0 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE SISTEMA FINANCEIRO E OS FUNDOS DE INVESTIMENTO SOCIALMENTE RESPONSÁVEL Por: Luiz Henrique Freire de Almeida Orientadora Professora : M. Sc. Emilia Maria Mendonça Parentoni Rio de Janeiro, Julho de 2007 1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE SISTEMA FINANCEIRO E OS FUNDOS DE INVESTIMENTO SOCIALMENTE RESPONSÁVEL Apresentação de monografia à Universidade Candido Mendes, Instituto a Vez do Mestre como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Finanças e Gestão Corporativa. Por: Luiz Henrique Freire de Almeida 2 AGRADECIMENTOS A DEUS, minha família, aos amigos, parentes e aos Professores que me ajudaram até aqui. 3 DEDICATÓRIA ...Dedico à paciência de minha esposa Márcia Regina e a compreensão de meu filho Bruno Moreno... 4 RESUMO Ao longo dos séculos, as atividades econômicas cresceram sem muitas apreensões com os fatores externos. As políticas empresariais e governamentais, em nível mundial, estavam refletidas apenas numa visão econômica de crescimento, não se preocupando com as conseqüências negativas sobre o meio ambiente. Porém, o elevado nível de degradação do patrimônio natural mundial acabou impulsionando a sociedade em geral a exigir dos agentes produtivos atuações responsáveis quanto à não degradação ambiental, mudando, dessa forma, a visão estritamente econômica para a visão econômica e ambiental. Assim, o grande desafio passou a ser conciliar o sistema econômico com o sistema ecológico, pois necessariamente se interagem, e não se pode fazer opção por um em detrimento de outro. A convivência harmônica entre ambos tornou-se essencial, pois são vitais para a sobrevivência da humanidade. A boa qualidade ambiental interfere diretamente na saúde da população, como também o desenvolvimento econômico, pois gera produtos e serviços necessários como: alimentação, trabalho, medicamentos, etc. Este estudo abordou o tema da valoração ambiental, através dos fundos de investimentos, sua conceituação e o contexto mundial e brasileiro, fundamentando sua existência e verificando se existe relação entre os critérios de seleção das empresas integrantes desse fundo e a rentabilidade dessas carteiras. È feita uma análise da evolução da carteira de ativos dos fundos mútuos. 5 METODOLOGIA Os métodos que levam ao problema proposto, como leitura de livros, jornais, revistas, questionários.... e a resposta, após coleta de dados, pesquisa bibliográfica, pesquisa de campo, observação do objeto de estudo, as entrevistas, os questionários, etc. Contar passo a passo o processo de produção da monografia. É importante incluir os créditos às instituições que cederam o material ou que foram o objeto de observação e estudo. 6 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 07 CAPÍTULO I – SISTEMA FINANCEIRO 09 1.1 ESTRUTURA DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL 09 1.2 OS SEGMENTOS DO SISTEMA FINANCEIRO 12 1.2.1 MECADO MONETÁRIO 13 1.2.2 MERCADO DE CRÉDITO 13 1.2.3 MERCADO DE CAPITAIS 13 1.2.4 MERCADO CAMBIAL 14 7 CAPÍTULO II – CLASSIFICAÇÃO DO SISTEMA FINANCEIRO 15 2.1 AGENTES ESPECIAIS 16 2.1.1 BANCO DO BRASIL 16 2.1.2 BNDES 20 2.1.3 INTERVALOS FINANCEIROS 26 2.2 SETOR FINANCEIRO BRASILIEIRO ATUAL 29 2.2.1 BOLSA DE VALORES 30 2.2.2 CONCENTRAÇÃO BANCÁRIA 31 2.3 FUNDO DE INVESTIMENTO 32 2.3.1 CONCEITO 32 2.3.2 HISTÓRICO 33 2.3.3 INDICADORES SÓCIO-AMBIENTAIS 34 CAPÍTULO III – DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E GESTÃO AMBIENTAL 36 3.1 SISTEMAS DE GERENCIA AMBIENTAL E A ISO 14000 39 3.1.1 ISO 14000 39 3.1.2 A SÉRIE ISO 14000 40 3.1.3 ISO 14001 41 3.2 VALORAÇÃO ECONÔMICA 42 8 3.2.1 IMPORTÂNCIA DA VALORAÇÃO ECONÔMICA DO MEIO AMBIENTE 42 3.2.2 A MOLDURA TEÓRICA DA VALORAÇÃO AMBIENTAL 44 3.2.3 LIMITAÇÕES DA VALORAÇÃO AMBIENTAL 46 3.3 MÉTODOS DE VALORAÇÃO AMBIENTAL 49 3.3.1 PRINCIPAIS MÉTODOS DE VALORAÇÃO DE BENS E SERVIÇOS AMBIENTAIS 50 CONCLUSÃO 53 BIBLIOGRAFIA 56 9 10 INTRODUÇÃO No capítulo I falaremos sobre o mercado financeiro tem papel importante no desenvolvimento da produção, na distribuição e no consumo de bens e serviços nas economias capitalistas. Em um extremo estão os investidores, que provêem os recursos (poupanças), e, no outro, os tomadores de capital. Estes aplicam esses recursos nas áreas em que atuam e, com o rendimento, pagam os investidores. Para isso uma rede de instituições públicas e privadas medeia essas operações e faz funcionar o sistema. Por meio de instituições como Banco Central, as caixas econômicas e os bancos de desenvolvimento, o governo gerencia políticas indispensáveis ao andamento do mercado financeiro, entre as quais a monetária (relacionada à oferta de moeda e à taxa de juros) e a cambial (relacionada às transações financeiras com moedas estrangeiras). No capítulo II abordaremos sobre classificações do sistema financeiro, Bolsas de valores, corretoras e bancos são algumas das instituições privadas que integram o mercado financeiro. A captação e a aplicação de recursos acontecem em vários mercados, incluindo o de títulos, o de ações, o de fundos de investimento, o de empréstimos, o cambial e o de investimentos diretos. Este estudo busca tratar o tema proposto, tendo em vista que os fundos de investimentos, bem como sua conceituação e o contexto mundial e brasileiro, fundamenta sua existência e verifica se existe relação entre os critérios de seleção das empresas integrantes desse fundo e a rentabilidade dessas carteiras. Esses critérios são fundamentados no atual conceito de sustentabilidade, que avalia o desenvolvimento econômico, a igualdade social e o equilíbrio ecológico, como premissas para benefícios financeiros e vantagens competitivas. 11 No capítulo III abordaremos as questões ambientais pautadas às atividades da indústria adquiriram um valor crescente, a partir das ultimas décadas, afetando categoricamente a vida das empresas. A cobrança de um meio ambiente sustentável e, portanto a garantia da qualidade de vida transcendeu as fronteiras e estabelece hoje condição de importância ao comércio nacional e internacional. Neste contexto as empresas sofrem muitas pressões para gerenciar e aprimorar sua atuação ambiental, transformando-se numa questão fundamental para os negócios. Com isso espera-se não afetar o meio ambiente, garantindo desta forma, a sua comercialização (das escolas através da disseminação da educação ambiental e das cobranças legais e normativas que obrigam as organizações a seguirem programas de gerenciamento ambiental que avalizem a competitividade) e a sua própria sobrevivência. As normas ambientais da série ISO 14001 concebem a concretização deste fato. Atualmente, as questões ambientais deixaram de ser apenas uma cobrança da sociedade, do governo e do mercado externo. A relação entre mercado financeiro e as práticas de responsabilidade social e ambiental das organizações é um ponto fundamental na estratégia competitiva. Por fim, a longo prazo a perspectiva de obter vantagem competitiva dependerá, fundamentalmente, da capacidade da empresa de desenvolver habilidades específicas para operar em ambientes de alta sensibilidade ecológica. A adesão das empresas ao desenvolvimento sustentável, que equivale a um compromisso permanente com a integridade do meio ambiente e aos princípios da responsabilidade social, fez com que os mercados financeiros, por meio das instituições financeiras implementassem mudanças institucionais, como indicadores, ratings e fundos de investimentos. 