 Macrofunção Integração de Novas Instalações Nesta macrofunção são realizadas interações entre o ONS e o agente responsável pela instalação de forma a proporcionar a execução das ações necessárias à integração ao SIN de cada novo componente. Neste sentido, verifica-se a adequação física, operacional e legal da instalação. Nas tratativas inerentes a esta macrofunção, observa-se que existem interações com quase todas as demais macrofunções executadas pelo ONS. Nos Procedimentos de Rede, em seu Módulo 24 apresenta-se o detalhamento dessa macrofunção, com evidencia do encadeamento das atividades executadas ao longo do processo de integração de novas instalações. Observa-se que de acordo com os atuais requisitos para a avaliação e aprovação das condições necessárias para a integração de novos agentes ao sistema, a implementação de SMFS possibilita visualizar que os impactos pertinentes a cada função com a utilização desta tecnologia se transformam em base fundamental para o ajuste inicial de padrões mais confiáveis na formalização destes critérios. Verifica-se que os agentes de geração, de transmissão, de distribuição, importadores e exportadores devem ingressar no quadro de membros associados do ONS com até 1 ano de antecedência em relação à data prevista de entrada em operação de suas instalações. Os consumidores livres, somente 49 Capítulo 4 - Análise das Macrofunções Finalísticas-Aplicação na Localização das PMU se tornam membros associados a partir da emissão do Parecer de Acesso pelo ONS. Na Figura 4.4 [ONS-09] é apresentado o fluxo associado aos processos vinculados à Macrofunção Integração de Novas Instalações. Figura 4.4 – Macrofunção Integração de Novas Instalações [ONS-09] A abrangência desta macrofunção em relação aos aspectos funcionais necessários para aceitação de um novo agente é grande. Neste espectro amplo, podem ser incluídos os seguintes participantes: a) agentes de geração que conectarão suas instalações ao SIN; b) agentes de transmissão que conectarão suas instalações à rede básica; c) agentes de distribuição e consumidores livres que conectarão suas instalações à rede básica; d) agentes de importação e de exportação que conectarão suas instalações ao SIN; 50 Capítulo 4 - Análise das Macrofunções Finalísticas-Aplicação na Localização das PMU e) reservatórios localizados em bacias de abrangência do SIN; f) agentes que conectarão suas instalações fora da rede básica, quando das tratativas necessárias à sua integração ao SIN, devem se reportar, de acordo com a regulamentação estabelecida, diretamente à concessionária de distribuição, quando conectado a esta; g) no caso de conexão a DIT, o agente de operação deve seguir a regulamentação vigente. Para se obterem esclarecimentos sobre essa macrofunção os agentes responsáveis por instalações a serem integradas ao SIN devem se reunir com o ONS observando-se o cronograma de previsão de entrada em operação da instalação, bem como a incorporação da instalação nas atividades da operação, após sua integração ao SIN. Em situações de novos empreendimentos de transmissão lançados pela ANEEL a serem integrados à rede básica, objetos de editais de leilão, o ONS participa da análise do projeto básico. Nesta avaliação são consideradas as características dos equipamentos e linhas de transmissão, bem como a configuração de barra das instalações e os sistemas de telecomunicações, controle, supervisão e proteção, sempre em observância aos requisitos técnicos pré-estabelecidos. Percebe-se que estas avaliações tendem a se transformar de forma a possuir informações mais bem estruturadas e confiáveis à medida que a observabilidade sistêmica for mais abrangente. Considera-se também que os requisitos técnicos estabelecidos nos Módulos 2 e 13, Requisitos mínimos para instalações e gerenciamento de indicadores de desempenho e Telecomunicações respectivamente, sofrem diretamente a influência da implementação de SMFS. No módulo 13, por exemplo, verifica-se que todos os serviços nele considerados, implementados entre instalações do ONS e instalações dos agentes de operação, são de responsabilidade exclusiva dos agentes. Sabe-se que as adaptações necessárias para as implementações de SMFS nas 51 Capítulo 4 - Análise das Macrofunções Finalísticas-Aplicação na Localização das PMU instalações dos agentes devem abranger condições de transição e avaliação econômica- financeira de forma a avaliar-se o custo benefício das alternativas de implantação. Os requisitos de comunicação de dados e adequações em sistemas de telecomunicações também devem ser reavaliados e ajustados às novas demandas propostas pela implantação dessa nova tecnologia. Nos assuntos relativos a novos empreendimentos de produção ou de consumo conectados à rede básica, os agentes devem solicitar ao ONS diretamente ou por meio do agente de transmissão a ser conectado, acesso ao sistema de transmissão. Além disso, estabelecem-se também os procedimentos para que o agente possa realizar consulta prévia ao ONS, denominada Consulta de Acesso, a fim de obter esclarecimentos para as dúvidas que tiver sobre o assunto. O ONS analisa a viabilidade técnica da integração verificando, em relação ao SIN, seu impacto e a necessidade de ampliações ou reforços, formaliza a reserva de prioridade no atendimento e emite o respectivo Parecer de Acesso, em que são definidas as condições de acesso. Além disto, a fim de garantir a segurança e a operação do sistema eletro-energético, observa-se dentre outras considerações, que na implantação ou no aumento de demanda ou oferta de uma conexão deve ser sempre considerada a flexibilidade de manutenção e a confiabilidade da instalação sob o ponto de vista dos seus reflexos no desempenho da rede básica. Desta forma, observa-se que a inserção de qualquer conexão, digam-se ativos, no sistema deve ser foco de estudo de impacto sobre a situação atual do próprio sistema. Com isto, tanto a condição atual do sistema através de melhor visualização de suas margens de segurança quanto à formalização de requisitos compatíveis com este novo fomento à atual estrutura sistêmica se constituem em situações e processos de mudanças com a implantação de SMFS. Logicamente, “não batendo na mesma tecla”, não é a introdução de PMU no sistema que lhe proporcionará avançar em relação 52 Capítulo 4 - Análise das Macrofunções Finalísticas-Aplicação na Localização das PMU às modificações propostas, mas o conjunto da obra, ou seja, um sistema mais robusto, de melhor observabilidade e que tenha ferramentas de utilização que agreguem valor aos dados sincronizados de entrada. Os impactos na rede básica e nas DIT ocasionados por qualquer conexão devem ser determinados nos estudos de acesso, e todo e qualquer novo acesso deve ser informado a todos os agentes envolvidos. Esta macrofunção apesar de ser aparentemente burocrática, agrega todo um contexto de mudanças, pois se utiliza praticamente de todo o encadeamento de processos que se propõem a analisar a integração do “novo” no sistema. Com isto, se toda a cadeia de informações for alcançada aos poucos com a entrada de SMFS através de sua tecnologia e adaptações específicas aos casos de cada sistema, verifica-se que não vão existir processos de rotina sistêmica fora da consecução de ações envolvendo aplicações de desenvolvimento relativo a SMFS. Para que um agente de geração se conecte à rede de distribuição é necessário que solicitem acesso ao agente de distribuição nos termos da legislação aplicável. Caso requeira-se acesso à rede básica ou às DIT, deve-se solicitar acesso ao ONS ou ao agente de transmissão detentor das instalações às quais se deseja conectar. Verifica-se que ao se adquirir um histórico confiável de medições sistêmicas através de SMFS, as análises para as decisões necessárias para a aprovação destas novas modificações serão tomadas de forma mais confiável, respeitando-se as margens envolvidas e com erros relativos de menor monta. O Módulo 15 dos Procedimentos de Rede orienta os agentes nos processos de celebração dos contratos de transmissão do tipo Contrato de Prestação de Serviços de Transmissão (CPST), Contrato de Uso do Sistema de Transmissão (CUST) e Contrato de Conexão e Transmissão (CCT). Em uma análise mais profunda, pode-se detectar que os contratos são firmados de acordo com critérios que se baseiam em medições de 53 Capítulo 4 - Análise das Macrofunções Finalísticas-Aplicação na Localização das PMU grandezas elétricas. Neste sentido, se as medições são mais precisas, os erros serão menores e esta diferença se apresenta como fator a ser disponibilizado e remunerado. Desta maneira, os SMFS podem possibilitar alterações na quantificação destas grandezas, modificando os montantes financeiros envolvidos. Na Figura 4.5 [ONS-09] se podem verificar as inter-relações contratuais entre os agentes e o ONS. Figura 4.5 – Relações contratuais entre os agentes e o ONS [ONS-09] De acordo com os Procedimentos de Rede, para a execução das atividades de coordenação e controle da operação da geração e da transmissão de energia elétrica do SIN, faz-se necessário que os agentes implantem sistemas de proteção para instalações na rede básica e instalações conectadas à rede básica, sistemas de supervisão e controle, sistemas de transmissão de dados e comunicação de voz e sistemas de medição para faturamento. Neste sentido percebe-se que os impactos a serem acompanhados dizem respeito à própria estrutura que deve ser adequada para a melhor utilização do disponibilizados. manancial de fasores sincronizados que serão 54 Capítulo 4 - Análise das Macrofunções Finalísticas-Aplicação na Localização das PMU Para análise e aprovação de programações de intervenções e testes de comissionamento, os agentes devem encaminhar ao ONS as informações e documentações relativas. Ressalta-se que na programação de intervenções na área de transmissão, a Parcela Variável é fator de estudo e análise de processos operacionais. Critérios relacionados a aproveitamentos, inclusões de serviços e compatibilidade de intervenções requerem planejamento e informações mais apuradas para que possam ser incluídos em estudos que possibilitem os desligamentos. A utilização de SMFS, quando bem dimensionados, apresenta informações em volume e qualidade necessários para a correta utilização dos critérios relativos à Parcela Variável, promovendo a uniformização de processos e a diminuição dos impactos financeiros relativos. O ONS analisa os reflexos na operação do SIN da inserção da instalação na rede de operação, por meio de estudos pré-operacionais e de estudos específicos para os testes de comissionamento. De acordo com o referenciado no Módulo 21 [ONS-09]: “A maior parte das situações de fragilidade elétrica e de colapsos observados envolve problemas relacionados às interações dinâmicas entre a rede elétrica e as cargas. Portanto, o reforço do desempenho elétrico passa pela consideração do comportamento do controle sistêmico e de sua adequada sintonia, de forma a contribuir para o aumento da segurança elétrica do SIN. Diante das dimensões continentais do SIN e de sua complexidade física e da propriedade de ativos, as atividades de coordenação inerentes ao ONS no contexto da segurança operacional elétrica dependem estrategicamente de informação sensível constituída pelos dados utilizados nas simulações do desempenho elétrico da rede. Assim, como elementos adicionais – mas não menos importantes para avaliação e reforço da segurança operacional elétrica – são estabelecidas sistemáticas para análise e validação de dados e modelos de componentes a serem utilizados nos estudos elétricos do SIN”. Neste sentido percebe-se que a referida informação sensível, cujos dados são utilizados para simulações do desempenho elétrico da rede constituem-se em valiosas referências na segurança elétrica do sistema. 55 Capítulo 4 - Análise das Macrofunções Finalísticas-Aplicação na Localização das PMU A melhor exatidão e disponibilização dos dados através da instalação de PMU em um SMFS permite contextualizar uma garantia na verificação desta segurança. Maior confiabilidade se traduz em maior segurança. Em decorrência direta desta abordagem, verifica-se, com base nesses estudos, a elaboração e implantação por parte do ONS das instruções de operação, que visam a orientar os centros de operação, durante ocorrências no sistema, nas ações relativas à instalação que devem ser realizadas. Visualiza-se a extensão dos impactos de melhores medições e disponibilizações de fasores no SIN, constatando-se que a base temporal de dados como insumo dos processos causa uma reação de confiabilidade e aumento de desempenho em todo o sistema. Com relação ao agente de geração, depois da análise da instalação por parte do ONS dos requisitos necessários à liberação para os testes de comissionamento é encaminhada a esse agente a declaração de liberação para esses testes. Após a conclusão do comissionamento de forma satisfatória, o agente de geração deve solicitar ao ONS a liberação para operação integrada ao SIN. O ONS analisa o atendimento aos requisitos antes de encaminhar ao agente a declaração de liberação da unidade geradora para a operação integrada. No caso de integração de instalação de transmissão ao SIN, conforme ofício da ANEEL, “a entrada em operação comercial de novas instalações de transmissão na rede básica, quer sejam autorizadas pela ANEEL por meio de Resolução específica ou integrantes de novas concessões de transmissão licitadas, deve ser obrigatoriamente precedida da emissão, pelo ONS, do Termo de Liberação”. Além disto, prevê que o pagamento da parcela da Receita Anual Permitida (RAP) associada a essa instalação somente poderá ser efetuado após a emissão do respectivo Termo de Liberação. Considera-se importante ressaltar o vínculo entre o Termo de Liberação e a RAP. Se o primeiro vai derivar de análises do ONS com base em requisitos e dados do agente, leiam-se informações de ordem processual e dinâmica do sistema, o 56 Capítulo 4 - Análise das Macrofunções Finalísticas-Aplicação na Localização das PMU segundo vincula-se em nível econômico-financeiro aos ajustes dos CPST relativos. Uma oportunidade dos SMFS em oferecer um vínculo suficiente e capaz de interpor melhorias palpáveis neste encontro. A ANEEL emite um Despacho, aprovando os Termos de Liberação Provisória para Operação Integrada – TLP – e definindo a data de início de operação comercial. Para que isto ocorra a transmissora deve sanar as pendências contidas neste termo. Para a emissão do Termo de Liberação para Operação Integrada – TL – é condicionada ao cumprimento da eliminação de todas as pendências por parte do agente indicadas no TLP e da emissão do Despacho ANEEL, definindo data de início de operação comercial e valor da RAP atualizada ou índice de reajuste. Mais uma vez existe o confronto entre os documentos formais necessários à operação do ativo de transmissão com a parcela financeira RAP de vínculo nominal a este ativo. Contudo, verifica-se nesta macrofunção o desenvolvimento de vários produtos que incluem Relatórios Específicos e Termos de Liberação que, diante das melhorias previstas com a instalação de SMFS no SIN, permitem que as análises necessárias para a inserção destas novas instalações tenham substancial melhora nos processos avaliados. Principalmente verifica-se que toda a documentação que identifica as fases de análise referentes a adequações no sistema serão afetadas, haja vista a inclusão da gama de um conteúdo de dados amplo e que possibilita um ganho efetivo mais preciso na identificação dos impactos observáveis, favorecendo também as ações de melhoria para se promover estas inclusões. 57 Capítulo 4 - Análise das Macrofunções Finalísticas-Aplicação na Localização das PMU 4.6 Macrofunção Requisitos Mínimos para Instalações da Rede Básica e Critérios para Estudos Diante da necessidade de se pactuar ações de padronização visando ordenar as diversas condições de oportunidades de acesso ao SIN, o ONS desenvolve no exercício de suas atribuições, requisitos e critérios, definidos em módulos específicos dos Procedimentos de Rede. Neste sentido várias interações foram realizadas de forma a se agrupar nas macrofunções Requisitos Mínimos para Instalações da Rede Básica e Critérios para Estudos estas propostas. O principal objetivo é que os requisitos sejam estabelecidos de forma a garantir que o desempenho de cada instalação contribua positivamente para o desempenho adequado da rede básica, do todo, um bem comum daqueles que fazem parte deste sistema. Observam-se neste momento que todas as ferramentas que possam contribuir com este objetivo são muito bem vindas. Os SMFS a partir de sua característica de observabilidade podem possibilitar que estes requisitos hoje utilizados possam ter suas metas de excelência melhor avaliadas e consequentemente estabelecidas. Verifica-se que foram estabelecidos requisitos mínimos a serem seguidos para a obtenção de permissão de acesso ao SIN referente a vários quesitos e áreas de atuação. Estes requisitos técnicos mínimos envolvem os equipamentos para subestações da rede básica (capacitores, transformadores e demais equipamentos), linhas de transmissão aéreas, elos de corrente contínua, sistemas de proteção e recursos de telessupervisão que os agentes devem disponibilizar para o ONS para viabilizar a completa operacionalização dos sistemas de supervisão e controle do ONS. A partir da implementação das ferramentas que contemplam os dados fornecidos pelas PMU referentes a sistemas de proteção e supervisão de áreas, toda a cadeia do fluxo informativo será alterada, permitindo novas 58 Capítulo 4 - Análise das Macrofunções Finalísticas-Aplicação na Localização das PMU propostas para o desenvolvimento de melhoria operacional, bem como impactos nas atuais estruturas destes processos. Além disto, estabelecem-se os requisitos operacionais e requisitos especiais para os centros de operação, subestações e usinas da rede de operação, dos quais o ONS e os agentes devem dispor nestas instalações para assegurar o melhor desempenho operativo do SIN. Numa análise da proposta desta macrofunção em relação à implantação de SMFS no SIN podem-se realizar alguns enlaces interessantes conforme a Tabela 4.2. Tabela 4.2 - Proposta da Macrofunção Requisitos Mínimos e implantação de SMFS Proposta da macrofunção - ONS Implantação de SMFS Balizar as ações do ONS na proposição das Determinação de faixas mais confiáveis para ampliações e reforços da rede básica. os estudos propostos. A evidência dos dados é mais próxima da situação atual, além do auxílio na avaliação das perspectivas futuras. Subsidiar a coordenação do acesso ao Conforme sistema de transmissão. macrofunção específica. Subsidiar os estudos de planejamento e Conforme programação da operação eletroenergética, ganhos bem como a própria operação em tempo real propostos vão agregar valor na tomada de da rede de operação. decisões de forma generalizada. Subsidiar os usuários conectados à rede Se básica, ou os que requeiram esta conexão, qualidade com as informações necessárias para o utilizados normalmente, podem-se visualizar desenvolvimento ou atualização do projeto de melhorias conexão. conexão de agentes ao SIN. as considerações mencionado de analisadas na anteriormente, os confiabilidade informações e nos são quantidade processos nos estudos superiores aos em padrões vinculados à Os requisitos das conexões de voz e dados necessários para o atendimento dos requisitos mínimos são elencados e pormenorizados. Percebe-se que para o pleno atendimento a estas questões de acesso e continuidade também se tornam necessários o uso adequado de diretrizes e critérios para os estudos realizados pelo ONS. Neste sentido, são estipulados e gerenciados os indicadores de frequência, tensão e de 59 Capítulo 4 - Análise das Macrofunções Finalísticas-Aplicação na Localização das PMU continuidade de serviço, de desempenho de funções transmissão e de usinas programadas e despachadas centralizadamente pelo ONS. Importante ressaltar que estes indicadores são úteis para a adequação de propostas vinculadas aos assuntos de localização de PMU no SIN, foco desta dissertação, pois abrangem controles de visualização de interesse não somente do ONS, mas de todos os agentes, como avaliados no capítulo 5. 4.7 Macrofunção Administração da Transmissão Esta macrofunção é composta pelas funções: - Administração de Contratos; - Apuração de Serviços e Encargos de Transmissão; - Administração de Serviços Ancilares; - Apuração de Serviços Ancilares. Ressalta-se que o modelo de contrato vigente no setor elétrico brasileiro exige a formalização explícita das relações comerciais entre os vários segmentos do mercado de energia elétrica. Esta formalização foi feita com a segmentação dos antigos Contratos de Suprimento de Energia Elétrica em Contratos de Compra e Venda de Energia Elétrica (CCVE), CPST, CUST, Contrato de Compartilhamento de Instalações (CCI) e Contrato de Conexão ao Sistema de Transmissão (CCT). Aproveitando-se de uma diferença de contextos, evidenciar um ganho em se utilizar SMFS no SIN, em particular, nas instalações dos agentes, com relação ao foco desta macrofunção não é uma tarefa fácil. Que parâmetros são necessários para que uma abordagem coerente seja realizada e prudentemente perceptiva a tal ponto que, através de seus 60 Capítulo 4 - Análise das Macrofunções Finalísticas-Aplicação na Localização das PMU encaminhamentos se possam construir metodologias de utilização genérica, porém, com possibilidades para adequações a aplicações específicas para cada caso, cada agente? Em primeiro momento verificase que é uma análise com assuntos difíceis de serem miscíveis entre si. No entanto, ao considerar-se que a formalização de contratos se baseia na estipulação de montantes, e que esta estipulação de montantes é realizada em sua base, através de medições de grandezas elétricas, o tão difícil enquadramento das análises já pode evidenciar alternativas de pesquisa, bem como objetivar o que de mais importante possa ser apreendido. No gerenciamento dos contratos na transmissão, ao se melhorarem as bases de medições, as bases contratuais também são afetadas e potencialmente modificadas. As bases de medições são alteradas proporcionalmente à medida que se ultrapassam as fronteiras do estabelecimento das fases de testes e experimentações quando da efetiva implantação do SMFS no SIN. Não se podem esperar grandes transformações em todas as veredas do modelo do sistema elétrico brasileiro somente a partir de estudos e testes de equipamentos, bem como da implantação mínima de PMU nesse sistema. Uma abordagem positiva da implantação desta tecnologia será palpável na medida em que as condições oferecidas aos SMFS forem as melhores possíveis de acordo com os parâmetros técnicos de desenvolvimento, ganhos operacionais e delimitações de menores riscos. A função Administração de Contratos envolve a elaboração dos modelos e a coordenação do processo de negócios dos contratos que dizem respeito ao sistema de transmissão. Os contratos da transmissão estabelecem a garantia do fluxo monetário entre as empresas que atuam neste setor. Além disto, são referências aos novos agentes que queiram participar das licitações de empreendimentos de transmissão. A melhoria de confiabilidade do SIN vislumbra a melhoria de receita por parte dos agentes de transmissão através do confinamento das incertezas relativas a cada processo. Desta maneira, visualiza-se uma abertura para 61 Capítulo 4 - Análise das Macrofunções Finalísticas-Aplicação na Localização das PMU a entrada de SMFS no fortalecimento da base de dados histórica e nas ações de tempo real necessárias para a melhoria da segurança operativa. Na Figura 4.6 [ONS-09] podem-se verificar as interações que regem o fluxo de atividades desenvolvidas na Macrofunção Administração da Transmissão. Figura 4.6 – Macrofunção Administração da Transmissão [ONS-09] Os CPST são estabelecidos entre o ONS e os agentes de transmissão, possibilitando que as empresas proprietárias dos ativos de transmissão da rede básica disponibilizem estes ativos para seus usuários, agentes de distribuição, de geração, de importação, de exportação e consumidores livres, sob administração e coordenação do ONS. Esta disponibilização dos ativos corresponde à maior preocupação por parte dos agentes de transmissão atualmente pela força da receita gerada através da RAP das FT. Ressalta-se que esta condição é com certeza um fator importantíssimo a ser observado pelos agentes na determinação dos locais a serem escolhidos para a instalação de SMFS no sistema a que ele está situado. 62 Capítulo 4 - Análise das Macrofunções Finalísticas-Aplicação na Localização das PMU Os CUST são estabelecidos entre o ONS e os usuários do sistema de transmissão e possibilitam estabelecer as condições de uso do sistema de transmissão, bem como a remuneração dos agentes de transmissão pelos usuários. Em relação a estes contratos estão relacionados mecanismos de garantias financeiras que asseguram os pagamentos aos agentes de transmissão dos encargos devidos pelos usuários. Os CCT são estabelecidos entre os agentes de transmissão e os usuários da rede básica, referindo-se ao uso das instalações de conexão. Nestes contratos o ONS apresenta-se como interveniente. A questão relativa aos pontos de conexão também são relevantes em relação à utilização de PMU no SIN. Tanto a formalização das condições e melhores alternativas para a localização destes pontos quanto o controle mais eficiente das grandezas envolvidas pactuadas nestes documentos são fatores que se apresentam como mudanças nas perspectivas de utilização desta tecnologia. Os CCI regulam as conexões entre agentes de transmissão, dispondo sobre o uso das instalações destes agentes integrantes da rede básica. O ONS também se apresenta como interveniente nestes contratos. O parque instalado de PMU deve proporcionar aos agentes benefícios mútuos na garantia da disponibilização de seus ativos e na segurança implementada para o fino controle destas FT envolvidas. O processo de apuração dos serviços e encargos de transmissão tem por objetivo a determinação dos valores mensais das receitas a serem pagas aos prestadores do serviço de transmissão, concessionários e ONS, bem como os Encargos do Uso do Sistema de Transmissão (EUST) a serem cobrados de cada usuário. Esse processo envolve parâmetros fixos de receitas, RAP, parcelas de ajuste de ciclos de apuração anteriores e de encargos, tais como tarifas, 63 Capítulo 4 - Análise das Macrofunções Finalísticas-Aplicação na Localização das PMU demandas e gerações contratadas. Também envolve parâmetros variáveis, como Parcela Variável decorrente da indisponibilidade de instalações, Parcela Variável decorrente da ultrapassagem de demanda, operacionalização de novos agentes, modulação do orçamento do ONS, receita de novas instalações, dentre outros. Um questionamento que se pode realizar no momento é se haverá modificação da RAP a partir do momento em que os agentes garantirem melhor observabilidade através da implantação de PMU em suas instalações. Nos ajustes em andamento com relação aos custos envolvidos, bem como quem serão os responsáveis pelo pagamento destes valores, muitos interesses podem ser encadeados a partir da implementação desta tecnologia como “fiel da balança”. Mais uma vez ressalta-se, que existe fase de transição nas mudanças esperadas nos processos avaliados. Verifica-se que as parcelas variáveis decorrentes da indisponibilidade de instalações, da sobrecarga em transformadores e da ultrapassagem de demanda são calculadas com base em levantamentos realizados mensalmente pela área de estatística da operação do ONS e devidamente consistidos e validados pelos agentes. Estas apurações conjuntas favorecem o ganho mútuo da aplicabilidade de SMFS no SIN. Para os agentes a perspectiva de melhorar suas receitas deve ser mais bem evidenciada pelo ONS nas bases de suas pesquisas de implementação desta tecnologia. A melhoria de robustez do SIN com relação a instalação de PMU deve proporcionar ganhos financeiros palpáveis para todos os envolvidos. No processo de apuração dos serviços e encargos de transmissão o produto final é a discriminação detalhada de todas as parcelas que compõem as receitas ou encargos de cada agente, para apresentação a cada usuário da rede básica de todos os valores a serem faturados mensalmente por cada concessionário de transmissão e pelo ONS. 64 Capítulo 4 - Análise das Macrofunções Finalísticas-Aplicação na Localização das PMU A melhor percepção e controle do SIN através da utilização de SMFS interpõem prerrogativas de mudanças na contabilização das atividades remuneratórias entre todos os envolvidos. Quanto aos serviços ancilares, a utilização de equipamentos ou instalações do SIN para garantir a operação dentro dos padrões de qualidade, segurança e confiabilidade exigidos, caracterizados na regulamentação, possibilitam um aumento destas prerrogativas a partir de uma melhor estruturação de SMFS no sistema. Esses padrões gradativamente serão alterados pela melhor formalização das condições ótimas de operalização sistêmica. Desta forma, configuram-se nesta lista de serviços o controle primário de frequência, com a reserva de potência primária, o controle secundário de frequência, com a reserva de potência secundária, a reserva de prontidão, o suporte de reativos fornecido por unidade geradora que oferece energia ativa, o suporte de reativo fornecido por unidade geradora que opera como compensador síncrono e o auto restabelecimento de unidades geradoras ou usinas. Observa-se que estes serviços podem ser mais bem caracterizados a partir da adequada utilização dos dados fasoriais fornecidos pelas PMU, possibilitando aos agentes modificações nas bases contratuais com extensão aos valores pactuados de ressarcimento financeiro. As atividades relacionadas a serviços ancilares envolvem a negociação dos Contratos de Prestação de Serviços Ancilares (CPSA) entre o ONS e os agentes provedores de suporte de energia reativa através de unidades geradoras comutáveis para compensadores síncronos, por se tratar de um serviço ancilar remunerado através de Tarifa de Serviço Ancilar (TSA), estipulada anualmente pela ANEEL. Essa tarifa possivelmente será foco de impactos gerados pelas modificações de garantia efetiva de disponibilização de reativo através de melhorias implementadas com a utilização de fasores sincronizados. 