14
2 METODOLOGIA
Este capítulo se destina a apresentar os sistemas e procedimentos
metodológicos
utilizados
no
desenvolvimento deste estudo,
encampa,
por
conseguinte, enfoque às técnicas de pesquisa bibliográfica às de campo, como
também reporta-se à análise e discussão dos dados e à interpretação dos
resultados. Destarte, traz-se à luz a arquitetura do processo de planejamento global
da matéria monográfica, indicando-se todas as técnicas adotadas, bem como as
fases procedimentais, que vão desde o delineamento da pesquisa até a devolução e
divulgação dos resultados alcançados.
2.1 Metodologia da pesquisa
A metodologia é um processo de busca que o pesquisador escolhe para
planejar e desenvolver determinado estudo, leva em consideração o sistema
programático de desenvolvimento e aplicação das técnicas que irão nortear a
pesquisa científica acerca de um objeto de estudo.
Neste sentido, Deslandes refere:
A metodologia não só contempla a fase de exploração de campo (escolha do
espaço da pesquisa, escolha do grupo de pesquisa, estabelecimento dos
critérios de amostragem e construção de estratégias para entrada em campo)
como a definição de instrumentos e procedimentos para a análise dos dados.1
1
DESLANDES, Suely Ferreira. A construção do projeto de pesquisa. In: MINAYO, Maria Cecília de
Souza (Org.); CRUZ NETO, Otávio; GOMES, Romeu. Pesquisa social: teoria, método e
criatividade. 3. ed. Petrópolis: Vozes, 1994, p. 43.
15
No dizer de Minayo a metodologia do trabalho científico [...] “é o caminho
e o instrumental próprios de abordagem da realidade.”2 Desse modo, depreende-se
dessa autora que os procedimentos metodológicos subsidiam o pesquisador a fim de
que o mesmo possa, de modo apropriado, executar os seus estudos de investigação
e abordar a realidade empírica de forma a obter respostas ao problema de pesquisa
que for suscitado.
Nesta perspectiva, deve-se ter em mente a seguinte assertiva de Rauen:
“um fator fundamental para diferenciar a atividade científica é a presença dos
métodos científicos.”3
Indo além, quanto ao entendimento da atividade científica Lakatos e
Marconi expressam:
[...] a finalidade da atividade científica é a obtenção da verdade, através
da comprovação de hipóteses, que, por sua vez, são pontes entre a
observação da realidade e a teoria científica que explica a realidade.
Para que isso ocorra de um modo adequado, é preciso que se
acrescente um método de trabalho, ou seja, um conjunto de atividades
sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permite
alcançar o objetivo – conhecimentos válidos e verdadeiros – traçando o
caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do
cientista.4
De acordo com o magistério de Minayo a metodologia do trabalho
científico:
2
MINAYO, Maria Cecília de Souza. Ciência, técnica e arte: o desafio da pesquisa social. In: _______;
CRUZ NETO, Otávio; GOMES, Romeu. Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 3. ed.
Petrópolis: Vozes, 1994, p. 22.
3
RAUEN, Fábio José. Elementos de iniciação à pesquisa: inclui orientações para a referenciação
de documentos eletrônicos. Rio do Sul: Nova Era, 1999, p. 10.
4
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia científica: ciência e
conhecimento científico; métodos científicos; teoria, hipóteses e variáveis. São Paulo: Atlas, 1983, p.
41-42.
16
[...] inclui as concepções teóricas de abordagem, o conjunto de técnicas que
possibilitam a construção da realidade e o sopro divino do potencial criativo
do investigador. [...] enquanto conjunto de técnicas, a metodologia deve
dispor de um instrumental claro, coerente, elaborado, capaz de encaminhar
os impasses teóricos para o desafio da prática.5
Fica perceptível, portanto, que a metodologia do trabalho científico recebe
a investidura de arsenal de ações metodológicas estruturadas enquanto conjunto de
técnicas e métodos capazes de municiar o pesquisador, fazendo com que o mesmo,
além das habilidades que lhes são próprias, possa lançar mão de um ferramental
que não apenas lhe subsidie, mas também, possibilite obter respaldo para os
saberes que irá estabelecer com os resultados alcançados.
