III Mostra de estratégias de Saúde da Família.
Tracoma: aspectos clínicos epidemiológicos e
gerenciais
Maria de Fátima Costa Lopes - GT Tracoma- Coordenação de
Doenças Transmissíveis por Vetores CGDT/DEVEP/SVS/MS
Brasília, 08 de agosto de 2008
Tracoma: aspectos clínicos
epidemiológicos e gerenciais
Doença comum em países em desenvolvimento e uma das
principais causas de cegueira evitável do mundo (3,6%)
Estimativas mundiais da OMS (2003)
84 milhões de pessoas com tracoma ativo no mundo
7 milhões de pessoas com triquíase tracomatosa
5,6 milhões cegas devido à doença
Tracoma - distribuição no mundo
Tracoma: Aspectos epidemiológicos
Agente Etiológico
Chlamydia trachomatis – bactéria Gram negativa.
Fonte de Infecção e reservatório
O homem com infecção ativa na conjuntiva ou
outras mucosas.
Crianças com até 10 anos de idade, com infecção
ativa (TF e/ ou TI ) são o principal reservatório do
agente etiológico.
Tracoma - Modo de transmissão
Direta:
• Lesões inflamatórias ativas
• Maior no início da doença
• Coexistência de infecções bacterianas
- Agudas
- Crônicas
Indireta::
Indireta
• Objetos contaminados
• Moscas ou mosquitos
Período de Incubação e Suscetibilidade
5 a 12 dias.
A suscetibilidade é universal, sendo as crianças as maiores
acometidas.
DEFINIÇÃO DE CASO
Caso suspeito
Indivíduos com história de “conjuntivite prolongada”
ou sintomas oculares de longa duração (ardor,
prurido, sensação de corpo estranho etc.),
especialmente na faixa etária de 1 a 14 anos.
DEFINIÇÃO DE CASO
Caso Confirmado
Qualquer indivíduo que ao exame ocular externo
apresente um ou mais dos seguintes diagnósticos:
Inflamação Tracomatosa Folicular ( TF );
Inflamação Tracomatosa Intensa ( TI );
Cicatrização Conjuntival Tracomatosa ( TS );
Triquíase Tracomatosa ( TT );
Opacificação Corneana ( CO ).
Formas clínicas de tracoma
Formas ativas
Formas Seqüelares
TF
TI
TS
TT e CO
A investigação epidemiológica deve dirigir – se
prioritariamente às instituições educacionais, áreas de
reconhecida prevalência de tracoma e áreas de risco
social em saúde.
Estratégias:
· Realização de Inquérito/Busca ativa em Escolares e Pré
– escolares;
· Realização de Inquéritos Domiciliares em áreas de risco
social em saúde;
· Realização de Inquéritos em Populações Indígenas,
Quilombolas e Assentamentos.
ESTRATÉGIA DA OMS PARA ELIMINAÇÃO
DO TRACOMA
Plano de Eliminação do Tracoma como Causa de Cegueira
até 2020
S cirurgia
A antibióticos
F educação em saúde
E saneamento básico
Vigilância Epidemiológica e Controle do Tracoma
Situação : 1923 - 1998
• modelo centralizado e vertical;
• ações desenvolvidas em “bolsões endêmicos”;
• classificação de MacCallan- modificada pela OMS em
86;
• Campanhas Nacionais de Tracoma-DNERU, SUCAM e
FUNASA
• desestruturação gradativa do Programa nas UFs;
• em 1999, apenas 6 UF desenvolviam ações de vigilância
INQUÉRITO EPIDEMIOLÓGICO DO TRACOMA
EM ESCOLARES – BRASIL, 1974 a 1976
Tracoma
Situação : 1999 até 2002
Contexto: descentralização das endemias e atividades de
execução são repassadas aos estados e municípios
Ações realizadas:
• articulação de estruturas gerenciais nos estados;
• fortalecimento das atividades de capacitação de RH
• apoio técnico na busca ativa e tratamento de casos em
áreas indígenas;
• realização de inquérito de prevalência de tracoma no
país, para dimensionar a situação epidemiológica.
Prevalência de Tracoma em Municípios. Inquérito de
Prevalência. Brasil, 2002-2007.
Fonte: MS/SVS-DEVEP/CGDT/CDTV
Triquíase tracomatosa (TT)
Dados de Inquéritos domiciliares
AM: São Gabriel da
Cachoeira (1999) /
Indians
River Tiquie 8%, Dãw
6%
CE: Guaraciaba do
Norte (1989) – 2%
“Cariri” (2006) –
3,5%
Tocantins
(2001) –
2%
Fonte: MS/SVSDEVEP/CGDT/CDT
V
Distribuição dos municípios segundo prevalência por regiões,
Inquérito de tracoma. Brasil, 2002-2007.