65 Capítulo 4 - Análise das Macrofunções Finalísticas-Aplicação na Localização das PMU Na apuração destes serviços, cabe ao ONS informar à CCEE os montantes de energia reativa de unidades geradoras comutáveis para compensadores síncronos solicitados aos agentes prestadores do serviço ancilar e os períodos de utilização. Também cabe ao ONS informar à ANEEL os períodos em que o agente solicitou a manutenção de unidades geradoras que prestavam o serviço ancilar de reserva de prontidão e os motivos das solicitações. Verifica-se que existe um processo formal que, através de modificações no sistema de medições e condições de reforço e garantia de fornecimento alterados, possibilitam a tangência aos pontos ótimos de receita de operação e disponibilização de reativos aos agentes envolvidos. Vários são os produtos formalizados por essa macrofunção, evidenciando-se de forma ampla as condições necessárias para o gerenciamento de dados e informações que possam ser desdobradas em itens de acompanhamento estatístico, comprobatórios de atendimento a limites contratuais e percentuais financeiros devidos. 4.8 Macrofunção Elaboração do Plano de Ampliações e Reforços As condições que garantem a segurança operativa do SIN são definidas a partir desta macrofunção. Pode-se verificar diante desta constatação que as informações de SMFS como fatores de aumento da segurança operacional do sistema proporcionam impacto imediato nas tratativas de desenvolvimento para a execução de tais atividades. O objetivo desta macrofunção é de determinar as ampliações e os reforços na rede básica e em outras instalações de transmissão necessários para garantir que a operação futura do SIN ocorra de acordo com os padrões de desempenho estabelecidos. 66 Capítulo 4 - Análise das Macrofunções Finalísticas-Aplicação na Localização das PMU A Figura 4.7 [ONS-09] ilustra as principais interações relativas à macrofunção Elaboração do Plano de Ampliações e Reforços. Figura 4.7 – Macrofunção Elaboração do Plano de Ampliações e Reforços [ONS-09] Para a determinação das ampliações e reforços, os estudos são desenvolvidos com base no plano de expansão de longo prazo, elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e nas proposições de expansão dos agentes. Para a execução destes estudos é necessário que se observem os seguintes aspectos: a) a análise do contexto de oferta (geração e importação) e de carga (mercado e exportação) sinalizados pelos agentes; b) a verificação das solicitações de acesso; c) a verificação dos instrumentos contratuais referentes ao uso e à conexão ao sistema de transmissão, à autorização e à concessão para produção e à autorização para importação e exportação de energia; d) a análise das informações referentes à operação, bem como ao planejamento e programação da operação elétrica e energética; 67 Capítulo 4 - Análise das Macrofunções Finalísticas-Aplicação na Localização das PMU e) observância às recomendações decorrentes da análise e gerência dos indicadores de desempenho da rede, conforme padrões pré-estabelecidos; f) ampliações e reforços estabelecidos pelo Poder Concedente para atender a políticas definidas pelo governo federal. Observa-se que as ampliações e os reforços são propostos com base em: a) estudos de avaliação do desempenho elétrico da rede de simulação em regime permanente e em frequência industrial em estudos de confiabilidade. A introdução de tecnologia fasorial possibilita se avaliar melhor o desempenho da rede, pois a estimação de estados é melhorada. A confiabilidade se torna mais expressiva com a sincronicidade dos dados sistêmicos. b) estudos das interligações inter-regionais e internacionais. Os estudos a partir da disponibilização de dados de PMU possibilitam verificar melhor as margens operativas, resultando em potencial alívio de congestão do fluxo de transmissão no sistema. O aumento do limite de transmissão pode chegar a 20% [KEMA-07]. Desta forma se aumentaria o índice de utilização das instalações existentes de transmissão, o que por sua vez retardaria a necessidade de se construir novas linhas para acomodar o crescimento da carga. c) estudos de dimensionamento da compensação de energia reativa. Esta compensação estruturada em alterações na base dos limites operativos das cargas possibilita aumento da margem de transmissão e ganhos operacionais através da utilização de SMFS. Determina-se o horizonte dos estudos em 4 anos, compreendendo o período entre o 1° e o 4° ano à frente do ano de en caminhamento dos estudos, estabelecendo-se a antecedência necessária para viabilizar a entrada em operação das obras nas datas previstas. 68 Capítulo 4 - Análise das Macrofunções Finalísticas-Aplicação na Localização das PMU Pode-se verificar que os ganhos esperados com a implantação de SMFS no SIN reafirmam as ações identificadas como necessárias para garantir que a operação futura do SIN ocorra de acordo com os padrões de desempenho estabelecidos nos Procedimentos de Rede, ou seja: a) estabelecer a garantia das melhores condições operacionais futuras ao menor custo. Melhores condições passam por melhores métodos e tecnologias, situação que remete à utilização de SMFS. b) atendimento de forma a preservar a segurança e o desempenho da rede. Situações que também remetem à introdução de SMFS no SIN, como já analisado. c) implementar e promover a otimização da operação do sistema eletroenergético com menor custo para o sistema. A implantação de SMFS objetiva essa otimização, que consequentemente, altera os padrões econômicos e financeiros vinculados. d) de acordo com um princípio de igualdade, permitir o acesso de todos os interessados na integração ao SIN. Com melhores perspectivas de ganhos e de desenvolvimento para os agentes, que de forma indireta, permite-lhe uma visão melhor dos impactos nos seus custos e receitas, a partir do emprego de tecnologia de SMFS. Esta macrofunção é executada anualmente, sendo que o Plano de Ampliações e Reforços na Rede Básica (PAR) e a PAR-DIT são encaminhados ao Poder Concedente, conforme legislação vigente. 4.9 Macrofunção Eletroenergética Planejamento da Operação Nesta macrofunção são desenvolvidas ações que visam a estabelecer a forma pela qual os recursos de geração e transmissão de energia são integrados de maneira a assegurar o atendimento ao mercado consumidor com 69 Capítulo 4 - Análise das Macrofunções Finalísticas-Aplicação na Localização das PMU segurança, economicidade e qualidade. Além disto, espera-se a maximização da segurança do suprimento às cargas e a minimização dos custos operativos. Neste sentido, com tais quesitos considerados primordiais, a instalação de SMFS no SIN deve se estruturar para que encontre o ponto de favorabilidade entre os custos de implementação de tais sistemas e os ganhos que lhe são esperados. Pode-se observar que essa macrofunção compreende principalmente as interações entre as funções relativas à análise energética e elétrica. Muitas são as variáveis envolvidas para se possibilitar a compatibilização da segurança elétrica e energética com a otimização econômica da operação. Estas variáveis são relativas a fontes de produção de energia hidráulica e térmica, a elementos da malha de transmissão e a restrições de natureza diversa. Com relação a estas últimas, verifica-se principalmente que a geração térmica mínima e as limitações no intercâmbio entre subsistemas e/ou intra subsistemas sofrerão impactos consideráveis a partir do momento em que as margens operativas ficarem mais bem definidas, situação em que a tomada de decisões se torna mais acertada com a implementação de PMU no sistema. Para a realização dos estudos elétricos e energéticos dessa macrofunção, baliza-se em critérios de otimização, segurança e continuidade energética. Estes estudos abrangem diferentes horizontes, plurianual, anual e quadrimestral, constituindo-se a partir de insumos principais relacionados à carga e à hidrologia. As questões relativas à carga são importantíssimas para a implementação de SMFS, pois se constituem em parâmetro a ser medido conforme impacto econômico-financeiro além de delimitar áreas de necessidade de manutenções de forma a garantir confiabilidade. 70 Capítulo 4 - Análise das Macrofunções Finalísticas-Aplicação na Localização das PMU A Figura 4.8 [ONS-09] ilustra as principais interações relativas à macrofunção Planejamento da Operação Eletroenergética, evidenciando o seu fluxo de processos interno e externo. Figura 4.8 – Macrofunção Planejamento da Operação Eletroenergética [ONS-09] O planejamento energético produz análises e diretrizes que visam a obter otimização e segurança energética, a partir do gerenciamento dos recursos hidrelétricos e termelétricos, para que se obtenha o melhor proveito dos recursos hídricos do SIN e da capacidade de transferência de energia entre bacias, através da malha de transmissão. Esta transferência entre bacias possibilita equilibrar as diversas condições de operalização sistêmica que, com a implementação de SMFS, será melhor ajustada, maximizando-se as taxas de transmissão a partir de uma mesma estrutura física disponível. 71 Capítulo 4 - Análise das Macrofunções Finalísticas-Aplicação na Localização das PMU Para essa macrofunção, os estudos de planejamento da operação energética abrangem um horizonte de análise de até 5 anos, com detalhamento em base mensal. Outra situação importante a ser considerada positiva para a implementação de SMFS refere-se aos estudos do planejamento energético, com base nos resultados fornecidos pelos modelos de otimização e simulação da operação do sistema. Nestes modelos são avaliados os riscos de não atendimento à carga de energia e demanda, o valor esperado dos déficits de energia, o valor esperado de geração térmica, as estimativas de intercâmbios entre regiões, as estimativas de evolução dos custos marginais de operação, as estimativas para intercâmbios internacionais, a evolução dos níveis de armazenamento e os impactos de alterações nas premissas consideradas sobre as condições de atendimento. Em todas estas avaliações, a apropriação de fasores sincronizados aliada à construção de ferramentas de verificação que ajustem as margens de ganho operativo, bem como os limites ótimos de operação, possibilita aumentar a confiabilidade através da plena garantia às condições inicialmente planejadas. No caso do planejamento da operação elétrica, as análises são realizadas em relação ao comportamento da rede elétrica em horizontes de médio prazo e curto prazo. Com o objetivo de se chegar ao menor custo de operação possível a partir dos recursos disponíveis, esses estudos são realizados considerando a dinâmica da evolução do sistema, as diferentes condições de carga, geração e configuração da rede básica, e cujos resultados subsidiam as funções de programação da operação eletroenergética e pré-operação para elaboração de procedimentos operativos. Não se pode deixar de contextualizar tais condições quando do impacto com as questões de segurança operativa. Nesse sentido, a utilização de 72 Capítulo 4 - Análise das Macrofunções Finalísticas-Aplicação na Localização das PMU ferramentas que sejam eficientes na formatação destes objetivos, aliando a necessidade de eficiência sistêmica dos recursos disponíveis com a operação confiável, torna-se evidente a perspectiva de aplicabilidade de SMFS em todos os processos do SIN. A utilização de valores fasoriais das grandezas elétricas, disponibilizados de maneira a serem tratados de acordo com as diversas demandas dos processos possibilita além dos ganhos firmados com a eficácia, uma realimentação dos processos configurando-se em uma base de dados relacional através de ferramentas do tipo Data Mining (mineração de dados) para a pesquisa das correlações desses dados. Em relação aos resultados dos estudos de planejamento da operação elétrica de médio prazo destacam-se: a) as condições operativas esperadas para o SIN; Utilizando-se de históricos de medições sistêmicas com dados sincronizados, esta condição esperada configura-se em um perfil mais amplo através da consistência de dados para a configuração de modelos mais confiáveis. b) os benefícios das novas obras na operação do sistema, com indicação de providências para antecipar obras e para contornar eventuais atrasos de cronogramas; A percepção das providências a serem tomadas é de imensa contribuição para o acerto de cronogramas. Neste sentido, o uso de tecnologia de SMFS contribui para o melhor encaminhamento dos processos envolvidos, pois possibilita integrar informações em mesma base de tempo, em volume suficiente para atender perspectivas verificadas por análises estatísticas, bem como correlacionar informações de forma particularizada. c) definição de ações para solucionar os problemas identificados no horizonte do estudo, por meio de procedimentos operativos especiais ou da indicação da necessidade de revisão ou instalação de novos Sistemas Especiais de Proteção (SEP). Percebe-se que a utilização de SMFS possibilita enormes opções sob o ponto de vista da formatação das informações através da escolha dos aplicativos que serão úteis para a realização dos estudos de planejamento. No contexto de 73 Capítulo 4 - Análise das Macrofunções Finalísticas-Aplicação na Localização das PMU novos Sistemas Especiais de Proteção verifica-se que diante da mudança da visibilidade do sistema, com aumento dos limites de transmissão através da utilização de SMFS, várias mudanças se tornam necessárias de forma a se adaptarem esses sistemas às novas situações previstas. Em relação às diretrizes para a operação elétrica com horizonte quadrimestral apresentam-se como principais resultados: a) os procedimentos operativos para controle de tensão e de carregamento de linhas de transmissão e equipamentos; A partir da melhoria do estimador de estados através da entrada de SMFS, ajustes serão implementados numa ampla verificação nas faixas operativas de tensões de barras, com extensão às avaliações de capacidade operativa de linhas de transmissão e outros equipamentos. b) os valores limites de transmissão nas interligações inter-regionais; Como já foi mencionado, pode-se chegar a 20% de ganhos de transmissão segundo [KEMA-07]. c) os valores de geração térmica mínima para atendimento à carga, segundo os padrões e critérios estabelecidos nos Procedimento de Rede. Percebe-se melhoria na precisão, para que se determine a necessidade de geração térmica através de implantação de SMFS. Devido aos custos elevados para o despacho de usinas térmicas, pode-se representar tal mudança como ganho financeiro. Verifica-se que os estudos de proteção e controle realizam-se no âmbito desta macrofunção, a partir de uma configuração definida para a rede básica. Como objetivos destes estudos ressaltam-se a verificação do desempenho de proteção do sistema elétrico, a indicação de medidas corretivas, o estabelecimento de ajustes, a coordenação das proteções e a gerência dos sistemas de proteção. 74 Capítulo 4 - Análise das Macrofunções Finalísticas-Aplicação na Localização das PMU Certamente o desempenho do sistema de proteção se altera com a implementação de ferramentas ajustadas aos SMFS, devido às novas condições de informações acessíveis aos dispositivos de proteção, bem como a facilidade de implementações na localização de pontos de falta com melhoria de seletividade no sistema. O estabelecimento de ajustes será impactado devido às modificações visualizadas pelos SMFS, trazendo como consequência impactos na coordenação das proteções. Com relação à função proteção e controle são desenvolvidas as atividades diretamente ligadas à segurança elétrica do SIN. Neste sentido ressalta-se: a) Avaliar o desempenho dos sistemas de proteção, por meio da apuração das estatísticas de operação dos relés e sistemas de proteção do SIN. Este processo visa à realização de cálculos de indicadores para a avaliação do desempenho e de identificação de ações para a melhoria do desempenho; A implementação de SMFS vai alterar o desempenho destes sistemas de proteção, ocasionando melhoria nas estatísticas vinculadas e nos indicadores de controle, de acordo com as premissas mínimas de observabilidade e disponibilização de ferramentas específicas para estas finalidades. b) Realizar estudos de curto-circuito para a manutenção da base de dados de parâmetros de curto-circuito do SIN e de seus respectivos diagramas de impedância. Este processo visa subsidiar a realização dos ajustes e a coordenação da proteção, as análises de perturbação, a verificação da capacidade de interrupção simétrica de disjuntores, no horizonte do PAR, e a avaliação de suportabilidade de outros componentes do SIN; Verifica-se que também nestes processos haverá benefícios pelo emprego da tecnologia de SMFS, pois diante das informações mais precisas das grandezas elétricas disponibilizadas, por consequência, alteram-se os produtos derivados destas informações. c) A concepção, implantação e parametrização dos SEP. A análise da necessidade de implantação de novos SEP ou a revisão dos existentes é definida nesta macrofunção. Como objetivo destas análises verifica-se a necessidade de se permitir maior 75 Capítulo 4 - Análise das Macrofunções Finalísticas-Aplicação na Localização das PMU utilização dos sistemas de geração, transmissão e distribuição, de prover o aumento da confiabilidade da operação do SIN e de minimização do impacto de perturbações; Pode-se conceber que esses objetivos são potencialmente atendidos através da implantação de SMFS, pois quando se possui ferramentas que fornecem informações preventivas em relação aos graus de estabilidade e que traduzem melhor as condições de fluxo de ativos e reativos sistêmicos, o grau de confiabilidade aumenta, e consequentemente melhora o desempenho desse sistema. d) Implantação de diagnóstico dos sistemas de proteção e controle das instalações, com análise do atendimento a requisitos técnicos. Este processo visa propor medidas que assegurem o nível de segurança requisitado para as instalações do SIN; Como mencionado anteriormente, se os requisitos técnicos mudam quando da aplicação de SMFS no SIN, o referido diagnóstico também irá se modificar, com impactos em toda a cadeia de análises subsequentes. e) Procedimentos para a transferência dos registros provenientes de registradores de perturbações de curta duração instalados nas subestações e usinas dos agentes, para subsidiar a macrofunção Análise de Ocorrências e Perturbações. São estabelecidos também os procedimentos para a implantação de sistemas de registro de perturbações de longa duração, de forma a permitir a análise do desempenho dinâmico do SIN; Esses registros estão incluídos nos projetos atualmente em execução pelo ONS no formato de grandezas fasoriais aquisitados por PMU instaladas em estações dos agentes. f) Análises, estudos e definição dos ajustes e coordenação das proteções de caráter sistêmico, a partir de resultados obtidos na macrofunção Estudos Pré-operacionais e de Planejamento Elétrico; Mencionadas anteriormente as modificações esperadas nos processos de ajustes de proteções e sua devida coordenação. g) Estudos e análise detalhada dos aspectos de proteção envolvidos numa intervenção em instalação estratégica do SIN. Este processo tem por objetivo estabelecer as medidas necessárias para minimizar, durante a execução dos serviços, riscos e consequências de desligamentos de um ou mais componentes. 76 Capítulo 4 - Análise das Macrofunções Finalísticas-Aplicação na Localização das PMU Quando da necessidade de realização de intervenções no SIN, os agentes solicitam permissão para atendimento de suas demandas de manutenção, dentre outras, com registro de Sistema de Gerenciamento de Intervenções (SGI) cadastrado no ONS. Na oportunidade o ONS realiza estudos para detecção de impactos provenientes desta solicitação de forma a preparar o sistema para essa intervenção. Deste modo, os SMFS com a gama de utilidades possíveis de aplicação de suas ferramentas, contribuem de forma impactante na determinação e verificação de condições que possibilitem a realização desses trabalhos. Verifica-se que a integridade do SIN envolve a concepção de medidas automáticas cuja implantação depende fundamentalmente do envolvimento dos agentes. Essas medidas devem ser baseadas, preferencialmente, em ações de controle sistêmico que levam em conta a resposta dinâmica da rede elétrica e, em casos específicos, complementadas por ações de proteção que envolvem proteções sistêmicas e SEP. Tanto as ações de controle sistêmico pela resposta dinâmica da rede elétrica quanto às ações de proteção envolvidas são fortemente afetadas pela introdução de SMFS no SIN. Os benefícios alcançados por essa modificação trazem ganho operacional e melhoria de confiabilidade. Do ponto de vista da segurança elétrica, o ONS efetua análises com o propósito de estabelecer medidas para evitar ou minimizar a frequência de ocorrência de grandes perturbações, para evitar a propagação de grandes perturbações e para reduzir o tempo de restabelecimento do sistema após grandes perturbações. De acordo com o conjunto de aplicações esperadas para atendimento aos SMFS no SIN, verifica-se que as demandas elencadas nas análises do ONS se configuram em situações de ganho operativo na medida em que estas aplicações possam ser utilizadas com os propósitos mencionados. As referidas análises se baseiam em estudos elétricos realizados em intervalos de tempo distintos, ao longo de toda a cadeia de macrofunções. 77 Capítulo 4 - Análise das Macrofunções Finalísticas-Aplicação na Localização das PMU Através desses estudos abrangem-se a dinâmica eletromecânica, transitórios eletromagnéticos, estabilidade de tensão, ressonância e oscilações subsíncronas, regulação secundária, estabilidade estática, além de outros voltados para aspectos particulares do desempenho elétrico. Pode-se dizer que para todos esses estudos técnicos de interesses sistêmicos existem ferramentas envolvendo aplicabilidades de SMFS em desenvolvimento e algumas já implantadas em centros de operações de todo o mundo. O ONS determina ações voltadas para a prevenção de situações de risco potencial de interrupção de suprimento visando garantir a segurança elétrica operativa do SIN. Neste sentido adota medidas para evitar a ocorrência ou a propagação dos desligamentos intempestivos de equipamentos, ou em caso de incidência de perturbações, para agilizar o restabelecimento de cargas interrompidas. Existem ferramentas disponibilizadas a partir de SMFS que permitem visualizar as condições dinâmicas do sistema, determinando áreas de risco de operação e tendências de instabilidade de tensões e possíveis desligamentos de cargas. Desta maneira, objetiva-se aumentar a capacidade do SIN em suportar contingências com grau de severidade superior ao que se levou em conta no planejamento da expansão do sistema. Essa meta de se suportar contingências superiores às previstas insere-se no contexto da aplicabilidade de SMFS, pois existe ganho operativo ao longo do tempo, que a partir de um histórico de medidas fasoriais adequado e da aquisição contínua em tempo real, possibilita que novas tratativas sejam estabelecidas atualizando-se situações anteriores de planejamento. Em relação às análises desenvolvidas para os procedimentos relativos ao reforço da segurança operacional elétrica evidenciam-se: 78 Capítulo 4 - Análise das Macrofunções Finalísticas-Aplicação na Localização das PMU a) os estudos de avaliação do desempenho de novas instalações da rede de operação e do seu impacto sobre a segurança do SIN; Situação comentada quando do estudo de acesso e acompanhamento operativo. A introdução de SMFS possibilita análise eficiente individualizada através das apurações verificadas ao longo do tempo dos dados fasoriais. b) o acompanhamento do comissionamento de novas instalações da rede de operação, quando da realização de ensaios com repercussão sistêmica; Processo importantíssimo na prática, pois estabelece as condições iniciais de funcionamento da Estação. Caso não sejam verificadas de perto todas as situações de conferência e testes relativos a equipamentos e instalações, podem-se ocasionar desligamentos por falhas de ajustes de proteção, erros de fiação, parametrizações de dispositivos, dentre outras. Pode haver impacto posterior na Parcela Variável com perda de receita pela transmissora. Assim, verifica-se que a melhoria da confiabilidade dos dados apurados nos SMFS diminui os riscos de perda de receita da transmissora. c) refere-se à avaliação da necessidade de reajustes nos controladores automáticos dos equipamentos do sistema elétrico; Reajustes requerem informações confiáveis, que por sua vez demandam de controles mais apurados, situações previsíveis da utilização de SMFS. d) a realização de análises técnicas com foco na utilização dos requisitos de sistema relativos aos serviços ancilares para novas usinas ou para usinas em operação que demandem esses serviços; A partir da aquisição das grandezas elétricas por meio das PMU verifica-se que a composição de reativos necessária para o pleno atendimento às demandas sistêmicas, bem como em sua fase de aferição contábil, merecedora de ressarcimento financeiro, torna-se de primordial benefício o uso da tecnologia de SMFS. e) o estabelecimento de procedimentos e medidas que abreviem o restabelecimento das cargas depois de perturbações; 79 Capítulo 4 - Análise das Macrofunções Finalísticas-Aplicação na Localização das PMU O conhecimento da situação momentânea de todo o sistema através da sincronização do tempo permite que se verifiquem mais rapidamente as condições envolvidas, proporcionando manobras eficientes de transferências de carga e minimizações de cortes de carga. f) a quantificação e a alocação da reserva de potência operativa do sistema; Situação também que tende a ter mudanças positivas com a implementação de SMFS pelo fato da medição fasorial contemplar valores ajustados de potência que podem ser utilizados para os cálculos desta reserva, diminuindo-se as faixas conflitantes de erros e justificando-se condições mais reais dos valores estipulados para essa reserva e na definição dos locais de sua alocação. g) a avaliação do desempenho e a identificação das melhores estratégias de controle carga-frequência. Evidenciam-se ganhos operacionais com a implementação de SMFS de acordo com a aquisição de fasores de frequência pelas PMU instaladas, verificando-se a otimização sistêmica através do equilíbrio apurado nas tratativas entre a carga e a frequência. 