2.2 Delineamento do estudo
O desenho metodológico deste estudo implica as técnicas de pesquisa
quanti-qualitativas, sendo que, por linhas gerais, pode-se dizer que tanto a pesquisa
quantitativa como a qualitativa pressupõem perspectivas distintas. No entanto, isso
não significa dizer que ambas ofereçam pólos opostos, ao contrário, uma não
substitui a outra – elas se complementam.
2.2.1 Pesquisa quantitativa
Esta modalidade de pesquisa depende, direta e necessariamente, da coleta
de dados, em detrimento da coleta de informações como é o caso da investigação
5
MINAYO, Maria Cecília de Souza. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 6.
ed. São Paulo: Hucitec, 1999, p. 16.
17
qualitativa. Desse modo, a análise referente é, de modo sumário, quantificada, pois é
de tal quantificação que irão, automaticamente, emergir os resultados.
Neste sentido, seguem as palavras de Mezzaroba e Monteiro:
Quantidade representa tudo [...] que pode ser medido, o mensurável. Então, se
o objeto de sua pesquisa se prestar a qualquer tipo de medição e esta,
evidentemente, for interessante para o resultado final da investigação a que
você se propôs, a adoção de procedimentos de quantificação pode lhe ser útil.6
Conforme se depreende da citação retro, a noção de pesquisa
quantitativa passa, imprescindivelmente, pela idéia de quantidade, de medição,
mensuração, assim sendo,
As pesquisas quantitativas [...] são conhecidas como levantamento de
dados, de sondagem ou survey. A pesquisa de levantamento consiste na
solicitação [...] a um grupo estatisticamente significativo de pessoas sobre
um problema estudado, para posterior análise [...] O desenho metodológico
recorrente é o da pesquisa de campo.7
Complementarmente, tem-se a seguinte inferência do Gazeta Pesquisa:
Pesquisa quantitativa consiste em aplicação de questionários aprovados
[...], em um determinado universo. Como resultado, são entregues relatórios
com dados percentuais e absolutos de cada pergunta acompanhado de
gráficos correspondentes e cruzamentos em forma de tabela [...].8
Outro conceito colecionado junto à literatura pertinente diz respeito à
6
MEZZAROBA, O.; MONTEIRO, C. S. Manual de metodologia da pesquisa no direito. São Paulo:
Saraiva, 2003, p. 108.
7
RAUEN, Fábio José. Roteiros de investigação científica. Tubarão: Editora Unisul, 2002, p. 33-34.
8
GAZETA PESQUISA. Quem quantifica está mais próximo da qualificação. Disponível em:
<http://www.gazetaweb.globo.com/gazetapesquisa/Frame.php?f=Index.htm>. Acesso em: 9 mar. 2005.
18
seguinte concepção do Net Town Pesquisas & Marketing:
É um tipo de pesquisa que busca a análise quantitativa das informações
para que os resultados sejam medidas precisas e confiáveis da realidade.
Esta metodologia permite que sejam feitas análises estatísticas e atenda a
necessidade de mensuração, representatividade e projeção.
Assim, podemos dizer que a pesquisa quantitativa faz uso de instrumentos
específicos capazes de estabelecer relações e causas sempre levando em
conta as quantidades. Com estes procedimentos os resultados podem ser
projetados para o todo, ou seja, podem ser generalizados.9
O Instituto Paulo Montenegro, quanto à aplicabilidade, define que as
pesquisas quantitativas são
[...] mais adequadas para apurar opiniões e atitudes explícitas e conscientes
dos entrevistados, pois utilizam instrumentos padronizados (questionários).
