CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES
ASSOCIADAS DE ENSINO - UNIFAE
ÉDER RENATO REZENDE
MÍDIA REGIONAL:
O relacionamento entre as assessorias de imprensa e a EPTV Sul de
Minas
SÃO JOÃO DA BOA VISTA
2010
1
ÉDER RENATO REZENDE
MÍDIA REGIONAL:
O relacionamento entre as assessorias de imprensa e a EPTV Sul de
Minas
Monografia apresentada ao Centro
Universitário
das
Faculdades
Associadas de Ensino – UNIFAE, como
requisito obrigatório para obtenção do
título de Bacharel em Comunicação
Social – Jornalismo, sob orientação da
professora Carmem Silvia Aliende.
SÃO JOÃO DA BOA VISTA
2010
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ÉDER RENATO REZENDE
MÍDIA REGIONAL:
O relacionamento entre as assessorias de imprensa e a EPTV Sul de
Minas
Esta monografia apresentada como trabalho de conclusão de curso de Comunicação
Social – Jornalismo, do Centro Universitário das Faculdades Associadas de Ensino –
UNIFAE, e foi avaliada pela banca examinadora integrada pelos professores abaixo
nomeados:
São João da Boa Vista (SP), .................. de .................................................................. de 2010.
.................................................................................................
Prof (a). Carmem Silvia Aliende
Presidente
Centro Universitário das Faculdades Associadas de Ensino
.................................................................................................
Prof (a). Camilo Antônio de Assis Barbosa
Examinador
Centro Universitário das Faculdades Associadas de Ensino
.................................................................................................
Prof (a). Alice Peruchetti Orrú
Examinador
Centro Universitário das Faculdades Associadas de Ensino
3
A Deus.
A meus pais, Paula e Ivo.
À minha irmã, Elaine
À minha orientadora, Carmem Aliende.
Aos meus verdadeiros amigos.
Aos meus professores desta caminhada.
4
"escrevo bem tarde, quando os professores de português já estão dormindo"
José Bonifácio Coutinho Nogueira
5
RESUMO
A monografia Mídia Regional: o relacionamento entre as assessorias de imprensa e a
EPTV Sul de Minas aborda a relação entre os jornalistas que atuam na redação da emissora e
os jornalistas das assessorias de imprensa da mesma região. O objetivo deste trabalho consiste
em compreender não só as características e dinâmica desta parceria, mas também mensurar a
contribuição das assessorias na geração de pautas efetivamente produzidas pela emissora.
Palavras-chave: EPTV Sul de Minas, Assessoria de Imprensa, sugestão de Pautas,
Jornalismo Regional.
6
ABSTRACT
The following research named Regional Media: the relations between the press
offices and the EPTV Sul de Minas approaches the relation between journalists that works at
the newspaper’s office and the journalists that works at the press office of the same region.
This paper aims to provide a broader perspective of the characteristics and dynamics of this
association, and also measure quantitatively the contribution of the press office in the
development of assignments effectively produced by the newspaper station.
Key Words: EPTV Sul de Minas; Press Office; Assignment Suggestions; Regional
Journalism.
7
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO.................................................................................................................. 10
1.1 Resumo das Seções ........................................................................................................... 13
2. VISÃO HISTÓRICA DA COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL .................................. 14
2.1 História da Comunicação Empresarial ...............................................................................16
2.2 Assessoria de Imprensa no Mundo ................................................................................... 17
2.3 Assessoria de Imprensa no Brasil ......................................................................................19
3. EMISSORAS PIONEIRAS DE TELEVISÃO ............................................................... 24
3.1 O Diário de JB ................................................................................................................... 25
3.2 História da EPTV .............................................................................................................. 25
3.3 EPTV Sul de Minas, Varginha .......................................................................................... 26
3.4 Dados da EPTV Sul de Minas ........................................................................................... 29
3.5 Os Formatos dos Telejornais ............................................................................................. 29
3.5.1 EPTV Comunidade ....................................................................................................... 30
3.5.2 EPTV Cidade ................................................................................................................. 30
3.5.3 Jornal da EPTV .............................................................................................................. 31
3.5.4 Jornal Regional .............................................................................................................. 33
4. A RELAÇÃO DOS ASSESSORES DE IMPRENSA COM OS JORNALISTAS ...... 34
4.1 A relação das assessorias de imprensa com a EPTV Sul de Minas .................................. 36
4.1.1 A quantidade de releases ................................................................................................ 36
4.1.2 A agenda ........................................................................................................................ 37
4.1.3 Sugestões ........................................................................................................................ 38
4.1.4 Reunião de Pauta ............................................................................................................ 38
4.1.5 Produção ......................................................................................................................... 39
4.1.6 Gravação ........................................................................................................................ 39
4.1.7 Edição ..............................................................................................................................39
4.1.8 Painel .............................................................................................................................. 40
8
5. PESQUISA DE OPINIÃO ................................................................................................ 41
5.1 Pesquisa Interna ................................................................................................................ 41
5.2 Pesquisa Externa ............................................................................................................... 41
5.3 Questionário ...................................................................................................................... 43
5.4 Análises dos Dados ........................................................................................................... 48
5.5 Propostas de melhoria ....................................................................................................... 51
5.6 Perfil e necessidades da emissora ..................................................................................... 52
5.7 Incidência da relação ..........................................................................................................53
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................... 55
REFERÊNCIAS .....................................................................................................................57
CRONOGRAMA DE ATIVIDADES ...................................................................................61
GLOSSÁRIO ......................................................................................................................... 62
ANEXOS ................................................................................................................................ 66
APÊNDICES ........................................................................................................................ 186
9
1 INTRODUÇÃO
Não é possível pensar a sociedade contemporânea sem considerar a relevância dos
meios de comunicação de massa. E, dentro deste contexto, a televisão ocupa um lugar
privilegiado, tanto por sua popularidade quanto pela valorização que lhe é atribuída. Para a
maioria da população brasileira, o que é noticiado pela TV torna-se imediatamente
importante. Assim, antes de considerar a relevância da EPTV no contexto dos veículos de
comunicação, é necessário levantarmos os dados sobre a televisão no Brasil e no sul de Minas
Gerais.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 95,1% das
casas no país possuem um aparelho de TV e, se restringir a pesquisa somente à região sudeste,
este índice atinge 97,6% das residências. Os dados são referentes a 2008 e fazem parte da
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad).
Outra pesquisa realizada pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da
República (Hábitos de Informações e Formação de Opinião da População Brasileira –
SECOM – março/2010) mostrou que o meio mais utilizado pela população para se informar é
a televisão (96,6%). Além disso, os canais do sistema de televisão aberta são os mais
assistidos (83,5%). Outros 10,4% assistem também canais de TV por assinatura. No total, os
canais abertos são assistidos por 93,9% dos entrevistados. Apenas 2,7% afirmaram que
assistem somente canais por assinatura.
O canal de televisão preferido pela maior parte dos entrevistados que assistem
televisão é a Rede Globo (69,8%). A Rede Record apresentou o segundo percentual de
preferência (13,0%). O SBT é preferido por 4,7% e, a TV Bandeirantes, por 2,9%.
Considerado como a programação televisiva mais relevante (64,6%), os telejornais mais
assistidos são o Jornal Nacional (56,4%) e os “Jornais Locais”, que representam 13,8% da
preferência da população. No sul de Minas Gerais, a afiliada responsável pela transmissão do
sinal da Rede Globo e pela produção dos “Jornais locais” é a EPTV Sul de Minas, que atua na
região há 22 anos e cobre 142 cidades, atendendo 2.590.928 milhões de pessoas. (Fonte: Atlas
de Cobertura Rede Globo – março/2010).
A programação jornalística produzida pela EPTV Sul de Minas é composta pelo EPTV
Notícia, EPTV Cidade, Jornal da EPTV, Jornal Regional e EPTV Comunidade. Inserido na
produção regional da EPTV está o “Jornal da EPTV”, parte do objeto desta monografia, que
vai ao ar de segunda a sábado, às 12h15 e possui cerca de 25 minutos de duração. O intuito da
9
EPTV Sul de Minas é transmitir informações aos telespectadores, criando vínculos com as
comunidades, através da regionalização da programação, que entende como um mecanismo
para reforçar a identidade com o público local:
Retratar os assuntos locais, proporcionando aos telespectadores acompanhar também
o que ocorre no país e no mundo, é a possibilidade que a EPTV fornece ao seu
público por intermédio da união das programações regional e nacional. Se uma
pessoa desejar assistir “às cores locais”, basta sintonizar aos programas gerados pela
EPTV; se optar por saber o que acontece em outro lugar, assiste aos programas da
Rede Globo. (FABBRI JR, 2006, p.15)
E, para obter informações para a produção de notícias regionais para os telejornais,
uma das ferramentas de que a EPTV se utiliza são as assessorias de imprensa da região. De
acordo com a Federação Nacional dos Jornalistas são 80 mil jornalistas em todo país, destes
25 mil são filiados e a estimativa é que 10 mil profissionais atuem em assessoria de imprensa.
Segundo o Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais, ao todo, 3.258
profissionais são filiados ao órgão no Estado. No sul de Minas Gerais, a estimativa é de 100
jornalistas atuando em veículos de comunicação e assessorias de imprensa, atividade definida
pela Federação Nacional dos Jornalistas como:
Serviço prestado a instituições públicas e privadas, que se concentra no envio
frequente de informações jornalísticas, dessas organizações, para os veículos de
comunicação em geral. Esses veículos são os jornais diários; revistas semanais,
revistas mensais, revistas especializadas, emissoras de rádio, agências de notícias,
sites, portais de notícias e emissoras de tevê. Um trabalho continuado de Assessoria
de Imprensa permitirá à empresa criar um vínculo de confiança com os veículos de
comunicação e sedimentar sua imagem de forma positiva na sociedade. (FENAJ,
2007, p.7).
Hoje, as assessorias de imprensa estão presentes em empresas, escolas, sindicatos,
ong´s, hospitais, no poder público, em empresas públicas e privadas, além de assessorar
pessoas físicas, como políticos, atletas e artistas. Ao detectar o que é de interesse público, o
assessor de imprensa pode transformar esta informação em material jornalístico, através de
releases, press-kitts, sugestões de pautas, boletins, jornais, revistas etc. Evidentemente, os
assessores de imprensa se diferenciam pela competência em propor pautas mais ou menos
adequadas tanto em relação ao conteúdo quanto à mídia em questão e trabalham para
conquistar para seus clientes o maior espaço possível dentro dos meios de comunicação,
agregando reconhecimento e valor social à empresa, produto ou atividade. Muitas vezes,
porém, uma pauta adequada para um jornal ou revista não é interessante para a televisão, que
10
depende essencialmente da possibilidade de geração de imagem, sendo esta uma das variáveis
que esta monografia se propõe a checar.
É imprescindível esclarecer que, a afiliada à Rede Globo de Televisão, a EPTV possui
três emissoras no interior do estado de São Paulo – em Campinas, Ribeirão Preto e São Carlos
– e, uma no Sul de Minas Gerais – em Varginha. Vale ressaltar que esta praça possui uma
sucursal localizada na cidade de Poços de Caldas, objeto desta pesquisa.
Justificativa
O interesse por esta pesquisa foi motivado por dois aspectos. Primeiro, conhecer
melhor como se dá a relação entre a EPTV Sul de Minas e as assessorias de imprensa, a partir
da minha experiência como estagiário da EPTV, na sucursal em Poços de Caldas, e como
futuro profissional na área do jornalismo. E, segundo, contribuir com os estudos do
jornalismo regional praticado pela EPTV Sul de Minas, tema que apresenta carência de dados
e informações e, em virtude da importância da emissora, merece um estudo mais
aprofundado.
Hipóteses
Buscando compreender este cenário, foram estabelecidas as questões centrais que
norteiam esta pesquisa científica: Como é a relação das assessorias de imprensa da região com
a EPTV Sul de Minas? Qual a quantidade de reportagens veiculadas na emissora que foram
oferecidas/ sugeridas pelas assessorias de imprensa da região? A partir destas indagações
foram estabelecidas as seguintes hipóteses:
a. Pelo alcance que possui, as assessorias de imprensa priorizam a mídia EPTV Sul
de Minas e se preocupam em criar pautas especialmente adaptadas às
características do veículo televisão.
b. A relação entre as assessorias de imprensa que atuam na região e os jornalistas da
EPTV Sul de Minas é bastante intensa, sendo estas responsáveis por grande parte
das sugestões de pauta que resultam na produção das matérias jornalísticas.
Metodologia
Na tentativa de comprovar estas hipóteses, foi definida a realização de uma pesquisa
descritiva, adotando duas técnicas de coletas de dados, sendo a primeira a pesquisa de
opinião, como método quantitativo que, segundo Novelli (2009, p.164), “[...]possibilita a
11
coleta de vasta quantidade de dados originados de grande número de entrevistados[...]”; e,
como método qualitativo, a técnica do estudo de caso, que se configura como “uma inquirição
empírica que investiga um fenômeno contemporâneo dentro de um contexto da vida real,
quando a fronteira entre o fenômeno e o contexto não é claramente evidente.” (DUARTE
2009, p. 215).
A revisão bibliográfica deste trabalho é baseada em estudo jornalístico de autores
como Manuel Carlos Chaparro, Francisco Gaudêncio Torquato do Rego, Duílio Fabbri Júnior
e Rogério Eduardo Rodrigues Bazi.
1.1 Resumo das Seções
A primeira seção apresenta um histórico da assessoria de imprensa no mundo até
chegar ao Brasil. São expostos conceitos que ressaltam a importância da atividade e o papel
que a assessoria de imprensa possui dentro da sociedade e das instituições na atualidade.
Na segunda seção é apresentada a história de José Bonifácio Nogueira
Coutinho, fundador das Emissoras Pioneiras de Televisão (EPTV), e a instalação da praça da
emissora na cidade de Varginha (MG). Confere-se também a evolução da estrutura e o perfil
dos telejornais produzidos.
A terceira sessão traz os elementos da pesquisa, apresentando como se estabelece a
relação entre os jornalistas que atuam na EPTV Sul de Minas e os assessores de imprensa que
atuam na região. Além disso, toda a dinâmica do processo é detalhada.
A quarta seção traz os subsídios necessários para compreender como é este
relacionamento, apresentando os problemas e sugerindo melhorias.
A última seção da pesquisa faz as considerações finais, a partir de evidências que
apontam para uma necessária reflexão e um novo direcionamento.
12
2 VISÃO HISTÓRICA DA COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL
É impossível não se comunicar. O ato faz parte do homem assim como seus
sentimentos, necessidades e instintos. Hoje, comunicar é um dos fenômenos sociais mais
importantes para a sobrevivência, desenvolvimento e prosperidade de organizações e pessoas.
As funções comunicativas e o intercâmbio de informações somaram-se à estrutura de
pequenas, grandes e médias empresas.
Auxiliados pela democracia e globalização, os processos e meios de comunicação
foram impulsionados em consequência da competição capitalista. Ser parte da notícia passou
a ser uma necessidade de todos. Desta forma, os jornalistas assumiram cargos dentro de
empresas e estas viram surgir a necessidade de incorporar as técnicas de comunicação ao seu
cotidiano. A partir daí, surge a comunicação empresarial.
Não existe uma data de início e uma descrição exata sobre o escopo desta atividade.