4.10 Macrofunção Eletroenergética Nesta macrofunção são Programação desenvolvidas da atividades Operação que visam a estabelecer, para os agentes, a programação da operação elétrica e energética nos horizontes mensal e diário. Além disto, propõe a definir os programas de geração hidráulica e térmica, os intercâmbios de energia e demanda, bem como as diretrizes para a operação eletroenergética do período a ser programado. Verifica-se que o aproveitamento dos recursos disponíveis na operação do SIN constitui para os agentes, em seu âmbito de interesse, e para o ONS, em sua visão sistêmica, em fator de máximo interesse tanto para o melhor equilíbrio entre demandas e cargas regionais quanto para o que isto representa em relação aos impactos econômicos e financeiros. 80 Capítulo 4 - Análise das Macrofunções Finalísticas-Aplicação na Localização das PMU A Figura 4.9 ilustra as principais interações relativas à macrofunção da Programação da Operação Eletroenergética, evidenciando-se suas dependências. Figura 4.9 – Macrofunção Programação da Operação Eletroenergética [ONS-09] Existe uma inter-relação forte entre a macrofunção Programação da Operação Eletroenergética e a macrofunção Operação do Sistema, pois a programação da operação para o dia seguinte é um importante dado de entrada para a pré-operação do sistema, realizada num período de tempo imediatamente anterior à operação em tempo real. Essa relação é expressa através da bilateralidade de seus fluxos. Através desta macrofunção elabora-se o produto Programa Mensal de Operação (PMO) que define as diretrizes energéticas de curto prazo e assegura a otimização dos recursos de geração disponíveis, utilizando as análises obtidas no âmbito da macrofunção Planejamento da Operação também impactada pela implantação dos SMFS, como visto. O PMO é verificado semanalmente, em função das atualizações das previsões de carga, 81 Capítulo 4 - Análise das Macrofunções Finalísticas-Aplicação na Localização das PMU das vazões afluentes e da disponibilidade dos equipamentos de geração e transmissão. Para a elaboração do PMO, o ONS verifica as melhores alternativas para atendimento às cargas com maior eficiência e menor custo. A partir das informações de indisponibilidade de equipamentos no SIN, modificam-se as topologias de configuração da rede que impactam nas escolhas de otimização do sistema. Do outro lado, a disponibilidade dos ativos de geração e transmissão é de grande interesse por parte dos agentes, pois representam o foco de suas receitas financeiras. A grande expectativa dos agentes é com relação aos seus ganhos a partir da introdução de SMFS no sistema. Neste contexto, apresentam-se no capítulo 5, considerações importantes com esse foco. Pode-se dizer que a busca em se predizer ganhos por parte dos agentes em relação aos SMFS compreende uma estruturação de objetivos e uma formalização de metodologias, que, no momento, apresentam-se neste trabalho. A programação diária eletroenergética é constituída pelas políticas e diretrizes constantes no PMO e pelos estudos elétricos mensais. Nessa programação são implementadas a atualização das variáveis básicas adotadas, tais como carga, vazões afluentes aos reservatórios e disponibilidade das instalações de geração e transmissão. Os estudos elétricos compreendem as análises que verificam a configuração do sistema de forma a garantir sua eficiência operativa. Observa-se que o conhecimento das múltiplas variáveis do sistema, de forma a verificar suas inter-relações, bem como os reflexos de alterações de suas configurações são de extrema importância. As ferramentas de aplicação conhecidas, que hoje fazem parte dos SMFS (item 3.2.3), constituem-se em meio eficaz de racionalizar as ações necessárias ao funcionamento do sistema, proporcionando economia e ganho de tempo, além da segurança agregada. 82 Capítulo 4 - Análise das Macrofunções Finalísticas-Aplicação na Localização das PMU Para se ter uma ideia da importância da programação diária da operação eletroenergética, ela define os despachos de geração e os intercâmbios, bem como a programação de intervenções, a qual ajusta as solicitações de intervenções feitas pelos agentes às condições operativas do sistema. Neste foco, observa-se o valor dos SMFS, pois possibilitam atualizações dinâmicas do estado do sistema, além de proporcionar estudos mais eficientes para a execução de intervenções e na determinação das condições de fluxo nos intercâmbios. No caso das diretrizes para liberação de intervenções no sistema, elas objetivam a compatibilização das diferentes solicitações dos agentes, estabelecendo as prioridades para as intervenções. A utilização de SMFS permite melhor visualização do cenário eletroenergético do sistema proporcionando melhores alternativas nas análises que envolvem essas compatibilizações e priorizações para intervenções. Desta forma, as propostas de se garantir a integridade dos equipamentos e minimizar os riscos para o sistema, a fim de manter a continuidade do atendimento aos usuários e a confiabilidade do SIN são melhores atendidas. Para a elaboração da programação de intervenções, utilizam-se como subsídio as diretrizes dos estudos de planejamento e programação da operação eletroenergética. O inter-relacionamento entre esses processos nos permite verificar a abrangência que a introdução de SMFS pode apresentar em um contexto sequencial. No entanto, os ganhos que se esperam efetivamente da aplicação desta tecnologia se contrastam com as dificuldades de se visualizar ponto a ponto todas essas mudanças. Através do desenvolvimento desta macrofunção, obtém-se um informativo utilizado para a formação do preço da CCEE. Neste documento inserem-se os 83 Capítulo 4 - Análise das Macrofunções Finalísticas-Aplicação na Localização das PMU custos variáveis, os despachos relacionados à inflexibilidade e as razões elétricas das usinas térmicas do SIN. Além disso, justificam-se os motivos que determinaram os despachos em função de restrições elétricas e foram considerados na elaboração do PMO e suas revisões. Verifica-se desta forma que a introdução de SMFS implementa ganhos através dos processos vinculados à essa macrofunção de forma a influir em todas as suas etapas, inclusive na formação de preços na CCEE. 4.11 Macrofunção Acompanhamento Hidrometeorológica da Previsão Nesta macrofunção são desenvolvidas ações relativas à geração hidrelétrica para se obter insumos necessários para o planejamento e programação da operação e para o planejamento da operação de controle de cheias no âmbito dos reservatórios de aproveitamentos integrantes do SIN. A Figura 4.10 [ONS-09] ilustra as principais interações relativas à macrofunção Acompanhamento da Previsão Hidrometeorológica. 84 Capítulo 4 - Análise das Macrofunções Finalísticas-Aplicação na Localização das PMU Figura 4.10 – Macrofunção Acompanhamento da Previsão Hidrometeorológica [ONS-09] Os insumos relativos às informações meteorológicas abrangem: a) processos referentes à geração hidrelétrica; b) a previsão de carga; c) a avaliação das condições de segurança na rede de transmissão. Pode-se verificar neste caso a forte interdependência desta macrofunção com as de Planejamento da Operação, Programação da Operação e a de Operação. Analisando-se esse fato observa-se que existe um grande impacto previsto para essas macrofunções com relação à utilização de SMFS, principalmente com relação à de Operação. Neste sentido o fluxo destas interdependências nos remete às modificações estruturais nestes processos, implantadas de forma gradativa, da mesma forma que os SMFS, e que vão sustentar diversas ferramentas de aplicabilidade em todos eles. 85 Capítulo 4 - Análise das Macrofunções Finalísticas-Aplicação na Localização das PMU Os estudos de hidrologia e meteorologia em relação a essa macrofunção compreendem: a) o acompanhamento, a análise e o tratamento de dados hidroenergéticos por meio dos quais são obtidas e atualizadas as afluências e os armazenamentos nos aproveitamentos e subsistemas do SIN; Tudo no sistema se relaciona, os dados hidroenergéticos e os dados elétricos são fatores de sensibilidade e probabilidades que devem se constituir, após tratamento, em condicionantes à melhoria das premissas de equilíbrio entre geração e consumo. No aproveitamento de tais relacionamentos, inserem-se as tratativas de otimizações sistêmicas através da utilização de dados elétricos de forma fasorial e sincronizada. b) a previsão e a geração de cenários de afluências para os horizontes dos estudos de planejamento e programação da operação; Correlacionam-se afluências às condições sistêmicas do restante do sistema, sua interface geradora com sua interface transmissora com previsibilidade de atendimento ótimo às cargas planejadas. Situação de plena condição de impactos positivos da tecnologia SMFS, pois entrelaça ações em contexto de diversos processos. c) o acompanhamento e a previsão meteorológica; Fatores climáticos interferem nas previsões e demandas das cargas, que por sua vez, interferem na dinâmica operativa do sistema, que por sua vez, influem na contabilização de ganhos econômicos e financeiros. d) o planejamento da operação de controle de cheias. Os estudos referentes ao controle de cheias, além de fornecerem os insumos necessários ao planejamento e programação da operação, resultam em planos que estabelecem os recursos físicos e as medidas técnicas necessárias à operação desses controles. Mais uma vez verificase um forte engajamento entre situações específicas desta macrofunção, como o controle de cheias, por exemplo, com as macrofunções de planejamento e programação. 86 Capítulo 4 - Análise das Macrofunções Finalísticas-Aplicação na Localização das PMU Assim, pode-se, em complemento, estabelecer paralelos entre o controle de cheias e ações de programação sistêmica juntamente com os estudos que se utilizarão de dados fasoriais de forma a estruturar as melhores alternativas para se planejar o desempenho do SIN. Além dos aspectos enfatizados até o presente momento, abrangem-se nesta macrofunção as ações para atualização de dados técnicos e de restrições hidráulicas de aproveitamentos hidrelétricos. Elas correspondem às características físicas desses aproveitamentos e às suas condições de operação e levam em consideração o uso múltiplo da água e as restrições de natureza ambiental. As restrições hidráulicas podem se configurar em restrições elétricas que impactam as programações tanto de intervenções sistêmicas quanto de alternativas para suprimento de fornecimento energético às cargas. Situações em que a utilização de SMFS pode respaldar ações de controle e segurança energética. 4.12 Macrofunção Consolidação da Previsão de Carga Os principais objetivos da consolidação das previsões de carga elaborada pelo ONS são: a) fornecer os insumos relativos à previsão dos dados e informações de carga da rede de simulação, no horizonte dos estudos de planejamento e programação da operação eletroenergética e dos estudos de ampliações e reforços da rede de básica e DIT. Observando-se de outro ângulo, a determinação das previsões de carga consiste na preparação de todo um sistema de forma a possibilitar o seu atendimento dentro dos limites previstos de qualidade e segurança. Verifica-se que existe correlação direta entre o conteúdo destes estudos que abordam o equilíbrio entre geração e carga, bem como as tratativas conjuntas de preparação deste sistema. No universo das previsões de médio e longo prazo, 87 Capítulo 4 - Análise das Macrofunções Finalísticas-Aplicação na Localização das PMU ajustam-se para ambientes futuros toda a solicitação de investimentos para viabilizar o atendimento dos impactos gerados pelo crescimento da demanda de consumo. De acordo com a informação já mencionada de que a utilização de SMFS pode aumentar a capacidade de transmissão em até 20%[KEMA -07], visualiza-se que na previsibilidade de obras para o sistema, as considerações de previsões e de utilização desta tecnologia devem ser cuidadosamente avaliadas para a definição dos montantes de reforços e melhorias futuras. Um impacto financeiro que deve ser levado em consideração no planejamento das alterações na estrutura sistêmica. b) minimizar os desvios e garantir a qualidade das previsões, com foco na segurança do SIN. A minimização de desvios pode ser o grande diferencial na implantação de SMFS. Em amplo sentido pode-se considerar que a robustez do SIN vai melhorar a partir da integração desta nova tecnologia, a partir da melhor visibilidade da condição real do sistema juntamente com as novas condições de observabilidade utilizadas. Nessa macrofunção, após o recebimento dos dados e informações de previsões de carga elaboradas pelos agentes, o ONS realiza a análise crítica e comparativa desses dados, previstos e verificados por meio de procedimentos e ferramentas específicas elaboradas para este fim. É um processo interativo e conclusivo com os agentes, em que os questionamentos resultantes das análises do ONS podem ser resolvidos possibilitando, quando apurado e devidamente analisado, a revisão dos valores informados. Verifica-se que o agente é o responsável pela previsão de sua carga, elaborada de forma global ou por barramentos da rede de simulação. Neste sentido, para cada tipo de agente (distribuição, transmissão, geração, consumidores livres, autoprodutores e produtores independentes), a carga prevista é definida segundo sua composição estrutural, levando-se em conta a carga global e por barramento. 88 Capítulo 4 - Análise das Macrofunções Finalísticas-Aplicação na Localização das PMU Para a elaboração da previsão de carga dos subsistemas e áreas geoelétricas, o ONS se baseia nas previsões de carga dos agentes, nas perdas da rede básica e nas perdas do sistema de transmissão de Itaipu. Além disto, estabelece critérios para consistir de forma mais adequada os estudos de planejamento e programação da operação eletroenergética. Observa-se que as previsões podem ser ajustadas em função das variáveis de influências econômicas ou climáticas, do atraso ou antecipação da entrada de obras ou de carga, do racionamento, da interligação de sistemas isolados e de quaisquer outras variáveis que o ONS, em conjunto com os agentes, julgar relevantes. Observa-se que o emprego de tecnologia de medição fasorial sincronizada no SIN, através da aquisição de medidas elétricas de formação base para a operacionalização de vários processos, contribuirá de forma impactante nas previsões de carga no curto, médio e longo prazo. Na construção destas previsões pode-se identificar o grande número de variáveis que podem influir na determinação dos montantes de carga previstos no planejamento de forma a serem plenamente atendidos do ponto de vista energético em cenário futuro. Estas variáveis, em muitos dos casos se relacionam também com as variáveis medidas pelos sistemas sincronizados. Um bom exemplo é a temperatura. Suas variações, para mais ou para menos, impactam nos valores de potência fornecidos às cargas ligadas do sistema, grandeza derivada de fasores de tensão e corrente provenientes de PMU instaladas. A Figura 4.11 [ONS-09] ilustra as principais interações relativas à macrofunção Consolidação da Previsão de Carga. 89 Capítulo 4 - Análise das Macrofunções Finalísticas-Aplicação na Localização das PMU Figura 4.11 – Macrofunção Consolidação da Previsão de Carga [ONS-09] O ONS estabelece metodologia para apuração dos desvios ocasionados entre as previsões realizadas pelos agentes e os valores reais identificados diariamente. Para assim proceder, realiza o acompanhamento sistemático da qualidade das previsões encaminhadas pelos agentes e o cumprimento de prazos para a entrega destas previsões. Quando da identificação de desvios significativos ou sistemáticos em relação aos valores verificados, caracterizados por meio de procedimentos de identificação de nãoconformidades, verifica-se uma necessidade de compartilhamento de métodos que levem à melhoria das previsões e à consequente minimização desses desvios por parte dos agentes. Neste sentido, como mencionado, vai haver diminuição de desvios pela implantação de SMFS, que somado a novas metodologias e reciclagens dos analistas de previsão de cargas dos agentes, possibilitarão um melhor 90 Capítulo 4 - Análise das Macrofunções Finalísticas-Aplicação na Localização das PMU desempenho neste processo. No COS-CEMIG atualmente são elaboradas previsões de curtíssimo prazo. 4.13 Macrofunção Operação do Sistema A macrofunção Operação do Sistema pode ser subdividida em funções agrupadas com base no aspecto temporal: pré-operação, operação em tempo real e pós-operação. A função normatização, também pertencente a essa macrofunção, é realizada sem vínculo temporal definido. Esta função também é conhecida no COS-CEMIG como Procedimentos Operativos e embora seja atemporal neste fluxo, neste Centro considera-se como uma função de préoperação. No fluxo de processos do COS-CEMIG observa-se que existe uma interligação direta entre a Pré-Operação e a Pós-Operação além do fluxo apresentado nesta macrofunção. Observa-se pelo fluxo apresentado que insumos são fornecidos por outras macrofunções de forma a se ter subsídios que se convertem em entradas do processo Operação do Sistema. As ações empreendidas no desenvolvimento da macrofunção Operação do Sistema, apresentadas na Figura 4.12 [ONS-09], baseiam-se em responsabilidades, diretrizes, premissas e critérios estabelecidos no Módulo 10 dos Procedimentos de Rede. 91 Capítulo 4 - Análise das Macrofunções Finalísticas-Aplicação na Localização das PMU Figura 4.12 – Macrofunção Operação do Sistema [ONS-09] Percebe-se que com a mudança com que são realizadas as medidas das grandezas no SIN, a evolução de ferramentas e aplicativos possibilita a modificação da forma do fazer, traduzindo aos poucos, em novas demandas antes não percebidas e de difícil visibilidade e apuração até o momento. Verifica-se também que os produtos realizados pela Macrofunção Operação do Sistema traduzem-se em insumos valiosos para a Programação da Operação, Avaliação da Operação e Análises de Ocorrências e Perturbações. Da mesma forma, visualiza-se que se existem impactos pelos SMFS nos fluxos temporais iniciais, os demais fluxos também serão atingidos de forma a que terão seus processos fundamentados em novas bases de dados e rotinas e que a cada dia se constituirão em possibilidades de novos produtos, pois novos ingredientes estão sendo fornecidos. Adequando-se os produtos da Macrofunção Operação do Sistema derivados dos processos operacionais coordenados pelo ONS para o caso particular do agente CEMIG (COS), podem-se avaliar os aspectos característicos de disponibilização de informações dos 92 Capítulo 4 - Análise das Macrofunções Finalísticas-Aplicação na Localização das PMU agentes em geral para o Operador, de maneira a que ele possa realizar suas prerrogativas e feche seus ciclos internos. Nesse sentido pode-se avaliar a influência da utilização da tecnologia SMFS com maior propriedade. Esperam-se modificações graduais no Programa Diário da Operação (PDO) elaborado pela pré-operação do ONS envolvendo agentes de geração, transmissão e distribuição através da entrada de dados de tensão e corrente fasoriais sincronizados. Este documento proporciona a consolidação da programação diária eletroenergética a partir das alterações nas intervenções, inclusive nas intervenções sem desligamento e nas intervenções solicitadas no dia anterior à sua realização, a previsão de carga, a programação do Controle Automático de Geração-CAG e as restrições operativas das instalações de geração e transmissão. A melhoria da observabilidade do sistema possibilitará modificações nos estudos elétricos, instrumentos de suporte para as avaliações de intervenções sistêmicas com impacto direto na Parcela Variável (PV) dos agentes de transmissão. Em relação às programações de intervenções, tanto programadas, quanto em tempo real (urgência e emergência), a visibilidade do sistema será maior, possibilitando confrontar estudos prévios preliminares com as informações precisas das condições atuais do sistema. As condições de segurança operativa serão maiores nesse caso a partir da melhoria da observabilidade e das tendências operacionais do momento. No COS-CEMIG, a normatização (procedimentos operativos) que se utiliza das diretrizes e recomendações advindas da macrofunção Planejamento da Operação Eletroenergética como subsídio para a elaboração de Instruções Operativas (IO) e Mensagens Operativas (MOP), também será afetada pela utilização da tecnologia de SMFS. Os documentos advindos da normatização do ONS em conjunto com os documentos internos do agente CEMIG configuram base para a operação do sistema envolvendo todo o suporte de informações para o 93 Capítulo 4 - Análise das Macrofunções Finalísticas-Aplicação na Localização das PMU funcionamento dos centros de operação do ONS/agentes e COS-CEMIG, bem como as instruções de operação necessárias não só à execução da operação em tempo real, em condições normais e condições de contingência, mas também à recomposição do SIN e à operação de reservatórios. Neste sentido, a conversão expressa do sistema em dados fasoriais proporcionará instruções mais confiáveis cujos estudos de fomento à sua utilização também estarão alinhados à realidade mais transparente do sistema em estudo. Restrições sistêmicas, controles de inequações, limites operativos de linhas de transmissão e transformadores, limites de controle de faixas de tensão de barramentos, além de melhor controle de faixas de operação para unidades geradoras, impactarão os produtos elaborados por estas áreas nos centros de operação. As áreas normativas terão ajustes mais eficientes nas précondições de desligamentos do sistema, com melhoria da visualização do perfil da carga e da tensão na região a ser isolada. No âmbito do COS-CEMIG, no novo foco de operador de instalações, a função operação em tempo real tem por objetivo maior a disponibilização dos ativos de transmissão ao SIN, efetuando os controles necessários à sua área de atuação sistêmica sobre as diretrizes hierárquicas do COSRSE–Centro de Operação Regional Sudeste do ONS. Ocorrerão mudanças nas ações de recomposição sistêmica delegada e sob coordenação do COSR-SE, envolvendo o fechamento de linhas em anel e paralelo, no isolamento de equipamentos, nas manobras de transferências de carga, nos inter-relacionamentos com os outros agentes em regiões de fronteira e entre sistemas. Se verificarão paulatinamente, após as implementações de ferramentas de apoio às decisões de tempo real referentes aos SMFS, ganhos de confiabilidade, ininterruptibilidade, flexibilidade sistêmica e segurança operacional com aumento de margens de operação de transmissão e geração. Além disto, os ganhos no conhecimento mais exato do sistema nos momentos de desligamentos programados e ocorrências proporcionarão agilidade de restabelecimento com o atendimento de condições de pré-energização, impactando menores 94 Capítulo 4 - Análise das Macrofunções Finalísticas-Aplicação na Localização das PMU tempos de indisponibilidade de ativos e maior seletividade sistêmica. A melhoria da qualidade do fornecimento de energia às cargas será mais efetiva com atendimento de melhor controle aos requisitos de entrega desse produto aos consumidores a partir da melhor caracterização das faixas de atendimento e controle mais refinado de seus limites. A melhoria esperada no estimador de estados através da tecnologia implementada de SMFS proporcionará impactos diversos na gestão de ativos e nos processos operativos dos centros de operação. As atividades de coordenação, supervisão e controle do sistema eletroenergético que fazem parte da rede de operação são de responsabilidade do ONS. O comando e a execução da operação das instalações são de responsabilidade do agente proprietário dessas instalações. Desta forma, o agente CEMIG estuda adequações em seus sistemas de supervisão e controle de forma a viabilizar teleassistências às suas estações. Assim sendo, a implementação de SMFS na área de sua atuação permitirá um aumento de confiabilidade em suas atividades de comando e execução da operação. Um acréscimo de eficiência operacional é esperado a partir dos ganhos efetivos nos processos remotos de controle e supervisão de estações. Desta forma, a melhor observabilidade da rede de atuação do agente CEMIG através da implementação de SMFS proporcionará ganhos de ordem operacional, refletindo em ganhos financeiros passíveis de estimativas de mensuração. Nos centros de operação dos agentes, normalmente o setor de pósoperação é responsável pela realimentação dos processos internos conforme fluxo da macrofunção Operação do Sistema. Atua-se de forma a se verificar a operação diária, proporcionando melhorias nos processos operativos através de análises de ocorrências, de perturbações, verificações de atuação de equipes de tempo real, melhorias de instruções operativas e verificações de programações de intervenções com foco em maior disponibilidade de ativos ao sistema. Em todas estas situações, a modificação da qualidade das informações de medições do sistema, aliada às melhorias implementadas através de ferramentas que 95 Capítulo 4 - Análise das Macrofunções Finalísticas-Aplicação na Localização das PMU possibilitam a utilização dos fasores de corrente e tensão sincronizados conduzem a expectativas de ganhos substanciais nestes processos. Avaliando os produtos esperados através da execução dos processos da Macrofunção Operação do Sistema, visualiza-se, como agente CEMIG, que as rotinas em ambiente de pós-operação vinculadas ao ONS também serão amplamente influenciadas. Neste sentido destaca-se o processo Sistema de Apuração das Mudanças de Estados Operativos de Unidades Geradoras e Intercâmbios Internacionais (SAMUG) através das melhores condições de utilização de recursos de potência ativa e reativa no sistema, o Sistema de Apuração da Geração, Intercâmbio e Carga (SAGIC) pela melhor disponibilização do sistema de transmissão e controle de oscilações da geração/carga, o Sistema de Apuração e Sobrecargas em Transformadores da Rede Básica (SASOB) pelo melhor