São utilizadas quando se sabe exatamente o que deve ser perguntado para
atingir os objetivos da pesquisa. Permitem que se realizem projeções para a
população representada. Elas testam, de forma precisa, as hipóteses
levantadas para a pesquisa e fornecem índices que podem ser comparados
com outros.10
Neste tipo de pesquisa o investigador tem a possibilidade de analisar e
conferir, com precisão, o cômputo geral dos dados que foram colhidos e tabulados,
sendo que isso também se estende ao tratamento estatístico pelo qual esses
mesmos irão passar, assim como os resultados finais e a respectiva interpretação
dos mesmos.
No que se refere às características da modalidade de pesquisa em tela
tem-se o seguinte: “O entrevistador identifica as pessoas a serem entrevistadas por
9
NET TOWN PESQUISAS E MARKETING. Pesquisa quantitativa. Disponível em:
<http://www.nettown.com.br/pag12.htm>. Acesso em: 9 mar. 2005.
10
INSTITUTO PAULO MONTENEGRO. Como fazer pesquisa de opinião na escola: planejamento
do projeto de pesquisa. Disponível em: <http://www.ipm.org.br/ne_man_conh.php?opm=3&ctd=3>.
Acesso em: 9 mar. 2005.
19
meio de critérios previamente definidos: por sexo, por idade, por ramo de atividade,
por localização geográfica, etc.”11 Além destas características, outras também são
citadas pelo referido Instituto, como por exemplo: não requerem local previamente
preparado; devem ser aplicadas individualmente; obrigam-se a seguir as regras de
seleção da amostra.12
Em contrapartida, o Ethos Instituto de Pesquisa Aplicada aponta as
seguintes características da investigação quantitativa: “[...] é apropriada para medir
tanto opiniões, atitudes e preferências como comportamentos.”13
Toda técnica de pesquisa apresenta vantagens e limitações, sendo que
no caso da pesquisa quantitativa, de acordo com o Instituto Brasileiro de Opinião
Pública e Estatística (IBOPE), as vantagens da pesquisa em comento podem ser
assim elencadas: permitem controle e precisão; possibilitam análises estatísticas; os
elementos básicos da análise são os números; o raciocínio é lógico e dedutivo;
permite estabelecer relações e causas.14
Em termos de limitações, esta modalidade de pesquisa não é própria para
compreender porquês; em geral, apresenta custo elevado; para permitir análise
estatística confiável requer, para tanto, amostra populacional volumosa.15
Ademais, Rauen diz que: “[...] são pontos negativos a superficialidade e a
11
INSTITUTO PAULO MONTENEGRO, loc. cit.
12
INSTITUTO PAULO MONTENEGRO, loc. cit.
13
ETHOS INSTITUTO DE PESQUISA APLICADA. Compreenda a pesquisa quantitativa.
Disponível em: <http://www.ethos.com.br/diferenciais/pesquisaquantitativa.htm>. Acesso em: 16
mar. 2005.
14
INSTITUTO BRASILEIRO DE OPINIÃO PÚBLICA E ESTATÍSTICA. Conheça os tipos de
pesquisa realizados pelo Grupo IBOPE. Disponível em:
<http://www.ibope.com.br/calandraWeb/BDarquivos/sobre_pesquisas/tecnicas_pesquisa.html>.
Acesso em: 9 mar. 2005.
15
INSTITUTO BRASILEIRO DE OPINIÃO PÚBLICA E ESTATÍSTICA, loc. cit.
20
redução dos fenômenos a uma perspectiva perceptiva.”16
2.2.2 Pesquisa qualitativa
Genericamente,
as
pesquisas
de
cunho
qualitativo
dependem,
necessariamente, de entrevistas ou de questionários com perguntas abertas. Em
casos tais, a escolha dos atores sociais que irão compor a amostra populacional se
reveste de caráter fundamental, haja vista que a mesma irá interferir diretamente na
qualidade das informações que serão obtidas e, assim sendo, repercutirão na
análise que se há de proceder, a fim de que se possa chegar à plena compreensão
do problema delineado.