Autores como Chaparro, Torquato e Cândido Teobaldo utilizam diversas citações para
delimitar o início desta profissão. Os primeiros relatos são do ano de 202 a.C, na China,
através das cartas circulares das cortes da dinastia Han, extremamente militarizada, fundada
por Liu Pang. Época marcada pelo progresso na cultura, economia, setor agrícola, comércio,
educação e ciência. Outros autores apontam grandes pensadores como Homero, Xenofonte e
Sócrates como os precursores deste ramo jornalístico.
Mais referências existem do início desta prática: são os primeiros documentos do
Governo Romano, que divulgava suas ações, como a Acta Diurna, do fórum romano (século
VII aC). Existem outras evidências, como descrito por Chaparro:
No estudo, também é qualificada como “obra de relações públicas de primeira
ordem” a Guerra das Gálias, “graças à qual o Sr. César teve êxito na eleição”. Na
mesma linha, se encontram ensinamentos de relações públicas em Virgílio, de quem
as Geórgias, para os autores, “constituem notável programa do tipo checklist para o
retorno à terra, realizando, deste modo, as relações públicas da agricultura, no século
I antes de Cristo!”. Nesse percurso pela pré-história das relações públicas, os dois
franceses chegam a Luís XIV, a quem apelidam de “precursor de Ivy Lee”-, este,
sim, na unanimidade dos que estudaram o assunto, o verdadeiro fundador das
relações públicas. (CHAPARRO, 2003, p.34)
Já o verdadeiro modelo de jornalismo empresarial só passa a existir, de fato, na
passagem do século XIX para o XX, com o nascimento do capitalismo e uma grande
transformação social e econômica: a “Revolução Industrial”, nome criado por Arnold
Toynbee, um historiador britânico, ao referenciar as grandes mudanças na sociedade em
13
detrimento do rápido desenvolvimento econômico que ocorria na Europa no século XVII
(REGO, 1987, p.17).
Com isso, a economia, que antes era constituída pela agricultura, artesanato e
manufatura doméstica e rural, desaparece. As indústrias começam a se instalar e grandes
centros comerciais são fundados. A relação próxima entre empregador e empregado fica mais
distante e, exatamente neste período, tem início o jornalismo empresarial.
Algumas pessoas começaram a imaginar que uma das maneiras de solucionar essas
contradições internas surgidas no meio empresarial seria a publicação de jornais ou
revistas para os funcionários, com o objetivo de familiarizá-los com o ambiente e a
própria política da organização e de diminuir as distâncias físicas entre a
administração central e a base operária (REGO, 1987,p.18)
Era necessário que os diretores de empresas se comunicassem com os operários. Que
as informações sobre a empresa em que eles trabalhavam fossem divulgadas de modo correto,
e que os operários compreendessem sua posição nesta nova configuração das empresas no
cenário mundial.
Para enfrentar a concorrência, as empresas tiveram de multiplicar seus mecanismos de
comunicação, a fim de se tornarem mais conhecidas e ganharem a preferência do público.
Assim, as empresas conseguiam lidar com as informações que eram divulgadas e informar aos
funcionários o que acontecia na empresa. Torquato (REGO, 1987, p.20) destaca que os jornais
empresariais informavam de modo correto, promovendo uma comunicação mais adequada no
ambiente de trabalho, resultando em maior integração.
Até os anos 60, as empresas, organizações e instituições do governo mantinham uma
relação afastada da imprensa, sempre se defendendo. Entretanto, a partir da década de 70,
frente ao início da globalização, a relação com a imprensa começou a mudar.
Nos rumos da democracia e da globalização, o mundo mudou, institucionalizou-se,
bem como os interesses, as ações, as próprias pessoas. Globalizaram-se os
processos, as emoções e sobretudo, os fluxos e circuitos da informação. E, nesse
novo mundo, as instituições, incluindo-se as empresas, agem pelo que dizem, em
especial pelos acontecimentos significantes que produzem, com os quais interferem
na realidade, ao usarem uma eficácia difusora do jornalismo (CHAPARRO, 2003,
p.34).
Democracia, mercado e tecnologia tornaram-se o tripé, dando início à lógica da
competição sustentada na informação, adotada por empresas e governos (CHAPARRO, 2003,
p.33). Como resultado deste desenvolvimento industrial começam a se formar os primeiros
grupos de trabalhadores, criando sindicatos e associações com ideais anarquistas, comunistas
14
e socialistas. Surgem os conflitos, cada vez mais fortes, entre as diversas classes sociais,
tornando a comunicação um imperativo para a solução de impasses. E, como estratégia para
aumentar a produtividade das empresas, elas começam a trazer para mais perto de si os
funcionários. Este maior envolvimento favorece a motivação do empregado, que se sente mais
motivado a cooperar.
2.1 História da Comunicação Empresarial
Torquato (REGO, 1987, p.18) relembra que, em 1834, Friedrich List (1789-1846), um
economista alemão, escreve para Georg V. Cotta, empresário, o orientando a criar um jornal
para informar os operários sobre seus direitos. Já no ano de 1840, a “Sociedade para
Promoção e Estímulo do Bem Público”, na Suíça, realizou um concurso com o seguinte tema:
“Progresso e divertimento para a classe operária”. O professor Peter Schitlin, da cidade de
Saint Gall, ganhou o prêmio com a ideia de se criar um jornal voltado aos industriários.
Entretanto, não podemos dizer que este é o primeiro jornal empresarial que
conhecemos nos moldes atuais. Nesta época, difundia-se a produção em larga escala, em
massa, instalando maior competitividade no mercado. E, para lidar com a concorrência, as
empresas começaram a adotar novos meios de comunicação, com o intuito de conquistar a
preferência do público e tornarem-se mais populares.
Neste período, no final do século XIX, nasce também o jornalismo sensacionalista,
segundo Torquato. Assim, se estabelece uma maior concorrência entre os meios de
comunicação e a informação, que antes era feita de modo disperso e, muitas vezes,
contraditório. Com isso, as publicações divulgadas pelas empresas tornam-se uma forma de
controlar informações que pudessem prejudicar a imagem da empresa.
Vale ressaltar que este período é mercado pelos grandes avanços tecnológicos da
indústria da comunicação, criando novas formas de impressão mais rápidas que a inventada
em 1440 por Gutemberg. Nasce a imprensa a vapor, tornado a impressão mais barata.
Entretanto, este não foi um marco tão importante quanto o início das impressoras rotativas,
que em seguida foram substituídas pelas máquinas de composição controladas por teclados e,
depois, pela chegada das linotipos.
Torquato se utiliza de Lorde Francis Willians para descrever a importância da
revolução industrial. “a imprensa levou mais tempo para ser afetada pela revolução industrial
15
do que outros setores, mas quando as inovações mecânicas surgiram, as transformações foram
rápidas” (REGO, 1987, p.19)
Pode-se considerar como um precursores do jornal empresarial, o “Lloyd´s Lis”, que
surgiu na Inglaterra em 1869, assim como as cartas que o empresário alemão Friedrich
Harkart destinava aos funcionários da fábrica, entre os anos de 1848 e 1849.
O primeiro jornal voltado aos funcionários e que possui os parâmetros do jornalismo
empresarial é o norte-americano “The Triphammer”, lançado no ano de 1885, pela empresa
Massey Harris Cox. Já no setor governamental, o presidente norte-americano Andrew Jackson
foi o precursor dos house organs, ao lançar em 1829, o The Globe.
Mas tudo começou realmente a mudar com a atuação de um jornalista norteamericano: Ivy Lee, que, em 1906, deu início ao que chamamos hoje de assessoria de
imprensa ou assessoria de comunicação. Ivy Ledbetter Lee abandonou o jornalismo e criou o
primeiro escritório de relações públicas do mundo, em New York.
2.2 Assessoria de Imprensa no Mundo
A assessoria de imprensa trata do relacionamento de uma empresa ou pessoa física
com a imprensa. Ela conquista cobertura editorial em jornais, revistas, tevês, sites, colunas,
com apelo noticioso gerado a partir de informações de interesse público.
Assessoria de Imprensa é a prática do Jornalismo no ambiente e no agir da fonte,
para assegurar aos meios de comunicação informações de boa qualidade, sob o
ponto de vista da técnica jornalística e da relevância social. Por esse entendimento, a
Assessoria de Imprensa deve existir somente em instituições que, por dever e/ou
competência, geram atos e fatos de interesse público. (CHAPARRO, 2003, p. 57)
O início da Assessoria de Imprensa se estabelece entre os anos de 1875 a 1900,
quando os EUA passaram por um período de prosperidade, no momento que o poder passava
das mãos da aristocracia dos plantadores do sul do país para o controle dos grandes
fazendeiros e empresários do leste e oeste. Estes queriam o lucro fácil, o enriquecimento
através de ambiciosos empreendimentos como especulação da terra, construção de estradas de
ferro, exploração dos recursos minerais, tudo isso controlando o governo e passando por cima
da lei.
16
Hebe Wey registra que até o conceito de moral mudou. A pobreza tornou-se
sinônimo de inépcia, e a riqueza, de virtude. Triunfar na competição econômica era
sinal de aptidão biológica no plano da existência e da sobrevivência. E por essa
norma ética, “quanto mais implacável a competição, melhor seria, pois assim eram
eliminados com mais rapidez os fracos e os incompetentes” (CHAPARRO, 2003, p.
35).
O mais conhecido empresário das ferrovias americanas, William H. Vanderbilt, é o
autor da frase: The public be damned (O público que se dane), dirigida aos jornalistas que lhe
pediam explicações sobre o fim de um ramal da ferrovia, que era útil para a população. A
expressão ficou marcada na história ao mostrar a péssima relação que os empresários tinham
com a sociedade. Um modelo de capitalismo que era descompromissado com as necessidades
e os direitos dos trabalhadores. Outros empresários, vistos como sujos e inescrupulosos pela
população norte americana, fizeram com que o jornalismo ganhasse um campo de atuação
dentro das empresas, com o intuito de melhorar suas imagens públicas. Apontado com
monopolista, ao fazer quartel às pequenas empresas e negociar sem escrúpulos, John
Rockefeller contratou Ivy Lee para transformar sua imagem de capitalista selvagem e torná-lo
respeitado pela população norte-americana.
Ele realizava assessoria de imprensa, divulgando informações favoráveis às empresas,
através de notícias a serem divulgadas jornalisticamente, e não como espaço comprado nos
jornais. Informações de interesse público, que informavam a atuação das empresas, com o
objetivo de evitar possíveis denúncias. Um serviço inédito de informações da própria
empresa, que eram autorizadas por ela, antes da sua publicação, com o objetivo de influenciar
positivamente a opinião da população.
Para isso, Ivy Lee elaborou uma declaração de princípios que foi enviada a todos os
editores dos jornais na época:
Este não é um serviço de imprensa secreto. Todo nosso trabalho é feito às claras.
Pretendemos divulgar notícias, e não distribuir anúncios. Se acharem que o nosso
assunto ficaria melhor como matéria paga, não o publiquem. Nossa informação é
exata. Maiores detalhes sobre qualquer questão serão dados prontamente e qualquer
redator e diretor de jornal interessado será auxiliado, com o máximo prazer, na
verificação direta de qualquer declaração de fato. Em resumo, nossos planos, com
absoluta franqueza, para o bem das empresas e das instituições públicas, é divulgar à
imprensa e ao público dos Estados Unidos, pronta e exatamente informações
relativas a assuntos com valor e interesse para o público.
Uma das primeiras medidas que Lee tomou, ao prestar serviços para Rockfeller, foi
durante uma greve de operários dispensar os guarda-costas que acompanhavam John D.
Rockfeller, pai. Ao eliminar qualquer barreira existente entre a família e a população,
17
procurando angariar simpatia. Dentro da história do jornalismo, porém, Lee não é visto
exatamente como um exemplo a seguir. Chaparro, ao citar Teobaldo de Andrade, lembra a
operação “fecha-boca”, os altos benefícios, pagamentos e bons empregos que eram dados aos
jornalistas na época
[...] para que não atacassem as empresas e, ao mesmo tempo, as defendessem...Os
amigos de Ivy Lee diziam que o “pai das Relações Públicas” fazia alarde de que as
entrevistas de seus clientes com a imprensa era feitas com inteira liberdade para
qualquer pergunta. Mas os inimigos acrescentavam: os canais competentes dos
jornais já estavam controlados e os repórteres nada podiam escrever que contrariasse
os interesses dos clientes de Lee. Ainda desse homem de relações públicas dizem
que, em 1934, prestou serviços ao truste alemão Dye, para corrigir as reações dos
americanos a respeito dos acontecimentos na Alemanha de Hitler...As informações
eram “interessadas” e pagas (CHAPARRO. 2003, p.38)
Lee, além de cuidar do relacionamento da empresa com os meios de comunicação,
criava fatos noticiáveis de grande repercussão. Ele tinha total conhecimento da atuação da
empresa e produzia informações jornalísticas competentes, não só como fonte de informações
e de elucidações. Neste trajeto tornou-se um especialista jornalístico para as empresas,
prestando serviços para as principais corporações norte-americanas. Em 1916, ocorre a
abertura da Lee & Harris & Lee, empresa de consultoria de relações públicas, administrada
por ele.
Como se pode observar, o surgimento da comunicação empresarial está
contextualizado num período de efervescência política, ligado aos movimentos sindicais
americanos. As reivindicações dos trabalhadores só poderiam ser controladas através de
estratégias que mobilizassem a opinião pública, tarefa que também foi desempenhada pela
classe patronal, que via a necessidade de também organizar-se a fim de divulgar opiniões
positivas para a população. Com a profissionalização da divulgação de notícias oficiais de
empresas e empresários, trabalhadores e sindicatos, nasce a Assessoria de Imprensa.
2.3 Assessoria de Imprensa no Brasil
Os primeiros registros da atividade de assessoria de imprensa no país são do início do
século XX, durante o governo de Nilo Peçanha (1909-1910), que lançou o serviço de
informação Secção de Publicações e Bibliotheca, através do Ministério da Agricultura,
Indústria e Comércio. O objetivo era integrar serviços de atendimento, publicações,
18
informações e propaganda, reunindo informações através de notas ou notícias que seriam
oferecidas à imprensa.
Após desenvolverem as técnicas, o setor passa a se chamar Serviço de Informações e
Bibliotheca e Serviços de Informações e Divulgação, responsável pelo atendimento e
requisição de informações sobre todos os assuntos do ministério e pela produção de um
boletim de notícias, conforme Duarte (2003, p.82):
Synopse de todos os actos do Governo [...] notícias e informações sobre agricultura,
indústria e comércio [...] de modo a construir uma fonte, a mais completa possível,
de consulta e divulgação dos conhecimentos úteis aos lavradores, industriaes e
commerciantes
Paralelamente, o primeiro jornal empresarial brasileiro é o “Boletim Light”, com
início em 1925, elaborado pelos funcionários da indústria Light. Outro destaque foi a revista
“General Motors”, editada pela empresa que se instalou no país, em 1926. Com a Revolução
de 30, durante o Governo de Getúlio Vargas, a comunicação ganha mais destaque no Brasil.
Na época, o objetivo era melhorar a imagem de Vargas, através da assessoria de imprensa.
Neste período, o Governo Federal adota o controle e a disseminação de informações e
organiza um sistema articulado diretamente ligado aos meios de comunicação.
