ÚLCERA DE PÉ DIABÉTICO ASSOCIADA À MIÍASE Dantas D, Chagas F, Fontenelle T, Bandeira C, Bandeira F. Unidade de Endocrinologia e Diabetes do Hospital Agamenon Magalhães – MS / SES / UPE, Recife - PE. . INTRODUÇÃO 1 Miíase significa infestação de tecidos ou cavidades por larvas de moscas . Ocorre com maior freqüência em pacientes diabéticos, idosos, desnutridos, imunocomprometidos, com baixo nível socioeconômico e baixas condições de 1,2 3 higiene . As larvas infestam úlceras pré-existentes, se alimentando de restos de tecidos necróticos , sendo por esse motivo 4 também usadas como tratamento de feridas crônicas, apresentando efeito benéfico no tratamento do pé diabético . Há relatos na literatura da infestação em orifício de traqueostomia em paciente em estado vegetativo persistente , em lesões de pele neoplásicas e em local de inserção de pinos de fixadores externos em pacientes diabéticos não havendo relatos 1,3 sobre infecção em pé diabético . Objetivou-se com este trabalho descrever um caso de pé diabético com miíase atendido no serviço do Hospital Agamenon Magalhães, Recife. RELATO DE CASO J.R.M, 47 anos,etilista crônico(1L de destilados/dia), diabético tipo 1 há 30 anos, em tratamento irregular, com vários internamentos por diabetes descompensada, frequentemente fugia de casa e passava a morar na rua. Há 08 anos apresentava ulceração em dorso do pé, surgida após trauma local, sem cicatrização e com aumento progressivo. Chegou ao hospital, após uma semana como morador de rua, queixandose de poliúria e dor em pé esquerdo. Ao exame estava em mal estado geral, desnutrido, desidratado, extremidades com úlcera em pé esquerdo com exposição de musculatura, tecido necrótico e presença de miíase. Leucograma: 14.400 (73% seg. 0% bas.). Glicemia de Jejum: 205mg/dl. HgA1C: 10,8. Creatinina: 0,5. Rx abdômen: sem calcificações sugestivas de pancreatite. Gasometria arterial: sem alterações no equilíbrio ácido-básico. Após discussão com CCIH foi iniciado esquema antimicrobiano com ciprofloxacina + clindamicina por 14 dias, e curativo local com solução fisiológica. Avaliação da cirurgia vascular orientou banhos de imersão com hipoclorito de sódio para retirada das larvas e posterior desbridamento cirúrgico. Após 05 dias de tratamento o paciente apresentava lesão com hiperemia difusa, áreas de granulação e fibrose, sem a presença de larvas; sendo suspenso o desbridamento cirúrgico, visto a boa resposta ao tratamento clínico. Após 14 dias houve melhora importante da lesão que apresentava tecido granulação em toda extensão, sem necrose. Orientado alta hospitalar com acompanhamento no ambulatório de pé diabético. FIGURA01 – Lesão do Pé-diabético com Miíase, visão lateralmedial. FIGURA02 – Lesão do Pé-diabético com Miíase. Visão frontal. CONCLUSÃO Apesar de ser uma apresentação incomum no pé diabético, as larvas que causam miíase infestam primariamente úlceras pré-existentes, estando diretamente relacionada com precárias condições de higiene e baixo nível sócioeconômico. Por este motivo, é importante fazer a orientação e educação de pacientes com pé diabético quanto aos riscos de infecção secundária por larvas.