14 2 METODOLOGIA Este capítulo se destina a apresentar os sistemas e procedimentos metodológicos utilizados no desenvolvimento deste estudo, encampa, por conseguinte, enfoque às técnicas de pesquisa bibliográfica às de campo, como também reporta-se à análise e discussão dos dados e à interpretação dos resultados. Destarte, traz-se à luz a arquitetura do processo de planejamento global da matéria monográfica, indicando-se todas as técnicas adotadas, bem como as fases procedimentais, que vão desde o delineamento da pesquisa até a devolução e divulgação dos resultados alcançados. 2.1 Metodologia da pesquisa A metodologia é um processo de busca que o pesquisador escolhe para planejar e desenvolver determinado estudo, leva em consideração o sistema programático de desenvolvimento e aplicação das técnicas que irão nortear a pesquisa científica acerca de um objeto de estudo. Neste sentido, Deslandes refere: A metodologia não só contempla a fase de exploração de campo (escolha do espaço da pesquisa, escolha do grupo de pesquisa, estabelecimento dos critérios de amostragem e construção de estratégias para entrada em campo) como a definição de instrumentos e procedimentos para a análise dos dados.1 1 DESLANDES, Suely Ferreira. A construção do projeto de pesquisa. In: MINAYO, Maria Cecília de Souza (Org.); CRUZ NETO, Otávio; GOMES, Romeu. Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 3. ed. Petrópolis: Vozes, 1994, p. 43. 15 No dizer de Minayo a metodologia do trabalho científico [...] “é o caminho e o instrumental próprios de abordagem da realidade.”2 Desse modo, depreende-se dessa autora que os procedimentos metodológicos subsidiam o pesquisador a fim de que o mesmo possa, de modo apropriado, executar os seus estudos de investigação e abordar a realidade empírica de forma a obter respostas ao problema de pesquisa que for suscitado. Nesta perspectiva, deve-se ter em mente a seguinte assertiva de Rauen: “um fator fundamental para diferenciar a atividade científica é a presença dos métodos científicos.”3 Indo além, quanto ao entendimento da atividade científica Lakatos e Marconi expressam: [...] a finalidade da atividade científica é a obtenção da verdade, através da comprovação de hipóteses, que, por sua vez, são pontes entre a observação da realidade e a teoria científica que explica a realidade. Para que isso ocorra de um modo adequado, é preciso que se acrescente um método de trabalho, ou seja, um conjunto de atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permite alcançar o objetivo – conhecimentos válidos e verdadeiros – traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do cientista.4 De acordo com o magistério de Minayo a metodologia do trabalho científico: 2 MINAYO, Maria Cecília de Souza. Ciência, técnica e arte: o desafio da pesquisa social. In: _______; CRUZ NETO, Otávio; GOMES, Romeu. Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 3. ed. Petrópolis: Vozes, 1994, p. 22. 3 RAUEN, Fábio José. Elementos de iniciação à pesquisa: inclui orientações para a referenciação de documentos eletrônicos. Rio do Sul: Nova Era, 1999, p. 10. 4 LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia científica: ciência e conhecimento científico; métodos científicos; teoria, hipóteses e variáveis. São Paulo: Atlas, 1983, p. 41-42. 16 [...] inclui as concepções teóricas de abordagem, o conjunto de técnicas que possibilitam a construção da realidade e o sopro divino do potencial criativo do investigador. [...] enquanto conjunto de técnicas, a metodologia deve dispor de um instrumental claro, coerente, elaborado, capaz de encaminhar os impasses teóricos para o desafio da prática.5 Fica perceptível, portanto, que a metodologia do trabalho científico recebe a investidura de arsenal de ações metodológicas estruturadas enquanto conjunto de técnicas e métodos capazes de municiar o pesquisador, fazendo com que o mesmo, além das habilidades que lhes são próprias, possa lançar mão de um ferramental que não apenas lhe subsidie, mas também, possibilite obter respaldo para os saberes que irá estabelecer com os resultados alcançados. 