12 CAPÍTULO I O SISTEMA FINANCEIRO Para se avaliar o grau de desenvolvimento de um determinado país, há vários indicadores econômicos. Um deles, sem dúvida alguma, é o tamanho e a diversificação de seu sistema financeiro. Um sistema financeiro forte e bem diversificado é uma condição necessária para atrair poupanças, sejam estas nacionais ou estrangeiras. Com o crescimento econômico, inúmeros agentes vislumbram possibilidades de ganhos em determinados setores da produção. Pelo fato de não possuírem os recursos necessários para montar seus negócios, buscam junto aos intermediários financeiros os montantes requeridos para poder iniciar o processo de produção desejado. Essa decisão, embora seja hoje bastante corriqueira, levou muitos anos para se consolidar. Isso porque ela pressupõe, de um lado, a existência de unidades econômicas que apresentam balanços com superávit, ou sejam, que possuem gastos menores confiam no papel exercido pelos intermediários financeiros. 1.1 ESTRUTURA DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL Segundo a Constituição Federal de 1988, art. 192, incisos I a VIII, o sistema financeiro estruturado de forma a promover o desenvolvimento equilibrado do país e a servir aos interesses da coletividade será regulado em lei complementar, que disporá, inclusive, sobre: Autorização para o funcionamento de instituições financeiras, assegurado às instituições bancárias oficiais e privadas acesso a todos os instrumentos do mercado financeiro bancário, sendo vedada a essas 13 instituições a participação em atividades não previstas na autorização de que se trata este inciso; Organização, o funcionamento e as atribuições das instituições financeiras públicas e privadas. Segundo o art. 52 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias: “Até que sejam fixadas as condições a que se refere o art. 192, no tocante ao capital estrangeiro são vedados: I – a instalação, no País, de novas agências de instituições financeiras domiciliadas no exterior. II – o aumento do percentual de participação, no capital de instituições financeiras com sede no País, de pessoas físicas e jurídicas residentes ou domiciliadas no exterior”. Em seu parágrafo único tem-se “a vedação a que se refere este Artigo não se aplica às autoridades resultantes de acordos internacionais, de reciprocidade, ou de interesse do Governo brasileiro”. O Sistema Financeiro Nacional possui dois subsistemas: o normativo e o da intermediação financeira. No primeiro encontram-se as autoridades monetárias: o Conselho Monetário Nacional, o Banco Central do Brasil e a Comissão de Valores Mobiliários. O Conselho Monetário Nacional é o órgão máximo do Sistema Financeiro Nacional e tem como finalidade formular a política de moeda e do crédito objetivando o progresso econômico e social do país (art. 2º da Lei n. 4.595, de 31-12-1964). O Banco Central do Brasil, por meio de resoluções, circulares e instruções, decorrentes das decisões do Conselho Monetário Nacional, fiscaliza, controla e regula a atuação dos intermediários financeiros. No subsistema da intermediação financeira existem 14 instituições bancárias e não bancárias. As primeiras são constituídas pelos bancos comerciais e também pelo Banco do Brasil, que deixou de ser autoridade monetária. As demais instituições de intermediação, além dos bancos comerciais, completam o sistema financeiro brasileiro. É o caso do Sistema Financeiro da Habitação, que com a extinção do Banco Nacional da Habitação (criado em 1964), tem na Caixa Econômica Federal (CEF) seu órgão máximo, estando, porém, atrelada às decisões do Conselho Monetário Nacional. No Sistema Financeiro da Habitação encontram-se também as demais caixas econômicas e as sociedades de crédito imobiliário(Lei n. 4.380, de 21-81964). As caixas econômicas estaduais, diz o art. 24, da Lei n. 4.595, foram equiparadas, no que couber, à Caixa Econômica Federal. Destacam-se, também, os bancos de desenvolvimento, sendo BNDES a principal instituição financeira de investimentos do governo federal, nos termos das Leis n. 1.628, de 20-6-1952, e 2.973, de 26-11-1956. O BNDES foi criado na década de 50, juntamente com o Banco do Nordeste do Brasil e o Banco da Amazônia. Antes da década de 60, foi criado o Banco de Desenvolvimento do Extremo Sul. Mais tarde foram criados bancos estaduais de desenvolvimento, atuando para o fomento das atividades econômicas do país e, em particular, do Estado-sede. Os bancos de investimento, por sua vez, tiveram sua base legal estabelecida pela Lei n. 4.278/65, em seu art. 29. Estabeleceu a lei a competência ao Banco Central para autorizar a constituição de bancos de investimento de natureza privada, cujas operações e condições funcionamento são reguladas pelo Conselho Monetário Nacional. de 15 Essas instituições foram criadas para canalizar recursos de médio e longo prazos para suprimento de capital fixo e de giro das empresas. Elas operam em um segmento específico do sistema da intermediação financeira. De maneira geral, são as seguintes as operações dos bancos de investimento: • Efetuar empréstimos, a prazo mínimo de 1 ano, para financiamento de capital fixo e de giro das empresas; • Adquirir ações, obrigações ou quaisquer outros títulos e valores mobiliários para investimento ou revenda no mercado de capitais (operações de underwriting); • Repassar empréstimos obtidos no exterior; • Prestar garantias em empréstimos no país ou provenientes do exterior; • Repassar recursos de instituições oficiais no país, notadamente programas especiais, tais como: Finame, Fipeme, Pis etc. Por sua vez, as companhias de crédito, financiamento e investimento começaram a surgir espontaneamente no pós-guerra, em função da mudança observada na estrutura de produção no país, que se tornou mais complexa, notadamente após a década de 60. 1.2 Os Segmentos do Sistema Financeiro No que diz respeito às suas finalidades e às instituições que as praticam, as operações do sistema financeiro podem ser agregadas em quatro grandes mercados: 16 1.2.1 Mercado Monetário Nesse segmento são realizadas as operações de curtíssimo prazo com a finalidade de suprir as necessidades de caixa dos diversos agentes econômicos, entre os quais se incluem as instituições financeiras. A oferta de liquidez nesse mercado é afetada pelas operações de mercado aberto, executadas pelo Banco Central. Exemplos: Fundo-Ouro, open market, hotmoney, CDI etc. 1.2.2 Mercado de Crédito Nesse mercado são atendidas as necessidades de recursos de curto, de médio e de longo prazos, principalmente oriundas da demanda de crédito para aquisição de bens de consumo duráveis e da demanda de capital de giro das empresas. A oferta, no mercado de crédito, é determinada fundamentalmente pelas instituições bancárias. Exemplos: crédito rápido, desconto de duplicatas, PASEP, giro etc. Em linhas gerais, os financiamentos de longo prazo (investimentos) são atendidos por instituições oficiais de crédito, principalmente pelo Banco do Brasil e pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Exemplo: Finame. 