Consoante Minayo, a abordagem qualitativa busca compreender a
complexidade das
relações
sociais
que criam,
alimentam,
reproduzem
e
transformam as estruturas, levando em consideração a maneira de pensar dos
envolvidos nessas relações. Portanto, supõe abertura, flexibilidade, capacidade de
observação e de interação com os envolvidos na construção do conhecimento.17
De acordo com o IBOPE,
As pesquisas qualitativas [...] estimulam os entrevistados a pensarem
livremente sobre algum tema, objeto ou conceito. Elas fazem emergir
aspectos subjetivos e atingem motivações não explícitas, ou mesmo
conscientes, de maneira espontânea. São usadas quando se busca
percepções e entendimento sobre a natureza geral de uma questão, abrindo
espaço para a interpretação. Parte de questionamentos como: “Qual
conceito novo de produto deveria ser criado em uma determinada
categoria?” E “qual é o melhor posicionamento de comunicação para esse
produto?”, por exemplo.18
16
RAUEN, 2002, p. 56.
17
MINAYO, 2000, p. 11.
18
INSTITUTO BRASILEIRO DE OPINIÃO PÚBLICA E ESTATÍSTICA, loc. cit.
21
Tendo em vista que a qualidade, segundo Mezzaroba e Monteiro, se
traduz numa “[...] propriedade de idéias, coisas e pessoas que permite que sejam
diferenciadas entre si de acordo com suas naturezas”19, contudo, há que se
considerar que “A pesquisa qualitativa não vai medir seus dados, mas, antes,
procurar identificar suas naturezas. [...] A compreensão das informações é feita de
uma forma mais global e inter-relacionada com fatores variados, privilegiando
contextos.”20
Por outro lado, a pesquisa qualitativa “[...] também pode possuir um
conteúdo altamente descritivo e pode até lançar mão de dados quantitativos
incorporados em suas análises, mas o que vai preponderar sempre é o exame
rigoroso da natureza [...].”21
A respeito do assunto em pauta, Leopardi apresenta a seguinte
concepção:
[...] com a dificuldade encontrada por pesquisadores em acessar aspectos
particulares da realidade como experiência pessoal e não como fato
apenas, surge a possibilidade de se fazer pesquisa em que o objeto se
configura como essencialmente qualitativo, especialmente quando se
deseja compreender os fenômenos sensório-perceptivos de apreensão do
real pelos sujeitos, constuindo-se uma ampla diversidade de abordagens,
genericamente chamada investigação qualitativa.22
Apreende-se das palavras de Leopardi, portanto, que a investigação
qualitativa veio contribuir para a investigação formal positiva, abrindo, desse modo,
19
MEZZAROBA; MONTEIRO, 2003, p. 108.
20
Ibid., p. 108.
21
Ibid., p. 108.
22
LEOPARDI, Maria Tereza et al. Metodologia da pesquisa na saúde. Santa Maria: Pallotti, 2001,
p. 64.
22
um leque de probabilidades impossível de ser contemplado no formato quantitativo.
Decerto, com base nos conceitos acima apresentados, pode-se dizer que
a pesquisa qualitativa é um tipo de investigação que somente faz sentido através de
tratamento lógico secundário, feito pelo investigador.
Portanto, cumpre destacar que a pesquisa qualitativa permite a
valorização da subjetividade humana, visto ser uma das condições para que se
possam alcançar os objetivos da investigação.
Particularmente, a pesquisa qualitativa tem por característica possibilitar
que o pesquisador alcance aspectos fenomênicos que, por só si, retratam com
fidelidade ímpar os conteúdos intrínsecos da realidade empírica, tendo-se em mente
que “o fenômeno não tem a ver com o ‘eu’ ou com a ‘coisa’ [...] o dado
fenomenológico é aquele que surge após a redução, ou seja, depois de afastados,
não quer dizer negados, o ‘eu’, a teoria e a tradição.”23
Outras características também são apresentadas por Bodgan e Bicklen,
os quais se referem ao fato de que a “[...] pesquisa qualitativa envolve a obtenção de
dados descritivos, obtidos no contato direto do pesquisador com a situação
estudada, enfatiza mais o processo do que o produto e se preocupa em retratar a
perspectiva dos participantes.”24
Baseados nas idéias de Bogdam e Biklen, autores como Lüdke e André,25
e Triviños26 apontam as características básicas que configuram a pesquisa
23
RAUEN, 2002, p. 33-34.
