CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES ASSOCIADAS DE ENSINO - UNIFAE ÉDER RENATO REZENDE MÍDIA REGIONAL: O relacionamento entre as assessorias de imprensa e a EPTV Sul de Minas SÃO JOÃO DA BOA VISTA 2010 1 ÉDER RENATO REZENDE MÍDIA REGIONAL: O relacionamento entre as assessorias de imprensa e a EPTV Sul de Minas Monografia apresentada ao Centro Universitário das Faculdades Associadas de Ensino – UNIFAE, como requisito obrigatório para obtenção do título de Bacharel em Comunicação Social – Jornalismo, sob orientação da professora Carmem Silvia Aliende. SÃO JOÃO DA BOA VISTA 2010 2 ÉDER RENATO REZENDE MÍDIA REGIONAL: O relacionamento entre as assessorias de imprensa e a EPTV Sul de Minas Esta monografia apresentada como trabalho de conclusão de curso de Comunicação Social – Jornalismo, do Centro Universitário das Faculdades Associadas de Ensino – UNIFAE, e foi avaliada pela banca examinadora integrada pelos professores abaixo nomeados: São João da Boa Vista (SP), .................. de .................................................................. de 2010. ................................................................................................. Prof (a). Carmem Silvia Aliende Presidente Centro Universitário das Faculdades Associadas de Ensino ................................................................................................. Prof (a). Camilo Antônio de Assis Barbosa Examinador Centro Universitário das Faculdades Associadas de Ensino ................................................................................................. Prof (a). Alice Peruchetti Orrú Examinador Centro Universitário das Faculdades Associadas de Ensino 3 A Deus. A meus pais, Paula e Ivo. À minha irmã, Elaine À minha orientadora, Carmem Aliende. Aos meus verdadeiros amigos. Aos meus professores desta caminhada. 4 "escrevo bem tarde, quando os professores de português já estão dormindo" José Bonifácio Coutinho Nogueira 5 RESUMO A monografia Mídia Regional: o relacionamento entre as assessorias de imprensa e a EPTV Sul de Minas aborda a relação entre os jornalistas que atuam na redação da emissora e os jornalistas das assessorias de imprensa da mesma região. O objetivo deste trabalho consiste em compreender não só as características e dinâmica desta parceria, mas também mensurar a contribuição das assessorias na geração de pautas efetivamente produzidas pela emissora. Palavras-chave: EPTV Sul de Minas, Assessoria de Imprensa, sugestão de Pautas, Jornalismo Regional. 6 ABSTRACT The following research named Regional Media: the relations between the press offices and the EPTV Sul de Minas approaches the relation between journalists that works at the newspaper’s office and the journalists that works at the press office of the same region. This paper aims to provide a broader perspective of the characteristics and dynamics of this association, and also measure quantitatively the contribution of the press office in the development of assignments effectively produced by the newspaper station. Key Words: EPTV Sul de Minas; Press Office; Assignment Suggestions; Regional Journalism. 7 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO.................................................................................................................. 10 1.1 Resumo das Seções ........................................................................................................... 13 2. VISÃO HISTÓRICA DA COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL .................................. 14 2.1 História da Comunicação Empresarial ...............................................................................16 2.2 Assessoria de Imprensa no Mundo ................................................................................... 17 2.3 Assessoria de Imprensa no Brasil ......................................................................................19 3. EMISSORAS PIONEIRAS DE TELEVISÃO ............................................................... 24 3.1 O Diário de JB ................................................................................................................... 25 3.2 História da EPTV .............................................................................................................. 25 3.3 EPTV Sul de Minas, Varginha .......................................................................................... 26 3.4 Dados da EPTV Sul de Minas ........................................................................................... 29 3.5 Os Formatos dos Telejornais ............................................................................................. 29 3.5.1 EPTV Comunidade ....................................................................................................... 30 3.5.2 EPTV Cidade ................................................................................................................. 30 3.5.3 Jornal da EPTV .............................................................................................................. 31 3.5.4 Jornal Regional .............................................................................................................. 33 4. A RELAÇÃO DOS ASSESSORES DE IMPRENSA COM OS JORNALISTAS ...... 34 4.1 A relação das assessorias de imprensa com a EPTV Sul de Minas .................................. 36 4.1.1 A quantidade de releases ................................................................................................ 36 4.1.2 A agenda ........................................................................................................................ 37 4.1.3 Sugestões ........................................................................................................................ 38 4.1.4 Reunião de Pauta ............................................................................................................ 38 4.1.5 Produção ......................................................................................................................... 39 4.1.6 Gravação ........................................................................................................................ 39 4.1.7 Edição ..............................................................................................................................39 4.1.8 Painel .............................................................................................................................. 40 8 5. PESQUISA DE OPINIÃO ................................................................................................ 41 5.1 Pesquisa Interna ................................................................................................................ 41 5.2 Pesquisa Externa ............................................................................................................... 41 5.3 Questionário ...................................................................................................................... 43 5.4 Análises dos Dados ........................................................................................................... 48 5.5 Propostas de melhoria ....................................................................................................... 51 5.6 Perfil e necessidades da emissora ..................................................................................... 52 5.7 Incidência da relação ..........................................................................................................53 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................... 55 REFERÊNCIAS .....................................................................................................................57 CRONOGRAMA DE ATIVIDADES ...................................................................................61 GLOSSÁRIO ......................................................................................................................... 62 ANEXOS ................................................................................................................................ 66 APÊNDICES ........................................................................................................................ 186 9 1 INTRODUÇÃO Não é possível pensar a sociedade contemporânea sem considerar a relevância dos meios de comunicação de massa. E, dentro deste contexto, a televisão ocupa um lugar privilegiado, tanto por sua popularidade quanto pela valorização que lhe é atribuída. Para a maioria da população brasileira, o que é noticiado pela TV torna-se imediatamente importante. Assim, antes de considerar a relevância da EPTV no contexto dos veículos de comunicação, é necessário levantarmos os dados sobre a televisão no Brasil e no sul de Minas Gerais. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 95,1% das casas no país possuem um aparelho de TV e, se restringir a pesquisa somente à região sudeste, este índice atinge 97,6% das residências. Os dados são referentes a 2008 e fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad). Outra pesquisa realizada pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Hábitos de Informações e Formação de Opinião da População Brasileira – SECOM – março/2010) mostrou que o meio mais utilizado pela população para se informar é a televisão (96,6%). Além disso, os canais do sistema de televisão aberta são os mais assistidos (83,5%). Outros 10,4% assistem também canais de TV por assinatura. No total, os canais abertos são assistidos por 93,9% dos entrevistados. Apenas 2,7% afirmaram que assistem somente canais por assinatura. O canal de televisão preferido pela maior parte dos entrevistados que assistem televisão é a Rede Globo (69,8%). A Rede Record apresentou o segundo percentual de preferência (13,0%). O SBT é preferido por 4,7% e, a TV Bandeirantes, por 2,9%. Considerado como a programação televisiva mais relevante (64,6%), os telejornais mais assistidos são o Jornal Nacional (56,4%) e os “Jornais Locais”, que representam 13,8% da preferência da população. No sul de Minas Gerais, a afiliada responsável pela transmissão do sinal da Rede Globo e pela produção dos “Jornais locais” é a EPTV Sul de Minas, que atua na região há 22 anos e cobre 142 cidades, atendendo 2.590.928 milhões de pessoas. (Fonte: Atlas de Cobertura Rede Globo – março/2010). A programação jornalística produzida pela EPTV Sul de Minas é composta pelo EPTV Notícia, EPTV Cidade, Jornal da EPTV, Jornal Regional e EPTV Comunidade. Inserido na produção regional da EPTV está o “Jornal da EPTV”, parte do objeto desta monografia, que vai ao ar de segunda a sábado, às 12h15 e possui cerca de 25 minutos de duração. O intuito da 9 EPTV Sul de Minas é transmitir informações aos telespectadores, criando vínculos com as comunidades, através da regionalização da programação, que entende como um mecanismo para reforçar a identidade com o público local: Retratar os assuntos locais, proporcionando aos telespectadores acompanhar também o que ocorre no país e no mundo, é a possibilidade que a EPTV fornece ao seu público por intermédio da união das programações regional e nacional. Se uma pessoa desejar assistir “às cores locais”, basta sintonizar aos programas gerados pela EPTV; se optar por saber o que acontece em outro lugar, assiste aos programas da Rede Globo. (FABBRI JR, 2006, p.15) E, para obter informações para a produção de notícias regionais para os telejornais, uma das ferramentas de que a EPTV se utiliza são as assessorias de imprensa da região. De acordo com a Federação Nacional dos Jornalistas são 80 mil jornalistas em todo país, destes 25 mil são filiados e a estimativa é que 10 mil profissionais atuem em assessoria de imprensa. Segundo o Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais, ao todo, 3.258 profissionais são filiados ao órgão no Estado. No sul de Minas Gerais, a estimativa é de 100 jornalistas atuando em veículos de comunicação e assessorias de imprensa, atividade definida pela Federação Nacional dos Jornalistas como: Serviço prestado a instituições públicas e privadas, que se concentra no envio frequente de informações jornalísticas, dessas organizações, para os veículos de comunicação em geral. Esses veículos são os jornais diários; revistas semanais, revistas mensais, revistas especializadas, emissoras de rádio, agências de notícias, sites, portais de notícias e emissoras de tevê. Um trabalho continuado de Assessoria de Imprensa permitirá à empresa criar um vínculo de confiança com os veículos de comunicação e sedimentar sua imagem de forma positiva na sociedade. (FENAJ, 2007, p.7). Hoje, as assessorias de imprensa estão presentes em empresas, escolas, sindicatos, ong´s, hospitais, no poder público, em empresas públicas e privadas, além de assessorar pessoas físicas, como políticos, atletas e artistas. Ao detectar o que é de interesse público, o assessor de imprensa pode transformar esta informação em material jornalístico, através de releases, press-kitts, sugestões de pautas, boletins, jornais, revistas etc. Evidentemente, os assessores de imprensa se diferenciam pela competência em propor pautas mais ou menos adequadas tanto em relação ao conteúdo quanto à mídia em questão e trabalham para conquistar para seus clientes o maior espaço possível dentro dos meios de comunicação, agregando reconhecimento e valor social à empresa, produto ou atividade. Muitas vezes, porém, uma pauta adequada para um jornal ou revista não é interessante para a televisão, que 10 depende essencialmente da possibilidade de geração de imagem, sendo esta uma das variáveis que esta monografia se propõe a checar. É imprescindível esclarecer que, a afiliada à Rede Globo de Televisão, a EPTV possui três emissoras no interior do estado de São Paulo – em Campinas, Ribeirão Preto e São Carlos – e, uma no Sul de Minas Gerais – em Varginha. Vale ressaltar que esta praça possui uma sucursal localizada na cidade de Poços de Caldas, objeto desta pesquisa. Justificativa O interesse por esta pesquisa foi motivado por dois aspectos. Primeiro, conhecer melhor como se dá a relação entre a EPTV Sul de Minas e as assessorias de imprensa, a partir da minha experiência como estagiário da EPTV, na sucursal em Poços de Caldas, e como futuro profissional na área do jornalismo. E, segundo, contribuir com os estudos do jornalismo regional praticado pela EPTV Sul de Minas, tema que apresenta carência de dados e informações e, em virtude da importância da emissora, merece um estudo mais aprofundado. Hipóteses Buscando compreender este cenário, foram estabelecidas as questões centrais que norteiam esta pesquisa científica: Como é a relação das assessorias de imprensa da região com a EPTV Sul de Minas? Qual a quantidade de reportagens veiculadas na emissora que foram oferecidas/ sugeridas pelas assessorias de imprensa da região? A partir destas indagações foram estabelecidas as seguintes hipóteses: a. Pelo alcance que possui, as assessorias de imprensa priorizam a mídia EPTV Sul de Minas e se preocupam em criar pautas especialmente adaptadas às características do veículo televisão. b. A relação entre as assessorias de imprensa que atuam na região e os jornalistas da EPTV Sul de Minas é bastante intensa, sendo estas responsáveis por grande parte das sugestões de pauta que resultam na produção das matérias jornalísticas. Metodologia Na tentativa de comprovar estas hipóteses, foi definida a realização de uma pesquisa descritiva, adotando duas técnicas de coletas de dados, sendo a primeira a pesquisa de opinião, como método quantitativo que, segundo Novelli (2009, p.164), “[...]possibilita a 11 coleta de vasta quantidade de dados originados de grande número de entrevistados[...]”; e, como método qualitativo, a técnica do estudo de caso, que se configura como “uma inquirição empírica que investiga um fenômeno contemporâneo dentro de um contexto da vida real, quando a fronteira entre o fenômeno e o contexto não é claramente evidente.” (DUARTE 2009, p. 215). A revisão bibliográfica deste trabalho é baseada em estudo jornalístico de autores como Manuel Carlos Chaparro, Francisco Gaudêncio Torquato do Rego, Duílio Fabbri Júnior e Rogério Eduardo Rodrigues Bazi. 1.1 Resumo das Seções A primeira seção apresenta um histórico da assessoria de imprensa no mundo até chegar ao Brasil. São expostos conceitos que ressaltam a importância da atividade e o papel que a assessoria de imprensa possui dentro da sociedade e das instituições na atualidade. Na segunda seção é apresentada a história de José Bonifácio Nogueira Coutinho, fundador das Emissoras Pioneiras de Televisão (EPTV), e a instalação da praça da emissora na cidade de Varginha (MG). Confere-se também a evolução da estrutura e o perfil dos telejornais produzidos. A terceira sessão traz os elementos da pesquisa, apresentando como se estabelece a relação entre os jornalistas que atuam na EPTV Sul de Minas e os assessores de imprensa que atuam na região. Além disso, toda a dinâmica do processo é detalhada. A quarta seção traz os subsídios necessários para compreender como é este relacionamento, apresentando os problemas e sugerindo melhorias. A última seção da pesquisa faz as considerações finais, a partir de evidências que apontam para uma necessária reflexão e um novo direcionamento. 