referencial e controle determinado pelos dados sincronizados dos SMFS e o Sistema de Apuração da Transmissão (SATRA) através dos ganhos implantados nos processos que determinam as disponibilidades de ativos de transmissão no sistema. As estimativas de comportamento da carga também poderão sofrer modificações a partir da implantação de SMFS. Haverá uma melhor perspectiva de estimação de cargas através do melhor aproveitamento da capacidade de transmissão de energia nas Linhas de Transmissão (LT), possibilitando diminuição das situações de cortes de carga no sistema. Com as informações sincronizadas de corrente e tensão em barras críticas, pelo menos, a previsibilidade temporal das oscilações de cargas poderão ser além de mais precisas, ser de intervalos mais próximos e até quem sabe, se aproximando ao tempo real. Pode-se salientar também que haverão impactos provenientes das informações para a contabilização referente aos CPST provenientes da mudança na cadeia de apuração da Parcela Variável, com impacto direto na Receita Anual Permitida (RAP), diante da implementação dos SMFS pelas modificações na disponibilidade de ativos. Outra constatação a ser 96 Capítulo 4 - Análise das Macrofunções Finalísticas-Aplicação na Localização das PMU evidenciada, como produto desta Macrofunção, refere-se às modificações nas informações para a contabilização referente aos CUST e MUST. 4.14 Macrofunção Avaliação da Operação Esta macrofunção tem a função de identificar as causas de eventos indesejáveis e de desempenhos insatisfatórios. Além disto, define ações que proporcionem ao restabelecimento do desempenho satisfatório do SIN. Resumidamente, pode-se dizer que esta macrofunção realiza um monitoramento com realimentação no processo da operação. Desta forma, observa-se que os dados e informações da operação coletados no âmbito da função pós-operação são comparados com os valores programados, para identificação dos desvios em relação às metas estabelecidas e de suas causas. Mais uma vez se lida com a questão dos desvios, situação propícia para mudanças e ganhos quando da implementação de SMFS no SIN. Diariamente o ONS realiza o acompanhamento da execução dos processos operativos na rede de operação. Assim, avalia as ações de coordenação, supervisão e controle realizadas pelas equipes de tempo real dos centros de operação do ONS. Além disto, avalia também as ações de comando e execução das equipes de operação das instalações sob coordenação dos seus centros de operação. Com o emprego da tecnologia fasorial no SIN, as funções avaliadas diariamente pelo ONS, referentes a ações de tempo real de seus centros próprios ou dos centros dos agentes serão impactadas em melhores desempenhos, pois as ferramentas utilizadas nos SMFS para a operação em tempo real possibilitam um ganho na operalização sistêmica. Numa avaliação realizada de forma contínua, verifica-se que são elaborados relatórios que apresentam avaliações sobre o SIN e 97 Capítulo 4 - Análise das Macrofunções Finalísticas-Aplicação na Localização das PMU recomendações de medidas corretivas e preventivas a serem adotadas pelo ONS e pelos agentes a partir dos resultados da operação. O produto gerado, a partir destes documentos, transforma-se em insumo para outras funções executadas pelo ONS. O controle de recomendações é um bom exemplo disto. As medidas provenientes destes documentos são de uma gama de assuntos enorme e possibilitam realimentar o sistema de forma a se evitar a repetição de fatos indesejáveis através de medidas mitigadoras. Neste enfoque, as ferramentas de utilização de SMFS são bem vindas, pois agregam confiabilidade às ações que se fizerem propostas. A Figura 4.13 [ONS-09] ilustra as principais interações relativas à macrofunção Avaliação da Operação do Sistema. Figura 4.13 – Macrofunção Avaliação da Operação [ONS-09] Nesta variedade de assuntos a serem tratados, bem como nas devidas disposições necessárias para se atuar nas causas dos problemas identificados, verificam-se que os aspectos elétricos, energéticos e hidroenergéticos são considerados na emissão de relatórios de acompanhamento diário da 98 Capítulo 4 - Análise das Macrofunções Finalísticas-Aplicação na Localização das PMU operação, como também os dados estatísticos de produção e carga própria relativos à operação do SIN. Nesta macrofunção pode-se observar que todo o conjunto da plataforma operativa do SIN faz parte do contexto investigativo da possibilidade de melhorias. Ao se falar de melhorias se caracterizam condições de favorecimento operativo pelas incursões de tecnologia fasorial nos processos, com benefícios particulares a cada um deles, bem como no efeito cascata de ganho sobre ganho. Avaliam-se os sistemas de proteção com base na consolidação das estatísticas de operação dos relés e sistemas de proteção do SIN. Em consequência dessa avaliação realiza-se o cálculo de indicadores para a identificação de ações de melhoria do desempenho desses sistemas. Com as modificações esperadas na parametrização de relés através de introdução de tecnologia fasorial, bem como da implantação de ferramentas de localização de faltas em linhas de transmissão, visualizam-se melhorias de desempenho operativo dos sistemas de proteção. Além disto, a introdução de relés com características de medição fasorial no sistema vai interpor referências aos procedimentos de proteção vigentes de forma a viabilizar novas construções e estratégias de esquemas de proteção. As questões que envolvem o religamento automático de linhas de transmissão, preocupações dos agentes no que concerne à Parcela Variável, também se beneficiam da nova observabilidade sistêmica a partir da implantação de SMFS. Também se avalia o desempenho dos serviços de telecomunicações, através dos índices de disponibilidade estabelecidos nos Procedimentos de Rede em seu Módulo 13. 99 Capítulo 4 - Análise das Macrofunções Finalísticas-Aplicação na Localização das PMU Na estrutura dos serviços de telecomunicações, novas perspectivas são introduzidas a partir da implementação de SMFS. As novas demandas estruturais para a aquisição, fluxo de dados e tratamento de informações, demandam avaliações específicas e adequações pormenorizadas em cada sistema. Da mesma forma, a avaliação da disponibilidade e da qualidade dos recursos de supervisão e controle deve ser feita conforme metodologia estabelecida no Submódulo 2.7, com reflexos operacionais e estruturais diante da implantação de tecnologia de fasores no cenário do SIN. Verifica-se que é realizado acompanhamento do desempenho da manutenção dos equipamentos e linhas de transmissão integrantes da rede básica e das usinas programadas e despachadas centralizadamente pelo ONS. Este processo realiza-se a partir da análise de indicadores de desempenho definidos no Módulo 25. Quando esses indicadores de desempenho situam-se nas faixas de alerta ou insatisfatória definidas pela ANEEL, formaliza-se solicitação ao agente para que elabore um plano de ação para a recuperação desses indicadores dentro das faixas de favorabilidade reconhecidas. Critérios de manutenção são foco de estudos para a minimização de impactos de Parcela Variável, bem como de Mecanismo de Redução de Energia Assegurada (MRA) para as unidades geradoras nos agentes. Desta forma, as soluções de ferramentas de natureza fasorial possibilitam uma formalização dos estudos necessários para a realização das intervenções de manutenção no sistema, adequando-se melhor as condições de possíveis sobrecargas e fluxos de ativos na rede envolvida. Ressalta-se que o ONS realiza a gestão dos padrões de desempenho da rede básica através da coordenação das atividades relativas à monitoração dos indicadores de desempenho calculados e à identificação de causas e responsabilidades no caso de violação de algum padrão de desempenho. 100 Capítulo 4 - Análise das Macrofunções Finalísticas-Aplicação na Localização das PMU Desta forma, verifica-se que os padrões utilizados possuem natureza de formalização do desempenho operacional do sistema ao mesmo tempo em que propõem gradativamente mudanças no sistema pelas diversas modificações aferidas nas bases de dados que os sustentam. Desta maneira, com a introdução da nova tecnologia de fasores, visualiza-se que transformações serão propostas com a modificação temporal de dados históricos. Na aplicabilidade de SMFS, visualiza-se o caso de violações dos padrões globais de desempenho da rede básica. Neste sentido, são efetuados estudos, análises e medições de grandezas elétricas, necessários à identificação das causas dessas violações. Situação de ampla aplicação dos recursos disponíveis de fasores sincronizados, pois as grandezas medidas fornecem condições de identificação de violações muito além das formas convencionais aplicadas atualmente. 4.15 Macrofunção Análise de Ocorrências e Perturbações Nos centros de operação dos agentes, a análise de ocorrências e perturbações representa apenas parte das atribuições dos setores de pósoperação. No COS-CEMIG não é diferente. Diariamente são analisadas as ocorrências e perturbações no Sistema CEMIG, englobando a rede básica, apurando-se suas causas e consequências e formalizando ações para a não repetição dos fatos. Paralelamente aos processos apurativos internos, existem as análises conjuntas com o ONS. Relatórios de Análise de Ocorrências (RO) e Relatórios de Análise de Perturbações (RAP) referentes ao Módulo 11 dos Procedimentos de Rede são exemplos de documentos consistidos em conjunto entre o ONS e os agentes e que são produtos desta Macrofunção. A Figura 4.14 [ONS-09] retrata a Macrofunção Análise de Ocorrências e Perturbações. 101 Capítulo 4 - Análise das Macrofunções Finalísticas-Aplicação na Localização das PMU Figura 4.14 – Macrofunção Análise de Ocorrências e Perturbações [ONS-09] Compatibilizando-se os produtos esperados pelo fluxo proveniente desta Macrofunção no âmbito do ONS com os produtos esperados da execução destas atividades no âmbito do COS-CEMIG podem-se verificar as possibilidades de impacto provenientes da aplicação da tecnologia SMFS no SIN de forma geral e em particular no Sistema CEMIG e suas fronteiras. Certamente que tanto para os relatórios internos dos agentes quanto para os documentos elaborados e pactuados em conjunto com o ONS (RO e RAP) a aplicação de SMFS proporcionará marcações de tempo muito precisas (melhor que 1ms) com relação às perturbações e eventos. A disponibilização das informações coletadas da dinâmica do sistema de longa duração proporcionará uma análise pós-evento muito mais eficiente com otimização do tempo de análise e alinhamento de sequência de eventos precisa e cronológica. Desta forma, ONS e agentes identificarão rapidamente e determinarão as causas básicas dos problemas ocorridos, com tomada de ações corretivas mais seguras e efetivas, além do menor tempo despendido. As análises de ocorrências e perturbações serão mais confiáveis e, a partir de anormalidades observadas, as recomendações tanto no âmbito do ONS, Sistema de Gerenciamento de Recomendações (SGR), quanto para os relatórios internos do COS-CEMIG, serão mais eficazes, pois as ações serão mais adequadas diante de informações mais precisas e fundamentadas. Além disto, todos os demais processos pós-operativos que demandam de análises de ocorrências e perturbações terão melhorias através do 102 Capítulo 4 - Análise das Macrofunções Finalísticas-Aplicação na Localização das PMU aumento de confiabilidade das informações trazidas pela implementação de SMFS. Fato relevante é observar que a Macrofunção Operação do Sistema se constitui em primordial importância no contexto da Macrofunção Análise de Ocorrências e Análise de Perturbações, insumo de entrada no processo e que traz consigo todos os ganhos evidenciados anteriormente. Nos processos operativos do COS-CEMIG, os produtos de registros de perturbações de curta duração e de perturbações de longa duração são realizados por outra área da Empresa. Neste sentido, a aquisição das formas de onda das tensões e correntes para fins de análise de distúrbios rápidos (principalmente de curtos-circuitos) e os registros das grandezas fasoriais (valores eficazes das tensões e correntes de sequência positiva e dos ângulos de fase relativos) para fins de análise de distúrbios lentos, principalmente os decorrentes de transitórios eletromecânicos implementados por meio de PMU sincronizadas são foco de outra macrofunção vinculadas à proteção do sistema. 4.16 Conclusões Para a elaboração deste capítulo, várias condições de contorno foram utilizadas, haja vista a pluralidade dos encadeamentos possíveis e passíveis de impactos na gestão de ativos e processos operativos com a aplicação de SMFS no SIN. A metodologia aplicada para a evidenciação destes impactos pode ser utilizada para outras avaliações que se busquem realizar. Na medida em que se fornece um caminho balizado pelos Procedimentos de Rede e Macrofunções Finalísticas existentes, verifica-se a formalização dos fluxos envolvidos nos processos operativos. Para que os impactos evidenciados possam ser mais bem percebidos nos processos avaliados, torna-se fundamental que a instalação de PMU no SIN possa se traduzir em uma observabilidade que represente um grande sistema 103 Capítulo 4 - Análise das Macrofunções Finalísticas-Aplicação na Localização das PMU sincronizado. Neste sentido, os pontos de localização e a quantidade instalada destes equipamentos na malha sistêmica são base para manter a melhor representatividade da dinâmica do sistema. O ONS já realizou estudos de localização dos SMFS em todo o território nacional de forma a lhe proporcionar melhor visibilidade operativa e compreensão momentânea da situação real do SIN. No entanto, os agentes de geração e transmissão possuem necessidades peculiares diante das novas e impactantes situações impostas pelo novo modelo do sistema elétrico nacional. A instalação de SMFS no atual SIN deve atender aos anseios da operacionalização sistêmica em conjunto com as necessidades dos agentes em disponibilização de seus ativos de geração e transmissão. A tecnologia SMFS é uma base fundamental, sobre a qual podem ser desenvolvidas muitas aplicações e ferramentas off-line e de tempo real. O impacto das ferramentas utilizadas vai possibilitar, em efeito cascata, que processos interdependentes, porém aparentemente desvinculados, possam ser reavaliados, com desenvolvimento de outros produtos. No entanto, se para a determinação objetiva dos benefícios da implantação desta tecnologia ainda não se pode estimar categoricamente, o que se dizer da dificuldade de se medir impactos indiretos e subjetivos. Compartilhamento de instalações, acordos operativos, sistemas de medição de fronteiras, MUST, projetos de observabilidade, utilização de sistemas integrados de manutenção, linhas de interligação entre agentes, operação terceirizada, análise de ocorrências compartilhadas, programação ótima de intervenções sistêmicas, estudos elétricos mais confiáveis, maior confiabilidade de restabelecimento de cargas em tempo real, fase fluente de restabelecimento de ilhas elétricas de maior controle e confiabilidade, fechamento de sistemas em anel e paralelo entre ativos de diferentes agentes, dentre outras situações, são possibilidades de melhoria através do uso de ferramentas que se utilizam dos SMFS e que interferem diretamente nos processos operativos dos Centros de Operação do Sistema. Aliados a tudo isto, a tendência mundial de desassistência de instalações (subestações e usinas) e os aspectos relacionados ao aumento da eficiência operacional, fazem com que a utilização de SMFS seja a forma de se 104 Capítulo 4 - Análise das Macrofunções Finalísticas-Aplicação na Localização das PMU proporcionar a melhoria da confiabilidade e visualização ampla por parte dos COS para um melhor controle da operação e da gestão de ativos. Não existe um caminho universal para se determinar com precisão os benefícios de cada aplicação PMU [KEMA-06]. Pelas atuais análises, somente pelo potencial alívio de congestão do fluxo de transmissão no sistema já seria viável a aplicação desta tecnologia, pois o aumento do limite de transmissão pode chegar a 20% ou mais[KEMA -07]. Embora não passível de fácil quantificação, o uso de limites de transmissão maiores através das melhoras trazidas pela utilização da tecnologia de SMFS aumentaria o índice de utilização das instalações existentes de transmissão, o que por sua vez retardaria a necessidade de se construir novas linhas para acomodar o crescimento da carga e da necessidade de transmissão, impactando os demais processos operativos e sua gestão [KEMA-06]. Em resumo, a tecnologia SMFS fornecerá diversas melhorias à operação de sistema do ONS e agentes, tais como uma melhor determinação do limite de transmissão (através da melhora na precisão das medições e da modelagem do sistema), avaliação de segurança em tempo real on-line com o uso do Estimador de Estado com desempenho melhorado, tomada de decisão em tempo real com novas informações que atualmente não estão disponíveis, e análise pós-evento com registro de eventos sincronizados [KEMA-06]. Desta forma, as análises apresentadas visam contribuir para um melhor entendimento aos envolvidos nos processos de gestão de ativos e de processos operativos, da aplicabilidade de SMFS nos centros de operação do SIN. A análise empreendida torna-se suporte para apurações que se evidenciam no capítulo 5. Através das Macrofunções Finalísticas apropria-se de conhecimento dos fluxos interativos de cada processo, permitindo-se observar os maiores impactos para os agentes do sistema elétrico da utilização de SMFS. Neste sentido, para a localização das PMU, torna-se importante os encadeamentos que possibilitem a complementar os critérios já existentes com aqueles oriundos da expectativa destes agentes. 105 Capítulo 5 - Recomendações para Localização de PMU 5 RECOMENDAÇÕES PARA LOCALIZAÇÃO DE PMU 5.1 Introdução As análises no âmbito das Macrofunções Finalísticas realizadas no capítulo 4 conduzem à percepção ampla das interações entre os processos mais importantes descritos nos Procedimentos de Rede. Além disso, como metodologia para se realizar uma abordagem de impacto da tecnologia de SMFS no SIN, configura-se como necessário, se estabelecer essas análises como referencial para verificação do alcance da modificação destes processos na medida em que o SMFS se tornar mais robusto e de melhor observabilidade, conceito importante a ser explicado neste capítulo. Várias foram as modificações para a nova caracterização de responsabilidades, funções, requisitos e ações pertinentes a cada membro do SIN diante das regras do modelo atualmente estabelecido no Brasil. Neste sentido, a nova condição do agente, quer seja de transmissão ou de geração, de ser um disponibilizador de seus ativos para compor a integridade sistêmica, altera o foco de suas atribuições, estabelecendo-se a instituição de operador de instalações ao invés de operador sistêmico. Logicamente não se pode dizer que houve uma modificação total de responsabilidades neste sentido, pois as questões sistêmicas estão vinculadas ao cerne das responsabilidades mútuas de operação. No entanto, o deslocamento destas atribuições em questão das configurações hierárquicas, bem como dos próprios interesses financeiros vinculados à disponibilidade dos ativos dos agentes no SIN já se bastam para configurar um novo contexto que se aproprie do atual cenário eletro-energético brasileiro. 106 Capítulo 5 - Recomendações para Localização de PMU Diante destas modificações realçadas para os agentes do SIN e no âmbito metodológico das macrofunções apresentadas, uma convergência entre esses dois contextos é apresentada de forma a se analisar as condições em que os projetos do ONS relativos a SMFS abrangem as necessidades dos agentes em seu novo foco prioritário de atuação, a operação de instalações. 5.2 Conceitos de Análise de Observabilidade em SEE No contexto desta dissertação é importante ressaltar alguns conceitos referentes à observabilidade no sentido de se prepararem as condições necessárias para as avaliações em relação aos estudos empreendidos pelo ONS. A exploração dos conceitos favorecem o entendimento das alternativas previstas e das escolhas efetuadas para a implementação de SMFS no SIN. Os enlaces necessários para o entendimento entre a incidência de questões de observabilidade e dos aspectos relativos a estimadores de estados também são evidenciados de forma a possibilitar um contexto de análise desejável. Neste sentido, verifica-se que a estimação de estado é o processo de se determinar o valor para uma variável de estado de um sistema, baseado em medições nesse sistema e de acordo com algum critério definido. Na prática, o processo envolve medições imperfeitas e redundantes, baseado em critérios estatísticos que avaliam o valor mais provável das variáveis de estado, minimizando ou maximizando o critério selecionado [Wood-84]. Com relação à observabilidade, diz-se que para um sistema elétrico de potência ser considerado um sistema observável, ele deve atender à seguinte definição: "Um sistema de potência é observável, com respeito a um conjunto de medidas M, se as variáveis de estado do sistema (módulo e ângulo das tensões em todas as barras) puderem ser determinadas por um estimador de estados, por meio do processamento das medidas pertencentes a M. Caso não seja possível estimar os estados, o sistema é considerado não-observável" [Lourenço-01]. 107 Capítulo 5 - Recomendações para Localização de PMU Desta forma, a definição de observabilidade de um sistema consiste em determinar se as medidas das grandezas que compõem um dado plano de medição são suficientes para permitir a estimação dos estados desse sistema. Nesse entendimento, fica evidente a importância da análise de observabilidade, antes da execução da estimação de estados. Para uma análise de estimação de estados verifica-se que quando o número de parâmetros que estão sendo estimados for menor que o número de grandezas medidas, a solução do problema é viável. Os conceitos evidenciados até o momento são de suma importância para a caracterização de objetivos para a instalação de PMU no SIN. Neste sentido, uma abrangência conceitual proporciona melhor embasamento para um entendimento de filosofias, necessidades e perspectivas futuras que são indispensáveis à análise de projetos em andamento com a coordenação do ONS. Além disso, a base conceitual possibilita aos agentes um ponto de partida para a verificação do atendimento às suas necessidades quanto aos locais de instalação de PMU no território nacional. 5.3 Critérios Técnicos para Localização de PMU em SEE Uma condição ideal para se resolver o problema de posicionamento de PMU em um dado sistema, seria sua instalação em todas as suas barras. No entanto, as restrições de custo associadas à aquisição de PMU e de equipamentos necessários para comunicação de dados entre elas e o PDC, tornam esta solução inviável atualmente, sendo necessário limitar o número de unidades a serem posicionadas. Embora o crescente número de aplicações que se utilizam de SMFS tenda a proporcionar que os custos relacionados a estes sistemas possam diminuir, atualmente é necessário realizar uma seleção adequada de barras para o posicionamento de PMU de acordo com algum critério de alocação pré-especificado. Este critério deve maximizar a 108 Capítulo 5 - Recomendações para Localização de PMU quantidade de informações adquirida com o conjunto de medidas obtidas [Marini-05]. Em trabalhos apresentados na literatura com respeito a este problema, foram estudadas diferentes maneiras, com diferentes objetivos, de se posicionar PMU em um sistema elétrico de potência. Os objetivos para se posicionarem PMU podem ser diversos e desta forma, a disponibilização desses equipamentos em um mesmo sistema também pode ser diversa, de acordo com o que se pretende observar. Abaixo citam-se alguns exemplos desses objetivos para conhecimento: Estabilidade Transitória: – A maximização do conteúdo de informação contido em um conjunto de sinais [Grondin-02]. – A minimização da redundância na informação contida nos sinais [Grondin-02]. Estabilidade para Pequenas Perturbações: – A maximização da sensibilidade dos medidores aos modos eletromecânicos interárea de baixo amortecimento [Palmer-96]. – A minimização da sensibilidade dos sensores aos modos eletromecânicos locais bem amortecidos [Palmer-96]. – Alocação visando localizações que tenham informações sobre o conteúdo modal de modos pré-especificados (ou faixas de frequência pré-especificadas) [Marini05b]. Estabilidade de Tensão: – Alocação de PMU para análise da estabilidade de tensão [Baldwin -90]. – Redução do vetor de estados para avaliação da estabilidade de tensão [Phadke-90]. 109 Capítulo 5 - Recomendações para Localização de PMU Estimação de Estados: – Alocação mínima visando a observabilidade completa do sistema [Baldwin -93]. Para cada um destes objetivos, existem critérios a serem implementados. Cabe ressaltar que os principais objetivos do posicionamento de PMU estão associados com as diferentes maneiras de se avaliar o desempenho dinâmico de um sistema elétrico de potência. Para a avaliação desse desempenho é necessário principalmente se estruturarem maneiras adequadas tanto de formar quanto de medir o conteúdo das matrizes que contêm informações que levam em consideração a estabilidade transitória e a estabilidade para pequenas perturbações. Como aprendizado, uma formulação genérica do problema de alocação de PMU pode considerar um sistema com N barras, onde são efetuadas medidas de uma variável conveniente, como ângulo, velocidade do rotor ou frequência. A partir de um conjunto de barras existentes dado por BN, pode-se definir um subconjunto derivado chamado conjunto de barras candidatas representado por BC. O problema do posicionamento de PMU consiste em selecionar adequadamente o número de barras nu dentre as nc candidatas existentes, formando assim, um conjunto reduzido de barras que possui o resultado de um posicionamento ótimo de PMU denominado por BU. A seleção do conjunto ótimo deve satisfazer a um conjunto de critérios que se pode denominar como critérios de alocação. 5.4 Critérios para Localização de PMU Utilizados pelo ONS 5.4.1 Introdução Os conceitos até aqui apresentados são úteis para o entendimento dos projetos em andamento do ONS, de forma a possibilitar a apresentação de novos conceitos, bem como da metodologia utilizada para o planejamento, cálculo e definições de posicionamento de PMU no SIN. Diante de vários 110 Capítulo 5 - Recomendações para Localização de PMU documentos avaliados referentes ao SMFS a ser implementado no SIN, restringe-se, no momento, aos estudos de localização de PMU e seus critérios utilizados. Desta maneira, verifica-se a implementação de uma metodologia para se determinarem as posições quase ótimas para localização das PMU, de forma que todos os estados do sistema possam ser observados e calculados. Conforme mencionado no capítulo 3, o ONS contratou consultoria de forma a viabilizar a implantação de projetos vinculados a SMFS no SIN. Para a identificação das barras para a instalação das primeiras PMU nesse sistema são utilizados como ponto de partida o caso de instalação básica programada do Projeto 6.2, mencionado anteriormente, e as informações sobre os geradores com Black-start do sistema. Nos esforços empreendidos pelo ONS, o conceito de observabilidade plena contrasta-se diretamente com a necessidade de se habilitar o sistema com um número mínimo de PMU. Observa-se também, de outra forma, que qualquer perda de PMU afeta a habilidade de se obter essa observabilidade. Outros conceitos importantes a serem apresentados e que são utilizados nas tratativas da metodologia empregada é o de profundidade de nãoobservabilidade e o de nível de não-observabilidade. O primeiro diz respeito à distância máxima de uma barra observável e o segundo, ao número máximo de barras não-observáveis conectadas. Através destes conceitos se fornecem critérios para se avaliar o número de PMU necessário, a partir do qual se elaboram estratégias de instalação progressiva e planejada. Verifica-se também que os estudos efetuados descrevem uma metodologia para se determinar as posições quase ótimas das PMU para aprimorar a configuração de observabilidade plena, adicionando PMU para limitar o nível de não-observabilidade a 3, quando até três PMU são perdidas simultaneamente. 