24
BODGAN, R.; BICKLEN, S. K. Investigação qualitativa em educação: uma introdução à teoria e
aos métodos. Porto (Portugal): Porto Editora, 1994, p. 149.
25
LÜDKE, M.; ANDRÉ, M. E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo:
EPU, 1986. (Temas básicos de educação e ensino) p. 11-13.
26
TRIVIÑOS, A. N. S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em
educação. São Paulo: Atlas, 1987, p. 128-130.
23
qualitativa. Para esses teóricos, a pesquisa qualitativa tem o ambiente natural como
fonte direta dos dados e o pesquisador como instrumento chave. Neste tipo de estudo,
o pesquisador está mais preocupado com o processo e não simplesmente com os
resultados e o produto. Os dados tendem a ser analisados indutivamente, sendo o
significado a preocupação essencial, pois, “[...] o foco da investigação deve se centrar
na compreensão dos significados atribuídos pelos sujeitos às suas ações.”27
No que se refere às vantagens, a pesquisa qualitativa permite ao
pesquisador somar sua experiência ao problema investigado, “tornando-se
inaceitável uma postura neutra do pesquisador.”28
Ao seu turno, o IBOPE identifica as seguintes vantagens que emergem da
pesquisa qualitativa: desenvolve a teoria; possibilita a descoberta, a compreensão e
a interpretação partilhada; possibilita narrativas ricas, interpretações individuais.29
No entanto, algumas das limitações que a investigação qualitativa possui são
respeitantes ao fato de que “Os elementos básicos da análise são palavras e idéias”30,
o que restringe o pesquisador a uma porção subjetiva da realidade e, assim sendo,
qualquer interpretação distorcida pode comprometer o resultado final da investigação.
2.3 Sujeitos da pesquisa
De acordo com Deslandes, “A pesquisa qualitativa não se baseia no
27
WEBER, M. apud ANDRÉ, Marli Eliza Dalmazo Afonso de. Etnografia da prática escolar. 3. ed.
Campinas: Papirus, 1999, p. 17.
28
ANDRÉ, 1999, p. 17.
29
INSTITUTO BRASILEIRO DE OPINIÃO PÚBLICA E ESTATÍSTICA, loc. cit.
30
INSTITUTO BRASILEIRO DE OPINIÃO PÚBLICA E ESTATÍSTICA, loc. cit.
24
critério numérico para garantir sua representatividade.”31 Tal posicionamento recebe
apoio e, ao mesmo tempo, é complementado pela idéia de que a resposta à
pergunta “quais indivíduos sociais têm uma vinculação mais significativa para o
problema a ser investigado?”32 irá indicar a extensão dos sujeitos sociais que a
pesquisa deverá encampar. Além do que, Minayo preleciona o seguinte: “A
amostragem boa é aquela que possibilita abranger a totalidade do problema
investigado em suas múltiplas dimensões.”33
Com base nos preceitos retro, o trabalho de campo foi desenvolvido junto
ao total de 24 iniciados34 em Rieki, de ambos os sexos, os quais estão,
necessariamente, vinculados à atividade prática do reiki. Não obstante, todos
apresentam idade superior a 18 anos.
Quanto à escolha dos sujeitos da pesquisa, justifica-se a mesma com
seguinte explicação de André:
[...] em toda sociedade as pessoas usam sistemas complexos de significado
para organizar seu comportamento, para entender a sua própria pessoa e
os outros e para dar sentido ao mundo em que vivem. Esses sistemas de
significado constituem a sua cultura. [...] a cultura é, pois, “o conhecimento
já adquirido que as pessoas usam para interpretar experiências e gerar
comportamentos” [...]. Nesse sentido, a cultura abrange o que as pessoas
35
fazem, o que elas sabem e as coisas que elas constroem e usam [...].
