REAÇÕES DOS PAIS DIANTE DA HOSPITALIZAÇÃO DE UM RECÉMNASCIDO EM UTI NEONATAL Reações Dos Pais Diante Da Hospitalização De Um Recém-Nascido Em Uti Neonatal Lígia Lao Loureiro Manoelli Ansanelli Castilho Yara Evelin da Silva Orientador: Professora Especialista Viviane Cristina Bastos Armede LINS – SP 2009 REAÇÕES DOS PAIS DIANTE DA HOSPITALIZAÇÃO DE UM RECÉM-NASCIDO EM UTI NEONATAL RESUMO Trata-se de uma pesquisa descritiva, no setor da UTI Neonatal da Associação Hospitalar Santa Casa de Lins. Serão aplicados três diferentes tipos de questionários investigando o período gestacional, condições socioeconômicas, atuação da equipe e da enfermeira da UTI Neonatal. Utilizaremos uma ficha de interação pais/bebê avaliando o olhar, toque, conversa e os cuidados, nos proporcionando uma visão holística das reações manifestadas pelos pais frente ao filho hospitalizado, com objetivo geral de investigar e compreender as reações dos pais de recém nascidos hospitalizados em UTIN, auxiliando-os na compreensão do processo de permanência de seu filho nessa unidade e no cuidar domiciliar, com o intuito de favorecer e priorizar o processo família com o vínculo afetivo e o apego entre pais e neonatos e, promover cuidados centrados na família, permitindo o acompanhamento do RN durante a hospitalização, desde a admissão até a alta hospitalar. Palavra-chave: UTI Neonatal. Recém-nascido. Vínculo Afetivo. Apego. Introdução Durante a gestação, o casal constrói imagens, sonhos e esperanças ao redor desse “ser” que eles imaginam com um rosto bonito, gordinho, saudável, ativo e perfeito, mas muitas vezes, os pais são surpreendidos com o nascimento do filho que acaba necessitando permanecer na UTIN, com isso seus sentimentos tornam-se diversos e intensos, surgindo então a problemática com relação aos aspectos psicossociais que acompanham os pais dos recém-nascidos enfermos, prematuros e com anormalidades congênitas. A gestação é um processo de amadurecimento para a mulher, que passa por várias adaptações. Muitas mães podem ter sensações depressivas ou de contrariedade, devido a possíveis condições econômicas, domésticas, problemas interpessoais e psíquicos. A percepção do feto como um ser singular, ocorre normalmente quando aos movimentos fetais são sentidos pela mãe. (KARST, 2004) O nascimento de um recém nascido que necessita permanecer hospitalizado vem desfazer esse sonho, trazendo desapontamento, sentimento de incapacidade, culpa e medo da perda. Todos esses sentimentos criam o estresse, e muitas vezes levam ao distanciamento entre os pais e os filhos. (SILVA; TAMEZ, 2006) Scochi e col ( apud LIMA; LIMA; ROCHA, 2004) afirmam que a separação decorrente da internação do bebê gera nos pais tristeza, medo, estresse e culpa, pois os mesmos encontram-se fragilizados e inseguros quanto à vida de seus bebês. Segundo Siefert (apud MITTAG; WALL, 2004, p.135), “a maioria dos pais reagirá ao nascimento de uma criança comprometida, com choque e torpor, eles experimentarão sensações de confusão e abandono, podendo comportar-se de modo irracional, chorar sem controle ou, até mesmo, tentar fugir”. A notícia de que o filho prematuro ou enfermo será internado na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal, pode abalar significativamente a dinâmica familiar, mesmo que esta situação já tenha sido vivenciada, gera momentos de insegurança, frustração, estresse, medo, incertezas e até reação de luto. (SANTOS, et. al., p. 114). É nessa fase crítica que a equipe da UTI neonatal deve estar alerta para poder auxiliar os pais a superarem essa fase difícil. Deve-se permitir que os pais vejam o recém-nascido assim que for possível. A visualização e o contato ajudam a aliviar o estresse e promover o apego. O estabelecimento e manutenção do vínculo durante o período de hospitalização é fundamental para o despertar do cuidado da família para com o RN, pois acelera o processo de recuperação da saúde deste. O contato íntimo dos pais com o bebê e o apego dos mesmos, exerce profundos efeitos no futuro crescimento e desenvolvimento do filho. No primeiro contato dos pais com o RN, deve-se