111 Capítulo 5 - Recomendações para Localização de PMU Foram realizadas modificações para se simplificar o modelo de 2234 barras para 1495 barras, eliminando, com base em regras definidas, barras virtuais, que não podem ter PMU instaladas [KEMA-07]. Verifica-se que os resultados identificaram que para as 61 PMU preliminarmente existentes, a profundidade da não-observabilidade é 14. Observou-se também que para se atingir a observabilidade plena, o número total de PMU necessárias é de 425. Em relação ao nível de não-observabilidade 3, quando até 3 PMU são perdidas simultaneamente, observa-se que é necessária a adição de 299 PMU à configuração de completa observabilidade (um total de 724 (425+299) PMU) para fazer com que o nível de não-observabilidade não seja inferior ao nível 3. Para a elaboração desse estudo de localização de PMU no SIN, supõe-se que em adição aos fasores de tensão, todas as medições de corrente de linha estão sendo monitoradas a cada localização seletiva. Desta forma, uma localização da PMU efetuada deve ser interpretada como uma localização de um Concentrador de Dados Fasoriais da Subestação (SPDC). 5.4.2 Aspectos relevantes na modelagem sistêmica para o estudo de localização de PMU pelo ONS No momento, o encaminhamento dos assuntos até aqui relatados configuram expectativa para posterior abrangência de perspectivas de localização de PMU no SIN que possibilitem aos agentes uma melhoria de sua condição operativa nesse sistema. Importante menção se torna a de que os fatores que incidem nesta melhoria operativa se relacionam diretamente com as questões econômicas e financeiras, de grande impacto sobre suas receitas formais. A contextualização das ações específicas empreendidas pelo ONS de forma a analisar as questões que envolvem as determinações de localização de PMU no SIN torna-se o principal foco no momento. Apresentam-se de forma 112 Capítulo 5 - Recomendações para Localização de PMU resumida estas experiências e delimitações utilizadas na proposição de condições de contorno que viabilizem mapear as propostas de observabilidade necessárias para o atendimento a essas premissas. De acordo com a Fase 4 do Projeto ESTAL, esses cálculos e procedimentos desenvolvidos visam simular a localização das PMU, estabelecendo-se as estimativas de determinação de seu número mínimo e sua distribuição no sistema. Esses estudos visam garantir a observabilidade requerida e a redundância (necessária para manter esta observabilidade requerida até três perdas de unidades de PMU) e as localizações sugeridas dos concentradores de dados dos agentes. O Relatório 6 [KEMA-07] referente à referida Fase 4 do projeto tem por objetivos: a) Determinar o número quase mínimo de posições de PMU no Sistema Interligado Nacional (SIN) de forma a alcançar a completa observabilidade do mesmo. A determinação dos locais para se instalar as PMU precisa considerar as posições das PMU já selecionadas para o Projeto 6.2 e os geradores com Black-start (indicam as barras onde PMU são localizadas com intenção de observação e análise de Black-start ). b) Determinar o número quase mínimo de posições de PMU no Sistema Interligado Nacional (SIN) de forma a alcançar a completa observabilidade do mesmo e estudar os requisitos adicionais necessários para se fornecer a redundância requerida pelo sistema WAM para manter resultados adequados do Estimador de Estado mesmo quando da perda de até três PMU. Os resultados apurados neste relatório fornecem uma base para a estimativa dos requisitos gerais e do tamanho previsto do sistema para se determinar o dimensionamento final do SMFS do ONS, de acordo com o número suficiente de PMU que vier a ser instalado. O resultado também possibilita a elaboração de uma estratégia de determinação das localizações e de instalação de PMU em etapas estabelecidas. 113 Capítulo 5 - Recomendações para Localização de PMU Para a realização dos cálculos necessários para se verificar a localização de PMU no SIN, foi elaborado um caso básico pelo ONS referente a um cenário de carga pesada. Inicialmente, o caso básico original dispunha de 3820 barras e 5598 circuitos. Através de tratativas implementadas foi gerado um caso base equivalente, que representa uma rede futura de supervisão de planejamento com 2242 barras e 3657 circuitos. Foram realizadas adequações nesse modelo, como por exemplo, a substituição das 2 linhas HVDC por injeções nas barras conectadas, de forma a se atender aos requisitos do estimador de estado padrão. Nas adaptações realizadas no sentido de adequação do modelo a ser implementado nos cálculos, verifica-se que o sistema fornecido pelo ONS inclui barras virtuais que não existem fisicamente ou até mesmo que não são posições práticas para se instalar PMU. Exemplos disso são as barras de taps de linha e nós de capacitores em série. Por esse motivo, para se adequar os cenários para a proposta do estudo, as barras virtuais foram coceituadas em cinco tipos diferentes, supondo para isso, que todas as correntes de linhas físicas são monitoradas por alguma PMU no sistema. As categorias definidas são tap de linha, gerador fictício, elementos shunt, capacitores série e transformadores de três enrolamentos. No intuito de se informar essa formalização cita-se abaixo as correspondentes regras de redução de barras aplicadas a cada tipo de categoria [KEMA-07]: a) Tap de Linha Motivo: Verifica-se que linhas com tap criam uma barra no meio de uma linha onde não existe nenhum dispositivo de medição para monitorar os sinais no tap. Regra: No caso de uma barra fictícia em uma linha com tap, a barra criada pela linha com tap e as linhas que a conectam ao sistema são removidas e a injeção equivalente é adicionada às barras adjacentes conforme Figura 5.1. 114 Capítulo 5 - Recomendações para Localização de PMU Figura 5.1 - Linha com Tap [KEMA-07] b) Gerador Fictício Motivo: Verifica-se que o modelo base do planejamento que foi utilizado inclui geradores equivalentes conectados ao sistema por uma barra fictícia, ou seja, não existente. Regra: A adequação necessária implementada remove as barras virtuais conectadas aos geradores equivalentes substituindo-as por uma injeção equivalente conforme Figura 5.2. Figura 5.2 - Gerador Fictício [KEMA-07] c) Elementos Shunt Motivo: Nas adequações necessárias, por conveniência de análise, um circuito shunt é modelado com sua própria barra fictícia, que fisicamente é o mesmo que a barra conectante. Regra: Verifica-se, neste caso, que se uma barra fictícia se conecta a uma derivação, a barra fictícia e o elemento shunt são removidos e substituídos por uma injeção correspondente conforme Figura 5.3. Figura 5.3 - Elementos Shunt [KEMA-07] 115 Capítulo 5 - Recomendações para Localização de PMU d) Capacitores Série Motivo: No modelo de planejamento, os capacitores série são modelados com uma barra fictícia, que não existe fisicamente. Regra: Verifica-se que, independentemente da posição do capacitor na linha, se uma barra fictícia conecta um capacitor em série, a barra fictícia e as duas linhas da conexão são removidas e substituídas por uma linha equivalente conforme Figura 5.4. Figura 5.4 - Capacitor Série [KEMA-07] e) Transformadores de três enrolamentos Motivo: No planejamento, os transformadores de três enrolamentos são modelados como três transformadores de 2 enrolamentos com um lado em comum. Numa análise em termos de p.u., as três barras representam a mesma tensão. Desta forma, caso identificada a necessidade de seu monitoramento, essas barras podem ser monitoradas por uma única PMU. Regra: Para a adequação necessária, se uma barra fictícia é o ponto médio de um transformador de 3 enrolamentos, o transformador de 3 enrolamentos é substituído por uma única barra. Para tal, esta barra é conectada às barras que originalmente conectavam os enrolamentos de média e alta tensão conforme Figura 5.5. Figura 5.5 - Transformador de Três Enrolamentos [KEMA-07] 116 Capítulo 5 - Recomendações para Localização de PMU Após as devidas adequações propostas conforme as regras acima mencionadas eliminam-se as barras fictícias. Desta forma o modelo topológico inicial de 2234 barras reduz-se para 1457 barras com 1932 linhas, que se utilizam como base para os estudos de problemas de localização de PMU. Verifica-se que todos os estudos da Fase 4 do Projeto ESTAL, bem como o estudo de instalação por etapas da Fase 5 deste mesmo projeto utilizam-se deste modelo de sistema para identificar as posições mais adequadas para a instalação das PMU. Verifica-se também que a análise de melhoria de desempenho na Fase 5 utiliza-se de um modelo maior com 2234 barras e 3641 linhas. O Projeto 6.2 do ONS, “Implantação de um Sistema de Oscilografia de Longa Duração” definiu o design de arquitetura de sistema, e a especificação de seus componentes mais importantes, ou seja, PMU, Concentrador de Dados Fasoriais da Subestação (SPDC), e Concentrador de Dados Central do ONS (CDC), para um SMFS a ser implantado. Este sistema é projetado não somente para suportar as aplicações do Projeto 6.2, mas também as do projeto ESTAL. As PMU do Projeto 6.2 e as adicionais exigidas para operação Black-start formam um conjunto de 61 unidades, que são consideradas como a base existente para o estudo proposto de localização destes equipamentos no SIN. Verifica-se que um fator técnico peculiar às PMU se transforma em um ganho financeiro nas proposições de implementação de SMFS no SIN, principalmente diante da redução do número de unidades necessárias para tal proposta. Neste sentido, verifica-se que a característica das PMU de medir correntes de linha possibilita que todas as barras adjacentes a uma PMU sejam observáveis, a partir do momento em que os parâmetros da linha sejam conhecidos com precisão. Com a instalação de um número suficiente de PMU possibilita-se realizar um Sistema de Medição de Estado ou um Calculador do Estado. Desta maneira, o estado do sistema pode ser medido ou calculado, em vez de ser estimado. 117 Capítulo 5 - Recomendações para Localização de PMU Verifica-se em literatura técnica sobre o assunto [Baldwin-93] que quando os parâmetros de sistema são conhecidos com precisão, é necessária a instalação de PMU em apenas 1/4 a 1/3 das barras da rede para se assegurar uma completa observabilidade. Desta forma, a partir do momento em que as PMU não serão todas instaladas de uma vez, optou-se por uma abordagem para a instalação das PMU por etapas. Assim sendo, em cada fase ocorre uma melhora na observabilidade do sistema. Planeja-se desta maneira que a completa observabilidade, utilizando-se um número mínimo de PMU, seja atingida no fim do processo. 5.4.3 Localização de PMU – Metodologia para Profundidade e do Nível de Não-Observabilidade Cálculo da Verifica-se que um sistema de grande porte como o SIN necessita de um número elevado de PMU, para que atinja completa observabilidade. Para se atender ao Projeto 6.2, por exemplo, necessita-se da instalação de 61 PMU de forma a propiciar o registro da dinâmica de longa duração do sistema para análises pós-evento, para aprimoramento do modelo de sistema e também para atender a um sistema especial de evolução do desempenho do sistema de proteção. Como conceitos importantes para melhor compreensão citam-se conforme [KEMA-07]: Não-observabilidade: É a condição da rede na qual em um ponto de localização de uma PMU, um subconjunto das tensões de barra do sistema não possa ser diretamente calculado a partir das medições conhecidas. Profundidade da não-observabilidade: É o valor máximo de mínima distância (barras que estão conectadas diretamente fornecem uma mínima distância) de qualquer barra observável. 118 Capítulo 5 - Recomendações para Localização de PMU Nível da não-observabilidade: É o número máximo de barras não observáveis conectadas utilizando-se apenas medições de PMU. A partir de uma pequena análise observa-se que as citadas 61 PMU fazem com que 261 barras das 1457 barras tornam-se observáveis. Verifica-se também que dentre as barras não-observáveis, o maior número da distância mínima de quaisquer barras observáveis é 14, o que é definido como a profundidade de não-observabilidade. Outra constatação importante referencia que quanto maior a profundidade, mais distante uma barra está de uma PMU e desta forma menores os benefícios obtidos a partir de suas medições. No momento, torna-se interessante exemplificar tais conceitos de forma a facilitar a compreensão. De acordo com a Figura 5.6 [KEMA-07], como um exemplo didático, uma PMU está localizada na barra 6. Figura 5.6 - Conceito de Profundidade e de Nível de Não-Observabilidade [KEMA-07] 119 Capítulo 5 - Recomendações para Localização de PMU Inicialmente considera-se que a barra 6 é observável, pois representa a localização da PMU. Identifica-se que as barras adjacentes 5,11,12 e 13 são observáveis por esta PMU, pois estão ligadas à barra 6 diretamente. Verifica-se que as barras 1,2,3,4,7,8,9,10 e 14 não são observáveis, pois não estão ligadas diretamente à barra 6. Além disso, para melhor entendimento, considerou-se que as distâncias mínimas de uma barra não-observável até uma observável são dadas como um número de tamanho menor, para cada barra respectivamente. Observa-se que o máximo nível de não-observabilidade para este exemplo é 3, no caso, para a barra 8. Observa-se também que como existem 9 barras não observáveis conectadas entre si (barras em anel), o nível de não-observabilidade é 9 para o conjunto analisado do exemplo. No caso rodado para o SIN, para o modelo reduzido de sistema, com as 61 PMU existentes, verifica-se que a maior ilha não observável inclui 626 barras. Desta forma, o nível de não-observabilidade do caso base é 626. 5.4.4 Localização de PMU – Metodologia para se Obter Tolerância de Nível 3 quando da Perda de 3 PMU Verifica-se que para se assegurar o desempenho confiável de um Estimador de Estado que se utiliza de entrada de dados por PMU, é importante que o mesmo tenha certo nível de tolerância à perda de algumas PMU ao mesmo tempo. Situações que envolvem a saída de operação de PMU devem ser prevenidas, pois são situações normais que impactam os aplicativos que dependem dos dados enviados por elas. Desta forma, elas podem ficar fora de serviço por várias razões, como por exemplo, a manutenção de Transformadores de Potencial (TP) e Transformadores de Corrente (TC) ou mesmo falha no canal de comunicação. Verifica-se que para este projeto, o nível 3 de não-observabilidade foi proposto para quando 3 PMU forem perdidas simultaneamente. Desta forma, para um grupo de estudo de 3 barras conectadas, o pior caso de perda é o de 120 Capítulo 5 - Recomendações para Localização de PMU 3 PMU instaladas na vizinhança. Para melhor exemplificar, dois casos possíveis são mostrados a seguir conforme [KEMA-07]: 1º Caso: Se existem mais de 3 PMU instaladas na vizinhança, pelo menos 1 PMU sobreviverá ao defeito, através da qual uma ou mais barras, fora estas 3, podem se manter observáveis. Desta forma, o nível observabilidade será 2 ou menos. Figura 5.7 - Mais de 3 PMU instaladas em uma vizinhança [KEMA-07] 2º Caso: Observa-se que no pior caso, quando existirem exatamente 3 PMU instaladas na vizinhança, estas 3 barras consistem em um grupo nãoobservável de nível 3, dada a circunstância de que todas as barras adjacentes são observáveis. Figura 5.8 - Exatamente 3 PMU instaladas em uma vizinhança [KEMA-07] Observa-se que para qualquer grupo de 3 barras conectadas, quando três PMU são perdidas simultaneamente, a não-observabilidade de nível três ou menos pode ser garantida para estas 3 barras, desde que existam 3 ou mais PMU instaladas na vizinhança. No entanto, com relação a esta regra, é necessário que um grupo de restrições seja estabelecido para cada 3 barras conectadas. Verifica-se assim que se todas estas restrições forem satisfeitas, as perdas de 3 PMU quaisquer introduzem níveis de não-observabilidade não maiores do que 3. Desta forma, um algoritmo elabora uma lista de barras candidatas até que todas as restrições sejam cumpridas de acordo com a 121 Capítulo 5 - Recomendações para Localização de PMU repetição que executa, visando indicar qual a melhor posição para a instalação de uma PMU em cada fase. Aplicado o método no SIN, para o sistema reduzido informado, se requerem 724 PMU para garantir não-observabilidade de nível 3 para a perda simultânea de 3 PMU. Desta maneira, um número de 299 PMU adicionais é necessário para satisfazer ao requisito de que a perda simultânea de 3 PMU resulte em um nível de não-observabilidade menor ou igual a 3. Como se pode ver esse número se mostra muito elevado para garantir esse requisito. 5.4.5 Resultados da definição das localizações das PMU no SIN Observou-se que o modelo de planejamento do SIN com a eliminação das barras fictícias foi aplicado como entrada dos algoritmos de localização. Quanto aos processos de preparação necessários observa-se que as 61 PMU existentes foram utilizadas para o conjunto de localização quase ótima. Além disso, verifica-se que o número e a distribuição de barras de injeção zero impactam na dita definição ótima das localizações das PMU, pois permitem o cálculo de status através da lei de Kirchhoff. Desta forma recomenda-se que estas barras sejam fundidas às barras vizinhas possibilitando-se eliminar a parte não linear do conjunto de restrições. No estudo realizado para implementação no SIN, 228 barras atendem às restrições de MW e de Mvar como barras de injeção zero. Verifica-se assim que o número de barras foi reduzido a 1457, dos quais 228 são barras de injeção zero [KEMA-07]. 5.4.6 Instalações de PMU por fases no SIN Apresenta-se o resultado dos estudos para se determinar os locais de instalação de PMU por etapas no SIN. Assim sendo, para cada etapa da simulação, quando o nível desejado de não-observabilidade é alcançado, o 122 Capítulo 5 - Recomendações para Localização de PMU estimador de estado é executado com a incorporação dos dados de PMU com seus resultados analisados. A abordagem referente aos estudos de implantação de PMU por fases refere-se a um produto programado para a Fase 5 do projeto ESTAL. Concebese nesta etapa a seguinte proposta [KEMA-07b]: a) Determinação do número de PMU necessário, a partir da configuração de referência de 61 unidades implantadas, para se atingir a configuração de observabilidade plena até que o próximo nível de não-observabilidade seja alcançado. Para o cumprimento dessa etapa, a prioridade foi determinada a partir da combinação do nível de tensão e da profundidade de nãoobservabilidade do conjunto de barras. b) Determinação do lote de PMU do conjunto de observabilidade plena para o conjunto aprimorado. Para o cumprimento dessa etapa, a prioridade foi determinada pelo nível de tensão e por sua habilidade de backup correspondente. c) De acordo com o número de PMU adicionadas, 8 níveis de nãoobservabilidade e a observabilidade plena foram escolhidos para a abordagem necessária para implementação por etapas. d) Em cada fase da implantação, a redução nos erros angulares e de módulo são evidenciados e analisados. Verifica-se que nesta Fase 5 as análises empreendidas fornecem uma base para se estimar os requisitos gerais do sistema e o tamanho do sistema previsto, de forma a se determinar o dimensionamento final do SMFS do ONS, de acordo com um número suficiente de PMU que puder ser instalado. Desta forma o resultado é alcançado com base no estudo da estratégia de instalação de PMU na Fase 4 deste projeto como anteriormente evidenciado. No processo de dimensionamento, estruturação e detalhamento da instalação de PMU por etapas, foram utilizados dois métodos diferentes: de 123 Capítulo 5 - Recomendações para Localização de PMU uma fase e de duas fases. Verifica-se que o método de uma fase prioriza a redução da profundidade de não-observabilidade com o menor número de PMU possível. No caso do método de duas fases há a priorização das barras com níveis mais altos de tensão. Verifica-se que o número de PMU para se atingir a observabilidade plena é de 425, o que se exige uma adição de 364 unidades ao conjunto já existente de 61 PMU. De acordo com este estudo de definição dos locais de instalação por etapas que envolvem ambos os métodos citados, verifica-se que além das 61 PMU existentes, é necessário instalar 46 PMU para se alcançar a profundidade 6 de não-observabilidade. Constata-se também que ao se adicionarem mais 36 PMU nos locais pré-estabelecidos, alcança-se a profundidade 4 de não-observabilidade. No entanto, a profundidade 1 de nãoobservabilidade pode ser alcançada instalando-se um total de 390 PMU, incluindo-se, neste caso, as 61 existentes. Constata-se que o método de duas fases requer mais PMU instaladas para se obterem menores profundidades, pois concede alta prioridade a barras com níveis de tensão mais altos, no caso, mais especificamente 230 kV. Verifica-se também que o método referente a duas fases possibilita uma distribuição mais uniforme de PMU. No entanto, necessita de maiores lotes de PMU para se atingir a profundidade 3 de não-observabilidade. Concebe-se o conceito de conjunto aprimorado de locais de instalação de PMU, relativo ao número de unidades necessárias para atender o nível 3 de tolerância, de forma adicional, nas fases previstas, para o caso de se perderem 3 PMU simultaneamente. Foram quantificados os benefícios de se adicionarem diferentes números de PMU ao sistema estudado pelos dois métodos referenciados. Como resultado da simulação realizada, verifica-se que, com o aumento gradativo do número de medições fasoriais no SIN, a qualidade do estimador de estado é progressivamente aprimorada. Desta forma, constata-se que, quando o sistema é completamente observável por PMU, o erro de estimação é próximo a 1/3 do 124 Capítulo 5 - Recomendações para Localização de PMU erro sem medições de PMU. Isto significa um grande valor de melhoria aos processos mencionados anteriormente pelas análises das Macrofunções Finalísticas. 5.4.7 Conclusões importantes Verificaram-se quatro tipos de estudos no modelo de sistema modificado, proporcionando os seguintes resultados quanto às questões de posicionamento de PMU no SIN conforme [KEMA-07]: a) Determinou-se a profundidade da observabilidade com o modelo de sistema reduzido, passando-se de 1457 barras, para as 61 PMU existentes. Como resultados obtiveram-se uma profundidade da não-observabilidade de 14 e um nível de não-observabilidade de 626. b) Verificou-se que o número quase ótimo de PMU para a total observabilidade é de 425, ou seja, necessita-se adicionar 364 PMU ao conjunto atual de 61 PMU. c) Caso não se considerem as PMU existentes, o número quase ótimo de PMU para a total observabilidade é de 388. d) Verificou-se que o número quase ótimo de PMU para tolerância de nível 3 para a perda de 3 PMU simultaneamente é de 724. Desta forma requere-se a adição de 299 PMU ao conjunto necessário para a completa observabilidade. Não é o foco deste trabalho analisar pormenorizadamente todas as tratativas e ações que fazem parte dos projetos do ONS, visando a instalação de um SMFS no SIN. No entanto, apresentam-se todas as partes mais importantes para que haja uma contextualização do tema a ser abordado nesta dissertação. Desta forma, há uma construção do cenário sistêmico, enfocando os estudos que permitem determinar a quantidade e o posicionamento de PMU no território nacional do ponto de vista do ONS. A implantação de um SMFS pelo ONS possibilita ganhos a todos os envolvidos no SIN. No entanto, no 125 Capítulo 5 - Recomendações para Localização de PMU momento se propõe uma metodologia para que se possa melhor visualizar se as medidas e ações propostas podem ser mais bem visualizadas e melhoradas pelos agentes diante de suas peculiares necessidades. A seguir são apresentadas metodologias que pretendem auxiliar os agentes do SIN na utilização de recursos de SMFS do SIN implantados pelo ONS e as devidas verificações, para que possa se basear na melhor configuração de PMU, visando abranger a observabilidade da maioria de seus ativos. 5.5 Localização de PMU – uma visão do agente 5.5.1 Introdução Para o encaminhamento de um contexto que aproprie uma nova visão sobre as modificações de expectativas e responsabilidades no sistema elétrico brasileiro, cria-se uma nova formatação de abordagem, uma referência até então não utilizada para este propósito. Nesta apropriação, quase que inicialmente infundada de possíveis correlações, criou-se uma metodologia que agrega vários benefícios nas análises de processos correlatos a esse sistema, bem como nas particularidades de seus complexos meandros e disfarçados propósitos. Desta forma, as Macrofunções Finalísticas apresentam-se em uma gama de possibilidades que em muito superam suas atribuições iniciais de apresentação de processos e suas interdependências. No capítulo 3 as análises dos encadeamentos dos processos através de análises dos Procedimentos de Rede e das Macrofunções Finalísticas possibilitam compor um rico cenário de observações que permitem propostas de mensuração, de estruturação, de simplificação e de adequabilidade de necessidades e especificidades. A composição destas análises com foco na avaliação de impactos de emprego de nova tecnologia no SIN, bem como em seu caso particular de localização de PMU no SMFS em implantação pelo ONS, com certeza 126 Capítulo 5 - Recomendações para Localização de PMU possibilita a quebra de paradigmas na relatividade de contextos inicialmente tão diferentes. A abordagem realizada é a primeira contextualização utilizada para o encaminhamento das propostas de critérios que visem atender de forma mais adequada à necessidade dos agentes de geração e transmissão do SIN em relação às questões que envolvem a localização de PMU no SMFS nacional. Não se podem caracterizar isoladamente as necessidades dos agentes envolvidos sem antes perpetrar pelos caminhos desbravados pelo ONS que, de uma forma ou de outra, agregam, e muito, no atendimento às expectativas e necessidades dos agentes no sentido de se estabelecer um SMFS eficiente. Com o novo foco de operador de instalações para os agentes, não se desfaz, no entanto, sua condição básica de “mantenedor de requisitos sistêmicos”. A visão das atividades desenvolvidas pelo ONS, através de seus projetos em execução, complementa as bases propostas para a adequação de possíveis critérios a serem adotados pelos agentes. Desta forma, estabelecemse as premissas necessárias para o suporte da demanda de caracterização de roteiros para estudos de viabilidade de implementação suplementar de PMU no SIN. Pode-se assim, estabelecer a complementaridade de atendimento às necessidades detectadas dos agentes com foco na melhor observabilidade de seus ativos. 5.5.2 Necessidades atuais dos agentes de transmissão e geração do SIN Na função de operador de instalações, os agentes se voltam para as questões relativas intrínsecas às suas novas atribuições. Desta maneira, observam-se reestruturações profundas nos processos operativos e reflexões nas filosofias até então adotadas. Os impactos de tais mudanças propõem uma nova visão, não mais detida exclusivamente no sistema elétrico, mas sim em suas peças de configuração. 