12 2 VISÃO HISTÓRICA DA COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL É impossível não se comunicar. O ato faz parte do homem assim como seus sentimentos, necessidades e instintos. Hoje, comunicar é um dos fenômenos sociais mais importantes para a sobrevivência, desenvolvimento e prosperidade de organizações e pessoas. As funções comunicativas e o intercâmbio de informações somaram-se à estrutura de pequenas, grandes e médias empresas. Auxiliados pela democracia e globalização, os processos e meios de comunicação foram impulsionados em consequência da competição capitalista. Ser parte da notícia passou a ser uma necessidade de todos. Desta forma, os jornalistas assumiram cargos dentro de empresas e estas viram surgir a necessidade de incorporar as técnicas de comunicação ao seu cotidiano. A partir daí, surge a comunicação empresarial. Não existe uma data de início e uma descrição exata sobre o escopo desta atividade. Autores como Chaparro, Torquato e Cândido Teobaldo utilizam diversas citações para delimitar o início desta profissão. Os primeiros relatos são do ano de 202 a.C, na China, através das cartas circulares das cortes da dinastia Han, extremamente militarizada, fundada por Liu Pang. Época marcada pelo progresso na cultura, economia, setor agrícola, comércio, educação e ciência. Outros autores apontam grandes pensadores como Homero, Xenofonte e Sócrates como os precursores deste ramo jornalístico. Mais referências existem do início desta prática: são os primeiros documentos do Governo Romano, que divulgava suas ações, como a Acta Diurna, do fórum romano (século VII aC). Existem outras evidências, como descrito por Chaparro: No estudo, também é qualificada como “obra de relações públicas de primeira ordem” a Guerra das Gálias, “graças à qual o Sr. César teve êxito na eleição”. Na mesma linha, se encontram ensinamentos de relações públicas em Virgílio, de quem as Geórgias, para os autores, “constituem notável programa do tipo checklist para o retorno à terra, realizando, deste modo, as relações públicas da agricultura, no século I antes de Cristo!”. Nesse percurso pela pré-história das relações públicas, os dois franceses chegam a Luís XIV, a quem apelidam de “precursor de Ivy Lee”-, este, sim, na unanimidade dos que estudaram o assunto, o verdadeiro fundador das relações públicas. (CHAPARRO, 2003, p.34) Já o verdadeiro modelo de jornalismo empresarial só passa a existir, de fato, na passagem do século XIX para o XX, com o nascimento do capitalismo e uma grande transformação social e econômica: a “Revolução Industrial”, nome criado por Arnold Toynbee, um historiador britânico, ao referenciar as grandes mudanças na sociedade em 13 detrimento do rápido desenvolvimento econômico que ocorria na Europa no século XVII (REGO, 1987, p.17). Com isso, a economia, que antes era constituída pela agricultura, artesanato e manufatura doméstica e rural, desaparece. As indústrias começam a se instalar e grandes centros comerciais são fundados. A relação próxima entre empregador e empregado fica mais distante e, exatamente neste período, tem início o jornalismo empresarial. Algumas pessoas começaram a imaginar que uma das maneiras de solucionar essas contradições internas surgidas no meio empresarial seria a publicação de jornais ou revistas para os funcionários, com o objetivo de familiarizá-los com o ambiente e a própria política da organização e de diminuir as distâncias físicas entre a administração central e a base operária (REGO, 1987,p.18) Era necessário que os diretores de empresas se comunicassem com os operários. Que as informações sobre a empresa em que eles trabalhavam fossem divulgadas de modo correto, e que os operários compreendessem sua posição nesta nova configuração das empresas no cenário mundial. Para enfrentar a concorrência, as empresas tiveram de multiplicar seus mecanismos de comunicação, a fim de se tornarem mais conhecidas e ganharem a preferência do público. Assim, as empresas conseguiam lidar com as informações que eram divulgadas e informar aos funcionários o que acontecia na empresa. Torquato (REGO, 1987, p.20) destaca que os jornais empresariais informavam de modo correto, promovendo uma comunicação mais adequada no ambiente de trabalho, resultando em maior integração. Até os anos 60, as empresas, organizações e instituições do governo mantinham uma relação afastada da imprensa, sempre se defendendo. Entretanto, a partir da década de 70, frente ao início da globalização, a relação com a imprensa começou a mudar. Nos rumos da democracia e da globalização, o mundo mudou, institucionalizou-se, bem como os interesses, as ações, as próprias pessoas. Globalizaram-se os processos, as emoções e sobretudo, os fluxos e circuitos da informação. E, nesse novo mundo, as instituições, incluindo-se as empresas, agem pelo que dizem, em especial pelos acontecimentos significantes que produzem, com os quais interferem na realidade, ao usarem uma eficácia difusora do jornalismo (CHAPARRO, 2003, p.34). Democracia, mercado e tecnologia tornaram-se o tripé, dando início à lógica da competição sustentada na informação, adotada por empresas e governos (CHAPARRO, 2003, p.33). Como resultado deste desenvolvimento industrial começam a se formar os primeiros grupos de trabalhadores, criando sindicatos e associações com ideais anarquistas, comunistas 14 e socialistas. Surgem os conflitos, cada vez mais fortes, entre as diversas classes sociais, tornando a comunicação um imperativo para a solução de impasses. E, como estratégia para aumentar a produtividade das empresas, elas começam a trazer para mais perto de si os funcionários. Este maior envolvimento favorece a motivação do empregado, que se sente mais motivado a cooperar. 2.1 História da Comunicação Empresarial Torquato (REGO, 1987, p.18) relembra que, em 1834, Friedrich List (1789-1846), um economista alemão, escreve para Georg V. Cotta, empresário, o orientando a criar um jornal para informar os operários sobre seus direitos. Já no ano de 1840, a “Sociedade para Promoção e Estímulo do Bem Público”, na Suíça, realizou um concurso com o seguinte tema: “Progresso e divertimento para a classe operária”. O professor Peter Schitlin, da cidade de Saint Gall, ganhou o prêmio com a ideia de se criar um jornal voltado aos industriários. Entretanto, não podemos dizer que este é o primeiro jornal empresarial que conhecemos nos moldes atuais. Nesta época, difundia-se a produção em larga escala, em massa, instalando maior competitividade no mercado. E, para lidar com a concorrência, as empresas começaram a adotar novos meios de comunicação, com o intuito de conquistar a preferência do público e tornarem-se mais populares. Neste período, no final do século XIX, nasce também o jornalismo sensacionalista, segundo Torquato. Assim, se estabelece uma maior concorrência entre os meios de comunicação e a informação, que antes era feita de modo disperso e, muitas vezes, contraditório. Com isso, as publicações divulgadas pelas empresas tornam-se uma forma de controlar informações que pudessem prejudicar a imagem da empresa. Vale ressaltar que este período é mercado pelos grandes avanços tecnológicos da indústria da comunicação, criando novas formas de impressão mais rápidas que a inventada em 1440 por Gutemberg. Nasce a imprensa a vapor, tornado a impressão mais barata. Entretanto, este não foi um marco tão importante quanto o início das impressoras rotativas, que em seguida foram substituídas pelas máquinas de composição controladas por teclados e, depois, pela chegada das linotipos. Torquato se utiliza de Lorde Francis Willians para descrever a importância da revolução industrial. “a imprensa levou mais tempo para ser afetada pela revolução industrial 15 do que outros setores, mas quando as inovações mecânicas surgiram, as transformações foram rápidas” (REGO, 1987, p.19) Pode-se considerar como um precursores do jornal empresarial, o “Lloyd´s Lis”, que surgiu na Inglaterra em 1869, assim como as cartas que o empresário alemão Friedrich Harkart destinava aos funcionários da fábrica, entre os anos de 1848 e 1849. O primeiro jornal voltado aos funcionários e que possui os parâmetros do jornalismo empresarial é o norte-americano “The Triphammer”, lançado no ano de 1885, pela empresa Massey Harris Cox. Já no setor governamental, o presidente norte-americano Andrew Jackson foi o precursor dos house organs, ao lançar em 1829, o The Globe. Mas tudo começou realmente a mudar com a atuação de um jornalista norteamericano: Ivy Lee, que, em 1906, deu início ao que chamamos hoje de assessoria de imprensa ou assessoria de comunicação. Ivy Ledbetter Lee abandonou o jornalismo e criou o primeiro escritório de relações públicas do mundo, em New York. 2.2 Assessoria de Imprensa no Mundo A assessoria de imprensa trata do relacionamento de uma empresa ou pessoa física com a imprensa. Ela conquista cobertura editorial em jornais, revistas, tevês, sites, colunas, com apelo noticioso gerado a partir de informações de interesse público. Assessoria de Imprensa é a prática do Jornalismo no ambiente e no agir da fonte, para assegurar aos meios de comunicação informações de boa qualidade, sob o ponto de vista da técnica jornalística e da relevância social. Por esse entendimento, a Assessoria de Imprensa deve existir somente em instituições que, por dever e/ou competência, geram atos e fatos de interesse público. (CHAPARRO, 2003, p. 57) O início da Assessoria de Imprensa se estabelece entre os anos de 1875 a 1900, quando os EUA passaram por um período de prosperidade, no momento que o poder passava das mãos da aristocracia dos plantadores do sul do país para o controle dos grandes fazendeiros e empresários do leste e oeste. Estes queriam o lucro fácil, o enriquecimento através de ambiciosos empreendimentos como especulação da terra, construção de estradas de ferro, exploração dos recursos minerais, tudo isso controlando o governo e passando por cima da lei. 16 Hebe Wey registra que até o conceito de moral mudou. A pobreza tornou-se sinônimo de inépcia, e a riqueza, de virtude. Triunfar na competição econômica era sinal de aptidão biológica no plano da existência e da sobrevivência. E por essa norma ética, “quanto mais implacável a competição, melhor seria, pois assim eram eliminados com mais rapidez os fracos e os incompetentes” (CHAPARRO, 2003, p. 35). O mais conhecido empresário das ferrovias americanas, William H. Vanderbilt, é o autor da frase: The public be damned (O público que se dane), dirigida aos jornalistas que lhe pediam explicações sobre o fim de um ramal da ferrovia, que era útil para a população. A expressão ficou marcada na história ao mostrar a péssima relação que os empresários tinham com a sociedade. Um modelo de capitalismo que era descompromissado com as necessidades e os direitos dos trabalhadores. Outros empresários, vistos como sujos e inescrupulosos pela população norte americana, fizeram com que o jornalismo ganhasse um campo de atuação dentro das empresas, com o intuito de melhorar suas imagens públicas. Apontado com monopolista, ao fazer quartel às pequenas empresas e negociar sem escrúpulos, John Rockefeller contratou Ivy Lee para transformar sua imagem de capitalista selvagem e torná-lo respeitado pela população norte-americana. Ele realizava assessoria de imprensa, divulgando informações favoráveis às empresas, através de notícias a serem divulgadas jornalisticamente, e não como espaço comprado nos jornais. Informações de interesse público, que informavam a atuação das empresas, com o objetivo de evitar possíveis denúncias. Um serviço inédito de informações da própria empresa, que eram autorizadas por ela, antes da sua publicação, com o objetivo de influenciar positivamente a opinião da população. Para isso, Ivy Lee elaborou uma declaração de princípios que foi enviada a todos os editores dos jornais na época: Este não é um serviço de imprensa secreto. Todo nosso trabalho é feito às claras. Pretendemos divulgar notícias, e não distribuir anúncios. Se acharem que o nosso assunto ficaria melhor como matéria paga, não o publiquem. Nossa informação é exata. Maiores detalhes sobre qualquer questão serão dados prontamente e qualquer redator e diretor de jornal interessado será auxiliado, com o máximo prazer, na verificação direta de qualquer declaração de fato. Em resumo, nossos planos, com absoluta franqueza, para o bem das empresas e das instituições públicas, é divulgar à imprensa e ao público dos Estados Unidos, pronta e exatamente informações relativas a assuntos com valor e interesse para o público. Uma das primeiras medidas que Lee tomou, ao prestar serviços para Rockfeller, foi durante uma greve de operários dispensar os guarda-costas que acompanhavam John D. Rockfeller, pai. Ao eliminar qualquer barreira existente entre a família e a população, 17 procurando angariar simpatia. Dentro da história do jornalismo, porém, Lee não é visto exatamente como um exemplo a seguir. Chaparro, ao citar Teobaldo de Andrade, lembra a operação “fecha-boca”, os altos benefícios, pagamentos e bons empregos que eram dados aos jornalistas na época [...] para que não atacassem as empresas e, ao mesmo tempo, as defendessem...Os amigos de Ivy Lee diziam que o “pai das Relações Públicas” fazia alarde de que as entrevistas de seus clientes com a imprensa era feitas com inteira liberdade para qualquer pergunta. Mas os inimigos acrescentavam: os canais competentes dos jornais já estavam controlados e os repórteres nada podiam escrever que contrariasse os interesses dos clientes de Lee. Ainda desse homem de relações públicas dizem que, em 1934, prestou serviços ao truste alemão Dye, para corrigir as reações dos americanos a respeito dos acontecimentos na Alemanha de Hitler...As informações eram “interessadas” e pagas (CHAPARRO. 