Psicologia e Educação Aprendizagem, desenvolvimento e escola O que é psicologia? O termo “psicologia” vem da junção das palavras gregas psyché, alma, e logos, palavra, razão ou discurso. Desta forma, no rigor semiológico, a Psicologia seria o “discurso sobre a alma”. Na Grécia Clássica, quase todo filósofo interessavase pelos produtos da alma, a razão entre eles. Compreender as paixões humanas vem sendo objeto de interesse e estudos da humanidade desde que o homem alçou à consciência de sua existência Psicologia como ciência - Final do século XIX: separação do Estudo da ‘Psique’ (alma, sentidos) da Filosofia; - Surgem os trabalhos que pretendiam demonstrar a cientificidade da Psicologia a partir de investigações para mensurar as diferenças individuais. (características das ciências modernas – quantificação da realidade natural); Psicologia como ciência Indagação do homem sobre quem é, Situar a dimensão subjetiva no âmago das ocorrências da vida Século XIX - Wilhelm Wundt – Marco da Psicologia moderna Primeiro laboratório de Psicologia na cidade de Leipzig – Alemanha -1879 A fundação desse espaço de análise e mensuração dos fenômenos psíquicos é tomada equivocadamente como o marco de cientificidade da Psicologia. O que é educação? Educação provém do latim educatione que significa a ação de criar (animais), cultivar (plantas); ele diz respeito também aos termos criação (de ovelhas, porcos etc.), culturas (como a da cana-de-açúcar etc). No sentido figurado, deu origem aos termos educação ou instrução. Originalmente vem do verbo educo que tem duas vertentes: 1) educ-are: com os sentidos de: a) criar, amamentar; b) educar, instruir, ensinar; c) produzir; 2) educ-ere: com os sentidos de: a) levar para fora, fazer sair, tirar de; b) criar, educar; c) dar à luz, produzir; d) em sentido figurado, elevar, exaltar; e) esgotar, esvaziar, absorver; f) passar o tempo (FARIA, 1967). Psicologia e Educação Três campos básicos: Aprendizagem Escolar Desenvolvimento Relação: Professor – Aluno Contextos escolares: Conteúdos Psicologia e Aprendizagem Primeiros estudos da psicologia e a questão da aprendizagem - James McKeen cattell (1860-1944): influenciou o uso de testes no estudo dos processos mentais; - Stanley hall (1844-1924): Centrou seus estudos no campo da Psicologia educacional, defendendo a idéia de que o desenvolvimento infantil deve ser considerado em termos das necessidades da criança como um ponto de partida para a Educação. - Eduard Claparède: (1874-1940): Desenvolvimento infantil. Defendia uma abordagem funcionalista da Psicologia e teve em Jean Piaget um dos seus mais conhecidos discípulos. - Propunha que a Educação gravitasse em torno do aluno e não do professor, que o ensino se baseasse acima de tudo no conhecimento das crianças. Nesse período, a teoria da prática educativa encontrava-se praticamente fundamentada na tese de que o desenvolvimento deve ser o ponto de partida. Com isso, a Psicologia afastou-se do pensamento filosófico, num movimento em defesa de cientificidade que foi bem reforçado nas primeiras décadas do século XX, pela implantação da escolarização generalizada e obrigatória. Com a separação da Filosofia, todos os olhares dirigem-se à Psicologia da aprendizagem, campo de saber onde são depositadas as maiores expectativas para a elaboração de uma teoria sobre a prática educativa de fundamento científico que permite melhorar o ensino e intervir nos problemas que surgem no processo de construção do conhecimento e de transmissão do saber. Eis o surgimento da área de estudos, denominada de Psicologia da aprendizagem, área da educação, que requisitou especialistas na área. Os interesses da Psicologia na prática educativa - Pesquisas sobre aprendizagem - aprendizagem - Avaliação do comportamento: desenvolvimento - Instrumentos de mensuração psicológica e O empreendimento da Psicologia da Educação tinha como problemáticas no campo da Educação: escolar suporte o referencial da Psicologia sobre o funcionamento psíquico para utilizar e aplicar na Educação os conhecimentos