127 Capítulo 5 - Recomendações para Localização de PMU A Parcela Variável atribuída aos ativos de transmissão conduz a novas adaptações no “como fazer” em relação aos critérios de manutenções programadas, assim como nas questões que envolvem o MRA das unidades geradoras. A disponibilidade dos ativos torna-se imperativa na visão do agente, contudo, sabe-se que os contrastes com segurança operativa permearam novos equilíbrios. Em um primeiro momento, achava-se que haveria uma perda na segurança com relação à premência da disponibilidade. Atualmente, no entanto, verificou-se que a disponibilidade é conquista da segurança operativa, da robustez sistêmica e da qualidade de um conjunto de aspectos dinâmicos que envolvem o planejamento, a operação e a manutenção do sistema. Grandes transformações rondam os interesses dos agentes no sentido de ampliar a eficiência operacional que envolve processos e ativos, bem como o aumento da automação de seus sistemas proporcionando melhores níveis de teleassistência às suas instalações. A retirada de pessoas das subestações e usinas já é realidade para muitos agentes do SIN. Em meio ainda às situações de transição em que vários problemas de infraestrutura e sinergia de logísticas apropriadas a essa desassistência física se apresentam, um caminho sem volta parece estar traçado. Envolver menores custos de operação e manutenção, agregando-se outros percentuais às receitas estabelecidas são fatos evidentes às novas propostas dos agentes. No entanto, o fator tempo ainda contradiz grandes teorias de disponibilização de ativos para o sistema. Isto porque a desassistência física pautada em critérios estatísticos luta para se estabelecer devido às grandes dificuldades em atendimento às demandas de padronização de equipamentos de um parque instalado antigo que se modifica em um ritmo não muito acelerado. Inicialmente os ganhos são expressivos devido às medidas inovadoras de choque para o que antes estava estabelecido. No entanto, requerem-se muitos cuidados com o avanço destas apropriações, pois demandam contínuos esforços no sentido de se preservar a operacionalidade 128 Capítulo 5 - Recomendações para Localização de PMU remota das estações, configurando-as de forma a garantir segurança e disponibilidade de todos os seus ativos para o sistema. Em um breve resumo das atuais necessidades dos agentes referentes aos novos desafios, podem-se salientar: a) Melhoria do telecontrole, tornando-o mais eficiente e confiável, situação diretamente ligada à teleassistência e disponibilidade de ativos para o sistema. b) Disponibilização máxima de ativos com equilíbrio entre as ações de manutenção programada e a máxima eficiência operacional. c) Teleassistência de instalações pautada no aumento da automação e estrutura de telecomunicações como condição de agregar valor e diminuir custos operacionais. Esses objetivos ainda esbarram na transição de funções no novo modelo, bem como enfrentam problemas de compatibilizações de tecnologias. Além disso, a retirada de pessoal qualificado e experiente de atividades relacionadas à operação das instalações deve ser realizada com muito critério. A diminuição de custos operativos chega a um estágio em que o planejamento é um grande desafio, pois a dinâmica introduz variáveis a todos os momentos e a chance do erro acontecer pode ser grande. d) Prover adicional à RAP através do aumento da eficiência operacional pelo planejamento de atividades de operação e manutenção. Este adicional é obtido através da diminuição de indisponibilidades de ativos no SIN em relação à Parcela Variável. e) Padronização dos processos de manutenção com atividades de linha viva em evidência, pois o foco é a ininterruptibilidade do sistema de forma a aumentar a disponibilidade. f) Introdução de novas metodologias, ferramentas e tecnologias que permitam aumentar a condição de disponibilidade de ativos de geração e transmissão, principalmente no que diz respeito à teleassistência e eficiência operacional. Em decorrência, espera-se um aumento da garantia da segurança 129 Capítulo 5 - Recomendações para Localização de PMU operativa, diminuindo-se as possibilidades de indisponibilidades de equipamentos e interrupção de cargas. g) Equipamentos com menores taxas de falha e de preços competitivos, aumentando a confiabilidade operativa a partir de uma disponibilidade mais ampla para o sistema. Pode-se dizer que essas necessidades do momento se aderem perfeitamente às instalações de PMU no SIN, pois o aumento de confiabilidade requerido, a melhor observabilidade do ativo, bem como a melhoria de condições para a teleassistência, assim como são fatores primordiais para a atuação dos agentes em sua função mantenedora, são também ganhos esperados pela implantação de SMFS nesse sistema. 5.5.3 Informações ao agente sobre a implantação do SMFS por etapas No presente trabalho não se propõe listar as barras escolhidas pelo ONS em seus estudos para a localização de PMU de forma a viabilizar os objetivos de observabilidade pretendidos. Neste sentido, embora não se pretenda realizar estudos de caso, em alguns momentos utilizam-se nomes e situações reais para se empreender pesquisas necessárias para apropriação de eficácia dos conceitos e definições no âmbito do SMFS do ONS de um modo geral. De acordo com os Procedimentos de Rede “ Como coordenador da operação do sistema, o ONS tem suas atribuições aplicadas sobre a rede de operação, que compreende as usinas com a programação e despacho centralizados; a rede básica, utilizada para transporte de grandes blocos de energia dos centros de produção até os centros de consumo; e a rede complementar, composta por instalações situadas além dos limites da rede básica cujos fenômenos têm influência significativa na operação ou no desempenho da rede básica.” 130 Capítulo 5 - Recomendações para Localização de PMU Tem-se também que “Atende-se às condições de observabilidade e controlabilidade, necessárias à operação do sistema, por meio da rede de supervisão, constituída da rede de operação e de outras instalações cuja supervisão é necessária para a operação. A rede de simulação é aquela que precisa ser representada para garantir que os estudos elétricos desenvolvidos pelo ONS, no cumprimento das suas atribuições, apresentem resultados que reproduzam, com grau de precisão adequado, os fenômenos que ocorrem no SIN.” Desta maneira pode-se observar que as barras indicadas nos cálculos desenvolvidos para a implantação de um SMFS em etapas possuem tensões de valores variados não se atendo a valores referentes à rede básica, apresentando inclusive tensão de 69 kV, dentre outras, por causa dos critérios utilizados para a obtenção de observabilidade. Desta forma, a rede de supervisão é considerada para a verificação da observabilidade e controlabilidade requerida para a definição dos pontos onde se localizam as PMU no SIN. Torna-se importante salientar que os estudos do ONS em relação à observabilidade do sistema nacional referem-se a esta questão utilizando-se apenas PMU. Neste sentido as condições de observabilidade atuais a partir de informações pelo sistema SCADA não contemplam os benefícios esperados da aplicação fasorial, não significando com isso que inexista observabilidade. No entanto, pela condução atual da implantação do SMFS por etapas no SIN, percebe-se que está em andamento uma transição tecnológica híbrida que vai aos poucos estabelecer uma estrutura que contemporize as implementações necessárias diante dos recursos financeiros disponíveis. Diante dos custos elevados para se obter a observabilidade plena do SIN através da implantação de uma só vez de todas as PMU necessárias foram realizados vários estudos de forma a minimizarem-se os impactos financeiros diante das melhores soluções em termos de profundidade de nãoobservabilidade. Utiliza-se o modelo simplificado de planejamento de tempo real do SIN de 1495 barras para a realização de estudos relacionados à topologia. Utiliza-se o modelo base do planejamento de tempo real do SIN de 131 Capítulo 5 - Recomendações para Localização de PMU 2234 barras para a realização das análises de melhorias na estimação de Estado. Em um breve resumo dos estudos do ONS para implantação do SMFS por etapas no SIN observou-se que [KEMA-07b]: a) O método de uma fase enfatiza a diminuição da profundidade de nãoobservabilidade com o menor número possível de PMU. b) O método de duas fases considera também a priorização de barras com níveis de tensão mais altos. c) Dos estudos referentes à fase 4 do Projeto ESTAL vistos anteriormente, o número de PMU para se alcançar a observabilidade plena é de 425, sendo necessária a adição de 364 PMU ao conjunto atual de 61 PMU instaladas. d) Constatou-se que nos estudos por etapas 46 PMU precisam ser instaladas para se alcançar uma não-observabilidade de profundidade 6. Verificou-se também que se adicionando mais 36 PMU, é alcançada nãoobservabilidade de profundidade 4. A não-observabilidade de profundidade 1 pode ser alcançada se instalando um número total de 390 PMU, incluindo-se aqui as 61 existentes. e) Observou-se que o conjunto de localizações para instalação em etapas das PMU foi projetado para nível 3 de tolerância, caso 3 PMU sejam perdidas simultaneamente. Assim, para se assegurar um desempenho confiável de um Estimador de Estado aprimorado por PMU é importante que exista certo nível de tolerância à perda simultânea de algumas dessas unidades. f) Observou-se também que este estudo de instalação considera que os fasores de tensão e de corrente de linha estão sendo monitorados em cada posição selecionada. Desta forma, a localização de uma PMU para o estudo em etapas deve ser interpretada como uma localização de um Concentrador de Dados Fasoriais de Subestação (SPDC). 132 Capítulo 5 - Recomendações para Localização de PMU g) Para o estudo em etapas, as PMU do projeto 6.2 e as adicionais exigidas para operação Black-start formam um conjunto de 61 PMU, que são consideradas como a base existente de PMU. O nível 14 de nãoobservabilidade foi alcançado por estas 61 PMU. Verifica-se que estas 61 PMU tornam 261 das 1457 barras observáveis. 5.6 Proposta de Localização de PMU – Critério de Interface entre as Macrofunções e os Requisitos de Atendimento Para a definição de estratégias para os agentes verificarem suas condições de observabilidade em relação a informações provenientes de PMU, muitas análises paralelas foram empreendidas. Para a categorização de informações e processos vinculados à escolha mais sensata, maior a dificuldade em se verificarem ações possíveis para a maioria dos agentes, mesmo que posteriormente tenha que se entrar em análises de casos particulares, função de cada agente de acordo com seus próprios objetivos. Desta forma, para se realizar um diagnóstico da observabilidade dos agentes verificou-se o inter-relacionamento entre os processos e produtos de cada Macrofunção Finalística apresentada. Uma extensa análise efetuada relaciona as atividades interdependentes denominadas neste trabalho de Correspondências Biunívocas. Estas correspondências demonstram uma dependência mútua entre produtos de uma macrofunção com insumos de outra e vice-versa. Na Figura 5.9, conforme [ONS-09] visualiza-se esse tipo de correspondência apurado com relação à Macrofunção Consolidação da Previsão de Carga. A seta bidirecional evidencia a característica biunívoca do processo. Assim, da mesma forma que neste exemplo, todos os demais casos envolvendo as Correspondências Biunívocas foram identificados e analisados. 133 Capítulo 5 - Recomendações para Localização de PMU Figura 5.9- Correspondências Biunívocas - Macrofunção Consolidação da Previsão de Carga [ONS-09] Contudo, estas análises tendem a várias outras importantes conclusões que podem ser utilizadas para uma grande gama de necessidades que envolvem esses processos, mas que, no momento, serão abreviadas apenas como condição do caminho proposto para atendimento às premissas de localização de PMU no SIN, numa visão diferenciada. Com as análises que envolvem os produtos das macrofunções, especialmente as que possuem Correspondências Biunívocas pode-se observar o atendimento a três requisitos basicamente. Desta forma, pode-se interpretar analogamente como se fossem requisitos da parte interessada como, por exemplo, quando de Sistemas de Gestão da Qualidade. Neste sentido, apuram-se principalmente os requisitos (i)Sistema Interligado, (ii)Ativos de Geração e Transmissão e (iii)Carga para o atendimento às partes interessadas ONS, Agentes (Transmissão e Geração) e Clientes (Distribuição, Consumidores Livres, Importadores, Exportadores, DIT, etc.), respectivamente. 134 Capítulo 5 - Recomendações para Localização de PMU A opção por se determinar uma única parte interessada para cada requisito de atendimento faz parte da metodologia aplicada, pois se sabe que no rigor de uma análise mais profunda, confundem-se interesses mútuos. O atendimento aos requisitos, neste caso, seriam atendimentos a interesses comuns a todos que, no entanto, não se referem às particularidades dos interesses específicos que estão fora do contexto deste trabalho. Para que se possa formalizar, ou melhor, especificar o requisito de forma a ser utilizado como critério, faz-se também uma correspondência como demonstrado na Tabela 5.1 abaixo apresentada. Tabela 5.1 – Parte Interessada x Requisito de Atendimento Parte Interessada Requisito de Atendimento ONS Sistema Interligado AGENTES CLIENTES Ativos de Geração e Transmissão Carga Para que a instalação de PMU no SIN possa estabelecer um grande SMFS de forma a amplamente atender aos requisitos comuns das partes interessadas, bem como aos seus interesses próprios, verifica-se a necessidade de análises que complementem aquelas realizadas pelo ONS. Desta forma, entende-se que a parte interessada ONS, através de seus projetos de planejamento para instalação de PMU no SIN criou a condição para satisfazer ao seu requisito de atendimento Sistema Interligado e, em parte, aos requisitos dos agentes e da carga. Observa-se que existem nos Procedimentos de Rede, em seu Módulo 25 – Apuração dos dados, relatórios da operação do Sistema Interligado Nacional e Indicadores de desempenho, vários indicadores que possibilitam acompanhar o desempenho tanto dos requisitos de atendimento quanto da parte interessada para o SIN. Assim, faz-se menção principalmente às possíveis 135 Capítulo 5 - Recomendações para Localização de PMU adaptações que podem ser realizadas de forma a serem utilizados esses indicadores como critérios de acompanhamento para implementação de controles para diversos fins, bastando-se realizar adequações em suas fórmulas e referências. Desta forma também podem ser utilizados para elaboração de critérios de instalações de PMU, com algumas adaptações, pois registram em suas prerrogativas os requisitos do Sistema Interligado, Ativos de Geração e Transmissão e Carga. Pode-se considerar que essas adaptações se constituem em verdadeiros “pulos do gato” da convergência da proposta que vai validar os critérios escolhidos. Uma vantagem neste sentido é a visibilidade histórica que pode ser manipulada adequando-se às novas solicitações e adequações realizadas para o novo indicador. Pode-se dizer então, que os indicadores de qualidade de energia elétrica, constantes no Submódulo 25.6 – Indicadores de Qualidade de Energia Elétrica – Frequência e Tensão, serão mais precisos à medida que as unidades PMU estiverem instaladas no SIN. Desta forma, com base na metodologia que especifica partes interessadas e requisitos de atendimento, prossegue-se a estruturação para a obtenção de critérios que possam ser utilizados como diagnóstico para a definição de locais onde sejam instaladas PMU de forma a melhor servir aos agentes em relação às suas prementes necessidades. 5.7 Proposta de Localização de PMU – Metodologia dos Critérios Cruzados Através das explanações realizadas anteriormente, visualiza-se que existem vários critérios e metodologias para o controle e acompanhamento dos processos que englobam a sustentação das Macrofunções Finalísticas por parte do ONS. No entanto, verifica-se que necessitam de um link com o foco de localização de PMU para atendimento aos objetivos dos agentes e de atendimento à carga do ponto de vista da parte interessada, ou seja, os clientes anteriormente mencionados. No atendimento à proposta de se estabelecer critérios que possam balizar ações por parte dos agentes de 136 Capítulo 5 - Recomendações para Localização de PMU transmissão e geração em relação ao posicionamento de PMU no SIN, considera-se que a parte interessada ONS encontra-se atendida através das formalizações apresentadas. Assim, visualiza-se que o requisito Sistema Interligado está atendido através da implantação das ações previstas nos projetos para a configuração do SMFS brasileiro. No caso do requisito Carga, cuja parte interessada é representada pelos ditos clientes, considera-se que o estabelecimento de critérios que contemplem o atendimento a tal requisito extrapola o objetivo proposto no presente trabalho, que são os agentes. No entanto, como forma de se evidenciar um encadeamento de raciocínio e uma metodologia que pode ser estendida a esses dois requisitos mostram-se as possibilidades de critérios nesses casos, sem, no entanto, demasiar-se em uma profundidade de conceitos e explanações. Assim sendo, apresentam-se tanto para Carga quanto para Sistema Interligado, opções de critérios com base na metodologia a ser utilizada para o atendimento ao requisito Ativos de Geração e Transmissão. Desta forma, para haver uma convergência de metodologias até aqui apresentadas é necessário que haja, pode-se assim dizer, uma “miscigenação” de atributos. Então, primeiramente elegem-se de cada metodologia os aspectos mais importantes para compor os critérios de localização de PMU que fazem contexto nas necessidades dos agentes. Considera-se assim, que se utiliza a Metodologia do ONS e a Metodologia do Agente (proveniente da evidência de suas necessidades) para se criarem critérios de atendimento ao requisito Ativos de Geração e Transmissão. À esta nova metodologia estabelecida a partir desta relação denominou-se Critérios Cruzados, nesta dissertação. Desta forma, partindo-se da chamada Metodologia do ONS, através dos conceitos anteriormente informados utilizados por ele para efetuar os cálculos técnicos de localização de PMU, pode-se selecionar com propriedade: 137 Capítulo 5 - Recomendações para Localização de PMU a) Observabilidade Entende-se como a condição da rede na qual em um ponto de localização de uma PMU um subconjunto das tensões de barra do sistema possa ser diretamente calculado a partir das medições conhecidas. b) Nível de não-observabilidade Entende-se como o número máximo de barras não observáveis conectadas, utilizando-se apenas medições de PMU. c) Profundidade de não-observabilidade Entende-se como o valor máximo da mínima distância (barras que estão conectadas diretamente, fornecem uma mínima distância) de qualquer barra observável. d) Nível de Tensão Refere-se à característica intrínseca de tensão das barras do sistema. Verificou-se que tão importante quanto a limitação da profundidade da nãoobservabilidade é levar em consideração os níveis de tensão na priorização dos locais de instalação das PMU. Isto porque normalmente as linhas de transmissão de alta tensão são projetadas para um fluxo de potência mais pesado e para distâncias maiores, constituindo uma coluna vertebral do sistema de potência (tronco do sistema) [KEMA-07b]. Desta maneira, o nível de precisão das medições e os requisitos de confiabilidade são mais altos que para linhas de níveis mais baixos de tensão. Compreende-se que após uma perturbação, por exemplo, informações rápidas e precisas sobre as barras de alta tensão são muito valiosas para a recomposição do sistema. No entanto, as simulações envolvendo apenas esse critério mostraram-se não recomendáveis, pois não apresentaram nenhuma melhoria na profundidade ou no nível de não-observabilidade. Constata-se que o critério de tensão simples para instalação em etapas é altamente ineficiente na tentativa 138 Capítulo 5 - Recomendações para Localização de PMU de melhorar os níveis de não-observabilidade do sistema. Porém verifica-se de outra forma que considerar os níveis de tensão das barras constitui-se em um co-requisito chave para se decidir a ordem de instalação das PMU no sistema. 5.7.1 Critérios para atendimento ao requisito Sistema Interligado Como referido anteriormente, o atendimento a este requisito faz parte dos projetos em andamento do ONS e, nesta circunstância, fazem-se apenas menção à sua aplicabilidade através da utilização da metodologia dos Critérios Cruzados. São realizadas abordagens de retorno da pesquisa bibliográfica realizada, no intuito de se caracterizar a abrangência do atendimento a este requisito constante em documentação operativa. Através das medições de grandezas elétricas como, por exemplo, tensão das barras, correntes de linha e frequência, de forma fasorial, possibilita-se estabelecer as necessidades sistêmicas a serem atendidas. A partir destas evidências, busca-se o cruzamento com os critérios elencados na Metodologia do ONS, buscando-se o atendimento deste requisito. Visando caracterizar as possibilidades geradas pelos Critérios Cruzados, estabeleceu-se, sob forma de uma matriz, as combinações provenientes deste desenvolvimento. A Tabela 5.2 abaixo demonstra esta configuração dos critérios a partir destas metodologias, constituindo-se desta forma os Critérios Cruzados para atendimento ao requisito Sistema Interligado. 139 Capítulo 5 - Recomendações para Localização de PMU Tabela 5.2 – Critérios Cruzados para atendimento ao requisito Sistema Interligado Critérios Cruzados Observabilidade Nível Profundidade Nivel de tensão Estabilidade Eletromecânica Estabilidade Eletromecânica por Observabilidade Estabilidade Eletromecânica por Nível Estabilidade Eletromecânica por Profundidade Estabilidade Eletromecânica por Nível de tensão Limites de intercâmbio de energia Limites de intercâmbio de energia por Observabilidade Limites de intercâmbio de energia por Nível Registro da dinâmica de longo prazo do sistema Registro da dinâmica de longo prazo do sistema por Observabilidade Registro da dinâmica de longo prazo do sistema por Nível Precisão do estimador de estado Precisão do estimador de estado por Observabilidade Precisão do estimador de estado por Nível Limites de intercâmbio de energia por Profundidade Registro da dinâmica de longo prazo do sistema por Profundidade Precisão do estimador de estado por Profundidade Limites de intercâmbio de energia por Nível de tensão Registro da dinâmica de longo prazo do sistema por Nível de tensão Precisão do estimador de estado por Nível de tensão Para o entendimento dos Critérios Cruzados, verifica-se, por exemplo, a situação da estabilidade eletromecânica. Assim observa-se que a interrelação destes critérios representa o estudo desta estabilidade em relação aos parâmetros de observabilidade, de nível de não-observabilidade, de profundidade da não-observabilidade e do nível de tensão avaliado. Verifica-se desta maneira o estudo que envolve determinada barra no sistema, com intuito de se apurar a sua importância nas simulações de estabilidade eletromecânica no sistema, referenciando-a aos conceitos da Metodologia ONS de forma a se perceber se sua importância foi retratada neste perfil. Para esta verificação foram utilizadas várias técnicas por parte do ONS que englobam algoritmos específicos. A utilização dos Critérios Cruzados para o atendimento ao requisito Sistema Interligado compreende a simulação dos pontos a serem introduzidas PMU no SIN, avaliando-se os parâmetros de profundidade, nível, observabilidade e nível de tensão. Neste caso os Critérios Cruzados praticamente não são uma proposta e sim uma constatação dos estudos realizados pelo ONS. A explanação é análoga para os demais Critérios Cruzados para atendimento a este requisito. 140 Capítulo 5 - Recomendações para Localização de PMU Ressalta-se que os Critérios Cruzados em seu atendimento ao requisito Sistema Interligado, que por sua vez são atendidos pelos projetos de implantação de um SMFS nacional, também devem atender às prerrogativas de instruções normativas do ONS. Neste sentido, contextualizam-se esses atendimentos às normas vigentes de acordo com a importância sistêmica identificada para os componentes estratégicos do SIN. No estudo bibliográfico realizado, no Submódulo 23.6 – Critérios para identificação das instalações e componentes estratégicos do Sistema Interligado Nacional [ONS-09], em seu subitem 5.2 Critérios para identificação das instalações e componentes estratégicos verificam-se em seu item 5.2.1: “São considerados instalações e componentes estratégicos do SIN aqueles que atenderem a pelo menos um dos critérios descritos a seguir: a) o desligamento intempestivo da instalação ou de parte dela é causa de interrupção significativa de carga numa região geográfica, unidade da federação, capital ou grande polo industrial, tendo como referência a escala de severidade indicada no item 6.13 do Submódulo 25.3. Esta escala de severidade utilizada para a classificação dos eventos considera os fatores carga total interrompida, tempo de interrupção, horário do evento, abrangência e população afetada. b) a instalação ou o componente faz parte de corredores de recomposição fluente – descritos em instruções de operação – que possam impedir ou retardar o restabelecimento de cargas em uma região geográfica, unidade da federação, capital ou grande polo industrial. c) o desligamento intempestivo da instalação ou de parte dela é causa de instabilidade de potência, frequência ou tensão numa região geográfica (Norte, Nordeste, Sul, Sudeste e Centro-Oeste). d) a indisponibilidade da instalação ou de parte dela é causa de restrição nas transferências energéticas e coloca em risco o atendimento de uma região 141 Capítulo 5 - Recomendações para Localização de PMU geográfica, unidade da federação ou capital ou compromete o processo de otimização energética do SIN, tendo como referência resultados de simulações computacionais. Observa-se que desses quatro critérios evidenciados, pode-se verificar que dois tendem a atender o requisito Sistema Interligado diretamente (c) e (d). Verifica-se também que os outros dois (a) e (b) tendem a atender o requisito Carga como conceituados neste trabalho. Desta forma, demonstra-se a convergência da modelagem proposta dos requisitos, em seu sentido mais amplo, incorporando as regras já estabelecidas, evidenciando-se sua total aplicabilidade. 