2003, p.38) Lee, além de cuidar do relacionamento da empresa com os meios de comunicação, criava fatos noticiáveis de grande repercussão. Ele tinha total conhecimento da atuação da empresa e produzia informações jornalísticas competentes, não só como fonte de informações e de elucidações. Neste trajeto tornou-se um especialista jornalístico para as empresas, prestando serviços para as principais corporações norte-americanas. Em 1916, ocorre a abertura da Lee & Harris & Lee, empresa de consultoria de relações públicas, administrada por ele. Como se pode observar, o surgimento da comunicação empresarial está contextualizado num período de efervescência política, ligado aos movimentos sindicais americanos. As reivindicações dos trabalhadores só poderiam ser controladas através de estratégias que mobilizassem a opinião pública, tarefa que também foi desempenhada pela classe patronal, que via a necessidade de também organizar-se a fim de divulgar opiniões positivas para a população. Com a profissionalização da divulgação de notícias oficiais de empresas e empresários, trabalhadores e sindicatos, nasce a Assessoria de Imprensa. 2.3 Assessoria de Imprensa no Brasil Os primeiros registros da atividade de assessoria de imprensa no país são do início do século XX, durante o governo de Nilo Peçanha (1909-1910), que lançou o serviço de informação Secção de Publicações e Bibliotheca, através do Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio. O objetivo era integrar serviços de atendimento, publicações, 18 informações e propaganda, reunindo informações através de notas ou notícias que seriam oferecidas à imprensa. Após desenvolverem as técnicas, o setor passa a se chamar Serviço de Informações e Bibliotheca e Serviços de Informações e Divulgação, responsável pelo atendimento e requisição de informações sobre todos os assuntos do ministério e pela produção de um boletim de notícias, conforme Duarte (2003, p.82): Synopse de todos os actos do Governo [...] notícias e informações sobre agricultura, indústria e comércio [...] de modo a construir uma fonte, a mais completa possível, de consulta e divulgação dos conhecimentos úteis aos lavradores, industriaes e commerciantes Paralelamente, o primeiro jornal empresarial brasileiro é o “Boletim Light”, com início em 1925, elaborado pelos funcionários da indústria Light. Outro destaque foi a revista “General Motors”, editada pela empresa que se instalou no país, em 1926. Com a Revolução de 30, durante o Governo de Getúlio Vargas, a comunicação ganha mais destaque no Brasil. Na época, o objetivo era melhorar a imagem de Vargas, através da assessoria de imprensa. Neste período, o Governo Federal adota o controle e a disseminação de informações e organiza um sistema articulado diretamente ligado aos meios de comunicação. Com a instituição do Governo Provisório, em 1931, é fundado o Departamento Oficial de Publicidade, que anos depois passa a se chamar Departamento de Propaganda e Difusão Cultural (DPDC) e o Departamento Nacional de Propaganda (DNP). É nesta época que surge também o programa de rádio A Voz do Brasil, que conhecemos até hoje. Criado em 1934, tinha como objetivo de reforçar a imagem de Vargas, disseminando as estratégias de governo para a população. O DNP, além de utilizar o rádio, adota toda a imprensa e seus diversos tipos de veículos de comunicação como um meio para a informação governamental. Já no início do Estado Novo, com o golpe de Getúlio Vargas, é criado o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), no qual as funções de divulgação e censura se uniram, sendo criados os Departamentos Estaduais de Imprensa e Propaganda (Deips). Era preciso coordenar a imprensa com o Estado, a fim de que a primeira cooperasse eficazmente com o segundo, tornando-se um instrumento poderoso de defesa do bem público e de propulsão do progresso nacional. (...) Redundará em uma harmonia das atividades jornalísticas com as finalidades do governo nacional. (AMARAL, 1940, p. 12: apud DUARTE) 19 Com isso, o governo cria um canal de manipulação da opinião pública por meio da censura, controle e distribuição de noticiário. Em seguida, o DIP foi transformado no Departamento Nacional de Informação, que cuidava da divulgação e atendimento aos jornalistas. Este, porém, foi extinto em 1964, com o Golpe Militar. As assessorias de imprensa só conquistaram mais espaço no Brasil com a instalação das primeiras empresas multinacionais, alavancadas a partir de 1940, com a revolução industrial que aqui começava a chegar. Ganharam espaço com o governo de Juscelino Kubitschek (1956-1961). Junto com as fábricas, vinham os profissionais de assessoria de imprensa. A instalação da fábrica da Volkswagen no país pode ser considerada como o início do trabalho de assessoria de imprensa de forma estruturada, estabelecendo um relacionamento com a mídia de modo planejado e com estratégias de comunicação. Os jornalistas responsáveis eram Alaor Gomes e Reginaldo Finotti, que atuavam na TV Record e no jornal Última Hora, respectivamente. O início do trabalho era a produção dos chamados “calhaus”, um conjunto de notas curtas com o objetivo de ocupar pequenos espaços nos jornais. E os temas tratados inicialmente não eram sobre a empresa a qual prestavam serviços, mas sim assuntos relacionados ao setor automobilístico, como a abertura de novas estradas no país, emissão de carteiras de motoristas e orientações de trânsito. O intuito não era disseminar o nome de uma nova empresa que ia começar a atuar no país, mas sim atrair o público para temas relacionados à indústria automobilística, com temas de interesse público e baseados na prestação de serviços. Este novo setor de atuação propiciava o desenvolvimento do Brasil, através da criação de estradas e rodovias, resultando na contratação de funcionários, empreiteiras, na importação e exportação de produtos, rendia fotos e dados estatísticos, o que era facilmente aceitos pelos jornalistas das redações. Uma curiosidade que merece destaque é o surgimento das editorias de Economia, Esporte e Cultura, que tiveram início durante a Ditadura Militar. Os jornalistas políticos eram proibidos de escrever e se expressar devido à censura e, para garantirem o emprego e o tempo ocioso, abordavam novos temas. Como afirma Chaparro (1994, p. 70): Nos tempos da ditadura, a comunicação empresarial incorporou o caráter ufanista do regime, ampliando na imprensa, com press-releases e alguns estratagemas, um discurso festivo que, entre outros efeitos, adubou o crescimento das editorias de economia. 20 Em 1951, nasce a Assessoria Especial de Relações Públicas (Aerp), criada por decreto, com a função de propagar o regime militar autoritário no país. A Aerp ganhou superpoderes durante o governo de Emílio Garrastazu Médici (1969-1975), fazendo uso da censura para divulgar somente o que favorecia as ações do governo [...] difundindo verdades oficiais, que o ambiente de autocensura e adesismo favorecia. Com sua força de barganha, sempre administrada em favor da imagem popular da ditadura, a Aerp logo se tornou modelo para governos estaduais e municipais, bem como para empresas de grande porte, em particular as estatais (CHAPARRO, 2003, p.42). Passados os anos de chumbo da Ditadura Militar (do final da década de 70 ao início dos anos 80), com o ressurgimento da democracia, os consumidores começam a exigir mais qualidade. Aumenta também o padrão de competitividade entre as empresas e inicia-se um processo de maior comunicação entre as empresas e a sociedade. A partir deste momento, as empresas começam a utilizar a imprensa como um instrumento rápido para informar os consumidores e conquistar uma imagem positiva. Na visão de Bueno (1995, p.9: apud DUARTE) A comunicação deixa de ser “perfumaria”, ganhando as entranhas da administração pública e privada e extrapola os limites dos tradicionais “jornaizinhos” internos para assumir o status de um complexo poderoso, intrinsecamente vinculado à chamada estratégia negociável. E, segundo Chaparro, o rápido crescimento das assessorias de imprensa pelo país durante os anos de 70 e 80, tem origem no controle estabelecido pelo Governo Militar. Os governos estaduais e municipais rapidamente copiaram o modelo de comunicação dos ministérios: A imitação do modelo estendeu-se como rastilho por governos estaduais e municipais. Em dois ou três anos, o serviço público transformou-se em gigantesco e generoso empregador de jornalistas, contratados para a dupla missão que a censura militar e a autocensura favoreciam: divulgar com empenho tudo o que fosse favorável aos militares no poder; impedir ou minimizar a publicação de informações, versões e opiniões que contrariassem os interesses governamentais. (CHAPARRO, 1994, p.69) Neste período, tem-se uma maior preocupação com a construção da imagem e a posição que determinada empresa tem perante a sociedade. A partir de 1980, auxiliadas pelo crescimento comercial e industrial, aliado a uma possibilidade maior de noticiar fatos, as 21 empresas buscam o trabalho das assessorias de imprensa, consolidando uma relação mais forte com a mídia. Neste novo cenário, aumenta a procura de empresas por assessores capazes de criar canais de comunicação, como jornais, boletins, revistas e vídeos. Como explica DUARTE (2003, p. 89) “Desde esse período, a presença de jornalistas foi tão grande que a comunicação institucional tornou-se uma grande área de atuação, não apenas para egressos dos veículos, mas até para estudantes e recém-formados”. A década de 80 representa o período de crescimento profissional e solidificação da profissão, com a criação da Comissão Permanente e Aberta dos Jornalistas em Assessorias de Imprensa, no Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo, quando foi criado o Manual de Assessoria de Imprensa, adotado em 1986 pela Federação Nacional dos Jornalistas. 22 3 EMISSORAS PIONEIRAS DE TELEVISÃO Antes mesmo de apresentar a estrutura e a história da EPTV, é necessário contar a trajetória do seu fundador, José Bonifácio Coutinho Nogueira. Vale ressaltar que o objetivo deste trabalho não é fazer a reconstituição da sua biografia, o que na verdade pode ser encontrado no livro “O Diário de JB – José Bonifácio Coutinho Nogueira”, publicado pela jornalista Rosana Zaidan, em 2009, pela Editora Terra da Gente. José Bonifácio Coutinho Nogueira nasceu no dia 3 de dezembro de 1923, na capital paulista. Filho da Sra. Regina Coutinho Nogueira e do ex-deputado federal Paulo Nogueira Filho, casou-se com a Sra. Maria Thereza Coutinho Nogueira e teve seis filhos: José Bonifácio Coutinho Nogueira Filho (Boninho), Sérgio Luís, Luís Roberto, Regina, Martim Francisco e Antônio Carlos Coutinho Nogueira (Toni) e 19 netos. Formou-se em direito pela Faculdade de Direito da USP, em 1947. Durante a graduação, foi eleito presidente da UNE – União Nacional dos estudantes. Em 1962, disputou as eleições para o Governo do Estado de São Paulo. Foi Secretário da Agricultura no Governo Carvalho Pinto, de 1959 a 1964; Secretário de Educação, na Administração Paulo Egydio Martins, em 1975 e, cumulativamente, em 1976, Secretário da Cultura, Ciência e Tecnologia, até 1979. Em 1964, nomeado pelo Presidente Castelo Branco, fez parte do Conselho Nacional de Economia, e foi presidente da Comissão Consultiva Bancária do Banco Central do Brasil S/A. À convite do Governador Abreu Sodré, fundou e presidiu a Fundação Padre Anchieta, responsável pela Televisão Educativa em São Paulo, de 1967 a 1972. Já no ano de 1979, fundou a Empresa Paulista de Televisão, que após o crescimento passou a se chamar Empresa Pioneira de Televisão (EPTV), proprietária da EPTV Campinas, EPTV Ribeirão, EPTV Central e EPTV Sul de Minas. Também atuou como Diretor-Gerente e Vice-Presidente do Banco Comercial de São Paulo S/A. Presidiu o Conselho Nacional de Propaganda, a Cooperativa de Cafeicultores de Campinas, o Conselho de Educadores da Escola de Pais do Brasil, a Fundação Crespi Prado e a Comissão Coordenadora da Criação do Cavalo Nacional do Ministério da Agricultura. Além disso, integrou o Conselho Curador do Museu Lasar Segall, do Museu da Unicamp, do Museu de Arte Moderna e do Museu da Casa Brasileira. Foi presidente da Sociedade Harmonia de Tênis e do Jockey Club de São Paulo. José Bonifácio Coutinho Nogueira faleceu no dia 09 de janeiro de 2002, aos 78 anos. 23 3.1 O Diário de JB Grande parte da história de José Bonifácio (JB), como também a criação das Emissoras Pioneiras de Televisão (EPTV) pode ser relatada e descrita minuciosamente pelo fato de José Bonifácio ter se espelhado no avô, Paulo de Almeida Nogueira, o Paulo I, ao fazer um diário (ZAINDAN, 2009, p. 31) “se o diário do avô apenas relata os fatos, JB jamais deixará de analisá-los. Seu tom será sempre confessional, crítico e nitidamente conceitual. Não se omitirá jamais a emitir um juízo de valor e de se posicionar”. A partir de 1936, antes de completar 13 anos, José Bonifácio começa a anotar todos os dias as aventuras e sentimentos do cotidiano, o que fez por toda a vida, com algumas pausas até 1998, depois de uma inflamação dos nervos. Este ritual feito antes de dormir ou no final da tarde, em seu escritório, durante 62 anos, resultou em 60 cadernos manuscritos, em mais de 20 mil páginas. Aos 77 anos, José Bonifácio quando estava numa cama de hospital, em São Paulo fala ao filho caçula, Antônio Carlos, o Toni: “quero que você leia os meus diários, organize tudo e faça um livro. Você pode fazer isso por mim?” (ZAINDAN, 2009, prefácio) 3.2 História da EPTV No ano de 1974, uma anotação nos diários de José Bonifácio sinaliza uma grande mudança na vida dele Zaindan (2009, p. 543): 13/02/1974 – Combinei com Ernesto Amazonas a minha participação na concorrência pública para a concessão dos canais de televisão em Campinas e de Ribeirão Preto. Ele providenciará o projeto técnico até 7 de março. A vontade de José Bonifácio em criar uma televisão surgiu quando ele participou da fundação da TV2 Cultura, na implantação da TV Educativa na capital de São Paulo. Esta experiência no planejamento e criação de uma emissora resultou no projeto de criação da TV Campinas, que nasceu no dia 01 de outubro de 1979. Como relata Toni (ZAINDAN, 2009, p.543-544). Acho que a EPTV só existe pela experiência do meu pai na TV Cultura. Se não houvesse isso, não haveria EPTV. Ele estaria ainda no mundo dele, da Usina, dos cavalos... Estaria até na política, inclusive. A TV Cultura fez com que ele conhecesse mais gente, valorizasse as pessoas, ele que sempre teve uma formação humanista forte e muito discernimento do que queria. E essa experiência desaguou, 24 dez anos depois, na EPTV, para mim a maior paixão profissional da vida dele. Ele montou a televisão sob críticas dos amigos, muitos com pena dele: “essa televisão no interior não vai dar certo”, eles diziam. Por isso, acho que até que a paixão pela EPTV não era, na cabeça dele, o negócio EPTV. Só depois é que virou. Este conhecimento no planejamento de criação de uma emissora resultou no projeto da TV Campinas, que nasceu no dia 01 de outubro de 1979. Após um ano, a empresa se expandiu iniciando as atividades em Ribeirão Preto, com a TV Ribeirão, no dia 12 de dezembro de 1980. A ideia era somar a programação da Rede Globo ao dinamismo das emissoras locais, estando junto ao público das cidades de cobertura e tornando-se mais próxima ao telespectador, aliada ao crescimento dos anunciantes regionais. Após oito anos de crescimento, a empresa ultrapassou a fronteira do Estado de São Paulo e chegou até o Sul de Minas Gerais, inaugurando uma nova sede na cidade de Varginha em 1988. Um ano depois acontece a inauguração da EPTV Central, em São Carlos no interior de São Paulo, no dia 01 de julho de 1989. O significado da sigla EPTV, Emissoras Pioneiras de Televisão, nasce da identidade das quatro emissoras, a partir do pioneirismo nas regiões onde atuam, como relata José Bonifácio: Nossa ideia é sempre uma neutralidade. Nós nos limitamos ao factual. Vai ao ar o que é fato, e não, o que é opinião. Não é a interpretação da gente que tem importância, e sim, o fato que tem importância. Tanto é que usamos a expressão que vendemos anúncio, mas não vendemos opinião. E isso é uma norma geral. (EPTV: 2002) Já no ano de 2007 a EPTV entrou na era digital. A partir disso, todas as produções do programa Terra da Gente são em HDTV. O projeto se expandiu e, desde o dia 03 de dezembro de 2008, toda a programação de EPTV Campinas passou ser a transmitida no formato digital. Hoje, o sinal em alta definição da EPTV já esta disponível para mais de 50% da população das cidades cobertas pela emissora. Na EPTV Sul de Minas, a transmissão digital teve início no dia 08 de junho de 2010. 