2.2 Delineamento do estudo O desenho metodológico deste estudo implica as técnicas de pesquisa quanti-qualitativas, sendo que, por linhas gerais, pode-se dizer que tanto a pesquisa quantitativa como a qualitativa pressupõem perspectivas distintas. No entanto, isso não significa dizer que ambas ofereçam pólos opostos, ao contrário, uma não substitui a outra – elas se complementam. 2.2.1 Pesquisa quantitativa Esta modalidade de pesquisa depende, direta e necessariamente, da coleta de dados, em detrimento da coleta de informações como é o caso da investigação 5 MINAYO, Maria Cecília de Souza. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 6. ed. São Paulo: Hucitec, 1999, p. 16. 17 qualitativa. Desse modo, a análise referente é, de modo sumário, quantificada, pois é de tal quantificação que irão, automaticamente, emergir os resultados. Neste sentido, seguem as palavras de Mezzaroba e Monteiro: Quantidade representa tudo [...] que pode ser medido, o mensurável. Então, se o objeto de sua pesquisa se prestar a qualquer tipo de medição e esta, evidentemente, for interessante para o resultado final da investigação a que você se propôs, a adoção de procedimentos de quantificação pode lhe ser útil.6 Conforme se depreende da citação retro, a noção de pesquisa quantitativa passa, imprescindivelmente, pela idéia de quantidade, de medição, mensuração, assim sendo, As pesquisas quantitativas [...] são conhecidas como levantamento de dados, de sondagem ou survey. A pesquisa de levantamento consiste na solicitação [...] a um grupo estatisticamente significativo de pessoas sobre um problema estudado, para posterior análise [...] O desenho metodológico recorrente é o da pesquisa de campo.7 Complementarmente, tem-se a seguinte inferência do Gazeta Pesquisa: Pesquisa quantitativa consiste em aplicação de questionários aprovados [...], em um determinado universo. Como resultado, são entregues relatórios com dados percentuais e absolutos de cada pergunta acompanhado de gráficos correspondentes e cruzamentos em forma de tabela [...].8 Outro conceito colecionado junto à literatura pertinente diz respeito à 6 MEZZAROBA, O.; MONTEIRO, C. S. Manual de metodologia da pesquisa no direito. São Paulo: Saraiva, 2003, p. 108. 7 RAUEN, Fábio José. Roteiros de investigação científica. Tubarão: Editora Unisul, 2002, p. 33-34. 8 GAZETA PESQUISA. Quem quantifica está mais próximo da qualificação. Disponível em: <http://www.gazetaweb.globo.com/gazetapesquisa/Frame.php?f=Index.htm>. Acesso em: 9 mar. 2005. 18 seguinte concepção do Net Town Pesquisas & Marketing: É um tipo de pesquisa que busca a análise quantitativa das informações para que os resultados sejam medidas precisas e confiáveis da realidade. Esta metodologia permite que sejam feitas análises estatísticas e atenda a necessidade de mensuração, representatividade e projeção. Assim, podemos dizer que a pesquisa quantitativa faz uso de instrumentos específicos capazes de estabelecer relações e causas sempre levando em conta as quantidades. Com estes procedimentos os resultados podem ser projetados para o todo, ou seja, podem ser generalizados.9 O Instituto Paulo Montenegro, quanto à aplicabilidade, define que as pesquisas quantitativas são [...] mais adequadas para apurar opiniões e atitudes explícitas e conscientes dos entrevistados, pois utilizam instrumentos padronizados (questionários). São utilizadas quando se sabe exatamente o que deve ser perguntado para atingir os objetivos da pesquisa. Permitem que se realizem projeções para a população representada. Elas testam, de forma precisa, as hipóteses levantadas para a pesquisa e fornecem índices que podem ser comparados com outros.10 Neste tipo de pesquisa o investigador tem a possibilidade de analisar e conferir, com precisão, o cômputo geral dos dados que foram colhidos e tabulados, sendo que isso também se estende ao tratamento estatístico pelo qual esses mesmos irão passar, assim como os resultados finais e a respectiva interpretação dos mesmos. No que se refere às características da modalidade de pesquisa em tela tem-se o seguinte: “O entrevistador identifica as pessoas a serem entrevistadas por 9 NET TOWN PESQUISAS E MARKETING. Pesquisa quantitativa. Disponível em: <http://www.nettown.com.br/pag12.htm>. Acesso em: 9 mar. 2005. 