relevantes, oriundos das pesquisas desenvolvidas sobre as diferenças individuais, a análise dos processos de aprendizagem e o desenvolvimento, no solo de uma cientificidade recém-nascida na Psicologia. Um dos primeiros trabalhos nesta linha de pesquisa da prática educativa Alfred Binet (1857-1911) - Seus estudos, resultou uma escala de inteligência que foi utilizada por quase um século. - O instrumento recém-criado permitia distinguir, com o menor erro possível, os atrasos escolares atribuídos a um déficit intelectual que seria provocado por fatores ambientais ou por uma escolarização prévia deficiente. Surgimento do termo: quoeficiente intelectual resultado da razão entre idade mental e idade cronológica, - Proporciona uma medida única de inteligência na comparação da idade mental com a idade cronológica, a escala quantifica os anos de avanço ou de atraso no desenvolvimento intelectual. Psicologia e a escola A relação entre a Psicologia e o campo escolar As duas posturas da relação entre a atuação da psicologia no campo escolar: Processo disciplinar Subjetivismo educacional A psicologia escolar como processo disciplinar - A Psicologia Escolar encarregava-se de apontar os alunos necessitados de ajustes para promover a esperada adequação necessária. - Para realizar esse empreendimento, era utilizada a mensuração de fenômenos de cunho psicológico e em seguida era prescrita toda uma série de tratamentos clínicos especializados com o objetivo de corrigir os possíveis desvios nos aprendentes estigmatizados como portadores de distúrbios de comportamento e de aprendizagem. A psicologia escolar e o subjetivismo da aprendizagem - Sustentava-se na necessidade de entender subjetivamente o aprendente para ensiná-lo em melhores condições. - Assim, temos a prática pautada no pressuposto que se configurou numa máxima absoluta e suficiente que ditava as coordenadas de como o ensino deveria se processar; - Continuidade do processo: decifrar o aluno. Quais os limites esta relação trouxe no ambiente educacional? - Os saberes psicológicos não digeridos, apenas reproduzidos sem análise crítica e tomados como verdades absolutas, acabaram por impedir que pais e mestres aceitassem e valorizassem o conhecimento oriundo de suas próprias experiências, cimentados às teorias. - A teoria é fundamental por nos poupar trabalho de partir do zero. Contudo, deverá estar sempre aberta a modificações caso a prática demonstre o contrário ou traga novos achados. Psicologia e o Desenvolvimento infantil, adolescente e adulto A psicologia e o desenvolvimento infantil - Conformaram-se três linhas de trabalhos em Psicologia que conheceram significativas transformações: a) O conceito de medida psicológica foi sendo substituído pelo conceito de avaliação para se referir ao processo educativo e ao rendimento escolar. Isso representou o surgimento de um importante capítulo na Psicologia da Educação; b) A aproximação entre a Psicologia da Educação e a Psicologia Social, visto que a primeira, orientada para o estudo das diferenças individuais, do desenvolvimento infantil e dos processos de aprendizagem, pode enriquecer-se claramente com os estudos da segunda sobre o funcionamento dos grupos e suas interferências no comportamento individual. c) Os novos desenvolvimentos conceituais, no campo da Psicologia sobre o comportamento, são bem recebidos no campo da prática pedagógica. Exemplos: Paul Guillaume elaborou um conjunto de materiais pedagógicos e de propostas didáticas (a partir da gestalt), e a Psicanálise trouxe novas temáticas para o campo da Educação, destacando complexo de Édipo e dos processos inconscientes na gênese das relações objetais. Desenvolvimento humanos e os conceitos - Crescimento biológico x maturidade emocional afetiva; - As etapas de desenvolvimento humano e suas evoluções: infância, adolescência, adulto e senilidade; - Desenvolvimento da personalidade do homem e a vivência de suas identidades na sociedade; A Psicologia da Educação no final da primeira metade do século XX - Intenção de aplicação do