Prevalência de
Tracoma por
Município
Zero
Norte
Nº
Nordeste
Nº
Sudeste
Nº
Sul
Nº
Centro
Oeste
Total Brasil
Nº
%
32
149
16
37
8
242
21,5
112
223
40
53
47
475
42,0
5% a < 10%
50
109
18
53
18
248
22,0
≥ a 10%
38
82
8
31
6
165
14,5
232
563
82
174
79
1130
100,0
> Zero a < 5%
Total
Número de examinados, casos positivos e coeficientes de
prevalência de tracoma por UF - Inquérito Tracoma. Brasil,
2002/2007.
U.
F.
Examinado
s
Casos
Prevalênci
a
AC
6975
555
7,96
AL
6424
292
4,55
AP
6771
425
6,28
BA
5750
206
3,58
CE
6091
476
7,81
DF
2269
31
1,37
Casos = 8.230
ES
7023
333
4,74
Prevalência = 4,90 %
GO
7042
311
4,42
MA
6751
320
4,74
MG*
5253
305
5,81
MS
5929
224
3,78
MT*
5052
280
5,54
PA
7583
458
6,04
PB
6253
238
3,81
PE
6889
213
3,09
PI
4783
212
4,43
PR
7917
491
6,20
RJ
5737
204
3,56
RN
6178
230
3,72
RS
7190
331
4,60
RO
8202
251
3,06
RR
6653
289
4,34
SC
7861
472
6,00
SE
6318
369
5,84
SP
8047
331
4,11
7184
383
5,33
(*) dadosTO
preliminares
BRASIL
Examinados = 168.125
Número de examinados e prevalência de tracoma ativo
(TF/TI) em amostra de escolares por Regiões. Brasil,
2002 a 2007
Estados
Examinados
Casos
Prevalência Intervalo de
Confiança 95%
Norte
34.784
1.872
5,4
5,1 - 5,6
Nordeste
41.374
2.011
4,9
4,6 – 5,0
Sudeste
13.894
605
4,4
4,0 – 4,7
Sul
15.122
802
5,3
4,9 – 5,7
Centro
Oeste
Brasil
14.664
561
3,8
3,5 – 4,1
119.837
5.851
4,9
4,8 – 5,0
Programa de Controle de Tracoma–Brasil 1986 a
2008
Nº de unidades
federadas
25
20
15
10
5
0
19 8 6
19 8 8
19 9 0
19 9 2
19 9 4
Fonte: MS/SVS/CGDT/CDTV e FUNASA
19 9 6
19 9 8
2000
2002
2004
2006
2008
ESTRATÉGIAS GERENCIAIS
Vigilância epidemiológica e controle do tracoma
1. Definir municípios e áreas prioritárias para
implementação de atividades de VE e controle do
tracoma;
2 . Aperfeiçoar os mecanismos de monitoramento,
avaliação e controle do Tracoma;
3. Integração com o Programa de Saúde da Família / Saúde
Indígena;
4.Identificação de Serviços de Média complexidade referência para procedimentos em oftalmologia nas UF;
5. Articulação de Treinamentos de RH em áreas prioritárias
e com clientela da estratégia de saúde da família.
Vigilância epidemiológica e controle do tracoma
Avanços:
• Normatização das atividades relacionadas ao tracoma:
Fichas epidemiológicas, Portaria de uso da azitromicina,
Manual de Controle do Tracoma e Manual de Ações de
Vigilância Epidemiológica do Tracoma nas ações básicas
de saúde - PACS-PSF.
•
Inserção do tracoma nos parâmetros da PPI-PAVS
2007-08
•
Implantação do sistema de informação do tracoma SINANNet agregados
•
Trabalho integrado com área indígena
Vigilância epidemiológica e controle do tracoma
Avanços:
• Sensibilização das autoridades e técnicos do tracoma como
problema de saúde pública;
• Trabalho integrado com CGLAB e SIS Fronteira;
• Rearticulação do GT Triquíase, realização de Inquérito
domiciliar de TT e Reflexões/Críticas sobre metodologia
para Planos Nacional e Estaduais de Metas de Eliminação
do Tracoma como causa de cegueira;
• Consolidação de um grupo de técnicos e assessores
comprometidos com a causa.
DESAFIOS
1. Garantir uma política estável de recursos humanos, que evite a alta
rotatividade - perda da continuidade dos trabalhos iniciados;
2. Definição de políticas para endemias consideradas negligenciadas tracoma como prioridade no âmbito da atenção à saúde.
3.
Melhorias
das
condições
de
vida
–
políticas
econômicas
educacionais, sanitárias e habitacionais nas cidades – cidade saudável
4. Atendimento das metas de eliminação de casos de TT para um
caso/1000 habitantes e prevalência de TF/TI < 5% em todo o
território nacional- Certificado de Eliminação
5. Garantir o acesso aos serviços, onde
as ações de vigilância do
tracoma estejam inseridas no contexto da atenção integral à saúde da
população.
Obrigada
!
Foto Felipe Pereira, 2003
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Maria de Fátima Costa Lopes