1.2.3 Mercado de Capitais Esse segmento supre as exigências de recursos de médio e de longo prazos, principalmente com vistas à realização de investimentos em capital. A geração de oferta, nesse mercado é feito por instituições não bancárias, dentre as quais se destacam as bolsas de valores, por sua importância vital para o crescimento econômico e para a democratização do capital. Exemplos: compra e venda de ações, debêntures etc. 17 1.2.4 Mercado Cambial Nele são realizadas a compra e a venda de moeda estrangeira, para atender a diversas finalidades, como a compra de câmbio, para a importação; a venda, por parte dos exportadores; e venda/compra, para viagens e turismo. As operações no mercado cambial são realizadas pelas instituições financeiras – bancos e casas de câmbio – autorizadas pelo Banco Central. 18 CAPÍTULO II CLASSIFICAÇÃO DO SISTEMA FINANCEIRO A estrutura do sistema financeiro pode ser subdividida em dois subsistemas: normativo e operativo. Subsistema Normativo • Conselho Monetário Nacional – CMN • Banco Central do Brasil – Bacen • Comissão de Valores Mobiliários – CVM Subsistema Operativo Instituições Bancárias (Públicas e Privadas) • Bancos comerciais • Caixas econômicas Instituições Não Bancárias (Públicas e Privadas) • Bancos de investimentos • Bancos de desenvolvimento • Companhias de desenvolvimento • Sociedades de crédito, financiamento e investimento. 19 • Sociedades de crédito imobiliário • Associações de poupança e empréstimo • Companhias seguradoras Instituições Auxiliares (Públicas e Privadas) • Bolsas de valores (de ações, futuros e commodities). • Sociedades corretoras • Sociedades distribuidoras • Agentes autônomos de investimentos • Outros (leasing, factoring, cobrança, análise e cadastramento). 2.1 AGENTES ESPECIAIS 2.1.1 Banco do Brasil (BB) No quadro do sistema financeiro brasileiro, o Banco do Brasil exerceu duplo papel, durante prolongado período. Mesmo após a criação do Banco Central, o Banco do Brasil continuou a integrar o peculiar complexo do subsistema normativo, atuando como autoridade monetária e, concomitantemente, como banco comercial. Desempenhava, assim, funções que, em uma estrutura ortodoxa, caberiam exclusivamente ao Banco Central, ao mesmo tempo em que, sob o controle acionário do governo federal e como seu principal agente financeiro, operava regularmente no segmento da intermediação bancária. 20 Essa duplicidade de funções foi interrompida por decisão do CMN, mediação bancária. Essa duplicidade de funções foi interrompida por decisão do CMN, mediação bancária. Essa duplicidade de funções foi interrompida por decisão do CMN, em janeiro de 1986, através da supressão da conta movimento, espécie de “cordão umbilical” que colocava o Banco do Brasil na posição privilegiada de banco co-responsável pelo processo emissor, via ajustamento das contas das autoridades monetárias e do Tesouro Nacional. Com a supressão da conta movimento, o Banco do Brasil deixou de exercer funções típicas de banco central, limitando-se a atuar como banco comercial, não mais integrando o complexo de instituições caracterizadas como autoridades monetárias. O atual Banco do Brasil (o quinto a funcionar sob esta denominação no país, sempre com vinculação acionária ou operacional com o governo central) resultou da reativação, em 1906, do Banco da República do Brasil (resultante da fusão do Banco Nacional, vindo do Império, com o Banco dos Estados Unidos do Brasil, do período republicano), que, em 1905, havia sido liquidado, em decorrência da grave recessão econômica que atingiu a economia do país no início do século. Durante as primeiras quatro décadas posteriores à sua reativação, o Banco do Brasil atuou, direta ou indiretamente, como instituição central do sistema financeiro do país, notadamente a partir da década de 20, quando foi instalada a Câmara de Compensação e implantada a Carteira de Redescontos. No período de pós-guerra até as reformas do biênio 1964-65, a despeito da citação da SUMOC (embrião do atual Banco Central), o Banco do Brasil continuou exercendo funções executivas ao nível de autoridades monetárias, atuando como banco dos bancos, agente financeiro do governo, depositário e administrador das reservas internacionais do país e emprestador de última instância do sistema financeiro. 21 Após as reformas de 1964-65, “o Banco do Brasil perdeu a maior parte das distribuições típicas de um banco central, como a Carteira de Redescontos, a Caixa de Mobilização Bancária, a concessão de créditos ao Tesouro Nacional e como instrumento de execução da política creditícia e financeira do governo federal, conservando algumas funções que não são próprias de banco comercial comum, como a Carteira de Comércio Exterior, que desempenha funções nitidamente governamentais, a Câmara de Compensação de Cheques, a execução de serviços ligados ao orçamento geral da União, a execução do serviço da dívida pública consolidada, a aquisição de estoques de produção exportável e a execução da prática de preços mínimos dos produtos agropastoris”. Esse conjunto remanescente de atribuições, que, até a supressão da conta movimento, diferenciavam o Banco do Brasil dos demais bancos comerciais em operação no país, foi fixado pela Lei nº. 4.595/64, que definiu a atuação das autoridades monetárias. Segundo disposições daquela lei, eram as seguintes as principais funções desse banco: Na qualidade de agente financeira do Tesouro Nacional: • Receber, a crédito do Tesouro Nacional, as importâncias provenientes da arrecadação de tributos ou rendas federais e ainda o produto das operações de crédito da União; • Realizar os pagamentos e suprimentos necessários à execução do orçamento geral da União, vedada a concessão, pelo banco, de créditos de qualquer natureza ao Tesouro Nacional; • Conceder aval, autorização legal; fiança e outras garantias, consoante expressa • 22 Como principal executor dos serviços bancários de interesse do governo federal, inclusive suas autarquias, receber em depósito, com exclusividade, as disponibilidades de quaisquer entidades federais; • Arrecadar os depósitos voluntários (integrantes dos encaixes técnicos) das instituições financeiras; • Executar os serviços de compensação de cheques e outros papéis; • Realizar operações cambiais, por conta própria ou por conta do Banco Central, nas condições estabelecidas pelo CMN; • Dar execução à política de comércio exterior; • Financiar à aquisição e a instalação da pequena e média propriedade rural; • Difundir e orientar o crédito, suplementando a ação da rede bancária, no financiamento das atividades econômicas, atendendo às necessidades creditícias das diferentes regiões do país, e no financiamento das exportações e importações; • Atuar como banco comercial, operando não apenas com as linhas convencionais de crédito intermediadas pelas instituições bancárias, mas ainda com créditos especiais, subsidiados pelas autoridades monetários, destinados a atividades julgadas prioritárias, especialmente na área rural. A operacionalização desse conjunto de atribuições pelo Banco do Brasil impedia que o Banco Central pudesse ser definido como um banco central clássico. Na realidade, o que ocorria era uma