Com a instituição do Governo Provisório, em 1931, é fundado o Departamento Oficial
de Publicidade, que anos depois passa a se chamar Departamento de Propaganda e Difusão
Cultural (DPDC) e o Departamento Nacional de Propaganda (DNP). É nesta época que surge
também o programa de rádio A Voz do Brasil, que conhecemos até hoje. Criado em 1934,
tinha como objetivo de reforçar a imagem de Vargas, disseminando as estratégias de governo
para a população.
O DNP, além de utilizar o rádio, adota toda a imprensa e seus diversos tipos de
veículos de comunicação como um meio para a informação governamental. Já no início do
Estado Novo, com o golpe de Getúlio Vargas, é criado o Departamento de Imprensa e
Propaganda (DIP), no qual as funções de divulgação e censura se uniram, sendo criados os
Departamentos Estaduais de Imprensa e Propaganda (Deips).
Era preciso coordenar a imprensa com o Estado, a fim de que a primeira cooperasse
eficazmente com o segundo, tornando-se um instrumento poderoso de defesa do
bem público e de propulsão do progresso nacional. (...) Redundará em uma
harmonia das atividades jornalísticas com as finalidades do governo nacional.
(AMARAL, 1940, p. 12: apud DUARTE)
19
Com isso, o governo cria um canal de manipulação da opinião pública por meio da
censura, controle e distribuição de noticiário. Em seguida, o DIP foi transformado no
Departamento Nacional de Informação, que cuidava da divulgação e atendimento aos
jornalistas. Este, porém, foi extinto em 1964, com o Golpe Militar.
As assessorias de imprensa só conquistaram mais espaço no Brasil com a instalação
das primeiras empresas multinacionais, alavancadas a partir de 1940, com a revolução
industrial que aqui começava a chegar. Ganharam espaço com o governo de Juscelino
Kubitschek (1956-1961). Junto com as fábricas, vinham os profissionais de assessoria de
imprensa.
A instalação da fábrica da Volkswagen no país pode ser considerada como o início do
trabalho de assessoria de imprensa de forma estruturada, estabelecendo um relacionamento
com a mídia de modo planejado e com estratégias de comunicação. Os jornalistas
responsáveis eram Alaor Gomes e Reginaldo Finotti, que atuavam na TV Record e no jornal
Última Hora, respectivamente. O início do trabalho era a produção dos chamados “calhaus”,
um conjunto de notas curtas com o objetivo de ocupar pequenos espaços nos jornais. E os
temas tratados inicialmente não eram sobre a empresa a qual prestavam serviços, mas sim
assuntos relacionados ao setor automobilístico, como a abertura de novas estradas no país,
emissão de carteiras de motoristas e orientações de trânsito.
O intuito não era disseminar o nome de uma nova empresa que ia começar a atuar no
país, mas sim atrair o público para temas relacionados à indústria automobilística, com temas
de interesse público e baseados na prestação de serviços. Este novo setor de atuação
propiciava o desenvolvimento do Brasil, através da criação de estradas e rodovias, resultando
na contratação de funcionários, empreiteiras, na importação e exportação de produtos, rendia
fotos e dados estatísticos, o que era facilmente aceitos pelos jornalistas das redações.
Uma curiosidade que merece destaque é o surgimento das editorias de Economia,
Esporte e Cultura, que tiveram início durante a Ditadura Militar. Os jornalistas políticos eram
proibidos de escrever e se expressar devido à censura e, para garantirem o emprego e o tempo
ocioso, abordavam novos temas. Como afirma Chaparro (1994, p. 70):
Nos tempos da ditadura, a comunicação empresarial incorporou o caráter ufanista do
regime, ampliando na imprensa, com press-releases e alguns estratagemas, um
discurso festivo que, entre outros efeitos, adubou o crescimento das editorias de
economia.
20
Em 1951, nasce a Assessoria Especial de Relações Públicas (Aerp), criada por decreto,
com a função de propagar o regime militar autoritário no país. A Aerp ganhou superpoderes
durante o governo de Emílio Garrastazu Médici (1969-1975), fazendo uso da censura para
divulgar somente o que favorecia as ações do governo
[...] difundindo verdades oficiais, que o ambiente de autocensura e adesismo
favorecia. Com sua força de barganha, sempre administrada em favor da imagem
popular da ditadura, a Aerp logo se tornou modelo para governos estaduais e
municipais, bem como para empresas de grande porte, em particular as estatais
(CHAPARRO, 2003, p.42).
Passados os anos de chumbo da Ditadura Militar (do final da década de 70 ao início
dos anos 80), com o ressurgimento da democracia, os consumidores começam a exigir mais
qualidade. Aumenta também o padrão de competitividade entre as empresas e inicia-se um
processo de maior comunicação entre as empresas e a sociedade. A partir deste momento, as
empresas começam a utilizar a imprensa como um instrumento rápido para informar os
consumidores e conquistar uma imagem positiva. Na visão de Bueno (1995, p.9: apud
DUARTE)
A comunicação deixa de ser “perfumaria”, ganhando as entranhas da administração
pública e privada e extrapola os limites dos tradicionais “jornaizinhos” internos para
assumir o status de um complexo poderoso, intrinsecamente vinculado à chamada
estratégia negociável.
E, segundo Chaparro, o rápido crescimento das assessorias de imprensa pelo país
durante os anos de 70 e 80, tem origem no controle estabelecido pelo Governo Militar. Os
governos estaduais e municipais rapidamente copiaram o modelo de comunicação dos
ministérios:
A imitação do modelo estendeu-se como rastilho por governos estaduais e
municipais. Em dois ou três anos, o serviço público transformou-se em gigantesco e
generoso empregador de jornalistas, contratados para a dupla missão que a censura
militar e a autocensura favoreciam: divulgar com empenho tudo o que fosse
favorável aos militares no poder; impedir ou minimizar a publicação de
informações, versões e opiniões que contrariassem os interesses governamentais.
(CHAPARRO, 1994, p.69)
Neste período, tem-se uma maior preocupação com a construção da imagem e a
posição que determinada empresa tem perante a sociedade. A partir de 1980, auxiliadas pelo
crescimento comercial e industrial, aliado a uma possibilidade maior de noticiar fatos, as
21
empresas buscam o trabalho das assessorias de imprensa, consolidando uma relação mais
forte com a mídia.
Neste novo cenário, aumenta a procura de empresas por assessores capazes de criar
canais de comunicação, como jornais, boletins, revistas e vídeos. Como explica DUARTE
(2003, p. 89) “Desde esse período, a presença de jornalistas foi tão grande que a comunicação
institucional tornou-se uma grande área de atuação, não apenas para egressos dos veículos,
mas até para estudantes e recém-formados”.
A década de 80 representa o período de crescimento profissional e solidificação da
profissão, com a criação da Comissão Permanente e Aberta dos Jornalistas em Assessorias de
Imprensa, no Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo, quando foi
criado o Manual de Assessoria de Imprensa, adotado em 1986 pela Federação Nacional dos
Jornalistas.
22
3 EMISSORAS PIONEIRAS DE TELEVISÃO
Antes mesmo de apresentar a estrutura e a história da EPTV, é necessário contar a
trajetória do seu fundador, José Bonifácio Coutinho Nogueira. Vale ressaltar que o objetivo
deste trabalho não é fazer a reconstituição da sua biografia, o que na verdade pode ser
encontrado no livro “O Diário de JB – José Bonifácio Coutinho Nogueira”, publicado pela
jornalista Rosana Zaidan, em 2009, pela Editora Terra da Gente.
José Bonifácio Coutinho Nogueira nasceu no dia 3 de dezembro de 1923, na capital
paulista. Filho da Sra. Regina Coutinho Nogueira e do ex-deputado federal Paulo Nogueira
Filho, casou-se com a Sra. Maria Thereza Coutinho Nogueira e teve seis filhos: José
Bonifácio Coutinho Nogueira Filho (Boninho), Sérgio Luís, Luís Roberto, Regina, Martim
Francisco e Antônio Carlos Coutinho Nogueira (Toni) e 19 netos.
Formou-se em direito pela Faculdade de Direito da USP, em 1947. Durante a
graduação, foi eleito presidente da UNE – União Nacional dos estudantes. Em 1962, disputou
as eleições para o Governo do Estado de São Paulo. Foi Secretário da Agricultura no Governo
Carvalho Pinto, de 1959 a 1964; Secretário de Educação, na Administração Paulo Egydio
Martins, em 1975 e, cumulativamente, em 1976, Secretário da Cultura, Ciência e Tecnologia,
até 1979.
Em 1964, nomeado pelo Presidente Castelo Branco, fez parte do Conselho Nacional
de Economia, e foi presidente da Comissão Consultiva Bancária do Banco Central do Brasil
S/A. À convite do Governador Abreu Sodré, fundou e presidiu a Fundação Padre Anchieta,
responsável pela Televisão Educativa em São Paulo, de 1967 a 1972.
Já no ano de 1979, fundou a Empresa Paulista de Televisão, que após o crescimento
passou a se chamar Empresa Pioneira de Televisão (EPTV), proprietária da EPTV Campinas,
EPTV Ribeirão, EPTV Central e EPTV Sul de Minas.
Também atuou como Diretor-Gerente e Vice-Presidente do Banco Comercial de São
Paulo S/A. Presidiu o Conselho Nacional de Propaganda, a Cooperativa de Cafeicultores de
Campinas, o Conselho de Educadores da Escola de Pais do Brasil, a Fundação Crespi Prado e
a Comissão Coordenadora da Criação do Cavalo Nacional do Ministério da Agricultura.
Além disso, integrou o Conselho Curador do Museu Lasar Segall, do Museu da
Unicamp, do Museu de Arte Moderna e do Museu da Casa Brasileira. Foi presidente da
Sociedade Harmonia de Tênis e do Jockey Club de São Paulo. José Bonifácio Coutinho
Nogueira faleceu no dia 09 de janeiro de 2002, aos 78 anos.
23
3.1 O Diário de JB
Grande parte da história de José Bonifácio (JB), como também a criação das
Emissoras Pioneiras de Televisão (EPTV) pode ser relatada e descrita minuciosamente pelo
fato de José Bonifácio ter se espelhado no avô, Paulo de Almeida Nogueira, o Paulo I, ao
fazer um diário (ZAINDAN, 2009, p. 31) “se o diário do avô apenas relata os fatos, JB jamais
deixará de analisá-los. Seu tom será sempre confessional, crítico e nitidamente conceitual.
Não se omitirá jamais a emitir um juízo de valor e de se posicionar”.
A partir de 1936, antes de completar 13 anos, José Bonifácio começa a anotar todos os
dias as aventuras e sentimentos do cotidiano, o que fez por toda a vida, com algumas pausas
até 1998, depois de uma inflamação dos nervos. Este ritual feito antes de dormir ou no final
da tarde, em seu escritório, durante 62 anos, resultou em 60 cadernos manuscritos, em mais de
20 mil páginas.
Aos 77 anos, José Bonifácio quando estava numa cama de hospital, em São Paulo fala
ao filho caçula, Antônio Carlos, o Toni: “quero que você leia os meus diários, organize tudo e
faça um livro. Você pode fazer isso por mim?” (ZAINDAN, 2009, prefácio)
3.2 História da EPTV
No ano de 1974, uma anotação nos diários de José Bonifácio sinaliza uma grande
mudança na vida dele Zaindan (2009, p. 543):
13/02/1974 – Combinei com Ernesto Amazonas a minha participação na
concorrência pública para a concessão dos canais de televisão em Campinas e de
Ribeirão Preto. Ele providenciará o projeto técnico até 7 de março.
A vontade de José Bonifácio em criar uma televisão surgiu quando ele participou da
fundação da TV2 Cultura, na implantação da TV Educativa na capital de São Paulo. Esta
experiência no planejamento e criação de uma emissora resultou no projeto de criação da TV
Campinas, que nasceu no dia 01 de outubro de 1979. Como relata Toni (ZAINDAN, 2009,
p.543-544).
Acho que a EPTV só existe pela experiência do meu pai na TV Cultura. Se não
houvesse isso, não haveria EPTV. Ele estaria ainda no mundo dele, da Usina, dos
cavalos... Estaria até na política, inclusive. A TV Cultura fez com que ele
conhecesse mais gente, valorizasse as pessoas, ele que sempre teve uma formação
humanista forte e muito discernimento do que queria. E essa experiência desaguou,
24
dez anos depois, na EPTV, para mim a maior paixão profissional da vida dele. Ele
montou a televisão sob críticas dos amigos, muitos com pena dele: “essa televisão
no interior não vai dar certo”, eles diziam. Por isso, acho que até que a paixão pela
EPTV não era, na cabeça dele, o negócio EPTV. Só depois é que virou.
Este conhecimento no planejamento de criação de uma emissora resultou no projeto
da TV Campinas, que nasceu no dia 01 de outubro de 1979. Após um ano, a empresa se expandiu
iniciando as atividades em Ribeirão Preto, com a TV Ribeirão, no dia 12 de dezembro de 1980. A
ideia era somar a programação da Rede Globo ao dinamismo das emissoras locais, estando junto ao
público das cidades de cobertura e tornando-se mais próxima ao telespectador, aliada ao crescimento
dos anunciantes regionais.
Após oito anos de crescimento, a empresa ultrapassou a fronteira do Estado de São Paulo e
chegou até o Sul de Minas Gerais, inaugurando uma nova sede na cidade de Varginha em 1988. Um
ano depois acontece a inauguração da EPTV Central, em São Carlos no interior de São Paulo, no dia
01 de julho de 1989.
O significado da sigla EPTV, Emissoras Pioneiras de Televisão, nasce da identidade das
quatro emissoras, a partir do pioneirismo nas regiões onde atuam, como relata José Bonifácio:
Nossa ideia é sempre uma neutralidade. Nós nos limitamos ao factual. Vai ao ar o
que é fato, e não, o que é opinião. Não é a interpretação da gente que tem
importância, e sim, o fato que tem importância. Tanto é que usamos a expressão que
vendemos anúncio, mas não vendemos opinião. E isso é uma norma geral. (EPTV:
2002)
Já no ano de 2007 a EPTV entrou na era digital. A partir disso, todas as produções do
programa Terra da Gente são em HDTV. O projeto se expandiu e, desde o dia 03 de dezembro de
2008, toda a programação de EPTV Campinas passou ser a transmitida no formato digital. Hoje, o
sinal em alta definição da EPTV já esta disponível para mais de 50% da população das cidades
cobertas pela emissora. Na EPTV Sul de Minas, a transmissão digital teve início no dia 08 de junho de
2010.
3.3 EPTV Sul de Minas, Varginha
Boa tarde, Sul de Minas, terra de poetas, riquezas e belezas naturais. Está no ar a TV
Sul de Minas, que vai atender, numa primeira fase, cerca de 100 cidades com uma
população estimada em dois milhões de habitantes. A partir de agora, estaremos
lutando lado a lado pela preservação da beleza de Minas (EPTV, 1988)
25
Apresentador Ronaldo Trombinim
Fonte: Imagem cedida pelo departamento de Marketing da EPTV.