Cumpre observar que os atores sociais foram selecionados para
31
DESLANDES, 1994, p. 43.
32
Ibid., p. 43.
33
MINAYO apud DESLANDES, 1994, p. 43.
34
Outros três termos também serão utilizados neste relatório, tendo em vista serem os mesmos
sinônimos do verbete iniciado, quais sejam: reikiano, cuidador e atores sociais.
35
ANDRÉ, 1999, p. 19.
25
participarem desta pesquisa observando-se os seguintes critérios:
- interesse voluntário em participar do estudo;
- disponibilidade para participar;
- manter em observação e ter tido esclarecimento acerca dos princípios
éticos da pesquisa.
2.4 Procedimentos metodológicos
2.4.1 Técnicas de pesquisa
O plano metodológico da pesquisa segue os critérios estabelecidos pela
Associação Brasileira de Normas Técnicas, pela Universidade do Extremo Sul
Catarinense e, em especial, pelo Curso Cuidar do Ser. Adota as seguintes
técnicas de pesquisa: (a) bibliográfica – documentação direta por consultas às
fontes primárias (arquivos particulares), e (b) às secundárias (obras publicadas),
todas efetivamente citadas e listadas em referências, e (c) de pesquisa de
campo para coleta de dados – documentação direta. Note-se que este tipo de
pesquisa favorece a construção dos argumentos quer por progressão, quer por
oposição.
Das fontes secundárias foi utilizado todo o acervo disponível nas
bibliotecas e livrarias locais dos municípios de Criciúma (SC), Florianópolis (SC) e
Tubarão (SC), compreendendo livros, periódicos e artigos científicos procedentes
tanto da mídia gráfica quanto da eletrônica, sendo que nesta última foi aplicada
como estratégia de busca consultas aos sites Google, Lilacs e Medline, também foi
utilizado o sistema referência da referência.
26
2.4.2 Pesquisa bibliográfica
Para Köche a pesquisa bibliográfica é a que se desenvolve visando a
explicação de um problema.36 Utiliza-se o conhecimento ensejado segundo algumas
teorias publicadas em livros e outras obras. Assim, o pesquisador coleciona o
conhecimento disponível referente ao tema investigado, identifica as teorias
produzidas, analisa as mesmas e avalia a contribuição dessas quanto ao auxílio que
fornecem à compreensão ou explicação do problema de pesquisa que constitui o
objeto de investigação.
Por este prisma, pode-se dizer que a pesquisa bibliográfica tem por
objetivo subsidiar o conhecimento e a análise acerca das principais contribuições de
alguns teóricos inerentes a algum tema ou problema, “configurando-se, desse modo,
em instrumento imprescindível às pesquisas em geral.”37
Gil afirma:
A pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já elaborado,
constituído principalmente de livros e artigos científicos. Embora em quase
todos os estudos seja exigido algum tipo de trabalho desta natureza, há
pesquisas desenvolvidas exclusivamente a partir de fontes bibliográficas.38
Com base no esquema metodológico estabelecido, foi que a identificação
das informações teórico-bibliográficas incidiu em diferentes tipos de leituras do
acervo selecionado, quais sejam:
(a) leitura preliminar, como parte da familiarização do estudo;
36
KÖCHE, José Carlos. Fundamentos de metodologia científica: teoria e prática da pesquisa. 14.
ed. rev. e ampl. Petrópolis: 1977, p. 122.
37
Ibid., p. 122.
38
GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1993, p. 48.
27
(b) leitura seletiva, com o objetivo de identificar e selecionar os principais
aspectos relevantes do estudo;
(c) leitura reflexiva, para estabelecer as necessárias relações sistêmicas
do estudo; e
(d) leitura interpretativa, baseada em pressupostos teóricos do cuidar do Ser.