indecifrável interpretação da ação financeira do Banco do Brasil, do Banco Central e do Tesouro Nacional. Como destacou Moura da Silva em uma análise a intermediação financeira no Brasil, 23 editada em 1979, “as autoridades monetárias no Brasil (Banco do Brasil e Banco Central), além de exercerem atividades típicas de banco central, operam como banco de fomento (mormente via Banco do Brasil), administrando um amplo e complexo sistema de crédito seletivo”. Não raro estas aplicações de crédito seletivo são feitas a custos reais negativos para o tomador (taxa de juros nominais menor que a taxa de inflação observada). Operam básica e fundamentalmente ao nível da intermediação bancária propriamente dita: captam depósitos do público (Banco do Brasil), fazem operações de empréstimo ao setor privado não financeiro e, além das atividades normais de lender of last resort, co-administram juntamente com os bancos comerciais privados e outros oficiais as aplicações de crédito seletivo (agrícola e para exportadores de manufaturados); além do mais, operam como uma casa de redesconto para as instituições financeiras não bancárias. Com a reforma de 1986 e as conseqüentes redefinições de papéis do BACEN e do Banco do Brasil, esta última instituição passou a operar sob padrões bem próximos dos de um banco comercial como outro qualquer. Todavia, o Banco do Brasil ainda manteve funções típicas de agente especial das autoridades econômicas, excluindo-se como autoridade monetária. 2.1.2 Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social A criação de bancos de desenvolvimento no Brasil é anterior às reformas institucionais do biênio 1964-65. Na década de 50, foi criado o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, BNDE, que passou a denominar-se Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, BNDES, em 1983. Ainda nos anos 50, foram criados dois bancos regionais de fomento, o Banco do Nordeste e o Banco da Amazônia. No início da década de 60, ainda antes das reformas, foi criado o Banco de Desenvolvimento do Extremo-Sul. Após as reformas, com a consagração do modelo de especialização das instituições financeiras, foram criados treze 24 bancos estaduais de desenvolvimento, com a participação majoritária do Estado-sede. O BNDES permanece, no entanto, como principal instituição financeira de fomento do país. Suas operações, no final de 1985, eram aproximadamente cinco vezes superiores à soma da dos demais bancos de desenvolvimento do país, regionais e estaduais. As atividades do BNDES, principal instituição especializada de fomento que opera no país, vêm se orientando para a consecução dos seguintes objetivos: • Impulsionamento do desenvolvimento econômico, visando estimular o processo de expansão da economia nacional e de crescimento continuado do PIB; • Fortalecimento do setor empresarial nacional, estimulando a formação da grande empresa nos setores básicos que exigem operações em grande escala e apoiando as atividades das pequenas e médias empresas em todo o país; • Atenuação dos desequilíbrios regionais, estimulando a formação de novos pólos de produção, de significativa importância para o desenvolvimento regional da Amazônia, do Nordeste e do Centro-Oeste, assegurando tratamento prioritário às iniciativas localizadas nessas regiões; • Promoção do desenvolvimento integrado das atividades agrícolas, industriais e de serviços, visando ao maior dinamismo econômico, via compatibilização das iniciativas desses segmentos; • 25 Crescimento e diversificação das exportações, considerando como prioritárias as iniciativas capazes de contribuir para a realização dessa meta; • Fortalecimento do sistema nacional de bancos de desenvolvimento, procurando o aperfeiçoamento dessas atividades e a integração de suas políticas e programas, de maneira a caracterizar, sob a sua liderança, um verdadeiro sistema nacional de intermediação financeira para o fomento das atividades econômicas. O amadurecimento desses objetivos vem desde 1952, ano da criação do BNDES. Inicialmente, o BNDES geriu e executou o Programa de Reaparelhamento Econômico, elaborado pela Comissão Mista Brasil-Estados Unidos, essencialmente destinado a reaparelhar e a criar uma infra-estrutura adequada ao desenvolvimento econômico do país. Intermediando recursos a prazos dilatados, suas operações voltaram-se inicialmente para as áreas de energia, transportes e implantação de infra-estrutura de apoio às atividades agropecuárias. A partir de 1955, canalizou grande massa de recursos para a implantação de indústrias pesadas no país, iniciando um processo de diversificação de operações, que consolidaria com as reformas do biênio 196465. Alcançando gradativamente todos os setores da atividade industrial, o BNDES criou a partir de 1964 diversos fundos e programas especiais de fomento, destacando-se os seguintes: • FUNTEC – Fundo de Desenvolvimento Técnico e Científico (1964); • FINAME – Fundo de Financiamento para Aquisição de Máquinas e Equipamentos (1964), posteriormente transformado em agência especial de financiamento industrial, subsidiária para operar especificamente com financiamento da comercialização de máquinas e equipamentos produzidos no país; • 26 FIPEME – Fundo de Financiamento à Pequena e Média Empresa (1965); • FINEP – Fundo de Financiamento para Estudos e Projetos (1965); • FUNDEPRO – Fundo de Desenvolvimento da Produção (1966); • FUNGIRO – Fundo Especial para Financiamento do Capital de Giro (1968); • FMRI – Fundo de Modernização e Reorganização Industrial (1970); • PIB/NE – Programa Especial de Apoio à Indústria Básica do Nordeste (1971); • PEB – Programa de Empréstimos a Bancos de Desenvolvimento (1972); • POC – Programa de Operações Conjuntas (1974); • PROCAP – Programa Especial de Apoio à Capitalização da Empresa Privada Nacional (1976); • FINAC – Programa de Financiamento a Acionistas (1976); As aplicações por intermédio desse conjunto de fundos e programas especiais foram reorientadas nos anos 80, passando o BNDES a operar basicamente por meio de quatro subsidiários. Além da FINAME, foram criadas a EMBRAMEC, destinada a criar condições para a implantação de um segmento industrial produtor de bens de capital de grande porte no país; a FIBASE, destinada a canalizar recursos para empreendimentos que possam suprir, a médio prazo, as necessidades internas de insumos básicos, notadamente nas áreas de mineração, siderurgia, metalurgia de ferrosos e não ferrosos, química e petroquímica, celulose e papel, fertilizantes e cimento; e a 27 IBRASA, destinada a atender aos demais setores considerados importantes para a estratégia de crescimento econômico adotada pelo governo. Para facilitar e dinamizar sua atuação, o sistema BNDES, constituído pelo banco e por suas quatro empresas subsidiárias, repassa recursos por intermédio da rede nacional de bancos comerciais oficiais, de desenvolvimento e de investimento, totalizando 61 instituições, das quais 53 exclusivamente dedicadas ao segmento da intermediação financeira de médio e longo prazos, essencialmente destinada ao fomento das atividades econômicas internas. As aplicações em títulos e valore mobiliários atingem 4,85% das operações ativas. Com a criação das subsidiárias, por intermédio das quais o