A primeira exibição do telejornal da EPTV no Sul de Minas foi no dia 8 de agosto de 1988,
com a apresentação do jornalista Ronaldo Trombinim. Esta edição revela os objetivos e a estrutura da
emissora naquela época, quando as equipes de reportagem percorriam as cidades do Sul de Minas para
mostrar a beleza cultural, natural e econômica, estreitando fronteiras e fortalecendo a integração
regional. Para realização deste trabalho, a empresa contratou cerca de 100 profissionais, entre técnicos
e jornalistas. A segunda reportagem exibida foi o pronunciamento do presidente do
Departamento Estadual de Telecomunicações de Minas Gerais, na época Paulo César
Guimarães:
A integração do Estado se faz também através das geradoras regionais. Propiciando
assim, a informação local, a integração do polo agro-industrial do Sul de Minas e as
cidades circunvizinhas à Varginha. O maior beneficiário é a população desta região
que terá agora um meio de comunicação, uma forma de vender os seus produtos,
uma forma de mostrar a sua cultura e o seu desenvolvimento (EPTV: 1989)
Outras notícias em destaque do primeiro jornal, que teve duração de 11 minutos e 37
segundos, foi a visita do ex-governador Newton Cardoso a Três Corações, que realizou vários
inaugurações; a prisão em Varginha de uma quadrilha armada que assaltava caminhões de
café; a vitória do Flamengo de Varginha em uma partida disputada no Estádio Rubro Negro,
quando o Flamengo venceu o Aimorés, por 1 x 0; a apresentação do músico Ivônio Bill ,no
Teatro Capitólio de Varginha, e uma reportagem sobre a carreira de Milton Nascimento, que
morou em Três Corações. A reportagem trouxe relatos dos pais que contaram um pouco da
infância e do gosto pela música do filho caçula.
Já na segunda edição do MGTV veiculada às 19h30, com duração de 8 minutos e 52
segundos a primeira reportagem foi sobre a inauguração oficial da TV Sul de Minas e trazia
uma entrevista com Evandro Guimarães, diretor da Rede Globo na época.
O Sul de Minas se integra a Minas a partir da TV Sul de Minas. Se integra ao país a
partir da excelência de serviços que aqui será praticada. E que a Rede Globo com
isso, só tem a ganhar, porque ela cumpre mais uma etapa com seu esforço de prestar
serviço com a melhor televisão, com o melhor jornalismo, com a melhor atividade
comunitária. No que, a TV Sul de Minas, ora inaugurada, ora começando a operar
torna-se um marco importante (EPTV: 1989)
26
José Bonifácio, diretor da TV Sul de Minas utilizou a data de inauguração da empresa ,
para comentar a importância e o marco que aquele dia representava:
Na sabedoria oriental este dia é importantíssimo, por que oito é o número da sorte. E
oito do oito de oitenta e oito é um número de tanta sorte, que não é repetitivo em
muitas gerações. Isto fortalece a nossa convicção, que nós viemos com sorte, para o
trabalho histórico. Histórico, na medida em que temos plena responsabilidade
daquilo que somos economicamente, politicamente e socialmente para a região.
Temos acostumado a dizer a todos que economicamente, pretendemos crescer e nos
expandir na região, mas sempre dentro de uma premissa, para nós, fundamental, de
natureza ética. Nós venderemos anúncios, mas nunca venderemos opinião, a opinião
nunca é nossa, nunca ninguém terá acesso a ela por via de compra. Nós temos que
sim refletir os anseios da população os seus interesses, e trabalhar para que estes
interesses sejam do conhecimento de todos para que a região. Ela em si mesma e por
si mesma cresça (EPTV: 1989).
De acordo com o Atlas de Cobertura Rede Globo 2009, hoje, em números, a EPTV Sul de
Minas alcança 141 municípios (17% do estado), atendendo mais de 2,5 milhões de habitantes.
Estes valores são auxiliados pela importância econômica que a região possui, tendo o segundo maior
PIB do Estado. São R$ 28,2 bilhões, que correspondem a 13% da riqueza de Minas Gerais,
valor superior ao de países como Bolívia, Jamaica e Paraguai. O consumo da região cresceu
202% nos últimos cinco anos, alcançando R$ 26 bilhões em 2009, valor superior à média
brasileira. O consumo per capita é de R$ 10 mil/ano. O mercado é responsável por 13% do
potencial de consumo do estado. Poços de Caldas tem o maior PIB, com R$ 2,7 bilhões, e é
uma das dez maiores cidades do Estado. Varginha ocupa o segundo lugar da região, com R$
2,3 bilhões. O município de Pouso Alegre vem em seguida, com R$ 1,7 bilhão. Santa Rita do
Sapucaí é um dos principais polos de tecnologia do Brasil e é destaque pelo desenvolvimento
e produção de eletroeletrônicos.
O sul de Minas Gerais é destaque no setor da agropecuária. Um quarto de toda a
riqueza produzida no Estado vem da região (26,8%), sendo o café o principal responsável pela
posição. A região é a maior produtora do grão no Brasil. No ranking estadual dos municípios
com maior renda agrícola, a cidade de Três Pontas apareceu em 8° lugar. A região possui
frota com 831 mil veículos, 11% superior à média do país, e 101 mil empresas ativas
(indústrias, comércio, serviços e agronegócios). Mais da metade do PIB é gerado pelo setor de
serviços, o que inclui bancos, transportadoras e hotéis. No setor de turismo, Lambari, São
Lourenço, Caxambu, Cambuquira, Baependi, Poços de Caldas, Monte Verde (distrito de
Camanducaia), Maria da Fé e Delfim Moreira são alguns dos destaques desta região
incrustada na Serra da Mantiqueira.
27
3.4 Dados da EPTV Sul de Minas
O quadro abaixo revela um dado interessante: a emissora possui só duas unidades de
jornalismo para atender a 141 cidades, a mais vasta área de abrangência entre as quatro
praças. Ainda segundo o setor de Engenharia da emissora, duas novas unidades devem entrar
em operação a partir de 2011.
Inauguração – 1988
09 m²
02
1.000 W + 250 W
35 m
02
03
Umatic
03
77
1999
80 m²
03
1.000 W + 250 W
100 m
03
04
Beta SP
08
115
2010
81,35 m²
4
5.000 W + 1.000 W
90 m
3 linear + 2 não linear + 1 digital
2
Beta SP
18
90
Sucursal Poços
31,5
2
500 W
80 m
1 não linear
1
Beta SP
1
15
Estrutura
Estúdio
Câmeras de Estúdio
Transmissor
Torre
Ilhas de Edição
Unidades Portáteis
Formato
Postos Retransmissores
Nº de Funcionários
Estrutura
Estúdio
Câmeras de Estúdio
Transmissor
Torre
Ilhas de Edição
Unidades Portáteis
Formato
Postos Retransmissores
Nº de Funcionários
Fonte: Dados fornecidos pelo departamento de Recursos Humanos da EPTV.
3.5 Os Formatos dos Telejornais
Como foi descrito inicialmente, a Rede Globo é líder em audiência em todo país, e
esta performance se reflete nas emissoras afiliadas como a EPTV. Uma opção da empresa
seria ser somente uma retransmissora do sinal da Rede Globo, entretanto a ideia da EPTV foi
somar a programação nacional à programação regional. Como afirma Bazi (2001, p. 45):
E são nesses horários, considerados “periféricos”, que as emissoras regionais exibem
seus programas. Capelli (1982) diz que um dos problemas enfrentados pelas TVs
regionais é conquistar a autonomia em termos de programação. Segundo ele, isso
não quer dizer que as emissoras regionais não produzam programas, A diferença é
que a programação de uma estação de TV do interior nasce de uma necessidade de
atender a um mercado regional. Para isso, os responsáveis por tais emissoras
trabalham em sintonia com seu público, realizando pesquisas de mercado e do
telespectador, afim de que o dinheiro investido pelo anunciante, nos intervalos
comerciais, tenha o retorno esperado.
28
Portanto, para manter esta liderança nas áreas de atuação, a EPTV investiu na
programação local, principalmente utilizando os telejornais. E o primeiro espaço utilizado
pela emissora foram os blocos locais do “Jornal Hoje”. Anos depois, foi ao ar o Jornal das
Sete, atualmente Jornal Regional.
Posteriormente, a cada abertura de novo horário, a emissora ocupava os espaços com
novas produções. Para que se possa ter uma ideia da natureza dos programas jornalísticos,
vamos detalhar aqueles que são produzidos em Varginha e que podem ser objeto de atuação
das assessorias de imprensa da região.
Os demais, “Terra da Gente”, “Caminhos da Roça” e “EPTV Esporte” não se
enquadram no recorte da monografia, uma vez que são produzidos por uma equipe de
profissionais da emissora em Campinas e Ribeirão Preto.
3.5.1 EPTV Comunidade
Fonte: Fonte EPTV
Programa de entrevistas semanal, exibido nas manhãs de sábado, com cerca de 40
minutos de duração. As entrevistas procuram aprofundar temas diversos, em especial fatos
que aconteceram na região na última semana antes de ir ao ar. Os temas abordados são
problemas enfrentados pela sociedade e, para isso, as entrevistas são feitas com especialistas
de cada assunto. E quando a discussão é de interesse das quatro praças ou então o entrevistado
pode
interessar a todos telespectadores, o programa é exibido pelas quatro praças da
emissora, como no dia 23 de janeiro de 2010, ocorreu com a entrevista realizada com o
presidente da república Luis Inácio Lula da Silva.
29
3.5.2 EPTV Cidade
Fonte: Dados EPTV
São seis boletins diários que vão ao ar de segunda a sexta-feira, das 8h às 19h, durante
a programação da EPTV aleatoriamente, com um minuto e quinze minutos de duração. Os
boletins mostram fatos que estão acontecendo na região e são feitos pelos repórteres e podem
ser gravados ou ao vivo. Além das notícias, há prestação de serviços e fatos das cidades de
cobertura. Geralmente eles são gravados durante as reportagens, sendo pequenos resumos e
feitos depois das entradas ao vivo dos telejornais da emissora.
3.5.3 Jornal da EPTV
Fonte: Dados EPTV
A primeira exibição do Jornal da EPTV (antigo Jornal Regional Primeira Edição) foi
em 1983, após uma mudança no Jornal Hoje, que se tornou obrigatório para todas as afiliadas
no país. E para que as emissoras regionais não perdessem espaço abriu-se este espaço regional
dentro da programação.
O telejornal é focado em prestação de serviço, artes, cultura e no factual da manhã.
Além das notícias de política, economia, saúde, habitação e os cinco quadros fixos:
1. Em Cena – uma revista cultural exibida no último bloco do jornal todas as sextasfeiras, com dicas de cinema, shows, teatros exposições, entrevistas com artistas e eventos do
final de semana
30
2. Prato Fácil – exibido às quintas-feiras por um jornalista-cozinheiro, que faz receitas
rápidas e baratas, que são preparadas em minutos em praças públicas.
3. Há Vagas – quadro que traz oferta de vagas de emprego nas principais cidades do
sul de Minas. Os dados são repassados por intermédio dos postos de atendimento do Sistema
Nacional de Emprego, Sine.
4. De olho na rua – vai ao ar toda quinta-feira e mostra os problemas que os moradores
enfrentam nos bairros das cidades de cobertura. Para a produção da reportagem do bloco,
além da reclamação do morador é necessário que ele envie por e-mail uma foto para a
redação, mostrando os principais problemas da rua como falta de asfalto, bueiros entupidos e
lixos jogados em terrenos baldios.
5. Sua escolha – reportagens que traçam o perfil de vários tipos de profissões e
funções. Além de mostrar o dia a dia de um profissional, a reportagem sempre mostra como
está o mercado de trabalho e a média salarial.
Até 1997 o jornal tinha a duração de 50 minutos e entrava ao ar entre o meio-dia e
uma hora da tarde. Mas, em 1999, com a entrada do programa “Mais Você”, da apresentadora
Ana Maria Braga, ele perdeu 10 minutos de programação, sendo exibido às 12h15 de
segunda-feira a sábado.
E, em 2003, o telejornal passou por mais uma alteração, após a Rede Globo, por
estratégia de concorrência, cortar 15 minutos de exibição do jornal. Isso porque estava
empatando em audiência, de acordo com o IBOPE, na praça de São Paulo (filial da Rede
Globo que mais fatura), com o concorrente SBT, que exibia no mesmo horário o programa
“Chaves”. A perda de audiência de um telejornal para um programa humorístico fez com que
a empresa esticasse os desenhos da programação infantil da “TV Globinho”, concorrendo de
igual para igual, ou seja, programas com as mesmas características.
A última mudança aconteceu em 2008, quando o telejornal passou de “Jornal Regional
Primeira Edição”, para “Jornal da EPTV”, por uma estratégia de marketing para se enquadrar
ao nome que a maioria da população usava quando se referenciava ao jornal da EPTV.
O cenário do telejornal traz painéis com fotos dos principais pontos turísticos, ou então
das características das maiores cidades da área de cobertura da emissora. De cores suaves,
com predominância do cinza ao azul escuro, o que chama atenção no jornal são os televisores
de LCD. Com eles os apresentadores realizam uma espécie de “diálogo”, com os repórteres
que entram ao vivo no jornal, olhando para o televisor, como se apresentador que está dentro
31
do estúdio e o repórter que está na rua de alguma cidade da região, estivessem um de frente ao
outro.
São por estes televisores também, que o apresentador da sucursal em Poços de Caldas
é chamado para participar. Ele é o responsável em trazer as notícias de esporte e os principais
fatos que aconteceram nas cidades mais próximas da sucursal.
A EPTV investe neste telejornal uma vez que é o horário que as pessoas voltam para
casa para almoçarem, e, geralmente ligam os televisores para acompanhar as notícias da
região e atinge 27,4% ponto no IBOPE, com um share (fatia de mercado - termo usado
quando a empresa quer determinar quanto em porcentagem do mercado ela possui de
determinado produto) de 58.2%.
3.5.4 Jornal Regional
O Jornal Regional foi ao ar pela primeira
vez com este nome em 1983, depois que a Rede
Globo permitiu que as afiliadas escolhessem o
nome dos telejornais regionais, extinguindo o
“Jornal das Sete”. Até este ano, o jornal era
veiculado antes do Jornal Nacional, porém depois
das mudanças ele é exibido entre a novela 1 (novela das seis) e a novela 2 (novela das sete).
O telejornal é exibido às 19h00, de segunda a sexta-feira e possui uma estrutura
pequena de 15 minutos divididos em três blocos. No primeiro bloco tem-se a escalada e as
notícias de destaque na região no período da tarde e no começo da noite, o “factual”, como é
conhecido o jargão jornalístico. O bloco seguinte, geralmente, é destinado ao esporte e
algumas reportagens de temas gerais. Por fim, no último bloco, a preferência é de uma
reportagem mais importante e de impacto. Mais noticioso do que o Jornal da EPTV, o Jornal
Regional traz reportagens que abordam temas de política, polícia, saúde e denúncias.
Hoje, é o produto de maior audiência da EPTV, com 46,7 pontos no IBOPE, e share
de 69,4%.
32
4 A RELAÇÃO DOS ASSESSORES DE IMPRENSA COM OS JORNALISTAS
Uma parcela considerável dos jornalistas brasileiros não trabalha em veículos de
comunicação. Em 2010, segundo estimativa da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ),
o número de profissionais filiados aos órgãos em todo país soma 25 mil, sendo que cerca de
10 mil atuam em assessoria de imprensa.