10 INSTITUTO PAULO MONTENEGRO. Como fazer pesquisa de opinião na escola: planejamento do projeto de pesquisa. Disponível em: <http://www.ipm.org.br/ne_man_conh.php?opm=3&ctd=3>. Acesso em: 9 mar. 2005. 19 meio de critérios previamente definidos: por sexo, por idade, por ramo de atividade, por localização geográfica, etc.”11 Além destas características, outras também são citadas pelo referido Instituto, como por exemplo: não requerem local previamente preparado; devem ser aplicadas individualmente; obrigam-se a seguir as regras de seleção da amostra.12 Em contrapartida, o Ethos Instituto de Pesquisa Aplicada aponta as seguintes características da investigação quantitativa: “[...] é apropriada para medir tanto opiniões, atitudes e preferências como comportamentos.”13 Toda técnica de pesquisa apresenta vantagens e limitações, sendo que no caso da pesquisa quantitativa, de acordo com o Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (IBOPE), as vantagens da pesquisa em comento podem ser assim elencadas: permitem controle e precisão; possibilitam análises estatísticas; os elementos básicos da análise são os números; o raciocínio é lógico e dedutivo; permite estabelecer relações e causas.14 Em termos de limitações, esta modalidade de pesquisa não é própria para compreender porquês; em geral, apresenta custo elevado; para permitir análise estatística confiável requer, para tanto, amostra populacional volumosa.15 Ademais, Rauen diz que: “[...] são pontos negativos a superficialidade e a 11 INSTITUTO PAULO MONTENEGRO, loc. cit. 12 INSTITUTO PAULO MONTENEGRO, loc. cit. 13 ETHOS INSTITUTO DE PESQUISA APLICADA. Compreenda a pesquisa quantitativa. Disponível em: <http://www.ethos.com.br/diferenciais/pesquisaquantitativa.htm>. Acesso em: 16 mar. 2005. 14 INSTITUTO BRASILEIRO DE OPINIÃO PÚBLICA E ESTATÍSTICA. Conheça os tipos de pesquisa realizados pelo Grupo IBOPE. Disponível em: <http://www.ibope.com.br/calandraWeb/BDarquivos/sobre_pesquisas/tecnicas_pesquisa.html>. Acesso em: 9 mar. 2005. 15 INSTITUTO BRASILEIRO DE OPINIÃO PÚBLICA E ESTATÍSTICA, loc. cit. 20 redução dos fenômenos a uma perspectiva perceptiva.”16 2.2.2 Pesquisa qualitativa Genericamente, as pesquisas de cunho qualitativo dependem, necessariamente, de entrevistas ou de questionários com perguntas abertas. Em casos tais, a escolha dos atores sociais que irão compor a amostra populacional se reveste de caráter fundamental, haja vista que a mesma irá interferir diretamente na qualidade das informações que serão obtidas e, assim sendo, repercutirão na análise que se há de proceder, a fim de que se possa chegar à plena compreensão do problema delineado. Consoante Minayo, a abordagem qualitativa busca compreender a complexidade das relações sociais que criam, alimentam, reproduzem e transformam as estruturas, levando em consideração a maneira de pensar dos envolvidos nessas relações. Portanto, supõe abertura, flexibilidade, capacidade de observação e de interação com os envolvidos na construção do conhecimento.17 De acordo com o IBOPE, As pesquisas qualitativas [...] estimulam os entrevistados a pensarem livremente sobre algum tema, objeto ou conceito. Elas fazem emergir aspectos subjetivos e atingem motivações não explícitas, ou mesmo conscientes, de maneira espontânea. São usadas quando se busca percepções e entendimento sobre a natureza geral de uma questão, abrindo espaço para a interpretação. Parte de questionamentos como: “Qual conceito novo de produto deveria ser criado em uma determinada categoria?” E “qual é o melhor posicionamento de comunicação para esse produto?”, por exemplo.18 16 RAUEN, 2002, p. 56. 17 MINAYO, 2000, p. 11. 