5.7.2 Critérios para atendimento ao requisito Carga A partir dos estudos empreendidos, buscaram-se analisar do ponto de vista dos agentes de transmissão e geração as alternativas que mais configurassem um atendimento às suas necessidades em relação ao posicionamento de PMU no sistema. Entende-se que da mesma forma do requisito Sistema Interligado, o requisito Carga é importante para o estudo ampliado, diga-se completo dos impactos de localizações de PMU em todo o sistema, no entanto, não é o foco central do estudo proposto. Para identificar com maior clareza os Critérios Cruzados utilizados, configura-se abaixo uma proposta para acompanhamento de atendimento ao requisito Carga, conforme a Tabela 5.3. Tabela 5.3 – Critérios Cruzados para atendimento ao requisito Carga Critérios Cruzados DEC (Distribuição) FEC (Distribuição) Ponto de Controle Observabilidade DEC por Observabilidade FEC por Observabilidade Ponto de Controle por Observabilidade Nível DEC por Nível FEC por Nível Ponto de Controle por Nível Profundidade Nivel de Tensão DEC por Profundidade FEC por Profundidade DEC por Nível de Tensão FEC por Nível de Tensão Ponto de Controle por Profundidade Ponto de Controle por Nível de Tensão 142 Capítulo 5 - Recomendações para Localização de PMU Para a determinação de critérios representativos da carga que exprimam uma escala de valores que assuma importância nessa investigação foram analisados vários indicadores e referenciais. Busca-se representatividade técnica e econômico-financeira, compatibilizando-se os interesses iniciais propostos de necessidades para atendimento aos critérios estabelecidos. Neste sentido foram selecionados os critérios de DEC (Distribuição), FEC (Distribuição) e Ponto de Controle. Verificou-se desta forma que o indicador de DEC, bem como o indicador de FEC, ambos medidos pelas distribuidoras de energia com base em instruções da ANEEL constituem relevância para o atendimento ao requisito Carga no contexto deste trabalho. Os conceitos simplificados de DEC e FEC são os seguintes: Duração Equivalente de interrupção por unidade Consumidora (DEC): Intervalo de tempo que, em média, no período de apuração, em cada unidade consumidora do conjunto considerado ocorreu descontinuidade da distribuição de energia elétrica [ANEEL-11]. Frequência Equivalente de interrupção por unidade Consumidora (FEC): Número de interrupções ocorridas, em média, no período de apuração, em cada unidade consumidora do conjunto considerado [ANEEL-11]. Nas tratativas utilizadas para a verificação das barras selecionadas para a instalação de PMU localizadas na Rede de Supervisão denominam-se barras de carga aquelas barras que atendem aos considerados Clientes no estudo proposto. Neste sentido consideram-se Clientes os agentes de Distribuição, os Consumidores Livres, os Importadores, os Exportadores, as DIT, dentre outros. Para o DEC e FEC, concentra-se nos consumidores das distribuidoras e seus acessantes na formação da categoria Clientes. Desta forma deve-se propor metodologia de acompanhamento aos agrupamentos listados dos agentes de distribuição relativos a esses 143 Capítulo 5 - Recomendações para Localização de PMU indicadores, referenciando-se às barras de carga que atendem diretamente a esses grupos. Procedem-se à verificação de DEC e FEC nas barras de carga detentoras dos maiores valores destes indicadores, apurando-se suas condições em relação aos critérios de observabilidade, nível de não-observabilidade, profundidade de não-observabilidade e nível de tensão. A partir disso podemse confrontar essas barras com as barras de carga selecionadas pelo ONS para a instalação de PMU, aferindo-se para os chamados Clientes a efetividade de visibilidade proposta. Como as considerações aos indicadores de DEC e de FEC são as mesmas, apresenta-se abaixo, a metodologia estabelecida para DEC, considerando-se análoga a situação do FEC. a) DEC por Observabilidade Refere-se à condição de observabilidade ou não-observabilidade da barra de carga que atende aos chamados Clientes com maiores indicadores de DEC verificados. b) DEC por Nível A partir da identificação do DEC Observabilidade prossegue-se à identificação do DEC Nível. Desta forma, caso haja observabilidade tem-se indicador de nível 0 ou 1. No caso de não-observabilidade os valores de nível serão iguais ou superiores a 2. Quanto maior este valor e o valor do DEC, pior se constitui o indicador. Pode-se dizer que o DEC Nível refere-se à localização da barra de carga (que atende às cargas de distribuição com maiores indicadores de DEC) em relação ao conjunto não observável que participa, identificando-se o número máximo de barras não observáveis conectadas desse conjunto. 144 Capítulo 5 - Recomendações para Localização de PMU Como referência de um conjunto de barras do sistema e não somente de uma barra, verifica-se que existe a necessidade de analisar este indicador juntamente com os outros, não sendo determinante apenas seu valor. Permite visualizar de qual conjunto de nível de não-observabilidade de DEC por PMU a barra de carga participa. Verifica-se se a barra de carga está numa ilha não-observável de DEC por PMU e qual o nível de nãoobservabilidade dessa ilha. c) DEC por Profundidade Refere-se à condição de distância das barras de carga avaliadas (maiores indicadores de DEC verificados) em relação à localização de PMU na barra de carga mais próxima. d) DEC por Nível de Tensão Refere-se ao nível de tensão da barra de carga, que alimenta as cargas visualizadas como de DEC mais elevado para o agente de distribuição. Outro indicador importante a ser considerado para atendimento ao requisito Carga refere-se ao Ponto de Controle. A relevância da escolha deste indicador está na condição de que a continuidade do serviço da rede básica é representada por indicadores monitorados em pontos de controle. Assim, as verificações consideradas nas Macrofunções Finalísticas possibilitam contextualizar essa relevância na criação de identidades de controle relativas às PMU. Em conceito, entende-se por ponto de controle a instalação ou conjunto de instalações na fronteira entre a rede básica e os ativos de conexão com os agentes de geração, de distribuição, consumidores livres, importadores, exportadores e Demais Instalações de Transmissão (DIT) [ONS-09]. Pode-se desta forma visualizar sua importância, pois se refere aos chamados Clientes, parte interessada para atendimento ao requisito Carga. 145 Capítulo 5 - Recomendações para Localização de PMU A ideia é de se apurar os pontos de controle mais críticos e avaliá-los em relação à localização de PMU nas barras próximas a estes pontos. Existem critérios para acompanhamento dos pontos de controle da rede básica, orientados a partir dos Procedimentos de Rede, apurados pelo ONS. Com isto, apropria-se deste controle, relativando-o às necessidades de inter- relacionamento com a determinação de localização de PMU no SIN. Nos critérios de apuração atuais, entende-se como interrupção de serviço do ponto de controle a condição em que esse ponto de controle permanece com tensão nula por um período maior ou igual a 1 (um) minuto, em função de problemas internos ou externos à rede básica, sejam os eventos, locais ou remotos, programados ou não [ONS-09]. A interrupção de serviço do ponto de controle não implica necessariamente em interrupção de fornecimento a consumidores, no caso aos denominados Clientes. Para uma melhor adequação da proposta para o indicador Ponto de Controle verificou-se ser benéfico o aproveitamento das regras válidas estabelecidas, apuradas pelo ONS. Assim, aproveitam-se os indicadores utilizados para a verificação da continuidade de serviço dos pontos de controle, a saber [ONS-09]: a) Duração da Interrupção do Ponto de Controle (DIPC) O indicador DIPC é definido como o somatório das durações das interrupções do ponto de controle com duração maior ou igual a 1 minuto, no período de apuração. b) Frequência da Interrupção do Ponto de Controle (FIPC) O indicador FIPC é definido como o número de vezes em que ocorreu interrupção do ponto de controle com duração maior ou igual a 1 minuto, no período de apuração. 146 Capítulo 5 - Recomendações para Localização de PMU c) Duração Máxima da Interrupção do Ponto de Controle (DMIPC) O indicador DMIPC é definido como a maior duração de interrupção do ponto de controle entre aquelas utilizadas no cálculo do indicador DIPC, no período de apuração. Desta forma, verifica-se a partir de [ONS-09] que “Os valores de referência dos indicadores de continuidade, que servem de base para o gerenciamento desse fenômeno, foram estabelecidos pelo ONS a partir de cálculos preditivos de desempenho dos pontos de controle. Nesses cálculos preditivos foram considerados diversos fatores de influência, entre os quais o tipo de arranjo de barramento, o tipo e o número de instalações conectadas ao ponto de controle, as características da proteção efetivamente instalada, bem como os valores históricos apurados para os indicadores.” Um encadeamento substancial de fatores de influência extremamente benéficos aos objetivos propostos para atendimento ao requisito Carga. Desta maneira, no estabelecimento da correspondência necessária para o atendimento a esse requisito, apuram-se esses indicadores para os pontos de controle dos agentes, identificando-se a localização destes pontos em relação aos critérios ditos do ONS. Procede-se então à verificação da observabilidade no ponto de controle, dos níveis de não- observabilidade, da profundidade, bem como do nível de tensão do ponto de controle avaliado, similarmente às análises realizadas para DEC e FEC. Possibilita-se, desta forma, a criação dos seguintes indicadores: a) Ponto de Controle por Observabilidade b) Ponto de Controle por Nível c) Ponto de Controle por Profundidade d) Ponto de Controle por Nível de Tensão 147 Capítulo 5 - Recomendações para Localização de PMU Verifica-se também muito positiva a adoção do indicador Ponto de Controle, pois ele manifesta uma integração entre o requisito Carga e o requisito Ativos de Geração e Transmissão inserido na rede básica. 5.7.3 Critérios para atendimento ao requisito Ativos de Geração e Transmissão Para estabelecerem-se critérios que compatibilizem os interesses dos agentes em relação aos seus ativos com as estruturas formalizadas pelo ONS para prover um SMFS por etapas no SIN, torna-se fundamental a avaliação das necessidades individuais, o atendimento conjunto dessas necessidades e das perspectivas futuras quanto a novas demandas. Neste sentido foram elencadas neste capítulo as necessidades dos agentes que juntamente com as diretrizes do ONS fornecem mecanismos de priorização de implantação de PMU no sistema. Avaliadas pormenorizadamente as necessidades dos agentes e as possibilidades de atendimento por PMU destas expectativas, relata-se dentre outros também importantes, os seguintes quesitos a serem incorporados nos Critérios Cruzados como parcela dos agentes: a) Valor Pagamento Base (PB) Ativo Sua relevância para compor esses critérios se demonstra na composição de seus valores para a formação da receita dos agentes de transmissão através da RAP e avaliada conforme as regras de apuração e contabilização da Parcela Variável. Verifica-se que ativos de PB elevado são de desempenho criteriosamente acompanhado pelos agentes através de metodologias de eficiência operacional. Percebe-se que a indisponibilidade de ativos representa diversidade de valores de desconto de PV através de regras pré-estabelecidas em combinação aos quesitos tempo e valor de PB basicamente. Os ativos identificados como linhas de transmissão, transformadores, reatores, 148 Capítulo 5 - Recomendações para Localização de PMU capacitores, compensadores síncronos e estáticos, dentre outros, são remunerados aos agentes por sua disponibilidade sistêmica. b) Tempo de Assistência Para compor a parcela dos Critérios Cruzados, o fator relevância a este quesito diz respeito à sua enorme importância na mensuração do desconto financeiro por indisponibilidade dos ativos de transmissão e geração. Com a mola propulsora de eficiência operacional implantada, a necessidade de desassistência física de instalações já é realidade para muitos agentes. No entanto, para que seja pleno este processo, com menores riscos de indisponibilidade de ativos dos agentes, bem como restabelecimento confiável de cargas e melhor segurança operativa, inevitavelmente se passa por melhoria de processos de automação e teleassistência, especialmente um telecontrole eficiente. Nesta demanda de diminuição de custos de manutenção e operação e melhoria da eficiência operacional verifica-se grande oportunidade para a implementação de novas ferramentas de controle que agreguem maior visibilidade dos ativos para os agentes, diminuindo-se os riscos de sua indisponibilidade, e ainda melhorando o tempo de restabelecimento previsto. Sabe-se que quando acontece uma ocorrência em uma subestação teleassistida de grande porte no SIN, alguns riscos são previstos de acontecer, mas, mesmo assim podem causar grandes danos aos aspectos de disponibilidade de ativos e no restabelecimento de cargas envolvidas. A questão de tempo de assistência é muito importante e de difícil estabelecimento de critérios únicos, pois se verifica que cada agente detém uma estratégia para possibilitar diminuir esses períodos. Numa situação em que um relé de bloqueio é operado numa estação, por exemplo, torna-se necessário o acionamento de pessoal para realizar inspeção nos equipamentos desinterligados do sistema, visando seu restabelecimento ou isolamento. Dependendo do local onde se encontra essa estação e da base de apoio operacional para o seu atendimento, horas podem se passar até que se 149 Capítulo 5 - Recomendações para Localização de PMU realizem as inspeções e avaliem-se a disponibilidade ou não dos ativos envolvidos. Esse tempo é dinheiro para os agentes, pois multiplica-se seu valor pelos valores de PB dos ativos indisponibilizados, conforme critérios específicos. Períodos longos de indisponibilidade de ativos de valores elevados de PB são os piores pesadelos para os agentes do sistema. Diante desta situação, verificam-se os benefícios da utilização de PMU de forma a prover observabilidade aos ativos mais importantes de cada agente, possibilitando utilizarem-se melhores ferramentas de controle para melhoria da operação e diminuição dos possíveis tempos de indisponibilidades dos seus ativos. Os Critérios Cruzados proporcionam verificação de como os ativos dos agentes estão sendo vistos pelo SMFS do ONS. Neste sentido, na visão dos agentes, deve-se priorizar a observabilidade por PMU de ativos de valor elevado de PB de forma a possibilitar a diminuição dos tempos de indisponibilidade. Nesta situação verifica-se a complementaridade dos valores de PB dos ativos com o tempo de assistência. A observabilidade dos ativos por PMU insere-se em um conjunto de prevenção de indisponibilidade de ativos que proporciona a implementação de ferramentas que viabilizem um restabelecimento mais ágil desses ativos. c) Valor Mecanismo de Redução de Energia Assegurada (MRA) Sua relevância para os agentes de geração assemelha-se à da PV para os agentes de transmissão. Os agentes de geração recebem por “disponibilidade” de energia gerada, bem como por serviços ancilares de energia reativa por utilização dessas unidades como geradores síncronos. Neste contexto, a apuração de períodos dessas unidades indisponíveis para esses intentos constituem-se em prejuízos a estes agentes. Existe também uma regulamentação extensa com o propósito da adequação de regras a serem seguidas pelos agentes, com apuração e contabilização pelo ONS. 150 Capítulo 5 - Recomendações para Localização de PMU d) Teleassistência Completa Quando se fala em teleassistência completa refere-se à condição de telecontrole aos ativos de maior relevância para os agentes. Nesta relevância, busca-se não somente o atendimento às questões financeiras de disponibilidade como também a importância implícita do ativo no contexto onde se situa e também na potenciação dos prejuízos relativos ao não atendimento de cargas contratadas pelos Clientes. Para a realização plena do processo de desassistência de instalações relevantes, cuja soma de seus ativos constituem impacto substancial nas receitas dos agentes, espera-se que o telecontrole dos ativos seja completo de forma a viabilizar a operação remota pelos centros de operação. Nesta visão, os agentes devem prover tais recursos para teleassistência, na medida em que buscam a eficiência operacional e um mínimo de segurança operacional com controle dos riscos de indisponibilidade de ativos relevantes de seu patrimônio. Diante da apresentação das escolhas efetuadas para comporem as parcelas que constituem os Critérios Cruzados, configura-se abaixo uma proposta para acompanhamento de atendimento ao requisito Ativos de Geração e Transmissão, conforme a Tabela 5.4. Tabela 5.4 – Critérios Cruzados para atendimento ao requisito Ativos de Geração e Transmissão Critérios Cruzados Valor PB Ativo Tempo para assistência Valor MRA Teleassistência Completa Observabilidade Nível Profundidade Nivel de tensão Valor PB Ativo por Observabilidade Tempo para assistência por Observabilidade Valor MRA por Observabilidade Valor PB Ativo por Nível Tempo para assistência por Nível Valor PB Ativo por Profundidade Tempo para assistência por Profundidade Valor MRA por Profundidade Valor PB Ativo por Nível de tensão Tempo para assistência por Nível de tensão Valor MRA por Nível de tensão Teleassistência Completa por Profundidade Teleassistência Completa por Nível de tensão Teleassistência Completa por Observabilidade Valor MRA por Nível Teleassistência Completa por Nível Em relação à parcela de interesse do Valor PB Ativo para a composição dos Critérios Cruzados obteve-se os seguintes critérios para verificação de 151 Capítulo 5 - Recomendações para Localização de PMU localização de PMU no SIN para atendimento ao requisito Ativos de Geração e Transmissão: a) Valor PB Ativo por Observabilidade Este indicador visa apurar se existe observabilidade em relação aos ativos dos agentes que possuem maiores valores de PB. Neste sentido verifica-se sua importância, pois informa se existe uma abrangência do SMFS sobre as receitas mais importantes dos agentes. Conforme as listas de instalação de PMU elaboradas pelo ONS para a implantação em uma ou duas etapas, verifica-se se existe essa abrangência no próprio local do ativo ou em barras adjacentes. b) Valor PB Ativo por Nível Da mesma forma, a caracterização de nível para os ativos mais importantes para os agentes em relação ao PB dão a dimensão do contexto de localização do ativo no sistema. O nível máximo de não-observabilidade em um conjunto equivale à profundidade máxima encontrada a partir das barras que compõem tal conjunto. Este indicador deve ser analisado juntamente com os demais referentes à parcela Valor PB Ativo de forma a se ter visibilidade do ativo de forma ampla, com verificação de possíveis ações para melhorar sua visibilidade pelas PMU próximas. c) Valor PB Ativo por Profundidade Numa visão mais ampla considera-se que a profundidade representa a condição de se limitar um número mínimo de PMU no sistema. Isto porque conduz a análises e simulações de números definidos em todo o sistema, ou seja, deseja-se um número X de profundidade em todo o sistema. Desta forma verifica-se que esse indicador estabelece uma condição de análise da localização do ativo no sistema em relação à distância mínima que ele está de uma PMU. Essa condição é importante para a realização de análises de custobenefício da implantação de PMU por parte do próprio agente de forma a 152 Capítulo 5 - Recomendações para Localização de PMU prover observabilidade ao seu ativo de maior valor de PB, ou seja, de maior receita. Acredita-se que a profundidade seja um dos parâmetros mais importantes para avaliações neste sentido. d) Valor PB Ativo por Nível de Tensão Normalmente os valores de PB são mais elevados na medida em que o nível de tensão vai aumentando. Desta forma, provavelmente os ativos mais “lucrativos” dos agentes se apresenta em faixas maiores de tensão. No entanto, como existem agentes com ativos em um ou vários níveis de tensão, cabe a cada agente uma análise particular em relação a esse fato. Em relação à parcela de interesse do Tempo para Assistência para a composição dos Critérios Cruzados obteve-se os seguintes critérios para verificação de localização de PMU no SIN para atendimento ao requisito Ativos de Geração e Transmissão: a) Tempo para Assistência por Observabilidade Procede-se à avaliação de observabilidade para as barras que interligam os ativos de maior interesse para os agentes. Os tempos para assistência verificam situações críticas dos agentes de geração e transmissão, pois consideram as instalações desassistidas e com tempos somados de acionamento, deslocamento, identificação de problemas, inspeções locais e restabelecimento dos ativos ou seu devido isolamento do sistema. Pode-se mensurar esses tempos conforme as metodologias de cada agente. Verifica-se a observabilidade através da localização de PMU na própria barra ou em barras adjacentes. Essa condição permite se utilizar os benefícios da tecnologia fasorial no contexto de melhoria operativa dessas unidades, prevenindo-se as indisponibilidades e facilitando suas interligações ao sistema. A condição mais crítica para um agente é possuir ativos de maior interesse em instalações teleassistidas de forma parcial, não observável do ponto de vista de PMU e com tempo para assistência muito elevado. 153 Capítulo 5 - Recomendações para Localização de PMU b) Tempo para Assistência por Nível A partir do momento em que as duas parcelas que compõem esse Critério Cruzado são mensuráveis, pode-se dizer que quanto maior o valor do produto desses valores pior será a avaliação da barra que conecta o ativo de maior interesse do agente. Isto pode ser evidenciado a partir do momento em que o tempo para assistência elevado é desfavorável da mesma forma que o nível elevado, analisados separadamente. c) Tempo para Assistência por Profundidade Para a análise deste indicador verifica-se que um tempo de assistência elevado em uma profundidade de barra do ativo também elevada consiste em uma situação desfavorável para o agente, quer seja de geração ou de transmissão. A partir do momento em que se diminui o valor das parcelas desse Critério Cruzado uma melhoria se instala na visão do agente diante de um ativo importante. Como as medidas de profundidade ditam a questão de um número mínimo de PMU em um sistema, os agentes devem avaliar as condições de seus ativos importantes, verificando-se os custos envolvidos para que se minimizem os impactos deste indicador. d) Tempo para Assistência por Nível de Tensão Como a desassistência é um processo que engloba instalações e não somente determinados ativos ou níveis de tensão verifica-se que todos os ativos da instalação estão sujeitos aos riscos identificados por esta desassistência física. O que se pode dizer é que quanto maior o nível de tensão da instalação e o tempo para a sua assistência, pior se dará a apuração deste indicador, pois em tensões mais elevadas estão em grande parte os ativos mais importantes. Os impactos dos valores elevados de tempo de assistência podem ser minorizados a partir de um eficiente telecontrole com respectiva teleassistência. Além disso, a empregabilidade de ferramentas de controle por SMFS tendem a auxiliar na diminuição dos riscos mais críticos à indisponibilidade dos ativos. 154 Capítulo 5 - Recomendações para Localização de PMU Em relação à parcela de interesse do Valor MRA para a composição dos Critérios Cruzados obteve-se os seguintes critérios para verificação de localização de PMU no SIN para atendimento ao requisito Ativos de Geração e Transmissão: a) Valor MRA por Observabilidade Procede-se à avaliação de observabilidade para as barras que conectam as unidades geradoras ao SIN. Verifica-se sua observabilidade através da localização de PMU na própria barra ou em barras adjacentes. Essa condição permite se utilizar os benefícios da tecnologia fasorial no contexto de melhoria operativa dessas unidades, prevenindo-se suas indisponibilidades e facilitando suas interligações ao sistema. b) Valor MRA por Nível Essa análise se assemelha àquela realizada para o indicador Valor PB Ativo por Nível. c) Valor MRA por Profundidade Essa análise se assemelha àquela realizada para o indicador Valor PB Ativo por Profundidade. d) Valor MRA por Nível de Tensão Essa análise se assemelha àquela realizada para o indicador Valor PB Ativo por Nível de Tensão. Em relação à parcela de interesse da Teleassistência Completa para a composição dos Critérios Cruzados obteve-se os seguintes critérios para verificação de localização de PMU no SIN para atendimento ao requisito Ativos de Geração e Transmissão: 155 Capítulo 5 - Recomendações para Localização de PMU a) Teleassistência Completa por Observabilidade Este indicador verifica a condição de teleassistência completa para os ativos mais importantes dos agentes, quer seja por seu interesse no atendimento aos seus Clientes, quer seja pelos valores de PB ou MRA recebidos por sua disponibilidade no sistema. Neste sentido, a condição de telecontrole ao ativo em questão é avaliada de forma a se garantir observabilidade em ações de teleassistência. b) Teleassistência Completa por Nível Em instalações desassistidas, a teleassistência completa representa quase que uma obrigatoriedade. Nessas situações mais críticas visualiza-se que a teleassistência a ativos importantes do agente deve representar níveis baixos de não-observabilidade por PMU que, em caso ideal, devem ser observáveis e, portanto de níveis 0 ou 1. c) Teleassistência Completa por Profundidade Visa apurar se a partir de uma teleassistência completa aos ativos de maior importância para um agente, qual a real situação da mesma em relação à profundidade de não-observabilidade. Neste sentido, espera-se que a barra que interliga um ativo importante possa estar com um nível baixo de profundidade (quanto mais baixo melhor) para que possa integrar ganhos a partir de utilização de PMU. Até porque, um custo de implementação de teleassistência completa deve ter em contra partida uma melhor profundidade, de preferência com localização de PMU que atenda da melhor forma a observabilidade desses ativos. As adaptações nos sistemas de controle, telecomunicações e dados devem ser aferidos de forma a se proporcionarem condições de instalação de PMU, garantindo sua melhor condição de operação nos locais que atendam as necessidades de importância operativa e econômico-financeira. 156 Capítulo 5 - Recomendações para Localização de PMU d) Teleassistência Completa por Nível de Tensão Em uma análise dos ativos mais importantes de um agente, observa-se normalmente a implementação de telecontrole aos ativos de níveis de tensão mais elevados para lhes proporcionar teleassistência. Esta análise também se assemelha às demais verificadas para avaliações de nível de nãoobservabilidade. Após a apresentação dos Critérios Cruzados para o atendimento ao requisito Ativos de Geração e Transmissão ilustra-se a aplicabilidade da metodologia a partir dos estudos verificados na instrução normativa denominada de CD-CT.BR.01 – Instalações e Equipamentos Estratégicos do Sistema Interligado Nacional [ONS-11]. Em seu item Considerações Gerais verifica-se: a) “Cada agente legalmente responsável por instalações e linhas de transmissão perante a Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL deve conhecer a relação de instalações e linhas de transmissão classificadas como estratégicas e definidas neste Cadastro de Informações Operacionais”. b) “Instalações e linhas de transmissão classificadas como estratégicas tem tratamento especial, e em função disso, tem acompanhamento diferenciado de manutenção e cuidados especiais na sua operação”. c) “O Sistema de Acompanhamento de Manutenção (SAM) foi desenvolvido para acompanhar, através de indicadores, o desempenho das unidades geradoras, transformadores, reatores, compensadores síncronos, compensadores estáticos e das linhas de transmissão, que estejam classificadas como estratégicas”. d) “A sistemática de manutenção preventiva, os planos de contingência para atendimento em emergência e as atividades mínimas de manutenção previstas para as linhas de transmissão e equipamentos de instalações consideradas estratégicas, são descritas no submódulo 16.2 – Acompanhamento de Manutenção de Equipamentos e Linhas de Transmissão, dos Procedimentos de Rede”. 