Esse número pode ser visto como um reflexo da conquista de espaço dos jornalistas
nas empresas, ao mostrar que as necessidades de comunicação das organizações são mais
difíceis e complexas do que se pode imaginar. A atuação das assessorias de imprensa usando
da informação e da criação de procedimentos adequados propiciou medidas estratégicas para
as empresas, fornecendo uma vasta opção de produtos e serviços:
Nessa nova realidade, o todo do processo jornalístico foi profundamente alterado por
uma nova relação entre o fato e a notícia. No velho conceito e na velha realidade,
havia um intervalo – o intervalo que o poder das redações ocupava – entre o
“acontecido” e o “noticiado” (...). Pois este intervalo desapareceu (...). Tendo “o fato
produzido” e a sua notícia como principais ferramentas de ação, as fontes,
antigamente passivas, se transformaram em instituições deliberadamente produtoras
de conteúdos, por meio de fatos noticiáveis. (REGO, 2007, p. 15)
E a atuação de jornalistas vindos da imprensa nas assessorias contribuiu para uma
maior profissionalização da função e favoreceu um melhor entrosamento entre as empresas e
os veículos de comunicação, como afirma Bueno (1989, p.89 apud DUARTE, 2003).
Os assessores de imprensa hoje em dia podem ser vistos como um ponto de apoio aos
produtores, editores e repórteres. Eles auxiliam os jornalistas no fornecimento de informações
corretas e verídicas, e facilitam o contato com as fontes nas entrevistas. E paralelo a isso, têm
o papel de explicar e orientar os assessorados sobre o perfil e necessidade de cada veículo. A
presença destes profissionais de comunicação dentro das empresas estimula o favorecimento
do diálogo e a maior aproximação, de modo positivo, com a imprensa. Esta relevância é
descrita por Duarte:
Sua atuação fez surgir instituições de todos os tipos como produtoras de conteúdos
para os meios de comunicação, estimulou a democratização e qualificação da
informação, garantiu às redações facilidade de acesso, moralizou o relacionamento
entre fontes e imprensa. Também estabeleceu padrões éticos e técnicos de
comportamento e teve a peculiaridade de manter a troca de papéis com a
manutenção do título: repórter questionador-crítico-independente ou assessor que
orienta politicamente uma fonte, ambos considerados jornalistas. (DUARTE, 2003,
p. 90)
33
A relação e o contato eficiente entre assessores, produtores e repórteres de redações
exigem técnica, conhecimento e especialização. Assessores de imprensa que já atuaram em
redações de tevês, jornais e revistas conhecem detalhadamente o raciocínio e o processo de
produção das redações, sendo capazes de promover ações jornalísticas acertadas. A
experiência dos assessores em redações contribui para criar padrões de comportamento com
enfoque ético e, atuando como mediadores sociais, estes são capazes de gerar informações
que sejam de real interesse do público. Além disso, a atuação e o desempenho do assessor são
testados diariamente através dos filtros e dos critérios de cada redação.
E os jornalistas que atuam em assessorias de imprensa possuem as técnicas da
comunicação que facilitam o aproveitamento da notícia pelo veículo de comunicação, através
de notícias imediatas, atendimento rápido, sugestões de pautas, troca de informações,
entrevistas coletivas e criação de fatos noticiosos. Assim, conhecedores das técnicas de
comunicação e de linguagem, os assessores também têm forte atuação dentro das empresas e
instituições.
...esses assessores montam e comandam, nas instituições, verdadeiros sistemas
especializados de comunicação. Internamente, catalisam, controlam e transformam
em matéria-prima noticiosa informação que interessam à instituição, adequando a
forma expressiva às características do discurso jornalístico. (CHAPARRO, 1994, p.
71)
Esse poder que a comunicação exerce nas empresas e nas instituições é denominado
por Torquato de poder expressivo:
...legitimando outros poderes existentes nas organizações, como o poder
remunerativo, o poder normativo e o poder coercitivo (...), ajusta os filões de
segmentos de mercado, cria e mantém uma identidade, amplia o esforço
mercadológico, melhora as vendas e aperfeiçoa os contatos com públicos
diferenciados (TORQUATO apud CHAPARRO, 1994, p.70)
As ferramentas e os serviços mais utilizados, na versão de Torquato são:
Produzir press-releases e disseminar informações para os meios de comunicação
coletiva, particularmente a imprensa especializada; coordenar entrevistas para os
quadros jornalísticos com o corpo executivo e diretivo da organização; preparar
papers especializados para o top executivo; preparar textos promocionais;
acompanhar entrevistas do corpo executivo com os meio de comunicação.
(TORQUATO apud CHAPARRO, 1994, p.71)
34
Esse poder das assessorias somado às técnicas de comunicação gerou um contato
intenso e recíproco entre jornalistas e assessores de imprensa. Com o passar dos anos este
convívio foi se solidificando e passou a fazer parte das redações tanto dos processos quanto
nos conceitos, tornando proveitoso este relacionamento, como define Chaparro:
As profundas contradições da vida moderna, e seus desdobramentos políticos,
sociais e econômicos; a inexorável especialização do saber e das demandas de saber;
a multiplicidade das interfaces e dos interesses nos jogos do poder; os crescentes
confrontos entre o pragmatismo do processo econômico e as emergentes culturas de
defesa da valorização da vida; a cumplicidade entre a radipez do desenvolvimento
tecnológico (alterando as lógicas sociais e criando novos valores e atitudes
culturais), a valorização das mutações históricas e a conseqüente complexidade das
significações dos acontecimentos – fazem dos bons assessores de imprensa fontes
preciosas para a captação, aferição e interpretação de informações de interesse
público. (CHAPARRO, 1994, p.71)
4.1 A relação das assessorias de imprensa com a EPTV Sul de Minas
A competência das fontes, em especial das assessorias de imprensa, vai muito além da
produção e envio dos releases. O contato deve ser feito de modo harmonioso e eficaz para a
satisfação de ambos os profissionais da comunicação. E o objetivo desta pesquisa é analisar
esta relação dentro da EPTV Sul de Minas.
4.1.1 A quantidade de releases
As sugestões de reportagens e os releases chegam via e-mail na sede da EPTV em
Varginha por meio do correio eletrônico - [email protected] –, sendo este o principal
canal desta comunicação. A quantidade de releases que a emissora recebe por dia seria um
dado importante a integrar esta pesquisa, entretanto, problemas técnicos limitaram o
levantamento desta informação durante a pesquisa. Isso se explica pela grande quantidade de
e-mail´s recebidos, fazendo com que a “caixa de entrada” do correio eletrônico atinja seu
limite máximo de capacidade, em um pequeno período de tempo. Assim, ocorre a necessidade
de excluir os releases e e-mail´s que não interessam à emissora, e colocar na agenda, apenas
aquilo que pode ser aproveitado como uma sugestão de reportagem.
Esta limitação se aprofundou pelo fato de que não existe um único jornalista
responsável pelo recebimento dos releases. Embora um único computador na redação receba
35
estes e-mail´s, este é utilizado por diversos profissionais. Além disso, faz parte da rotina dos
produtores, editores, noticiaristas e estagiários checar a caixa de entrada do correio eletrônico
e sempre deixá-la vazia, resultando tecnicamente inviável a contagem exata e precisa de
releases recebidos por dia.
Uma tentativa foi feita durante dez dias. Foi solicitado que um jornalista da redação
em Varginha encaminhasse todos os releases para o pesquisador, que seria o responsável pela
contagem, porém constatada a não fidelidade dos fatos, esta técnica de levantamento de dados
foi descartada.
Soma-se a esta inviabilidade técnica a grande quantidade de endereços de e-mails
através dos quais os jornalistas da EPTV recebem as sugestões. Além do principal e-mail, que
foi relatado, alguns jornalistas possuem correios eletrônicos próprios, com domínio
“@eptv.com.br” e também e-mail´s de contas particulares. Resultando assim, na inviabilidade
técnica de chegar a um dado preciso.
4.1.2 A agenda
A redação da EPTV Sul de Minas é informatizada, usando um programa de softaware
chamado I-News, importado dos Estados Unidos, que roda em plataforma Windows. Todos os
jornalistas veem como o jornal está sendo feito e as mudanças que vão acontecendo na
medida em que as notícias chegam à redação. Isso facilita a comunicação e evita erros no ar.
A “Agenda” é um dos locais onde os releases são colocados, devidamente na data em
que os eventos irão acontecer. Este espaço é separado por mês e dia, assim, cada sugestão de
reportagem e release que chega no correio eletrônico é copiado e colado na agenda. É
necessária a criação de uma retranca, com no máximo três palavras, que resuma o teor da
notícia, a cidade onde vai acontecer o fato e a data do evento.
Este local pode ser acessado por todos os jornalistas e as sugestões de reportagens e
releases são impressos e levados para a reunião de pauta. Vale ressaltar que este local é
destinado aos releases que chegam com antecedência à data de realização do evento. Caso
contrário, se o release chegar “em cima da hora”, é colocado no setor chamado “Sugestões”.
36
4.1.3 Sugestões
Para as notícias de última hora ou releases que chegam um dia antes ou até mesmo
horas antes de acontecer o fato, o I-News possui um campo específico, chamado de
“Sugestões” que fica dentro da pasta “Pautas”.
O local não possui uma separação de dia e mês para a colocação dos releases. Eles
ficam organizados um após o outro, respeitando os horários de criação da retranca, ou seja, a
retranca mais nova fica em cima da mais velha e assim sucessivamente.
4.1.4 Reunião de Pauta
A reunião de pauta tem início logo após o final do Jornal da EPTV, que se encerra
geralmente às 12h45. Entretanto, em períodos excepcionais, como Eleições e Copa do
Mundo, como presenciamos em 2010, o horário de exibição e o tempo do jornal é alterado,
com isso a Reunião de Pauta muda de horário também.
Estão presentes na reunião os produtores, editores, fechadores, chefe de reportagem
(Cláudio Dutra), chefe de jornalismo (Marcelle Loureiro) e o gerente de jornalismo (Pedro
Aurélio Carvalho). A presença dos produtores da sucursal de Poços de Caldas é feita através
do Skype (software que permite a comunicação pela internet através de conexões de voz).
Os primeiros a “venderem” a pauta (termo jornalístico que significa sugerir uma
reportagem) são os produtores da sucursal em Poços de Caldas. Eles apresentem a notícia,
explicam a sua relevância jornalística, apresentam dados, personagens e o conflito existente.
Após isso, uma série de perguntas é feita pelos chefes e editores, que analisam a viabilidade e
a relevância da reportagem. Neste período, se alguma pergunta não for respondida,
rapidamente o produtor liga para a fonte ou assessor de imprensa ou o personagem, para sanar
as últimas dúvidas.
Um release completo e bem elaborado propicia ao produtor maior possibilidade de
êxito na sugestão da reportagem. Sendo aceita a proposta, caso alguns dados ou informação
necessária para a produção da pauta não estejam no release, é necessário realizar um contato
telefônico imediato com o assessor de imprensa, que deve estar disponível para atender o
produtor e sanar a dúvida.
Em seguida, os chefes repassam as orientações e o encaminhamento que a reportagem
deve seguir. Após a chefia “comprar” (aceitar) as sugestões, a equipe da sucursal inicia o
37
trabalho de produção. Na reunião em Varginha, os produtores dão continuidade à reunião de
pauta, nos mesmos moldes de “venda” e “compra” de reportagem.
4.1.5 Produção
Os produtores são os jornalistas responsáveis pela elaboração, marcação e explicação
das pautas. Com o encaminhamento em mãos, a pauta é produzida para o dia seguinte. Uma
retranca é aberta na pasta “Pautas”, com o nome da pauta a ser produzida, cidade, repórter que
irá fazer e uma indicação para que o repórter e editor saibam em qual jornal a reportagem será
exibida: JE, para o Jornal da EPTV, ou JR para o Jornal Regional.
Esta indicação é importante para que o repórter e editor tenham noção do tempo da
reportagem, uma vez que o JE tem de 25 a 30 minutos de duração e aceita reportagens de
maior duração de até 2 minutos e 30 segundos. Já o JR, com 15 minutos de exibição, não
comporta reportagens grandes e tem o padrão de 1 minuto e meio para cada matéria.
Neste processo, este é o momento em que o produtor utiliza as informações contidas
nos releases para informar o repórter como deve elaborar a reportagem, explicar o tema a ser
abordado e apresentar os dados da reportagem. Informações verídicas e objetivas nos releases
favorecem a produção da pauta, portanto, um assessor de imprensa que atue desta forma,
auxilia muito o trabalho do produtor.
4.1.6 Gravação
O repórter e o repórter-cinematográfico seguem todas as marcações estabelecidas na
pauta. Quando a reportagem é sugerida por um assessor de imprensa, a presença dele ao lado
do repórter é valiosa, pois auxilia nas entrevistas e facilita o acesso da equipe de reportagem,
ajudando a esclarecer alguma dúvida que não tenha sido sanada durante a produção da pauta.
4.1.7 Edição
O editor também necessita do auxílio do assessor de imprensa para montar e finalizar a
reportagem. Além de avaliar e autorizar o texto do repórter, este profissional é quem fica
responsável por conferir se a reportagem tomou o encaminhamento pré-estabelecido durante a
38
reunião de pauta. E, caso alguma informação não esteja condizente, é o editor quem entra
novamente em contato com o assessor de imprensa antes de a reportagem ser exibida.
4.1.8 Painel
Para fechar o ciclo de produção da reportagem, o I-News possui uma pasta com o
nome de “Painel”, local onde são feitos os comentários sobre as reportagens que foram ao ar.
É de responsabilidade do “fechador” (jornalista responsável por escrever as laudas dos
apresentadores e fechar o jornal) comentar sobre o jornal que foi ao ar.
Os comentários integram todos os profissionais que participaram do processo de
produção de determinada reportagem, na seguinte ordem: nome do produtor, nome do editor,
nome do repórter e nome do repórter-cinematográfico.
São expostos comentários desde a produção, a realização, a edição e a exibição da
reportagem. Elogios são feitos às reportagens diferenciadas, e críticas são levantadas para
aquelas reportagens que foram ao ar com informações, texto ou imagem que poderiam ser
alterados.
Com isso, o trabalho do assessor de imprensa também é avaliado. Caso alguma
informação errada ou falta de informação seja notada, o assessor de imprensa é comunicado.
Desta forma, vai se criando ou distanciado a relação entre os assessores de imprensa e os
jornalistas que integram a redação.
39
5 PESQUISA DE OPINIÃO
Na tentativa de comprovarmos a primeira hipótese deste trabalho (Pelo alcance que
possui, as assessorias de imprensa priorizam a mídia EPTV Sul de Minas e se preocupam em
criar pautas especialmente adaptadas às características do veículo televisão), foi elaborada
uma pesquisa de opinião, junto às assessorias de imprensa, através da técnica do questionário
por correio, modelo proposto por Novelli (2009), que oferece condições para a elaboração da
pesquisa.
5.1 Pesquisa Interna
A aplicação da pesquisa interna englobou o universo dos jornalistas que atuam na
EPTV Sul de Minas. Após identificar este universo, foi decidido que a pesquisa englobaria
apenas parte dele, caracterizando-se como pesquisa de amostragem. A seleção da amostra da
pesquisa se deu de forma probabilística. E a elaboração do questionário apresenta questões
fechadas e abertas. As questões indagam como os jornalistas da emissora avaliam e
interpretam o trabalho dos assessores de imprensa da região.