18 INSTITUTO BRASILEIRO DE OPINIÃO PÚBLICA E ESTATÍSTICA, loc. cit. 21 Tendo em vista que a qualidade, segundo Mezzaroba e Monteiro, se traduz numa “[...] propriedade de idéias, coisas e pessoas que permite que sejam diferenciadas entre si de acordo com suas naturezas”19, contudo, há que se considerar que “A pesquisa qualitativa não vai medir seus dados, mas, antes, procurar identificar suas naturezas. [...] A compreensão das informações é feita de uma forma mais global e inter-relacionada com fatores variados, privilegiando contextos.”20 Por outro lado, a pesquisa qualitativa “[...] também pode possuir um conteúdo altamente descritivo e pode até lançar mão de dados quantitativos incorporados em suas análises, mas o que vai preponderar sempre é o exame rigoroso da natureza [...].”21 A respeito do assunto em pauta, Leopardi apresenta a seguinte concepção: [...] com a dificuldade encontrada por pesquisadores em acessar aspectos particulares da realidade como experiência pessoal e não como fato apenas, surge a possibilidade de se fazer pesquisa em que o objeto se configura como essencialmente qualitativo, especialmente quando se deseja compreender os fenômenos sensório-perceptivos de apreensão do real pelos sujeitos, constuindo-se uma ampla diversidade de abordagens, genericamente chamada investigação qualitativa.22 Apreende-se das palavras de Leopardi, portanto, que a investigação qualitativa veio contribuir para a investigação formal positiva, abrindo, desse modo, 19 MEZZAROBA; MONTEIRO, 2003, p. 108. 20 Ibid., p. 108. 21 Ibid., p. 108. 22 LEOPARDI, Maria Tereza et al. Metodologia da pesquisa na saúde. Santa Maria: Pallotti, 2001, p. 64. 22 um leque de probabilidades impossível de ser contemplado no formato quantitativo. Decerto, com base nos conceitos acima apresentados, pode-se dizer que a pesquisa qualitativa é um tipo de investigação que somente faz sentido através de tratamento lógico secundário, feito pelo investigador. Portanto, cumpre destacar que a pesquisa qualitativa permite a valorização da subjetividade humana, visto ser uma das condições para que se possam alcançar os objetivos da investigação. Particularmente, a pesquisa qualitativa tem por característica possibilitar que o pesquisador alcance aspectos fenomênicos que, por só si, retratam com fidelidade ímpar os conteúdos intrínsecos da realidade empírica, tendo-se em mente que “o fenômeno não tem a ver com o ‘eu’ ou com a ‘coisa’ [...] o dado fenomenológico é aquele que surge após a redução, ou seja, depois de afastados, não quer dizer negados, o ‘eu’, a teoria e a tradição.”23 Outras características também são apresentadas por Bodgan e Bicklen, os quais se referem ao fato de que a “[...] pesquisa qualitativa envolve a obtenção de dados descritivos, obtidos no contato direto do pesquisador com a situação estudada, enfatiza mais o processo do que o produto e se preocupa em retratar a perspectiva dos participantes.”24 Baseados nas idéias de Bogdam e Biklen, autores como Lüdke e André,25 e Triviños26 apontam as características básicas que configuram a pesquisa 23 RAUEN, 2002, p. 33-34. 24 BODGAN, R.; BICKLEN, S. K. Investigação qualitativa em educação: uma introdução à teoria e aos métodos. Porto (Portugal): Porto Editora, 1994, p. 149. 25 LÜDKE, M.; ANDRÉ, M. E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986. (Temas básicos de educação e ensino) p. 11-13. 26 TRIVIÑOS, A. N. S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1987, p. 128-130. 23 qualitativa. Para esses teóricos, a pesquisa qualitativa tem o ambiente natural como fonte direta dos dados e o pesquisador como instrumento chave. Neste tipo de estudo, o pesquisador está mais preocupado com o processo e não simplesmente com os resultados e o produto. Os dados tendem a ser analisados indutivamente, sendo o significado a preocupação essencial, pois, “[...] o foco da investigação deve se centrar na compreensão dos significados atribuídos pelos sujeitos às suas ações.”27 No que se refere às vantagens, a pesquisa qualitativa permite ao pesquisador somar sua experiência ao problema investigado, “tornando-se inaceitável uma postura neutra do pesquisador.”28 Ao seu turno, o IBOPE identifica as seguintes vantagens que emergem da pesquisa qualitativa: desenvolve a teoria; possibilita a descoberta, a compreensão e a interpretação partilhada; possibilita narrativas ricas, interpretações individuais.29 No entanto, algumas das limitações que a investigação qualitativa possui são respeitantes ao fato de que “Os elementos básicos da análise são palavras e idéias”30, o que restringe o pesquisador a uma porção subjetiva da realidade e, assim sendo, qualquer interpretação distorcida pode comprometer o resultado final da investigação. 