3.3 EPTV Sul de Minas, Varginha Boa tarde, Sul de Minas, terra de poetas, riquezas e belezas naturais. Está no ar a TV Sul de Minas, que vai atender, numa primeira fase, cerca de 100 cidades com uma população estimada em dois milhões de habitantes. A partir de agora, estaremos lutando lado a lado pela preservação da beleza de Minas (EPTV, 1988) 25 Apresentador Ronaldo Trombinim Fonte: Imagem cedida pelo departamento de Marketing da EPTV. A primeira exibição do telejornal da EPTV no Sul de Minas foi no dia 8 de agosto de 1988, com a apresentação do jornalista Ronaldo Trombinim. Esta edição revela os objetivos e a estrutura da emissora naquela época, quando as equipes de reportagem percorriam as cidades do Sul de Minas para mostrar a beleza cultural, natural e econômica, estreitando fronteiras e fortalecendo a integração regional. Para realização deste trabalho, a empresa contratou cerca de 100 profissionais, entre técnicos e jornalistas. A segunda reportagem exibida foi o pronunciamento do presidente do Departamento Estadual de Telecomunicações de Minas Gerais, na época Paulo César Guimarães: A integração do Estado se faz também através das geradoras regionais. Propiciando assim, a informação local, a integração do polo agro-industrial do Sul de Minas e as cidades circunvizinhas à Varginha. O maior beneficiário é a população desta região que terá agora um meio de comunicação, uma forma de vender os seus produtos, uma forma de mostrar a sua cultura e o seu desenvolvimento (EPTV: 1989) Outras notícias em destaque do primeiro jornal, que teve duração de 11 minutos e 37 segundos, foi a visita do ex-governador Newton Cardoso a Três Corações, que realizou vários inaugurações; a prisão em Varginha de uma quadrilha armada que assaltava caminhões de café; a vitória do Flamengo de Varginha em uma partida disputada no Estádio Rubro Negro, quando o Flamengo venceu o Aimorés, por 1 x 0; a apresentação do músico Ivônio Bill ,no Teatro Capitólio de Varginha, e uma reportagem sobre a carreira de Milton Nascimento, que morou em Três Corações. A reportagem trouxe relatos dos pais que contaram um pouco da infância e do gosto pela música do filho caçula. Já na segunda edição do MGTV veiculada às 19h30, com duração de 8 minutos e 52 segundos a primeira reportagem foi sobre a inauguração oficial da TV Sul de Minas e trazia uma entrevista com Evandro Guimarães, diretor da Rede Globo na época. O Sul de Minas se integra a Minas a partir da TV Sul de Minas. Se integra ao país a partir da excelência de serviços que aqui será praticada. E que a Rede Globo com isso, só tem a ganhar, porque ela cumpre mais uma etapa com seu esforço de prestar serviço com a melhor televisão, com o melhor jornalismo, com a melhor atividade comunitária. No que, a TV Sul de Minas, ora inaugurada, ora começando a operar torna-se um marco importante (EPTV: 1989) 26 José Bonifácio, diretor da TV Sul de Minas utilizou a data de inauguração da empresa , para comentar a importância e o marco que aquele dia representava: Na sabedoria oriental este dia é importantíssimo, por que oito é o número da sorte. E oito do oito de oitenta e oito é um número de tanta sorte, que não é repetitivo em muitas gerações. Isto fortalece a nossa convicção, que nós viemos com sorte, para o trabalho histórico. Histórico, na medida em que temos plena responsabilidade daquilo que somos economicamente, politicamente e socialmente para a região. Temos acostumado a dizer a todos que economicamente, pretendemos crescer e nos expandir na região, mas sempre dentro de uma premissa, para nós, fundamental, de natureza ética. Nós venderemos anúncios, mas nunca venderemos opinião, a opinião nunca é nossa, nunca ninguém terá acesso a ela por via de compra. Nós temos que sim refletir os anseios da população os seus interesses, e trabalhar para que estes interesses sejam do conhecimento de todos para que a região. Ela em si mesma e por si mesma cresça (EPTV: 1989). De acordo com o Atlas de Cobertura Rede Globo 2009, hoje, em números, a EPTV Sul de Minas alcança 141 municípios (17% do estado), atendendo mais de 2,5 milhões de habitantes. Estes valores são auxiliados pela importância econômica que a região possui, tendo o segundo maior PIB do Estado. São R$ 28,2 bilhões, que correspondem a 13% da riqueza de Minas Gerais, valor superior ao de países como Bolívia, Jamaica e Paraguai. O consumo da região cresceu 202% nos últimos cinco anos, alcançando R$ 26 bilhões em 2009, valor superior à média brasileira. O consumo per capita é de R$ 10 mil/ano. O mercado é responsável por 13% do potencial de consumo do estado. Poços de Caldas tem o maior PIB, com R$ 2,7 bilhões, e é uma das dez maiores cidades do Estado. Varginha ocupa o segundo lugar da região, com R$ 2,3 bilhões. O município de Pouso Alegre vem em seguida, com R$ 1,7 bilhão. Santa Rita do Sapucaí é um dos principais polos de tecnologia do Brasil e é destaque pelo desenvolvimento e produção de eletroeletrônicos. O sul de Minas Gerais é destaque no setor da agropecuária. Um quarto de toda a riqueza produzida no Estado vem da região (26,8%), sendo o café o principal responsável pela posição. A região é a maior produtora do grão no Brasil. No ranking estadual dos municípios com maior renda agrícola, a cidade de Três Pontas apareceu em 8° lugar. A região possui frota com 831 mil veículos, 11% superior à média do país, e 101 mil empresas ativas (indústrias, comércio, serviços e agronegócios). Mais da metade do PIB é gerado pelo setor de serviços, o que inclui bancos, transportadoras e hotéis. No setor de turismo, Lambari, São Lourenço, Caxambu, Cambuquira, Baependi, Poços de Caldas, Monte Verde (distrito de Camanducaia), Maria da Fé e Delfim Moreira são alguns dos destaques desta região incrustada na Serra da Mantiqueira. 27 3.4 Dados da EPTV Sul de Minas O quadro abaixo revela um dado interessante: a emissora possui só duas unidades de jornalismo para atender a 141 cidades, a mais vasta área de abrangência entre as quatro praças. Ainda segundo o setor de Engenharia da emissora, duas novas unidades devem entrar em operação a partir de 2011. Inauguração – 1988 09 m² 02 1.000 W + 250 W 35 m 02 03 Umatic 03 77 1999 80 m² 03 1.000 W + 250 W 100 m 03 04 Beta SP 08 115 2010 81,35 m² 4 5.000 W + 1.000 W 90 m 3 linear + 2 não linear + 1 digital 2 Beta SP 18 90 Sucursal Poços 31,5 2 500 W 80 m 1 não linear 1 Beta SP 1 15 Estrutura Estúdio Câmeras de Estúdio Transmissor Torre Ilhas de Edição Unidades Portáteis Formato Postos Retransmissores Nº de Funcionários Estrutura Estúdio Câmeras de Estúdio Transmissor Torre Ilhas de Edição Unidades Portáteis Formato Postos Retransmissores Nº de Funcionários Fonte: Dados fornecidos pelo departamento de Recursos Humanos da EPTV. 3.5 Os Formatos dos Telejornais Como foi descrito inicialmente, a Rede Globo é líder em audiência em todo país, e esta performance se reflete nas emissoras afiliadas como a EPTV. Uma opção da empresa seria ser somente uma retransmissora do sinal da Rede Globo, entretanto a ideia da EPTV foi somar a programação nacional à programação regional. Como afirma Bazi (2001, p. 45): E são nesses horários, considerados “periféricos”, que as emissoras regionais exibem seus programas. Capelli (1982) diz que um dos problemas enfrentados pelas TVs regionais é conquistar a autonomia em termos de programação. Segundo ele, isso não quer dizer que as emissoras regionais não produzam programas, A diferença é que a programação de uma estação de TV do interior nasce de uma necessidade de atender a um mercado regional. Para isso, os responsáveis por tais emissoras trabalham em sintonia com seu público, realizando pesquisas de mercado e do telespectador, afim de que o dinheiro investido pelo anunciante, nos intervalos comerciais, tenha o retorno esperado. 28 Portanto, para manter esta liderança nas áreas de atuação, a EPTV investiu na programação local, principalmente utilizando os telejornais. E o primeiro espaço utilizado pela emissora foram os blocos locais do “Jornal Hoje”. Anos depois, foi ao ar o Jornal das Sete, atualmente Jornal Regional. Posteriormente, a cada abertura de novo horário, a emissora ocupava os espaços com novas produções. Para que se possa ter uma ideia da natureza dos programas jornalísticos, vamos detalhar aqueles que são produzidos em Varginha e que podem ser objeto de atuação das assessorias de imprensa da região. Os demais, “Terra da Gente”, “Caminhos da Roça” e “EPTV Esporte” não se enquadram no recorte da monografia, uma vez que são produzidos por uma equipe de profissionais da emissora em Campinas e Ribeirão Preto. 3.5.1 EPTV Comunidade Fonte: Fonte EPTV Programa de entrevistas semanal, exibido nas manhãs de sábado, com cerca de 40 minutos de duração. As entrevistas procuram aprofundar temas diversos, em especial fatos que aconteceram na região na última semana antes de ir ao ar. Os temas abordados são problemas enfrentados pela sociedade e, para isso, as entrevistas são feitas com especialistas de cada assunto. E quando a discussão é de interesse das quatro praças ou então o entrevistado pode interessar a todos telespectadores, o programa é exibido pelas quatro praças da emissora, como no dia 23 de janeiro de 2010, ocorreu com a entrevista realizada com o presidente da república Luis Inácio Lula da Silva. 29 3.5.2 EPTV Cidade Fonte: Dados EPTV São seis boletins diários que vão ao ar de segunda a sexta-feira, das 8h às 19h, durante a programação da EPTV aleatoriamente, com um minuto e quinze minutos de duração. Os boletins mostram fatos que estão acontecendo na região e são feitos pelos repórteres e podem ser gravados ou ao vivo. Além das notícias, há prestação de serviços e fatos das cidades de cobertura. Geralmente eles são gravados durante as reportagens, sendo pequenos resumos e feitos depois das entradas ao vivo dos telejornais da emissora. 3.5.3 Jornal da EPTV Fonte: Dados EPTV A primeira exibição do Jornal da EPTV (antigo Jornal Regional Primeira Edição) foi em 1983, após uma mudança no Jornal Hoje, que se tornou obrigatório para todas as afiliadas no país. E para que as emissoras regionais não perdessem espaço abriu-se este espaço regional dentro da programação. O telejornal é focado em prestação de serviço, artes, cultura e no factual da manhã. Além das notícias de política, economia, saúde, habitação e os cinco quadros fixos: 1. Em Cena – uma revista cultural exibida no último bloco do jornal todas as sextasfeiras, com dicas de cinema, shows, teatros exposições, entrevistas com artistas e eventos do final de semana 30 2. Prato Fácil – exibido às quintas-feiras por um jornalista-cozinheiro, que faz receitas rápidas e baratas, que são preparadas em minutos em praças públicas. 3. Há Vagas – quadro que traz oferta de vagas de emprego nas principais cidades do sul de Minas. Os dados são repassados por intermédio dos postos de atendimento do Sistema Nacional de Emprego, Sine. 4. De olho na rua – vai ao ar toda quinta-feira e mostra os problemas que os moradores enfrentam nos bairros das cidades de cobertura. Para a produção da reportagem do bloco, além da reclamação do morador é necessário que ele envie por e-mail uma foto para a redação, mostrando os principais problemas da rua como falta de asfalto, bueiros entupidos e lixos jogados em terrenos baldios. 5. Sua escolha – reportagens que traçam o perfil de vários tipos de profissões e funções. Além de mostrar o dia a dia de um profissional, a reportagem sempre mostra como está o mercado de trabalho e a média salarial. Até 1997 o jornal tinha a duração de 50 minutos e entrava ao ar entre o meio-dia e uma hora da tarde. Mas, em 1999, com a entrada do programa “Mais Você”, da apresentadora Ana Maria Braga, ele perdeu 10 minutos de programação, sendo exibido às 12h15 de segunda-feira a sábado. E, em 2003, o telejornal passou por mais uma alteração, após a Rede Globo, por estratégia de concorrência, cortar 15 minutos de exibição do jornal. Isso porque estava empatando em audiência, de acordo com o IBOPE, na praça de São Paulo (filial da Rede Globo que mais fatura), com o concorrente SBT, que exibia no mesmo horário o programa “Chaves”. A perda de audiência de um telejornal para um programa humorístico fez com que a empresa esticasse os desenhos da programação infantil da “TV Globinho”, concorrendo de igual para igual, ou seja, programas com as mesmas características. A última mudança aconteceu em 2008, quando o telejornal passou de “Jornal Regional Primeira Edição”, para “Jornal da EPTV”, por uma estratégia de marketing para se enquadrar ao nome que a maioria da população usava quando se referenciava ao jornal da EPTV. O cenário do telejornal traz painéis com fotos dos principais pontos turísticos, ou então das características das maiores cidades da área de cobertura da emissora. De cores suaves, com predominância do cinza ao azul escuro, o que chama atenção no jornal são os televisores de LCD. Com eles os apresentadores realizam uma espécie de “diálogo”, com os repórteres que entram ao vivo no jornal, olhando para o televisor, como se apresentador que está dentro 31 do estúdio e o repórter que está na rua de alguma cidade da região, estivessem um de frente ao outro. São por estes televisores também, que o apresentador da sucursal em Poços de Caldas é chamado para participar. Ele é o responsável em trazer as notícias de esporte e os principais fatos que aconteceram nas cidades mais próximas da sucursal. A EPTV investe neste telejornal uma vez que é o horário que as pessoas voltam para casa para almoçarem, e, geralmente ligam os televisores para acompanhar as notícias da região e atinge 27,4% ponto no IBOPE, com um share (fatia de mercado - termo usado quando a empresa quer determinar quanto em porcentagem do mercado ela possui de determinado produto) de 58.2%. 