sistema BNDES passou a participar do capital acionário de grande número de empreendimentos privados, esse tipo de operação registrou persistente elevação nos anos 70, chegando a representar mais de 15% do total do ativo no final da década. A taxa de 4,85% não refletia no final de 1990, a participação do BNDES no capital de empresas às quais prestou assistência financeira. No balancete consolidado, a posição até então mantida em ações foi zerada, tendo sido transferida para as subsidiárias. Além do BNDES, instituição de âmbito federal, operam no país outros bancos de desenvolvimento, de âmbito estadual, integrados ao sistema BNDES, intermediam recursos de médio e longo prazos, destinados ao desenvolvimento econômica em suas áreas geográficas de atuação. Excepcionalmente, quando o projeto candidato ao financiamento atender ao interesse comum de vários Estados, esses bancos consorciam-se para a viabilização financeira do empreendimento. De conformidade com as normas operacionais em vigor, os bancos estaduais de desenvolvimento tem o objetivo precípuo de “proporcionar o 28 suprimento oportuno e adequado dos recursos necessários ao financiamento, a médio a longo prazos, de programas e projetos que visem a promover o desenvolvimento pode apoiar iniciativas que visem a”: • Ampliar a capacidade produtiva da economia, mediante implantação, expansão ou relocalização de empreendimentos; • Incentivar a melhoria da produtividade, por meio de reorganização, racionalização, modernização de empresas e formação de estoques – em níveis técnicos adequados – de matérias-primas de produtos finais ou por meio de formação de empresas de comercialização integrada; • Assegurar melhor ordenação dos setores da economia regional e o saneamento de empresas por meio de incorporação, fusão, associação, assunção de controle acionário e de acervo, ou liquidação ou consolidação de passivo ou ativo onerosos; • Incrementar a produção rural por meio de projetos integrados de investimentos destinados à formação de capital fixo ou semifixo; • Promover incorporação e o desenvolvimento de tecnologia de produção, o aperfeiçoamento gerencial, a formação e o aprimoramento de pessoal técnico, podendo, para este fim, patrocinar programas de assistência técnica, preferentemente através de empresas e entidades especializadas. 29 2.1.3 Os Intermediários Financeiros do Brasil: Breve Histórico Período 1945-1965 O crescimento econômico do país observado nesse período, bem como a existência de uma inflação crônica e ascendente, propiciou uma acentuada expansão dos intermediários financeiros. Criou-se a Superintendência da Moeda e do Crédito (Sumoc) como órgão normativo. Foram criados também o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE, atual BNDES), o Banco do Nordeste do Brasil (BNB), o Banco da Amazônia e o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo-Sul. Houve, por sua vez, e de forma autônoma, um crescimento das companhias de crédito, financiamento e investimento ao longo desse período. Período das Reformas (1964-1965) Nesse período promoveram-se as reformas importantes na economia brasileiro. Destacaram-se a criação de um sofisticado esquema de incentivos fiscais à exportação, a reforma tributária, a reforma bancária e a reforma do mercado de capitais. A área financeira sofreu mudanças profundas desde 1964; isso porque, apesar de todo o desenvolvimento do período anterior, até meados dos anos 60 o mercado financeiro consistia basicamente no mercado bancário, especializado em empréstimos de curto prazo, em decorrência da inflação crônica e ascendente e da limitação imposta às taxas de juros pela lei da usura (Dec. N. 22.626, de 7-4-1933). Por meio da Lei n. 14.380, de 21-8-1964, criou-se o Banco Nacional da Habitação (BNH, extinto pelo Dec. -Lei n. 2.291, de 21-11-1986 e incorporado à caixa Econômica Federal - CEF) e institucionalizou-se o Sistema Financeiro da 30 Habitação (SFH). Já a Lei n. 4.595, de 31-12-1964, dispõe sobre a política e as instituições monetárias, bancárias e creditícias e cria o Conselho Monetário Nacional. O Sistema Financeiro Nacional (SFN), de acordo com o art. 1º da lei, passou a ser constituído pelo Conselho Monetário Nacional de Desenvolvimento Econômico e demais instituições financeiras públicas e privadas. A Lei n. 4.728, de 14-7-1965, disciplinou o mercado de capitais no Brasil e estabeleceu medidas para seu desenvolvimento. Em seu art. 1º, essa lei estabelece que os mercados financeiros e de capitais serão disciplinados pelo Conselho Monetário Nacional e fiscalizados pelo Banco Central do Brasil. A idéia da reforma era abrir a economia brasileira, de modo a acoplá-la ao sistema financeiro internacional e com isso internalizar parte da excessiva liquidez que existia nos mercados financeiros externos, de modo a dirigi-la para financiar a produção dos vários setores de atividade doméstica. Ao mesmo tempo, com a criação do mecanismo da correção monetária, implantado em 1964, criaram-se as condições para que os agentes econômicos pudessem manter suas poupanças junto aos intermediários financeiros sem o risco de vêlas depreciadas pela ação da taxa de inflação (Lei n. 4.380, de 21-8-1964). Um dos objetivos básicos da correção monetária, quando plena, foi eliminar a necessidade de se antecipar corretamente a taxa de inflação, pois os contratos, ao terem embutidas cláusulas de indexação, passaram a estipular taxas de juros reais em vez de taxas de juros nominais. Período de Concentração Bancária (1968-1974) A partir de 1968 observou-se um movimento de formação de conglomerados financeiros médios e grandes na economia brasileira. Evidenciou-se, a partir dessa data, uma reversão na tendência de se criarem instituições especializadas, imediatamente anteriores. conforme era a característica dos anos 31 Esse movimento foi conseqüência dos efeitos da política econômica do PEG (Programa de Ação Econômica de Governo) quando a taxa de inflação, situada em torno de 100% em 1964, passou para cerca de 35% em 1967. Com a queda na taxa de inflação, muitos bancos se tornaram deficitários, devido à perda de imposto inflacionário, o que provocou sua absorção por outras empresas bancárias superavitárias, dentro de um processo de fusões e incorporações. A ação das autoridades monetárias foi a de facilitar o processo de fusões e incorporações, uma vez que limitaram a concessão de cartas-patentes para a abertura de novos bancos e agências, o que condicionou o tamanho da rede bancária. Entretanto, elas permitiram que os bancos existentes pudessem transacionar cartas-patentes entre si, uma vez que entendiam que o sistema bancário naquela ocasião deveria contar com empresas de maior porte e, portanto, com menores custos administrativos. Como conseqüência desse conjunto de fatores observou-se, ao longo do período 1968-1974, uma diminuição gradativa do número de bancos, passando de 338 (1960) para 216 (1968), 155 (1971) e 109 (1974). Hoje há cerca de 240 bancos entre comerciais e múltiplos. Criação e Regulamentação dos Bancos Múltiplos (1988) Através da Constituição de 1988 procurou-se promover a concorrência no setor financeiro, visando facilitar a entrada de novas instituições nessa área. Foi dado um prazo de cinco anos para que todas as instituições existentes pudessem se reorganizar e para que se transformassem em bancos múltiplos. O Conselho Monetário Nacional regulamentou a matéria, e o Banco Central do Brasil resolveu, através da Resolução 2.099, de 20-8-1994, que o banco múltiplo deverá constituir-se com, no mínimo, duas das seguintes carteiras, sendo uma delas obrigatoriamente comercial ou de investimento: I – comercial; II – de investimento e/ou desenvolvimento, a última exclusiva para 32 bancos oficiais; III – de crédito imobiliário; IV – de crédito, financiamento e investimento; V – de arrendamento mercantil. 