explicar todo equipamento envolvido no cuidado e as razões pelas quais o mesmo necessita de cuidados intensivos e qual será o curso do tratamento. Segundo Pedroso e Bousso (2004) é preciso envolver a família no cuidado, para que possa cuidar da criança após a alta. O profissional reconhece que é preciso incluir a família no cuidado que desenvolve, pois só assim estará humanizando a assistência. A enfermagem está interligada a família, ajudando a compreender e a enfrentar esse momento de dificuldade, contribuindo para o alivio do estresse e atuando também de maneira integral no cuidado. (SANTOS, et al., 2005, p.114). Conforme Wright; Leahey (apud PEDROSO; BOUSSO, 2004 p.129), ”enfatizam que as enfermeiras, devido a sua disponibilidade e acessibilidade e à variedade de contextos nos quais encontram os pacientes, têm uma oportunidade imensa de aliviar o intenso estresse familiar e a ansiedade associados à tragédia do evento ou da doença em si”. .Para que haja uma promoção genuína e duradoura dessa interação familiar, é importante conhecer os mecanismos envolvidos no estabelecimento do vínculo materno e apego entre eles, para um incentivo e apoio à integração dos pais no cuidado e recuperação do seu filho. Cuidar da família torna-se parte de um processo que visa preparar os pais para cuidar do bebê. Acredita-se, que essa convivência constante com a equipe aumenta as possibilidades de inserir-se no contexto do cuidado de Enfermagem. A recuperação do bebê não depende unicamente dos cuidados médicos e de enfermagem, mas também dos cuidados e do carinho que possa vir a receber de seus pais. Até nos dias de hoje, a enfermagem é vista em desenvolver suas funções mais intensamente fundamentadas a partir de uma perspectiva orientada em tarefas a serem cumpridas, mais do que numa perspectiva direcionada a identificar e a atender as necessidades do bebê e de sua família. Gamboa (1997, apud PEDROSO; BOUSSO, 2004) acredita no cuidar não como um ato único, tampouco como a soma de procedimentos técnicos ou de qualidades humanas, mas sim como o resultado de um processo no qual se conjugam, de forma bastante estreita, sentimentos, valores, atitudes e princípios científicos com o objetivo de satisfazer os indivíduos nele envolvidos. Somente nos últimos anos é que se reconheceu a importância em atender não só as necessidades do neonato, mas também os aspectos psicossociais dos pais. Muitas UTIN já assumiram esse papel importante de guiar os pais a reassumirem o relacionamento com o filho, auxiliá-los a passar por esse período estressante de hospitalização, investigando e compreendendo suas reações, favorecendo o vínculo afetivo com o neonato hospitalizado. É extremamente importante a participação dos pais nos cuidados com o filho durante a sua hospitalização, pois estabelece e fortalece o vinculo entre eles, contribuindo assim para os cuidados após a alta hospitalar, executados pelos próprios pais em domicilio. (TAMEZ; SILVA, 2006). O objetivo geral dessa pesquisa é investigar e compreender as reações dos pais de recém nascidos hospitalizados em UTIN, auxiliando-os na compreensão do processo de permanência de seu filho nessa unidade e no cuidar domiciliar, com o intuito de favorecer e priorizar o processo família com o vínculo afetivo e o apego entre pais e neonatos fazendo-os participar dos cuidados e acreditar na sua recuperação, promover cuidados centrados na família, permitindo o acompanhamento do RN durante a hospitalização, desde a admissão até a alta hospitalar e preparar os pais para o cuidado do RN em sua residência. Metodologia Trata-se de uma pesquisa descritiva, método de estudo de caso, observação sistemática, com a técnica de aplicação de questionários, no setor da UTI Neonatal da Associação Hospitalar Santa Casa de Lins. A coleta de dados será realizada em um período de 60 dias no horário das visitas, com duração de meia hora. Serão aplicados três diferentes tipos de questionários investigando o período gestacional, condições socioeconômicas, atuação da equipe e da enfermeira da UTI Neonatal. Durante a observação sistemática, utilizaremos