2.3 Sujeitos da pesquisa De acordo com Deslandes, “A pesquisa qualitativa não se baseia no 27 WEBER, M. apud ANDRÉ, Marli Eliza Dalmazo Afonso de. Etnografia da prática escolar. 3. ed. Campinas: Papirus, 1999, p. 17. 28 ANDRÉ, 1999, p. 17. 29 INSTITUTO BRASILEIRO DE OPINIÃO PÚBLICA E ESTATÍSTICA, loc. cit. 30 INSTITUTO BRASILEIRO DE OPINIÃO PÚBLICA E ESTATÍSTICA, loc. cit. 24 critério numérico para garantir sua representatividade.”31 Tal posicionamento recebe apoio e, ao mesmo tempo, é complementado pela idéia de que a resposta à pergunta “quais indivíduos sociais têm uma vinculação mais significativa para o problema a ser investigado?”32 irá indicar a extensão dos sujeitos sociais que a pesquisa deverá encampar. Além do que, Minayo preleciona o seguinte: “A amostragem boa é aquela que possibilita abranger a totalidade do problema investigado em suas múltiplas dimensões.”33 Com base nos preceitos retro, o trabalho de campo foi desenvolvido junto ao total de 24 iniciados34 em Rieki, de ambos os sexos, os quais estão, necessariamente, vinculados à atividade prática do reiki. Não obstante, todos apresentam idade superior a 18 anos. Quanto à escolha dos sujeitos da pesquisa, justifica-se a mesma com seguinte explicação de André: [...] em toda sociedade as pessoas usam sistemas complexos de significado para organizar seu comportamento, para entender a sua própria pessoa e os outros e para dar sentido ao mundo em que vivem. Esses sistemas de significado constituem a sua cultura. [...] a cultura é, pois, “o conhecimento já adquirido que as pessoas usam para interpretar experiências e gerar comportamentos” [...]. Nesse sentido, a cultura abrange o que as pessoas 35 fazem, o que elas sabem e as coisas que elas constroem e usam [...]. Cumpre observar que os atores sociais foram selecionados para 31 DESLANDES, 1994, p. 43. 32 Ibid., p. 43. 33 MINAYO apud DESLANDES, 1994, p. 43. 34 Outros três termos também serão utilizados neste relatório, tendo em vista serem os mesmos sinônimos do verbete iniciado, quais sejam: reikiano, cuidador e atores sociais. 35 ANDRÉ, 1999, p. 19. 25 participarem desta pesquisa observando-se os seguintes critérios: - interesse voluntário em participar do estudo; - disponibilidade para participar; - manter em observação e ter tido esclarecimento acerca dos princípios éticos da pesquisa. 2.4 Procedimentos metodológicos 2.4.1 Técnicas de pesquisa O plano metodológico da pesquisa segue os critérios estabelecidos pela Associação Brasileira de Normas Técnicas, pela Universidade do Extremo Sul Catarinense e, em especial, pelo Curso Cuidar do Ser. Adota as seguintes técnicas de pesquisa: (a) bibliográfica – documentação direta por consultas às fontes primárias (arquivos particulares), e (b) às secundárias (obras publicadas), todas efetivamente citadas e listadas em referências, e (c) de pesquisa de campo para coleta de dados – documentação direta. Note-se que este tipo de pesquisa favorece a construção dos argumentos quer por progressão, quer por oposição. Das fontes secundárias foi utilizado todo o acervo disponível nas bibliotecas e livrarias locais dos municípios de Criciúma (SC), Florianópolis (SC) e Tubarão (SC), compreendendo livros, periódicos e artigos científicos procedentes tanto da mídia gráfica quanto da eletrônica, sendo que nesta última foi aplicada como estratégia de busca consultas aos sites Google, Lilacs e Medline, também foi utilizado o sistema referência da referência. 26 2.4.2 Pesquisa bibliográfica Para Köche a pesquisa bibliográfica é a que se desenvolve visando a explicação de um problema.36 Utiliza-se o conhecimento ensejado segundo algumas teorias publicadas em livros e outras obras. Assim, o pesquisador coleciona o conhecimento disponível referente ao tema investigado, identifica as teorias produzidas, analisa as mesmas e avalia a contribuição dessas quanto ao auxílio que fornecem à compreensão ou explicação do problema de pesquisa que constitui o objeto de investigação. Por este prisma, pode-se dizer que a pesquisa bibliográfica tem por objetivo subsidiar o conhecimento e a análise acerca das principais contribuições de alguns teóricos inerentes a algum tema ou problema, “configurando-se, desse modo, em instrumento imprescindível às pesquisas em geral.”37 Gil afirma: A pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. Embora em quase todos os estudos seja exigido algum tipo de trabalho desta natureza, há pesquisas desenvolvidas exclusivamente a partir de fontes bibliográficas.38 Com base no esquema metodológico estabelecido, foi que a identificação das informações teórico-bibliográficas incidiu em diferentes tipos de leituras do acervo selecionado, quais sejam: (a) leitura preliminar, como parte da familiarização do estudo; 36 KÖCHE, José Carlos. Fundamentos de metodologia científica: teoria e prática da pesquisa. 