2.2 SETOR FINANCEIRO BRASILEIRO ATUAL O setor financeiro brasileiro é atingido em 1999 pelo impacto da desvalorização cambial, ocorrida em janeiro. No final de 1998, após a declaração da moratória russa, a expectativa era de que o Brasil seria a bola da vez da crise financeira mundial. Um primeiro alarme surge em dezembro, com o anúncio do empréstimo do Fundo Monetário Internacional (FMI). Apesar do lançamento do Programa de Estabilização Fiscal, em outubro desse mesmo ano, o mercado estava tenso e o capital estrangeiro de curto prazo passou a sair de forma intensa do país. Em janeiro de 1999, a perda acentuada de reservas monetárias internacionais provoca o rompimento da política de bandas cambiais (flutuação da taxa de câmbio dentro de um intervalo prefixado), adotada desde 1995. Com a desvalorização da moeda, o preço do dólar – que estava em torno de 1,20 real – chega a atingir 2,20 reais. Muitos bancos têm grande prejuízo, pois apostaram na conservação da taxa de câmbio e assumiram compromissos de venda futura de dólares. Por outro lado, instituições financeiras que acreditaram na desvalorização cambial obtêm lucros. Em abril, o Congresso Nacional instala a comissão parlamentar de inquérito (CPI) que investiga o sistema financeiro. A CPI apura a responsabilidade do Banco Central (BC) no socorro aos bancos FonteCidam e Marka, que adquiriram dólares abaixo da cotação do dia após a desvalorização do real. Em novembro, a CPI encerra seus trabalhos e pede que o Ministério Público investigue o BC. Com a desvalorização do real, os papéis brasileiros (ações, títulos de dívida privada ou pública) ficam mais baratos. Assim, o investidor estrangeiro tem incentivo para adquirir papéis de empresas brasileiras, pois com a mesma 33 quantia de dólares consegue comprar um volume maior. Dessa forma, a saída de capital estrangeiro aos poucos diminui. A entrada de novos capitais em 1999, no entanto, não alcança os níveis dos anos anteriores. A redução da taxa de juros, a partir de abril de 1999, e a incerteza quanto ao desempenho da economia brasileira são os principais fatores relacionados à menor atração do capital estrangeiro de curto prazo. Por outro lado, a queda das taxas de juros básicas força um lento processo de diminuição da taxa de juros do tomador final (consumidores que buscam financiamento, empresas que necessitam de empréstimos, entre outros), ainda muito elevadas – enquanto a taxa de juros básica, à qual os bancos têm acesso, gira em torno de 20% ao ano, a taxa de juros sobre o cheque especial, por exemplo, é de 10% ao mês. 2.2.1BOLSA DE VALORES A bolsa de valores é o termômetro da atividade econômica e das expectativas sobre o desempenho da economia. O menor volume de negócios de 1999 é registrado em janeiro, quando a desvalorização cambial põe em dúvida a capacidade de o Brasil superar a crise e cumprir seus compromissos. O Índice Bovespa, que mede o rendimento de uma carteira flutuante (conjunto de ações mais negociadas) na Bolsa de Valores de São Paulo, alcança seu menor valor, 5.057 pontos, em 14 de janeiro, auge da crise cambial. Em abril, quando o desempenho da economia brasileira se mostra superior ao esperado, o mercado reverte suas expectativas. Os negócios na bolsa aumentam e os investidores estrangeiros voltam a comprar ações brasileiras. Até o início de novembro, a maior alta do ano ocorre no dia 8 desse mês, de 12.960 pontos. A alta acumulada de janeiro a outubro de 1999 é de 67,95%. Assim, quem investiu na bolsa durante esse período teve crescimento de patrimônio. 34 2.2.2 CONCENTRAÇÃO BANCÁRIA A participação do setor financeiro no produto interno bruto (PIB) brasileiro é de 5,5% em 1998, índice pouco menor que o registrado em 1997 (5,6%). Alteração bem maior ocorre após a implantação do Plano Real, em 1994, quando a parcela do setor no PIB cai de 12,4% para 6,9% em 1995. A queda acentuada se justifica pela redução da inflação. Se ela é alta, o dinheiro se desvaloriza rapidamente. A moeda, emitida com determinado potencial de compra, vai perdendo esse poder gradativamente ao circular na economia. O imposto inflacionário é a diferença entre o valor de emissão da moeda e seu valor efetivo no momento em que circula. O governo, que emite dinheiro, e os bancos, que fazem a conexão entre esse e a sociedade, apropriam-se do imposto inflacionário. Com a diminuição da inflação, os bancos perdem essa fonte de receita e sua participação na economia se reduz. A inflação crônica verificada no Brasil até 1994 distorceu o funcionamento do sistema financeiro, levando-o a se desviar de sua atribuição básica, a intermediação financeira – captar dinheiro de poupadores e repassá-lo à sociedade por meio de empréstimos. A recente concentração bancária se expressa na diminuição do número de bancos comerciais que operam no país – de 246 instituições em 1994 para 224 em setembro de 1999 – e nas fusões do setor, 53 entre julho de 1995 e outubro de 1999. A internacionalização do setor financeiro é outra característica recente. Em quatro anos, triplica a participação dos bancos estrangeiros no total de ativos do sistema financeiro nacional: de 5,5% em 1994 para 16,4% em 1998. Várias instituições internacionais adquirem bancos brasileiros. Destacam-se a compra do Bamerindus pelo britânico Hong Kong & Shangai Banking Corporation (HSBC); do Noroeste e do Banco Geral do Comércio pelo espanhol Santander; do Banco Real pelo holandês ABN-Amro 2.3 FUNDOS DE INVESTIMENTO 35 Os fundos de investimento tornaram-se conhecidos por proporcionar uma forma simples de investir no mercado financeiro. Independentemente do valor investido, os investidores recebem o mesmo tratamento, ganhos, subsídios e, sobretudo, a mesma assistência conferida à administração de uma carteira com maior aplicação, investir em fundos significa ter acesso aos vários mercados, poder diversificar e contar com um gerenciamento profissional. Observa-se ainda que os estabelecimentos que operam nesse nicho de mercado têm equipes de profissionais especializados, que conduzem as carteiras de investimento dos fundos empregando os melhores períodos para comprar ou vender os títulos que os compõem. 2.3.1 Conceito Fundo de investimento é uma modalidade de aplicação financeira que se distinguir como um condomínio (grupo) de investidores, através da obtenção de cotas de aplicações abertas e solidárias, que representam o patrimônio do fundo. No Art. 1º do Regulamento anexo à Circular Normativa no 2.616, de 18/09/95, do Banco Central do Brasil, apresenta-se o conceito de fundo de investimento: Art 1º. O fundo de investimento financeiro (FIF), constituído sob a forma de condomínio aberto, é uma comunhão de recursos destinados a aplicação em carteira diversificada de ativos financeiros e demais modalidades operacionais disponíveis no âmbito do mercado financeiro, observadas as limitações previstas neste regulamento e na regulamentação em vigor. 