uma ficha de interação pais/bebê avaliando o olhar, toque, conversa e os cuidados, nos proporcionando uma visão holística das reações manifestadas pelos pais frente ao filho hospitalizado. Desenvolvimento A primeira visita dos pais na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal geralmente provoca um choque, pois sentem-se culpados ao ver o filho em uma incubadora, cheio de fios, tubos e aparelhos para garantir sua sobrevivência. (LIMA; ROCHA; LIMA, 2004). O primeiro contato com o bebê no ambiente neonatal produz dúvidas sobre o que aconteceu de errado, quem é o culpado para a situação vivenciada, podendo alterar profundamente a dinâmica familiar. Portanto para amenizar a ansiedade, medo, impotência, é aconselhável, orientá-los sobre com o que irão se depararem, tendo sempre alguém da equipe acompanhando esse primeiro contato, mostrando-se disponível para esclarecimento de suas dúvidas e ouvindo suas preocupações. (LIMA; ROCHA; LIMA, 2004). Em uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal exige-se uma interação entre os profissionais e destes com a família, proporcionando assim uma UTI neonatal humanizada. (LIMA et al.,2004). Segundo Villa (apud BESSANI; LIMA; FLEITER, 2004, p.4), “a humanização deve fazer parte da filosofia de enfermagem. O ambiente físico, os recursos materiais e tecnológicos são importantes, porém não mais significativos do que a essência humana. Esta irá conduzir o pensamento e as ações da equipe de enfermagem, principalmente do enfermeiro, tornando capaz de criticar uma realidade mais humana e menos agressiva e hostil para as pessoas que vivencia a UTI. Compreender a linguagem do apego entre pais e o recém-nascido faz parte de uma visão holística do cuidar, é ver o ser cuidado por inteiro, onde as relações afetivas devem ser estimuladas, incentivadas e fortalecidas. (SANTOS et al., 2007). “Apego original entre mãe e filho, é o começo pelo qual o bebê irá desenvolver outros relacionamentos e ter um senso de si mesmo.” (KUDO, 1994, p.223). O apego é um termo da variação do vinculo afetivo, onde necessita da presença um do outro e um aumento da segurança quando próximos. O vinculo, se desenvolve pelo individuo a um parceiro, que por ser importante, ele deseja sua presença sempre, sendo um ser insubstituível. (SANTOS et al., 2007). Segundo Mezzomo et al. (2003, p.231), “após treinamentos realizados com módulos de política de saúde, normas de atenção à saúde do recém nascido, surge a constatação de que a Atenção Humanizada do tratamento do bebê, através do manuseio carinhoso e essencial, do aconchego e posicionamento terapêutico realizado na incubadora é muito importante e deve ser realizado por profissionais capazes de fazer com suas mãos um toque que possa curar as feridas físicas e emocionais, causadas pelo nascimento precoce perda da referencia do bebê imaginário, capaz de causar um distanciamento da relação familiar”. Conclusão A equipe multiprofissional deve estar preparada e capacitada para acolher e orientar os pais sobre o estado de saúde do recém-nascido, intercorrências que poderão surgir, tratamento, prognóstico, esclarecimento de dúvidas e, sem criticar, compreender suas reações. Devem personalizar o neonato com etiqueta com seu próprio nome e o nome da mãe. Incentivar o toque leve e carinhoso quando próximos ao recém-nascido. Fazer com que os pais discutam sobre a saúde de seu filho. Fornecer informações sobre horários de visita, aleitamento materno e lavagem das mãos antes e após sair da Unidade. (FIGUEIREDO; VIANA; MACHADO, 2008). O sentimento do bebê em relação aos pais é um apego, pois ele tem nos pais a base e a segurança para explorar o mundo a sua volta. Enquanto que, o sentimento dos pais com relação a este neonato é descrito como vínculo afetivo, uma vez que o filho não aumenta a sensação de segurança dos pais. (SANTOS et al., 2007, p. 113). É importante ressaltar o envolvimento da equipe de saúde na assistência, humanizando e facilitando a influência dos profissionais, recém-nascidos e pais, tendo uma visão holística no cuidar do neonato. (BASSANI; LIMA; FLEITER, 2004). É