157 Capítulo 5 - Recomendações para Localização de PMU De forma a conflitar essa norma operativa com a realidade do método proposto, bem como possibilitar uma mostra prática de aplicação a ativos de agentes, analisa-se o contexto da norma de Instalações e Equipamentos Estratégicos em referência à sua aplicabilidade nos ativos da CEMIG Geração e Transmissão S.A., indicando-se o caminho a seguir nesta análise. A forma de verificação desta norma será de se identificar os ativos da CEMIG que se caracterizam como estratégicos para o SIN. A partir desta identificação o caminho de viabilidade de análise é proposto visando avaliar se tais ativos são contemplados na observabilidade de PMU a serem implementadas neste sistema. Esta avaliação, no entanto, é demasiadamente complexa e extrapola os objetivos iniciais propostos não sendo por isto avaliada e sim encaminhada. Neste documento avaliado existe uma relação de instalações e de linhas de transmissão consideradas estratégicas. As instalações do SIN classificadas como estratégicas são apresentadas a seguir, em função da repercussão de seu desligamento. Neste sentido realiza-se um filtro somente dos ativos da CEMIG que compõem tais requisitos. • Repercussão Regional Instalações que, se submetidas a desligamentos forçados, acarretam impacto sistêmico, afetando a malha principal de transmissão (765kV, 500kV, 440kV, 345 kV e 600kVcc) com repercussão em uma ou mais regiões geográficas. Região Sudeste – Instalações CEMIG Emborcação, Jaguara, São Simão. 158 Capítulo 5 - Recomendações para Localização de PMU Localização de PMU prevista A análise a ser empreendida é de se verificar a condição das barras que compõem as estações mencionadas do ponto de vista da observabilidade por PMU através dos estudos empreendidos pelo ONS. Verificam-se as barras de Emborcação, Jaguara e São Simão. • Repercussão em Estados Instalações que, se submetidas a desligamentos forçados, acarretam impacto sistêmico com repercussão em um ou mais estados. CEMIG não possui. • Repercussão em Capitais Instalações que, se submetidas a desligamentos forçados, acarretam impacto em capital de estado. Região Sudeste – Instalações CEMIG Bom Despacho 3 e Neves 1. Localização de PMU prevista A análise a ser empreendida é de se verificar a condição das barras que compõem as estações mencionadas do ponto de vista da observabilidade por PMU através dos estudos empreendidos pelo ONS. Verificam-se as barras de Bom Despacho 3 e Neves 1. • Repercussão em Polos Industriais Instalações que, se submetidas a desligamentos forçados, acarretam impacto em polos industriais. Ipatinga 2 e Mesquita. Localização de PMU prevista 159 Capítulo 5 - Recomendações para Localização de PMU A análise a ser empreendida é de se verificar a condição das barras que compõem as estações mencionadas do ponto de vista da observabilidade por PMU através dos estudos empreendidos pelo ONS. Verificam-se as barras de Ipatinga 2 e Mesquita. • Repercussão em Corredores de Recomposição Fluente Instalações que, se submetidas a desligamentos forçados, acarretam impacto em corredores de recomposição fluente. Região Sudeste – Instalações CEMIG Barreiro 1, Itajubá 3, Itutinga CEMIG, Nova Ponte, Pimenta, São Gonçalo do Pará, São Gotardo 2, Taquaril, Três Marias e Volta Grande. Localização de PMU previstas A análise a ser empreendida é de se verificar a condição das barras que compõem as estações mencionadas do ponto de vista da observabilidade por PMU através dos estudos empreendidos pelo ONS. Verificam-se as barras de Barreiro 1, Itajubá 3, Itutinga CEMIG, Nova Ponte, Pimenta, São Gonçalo do Pará, São Gotardo 2, Taquaril, Três Marias e Volta Grande. 160 Capítulo 5 - Recomendações para Localização de PMU • Linhas de Transmissão Estratégicas Para a CEMIG, listam-se as linhas estratégicas conforme a Tabela 5.5. Tabela 5.5 – Linhas de Transmissão da Região Sudeste – CEMIG [ONS-11] LT LT LT LT LT LT LT LT LT LT LT LT LT LT LT 345 KV BARREIRO /PIMENTA C-1 345 KV BARREIRO /TAQUARIL C-1 345 KV JAGUARA-US /L.C.BARRETO C-1 345 KV JAGUARA-US /PIMENTA C-1 345 KV JAGUARA-US /PIMENTA C-2 345 KV JAGUARA-US /VOLTA GRANDE C-1 345 KV PIMENTA /TAQUARIL C-1 345 KV SAO GOTARDO 2/TRES MARIAS C-1 500 KV B.DESPACHO 3 /NEVES 1 C-1 500 KV B.DESPACHO 3 /NEVES 1 C-2 500 KV B.DESPACHO 3 /SAO GOTARDO 2 C-1 500 KV EMBORCACAO /NOVA PONTE C-1 500 KV EMBORCACAO /SAO GOTARDO 2 C-1 500 KV JAGUARA-SE /NOVA PONTE C-1 500 KV SAO SIMAO-SE /AGUA VERMELHA C-1 Localização de PMU prevista A análise a ser realizada é de se verificar a condição das barras que compõem as estações mencionadas do ponto de vista da observabilidade por PMU através dos estudos empreendidos pelo ONS. Verificam-se as barras de 500kV em Barreiro 1, UH Jaguara, Pimenta, São Gotardo 2, Taquaril, Três Marias e Volta Grande.Também se verificam as barras de 345kV em Bom Despacho 3, Neves 1, São Gotardo 2, Emborcação, Nova Ponte, Jaguara – SE e São Simão – SE. 161 Capítulo 5 - Recomendações para Localização de PMU 5.8 Recomendações e sugestões para localização de PMU pelos agentes Os agentes de transmissão ou geração devem: a) Inicialmente listar seus ativos com seus respectivos PB, MRA e levantamentos de natureza estratégica que envolvem cada equipamento e estação. Fazer levantamento percentual da indisponibilidade que cada ativo representa em sua receita mensal. b) Verificar se pelas atuais propostas de implantação de PMU no SIN, através da implementação desses equipamentos por etapas, como estão atendidos esses ativos em termos de observabilidade sistêmica. O maior interesse refere-se à possibilidade de que somente com a atual proposta do ONS já se obtenha observabilidade para a maioria de seus ativos. Seria uma condição ótima de custo-benefício, além de atender ao número quase mínimo de posições destes equipamentos em relação aos seus ativos. Desta forma, os agentes devem se aproveitar dos estudos do ONS para prever, planejar, definir e implantar PMU em estações de seu interesse. c) É premissa que os ativos de maior impacto, ou seja, com maior PB e MRA sejam prioritários nos critérios de observabilidade a serem utilizados. Observa-se desta forma como está a observabilidade proposta pelo ONS na versão sistêmica em relação à importância do valor do ativo para o agente. Áreas ou estações em que os ativos de maior valor de ressarcimento financeiro por disponibilidade se localizam devem ser cobertas pelos critérios de observabilidade sistêmica. d) A metodologia a ser empregada na determinação de possíveis barras a serem posicionadas as PMU de seu interesse deve principalmente prover o agente de conhecimento de processos, para que possa analisar sua condição no sistema, verificando se suas maiores necessidades 162 Capítulo 5 - Recomendações para Localização de PMU estão sendo atendidas nos projetos em andamento, e em que grau se estabelece esse atendimento. e) A profundidade da não-observabilidade é um método de controle para conduzir a igual distribuição do número limitado de PMU pelo sistema, de modo a maximizar a área que se beneficia da existência das PMU. Desta forma quanto maior a profundidade, mais distante uma barra está de uma PMU, e consequentemente, menores os benefícios obtidos a partir das medições das PMU [KEMA-07b]. f) Quando uma PMU está instalada em um nó com mais linhas conectadas, mais nós podem ser medidos ou observados. Esta estratégia permite que mais nós se beneficiem das medições de PMU. O número de nós observáveis por determinada disposição de PMU serve como requisito secundário na decisão da ordem de instalação das PMU, de modo a maximizar a melhoria de desempenho do estimador de estado em cada etapa da expansão [KEMA-07b]. 5.9 Conclusões Finais As análises que foram realizadas seguem em uma percepção de que existem formas de se apurarem e quantificarem, mesmo que de forma subjetiva, os impactos da utilização de uma nova tecnologia em um processo. Verifica-se que por mais complexo que possam ser as tratativas para se identificar os impactos de novas metodologias, compreende-se que não se pode deixar de buscar algo novo, algo que realmente possa abrir portas e possibilitar abordagens diferenciadas. Os estudos realizados para se visualizarem a criação de critérios para a localização de PMU por parte dos agentes balizam-se em contextos e regras iniciais conhecidas como os Procedimentos de Rede e as Macrofunções 163 Capítulo 5 - Recomendações para Localização de PMU Finalísticas. No entanto, a forma de se utilizarem tais regras ainda não havia sido proposta. Pelos estudos realizados verificou-se que existe uma ampla possibilidade de se encontrarem novas metodologias e mesmo outros critérios nesta metodologia que se adaptem de melhor forma às necessidades particulares dos agentes. 164 Capítulo 6 – Conclusões e Propostas de Continuidade 6 CONCLUSÕES CONTINUIDADE E PROPOSTAS DE A intenção maior no decurso da dissertação é apresentar opções de metodologias para possibilitar recursos de análise para os agentes de geração e transmissão referentes à localização de PMU no SIN. Assim sendo, a abordagem proposta permitiu adequar a teoria de fasores sincronizados às perspectivas futuras de utilização da tecnologia de sistemas de medição fasorial aplicada a SEE, em detalhe o sistema nacional. Sabe-se hoje que a filosofia de fasores sincronizados já possibilita rever processos e métodos que há muito existiam e se apresentavam estáticos, sem tendência de serem alterados diante da tecnologia aplicada. Muito ainda há por vir pelo desencadeamento de novas metodologias e testes de empregabilidade cada dia mais acessíveis e de mais fácil aplicação. Desta forma, em termos da experiência em Centros de Operação de Sistemas, podem-se relatar algumas considerações[Freitas-07]: • No processo de telemedição e aquisição de dados ainda se verá por algum tempo o paralelo de tecnologias, com a utilização das atuais remotas juntamente com as PMU e relés com a função de medição fasorial. Isto vai se dever principalmente ao processo gradativo de substituição do parque tecnológico implantado, com migração a partir de análises bem definidas de custo x benefício de implantação em cada ponto do sistema, bem como de sua relevância. • No tempo real, deve-se ter muito cuidado na afirmação de aplicações da nova tecnologia de SMFS para os operadores, pois quando de situações em que houver a necessidade de aplicação 165 Capítulo 6 – Conclusões e Propostas de Continuidade para tomada de decisões, não se poderá abrir mão de agilidade e segurança, e para isto deverá se ter simplicidade de metodologias e pleno conhecimento de ferramentas. Pode-se observar que muitos pesquisadores entusiastas de tecnologias e suas virtuais aplicações, nem sempre são práticos a ponto de reconhecerem que até que haja a absorção do que pode ser modificado com segurança na operação dos SEE, muito terá de ser adaptado para se possibilitar ganhos operativos confiáveis. • Nas análises pós-operativas que avaliam tanto a parte sistêmica, quanto a atuação de proteções, visualizam-se melhorias, que só serão efetivas à medida que se tiver uma maior quantidade de medições sincronizadas instaladas. A dualidade tecnológica vai implicar maior treinamento do pessoal envolvido, e muitas vezes análises operativas envolvendo os benefícios da nova filosofia conjuntamente com o trivial já disponível. • As estimativas de comportamento da carga também poderão sofrer modificações a partir da implantação de SMFS. Haverá uma melhor perspectiva de estimação de cargas através do melhor aproveitamento da capacidade de transmissão de energia nas LT, possibilitando diminuição das situações de cortes de carga nos SEE. Com as informações sincronizadas de corrente e tensão em barras críticas, pelo menos, a previsibilidade temporal das oscilações de cargas poderão ser além de mais precisas, serem de intervalos mais próximos e até quem sabe se aproximando ao tempo real. • Em relação às programações de intervenções, tanto programadas previamente, quanto em tempo real, a visibilidade do sistema será maior, possibilitando confrontar estudos prévios preliminares e de condição para as manobras a realizar com as informações precisas das condições atuais do sistema. As condições de segurança operativa serão maiores nesse caso a 166 Capítulo 6 – Conclusões e Propostas de Continuidade partir da melhoria da observabilidade e das tendências operacionais do momento. • As áreas normativas, pré-operativas em sua função, normalmente subsidiadas pelos estudos provenientes de áreas de planejamento de sistemas elétricos terão ajustes mais eficientes nas pré-condições de desligamentos do sistema, com melhoria da visualização do perfil da carga e da tensão na região a ser isolada. Os esquemas de emergência ECE serão mais eficientes a partir do momento em que a disponibilização de informações on-line no sistema possibilitarem ajustes mais finos em sua operação. Com a maior utilização das novas ferramentas desenvolvidas a partir da possibilidade de utilização de fasores sincronizados, a experimentação nos levará a rever e otimizar todas as instruções operativas em vigência, tendo-se o cuidado de se acompanhar, passo a passo, as alterações e implementações de SMFS em cada ponto do sistema. Esse cuidado deverá ser acompanhado de várias medidas que proporcionem a continuidade, a confiabilidade e ainda avançar gradativamente aos plenos benefícios que ora se apresentam possíveis com o sincronismo de medições. • Os atuais sistemas de controle baseados em Sistemas SCADA também sofrerão modificações severas, no entanto, gradativas para que se incorporem de forma mais natural possível nas rotinas operacionais em andamento. Os novos sistemas a serem implantados poderão correr em paralelo até estarem devidamente testados e aptos a substituírem os atuais. Estes sistemas deverão ser mais flexíveis operacionalmente, podendo ser alterados ou modificados com maior facilidade para que possam absorver as mudanças que se justificarem ao longo do processo de implementação. 167 Capítulo 6 – Conclusões e Propostas de Continuidade • Em relação aos estimadores de estado, por exemplo, existem vários problemas em aberto que necessitam de esforços adicionais de pesquisa [Costa-05], a saber: - Adaptar programas existentes de Análise Topológica de Observabilidade para propiciar o processamento de um número limitado de medições sincronizadas de fase das tensões nas barras. - Adaptar programas com respeito a aplicativos existentes de Estimação de Estados. - Avaliar as vantagens proporcionadas pelas medições de fase em termos de redução de ocorrência de medidas e conjuntos críticos. - Similarmente, adaptar programas de Análise Numérica de Observabilidade de modo que passem a considerar medições de fase de tensões sincronizadas. A dualidade tecnológica apesar de ser parte de toda transformação e mudança de referência para melhoria de qualquer processo deverá ser encarada com muita seriedade e critério, pois pode empreender situações até de maior risco do que com o emprego das tecnologias hoje utilizadas. Nos sistemas elétricos, os riscos estão sempre presentes e sempre se terá a missão de detectá-los e tentar minimizá-los de acordo com critérios técnicos estabelecidos. Uma abordagem errada dos riscos levará a critérios que não cercam todas as possibilidades e por isso podem tornar o SEE mais vulnerável. Desta forma, a entrada em operação de SMFS deve merecer cuidados e cautela em todas as fases de implementação e no decorrer de um período experimental até total domínio da versatilidade possível com essas informações e do acompanhamento de sua eficácia operacional. 168 Capítulo 6 – Conclusões e Propostas de Continuidade Percebe-se que as ações do ONS no intuito de se estruturar e implementar SMFS no Brasil se apresentam em muito bom senso e utilizandose de critérios acordados e amplamente debatidos entre os integrantes do SIN. A escolha da consultoria de experiência internacional vislumbra uma perspectiva maior de acerto nas medidas e decisões iniciais que são de enorme importância. Existe um planejamento apurado e o acompanhamento das ações é transparente e realizado por equipes qualificadas para interpor novas demandas e ações que se justificarem convenientes para o momento. O SMFS a ser implantado no SIN configura um marco na evolução tecnológica do sistema elétrico nacional e um grande desafio diante das inúmeras dificuldades que se apresentam atualmente. Os projetos em andamento pelo ONS procuram compatibilizar os anseios de aplicabilidade de ferramentas de elevado grau tecnológico com as dificuldades de compatibilização das tecnologias já implantadas. Além disso, os custos envolvidos ainda são considerados altos diante das incertezas de efetivas melhorias nos processos durante uma transição gradativa que se apresenta. A dissertação procura mostrar através de seus capítulos os conceitos relativos e necessários para uma assimilação de conteúdo, bem como apresentar uma tradução implícita de processos envolvidos e de necessidades dos integrantes do SIN referentes à instalação de PMU. Foi realizada uma explanação em níveis evolutivos, buscando-se apresentar a metodologia utilizada pelo ONS para a localização de PMU no SIN. A partir do entendimento destas filosofias, aspectos importantes para os demais integrantes do SIN foram evidenciados, constatando-se que o atendimento aos requisitos sistêmicos é incondicionalmente útil a todos os agentes desse sistema. As aplicabilidades que se visualizam a partir da introdução de PMU no sistema serão possíveis a partir de uma gradativa implementação destas unidades em pontos potencialmente identificados. Desta forma, a condição primordial para atendimento pleno das perspectivas de utilização de tal 169 Capítulo 6 – Conclusões e Propostas de Continuidade tecnologia refere-se à correta localização destes equipamentos na malha sistêmica, compatibilizando-se a relação custo-benefício em sua plenitude. Verifica-se que as tratativas realizadas para o encaminhamento de propostas de critérios de localização de PMU para os agentes referem-se ao contexto de observabilidade por PMU no sistema. Desta forma existe benefício da introdução desta tecnologia em seus potenciais usos em todos os processos, pois a observabilidade atualmente verificada compreende sistemas SCADA. Há entendimento de que o alcance de benefícios com a implantação de um SMFS será conseguido através de um maior número de PMU instaladas em pontos rigorosamente definidos. Unindo-se as análises efetuadas pelo ONS para a instalação do melhor ponto, potencialmente relativo às unidades já instaladas no sistema, com as necessidades de observabilidade do foco do agente, espera-se que haja uma convergência de interesses que proporcione equilíbrio na definição de possíveis pontos extras no sistema. As metodologias empregadas para a obtenção de critérios para a localização de PMU pode ser utilizada para outros fins, dada sua natureza de processo empregada. Os Procedimentos de Rede, as Macrofunções Finalísticas e os Critérios Cruzados foram utilizados como metodologias de ampla aplicabilidade, pois possuem parâmetros de enquadramento formal a rotinas utilizadas nos processos do SIN. Desta forma, aproveitam-se as experiências de todos os componentes do SIN com procedimentos de conhecimento amplo e facilidade de integração entre processos já bem conhecidos e fundamentados. A principal contribuição da dissertação é a elaboração de uma metodologia que contempla diversos interesses na aplicabilidade de PMU no SIN. Há um equilíbrio entre as necessidades e os interesses no atendimento aos requisitos identificados como sistêmicos, ativos de geração e transmissão e carga. Além disto, verifica-se que na busca pela melhor quantificação de resultados operacionais e sinergia, os agentes devem se aprofundar nas 170 Capítulo 6 – Conclusões e Propostas de Continuidade análises de possíveis melhorias advindas pela introdução de novas tecnologias. Neste intento, devem-se buscar novas ferramentas adequadas para a verificação destas possibilidades. O aprofundamento na legislação vigente do setor elétrico nacional deve ser prioritário para a determinação dos impactos a serem considerados nos estudos de implantação de novas tecnologias e de retorno de investimentos. Espera-se que as metodologias empregadas possam ser utilizadas para outros fins, com percepção de suas reais abrangências em processos correlatos ao SIN. A principal expectativa para continuidade do trabalho é o desenvolvimento de ações sistemáticas por parte dos agentes de forma a verificarem se existe observabilidade de seus ativos na estruturação do plano de implementação de PMU no sistema brasileiro. Sempre é bom enfatizar que é necessária uma maior conscientização em relação às transformações no SIN a partir da introdução de um SMFS. A utilização de ferramentas e critérios de localização de PMU no território nacional depende dos investimentos de instalação destas unidades e da quantidade ótima posicionada em pontos estrategicamente identificados. Espera-se que com esta metodologia, se consiga auxiliar os agentes a definir a localização das PMU diante da necessidade de se obter melhor visibilidade de seus ativos mais rentáveis. A melhoria da aplicação dos critérios utilizados é também uma expectativa de continuidade deste trabalho, pois a partir de mudanças na legislação do setor elétrico ou nos processos operativos de cada agente, novas atualizações devem ser realizadas na metodologia aplicada. 171 Referências Bibliográficas REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [Andrade-08] Andrade, S.R.C., “Sistemas de Medição Fasorial Sincronizada – Aplicações para Melhoria da Operação de Sistemas Elétricos de Potência”, Dissertação de Mestrado, LRC/PPGEE/UFMG- Universidade Federal de Minas Gerais – 2008. 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compartilhado de instalações. • Contrato de Compra e Venda de Energia – CCVE: Contrato de negociação de energia elétrica entre os agentes de geração, de distribuição, de comercialização, os consumidores livres e potencialmente livres. • Contrato de Conexão ao Sistema de Distribuição – CCD: Contrato celebrado entre os usuários da rede de distribuição ou das DIT e, os agentes de distribuição, no qual são estabelecidos os termos e condições para a conexão desses usuários. • Contrato de Conexão ao Sistema de Transmissão – CCT: Contrato que estabelece os termos e condições para a conexão das instalações do acessante às instalações da concessionária de transmissão. • Contrato de Constituição de Garantia – CCG: Contrato firmado entre um usuário, o ONS e as concessionárias de transmissão, representadas pelo ONS, para garantir o recebimento dos valores devidos pelo usuário às concessionárias de transmissão e ao ONS pelos serviços prestados e discriminados na Cláusula 2ª do CUST. 179 Glossário • Contrato de Prestação de Serviços de Transmissão – CPST: Contrato celebrado entre o ONS e uma concessionária de transmissão detentora de instalações de transmissão integrantes da rede básica, no qual são estabelecidos os termos e condições para prestação de serviços de transmissão de energia elétrica aos usuários da rede básica. • Contrato de Uso do Sistema de Distribuição – CUSD: Contrato celebrado entre uma concessionária de distribuição e seus usuários, no qual são estabelecidos os termos e condições para uso das instalações de distribuição e das DIT, bem como os correspondentes direitos, obrigações e exigências operacionais das partes. • Contrato de Uso do Sistema de Transmissão – CUST: Contrato celebrado entre um usuário da rede básica, o ONS e os agentes de transmissão, estes representados pelo ONS, no qual são estabelecidos os termos e condições para o uso da rede básica, aí incluídos os relativos à prestação dos serviços de transmissão pelos agentes de transmissão e os decorrentes da prestação, pelo ONS, dos serviços de coordenação e controle da operação do SIN. • Contratos de Prestação de Serviços Ancilares – CPSA: Contrato celebrado entre o ONS e o agente de geração no qual são estabelecidos os termos e condições para prestação de suporte de reativo ao SIN, por meio de unidades geradoras operando como compensadores síncronos conectados ao SIN. • Demais Instalações de Transmissão – DIT: Instalações integrantes de concessões de transmissão e não classificadas como rede básica. • Encargos de uso do sistema de transmissão: Montantes relativos à prestação dos serviços de transmissão devidos pelos usuários às concessionárias de transmissão e ao ONS, calculados com base na tarifa de uso da transmissão da rede básica e no montante de uso, definidos pela ANEEL. • Energia assegurada de usina: Fração de energia assegurada do sistema alocada para uma usina. 180 Glossário • Energia assegurada do sistema: Montante hipotético de energia que pode ser produzida pelo sistema com um nível de garantia prefixado, calculado conforme critérios aprovados pela ANEEL. • Instalação desassistida: Instalação do sistema elétrico que funciona sem operador no local. • Mecanismo de Realocação de Energia – MRE: Processo de compartilhamento dos riscos hidrológicos associados à otimização eletroenergética do SIN, no que concerne ao despacho centralizado das unidades de geração de energia elétrica. • Operador de instalações: Profissional que trabalha na operação em tempo real de subestações e usinas. • Operador do sistema: Profissional que trabalha na operação em tempo real nos centros de operação dos sistemas de potência. • Pagamento Base – PB: Parcela mensal da receita anual permitida da transmissora, concernente à prestação de serviços de transmissão, remunerada sob o CUST e o contrato de concessão de serviço público de transmissão de energia elétrica, correspondente a uma determinada função transmissão da rede básica. • Parcela Variável – PV: Valor de ajuste mensal dos faturamentos de cada uma das concessionárias de transmissão, que reflete a efetiva condição de disponibilização de cada uma de suas instalações de transmissão. • Ponto de controle: Fronteira entre os equipamentos integrantes da rede básica e os pertencentes aos ativos de conexão. Para efeito de identificação e localização física, o ponto de controle numa instalação pode ser uma barra, seção de barra, pontos a montante dos disjuntores de ativos de conexão em arranjos disjuntor e meio e arranjo em anel, ou, em caso de conexão por derivação, terminal de derivação de linha. • Receita Anual Permitida – RAP: Receita anual a que o agente detentor de concessão de transmissão, mediante controle do ONS, terá direito pela prestação de serviços de transmissão aos usuários da rede básica. 181 Glossário • Registro de perturbação de curta duração: Sistema de registro das formas de onda das tensões e correntes para fins de análise de distúrbios rápidos, sobretudo curtos-circuitos. Nesse sistema, são utilizados os RDP. • Registro de perturbação de longa duração: Sistema de registro de grandezas elétricas analógicas e digitais durante perturbações, destinado a subsidiar a avaliação do comportamento dinâmico do sistema elétrico. • Sistema de Medição para Faturamento – SMF: Sistema composto pelos medidores principal e de retaguarda pelos TI (transformadores de potencial e de corrente), pelos canais de comunicação entre os agentes e a CCEE, bem como pelos demais requisitos estabelecidos na Especificação Técnica das Medições para Faturamento – ONS/CCEE e pelos sistemas de coleta de dados de medição para faturamento. A medição de geração bruta de unidades geradoras de usinas despachadas centralizadamente pelo ONS também faz parte do SMF.