2.3.2 Histórico 36 Os fundos de investimento são uma das opções mais importantes, apesar de seu histórico ser recente no Brasil, existindo há pouco mais de 40 anos. No mundo, a história dos fundos é mais antiga. Segundo Toledo Filho, é muito complexo saber exatamente o período em que várias pessoas se integraram para compor uma carteira de investimento. O primeiro fundo registrado com essa denominação teve sua origem na Bélgica, em 1822. Após seu avanço na Europa, especialmente na Inglaterra, atingiu aos Estados Unidos. O primeiro fundo de investimento, no Brasil, formou-se em 1957, com a criação do Fundo Crescinco, que, até o início dos anos 70, era o maior fundo brasileiro”. Esse fundo foi, primeiramente, dirigido pela Deltec e foi depois conduzido pelo Unibanco. Outros fundos apareceram, como o Condomínio Deltec, em 1961, o segundo na escala com maior seriedade . Em 1965, a Lei nº 4.728, de Mercado de Capitais abordou esta modalidade de investimento, mas, apenas, em 1970, surgiu regulamentação mais especial, por meio da Resolução nº 145, de 14 de abril de 1970. Esta resolução determinou que fundos de investimento são condomínios que agrupam recursos de múltiplos investidores, por meio da emissão de títulos próprios, com o fim de contrair, em grupo, ativos individuais, de modo a conseguir benefício com essa união, sendo que cada participador capta um certo número de quotas que corresponde a uma fração ajustada ao bem do fundo. Em trabalho na década de 60, foram instituídos inúmeros fundos, atingindo, em 1969, a 43 e em 1971, a 121 fundos. De 1972 até metade de 1981, os fundos mútuos entraram em etapa de contração. Com o desenvolvimento dos fundos de renda fixa a partir de meados de 1981, essa indústria entra em uma nova fase de expansão. 2.3.3 Indicadores sócios Ambientais 37 Os indicadores sócio-ambientais, como é o caso do Índice Dow Jones de Sustentabilidade, criado em 1999 com escopo de premiar as empresas que procuram incorporar desenvolvimento com eco-eficiência e responsabilidade social e a idéia de ratings sócio-ambientais pelas instituições financeiras com a finalidade de avaliar empréstimos e financiamentos, são atos que começam a agrupar os riscos sociais e ambientais no mercado de capitais e de créditos. Segundo Lima, a respeito da posição das instituições financeiras frente aos aspectos ambientais considera-se relevante: A evidenciação da variável ambiental em cada um dos elementos de análise é fundamental, essencialmente, nos casos em que o candidato a devedor de um banco desenvolva atividades que sejam consideradas potencialmente poluentes. Os fundos de investimento também se adaptaram a esse contexto. Os chamados Fundos de Investimentos Socialmente Responsáveis foram criados para atender investidores que consideram o risco sócio-ambiental relevante e “nos quais os critérios sociais, ambientais e de governança corporativa são aplicados no processo de seleção dos melhores papéis” (MAY). O Investimento Socialmente Responsável é aquele que considera, além dos resultados financeiros para o investidor, considerações ambientais, práticas de responsabilidade social e padrões éticos para selecionar as empresas participantes dos fundos de investimento. Os fundos que investem em empresas desta natureza também são conhecidos como ‘fundos éticos’ ou ‘fundos verdes’. Nos Estados Unidos eles são bastante representativos e segundo Lima, eles “existem há mais de duas décadas, os ”Socially Responsible Funds", ou fundos socialmente responsáveis, já movimentam o equivalente a US$ 3 trilhões”. No Brasil, os aspectos sócio-ambientais são uma tendência e uma prática em maturação no mercado financeiro, assim, o país conta apenas com 38 dois fundos SRI, o “Fundo Ethical” do Banco Real ABN AMRO e o “Fundo Itaú Excelência Social”, do Banco Itaú. È importante ressaltar que as instituições financeiras têm adicionado as ementas das exigências para diagnóstico e permissão de crédito dois novos documentos para somar as garantias de continuidade de seus clientes e, conseqüentemente, aprimorar as condições de estes honrarem os seus compromissos bancários: o EIA – Estudo de Impacto Ambiental e o RIMA – Relatório de Impacto ao Meio Ambiente. CAPÍTULO III 39 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E GESTÃO AMBIENTAL De nada representa ter desenvolvimento econômico, sem desenvolvimento social. Do mesmo modo de nada adianta os dois, sem que se tenha um ambiente benéfico, ecologicamente compensador. Este é o novo padrão: Desenvolvimento Sustentável – um modelo de desenvolvimento que consinta à sociedade e a distribuição dos seus benefícios econômico-sociais, enquanto se der garantias de qualidade ambiental para as gerações presentes e futuras. No mês de junho em 1972, foi realizada a Conferência de Estocolmo, sendo avaliada como um limite do meio ambiente global. Essa primeira conferência sugeriu um plano de ação contra os inúmeros tipos de poluição e proteção do meio ambiente da biodiversidade. Almejava ampliar ações contra o subdesenvolvimento por meio da transferência de recursos técnicos e financeiros para países em desenvolvimento. Em Estocolmo surgiu a ecologia política em grandeza internacional, além disso, universitários, representantes de agremiações de amparo da natureza e cientistas confirmaram as ameaças de um desenvolvimento exacerbado, que aniquila a fauna, a flora e os homens, e intitularam a palavra de ordem: “Uma única Terra, um único povo” conforme palavras de Mota. A conceituação de Desenvolvimento Sustentável tem três vertentes fundamentais: desenvolvimento econômico, justiça social e equilíbrio ecológico. Leva a um espírito de responsabilidade igualitária, como processo de transformação no qual a exploração de recursos materiais, os investimentos financeiros e as rotas do desenvolvimento tecnológico deverão contrair sentidos harmoniosos. Nessa direção, o desenvolvimento da tecnologia deverá ser dirigido para desígnio e equilíbrio com a natureza e de aumento da competência de inovação dos países em desenvolvimento. 