Para a aplicação da pesquisa interna na EPTV Sul de Minas foram enviados 27
questionários, que equivalem a 100% da população de jornalistas que atuam na redação. Para
o cálculo da amostra foi utilizada a ferramenta Simple Size Calculator, disponível pelo site
Research Info (http://www.researchinfo.com/docs/calculators/samplesize.cfm). Servindo de
base a população de 27 e de acordo com os cálculos da ferramenta, a amostra necessária para
que fosse obtido um grau de confiabilidade de 95% e com uma margem de erro de 15%,
deveria ser de 17 questionários. Após a definição da amostra, foram enviados 27
questionários, deste total, 21 retornaram.
5.2 Pesquisa Externa
A pesquisa externa foi feita com os assessores de imprensa da região, também através
de questionários. As questões elaboradas seguem o mesmo padrão do questionário enviado
aos jornalistas da emissora, mas indagam o tema do ponto de vista dos assessores. Assim, é
possível fazer uma comparação com as respostas obtidas a partir da visão de ambos os
profissionais.
40
A aplicação da pesquisa externa foi direcionada ao universo dos assessores de
imprensa que atuam no sul de Minas Gerais. Foi decidido, entretanto, que a pesquisa
englobaria apenas parte dele, caracterizando-se como pesquisa de amostragem. A seleção da
amostra da pesquisa se deu de forma probabilística. E a elaboração do questionário apresenta
questões fechadas e abertas.
Há uma carência de dados do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais
(SJPMG) e de demais órgãos relacionados, que não puderam informar a quantidade de
jornalistas que atuam nas assessorias de imprensa no sul de Minas Gerais.
De acordo com o Sindicato dos jornalistas de Minas Gerais o número de profissionais
que atuam no sul do Estado são de 100 jornalistas, englobando entre assessores e profissionais
de redações. Para viabilizar a pesquisa, para qual só interessa o número de assessores de
imprensa, foi preciso estimar o número destes profissionais a partir da análise de percepção do
número de jornalistas que atuam nas redações, mais facilmente mensurável. Após realizar este
levantamento e verificar que cerca de 60 jornalistas atuam nesta área é possível afirmar que o
número de assessores se situa em torno de 40. Portanto, esta foi a população utilizada para
efetuar o cálculo do tamanho da amostra para a pesquisa em estudo.
Para o cálculo da amostra foi utilizada a ferramenta Simple Size Calculator, disponível
pelo site Research Info (http://www.researchinfo.com/docs/calculators/samplesize.cfm).
Utilizando a população de 40 e de acordo com os cálculos da ferramenta, a amostra necessária
para que fosse obtido um grau de confiabilidade de 95% e com uma margem de erro de 15%,
deveria ser de 21 questionários. Após a definição da amostra, foram enviados 32
questionários, deste total, 24 retornaram.
FIGURA – Tela do e-mail enviado pelo SJPMG
Fonte: Gmail
41
5.3 Questionário
Questionados como avaliavam o relacionamento com as Assessorias de Imprensa da
região, 71% dos jornalistas da EPTV Sul de Minas consideram como bom; e 29% consideram
a relação como regular.
0%
0%
29%
Ótimo
Bom
Regular
Ruim
71%
TABELA 1 - Como você avalia seu relacionamento com as Assessorias de Imprensa da Região?
Fonte: Resultado da pesquisa do autor
Já dos assessores de imprensa questionados sobre como avaliam o relacionamento
com a EPTV Sul de Minas, 100% afirmaram que possuem um ótimo relacionamento com a
emissora.
0%
0%
0%
Ótimo
Bom
Regular
Ruim
100%
TABELA 2 – Como você avalia seu relacionamento com a EPTV Sul de Minas?
42
Fonte: Resultado da pesquisa do autor
A maioria (72%) dos jornalistas da EPTV Sul de Minas conta algumas vezes com o
auxílio das assessorias de imprensa na produção de reportagens. E 14%, na maioria das vezes,
confirmam este auxílio. Já outros 14% dizem que pouco são auxiliados pelas assessorias de
imprensa.
14%
0%
14%
Na maioria das vezes
Algumas vezes
Pouco
Nunca
72%
TABELA 3 - O seu trabalho na produção de reportagens é auxiliado pelas Assessorias de Imprensa da
região?
Fonte: Resultado da pesquisa do autor
E 100% dos assessores de imprensa afirmam que, algumas vezes, as sugestões que
eles enviam são aceitas pela redação da EPTV Sul de Minas.
0%
Na maioria das vezes
Algumas vezes
Pouco
Nunca
100%
TABELA 4 – O seu trabalho na sugestão de reportagens é aceito pela EPTV Sul de Minas?
Fonte: resultado da pesquisa do autor
43
E a grande maioria (86%) dos jornalistas afirma que somente 30% das reportagens
foram sugeridas por assessores de imprensa. Já outros 14% afirmam que a metade (50%) das
reportagens foram produzidas a partir de sugestões das assessorias de imprensa.
0%
0%
100%
0%
70%
14%
50%
30%
0%
86%
TABELA 5 - Nas reuniões de pauta qual o percentual de reportagens são efetivamente produzidas a partir
de sugestões das Assessorias de Imprensa da Região?
Fonte: Resultado da pesquisa do autor
Metade dos assessores de imprensa afirma que 50% das reportagens que foram
enviadas para a emissora foram aceitas. Já, a outra metade de assessores de imprensa afirma
que somente 30% das reportagens oferecidas foram produzidas.
0%
0%
100%
0%
70%
50%
50%
50%
30%
0%
TABELA 6 - Qual o percentual de sugestões de pautas enviadas para a EPTV são efetivamente
produzidas?
Fonte: Resultado da pesquisa do autor
44
Para 43% dos jornalistas da emissora, algumas vezes as sugestões de pautas enviadas
são bem elaboradas para a mídia televisão. Já a maioria (57%) afirma que as sugestões são
pouco adequadas para a tevê.
0%
0%
43%
Na maioria das vezes
Algumas vezes
Pouco
57%
Nunca
TABELA 7 - As sugestões de pautas enviadas pelas Assessorias Imprensa da região são bem elaboradas e
adequadas para a mídia televisão?
Fonte: Resultado da pesquisa do autor
Já para 75% dos assessores de imprensa, na maioria das vezes, as pautas que são
enviadas são específicas para tevê. E 25% afirmam que, algumas vezes, as pautas são
enviadas no formato específico.
0%
25%
0%
Na maioria das vezes
Algumas vezes
Pouco
Nunca
75%
TABELA 8 - O seu trabalho de assessoria de imprensa inclui sugestões de pautas específicas para o
formato televisão?
Fonte: Resultado da pesquisa do autor
45
A maioria (57%) dos jornalistas da emissora afirma que, algumas vezes, os assessores
contribuem para o desenvolvimento das pautas. Outros 14% afirmam que, na maioria das
vezes, têm contribuição. Já 29% afirmam que pouco os assessores auxiliam.
0%
0%
14%
29%
Na maioria das vezes
Algumas vezes
Pouco
Nunca
Atrapalham
57%
TABELA 9 - Os assessores de imprensa da região contribuem para o desenvolvimento das pautas?
Fonte: Resultado da pesquisa do autor
Grande parte dos assessores de imprensa (75%) respondeu que, na maioria das vezes,
auxiliam no desenvolvimento das pautas. E 25% disseram que, algumas vezes, auxiliam no
andamento.
0%
0%
25%
Na maioria das vezes
Algumas vezes
0%
Pouco
Nunca
Atrapalham
75%
TABELA 10 - Você acredita que o seu trabalho contribui para o desenvolvimento das pautas da EPTV
Sul de Minas?
Fonte: Resultado da pesquisa do autor
46
5.4 Análises dos Dados
A partir dos resultados obtidos através dos questionários algumas afirmações podem
ser levantadas. O que primeiramente chama atenção é o fato de que a grande maioria dos
jornalistas da emissora (57%) afirma que os releases enviados pelas assessorias de imprensa
são pouco elaborados para o formato de tevê. Entretanto, grande parte (75%) dos assessores
de imprensa afirma que as sugestões enviadas à emissora são específicas para o formato
televisão. Assim, é possível observar uma contradição nas respostas, o que é confirmado pelo
chefe de reportagem da EPTV, Cláudio Dutra:
“Acredito que falta treinamento para o profissional de assessoria. Eles não têm muita
noção de como é o telejornalismo. Não pensam muito na questão da imagem. Tevê é imagem
e se não tem, fica difícil emplacar uma pauta. Outra coisa que é esquecida também é a questão
comercial. É preciso que a assessoria seja criativa para que uma pauta não seja confundida
com um comercial”.
Esta contradição é ressaltada pela assessora de imprensa da Prefeitura de Carmo do
Rio Claro, Lucíola Zvarick, que relata:
“A dificuldade é transformar um assunto meramente local em pauta regional e, por
vezes, nacional – o sonho dos jornalistas de cidades do interior. Por isso, sempre procuro
contextualizar os assuntos que eu mando como sugestão. Na verdade, muitas vezes, escrevo
como se fosse uma matéria pronta para ser publicada em jornal impresso, com fontes
diversificadas e abordagem ampla, ou seja, não tendenciosa”.
Portanto, vemos que, de um lado, os assessores têm dificuldades em enviar sugestões
que atendam as características da tevê e, portanto perdem espaço dentro da emissora. Por
outro lado, alguns assessores sabem trabalhar melhor um release, como relata Eliana Sonja
Rotundaro, assessora de imprensa da E-comunicações em Varginha:
“Como trabalho com vários clientes, ou seja, empresas e entidades variadas, as
sugestões de pautas, muitas vezes, podem de fato não interessar à EPTV. Os releases que
tratam de eventos são os mais fáceis de trabalhar, pois são factuais e interessam à mídia em
geral. As dificuldades são pequenas, pois como profissional do jornalismo, sei bem o que
pode interessar ou não à EPTV e conheço as necessidades da emissora. Obviamente, que em
algumas sugestões de pautas, faço questão de entrar em contato diretamente com os
produtores da EPTV, para ajudá-los na confecção das matérias, Sempre sou bem atendida e, o
47
mais importante, sou reconhecida/respeitada como assessora de imprensa que pode ajudá-los
no trabalho diário da emissora”.
Esta dificuldade em inovar e apresentar com um olhar diferente, aquilo o que é
corriqueiro, precisa ser superada pelo assessor de imprensa que almeja espaço na mídia.
Já o relacionamento entre estes dois profissionais é outro ponto levantado na pesquisa
que obteve resultados contraditórios. Uma parcela considerável (29%) dos jornalistas da
EPTV considera a relação com os assessores regular, enquanto 71% afirmam ter um bom
relacionamento. Porém, aos assessores de imprensa em sua totalidade (100%) consideram que
possuem um ótimo relacionamento com os jornalistas da emissora.
É possível notar uma grande variação no nível das respostas e concluir que os
assessores de imprensa deixam a desejar na conduta jornalística esperada pelos jornalistas da
EPTV, como afirma a chefe de pauta da emissora, Cristina Carvalho:
“Muitas assessorias mandam os releases de eventos que já aconteceram. Alguns
eventos, há dias. Outras assessorias, principalmente, as de órgãos públicos, não servem de
ponte entre a imprensa e os órgãos responsáveis pela informação. Eles funcionam como uma
central, onde o máximo que conseguimos é o número do telefone do responsável. Muitos
assessores não têm muita noção dos elementos importantes para uma reportagem em
televisão, e com isso, acabam perdendo a chance de ver os assuntos virarem pautas. Não
sabem vender a idéia”.
Algumas falhas também são apontadas por Lucas Soares, editor da EPTV:
“Acho que quando você se dispõe a fazer um trabalho de assessoria de imprensa, tem
que tentar atender a imprensa da melhor maneira possível. Já passei por situações em que
pedia uma informação, para no máximo tal dia, e ela chegava uma semana, duas, depois ou
nem chegava. Acho que falta esse cuidado e atenção. A comunicação na região ainda é pouco
desenvolvida e posso contar nos dedos as assessorias de imprensa que respeito por fazerem
um bom trabalho”.
Nota-se que, falta mais empenho por parte dos assessores de imprensa, em
conquistarem mais espaço dentro da emissora, que estão abertos, porém necessita-se de um
trabalho atencioso e inovador. Os erros apontados pelos jornalistas da emissora são
encontrados na fala de Thaís dos Reis Mendonça, assessora de imprensa da Autopista Fernão
Dias:
“O trabalho da Autopista Fernão Dias visa melhorar a segurança e fluidez do tráfego
na rodovia. A emissora entra mais em contato com a Concessionária para saber sobre os
48
acidentes e balanços dos feriados. Os eventos factuais como estes interessam mais à mídia.
Outras sugestões de pauta, como atendimentos na rodovia e eventos da Concessionária, são
divulgadas por email, e, dependendo da região, avisadas por telefone. Essas pautas também
são cogitadas, mas nem sempre executadas pela EPTV”.
Assim, é possível notar duas falhas. Primeiro, o costume da assessoria em somente
manter um contato em notícias com acidentes, que são consideradas negativas para a empresa.
Segundo, a assessoria somente entra em contato com a emissora para pautas maçantes e que
nada trazem de novo ao telespectador, como atendimento na rodovia.
Alguns pontos que sinalizam que o exercício da atividade jornalística dos assessores
de imprensa precisa de ajustes são apontados pelo produtor da sucursal da emissora em Poços
de Caldas, João Daniel Alves:
“As assessorias ainda possuem o hábito de se calar diante de uma crise! Embora não
seja uma regra, não é raro nos depararmos com situações nas quais os assessores dificultam
ou proíbem qualquer acesso à diretoria da empresa quando o assunto é uma denúncia! Fato
que considero ruim para as próprias empresas que teriam esse espaço para divulgar a versão
delas!”
O produtor ainda ressalta algumas dificuldades técnicas encontradas neste convívio
diário:
“Fotos, arquivos em PDF e similares, quando estão anexados ao e-mail, raramente
chamam a atenção! É necessário colocar tudo no corpo do texto. Muitas fotos para TV é
inútil, a menos que a emissora solicite para fazer alguma nota coberta!”.
João Daniel ainda destaca alguns hábitos que ele considera inadequados do ponto de
vista da natureza ética, como dados pouco confiáveis:
“As assessorias ainda costumam “aumentar” ou “distorcer” a realidade. Nas redações é
comum ouvirmos que quando alguma assessoria divulga público estimado, devemos acreditar
que terá 1/3 do que foi divulgado! Parada Gay terá 20 mil pessoas! Se tiver 7 mil será
muito!”.
Algumas considerações importantes a respeito desta relação são apresentadas pelo
editor e fechador do Jornal da EPTV, Riney Ribeiro.
“A confecção do release é um dos principais erros dos assessores. Muitas vezes a
notícia fica no final do texto, não responde, sequer, o lead. Isso dificulta o trabalho do
jornalista de televisão que, por falta de tempo, precisa de textos simples e objetivos. A
proposta deve estar no primeiro parágrafo.”
49
5.5 Propostas de melhoria
Problemas de natureza técnica e ética que envolvem esta relação foram apresentados,
entretanto é necessário ter conhecimento da opinião crítica, para que mudanças positivas
aconteçam. Riney Ribeiro levanta algumas sugestões positivas para que este contato possa ser
mais produtivo:
“Não existe um caminho exato. Estamos falando de comunicação e quanto mais é
colocada em prática, melhor. Além de enviar os releases por email ou fax, manter um contato
por telefone é sempre bom. É interessante também acompanhar a equipe desde a produção até
a finalização da reportagem, isso facilita o trabalho e o entendimento da proposta.