2.4.3 Pesquisa de campo
Os dados para a realização do estudo foram coletados em trabalho de
campo através questionário padronizado39, o qual foi aplicado a 24 reikianos, tendo
sido entregues aos mesmos e posteriormente recolhidos.
Antes do início da aplicação de cada questionário, assim como de cada
entrevista, foram apresentados aos investigados os objetivos deste estudo e foram
feitos todos os esclarecimentos necessários, a fim de que cada qual ficasse inteirado
acerca das finalidades desta pesquisa.
2.4.3.1 Instrumento de pesquisa
O instrumento de pesquisa foi elaborado com o objetivo de detectar os
benefícios que a iniciação e prática do cuidador têm acarretado aos reikianos, como
também algumas características pessoais, como idade e sexo.
O questionário foi composto de 07 (sete) perguntas: sendo 05 (cinco)
abertas, 01 (um) mista e 01 (um) fechada, dispostas com as seguintes finalidades:
39
Ver apêndice A – instrumento de pesquisa.
28
(a) Questões 01 e 02. Identificar, respectivamente, a faixa etária dos
indivíduos e o gênero a que pertencem.
(b) Questão 03. Saber qual o nível dos cuidadores quanto à formação em
reiki .
(c) Questão 04. Constatar as mudanças que ocorreram posteriormente à
iniciação em reiki.
(d) Questão 05. Saber se perceberam benefícios após a iniciação em
reiki e, em caso positivo, quais.
(e) Questão 06. Identificar os benefícios alcançados em quatro âmbitos
distintos, quais sejam: espiritual, físico, mental e emocional.
(f) Questão 07. Saber quais as mudanças percebidas e o tempo em que
tais ocorreram após a iniciação em reiki.
2.4.3.2 Plano para coleta de dados
O sujeito da pesquisa é atribuído de significados e o que se busca através
dele é a compreensão de fenômenos, o que, ao seu turno, constitui-se numa
interpretação da realidade. Portanto, a coleta de dados se traduz na comunicação
que os atores sociais estabelecem com o pesquisador ao descrevem o seu mundovida.
Nesta perspectiva, considera-se que os dados obtidos são situações
tematizadas pelos cuidadores. Portanto, através da coleta de dados, buscou-se
compreender o fenômeno estudado. Assim sendo, a principal tarefa metodológica foi
o questionamento que se efetuou acerca dos benefícios alcançados pelos reikianos,
visto ser por intermédio desses benefícios que os atores sociais organizam as suas
experiências junto à realidade empírica. Destarte, o que se buscou foi compreender
29
as percepções que os sujeitos da pesquisa têm em relação à situação prática. Assim
sendo, o contato com o contexto investigado apresentou diferentes momentos de
interação com o ambiente de estudo.
Minayo pontua que a estratégia para o estabelecimento de contato com o
contexto do estudo há que prever, detalhadamente, o primeiro impacto que a
pesquisa irá causar, ou seja, necessariamente deve previsar como o pesquisador irá
se apresentar, como deverá apresentar o estudo, a quem se apresentar, através de
quem e com quem estabelecer os primeiros contatos.40
Portanto, para o processo investigativo prevê-se idas ao campo antes do
trabalho mais intensivo, o que permitirá o fluir da rede de relações e possíveis
correções preliminares do instrumento de coleta de dados.
O trabalho de campo foi precedido pela realização de estudo piloto (préteste), oportunidade na qual o questionário foi testado, sendo que, posteriormente
foram feitos correções e ajustes necessários para a aplicação definitiva do
instrumento de pesquisa.
O trabalho de campo iniciou, efetivamente, em 28 de março de 2005 e se
estendeu até 29 de abril de 2005, perfazendo um período de 24 dias úteis. Com
relação à duração dessa atividade, André pontua:
O período de tempo em que o pesquisador mantém esse contato direto
com a situação estudada pode variar muito, indo desde algumas
semanas até vários meses ou anos. Além, evidentemente, dos objetivos
específicos do trabalho, tal decisão vai depender da disponibilidade de
tempo do pesquisador, de sua aceitação pelo grupo, de sua experiência
em trabalho de campo e do número de pessoas envolvidas na coleta de
dados.41
40
MINAYO, 1999, p. 103.