3.5.4 Jornal Regional O Jornal Regional foi ao ar pela primeira vez com este nome em 1983, depois que a Rede Globo permitiu que as afiliadas escolhessem o nome dos telejornais regionais, extinguindo o “Jornal das Sete”. Até este ano, o jornal era veiculado antes do Jornal Nacional, porém depois das mudanças ele é exibido entre a novela 1 (novela das seis) e a novela 2 (novela das sete). O telejornal é exibido às 19h00, de segunda a sexta-feira e possui uma estrutura pequena de 15 minutos divididos em três blocos. No primeiro bloco tem-se a escalada e as notícias de destaque na região no período da tarde e no começo da noite, o “factual”, como é conhecido o jargão jornalístico. O bloco seguinte, geralmente, é destinado ao esporte e algumas reportagens de temas gerais. Por fim, no último bloco, a preferência é de uma reportagem mais importante e de impacto. Mais noticioso do que o Jornal da EPTV, o Jornal Regional traz reportagens que abordam temas de política, polícia, saúde e denúncias. Hoje, é o produto de maior audiência da EPTV, com 46,7 pontos no IBOPE, e share de 69,4%. 32 4 A RELAÇÃO DOS ASSESSORES DE IMPRENSA COM OS JORNALISTAS Uma parcela considerável dos jornalistas brasileiros não trabalha em veículos de comunicação. Em 2010, segundo estimativa da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), o número de profissionais filiados aos órgãos em todo país soma 25 mil, sendo que cerca de 10 mil atuam em assessoria de imprensa. Esse número pode ser visto como um reflexo da conquista de espaço dos jornalistas nas empresas, ao mostrar que as necessidades de comunicação das organizações são mais difíceis e complexas do que se pode imaginar. A atuação das assessorias de imprensa usando da informação e da criação de procedimentos adequados propiciou medidas estratégicas para as empresas, fornecendo uma vasta opção de produtos e serviços: Nessa nova realidade, o todo do processo jornalístico foi profundamente alterado por uma nova relação entre o fato e a notícia. No velho conceito e na velha realidade, havia um intervalo – o intervalo que o poder das redações ocupava – entre o “acontecido” e o “noticiado” (...). Pois este intervalo desapareceu (...). Tendo “o fato produzido” e a sua notícia como principais ferramentas de ação, as fontes, antigamente passivas, se transformaram em instituições deliberadamente produtoras de conteúdos, por meio de fatos noticiáveis. (REGO, 2007, p. 15) E a atuação de jornalistas vindos da imprensa nas assessorias contribuiu para uma maior profissionalização da função e favoreceu um melhor entrosamento entre as empresas e os veículos de comunicação, como afirma Bueno (1989, p.89 apud DUARTE, 2003). Os assessores de imprensa hoje em dia podem ser vistos como um ponto de apoio aos produtores, editores e repórteres. Eles auxiliam os jornalistas no fornecimento de informações corretas e verídicas, e facilitam o contato com as fontes nas entrevistas. E paralelo a isso, têm o papel de explicar e orientar os assessorados sobre o perfil e necessidade de cada veículo. A presença destes profissionais de comunicação dentro das empresas estimula o favorecimento do diálogo e a maior aproximação, de modo positivo, com a imprensa. Esta relevância é descrita por Duarte: Sua atuação fez surgir instituições de todos os tipos como produtoras de conteúdos para os meios de comunicação, estimulou a democratização e qualificação da informação, garantiu às redações facilidade de acesso, moralizou o relacionamento entre fontes e imprensa. Também estabeleceu padrões éticos e técnicos de comportamento e teve a peculiaridade de manter a troca de papéis com a manutenção do título: repórter questionador-crítico-independente ou assessor que orienta politicamente uma fonte, ambos considerados jornalistas. (DUARTE, 2003, p. 90) 33 A relação e o contato eficiente entre assessores, produtores e repórteres de redações exigem técnica, conhecimento e especialização. Assessores de imprensa que já atuaram em redações de tevês, jornais e revistas conhecem detalhadamente o raciocínio e o processo de produção das redações, sendo capazes de promover ações jornalísticas acertadas. A experiência dos assessores em redações contribui para criar padrões de comportamento com enfoque ético e, atuando como mediadores sociais, estes são capazes de gerar informações que sejam de real interesse do público. Além disso, a atuação e o desempenho do assessor são testados diariamente através dos filtros e dos critérios de cada redação. E os jornalistas que atuam em assessorias de imprensa possuem as técnicas da comunicação que facilitam o aproveitamento da notícia pelo veículo de comunicação, através de notícias imediatas, atendimento rápido, sugestões de pautas, troca de informações, entrevistas coletivas e criação de fatos noticiosos. Assim, conhecedores das técnicas de comunicação e de linguagem, os assessores também têm forte atuação dentro das empresas e instituições. ...esses assessores montam e comandam, nas instituições, verdadeiros sistemas especializados de comunicação. Internamente, catalisam, controlam e transformam em matéria-prima noticiosa informação que interessam à instituição, adequando a forma expressiva às características do discurso jornalístico. (CHAPARRO, 1994, p. 71) Esse poder que a comunicação exerce nas empresas e nas instituições é denominado por Torquato de poder expressivo: ...legitimando outros poderes existentes nas organizações, como o poder remunerativo, o poder normativo e o poder coercitivo (...), ajusta os filões de segmentos de mercado, cria e mantém uma identidade, amplia o esforço mercadológico, melhora as vendas e aperfeiçoa os contatos com públicos diferenciados (TORQUATO apud CHAPARRO, 1994, p.70) As ferramentas e os serviços mais utilizados, na versão de Torquato são: Produzir press-releases e disseminar informações para os meios de comunicação coletiva, particularmente a imprensa especializada; coordenar entrevistas para os quadros jornalísticos com o corpo executivo e diretivo da organização; preparar papers especializados para o top executivo; preparar textos promocionais; acompanhar entrevistas do corpo executivo com os meio de comunicação. (TORQUATO apud CHAPARRO, 1994, p.71) 34 Esse poder das assessorias somado às técnicas de comunicação gerou um contato intenso e recíproco entre jornalistas e assessores de imprensa. Com o passar dos anos este convívio foi se solidificando e passou a fazer parte das redações tanto dos processos quanto nos conceitos, tornando proveitoso este relacionamento, como define Chaparro: As profundas contradições da vida moderna, e seus desdobramentos políticos, sociais e econômicos; a inexorável especialização do saber e das demandas de saber; a multiplicidade das interfaces e dos interesses nos jogos do poder; os crescentes confrontos entre o pragmatismo do processo econômico e as emergentes culturas de defesa da valorização da vida; a cumplicidade entre a radipez do desenvolvimento tecnológico (alterando as lógicas sociais e criando novos valores e atitudes culturais), a valorização das mutações históricas e a conseqüente complexidade das significações dos acontecimentos – fazem dos bons assessores de imprensa fontes preciosas para a captação, aferição e interpretação de informações de interesse público. (CHAPARRO, 1994, p.71) 4.1 A relação das assessorias de imprensa com a EPTV Sul de Minas A competência das fontes, em especial das assessorias de imprensa, vai muito além da produção e envio dos releases. O contato deve ser feito de modo harmonioso e eficaz para a satisfação de ambos os profissionais da comunicação. E o objetivo desta pesquisa é analisar esta relação dentro da EPTV Sul de Minas. 4.1.1 A quantidade de releases As sugestões de reportagens e os releases chegam via e-mail na sede da EPTV em Varginha por meio do correio eletrônico - [email protected] –, sendo este o principal canal desta comunicação. A quantidade de releases que a emissora recebe por dia seria um dado importante a integrar esta pesquisa, entretanto, problemas técnicos limitaram o levantamento desta informação durante a pesquisa. Isso se explica pela grande quantidade de e-mail´s recebidos, fazendo com que a “caixa de entrada” do correio eletrônico atinja seu limite máximo de capacidade, em um pequeno período de tempo. Assim, ocorre a necessidade de excluir os releases e e-mail´s que não interessam à emissora, e colocar na agenda, apenas aquilo que pode ser aproveitado como uma sugestão de reportagem. Esta limitação se aprofundou pelo fato de que não existe um único jornalista responsável pelo recebimento dos releases. Embora um único computador na redação receba 35 estes e-mail´s, este é utilizado por diversos profissionais. Além disso, faz parte da rotina dos produtores, editores, noticiaristas e estagiários checar a caixa de entrada do correio eletrônico e sempre deixá-la vazia, resultando tecnicamente inviável a contagem exata e precisa de releases recebidos por dia. Uma tentativa foi feita durante dez dias. Foi solicitado que um jornalista da redação em Varginha encaminhasse todos os releases para o pesquisador, que seria o responsável pela contagem, porém constatada a não fidelidade dos fatos, esta técnica de levantamento de dados foi descartada. Soma-se a esta inviabilidade técnica a grande quantidade de endereços de e-mails através dos quais os jornalistas da EPTV recebem as sugestões. Além do principal e-mail, que foi relatado, alguns jornalistas possuem correios eletrônicos próprios, com domínio “@eptv.com.br” e também e-mail´s de contas particulares. Resultando assim, na inviabilidade técnica de chegar a um dado preciso. 4.1.2 A agenda A redação da EPTV Sul de Minas é informatizada, usando um programa de softaware chamado I-News, importado dos Estados Unidos, que roda em plataforma Windows. Todos os jornalistas veem como o jornal está sendo feito e as mudanças que vão acontecendo na medida em que as notícias chegam à redação. Isso facilita a comunicação e evita erros no ar. A “Agenda” é um dos locais onde os releases são colocados, devidamente na data em que os eventos irão acontecer. Este espaço é separado por mês e dia, assim, cada sugestão de reportagem e release que chega no correio eletrônico é copiado e colado na agenda. É necessária a criação de uma retranca, com no máximo três palavras, que resuma o teor da notícia, a cidade onde vai acontecer o fato e a data do evento. Este local pode ser acessado por todos os jornalistas e as sugestões de reportagens e releases são impressos e levados para a reunião de pauta. Vale ressaltar que este local é destinado aos releases que chegam com antecedência à data de realização do evento. Caso contrário, se o release chegar “em cima da hora”, é colocado no setor chamado “Sugestões”. 36 4.1.3 Sugestões Para as notícias de última hora ou releases que chegam um dia antes ou até mesmo horas antes de acontecer o fato, o I-News possui um campo específico, chamado de “Sugestões” que fica dentro da pasta “Pautas”. O local não possui uma separação de dia e mês para a colocação dos releases. Eles ficam organizados um após o outro, respeitando os horários de criação da retranca, ou seja, a retranca mais nova fica em cima da mais velha e assim sucessivamente. 4.1.4 Reunião de Pauta A reunião de pauta tem início logo após o final do Jornal da EPTV, que se encerra geralmente às 12h45. Entretanto, em períodos excepcionais, como Eleições e Copa do Mundo, como presenciamos em 2010, o horário de exibição e o tempo do jornal é alterado, com isso a Reunião de Pauta muda de horário também. Estão presentes na reunião os produtores, editores, fechadores, chefe de reportagem (Cláudio Dutra), chefe de jornalismo (Marcelle Loureiro) e o gerente de jornalismo (Pedro Aurélio Carvalho). A presença dos produtores da sucursal de Poços de Caldas é feita através do Skype (software que permite a comunicação pela internet através de conexões de voz). Os primeiros a “venderem” a pauta (termo jornalístico que significa sugerir uma reportagem) são os produtores da sucursal em Poços de Caldas. Eles apresentem a notícia, explicam a sua relevância jornalística, apresentam dados, personagens e o conflito existente. Após isso, uma série de perguntas é feita pelos chefes e editores, que analisam a viabilidade e a relevância da reportagem. Neste período, se alguma pergunta não for respondida, rapidamente o produtor liga para a fonte ou assessor de imprensa ou o personagem, para sanar as últimas dúvidas. Um release completo e bem elaborado propicia ao produtor maior possibilidade de êxito na sugestão da reportagem. Sendo aceita a proposta, caso alguns dados ou informação necessária para a produção da pauta não estejam no release, é necessário realizar um contato telefônico imediato com o assessor de imprensa, que deve estar disponível para atender o produtor e sanar a dúvida. Em seguida, os chefes repassam as orientações e o encaminhamento que a reportagem deve seguir. Após a chefia “comprar” (aceitar) as sugestões, a equipe da sucursal inicia o 37 trabalho de produção. Na reunião em Varginha, os produtores dão continuidade à reunião de pauta, nos mesmos moldes de “venda” e “compra” de reportagem. 4.1.5 Produção Os produtores são os jornalistas responsáveis pela elaboração, marcação e explicação das pautas. Com o encaminhamento em mãos, a pauta é produzida para o dia seguinte. Uma retranca é aberta na pasta “Pautas”, com o nome da pauta a ser produzida, cidade, repórter que irá fazer e uma indicação para que o repórter e editor saibam em qual jornal a reportagem será exibida: JE, para o Jornal da EPTV, ou JR para o Jornal Regional. Esta indicação é importante para que o repórter e editor tenham noção do tempo da reportagem, uma vez que o JE tem de 25 a 30 minutos de duração e aceita reportagens de maior duração de até 2 minutos e 30 segundos. Já o JR, com 15 minutos de exibição, não comporta reportagens grandes e tem o padrão de 1 minuto e meio para cada matéria. Neste processo, este é o momento em que o produtor utiliza as informações contidas nos releases para informar o repórter como deve elaborar a reportagem, explicar o tema a ser abordado e apresentar os dados da reportagem. Informações verídicas e objetivas nos releases favorecem a produção da pauta, portanto, um assessor de imprensa que atue desta forma, auxilia muito o trabalho do produtor. 4.1.6 Gravação O repórter e o repórter-cinematográfico seguem todas as marcações estabelecidas na pauta. Quando a reportagem é sugerida por um assessor de imprensa, a presença dele ao lado do repórter é valiosa, pois auxilia nas entrevistas e facilita o acesso da equipe de reportagem, ajudando a esclarecer alguma dúvida que não tenha sido sanada durante a produção da pauta. 4.1.7 Edição O editor também necessita do auxílio do assessor de imprensa para montar e finalizar a reportagem. Além de avaliar e autorizar o texto do repórter, este profissional é quem fica responsável por conferir se a reportagem tomou o encaminhamento pré-estabelecido durante a 38 reunião de pauta. E, caso alguma informação não esteja condizente, é o editor quem entra novamente em contato com o assessor de imprensa antes de a reportagem ser exibida. 