conhecimento psicológico para melhor compreensão, explicação, planejamento e desenvolvimento dos processos educativos. - Mudança de foco: o ambiente educacional não é apenas um laboratório de teorias práticas O papel da psicologia da educação no ambiente multidisciplinar A partir de 1950 – Modificações do panorama escolar: 3 pontos importantes a) A conscientização crescente das dificuldades de integração dos resultados das pesquisas que fomentam a Psicologia da Educação. Eis o reflexo do surgimento das teorias explicativas da aprendizagem já elaboradas em termo do questionamento da validade para explicar o processo educativo; b) O surgimento de uma série de disciplinas que têm como finalidade estudar os fenômenos educativos da mesma forma que se propunha à Psicologia da Educação, como a Educação Comparada, a Sociologia da Educação, a Tecnologia Educativa e o Planejamento Educativo. O aparecimento dessas disciplinas significou o grande questionamento ao papel de protagonista, exercido pela Psicologia, na medida em que são evidenciadas as insuficiências e as limitações da análise psicológica para se chegar a uma compreensão dos processos educativos; c) Os acontecimentos políticos, econômicos e sociais que alteraram as coordenadas da Educação escolar, como a exacerbada prosperidade econômica, a guerra fria entre os Estados Unidos e os países do bloco capitalista contra a União Soviética e os países do bloco socialista, o impacto da doutrina igualitária em Educação, a crença de que a Educação é um instrumento eficaz de mudança e de progresso social e, enfim, a ativação de políticas orientadas para a escolarização de toda a população infantil. As limitações do estudo da psicologia e a educação 1. A ideia de Psicologia definida como ciência do indivíduo marcou presença no campo da prática educativa, mas esta visão reducionista pouco serviço prestou à Educação, uma vez que, nesse campo, são válidas as práticas socialmente constituídas. Enfim, o caráter institucional permite alguns tipos de relações que não são possíveis na compreensão de uma Psicologia assentada no individual apenas; 2. A Psicologia não pode responder a todas as demandas formuladas no campo da Educação, ou seja, a compreensão da forma de atuação do sujeito, amparada em suas características psicológicas, não é fonte para previsão e determinação de seu comportamento futuro. 3. A impossibilidade de um conceito de psicologia da educação para aplicação universal, haja vista que, o diálogo possível entre professor e aluno, estabelecido na relação pedagógica e ancorado na atividade de ensinar e no processo de aprender, é o caminho para que o aprendente se encontre na vida escolar. A necessidade da Psicologia da educação no contexto escolar. 1. O processo de ensinar e aprender é o encontro de diferentes subjetividades propicia uma interação dialógica que supera a assimetria que originou o encontro. 2. Esta superação implica a razão e a existência do encontro. No caso do ensino, trata-se de o aprendente tomar posse de um saber que o diferencia de seu ensinante. 3. Eis o momento em que aquele que pretende ensinar se torna desnecessário, marcando o término de uma relação que continua em outros horizontes, mas que possibilitou a ambos retirarem daí benefícios inegáveis (professor e aluno) Enfim, Psicologia Aprendizagem Psicologia Escolar Psicologia Desenvolvimento Ensinoaprendizagem Processos escolares e subjetividade Crescimento e maturidade Possibilidade de organização do trabalho pedagógico visando um melhor relacionamento em sala de aula (professor-aluno) Perguntas para atividade em sala de aula. 1. Explique os conceitos de psicologia e educação. Depois fale sobre a importância da relação das duas disciplinas para a compreensão do ambiente escolar. 2. Quais as três dimensões de estudos da psicologia da educação. Explique cada uma delas. 3. Podemos dizer que a Psicologia da educação é importante para a formação do futuro docente? Justifique sua resposta a partir dos três enfoques (dimensões) existentes na psicologia da educação.