14. ed. rev. e ampl. Petrópolis: 1977, p. 122. 37 Ibid., p. 122. 38 GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1993, p. 48. 27 (b) leitura seletiva, com o objetivo de identificar e selecionar os principais aspectos relevantes do estudo; (c) leitura reflexiva, para estabelecer as necessárias relações sistêmicas do estudo; e (d) leitura interpretativa, baseada em pressupostos teóricos do cuidar do Ser. 2.4.3 Pesquisa de campo Os dados para a realização do estudo foram coletados em trabalho de campo através questionário padronizado39, o qual foi aplicado a 24 reikianos, tendo sido entregues aos mesmos e posteriormente recolhidos. Antes do início da aplicação de cada questionário, assim como de cada entrevista, foram apresentados aos investigados os objetivos deste estudo e foram feitos todos os esclarecimentos necessários, a fim de que cada qual ficasse inteirado acerca das finalidades desta pesquisa. 2.4.3.1 Instrumento de pesquisa O instrumento de pesquisa foi elaborado com o objetivo de detectar os benefícios que a iniciação e prática do cuidador têm acarretado aos reikianos, como também algumas características pessoais, como idade e sexo. O questionário foi composto de 07 (sete) perguntas: sendo 05 (cinco) abertas, 01 (um) mista e 01 (um) fechada, dispostas com as seguintes finalidades: 39 Ver apêndice A – instrumento de pesquisa. 28 (a) Questões 01 e 02. Identificar, respectivamente, a faixa etária dos indivíduos e o gênero a que pertencem. (b) Questão 03. Saber qual o nível dos cuidadores quanto à formação em reiki . (c) Questão 04. Constatar as mudanças que ocorreram posteriormente à iniciação em reiki. (d) Questão 05. Saber se perceberam benefícios após a iniciação em reiki e, em caso positivo, quais. (e) Questão 06. Identificar os benefícios alcançados em quatro âmbitos distintos, quais sejam: espiritual, físico, mental e emocional. (f) Questão 07. Saber quais as mudanças percebidas e o tempo em que tais ocorreram após a iniciação em reiki. 2.4.3.2 Plano para coleta de dados O sujeito da pesquisa é atribuído de significados e o que se busca através dele é a compreensão de fenômenos, o que, ao seu turno, constitui-se numa interpretação da realidade. Portanto, a coleta de dados se traduz na comunicação que os atores sociais estabelecem com o pesquisador ao descrevem o seu mundovida. Nesta perspectiva, considera-se que os dados obtidos são situações tematizadas pelos cuidadores. Portanto, através da coleta de dados, buscou-se compreender o fenômeno estudado. Assim sendo, a principal tarefa metodológica foi o questionamento que se efetuou acerca dos benefícios alcançados pelos reikianos, visto ser por intermédio desses benefícios que os atores sociais organizam as suas experiências junto à realidade empírica. Destarte, o que se buscou foi compreender 29 as percepções que os sujeitos da pesquisa têm em relação à situação prática. Assim sendo, o contato com o contexto investigado apresentou diferentes momentos de interação com o ambiente de estudo. Minayo pontua que a estratégia para o estabelecimento de contato com o contexto do estudo há que prever, detalhadamente, o primeiro impacto que a pesquisa irá causar, ou seja, necessariamente deve previsar como o pesquisador irá se apresentar, como deverá apresentar o estudo, a quem se apresentar, através de quem e com quem estabelecer os primeiros contatos.40 Portanto, para o processo investigativo prevê-se idas ao campo antes do trabalho mais intensivo, o que permitirá o fluir da rede de relações e possíveis correções preliminares do instrumento de coleta de dados. O trabalho de campo foi precedido pela realização de