4.1.8 Painel Para fechar o ciclo de produção da reportagem, o I-News possui uma pasta com o nome de “Painel”, local onde são feitos os comentários sobre as reportagens que foram ao ar. É de responsabilidade do “fechador” (jornalista responsável por escrever as laudas dos apresentadores e fechar o jornal) comentar sobre o jornal que foi ao ar. Os comentários integram todos os profissionais que participaram do processo de produção de determinada reportagem, na seguinte ordem: nome do produtor, nome do editor, nome do repórter e nome do repórter-cinematográfico. São expostos comentários desde a produção, a realização, a edição e a exibição da reportagem. Elogios são feitos às reportagens diferenciadas, e críticas são levantadas para aquelas reportagens que foram ao ar com informações, texto ou imagem que poderiam ser alterados. Com isso, o trabalho do assessor de imprensa também é avaliado. Caso alguma informação errada ou falta de informação seja notada, o assessor de imprensa é comunicado. Desta forma, vai se criando ou distanciado a relação entre os assessores de imprensa e os jornalistas que integram a redação. 39 5 PESQUISA DE OPINIÃO Na tentativa de comprovarmos a primeira hipótese deste trabalho (Pelo alcance que possui, as assessorias de imprensa priorizam a mídia EPTV Sul de Minas e se preocupam em criar pautas especialmente adaptadas às características do veículo televisão), foi elaborada uma pesquisa de opinião, junto às assessorias de imprensa, através da técnica do questionário por correio, modelo proposto por Novelli (2009), que oferece condições para a elaboração da pesquisa. 5.1 Pesquisa Interna A aplicação da pesquisa interna englobou o universo dos jornalistas que atuam na EPTV Sul de Minas. Após identificar este universo, foi decidido que a pesquisa englobaria apenas parte dele, caracterizando-se como pesquisa de amostragem. A seleção da amostra da pesquisa se deu de forma probabilística. E a elaboração do questionário apresenta questões fechadas e abertas. As questões indagam como os jornalistas da emissora avaliam e interpretam o trabalho dos assessores de imprensa da região. Para a aplicação da pesquisa interna na EPTV Sul de Minas foram enviados 27 questionários, que equivalem a 100% da população de jornalistas que atuam na redação. Para o cálculo da amostra foi utilizada a ferramenta Simple Size Calculator, disponível pelo site Research Info (http://www.researchinfo.com/docs/calculators/samplesize.cfm). Servindo de base a população de 27 e de acordo com os cálculos da ferramenta, a amostra necessária para que fosse obtido um grau de confiabilidade de 95% e com uma margem de erro de 15%, deveria ser de 17 questionários. Após a definição da amostra, foram enviados 27 questionários, deste total, 21 retornaram. 5.2 Pesquisa Externa A pesquisa externa foi feita com os assessores de imprensa da região, também através de questionários. As questões elaboradas seguem o mesmo padrão do questionário enviado aos jornalistas da emissora, mas indagam o tema do ponto de vista dos assessores. Assim, é possível fazer uma comparação com as respostas obtidas a partir da visão de ambos os profissionais. 40 A aplicação da pesquisa externa foi direcionada ao universo dos assessores de imprensa que atuam no sul de Minas Gerais. Foi decidido, entretanto, que a pesquisa englobaria apenas parte dele, caracterizando-se como pesquisa de amostragem. A seleção da amostra da pesquisa se deu de forma probabilística. E a elaboração do questionário apresenta questões fechadas e abertas. Há uma carência de dados do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais (SJPMG) e de demais órgãos relacionados, que não puderam informar a quantidade de jornalistas que atuam nas assessorias de imprensa no sul de Minas Gerais. De acordo com o Sindicato dos jornalistas de Minas Gerais o número de profissionais que atuam no sul do Estado são de 100 jornalistas, englobando entre assessores e profissionais de redações. Para viabilizar a pesquisa, para qual só interessa o número de assessores de imprensa, foi preciso estimar o número destes profissionais a partir da análise de percepção do número de jornalistas que atuam nas redações, mais facilmente mensurável. Após realizar este levantamento e verificar que cerca de 60 jornalistas atuam nesta área é possível afirmar que o número de assessores se situa em torno de 40. Portanto, esta foi a população utilizada para efetuar o cálculo do tamanho da amostra para a pesquisa em estudo. Para o cálculo da amostra foi utilizada a ferramenta Simple Size Calculator, disponível pelo site Research Info (http://www.researchinfo.com/docs/calculators/samplesize.cfm). Utilizando a população de 40 e de acordo com os cálculos da ferramenta, a amostra necessária para que fosse obtido um grau de confiabilidade de 95% e com uma margem de erro de 15%, deveria ser de 21 questionários. Após a definição da amostra, foram enviados 32 questionários, deste total, 24 retornaram. FIGURA – Tela do e-mail enviado pelo SJPMG Fonte: Gmail 41 5.3 Questionário Questionados como avaliavam o relacionamento com as Assessorias de Imprensa da região, 71% dos jornalistas da EPTV Sul de Minas consideram como bom; e 29% consideram a relação como regular. 0% 0% 29% Ótimo Bom Regular Ruim 71% TABELA 1 - Como você avalia seu relacionamento com as Assessorias de Imprensa da Região? Fonte: Resultado da pesquisa do autor Já dos assessores de imprensa questionados sobre como avaliam o relacionamento com a EPTV Sul de Minas, 100% afirmaram que possuem um ótimo relacionamento com a emissora. 0% 0% 0% Ótimo Bom Regular Ruim 100% TABELA 2 – Como você avalia seu relacionamento com a EPTV Sul de Minas? 42 Fonte: Resultado da pesquisa do autor A maioria (72%) dos jornalistas da EPTV Sul de Minas conta algumas vezes com o auxílio das assessorias de imprensa na produção de reportagens. E 14%, na maioria das vezes, confirmam este auxílio. Já outros 14% dizem que pouco são auxiliados pelas assessorias de imprensa. 14% 0% 14% Na maioria das vezes Algumas vezes Pouco Nunca 72% TABELA 3 - O seu trabalho na produção de reportagens é auxiliado pelas Assessorias de Imprensa da região? Fonte: Resultado da pesquisa do autor E 100% dos assessores de imprensa afirmam que, algumas vezes, as sugestões que eles enviam são aceitas pela redação da EPTV Sul de Minas. 0% Na maioria das vezes Algumas vezes Pouco Nunca 100% TABELA 4 – O seu trabalho na sugestão de reportagens é aceito pela EPTV Sul de Minas? Fonte: resultado da pesquisa do autor 43 E a grande maioria (86%) dos jornalistas afirma que somente 30% das reportagens foram sugeridas por assessores de imprensa. Já outros 14% afirmam que a metade (50%) das reportagens foram produzidas a partir de sugestões das assessorias de imprensa. 0% 0% 100% 0% 70% 14% 50% 30% 0% 86% TABELA 5 - Nas reuniões de pauta qual o percentual de reportagens são efetivamente produzidas a partir de sugestões das Assessorias de Imprensa da Região? Fonte: Resultado da pesquisa do autor Metade dos assessores de imprensa afirma que 50% das reportagens que foram enviadas para a emissora foram aceitas. Já, a outra metade de assessores de imprensa afirma que somente 30% das reportagens oferecidas foram produzidas. 0% 0% 100% 0% 70% 50% 50% 50% 30% 0% TABELA 6 - Qual o percentual de sugestões de pautas enviadas para a EPTV são efetivamente produzidas? Fonte: Resultado da pesquisa do autor 44 Para 43% dos jornalistas da emissora, algumas vezes as sugestões de pautas enviadas são bem elaboradas para a mídia televisão. Já a maioria (57%) afirma que as sugestões são pouco adequadas para a tevê. 0% 0% 43% Na maioria das vezes Algumas vezes Pouco 57% Nunca TABELA 7 - As sugestões de pautas enviadas pelas Assessorias Imprensa da região são bem elaboradas e adequadas para a mídia televisão? Fonte: Resultado da pesquisa do autor Já para 75% dos assessores de imprensa, na maioria das vezes, as pautas que são enviadas são específicas para tevê. E 25% afirmam que, algumas vezes, as pautas são enviadas no formato específico. 0% 25% 0% Na maioria das vezes Algumas vezes Pouco Nunca 75% TABELA 8 - O seu trabalho de assessoria de imprensa inclui sugestões de pautas específicas para o formato televisão? Fonte: Resultado da pesquisa do autor 45 A maioria (57%) dos jornalistas da emissora afirma que, algumas vezes, os assessores contribuem para o desenvolvimento das pautas. Outros 14% afirmam que, na maioria das vezes, têm contribuição. Já 29% afirmam que pouco os assessores auxiliam. 0% 0% 14% 29% Na maioria das vezes Algumas vezes Pouco Nunca Atrapalham 57% TABELA 9 - Os assessores de imprensa da região contribuem para o desenvolvimento das pautas? Fonte: Resultado da pesquisa do autor Grande parte dos assessores de imprensa (75%) respondeu que, na maioria das vezes, auxiliam no desenvolvimento das pautas. E 25% disseram que, algumas vezes, auxiliam no andamento. 0% 0% 25% Na maioria das vezes Algumas vezes 0% Pouco Nunca Atrapalham 75% TABELA 10 - Você acredita que o seu trabalho contribui para o desenvolvimento das pautas da EPTV Sul de Minas? Fonte: Resultado da pesquisa do autor 46 5.4 Análises dos Dados A partir dos resultados obtidos através dos questionários algumas afirmações podem ser levantadas. O que primeiramente chama atenção é o fato de que a grande maioria dos jornalistas da emissora (57%) afirma que os releases enviados pelas assessorias de imprensa são pouco elaborados para o formato de tevê. Entretanto, grande parte (75%) dos assessores de imprensa afirma que as sugestões enviadas à emissora são específicas para o formato televisão. Assim, é possível observar uma contradição nas respostas, o que é confirmado pelo chefe de reportagem da EPTV, Cláudio Dutra: “Acredito que falta treinamento para o profissional de assessoria. Eles não têm muita noção de como é o telejornalismo. Não pensam muito na questão da imagem. Tevê é imagem e se não tem, fica difícil emplacar uma pauta. Outra coisa que é esquecida também é a questão comercial. É preciso que a assessoria seja criativa para que uma pauta não seja confundida com um comercial”. Esta contradição é ressaltada pela assessora de imprensa da Prefeitura de Carmo do Rio Claro, Lucíola Zvarick, que relata: “A dificuldade é transformar um assunto meramente local em pauta regional e, por vezes, nacional – o sonho dos jornalistas de cidades do interior. Por isso, sempre procuro contextualizar os assuntos que eu mando como sugestão. Na verdade, muitas vezes, escrevo como se fosse uma matéria pronta para ser publicada em jornal impresso, com fontes diversificadas e abordagem ampla, ou seja, não tendenciosa”. Portanto, vemos que, de um lado, os assessores têm dificuldades em enviar sugestões que atendam as características da tevê e, portanto perdem espaço dentro da emissora. Por outro lado, alguns assessores sabem trabalhar melhor um release, como relata Eliana Sonja Rotundaro, assessora de imprensa da E-comunicações em Varginha: “Como trabalho com vários clientes, ou seja, empresas e entidades variadas, as sugestões de pautas, muitas vezes, podem de fato não interessar à EPTV. Os releases que tratam de eventos são os mais fáceis de trabalhar, pois são factuais e interessam à mídia em geral. As dificuldades são pequenas, pois como profissional do jornalismo, sei bem o que pode interessar ou não à EPTV e conheço as necessidades da emissora. Obviamente, que em algumas sugestões de pautas, faço questão de entrar em contato diretamente com os produtores da EPTV, para ajudá-los na confecção das matérias, Sempre sou bem atendida e, o 47 mais importante, sou reconhecida/respeitada como assessora de imprensa que pode ajudá-los no trabalho diário da emissora”. Esta dificuldade em inovar e apresentar com um olhar diferente, aquilo o que é corriqueiro, precisa ser superada pelo assessor de imprensa que almeja espaço na mídia. Já o relacionamento entre estes dois profissionais é outro ponto levantado na pesquisa que obteve resultados contraditórios. Uma parcela considerável (29%) dos jornalistas da EPTV considera a relação com os assessores regular, enquanto 71% afirmam ter um bom relacionamento. Porém, aos assessores de imprensa em sua totalidade (100%) consideram que possuem um ótimo relacionamento com os jornalistas da emissora. É possível notar uma grande variação no nível das respostas e concluir que os assessores de imprensa deixam a desejar na conduta jornalística esperada pelos jornalistas da EPTV, como afirma a chefe de pauta da emissora, Cristina Carvalho: “Muitas assessorias mandam os releases de eventos que já aconteceram. Alguns eventos, há dias. Outras assessorias, principalmente, as de órgãos públicos, não servem de ponte entre a imprensa e os órgãos responsáveis pela informação. Eles funcionam como uma central, onde o máximo que conseguimos é o número do telefone do responsável. Muitos assessores não têm muita noção dos elementos importantes para uma reportagem em televisão, e com isso, acabam perdendo a chance de ver os assuntos virarem pautas. Não sabem vender a idéia”. Algumas falhas também são apontadas por Lucas Soares, editor da EPTV: “Acho que quando você se dispõe a fazer um trabalho de assessoria de imprensa, tem que tentar atender a imprensa da melhor maneira possível. Já passei por situações em que pedia uma informação, para no máximo tal dia, e ela chegava uma semana, duas, depois ou nem chegava. Acho que falta esse cuidado e atenção. A comunicação na região ainda é pouco desenvolvida e posso contar nos dedos as assessorias de imprensa que respeito por fazerem um bom trabalho”. Nota-se que, falta mais empenho por parte dos assessores de imprensa, em conquistarem mais espaço dentro da emissora, que estão abertos, porém necessita-se de um trabalho atencioso e inovador. Os erros apontados pelos jornalistas da emissora são encontrados na fala de Thaís dos Reis Mendonça, assessora de imprensa da Autopista Fernão Dias: “O trabalho da Autopista Fernão Dias visa melhorar a segurança e fluidez do tráfego na rodovia. A emissora entra mais em contato com a Concessionária para saber sobre os 48 acidentes e balanços dos feriados. Os eventos factuais como estes interessam mais à mídia. Outras sugestões de pauta, como atendimentos na rodovia e eventos da Concessionária, são divulgadas por email, e, dependendo da região, avisadas por telefone. Essas pautas também são cogitadas, mas nem sempre executadas pela EPTV”. Assim, é possível notar duas falhas. Primeiro, o costume da assessoria em somente manter um contato em notícias com acidentes, que são consideradas negativas para a empresa. Segundo, a assessoria somente entra em contato com a emissora para pautas maçantes e que nada trazem de novo ao telespectador, como atendimento na rodovia. Alguns pontos que sinalizam que o exercício da atividade jornalística dos assessores de imprensa precisa de ajustes são apontados pelo produtor da sucursal da emissora em Poços de Caldas, João Daniel Alves: “As assessorias ainda possuem o hábito de se calar diante de uma crise! Embora não seja uma regra, não é raro nos depararmos com situações nas quais os assessores dificultam ou proíbem qualquer acesso à diretoria da empresa quando o assunto é uma denúncia! Fato que considero ruim para as próprias empresas que teriam esse espaço para divulgar a versão delas!” O produtor ainda ressalta algumas dificuldades técnicas encontradas neste convívio diário: “Fotos, arquivos em PDF e similares, quando estão anexados ao e-mail, raramente chamam a atenção! É necessário colocar tudo no corpo do texto. Muitas fotos para TV é inútil, a menos que a emissora solicite para fazer alguma nota coberta!”