41
ANDRÉ, 1999, p. 29.
30
Conforme se observa, o tempo de duração de uma pesquisa depende, em
muito, de fatores que nem sempre estão relacionados ao pesquisador. Desse modo,
cumpre considerar a impossibilidade de se previsar, com exatidão, o tempo
necessário para a execução do trabalho de campo.
2.4.4 Análise dos dados
Para Lüdke e André, “[...] analisar os dados qualitativos significa
‘trabalhar’ todo o material obtido durante a pesquisa, buscando destacar os
principais achados da pesquisa.”42
Gomes aponta três finalidades complementares da fase de análise dos
dados no que tange à pesquisa social:
[...] estabelecer uma compreensão dos dados coletados, confirmar ou não
os pressupostos da pesquisa e/ou responder as questões formuladas, e
ampliar o conhecimento sobre o assunto pesquisado, articulando-o ao
contexto cultural do qual faz parte.43
Nesta perspectiva, tem-se que as informações coletadas foram digitadas
para a formação de um banco de dados que foi construído para o armazenamento
dos mesmos, a fim de que, posteriormente, fossem manipulados de acordo com uma
série de procedimentos que, conforme preconiza Gomes, seguiram estas etapas:
ordenação, classificação e análise final.44
42
LÜDKE; ANDRÉ, 1986, p. 45.
43
GOMES, Romeu. A análise de dados em pesquisa qualitativa. In: MINAYO, Maria Cecília de Souza.
Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 3. ed. Petrópolis: Vozes, 1994, p. 69.
44
Ibid., p. 78.
31
Inicialmente, os dados foram agrupados por afinidade e, posteriormente,
descritos e comentados conforme o que cada bloco dos mesmos ia revelando,
sendo que, paralelamente, foram contrastados com a literatura pertinente. A partir de
então, foi efetuada a análise propriamente dita, para que, posteriormente, fossem
estabelecidas a interpretação e reflexão sobre os resultados alcançados.
A respeito da análise do conteúdo da pesquisa, Berelson expressa que
essa “é uma técnica de pesquisa para descrição objetiva, sistemática [...] do
conteúdo manifesto das comunicações e tendo por fim interpretá-los.”45 Desse
modo, tem-se que a análise de conteúdo contribui de forma a que se alcance visão
objetiva acerca da realidade fática sobre o que foi comunicado no processo de
investigativo e, assim sendo, ao mesmo tempo em que essa visão é objetiva, ela
também é sistemática e qualitativa.
Nesta trilha, o procedimento para realizar a análise dos dados tem por
eixo metodológico as orientações propostas por Minayo46 e Gomes47 e seguindo
estas fases: ordenação, classificação e análise final dos dados.
2.5 Princípios éticos
Os aspectos éticos que envolvem as pesquisas têm sido discutidos por
diversos autores entre eles Triviños48, Lüdke e André,49 Minayo.50 Esses autores
45
BERELSON apud MINAYO, 1999, p. 200.
46
MINAYO, 1994, 1998.
47
GOMES, 1994.
48
TRIVIÑOS, 1987.
49
LÜDKE; ANDRÉ, 1986.
50
MINAYO, 1993, 1998.
32
analisam o entendimento dos princípios éticos como sendo questões que devem
permear a trajetória de toda a pesquisa, desde a decisão do tema a ser estudado até
a conclusão da mesma.
2.6 Devolução e divulgação dos resultados
A divulgação dos resultados ocorre, em primeira instância, quando da
apresentação da matéria monográfica à UNESC/UNIPAZ.
No entanto, cumpre destacar que há o comprometimento em disseminar
os resultados da pesquisa e assegurar que todos os pesquisados tenham acesso
aos resultados alcançados.
Download

Imagem em PDF - Universidade do Extremo Sul Catarinense