Normalmente uma reportagem feita por meio de um release exige produção, com personagens
e dados complementares que sustentam a notícia e, para isso, é muito importante o
envolvimento direto do assessor de imprensa. Outro detalhe que considero fundamental é a
elaboração de releases diferenciados para cada meio de comunicação. Nem sempre o que é
notícia num impresso, na internet ou rádio pode ser adaptado para televisão”.
Alguns pontos curiosos também foram levantados por João Daniel Alves, que traz à
tona algumas falhas dos assessores de imprensa e o comportamento profissional, que sofre
modificações com o passar dos anos:
“Penso que ainda há uma distância muito grande entre os assessores e seus clientes e isso
faz com que a aproximação da emissora com a empresa também seja difícil. Em algumas
situações, por exemplo, o assessor é pego de surpresa sem sequer ter conhecimento do assunto
que a emissora quer noticiar! Sinto que as assessorias, assim como os demais profissionais da
área jornalística, se acomodam e não buscam se atualizar e isso gera um desconforto. Um
assessor com 30 anos de carreira precisa saber qual é língua falada por um repórter ou
produtor recém-formado. Da mesma forma, um assessor recém-formado precisaria saber qual
é a visão de um jornalista com 30 anos de carreira! São realidades diferentes, visões diferentes
e todos nós precisamos aprender com o outro! Com certeza, cada profissional, seja ele
assessor, repórter ou cinegrafista ou motorista tem alguma coisa para nos acrescentar!”.
Algumas sugestões de melhoria são apresentadas pelo editor da EPTV Evaldo
Domingues:
50
“Em primeiro lugar, os assessores poderiam ficar mais antenados nos nossos jornais e
descobrir as nossas necessidades, acompanhar e oferecer sugestões oportunas para as nossas
seções. Para “vender o peixe”, o assessor precisa conhecer o comprador, saber o que ele quer,
ou saber como convencê-lo a querer o que se está “vendendo”. Isso, claro, com bom senso,
sem abordagens muito incisivas, porque nem sempre o produtor de TV tem tempo suficiente
para ler ou receber por telefone sugestões muito longas, demoradas. Sugestões são sempre
bem-vindas, mas em textos curtos, objetivos. E, claro, assessores prestativos e fáceis de
encontrar, a qualquer hora do dia, são os preferidos”.
5.6 Perfil e necessidades da emissora
Analisado os principais problemas que existem nessa relação do fazer jornalístico
entre os profissionais da comunicação, algumas considerações sobre as necessidades da
emissora EPTV devem ser apresentadas.
De acordo com o Manual de Princípios da EPTV a missão da emissora é:
Levar informação isenta e plural ao nosso telespectador seja ela de interesse
público ou de interesse do público.
Ter foco na prestação de serviços de forma que o nosso produto seja útil e
indispensável às pessoas
Tudo isso com agilidade, responsabilidade, clareza e sempre pautado pela
ética.
As táticas de produção da EPTV são:
Checar exaustivamente os dados que sustentem a reportagem e acompanhar os
desdobramentos (não deixar o assunto morrer).
Buscar a diversificação das fontes em toda área de cobertura e manter contatos
presenciais com as mesmas, através de visitas e de “encontros com a fonte nas
redações”.
Repercutir temas comuns em cidade variadas.
Discutir a formatação da reportagem, fugindo do lugar comum.
Acompanhar o resultado da matéria com a reportagem e editoria.
Pautas curtas e objetivas, com definição clara da notícia e precisão nas
marcações
51
A pauta tem que retratar a diversidade social. Estar atenta aos detalhes dos
acontecimentos.
Embasado nestes conceitos, o processo de produção das reportagens para o Jornal da
EPTV possui critérios que devem ser de conhecimento dos assessores de imprensa da região.
Sobre esta classificação das informações o chefe de reportagem, Cláudio Dutra relata:
“Não existe padrão. Os fatos são notícia pela importância, pelo interesse público, pela
"factualidade", pelo ineditismo, pela gravidade. Esses são os critérios mais importantes.
E após uma análise contínua de qualquer jornal regional, um telespectador ou assessor
de imprensa pode perguntar que tipo de critério é usado para selecionar as matérias que
compõem a edição do jornal da região. Sobre este tema o gerente de jornalismo da EPTV Sul
de Minas, Pedro Aurélio Varoni afirma:
“O critério é jornalístico, priorizando a notícia relevante, abrangente, curiosa. Nosso
norte é o caráter regional. Mesmo os grandes assuntos nacionais de utilidade pública
(campanhas de vacinação, esclarecimentos sobre surtos e epidemias, declaração do imposto
de renda de pessoa física, etc.) precisam ser adaptados à região na qual estamos inseridos. Na
outra ponta, evitamos assuntos extremamente locais, mesmo que aconteçam em cidades pólos.
Exemplo: acidente de trânsito sem consequências graves”.
Em particular, sobre o Jornal da EPTV, veiculado no horário do almoço e que tem um
perfil de público diferente dos outros jornais da emissora, Pedro Varoni explica:
“Para qualquer jornal, o critério único é o espaço para a notícia. Os factuais são
soberanos. No entanto, o Jornal da EPTV dá ênfase também à prestação de serviço,
priorizando o comunitário (problema de bairro), saúde pública e mercado de trabalho. A
cultura, as artes, o entretenimento, o comportamento, os personagens são bem-vindos. Um
outro aspecto importante no Jornal da EPTV é a linguagem. De dois anos para cá, temos
procurado soltar mais nossos apresentadores, para que promovam uma comunicação mais
solta, coloquial, sem artificialismos. A regra vale para todos os produtos, mas o Jornal da
EPTV é o laboratório”.
Regionalizar os fatos e as notícias são recursos primordiais que devem ser priorizados
pelos assessores de imprensa da região. Fazer com que um tema nacional seja abordado em
uma cidade ou que um tema local tome maiores proporções são tarefas das assessorias de
imprensa, que têm na televisão regional o seu principal veículo de comunicação, como explica
Pedro Varoni:
52
“Os temas locais e das microrregiões ficam para a imprensa das cidades. As notícias
estaduais ficam para a imprensa estadual. As notícias nacionais e internacionais ficam com os
grandes veículos de comunicação. A imprensa regional ocupa esse vácuo. De certa forma, ela
contribui para o sentimento de pertencimento entre as pessoas que vivem próximas umas das
outras, porém, em municípios diferentes, interligados por aspectos geográficos, econômicos,
culturais e sociais. A emissora regional deve ser guiada para essa finalidade”.
5.7 Incidência da relação
Na tentativa de comprovarmos nossa segunda hipótese (A relação entre as assessorias
de imprensa que atuam na região e os jornalistas da EPTV Sul de Minas é bastante intensa,
sendo estas responsáveis por grande parte das sugestões de pauta que resultam na produção
das matérias jornalísticas), a técnica do estudo de caso utilizada foi através de registros em
arquivo, sendo uma importante fonte de dados, como descreve Novelli (2009, p.230) “Sua
importância pode ser fundamental para uns gerando análises.”.
A partir desta definição, o pesquisador se propôs a levantar o arquivo das reportagens
que foram feitas durante o mês de julho de 2010 e exibidas no Jornal da EPTV1. A partir deste
levantamento uma pesquisa foi feita, ao apresentar a quantidade de reportagens que foram
produzidas a partir de releases das assessorias de imprensa da região.
Foram arquivados os releases enviados pelas assessorias de imprensa, a pauta
( produzida a partir de cada release enviado), o off (texto do repórter), as laudas da cabeça e
pé dos apresentadores, bem como o espelho do jornal.
O resultado obtido foi que, durante o mês de julho de 2010, foram produzidas 27
edições do Jornal da EPTV. Somando-se todas as reportagens, notas cobertas, notas secas,
slides e quadros fixos, e excluindo-se o mapa tempo, passagem de bloco, chamada do Jornal
Hoje, escalada e theaser, chega-se ao número de 257 reportagens produzidas para este
telejornal.
Após uma análise diária de quais reportagens foram produzidas a partir de sugestões e
releases de assessorias de imprensa, chegou-se a quantidade de 14, ou seja, das 257
reportagens produzidas durante o mês de julho, apenas 5,44% são oriundas do contato entre
1
Anexo A – Arquivo dos espelhos, laudas, off, pautas e releases de reportagens que foram exibidas no jornal da
EPTV, durante o mês de julho de 2010
53
jornalistas da EPTV Sul de Minas e os jornalistas que compõem as assessorias de imprensa da
região.
Na tentativa de fazer um comparativo do mesmo período do ano passado, o I-News
não ofereceu esta possibilidade, uma vez que a “Agenda”, local onde ficam arquivados os
releases e a “Sugestões”, são limpos a cada ano, somente ficando arquivados as pautas, off´s,
jornais e espelhos. Com isso, o pesquisador ficou impossibilitado de realizar a comparação.
Entretanto, com os dados obtidos, foi possível observar o baixo índice de reportagens
que produzidas pela EPTV e que foram sugeridas pelas assessorias de imprensa da região.
Dificuldades no relacionamento como foram apresentadas anteriormente, ausência de
inovação nas sugestões de reportagens e ausência dos elementos necessários para compor uma
reportagem de TV podem ser considerados os principais agentes promotores desta baixa
incidência.
Por outro lado, esta dificuldade não foi constatada nas respostas obtidas pelos
assessores de imprensa que participaram do questionário. Metade dos assessores de imprensa
afirmou que 50% das reportagens que foram enviadas para a emissora foram aceitas. E a outra
metade dos assessores que participaram da pesquisa relatam que 30% das reportagens
oferecidas foram produzidas pela EPTV.
Assim, é possível encontrar um ponto que destoa, entre o que é fato e o que foi
respondido. Já a grande maioria (86%) dos jornalistas afirmou que somente 30% das
reportagens foram sugeridas por assessores de imprensa. Já outros 14% afirmam que a metade
(50%) das reportagens foi produzida a partir de sugestões das assessorias de imprensa.
54
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Foram analisadas as várias relações que permeiam um nicho das funções jornalísticas.
De um lado, os assessores de imprensa que atuam no sul de Minas Gerais e, do outro lado, os
profissionais que ocupam a redação da EPTV Sul de Minas.
Foi estudada, primeiramente, a história da assessoria de imprensa no mundo, desde o
surgimento, evolução e crescimento, até a disseminação no Brasil, na década de 80, com o
início da industrialização. Hoje, tanto as instituições quanto as grandes empresas, sabem que a
forma mais eficaz de agir, é noticiar. E, para isso, precisam dos meios de comunicação. Elas
sabem que tornar-se notícia é uma importante ferramenta tanto de divulgação de suas ações
quanto de consolidação da imagem que pretendem transmitir.
Paralelamente, foi apresentado o contexto social em que se insere a mídia televisão e
destacado o fato de que, dentro deste cenário, ocupa um lugar privilegiado. Também foi
descrita a história, estrutura e missão das Emissoras Pioneiras de Televisão (EPTV), suporte
indissociável desta pesquisa.
No que diz respeito ao objeto estrito desta monografia foram apresentados os
resultados da pesquisa que embasam os dados estatísticos e relatados os conflitos e
dificuldades existentes na relação entre os assessores de imprensa e os jornalistas.
Depoimentos de ambos os profissionais ajudaram a clarear como são percebidos os desafios
que encontram os assessores de imprensa ao tentar ganhar mais espaço na mídia em
contraponto com as exigências estabelecidas pelo meio televisão. Porém, esta pesquisa
também revelou que já existe uma relação de cooperação recíproca e conveniência entre as
partes em questão.
É possível encontrar falhas de ambos os lados, entretanto, os jornalistas da emissora
hoje têm acesso à notícias e assuntos dos quais não teriam conhecimento sem a atuação dos
assessores de imprensa, que são bons informantes e tradutores de algumas realidades
particulares e/ou específicas. São fontes institucionais, que geram fatos de interesse público e,
muitas vezes, podem indicar especialistas para explicar ou debater determinados temas, com
grande propriedade.
Embora as falas dos jornalistas que integram a emissora possam parecer, em alguns
momentos, muito duras ou críticas em relação ao trabalho das assessorias, têm a intenção de
esclarecer e promover ensinamento. Uma interpretação adequada destas opiniões e visões
55
facilitará enormemente o entendimento das necessidades da mídia EPTV, encurtando o
caminho para que os assessores aprimorem seu desempenho e tornem a relação mais
produtiva para ambos.
Ao interpretar a baixa incidência de sugestões de pauta que são efetivamente aceitas
para a produção de uma reportagem para a televisão, fica evidente que muitos profissionais de
assessorias de imprensa não têm a compreensão adequada da dinâmica televisiva. Enfim,
existe espaço para o crescimento da atuação das assessorias na EPTV, porém é preciso
aperfeiçoar técnicas e conhecimento do meio para saber conquistá-lo.
Nessa ótica de um relacionamento específico, tanto jornalistas que integram
assessorias de imprensa como os jornalistas que fazem parte das redações de televisão devem
promover mudanças com vistas ao futuro, como afirma Chaparro (2007, p.14):
Para a democracia, é ótimo que os sujeitos sociais sejam capazes de articular e
difundir os seus próprios discursos. Mas o jornalismo precisa, urgentemente,
descobrir, tomar consciência, se preparar para exercer os novos papéis que lhe
cabem, em uma sociedade movida pelas energias da informação e pelos embates
discursivos de instituições que sabem o que dizer, como dizer e quando dizer.
56
REFERÊNCIAS
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1996.
BARROS, A. e DUARTE, J. Métodos e Técnicas de Pesquisa em Comunicação. 2 ed. São
Paulo: Atlas. 2006.
BAZI, Rogério Eduardo Rodrigues. TV Regional – Trajetórias e Perspectivas. 1 ed.
Campinas: Alínea, 2001
CHAPARRO, M. Carlos. Sotaques D´Aquém e D´Além Mar – Percursos e Géneros do
Jornalismo português e brasileiro. 1ed. Santarém: Jortejo, 1998.
DIAS, R.; TRALDI, M. C. Monografia Passo a Passo. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2006.
JÚNIOR, Duílio Fabbri. A Tensão entre Global e Local. 1 ed. Campinas: Akademica
Editora, 2006.
KÖCHE, J.C. Fundamentos de Metodologia Científica: Teoria da ciência e iniciação à
pesquisa. 22. ed. Petrópolis: Vozes, 2004.
LIMA, G. Moreira. Releasemania – Uma contribuição para o estudo do press-release no
Brasil. 3 ed. São Paulo: Editora Summus, 1985.
MARCONI, E. A; LAKATOS, E. M. Técnicas de pesquisa: planejamento e execução de
pesquisas, amostragem e técnicas de pesquisa, elaboração, análise e interpretação de dados. 5
ed. São Paulo: Atlas, 2002.
ORGANIZADOR, J. Duarte. Assessoria de Imprensa Relacionamento e Mídia. 2 ed. São
Paulo: Atlas, 2003.
OYAMA, T. A arte de entrevistar bem. 1 ed. São Paulo: Contexto. 2008.
57
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Summus, 1984.
RODRIGUES, Org. Ernesto. No Próximo Bloco... - O jornalismo brasileiro na TV e na
internet. 1 ed. São Paulo: PUC-Rio, 2005.