. João Daniel ainda destaca alguns hábitos que ele considera inadequados do ponto de vista da natureza ética, como dados pouco confiáveis: “As assessorias ainda costumam “aumentar” ou “distorcer” a realidade. Nas redações é comum ouvirmos que quando alguma assessoria divulga público estimado, devemos acreditar que terá 1/3 do que foi divulgado! Parada Gay terá 20 mil pessoas! Se tiver 7 mil será muito!”. Algumas considerações importantes a respeito desta relação são apresentadas pelo editor e fechador do Jornal da EPTV, Riney Ribeiro. “A confecção do release é um dos principais erros dos assessores. Muitas vezes a notícia fica no final do texto, não responde, sequer, o lead. Isso dificulta o trabalho do jornalista de televisão que, por falta de tempo, precisa de textos simples e objetivos. A proposta deve estar no primeiro parágrafo.” 49 5.5 Propostas de melhoria Problemas de natureza técnica e ética que envolvem esta relação foram apresentados, entretanto é necessário ter conhecimento da opinião crítica, para que mudanças positivas aconteçam. Riney Ribeiro levanta algumas sugestões positivas para que este contato possa ser mais produtivo: “Não existe um caminho exato. Estamos falando de comunicação e quanto mais é colocada em prática, melhor. Além de enviar os releases por email ou fax, manter um contato por telefone é sempre bom. É interessante também acompanhar a equipe desde a produção até a finalização da reportagem, isso facilita o trabalho e o entendimento da proposta. Normalmente uma reportagem feita por meio de um release exige produção, com personagens e dados complementares que sustentam a notícia e, para isso, é muito importante o envolvimento direto do assessor de imprensa. Outro detalhe que considero fundamental é a elaboração de releases diferenciados para cada meio de comunicação. Nem sempre o que é notícia num impresso, na internet ou rádio pode ser adaptado para televisão”. Alguns pontos curiosos também foram levantados por João Daniel Alves, que traz à tona algumas falhas dos assessores de imprensa e o comportamento profissional, que sofre modificações com o passar dos anos: “Penso que ainda há uma distância muito grande entre os assessores e seus clientes e isso faz com que a aproximação da emissora com a empresa também seja difícil. Em algumas situações, por exemplo, o assessor é pego de surpresa sem sequer ter conhecimento do assunto que a emissora quer noticiar! Sinto que as assessorias, assim como os demais profissionais da área jornalística, se acomodam e não buscam se atualizar e isso gera um desconforto. Um assessor com 30 anos de carreira precisa saber qual é língua falada por um repórter ou produtor recém-formado. Da mesma forma, um assessor recém-formado precisaria saber qual é a visão de um jornalista com 30 anos de carreira! São realidades diferentes, visões diferentes e todos nós precisamos aprender com o outro! Com certeza, cada profissional, seja ele assessor, repórter ou cinegrafista ou motorista tem alguma coisa para nos acrescentar!”. Algumas sugestões de melhoria são apresentadas pelo editor da EPTV Evaldo Domingues: 50 “Em primeiro lugar, os assessores poderiam ficar mais antenados nos nossos jornais e descobrir as nossas necessidades, acompanhar e oferecer sugestões oportunas para as nossas seções. Para “vender o peixe”, o assessor precisa conhecer o comprador, saber o que ele quer, ou saber como convencê-lo a querer o que se está “vendendo”. Isso, claro, com bom senso, sem abordagens muito incisivas, porque nem sempre o produtor de TV tem tempo suficiente para ler ou receber por telefone sugestões muito longas, demoradas. Sugestões são sempre bem-vindas, mas em textos curtos, objetivos. E, claro, assessores prestativos e fáceis de encontrar, a qualquer hora do dia, são os preferidos”. 5.6 Perfil e necessidades da emissora Analisado os principais problemas que existem nessa relação do fazer jornalístico entre os profissionais da comunicação, algumas considerações sobre as necessidades da emissora EPTV devem ser apresentadas. De acordo com o Manual de Princípios da EPTV a missão da emissora é: Levar informação isenta e plural ao nosso telespectador seja ela de interesse público ou de interesse do público. Ter foco na prestação de serviços de forma que o nosso produto seja útil e indispensável às pessoas Tudo isso com agilidade, responsabilidade, clareza e sempre pautado pela ética. As táticas de produção da EPTV são: Checar exaustivamente os dados que sustentem a reportagem e acompanhar os desdobramentos (não deixar o assunto morrer). Buscar a diversificação das fontes em toda área de cobertura e manter contatos presenciais com as mesmas, através de visitas e de “encontros com a fonte nas redações”. Repercutir temas comuns em cidade variadas. Discutir a formatação da reportagem, fugindo do lugar comum. Acompanhar o resultado da matéria com a reportagem e editoria. Pautas curtas e objetivas, com definição clara da notícia e precisão nas marcações 51 A pauta tem que retratar a diversidade social. Estar atenta aos detalhes dos acontecimentos. Embasado nestes conceitos, o processo de produção das reportagens para o Jornal da EPTV possui critérios que devem ser de conhecimento dos assessores de imprensa da região. Sobre esta classificação das informações o chefe de reportagem, Cláudio Dutra relata: “Não existe padrão. Os fatos são notícia pela importância, pelo interesse público, pela "factualidade", pelo ineditismo, pela gravidade. Esses são os critérios mais importantes. E após uma análise contínua de qualquer jornal regional, um telespectador ou assessor de imprensa pode perguntar que tipo de critério é usado para selecionar as matérias que compõem a edição do jornal da região. Sobre este tema o gerente de jornalismo da EPTV Sul de Minas, Pedro Aurélio Varoni afirma: “O critério é jornalístico, priorizando a notícia relevante, abrangente, curiosa. Nosso norte é o caráter regional. Mesmo os grandes assuntos nacionais de utilidade pública (campanhas de vacinação, esclarecimentos sobre surtos e epidemias, declaração do imposto de renda de pessoa física, etc.) precisam ser adaptados à região na qual estamos inseridos. Na outra ponta, evitamos assuntos extremamente locais, mesmo que aconteçam em cidades pólos. Exemplo: acidente de trânsito sem consequências graves”. Em particular, sobre o Jornal da EPTV, veiculado no horário do almoço e que tem um perfil de público diferente dos outros jornais da emissora, Pedro Varoni explica: “Para qualquer jornal, o critério único é o espaço para a notícia. Os factuais são soberanos. No entanto, o Jornal da EPTV dá ênfase também à prestação de serviço, priorizando o comunitário (problema de bairro), saúde pública e mercado de trabalho. A cultura, as artes, o entretenimento, o comportamento, os personagens são bem-vindos. Um outro aspecto importante no Jornal da EPTV é a linguagem. De dois anos para cá, temos procurado soltar mais nossos apresentadores, para que promovam uma comunicação mais solta, coloquial, sem artificialismos. A regra vale para todos os produtos, mas o Jornal da EPTV é o laboratório”. Regionalizar os fatos e as notícias são recursos primordiais que devem ser priorizados pelos assessores de imprensa da região. Fazer com que um tema nacional seja abordado em uma cidade ou que um tema local tome maiores proporções são tarefas das assessorias de imprensa, que têm na televisão regional o seu principal veículo de comunicação, como explica Pedro Varoni: 52 “Os temas locais e das microrregiões ficam para a imprensa das cidades. As notícias estaduais ficam para a imprensa estadual. As notícias nacionais e internacionais ficam com os grandes veículos de comunicação. A imprensa regional ocupa esse vácuo. De certa forma, ela contribui para o sentimento de pertencimento entre as pessoas que vivem próximas umas das outras, porém, em municípios diferentes, interligados por aspectos geográficos, econômicos, culturais e sociais. A emissora regional deve ser guiada para essa finalidade”. 5.7 Incidência da relação Na tentativa de comprovarmos nossa segunda hipótese (A relação entre as assessorias de imprensa que atuam na região e os jornalistas da EPTV Sul de Minas é bastante intensa, sendo estas responsáveis por grande parte das sugestões de pauta que resultam na produção das matérias jornalísticas), a técnica do estudo de caso utilizada foi através de registros em arquivo, sendo uma importante fonte de dados, como descreve Novelli (2009, p.230) “Sua importância pode ser fundamental para uns gerando análises.”. A partir desta definição, o pesquisador se propôs a levantar o arquivo das reportagens que foram feitas durante o mês de julho de 2010 e exibidas no Jornal da EPTV1. A partir deste levantamento uma pesquisa foi feita, ao apresentar a quantidade de reportagens que foram produzidas a partir de releases das assessorias de imprensa da região. Foram arquivados os releases enviados pelas assessorias de imprensa, a pauta ( produzida a partir de cada release enviado), o off (texto do repórter), as laudas da cabeça e pé dos apresentadores, bem como o espelho do jornal. O resultado obtido foi que, durante o mês de julho de 2010, foram produzidas 27 edições do Jornal da EPTV. Somando-se todas as reportagens, notas cobertas, notas secas, slides e quadros fixos, e excluindo-se o mapa tempo, passagem de bloco, chamada do Jornal Hoje, escalada e theaser, chega-se ao número de 257 reportagens produzidas para este telejornal. Após uma análise diária de quais reportagens foram produzidas a partir de sugestões e releases de assessorias de imprensa, chegou-se a quantidade de 14, ou seja, das 257 reportagens produzidas durante o mês de julho, apenas 5,44% são oriundas do contato entre 1 Anexo A – Arquivo dos espelhos, laudas, off, pautas e releases de reportagens que foram exibidas no jornal da EPTV, durante o mês de julho de 2010 53 jornalistas da EPTV Sul de Minas e os jornalistas que compõem as assessorias de imprensa da região. Na tentativa de fazer um comparativo do mesmo período do ano passado, o I-News não ofereceu esta possibilidade, uma vez que a “Agenda”, local onde ficam arquivados os releases e a “Sugestões”, são limpos a cada ano, somente ficando arquivados as pautas, off´s, jornais e espelhos. Com isso, o pesquisador ficou impossibilitado de realizar a comparação. Entretanto, com os dados obtidos, foi possível observar o baixo índice de reportagens que produzidas pela EPTV e que foram sugeridas pelas assessorias de imprensa da região. Dificuldades no relacionamento como foram apresentadas anteriormente, ausência de inovação nas sugestões de reportagens e ausência dos elementos necessários para compor uma reportagem de TV podem ser considerados os principais agentes promotores desta baixa incidência. Por outro lado, esta dificuldade não foi constatada nas respostas obtidas pelos assessores de imprensa que participaram do questionário. Metade dos assessores de imprensa afirmou que 50% das reportagens que foram enviadas para a emissora foram aceitas. E a outra metade dos assessores que participaram da pesquisa relatam que 30% das reportagens oferecidas foram produzidas pela EPTV. Assim, é possível encontrar um ponto que destoa, entre o que é fato e o que foi respondido. Já a grande maioria (86%) dos jornalistas afirmou que somente 30% das reportagens foram sugeridas por assessores de imprensa. Já outros 14% afirmam que a metade (50%) das reportagens foi produzida a partir de sugestões das assessorias de imprensa. 54 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS Foram analisadas as várias relações que permeiam um nicho das funções jornalísticas. De um lado, os assessores de imprensa que atuam no sul de Minas Gerais e, do outro lado, os profissionais que ocupam a redação da EPTV Sul de Minas. Foi estudada, primeiramente, a história da assessoria de imprensa no mundo, desde o surgimento, evolução e crescimento, até a disseminação no Brasil, na década de 80, com o início da industrialização. Hoje, tanto as instituições quanto as grandes empresas, sabem que a forma mais eficaz de agir, é noticiar. E, para isso, precisam dos meios de comunicação. Elas sabem que tornar-se notícia é uma importante ferramenta tanto de divulgação de suas ações quanto de consolidação da imagem que pretendem transmitir. Paralelamente, foi apresentado o contexto social em que se insere a mídia televisão e destacado o fato de que, dentro deste cenário, ocupa um lugar privilegiado. Também foi descrita a história, estrutura e missão das Emissoras Pioneiras de Televisão (EPTV), suporte indissociável desta pesquisa. No que diz respeito ao objeto estrito desta monografia foram apresentados os resultados da pesquisa que embasam os dados estatísticos e relatados os conflitos e dificuldades existentes na relação entre os assessores de imprensa e os jornalistas. Depoimentos de ambos os profissionais ajudaram a clarear como são percebidos os desafios que encontram os assessores de imprensa ao tentar ganhar mais espaço na mídia em contraponto com as exigências estabelecidas pelo meio televisão. Porém, esta pesquisa também revelou que já existe uma relação de cooperação recíproca e conveniência entre as partes em questão. É possível encontrar falhas de ambos os lados, entretanto, os jornalistas da emissora hoje têm acesso à notícias e assuntos dos quais não teriam conhecimento sem a atuação dos assessores de imprensa, que são bons informantes e tradutores de algumas realidades particulares e/ou específicas. São fontes institucionais, que geram fatos de interesse público e, muitas vezes, podem indicar especialistas para explicar ou debater determinados temas, com grande propriedade. Embora as falas dos jornalistas que integram a emissora possam parecer, em alguns momentos, muito duras ou críticas em relação ao trabalho das assessorias, têm a intenção de esclarecer e promover ensinamento. Uma interpretação adequada destas opiniões e visões 55 facilitará enormemente o entendimento das necessidades da mídia EPTV, encurtando o caminho para que os assessores aprimorem seu desempenho e tornem a relação mais produtiva para ambos. Ao interpretar a baixa incidência de sugestões de pauta que são efetivamente aceitas para a produção de uma reportagem para a televisão, fica evidente que muitos profissionais de assessorias de imprensa não têm a compreensão adequada da dinâmica televisiva. Enfim, existe espaço para o crescimento da atuação das assessorias na EPTV, porém é preciso aperfeiçoar técnicas e conhecimento do meio para saber conquistá-lo. Nessa ótica de um relacionamento específico, tanto jornalistas que integram assessorias de imprensa como os jornalistas que fazem parte das redações de televisão devem promover mudanças com vistas ao futuro, como afirma Chaparro (2007, p.14): Para a democracia, é ótimo que os sujeitos sociais sejam capazes de articular e difundir os seus próprios discursos. Mas o jornalismo precisa, urgentemente, descobrir, tomar consciência, se preparar para exercer os novos papéis que lhe cabem, em uma sociedade movida pelas energias da informação e pelos embates discursivos de instituições que sabem o que dizer, como dizer e quando dizer. 56 REFERÊNCIAS AUTORES, Diversos – Assessoria de Imprensa – O papel do assessor. 1 ed. Brasília: Fenaj, 1996. BARROS, A. e DUARTE, J. Métodos e Técnicas de Pesquisa em Comunicação. 2 ed. São Paulo: Atlas. 2006. BAZI, Rogério Eduardo Rodrigues. TV Regional – Trajetórias e Perspectivas. 