evidente que a alta hospitalar é um momento singular e extremamente importante para os pais, mas também, é um momento de inseguranças e incertezas, pois a responsabilidade, não mais será dividida entre a equipe multiprofissional. (FIGUEIREDO; VIANA; MACHADO, 2008). No momento da alta hospitalar é preciso um preparo dos pais em cuidados como higiene, orientações alimentares, com foco na amamentação, administração dos medicamentos e o retorno para consulta com o pediatra. Deve ser fornecido aos pais um folheto de orientações sobre os cuidados com o bebê. Orientá-los sobre a importância do registro de nascimento. Tornar evidente a importância das imunizações e os benefícios que a vacina traz para a criança. Esclarecimento do exame do pezinho e como deverá proceder a entrega ao pediatra. (FIGUEIREDO; VIANA; MACHADO, 2008) É essencial que a família acompanhe o filho durante essa fase, participando dos cuidados, para que possa ser capaz de cuidar dele após a alta hospitalar e todos se sentirem seguros quanto a esse aspecto com o auxílio de uma equipe multidisciplinar, mas principalmente, com a ajuda do enfermeiro que permanece durante as vinte e quatro horas do dia em contato e cuidado do RN, suprindo suas necessidades, transmitindo confiança e segurança aos pais. A pesquisa está em desenvolvimento, por isso, ainda não temos os resultados obtidos. REACTIONS OF PARENTS IN FRONT OF THE HOSPITALIZATION OF A NEWBORN IN ITU NEONATAL ABSTRACT This is a descriptive research in the field of neonatal ICU Association Hospital Santa Casa de Lins. Be applied three different types of questionnaires investigating the gestational age, socioeconomic conditions, performance of the team and the neonatal ICU nurse. We use a form of interaction between parents and baby evaluating the look, touch, conversation and care in providing a holistic view of the reactions expressed by their parents to the child's hospitalization, with overall objective to investigate and understand the reactions of parents of newborns hospitalized in NICU, helping them to understand the process for keeping his son in the unit and home care, in order to promote and prioritize the process with the family bonding and attachment between parents and newborns, and promote family-centered care, allowing monitoring of infants during hospitalization, from admission to discharge. Keywords: ITU Neonatal. Newborns. Link affectionate. Attachment. REFERENCIAS BESSANI, L.S.; LIMA, F.A.; FLEITER, M. Humanizando o atendimento ao prematuro em uti neonatal. FIGUEIREDO, N.M.A.; VIANA, D.L; MACHADO, W.C.A. Tratado prático de enfermagem. 2. ed. São Caetano do Sul: Yendis, 2008. KARST; L. T. 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PEDROSO, G.E.R; BOUSSO, R.S. O significado de cuidar da família na UTI neonata:: crenças da equipe de enfermagem. Acta Scientiarum. Health Sciences, Maringá, 2004. Disponível em: <http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/ActaSciHealthSci/article/viewFile/1637/1066> Acesso em 02 dez. 2008. REICHERT, A.P.S; LINS, R.N.P; COLLET, N. Humanização do cuidado da UTI Neonatal. Revista Eletrônica de Enfermagem – Universidade Federal da Paraíba, 2007. Disponível em: <http://www.fen.ufg.br/revista/v9/n1/v9n1a16.htm> Acesso em 04 dez. 2008. SANTOS, M.C.L. et al. Sentimentos de pais diante do nascimento de um recémnascido prematuro. Revista Enfermagem UFPE On Line, Recife, 2005. Disponível em: <http://www.ufpe.br/revistaenfermagem/index.php/enfermagem/article/viewFile/68/42> Acesso em 26 nov. 2008. SILVA, M.J.P; TAMEZ, R.N. Enfermagem na UTI Neonatal: assistência ao recém nascido de alto risco. Terceira edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. AUTORES: Lígia Lao Loureiro – Graduanda em Enfermagem [email protected] – Fone: (14) 81454543 Manoelli Ansanelli Castilho – Graduanda em Enfermagem [email protected] – Fone: (14) 91792518 Yara Evelin da Silva – Graduanda em Enfermagem [email protected] – Fone: (14) 91196507 ORIENTADORA: Viviane Cristina Bastos Armede – Especialista Em Centro Cirúrgico e Central De Material [email protected] – Fone: (14) 91821069