estudo piloto (préteste), oportunidade na qual o questionário foi testado, sendo que, posteriormente foram feitos correções e ajustes necessários para a aplicação definitiva do instrumento de pesquisa. O trabalho de campo iniciou, efetivamente, em 28 de março de 2005 e se estendeu até 29 de abril de 2005, perfazendo um período de 24 dias úteis. Com relação à duração dessa atividade, André pontua: O período de tempo em que o pesquisador mantém esse contato direto com a situação estudada pode variar muito, indo desde algumas semanas até vários meses ou anos. Além, evidentemente, dos objetivos específicos do trabalho, tal decisão vai depender da disponibilidade de tempo do pesquisador, de sua aceitação pelo grupo, de sua experiência em trabalho de campo e do número de pessoas envolvidas na coleta de dados.41 40 MINAYO, 1999, p. 103. 41 ANDRÉ, 1999, p. 29. 30 Conforme se observa, o tempo de duração de uma pesquisa depende, em muito, de fatores que nem sempre estão relacionados ao pesquisador. Desse modo, cumpre considerar a impossibilidade de se previsar, com exatidão, o tempo necessário para a execução do trabalho de campo. 2.4.4 Análise dos dados Para Lüdke e André, “[...] analisar os dados qualitativos significa ‘trabalhar’ todo o material obtido durante a pesquisa, buscando destacar os principais achados da pesquisa.”42 Gomes aponta três finalidades complementares da fase de análise dos dados no que tange à pesquisa social: [...] estabelecer uma compreensão dos dados coletados, confirmar ou não os pressupostos da pesquisa e/ou responder as questões formuladas, e ampliar o conhecimento sobre o assunto pesquisado, articulando-o ao contexto cultural do qual faz parte.43 Nesta perspectiva, tem-se que as informações coletadas foram digitadas para a formação de um banco de dados que foi construído para o armazenamento dos mesmos, a fim de que, posteriormente, fossem manipulados de acordo com uma série de procedimentos que, conforme preconiza Gomes, seguiram estas etapas: ordenação, classificação e análise final.44 42 LÜDKE; ANDRÉ, 1986, p. 45. 43 GOMES, Romeu. A análise de dados em pesquisa qualitativa. In: MINAYO, Maria Cecília de Souza. Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 3. ed. Petrópolis: Vozes, 1994, p. 69. 44 Ibid., p. 78. 31 Inicialmente, os dados foram agrupados por afinidade e, posteriormente, descritos e comentados conforme o que cada bloco dos mesmos ia revelando, sendo que, paralelamente, foram contrastados com a literatura pertinente. A partir de então, foi efetuada a análise propriamente dita, para que, posteriormente, fossem estabelecidas a interpretação e reflexão sobre os resultados alcançados. A respeito da análise do conteúdo da pesquisa, Berelson expressa que essa “é uma técnica de pesquisa para descrição objetiva, sistemática [...] do conteúdo manifesto das comunicações e tendo por fim interpretá-los.”45 Desse modo, tem-se que a análise de conteúdo contribui de forma a que se alcance visão objetiva acerca da realidade fática sobre o que foi comunicado no processo de investigativo e, assim sendo, ao mesmo tempo em que essa visão é objetiva, ela também é sistemática e qualitativa. Nesta trilha, o procedimento para realizar a análise dos dados tem por eixo metodológico as orientações propostas por Minayo46 e Gomes47 e seguindo estas fases: ordenação, classificação e análise final dos dados. 2.5 Princípios éticos Os aspectos éticos que envolvem as pesquisas têm sido discutidos por diversos autores entre eles Triviños48, Lüdke e André,49 Minayo.50 Esses autores 45 BERELSON apud MINAYO, 1999, p. 200. 46 MINAYO, 1994, 1998. 47 GOMES, 1994. 48 TRIVIÑOS, 1987. 49 LÜDKE; ANDRÉ, 1986. 50 MINAYO, 1993, 1998. 32 analisam o entendimento dos princípios éticos como sendo questões que devem permear a trajetória de toda a pesquisa, desde a decisão do tema a ser estudado até a conclusão da mesma. 2.6 Devolução e divulgação dos resultados A divulgação dos resultados ocorre, em primeira instância, quando da apresentação da matéria monográfica à UNESC/UNIPAZ. No entanto, cumpre destacar que há o comprometimento em disseminar os resultados da pesquisa e assegurar que todos os pesquisados tenham acesso aos resultados alcançados.