1 ed. Campinas: Alínea, 2001 CHAPARRO, M. Carlos. Sotaques D´Aquém e D´Além Mar – Percursos e Géneros do Jornalismo português e brasileiro. 1ed. Santarém: Jortejo, 1998. DIAS, R.; TRALDI, M. C. Monografia Passo a Passo. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2006. JÚNIOR, Duílio Fabbri. A Tensão entre Global e Local. 1 ed. Campinas: Akademica Editora, 2006. KÖCHE, J.C. Fundamentos de Metodologia Científica: Teoria da ciência e iniciação à pesquisa. 22. ed. Petrópolis: Vozes, 2004. LIMA, G. Moreira. Releasemania – Uma contribuição para o estudo do press-release no Brasil. 3 ed. São Paulo: Editora Summus, 1985. MARCONI, E. A; LAKATOS, E. M. Técnicas de pesquisa: planejamento e execução de pesquisas, amostragem e técnicas de pesquisa, elaboração, análise e interpretação de dados. 5 ed. São Paulo: Atlas, 2002. ORGANIZADOR, J. Duarte. Assessoria de Imprensa Relacionamento e Mídia. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2003. OYAMA, T. A arte de entrevistar bem. 1 ed. São Paulo: Contexto. 2008. 57 REGO, F. G. Torquato. Jornalismo Empresarial – Teoria e Prática. 3 ed. São Paulo, Summus, 1984. RODRIGUES, Org. Ernesto. No Próximo Bloco... - O jornalismo brasileiro na TV e na internet. 1 ed. São Paulo: PUC-Rio, 2005. ZAINDAN, Rosana. O Diário de JB – José Bonifácio Coutinho Nogueira. 1 ed. Campinas: Terra da Gente Produções e Eventos, 2009. 58 DOCUMENTOS ON LINE CHAPARRO, http://www.blogdoprofessorchaparro.com.br/integra_integra.asp?codigo=98, acesso em 20/01/10 CHAPARRO, http://www.blogdoprofessorchaparro.com.br/integra_integra.asp?codigo=105, acesso em 22/01/10 CHAPARRO, http://www.blogdoprofessorchaparro.com.br/integra_integra.asp?codigo=114, acesso em 25/02/10 CHAPARRO, http://www.blogdoprofessorchaparro.com.br/integra_integra.asp?codigo=119, acesso em 02/03/10 CHAPARRO, http://www.blogdoprofessorchaparro.com.br/integra_integra.asp?codigo=122, acesso em 02/04/10 CHAPARRO, http://www.blogdoprofessorchaparro.com.br/integra_integra.asp?codigo=125, acesso em 05/06/10 CHAPARRO, http://www.blogdoprofessorchaparro.com.br/integra_integra.asp?codigo=126, acesso em 15/07/10 CHAPARRO, http://www.blogdoprofessorchaparro.com.br/integra_integra.asp?codigo=130, acesso em 20/07/10 MANUAL DE ASSESSORIA DE IMPRENSA: FENAJ. Disponível em http://www.fenaj.org.br/mobicom/manual_de_assessoria_de_imprensa.pdf. Acesso em 12/8/10. 59 CRONOGRAMA DAS ATIVIDADES NOVEMBRO/ DEZEMBRO DE 2009 *Escolha do Tema *Consulta bibliográfica *Fichamento das leituras JANEIRO DE 2010 *Consulta bibliográfica *Fichamento das leituras FEVEREIRO DE 2010 *Consulta bibliográfica *Fichamento das leituras MARÇO DE 2010 *Consulta bibliográfica *Fichamento das leituras *Alteração do tema Escolha do veículo a ser estudado e do perfil dos profissionais a serem entrevistados Escolha da EPTV como objeto de pesquisa *Contato com o diretor da EPTV e Assessores de Imprensa ABRIL DE 2010 *Consulta bibliográfica *Fichamento das leituras *Início da redação da Introdução, Seções 1 e 2 * Definição dos métodos de pesquisa MAIO DE 2010 *Consulta bibliográfica *Fichamento das leituras *Elaboração e envio dos questionários 60 *Finalização da redação da Introdução, seções 1 e 2 *Entrega do trabalho para a pré banca JUNHO DE 2010 *Consulta bibliográfica *Início da redação da seção 3 *Tabulação e análise dos dados do questionário JULHO DE 2010 *Consulta bibliográfica *Finalização da redação da seção 3 *Início da redação da seção 4 *Arquivamento de releases, pautas, off´s e espelhos do Jornal da EPTV *Entrevista com Ciro Porto, em Campinas *Entrevista com José Bonifácio Coutinho, presidente da EPTV em Campinas AGOSTO DE 2010 *Consulta bibliográfica *Finalização da redação da seção 4 * Análise e tabulação dos arquivos *Início da redação da seção 5 SETEMBRO DE 2010 *Consulta bibliográfica * Finalização da redação da seção 5 *Resumo *Consideração Finais *Revisão Final do Trabalho *Tradução do Resumo para o Inglês OUTUBRO DE 2010 *Impressão *Apresentação para a banca 61 GLOSSÁRIO Ao vivo: Transmissão de um fato. A notícia na hora em que ela acontece. A transmissão pode ser feita dentro do estúdio ou no local do acontecimento. Apresentador: Profissional que faz a apresentação das notícias no telejornal. Arte (Tela ou Slide): Ilustração visual computadorizada, utilizada para facilitar a compreensão do telespectador. Costuma-se usar em matérias que têm gráficos, tabelas ou números. Bloco: Um telejornal é dividido em partes que chamamos de blocos. Cabeça da matéria ou cabeça do vt: É o lide da matéria. Quem lê é sempre o apresentador que introduz o assunto da matéria feita pelo repórter. Chamada: Texto sobre os principais destaques do telejornal, transmitido dentro da programação normal da emissora. Tem como objetivo atrair o telespectador. Chefe de Jornalismo: Profissional que coordena o trabalho de dos os profissnais da redação como repórteres, editores, noticiaristas e estagiários. Chefe de Pauta: Profissional responsável em conferir a estrutura de todas as pautas e acompanhar o andamento das marcações com os entrevistados. Chefe de reportagem: Profissional que coordena os repórteres, determinando o que estes devem fazer. Deixa: Indicação para o Diretor de TV de onde ele deve cortar. Edição: Montagem de uma matéria unindo áudio e vídeo. Entrevista: Diálogo entre o repórter e o personagem fonte da informação. Entrevista coletiva: Repórteres de vários veículos de comunicação participam da mesma entrevista. Escalada: São as manchetes do telejornal, sempre no início de cada edição. Serve para aprender a atenção do telespectador no início do jornal e informar quais serão as principais notícias daquela edição. Espelho: É o cronograma de como o telejornal irá se desenrolar. Prevê a entrada de matérias, notas, blocos, chamadas e encerramento do telejornal. Fade: É um escurecimento na tela. Fade in é o aparecimento, e fade out, o desaparecimento gradual da imagem na tela. Fechamento: Momento de fechar o espelho e montar o script do jornal Fechador: Profissional responsável em escrever as laudas do jornal, editar os textos que serão lidos pelos apresentadores do telejornal. 62 Gerente de Jornalismo: Chefe responsável por todo o setor de jornalismo da emissora Lauda: Papel com marcações especiais, em que o jornalista escreve os textos. Lead: Invariavelmente está na abertura da matéria ou a cabeça da matéria lida pelo apresentador. Link: Termo técnico que indica entrada ao vivo do repórter, do local onde acontece a notícia. Matéria: O mesmo que reportagem. É o que é publicado no veículo de comunicação. Nota coberta: Nota cuja a cabeça é lida pelo apresentador e o texto seguinte é coberto com imagens. Esta nota pode ser gravada ou ao vivo. Nota pé: Nota ao vivo, lida ao final da matéria, com informações complementares. Nota seca: Notícia lida pelo apresentador do telejornal, sem qualquer imagem de ilustração. Notícia: Acontecimento relevante para o público do telejornal ou qualquer veículo de comunicação. Noticiarista: Profissional responsável em levantar fatos que acontecem na região, sugerir pautas aos produtores e checar incessantemente as informações. Passagem: Gravação feita pelo repórter no local do acontecimento, com informações a serem usadas no meio da matéria. É o momento em que o repórter aparece na matéria para destacar um aspecto da matéria. Retranca: Identificação da matéria. É o nome que a reportagem tem. É usado apenas internamente e destaca apenas duas ou três palavras do VT. Share: fatia de mercado - termo usado quando a empresa quer determinar quanto em porcentagem do mercado ela possui de determinado produto Sonora: É a fala do entrevistado na matéria. Teaser: Pequena chamada gravada pelo repórter com a manchete da notícia. Entra durante a escalada do jornal. Texto em off, ou off: Texto gravado pelo repórter – normalmente após a gravação da matéria. É a narração da notícia, colocada durante a matéria. Vinheta: É o que marca a abertura ou intervalo do teleojornal. Alguns eventos importantes também merecem vinheta. 63 ANEXO A Arquivo dos espelhos, laudas, off, pautas e releases de reportagens que foram exibidas no jornal da EPTV, durante o mês de julho de 2010. APÊNDICE APENDICE A Entrevista com Pedro Aurélio Varoni, gerente de jornalismo da EPTV Sul de Minas 1) Após uma análise contínua de qualquer jornal regional, um telespectador pode perguntar que tipo de critério é usado para selecionar as matérias que compõem a edição do jornal da região. Qual é este critério na EPTV? É adotada uma classificação que busca uma padronização? O critério é jornalístico, priorizando a notícia relevante, abrangente, curiosa. Nosso norte é o caráter regional. Mesmo os grandes assuntos nacionais de utilidade pública (campanhas de vacinação, esclarecimentos sobre surtos e epidemias, declaração do imposto de renda de pessoa física, etc.) precisam ser adaptadas à região na qual estamos inseridos. Na outra ponta, evitamos assuntos extremamente locais, mesmo que aconteçam em cidades pólos. Exemplo: acidente de trânsito sem consequências graves. 2) E em particular o Jornal da EPTV, veiculado no horário do almoço e que tem um perfil de público diferente dos outros jornais da emissora, há um critério específico? Para qualquer jornal, o critério único é o espaço para a notícia. Os factuais são soberanos. No entanto, o Jornal da Eptv dá ênfase também à prestação de serviço, priorizando o comunitário (problema de bairro), saúde pública e mercado de trabalho. A cultura, as artes, o entretenimento, o comportamento, os personagens são bem vindos. Um outro aspecto importante no Jornal da Eptv é a liguagem. De dois anos para cá, temos procurado soltar mais nossos apresentadores, para que promovam uma comunicação mais solta, coloquial, sem artificialismos. A regra vale para todos os produtos, mas o Jornal da Eptv é o laboratório. 3) Qual é a função da televisão regional? Minha resposta será bastante óbvia. Os temas locais e das micro-regiões ficam para a imprensa das cidades. As notícias estaduais ficam para a imprensa estadual. As notícias nacionais e internacionais ficam com os grandes veículos de comunicação. A imprensa regional ocupa esse vácuo. De certa forma, ela contribui para o sentimento de pertencimento entre as pessoas que vivem próximas umas das outras, porém, em municípios diferentes, interligados por aspectos geográficos, econômicos, culturais e sociais. A emissora regional deve ser guiada para essa finalidade. APENDICE B Entrevista com Cláudio Dutra, chefe de reportagem da EPTV Sul de Minas 1) Fiz um levantamento do Jornal da EPTV no mês de julho deste ano. Das 257 reportagens produzidas para o Jornal da EPTV, 14 foram sugeridas pelas assessorias de imprensa da região. Ou seja, 5,44% das reportagens produzidas no mês de julho foram oferecidas por assessores. Como você interpreta estes dados? Acho que é pouco, poderia ser maior. Acredito que falta treinamento para o profissional de assessoria. Eles não tem muita noção de como é o telejornalismo. Não pensam muito na questão da imagem. TV é imagem e se não tem fica difícil emplacar uma pauta. Outra coisa que é esquecida também é a questão comercial. É preciso que a assessoria seja criativa para que uma pauta não seja confundida com um comercial. 2) Como você avalia a relação da assessoria de imprensa com a EPTV Sul de Minas? A relação é boa, respeitosa. Poderia ser mais produtiva se os profissionais da área se preocupassem em conhecer melhor o meio. 3) Após uma análise contínua de qualquer jornal regional, um telespectador pode perguntar que tipo de critério é usado para selecionar as matérias que compõem a edição do jornal da região. Qual é este critério na EPTV? É adotada uma classificação que busca uma padronização? Não existe padrão. Os fatos são notícia pela importância, pelo interesse público, pela "factual idade", pelo ineditismo, pela gravidade. Esses são os critérios mais importantes. 4) Qual é a função da televisão regional? Noticiar assuntos de interesse da região. É mostrar aqueles fatos que estão mais próximos da população. Aqueles fatos que de uma forma ou de outra interferem na vida das pessoas que moram na região de alcance da emissora. APENDICE C E-mail enviado ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais Olá Luciana, tudo bem? Conforme conversamos por telefone anteriormente, segue solicitação de algumas informações: 1 - Quatidade de jornalistas filiados ao Sindicato em Minas Gerais 2 - Quantidade de jornalistas filiados que atuam no Sul de Minas 3 - Quantidade, ou estimativa de jornalistas filiados que atuam em assessoria de imprensa. -Aguardo resposta Obrigado, Éder Rezende EPTV Sul de Minas - Poços de Caldas (35) 2107-6400 Gerencia-SJPMG <[email protected]> Total 3.258 associados No sul de Minas temos uma média de 100 jornalistas. O número de assessoria de imprensa não temos como informar. Luciana APENDICE D E-mail enviado a Federação Nacional dos Jornalistas. Olá, Sou estagiário da EPTV em Poços de Caldas/ MG. Peço a colaboração de me enviarem alguns dados da Fenaj a serem incluídos no meu trabalho de conclusão de curso em Jornalismo. 1 - Quantidade de Jornalistas filiados no Brasil. 2 - Estimativa do total de Jornalistas filiados que atuam em assessoria de imprensa. 3 - Quantidade de Jornalistas filiados em Minas Gerais 4 - Estimativa do total de Jornalistas filiados que atuam em assessoria de imprensa de Minas Gerais. -Atenciosamente Éder Rezende FENAJ <[email protected]> Total de Jornalistas no Brasil: 80 mil Estimativa de jornalistas filiados em todo o Brasil: 25 mil Estimativa de jornalistas em assessoria de imprensa em todo o Brasil: 10 mil PS: Os dados referentes a Minas Gerais, recomendo que vc consulte o Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais. Torves APENDICE E E-mail enviado ao professor Manuel Carlos Chaparro. Olá Professor Chaparro boa tarde. Fui seu aluno durante um módulo da pós-graduação pelo INPG em São João da Boa Vista. Estou desenvolvendo minha monografia para a conclusão do curso de Jornalismo. Peço sua ajuda, no sentido de me enviar algum artigo ou indicar algum livro para usar nas citações do meu trabalho. Segue abaixo o objetivo da minha pesquisa. Mídia Regional: o relacionamento entre as assessorias de imprensa e a EPTV Sul de Minas O objetivo é expor a relação entre os profissionais que atuam na redação da EPTV Sul de Minas e os jornalistas que compõem as assessorias de imprensa no interior do país, em destaque no Sul de Minas Gerais. Serão expostas as opiniões de ambos profissionais (através de questionários), com a meta de compreendermos este convívio, apresentando e confrontando acertos e falhas. Propõe-se também, analisar o Jornal da EPTV ao apresentar a porcentagem de reportagens veiculadas na emissora que foram oferecidas/sugeridas pelas assessorias de imprensa da região. Para desenvolver o trabalho, serão utilizados como ferramentas metodológicas os seguintes tipos de pesquisa: bibliográfica, experimental e questionários. É isso. Conto com sua colaboração Abs. Éder Rezende Manuel Carlos Chaparro <[email protected]> Caro Eder: Entra na coluna “Pasta de Textos” do meu blog (www.oxisdaquestao.com.br) e você encontrará (além de outros sobre o mesmo assunto) uma série de textos meus sobre “A Revolução das Fontes”. E no meu livro “Pragmática do Jornalismo-3ª edição” (São Paulo, Summus, 2007)há um capítulo sobre o mesmo tema – e recomendo a leitura do “Prefácio à nova edição” Abraços, Chaparro