ZAINDAN, Rosana. O Diário de JB – José Bonifácio Coutinho Nogueira. 1 ed. Campinas:
Terra da Gente Produções e Eventos, 2009.
58
DOCUMENTOS ON LINE
CHAPARRO,
http://www.blogdoprofessorchaparro.com.br/integra_integra.asp?codigo=98,
acesso em 20/01/10
CHAPARRO, http://www.blogdoprofessorchaparro.com.br/integra_integra.asp?codigo=105,
acesso em 22/01/10
CHAPARRO, http://www.blogdoprofessorchaparro.com.br/integra_integra.asp?codigo=114,
acesso em 25/02/10
CHAPARRO, http://www.blogdoprofessorchaparro.com.br/integra_integra.asp?codigo=119,
acesso em 02/03/10
CHAPARRO, http://www.blogdoprofessorchaparro.com.br/integra_integra.asp?codigo=122,
acesso em 02/04/10
CHAPARRO, http://www.blogdoprofessorchaparro.com.br/integra_integra.asp?codigo=125,
acesso em 05/06/10
CHAPARRO, http://www.blogdoprofessorchaparro.com.br/integra_integra.asp?codigo=126,
acesso em 15/07/10
CHAPARRO, http://www.blogdoprofessorchaparro.com.br/integra_integra.asp?codigo=130,
acesso em 20/07/10
MANUAL DE ASSESSORIA DE IMPRENSA: FENAJ. Disponível em
http://www.fenaj.org.br/mobicom/manual_de_assessoria_de_imprensa.pdf. Acesso em
12/8/10.
59
CRONOGRAMA DAS ATIVIDADES
NOVEMBRO/ DEZEMBRO DE 2009
*Escolha do Tema
*Consulta bibliográfica
*Fichamento das leituras
JANEIRO DE 2010
*Consulta bibliográfica
*Fichamento das leituras
FEVEREIRO DE 2010
*Consulta bibliográfica
*Fichamento das leituras
MARÇO DE 2010
*Consulta bibliográfica
*Fichamento das leituras
*Alteração do tema
Escolha do veículo a ser estudado e do perfil dos profissionais a serem entrevistados
Escolha da EPTV como objeto de pesquisa
*Contato com o diretor da EPTV e Assessores de Imprensa
ABRIL DE 2010
*Consulta bibliográfica
*Fichamento das leituras
*Início da redação da Introdução, Seções 1 e 2
* Definição dos métodos de pesquisa
MAIO DE 2010
*Consulta bibliográfica
*Fichamento das leituras
*Elaboração e envio dos questionários
60
*Finalização da redação da Introdução, seções 1 e 2
*Entrega do trabalho para a pré banca
JUNHO DE 2010
*Consulta bibliográfica
*Início da redação da seção 3
*Tabulação e análise dos dados do questionário
JULHO DE 2010
*Consulta bibliográfica
*Finalização da redação da seção 3
*Início da redação da seção 4
*Arquivamento de releases, pautas, off´s e espelhos do Jornal da EPTV
*Entrevista com Ciro Porto, em Campinas
*Entrevista com José Bonifácio Coutinho, presidente da EPTV em Campinas
AGOSTO DE 2010
*Consulta bibliográfica
*Finalização da redação da seção 4
* Análise e tabulação dos arquivos
*Início da redação da seção 5
SETEMBRO DE 2010
*Consulta bibliográfica
* Finalização da redação da seção 5
*Resumo
*Consideração Finais
*Revisão Final do Trabalho
*Tradução do Resumo para o Inglês
OUTUBRO DE 2010
*Impressão
*Apresentação para a banca
61
GLOSSÁRIO
Ao vivo: Transmissão de um fato. A notícia na hora em que ela acontece. A transmissão pode
ser feita dentro do estúdio ou no local do acontecimento.
Apresentador: Profissional que faz a apresentação das notícias no telejornal.
Arte (Tela ou Slide): Ilustração visual computadorizada, utilizada para facilitar a compreensão
do telespectador. Costuma-se usar em matérias que têm gráficos, tabelas ou números.
Bloco: Um telejornal é dividido em partes que chamamos de blocos.
Cabeça da matéria ou cabeça do vt: É o lide da matéria. Quem lê é sempre o apresentador que
introduz o assunto da matéria feita pelo repórter.
Chamada: Texto sobre os principais destaques do telejornal, transmitido dentro da
programação normal da emissora. Tem como objetivo atrair o telespectador.
Chefe de Jornalismo: Profissional que coordena o trabalho de dos os profissnais da redação
como repórteres, editores, noticiaristas e estagiários.
Chefe de Pauta: Profissional responsável em conferir a estrutura de todas as pautas e
acompanhar o andamento das marcações com os entrevistados.
Chefe de reportagem: Profissional que coordena os repórteres, determinando o que estes
devem fazer.
Deixa: Indicação para o Diretor de TV de onde ele deve cortar.
Edição: Montagem de uma matéria unindo áudio e vídeo.
Entrevista: Diálogo entre o repórter e o personagem fonte da informação.
Entrevista coletiva: Repórteres de vários veículos de comunicação participam da mesma
entrevista.
Escalada: São as manchetes do telejornal, sempre no início de cada edição. Serve para
aprender a atenção do telespectador no início do jornal e informar quais serão as principais
notícias daquela edição.
Espelho: É o cronograma de como o telejornal irá se desenrolar. Prevê a entrada de matérias,
notas, blocos, chamadas e encerramento do telejornal.
Fade: É um escurecimento na tela. Fade in é o aparecimento, e fade out, o desaparecimento
gradual da imagem na tela.
Fechamento: Momento de fechar o espelho e montar o script do jornal
Fechador: Profissional responsável em escrever as laudas do jornal, editar os textos que serão
lidos pelos apresentadores do telejornal.
62
Gerente de Jornalismo: Chefe responsável por todo o setor de jornalismo da emissora
Lauda: Papel com marcações especiais, em que o jornalista escreve os textos.
Lead: Invariavelmente está na abertura da matéria ou a cabeça da matéria lida pelo
apresentador.
Link: Termo técnico que indica entrada ao vivo do repórter, do local onde acontece a notícia.
Matéria: O mesmo que reportagem. É o que é publicado no veículo de comunicação.
Nota coberta: Nota cuja a cabeça é lida pelo apresentador e o texto seguinte é coberto com
imagens. Esta nota pode ser gravada ou ao vivo.
Nota pé: Nota ao vivo, lida ao final da matéria, com informações complementares.
Nota seca: Notícia lida pelo apresentador do telejornal, sem qualquer imagem de ilustração.
Notícia: Acontecimento relevante para o público do telejornal ou qualquer veículo de
comunicação.
Noticiarista: Profissional responsável em levantar fatos que acontecem na região, sugerir
pautas aos produtores e checar incessantemente as informações.
Passagem: Gravação feita pelo repórter no local do acontecimento, com informações a serem
usadas no meio da matéria. É o momento em que o repórter aparece na matéria para destacar
um aspecto da matéria.
Retranca: Identificação da matéria. É o nome que a reportagem tem. É usado apenas
internamente e destaca apenas duas ou três palavras do VT.
Share: fatia de mercado - termo usado quando a empresa quer determinar quanto em
porcentagem do mercado ela possui de determinado produto
Sonora: É a fala do entrevistado na matéria.
Teaser: Pequena chamada gravada pelo repórter com a manchete da notícia. Entra durante a
escalada do jornal.
Texto em off, ou off: Texto gravado pelo repórter – normalmente após a gravação da matéria.
É a narração da notícia, colocada durante a matéria.
Vinheta: É o que marca a abertura ou intervalo do teleojornal. Alguns eventos importantes
também merecem vinheta.
63
ANEXO A
Arquivo dos espelhos, laudas, off, pautas e releases de reportagens
que foram exibidas no jornal da EPTV, durante o mês de julho de
2010.
APÊNDICE
APENDICE A Entrevista com Pedro Aurélio Varoni, gerente de jornalismo da EPTV Sul de
Minas
1) Após uma análise contínua de qualquer jornal regional, um telespectador pode perguntar
que tipo de critério é usado para selecionar as matérias que compõem a edição do jornal da
região. Qual é este critério na EPTV? É adotada uma classificação que busca uma
padronização?
O critério é jornalístico, priorizando a notícia relevante, abrangente, curiosa. Nosso norte é o
caráter regional. Mesmo os grandes assuntos nacionais de utilidade pública (campanhas de
vacinação, esclarecimentos sobre surtos e epidemias, declaração do imposto de renda de
pessoa física, etc.) precisam ser adaptadas à região na qual estamos inseridos. Na outra ponta,
evitamos assuntos extremamente locais, mesmo que aconteçam em cidades pólos. Exemplo:
acidente de trânsito sem consequências graves.
2) E em particular o Jornal da EPTV, veiculado no horário do almoço e que tem um perfil de
público diferente dos outros jornais da emissora, há um critério específico?
Para qualquer jornal, o critério único é o espaço para a notícia. Os factuais são soberanos. No
entanto, o Jornal da Eptv dá ênfase também à prestação de serviço, priorizando o comunitário
(problema de bairro), saúde pública e mercado de trabalho. A cultura, as artes, o
entretenimento, o comportamento, os personagens são bem vindos. Um outro aspecto
importante no Jornal da Eptv é a liguagem. De dois anos para cá, temos procurado soltar mais
nossos apresentadores, para que promovam uma comunicação mais solta, coloquial, sem
artificialismos. A regra vale para todos os produtos, mas o Jornal da Eptv é o laboratório.
3) Qual é a função da televisão regional?
Minha resposta será bastante óbvia. Os temas locais e das micro-regiões ficam para a
imprensa das cidades. As notícias estaduais ficam para a imprensa estadual. As notícias
nacionais e internacionais ficam com os grandes veículos de comunicação. A imprensa
regional ocupa esse vácuo. De certa forma, ela contribui para o sentimento de pertencimento
entre as pessoas que vivem próximas umas das outras, porém, em municípios diferentes,
interligados por aspectos geográficos, econômicos, culturais e sociais. A emissora regional
deve ser guiada para essa finalidade.
APENDICE B Entrevista com Cláudio Dutra, chefe de reportagem da EPTV Sul de Minas
1) Fiz um levantamento do Jornal da EPTV no mês de julho deste ano. Das 257 reportagens
produzidas para o Jornal da EPTV, 14 foram sugeridas pelas assessorias de imprensa da
região. Ou seja, 5,44% das reportagens produzidas no mês de julho foram oferecidas por
assessores. Como você interpreta estes dados?
Acho que é pouco, poderia ser maior. Acredito que falta treinamento para o profissional de
assessoria. Eles não tem muita noção de como é o telejornalismo. Não pensam muito na
questão da imagem. TV é imagem e se não tem fica difícil emplacar uma pauta. Outra coisa
que é esquecida também é a questão comercial. É preciso que a assessoria seja criativa para
que uma pauta não seja confundida com um comercial.
2) Como você avalia a relação da assessoria de imprensa com a EPTV Sul de Minas?
A relação é boa, respeitosa. Poderia ser mais produtiva se os profissionais da área se
preocupassem em conhecer melhor o meio.
3) Após uma análise contínua de qualquer jornal regional, um telespectador pode perguntar
que tipo de critério é usado para selecionar as matérias que compõem a edição do jornal da
região. Qual é este critério na EPTV? É adotada uma classificação que busca uma
padronização?
Não existe padrão. Os fatos são notícia pela importância, pelo interesse público, pela "factual
idade", pelo ineditismo, pela gravidade. Esses são os critérios mais importantes.
4) Qual é a função da televisão regional?
Noticiar assuntos de interesse da região. É mostrar aqueles fatos que estão mais próximos da
população. Aqueles fatos que de uma forma ou de outra interferem na vida das pessoas que
moram na região de alcance da emissora.
APENDICE C E-mail enviado ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais
Olá Luciana, tudo bem?
Conforme conversamos por telefone anteriormente, segue solicitação de algumas
informações:
1 - Quatidade de jornalistas filiados ao Sindicato em Minas Gerais
2 - Quantidade de jornalistas filiados que atuam no Sul de Minas
3 - Quantidade, ou estimativa de jornalistas filiados que atuam em assessoria de imprensa.
-Aguardo resposta
Obrigado,
Éder Rezende EPTV Sul de Minas - Poços de Caldas
(35) 2107-6400
Gerencia-SJPMG <[email protected]>
Total 3.258 associados
No sul de Minas temos uma média de 100 jornalistas.
O número de assessoria de imprensa não temos como informar.
Luciana
APENDICE D E-mail enviado a Federação Nacional dos Jornalistas.
Olá,
Sou estagiário da EPTV em Poços de Caldas/ MG.
Peço a colaboração de me enviarem alguns dados da Fenaj a serem incluídos no meu trabalho
de conclusão de curso em Jornalismo.
1 - Quantidade de Jornalistas filiados no Brasil.
2 - Estimativa do total de Jornalistas filiados que atuam em assessoria de imprensa.
3 - Quantidade de Jornalistas filiados em Minas Gerais
4 - Estimativa do total de Jornalistas filiados que atuam em assessoria de imprensa de Minas
Gerais.
-Atenciosamente
Éder Rezende
FENAJ <[email protected]>
Total de Jornalistas no Brasil: 80 mil
Estimativa de jornalistas filiados em todo o Brasil: 25 mil
Estimativa de jornalistas em assessoria de imprensa em todo o Brasil: 10 mil
PS: Os dados referentes a Minas Gerais, recomendo que vc consulte o Sindicato dos
Jornalistas de Minas Gerais.
Torves
APENDICE E E-mail enviado ao professor Manuel Carlos Chaparro.
Olá Professor Chaparro boa tarde.
Fui seu aluno durante um módulo da pós-graduação pelo INPG em São João da Boa Vista.
Estou desenvolvendo minha monografia para a conclusão do curso de Jornalismo.
Peço sua ajuda, no sentido de me enviar algum artigo ou indicar algum livro para usar nas
citações do meu trabalho. Segue abaixo o objetivo da minha pesquisa.
Mídia Regional: o relacionamento entre as assessorias de imprensa e a EPTV Sul de Minas
O objetivo é expor a relação entre os profissionais que atuam na redação da EPTV Sul de
Minas e os jornalistas que compõem as assessorias de imprensa no interior do país, em
destaque no Sul de Minas Gerais. Serão expostas as opiniões de ambos profissionais (através
de questionários), com a meta de compreendermos este convívio, apresentando e
confrontando acertos e falhas.
Propõe-se também, analisar o Jornal da EPTV ao apresentar a porcentagem de reportagens
veiculadas na emissora que foram oferecidas/sugeridas pelas assessorias de imprensa da
região.
Para desenvolver o trabalho, serão utilizados como ferramentas metodológicas os seguintes
tipos de pesquisa: bibliográfica, experimental e questionários.
É isso.
Conto com sua colaboração
Abs.
Éder Rezende
Manuel Carlos Chaparro <[email protected]>
Caro Eder:
Entra na coluna “Pasta de Textos” do meu blog (www.oxisdaquestao.com.br) e você
encontrará (além de outros sobre o mesmo assunto) uma série de textos meus sobre “A
Revolução das Fontes”. E no meu livro “Pragmática do Jornalismo-3ª edição” (São Paulo,
Summus, 2007)há um capítulo sobre o mesmo tema – e recomendo a leitura do “Prefácio à
nova edição”
Abraços, Chaparro