40 Segundo Andrade, o Desenvolvimento Sustentável é um procedimento de mutação no qual o uso de recursos, as políticas econômicas, a dinâmica populacional e os arcabouços institucionais estão em consonância e reforçam a potencialidade vigente e futura para o progresso humano. E além das questões ambientais, tecnológicas e econômicas, o Desenvolvimento Sustentável abarca um tamanho cultural e político que vai estabelecer a participação democrática de todos, na tomada de decisões para as mudanças imprescindíveis. Em razão das cobranças da sociedade, feitas por parte das empresas de um posicionamento mais responsável, com objetivo de diminuir a diferença constatada entre as conseqüências econômicas e sociais, bem como da apreensão ecológica, que tem recebido evidência significativa, e para a qualidade de vida das populações, tem-se exigido das empresas um novo enfoque em sua interação com a natureza. A consciência ecológica no Brasil está concedendo espaço para o desenvolvimento de novos produtos, e novas chances de empreendimentos e do mesmo modo mercados de trabalho, não somente nas áreas industriais, mas também no setor de serviços. Assim, é necessária uma integração do homem com o meio ambiente. Percorrendo caminhos onde a tecnologia consinta a ocupação de fontes renováveis, não poluentes, diversificados e descentralizados, poupando os ciclos biológicos da natureza e beneficiando a ampliação democrática global. Compreende-se por gestão ambiental o método sucessivo e adaptativo, por meio do qual uma empresa resolve e redefine seus desígnios e finalidades referentes ao amparo do ambiente e da saúde e segurança de seus empregados, clientes e comunidade, de tal modo como escolhe as estratégias e meios para apreender tais objetivos em resolvido período de tempo, por meio da imutável influência mútua com o meio externo. 41 A Gestão Ambiental não é uma consideração nova nem uma obrigação nova. A humanidade sempre apresentou interação responsável com o meio ambiente ou assumiu as implicações. Na Idade Medieval, as agressões da humanidade versus o meio ambiente causaram uma série de apuros que primeiro alertaram a sociedade a respeito da seriedade de se adolescer uma convivência amigável com o ambiente. Segundo Dias, atualmente o modelo de desenvolvimento econômico em vigência na maior parte dos países está associado inteiramente ao crescimento industrial e ao avanço de degradação ambiental. A intensificação na operação de certas seções de atividades, como química, petroquímica, metal mecânica, madeira, papel e celulose, material de transportes e minerais, todos com uma intensa carga de impactos sobre o meio ambiente agrupando padrões tecnológicos avançados para a base nacional, mas ultrapassados no que se refere à relação com o meio ambiente. Mas adiante o mesmo autor leciona que: Na medida em que se transforma a economia dos serviços de depósitos de resíduos, a reciclagem e a recuperação tendem a ficar cada dia mais lucrativo”. Os futuros programas de manejo de resíduos devem aproveitar ao máximo a abordagem do controle das mesmas baseadas no rendimento dos recursos. Essas atividades devem realizar-se em conjunto com programas de educação do público. É importante uma identificação dos mercados para os produtos procedentes de materiais reaproveitados ao elaborar programas de reutilização e reciclagem 3.1 SISTEMAS DE GERENCIA AMBIENTAL E A ISO 14000 42 Sabe-se que a ISO 14000, orienta a estabilização e a unificação dos critérios a nível internacional para a criação dos sistemas gerencia ambiental e a realização de auditorias ambientais em uma empresa ou indústria. Já o sistema definido pelas normas ISO 14000 é uma emenda eficaz de melhoria na gestão total da empresa, já que exige o compromisso da gerência e de todas as áreas da empresa, por tanto, o sistema em geral melhora e se aperfeiçoa a medida das exigências legais. Neste contexto Mota relata que: A crescente preocupação com a conservação do meio ambiente esta gerando grande demanda por acesso seguro e atualizado de informações ambientais. Sistemas de informações ambientais s.ao uma resposta a esta demanda. Eles visam o gerenciamento de dados sobre o meio ambiente, incluindo informações sobre o solo, a água, o ar e sobre as diversas espécies de animais e plantas existentes”. 3.1.1 ISO 14000 A ISO (Internacional Organization for Standardization) iniciou o desenvolvimento da série de regras voluntárias sobre Sistemas de Gestão Ambiental em 1991. Entretanto as primeiras regras da série 14000 só foram oficializadas em 1996, buscando colocar diretrizes para o Sistema de Gestão Ambiental nas várias atividades econômicas, que possam danificar o meio ambiente, e para a análise e convencimento destes sistemas, com metodologias invariáveis e com assentimento internacional. A série ISO 14000 foi idealizada por um grupo especialista empregado pela Organização Internacional de Normalização, determinando os subsídios de um Sistema de Gestão Ambiental, a consultoria de um Sistema de Gestão Ambiental, a análise da atuação ambiental, a rotulação ambiental e a avaliação do ciclo de vida. 43 A série ISO 14000 é um conjunto de normas e diretrizes espontâneas, tendo determinadas prerrogativas mencionadas, como: • Abreviar as agitações entre agências reguladoras e indústrias; • Tende a animar as empresas a se submergir mais com os programas de ampliação ambiental; • A essência espontânea, questionadora e empreendedora é, comumente, um fator expressivo ao se começar o processo de alteração, e mais bem recebidas, porque, as indústrias envolvem-se em sua inspiração; são adolescidas internacional; numa podem atmosfera ser consensual; abrigadas promovem vastamente por acordo todos os possuidores e interesses; são preparadas por indivíduos altamente adequados em suas áreas peculiares, em todo o globo e possuem embasamento comum, independente de filiações. 3.1.2 A série ISO 14000 A série ISO 14000 de regras sobre a Gestão Ambiental dividiu-se em seis grupos: • Sistemas de gestão ambiental: ISO 14001 e 14004; • Auditoria ambiental: ISO 14010, 14011, 14012 e 1401; • Rotulação ambiental: ISO 14020, 14024, 14025, onde a ISSO 14021, 14022, • 14023; Análise e atuação ambiental: ISO 14031 e 14032; 44 • Análise de ciclo de vida: ISO 14040, 14041, 14042 e14043; • Aproveitamentos comuns: ISO 14050 e 14061. Diversos padrões ISO: • Padrão normativo: menciona as condições passíveis de auditoria, que necessitam ser atestadas para a persuasão; • Padrão informativo: estes modelos só indicam, não são determinantes para a certificação. A ISO 14001 é a exclusiva norma para o Sistema de Gestão Ambiental. Entretanto por outro lado, a ISO 14004 é uma norma instrutiva que encaminha a ISO 14001. Constituindo igualmente a ISO 14004 é de ampla ajuda para as empresas com insuficiente ou nenhum conhecimento com Sistema de Gestão Ambiental. 3.1.3 ISO 14001 A ISO 14001 tem por desígnio fornecer às empresas os subsídios de um Sistema de Gestão Ambiental dinâmico, passível de consistência com os demais escopos da empresa. Sua percepção foi arquitetada de maneira a cultivar a todos os tipos e partes de empresa, independentemente de suas espécies geográficas, culturais e socais. A ISO 14001 não produz níveis, valores ou crítica de desempenho, admitindo que cada empresa coloque seus adequados objetivos e desígnios de desempenho, levando em importância os requisitos reguladores pátrios e regionais. 45 3.2 VALORAÇÃO ECONÔMICA A valoração econômica do meio ambiente constitui-se em um conjunto de métodos e técnicas que buscam estimar valores para os ativos ambientais, para os serviços prestados pela natureza, bem como para os impactos ambientais decorrentes das ações antrópicas. De acordo com Sekiguchi, as técnicas de valoração sócio-econômica dos danos ambientais constituem instrumentais analíticos desenvolvidos por algumas áreas da teoria econômica que se relacionam com a utilização de recursos naturais e o consumo de insumos energéticos, assim como com áreas relacionadas à economia da poluição. 3.2.1 Importância da valoração econômica do meio ambiente O processo de crescimento da economia deve ser orientado em favor do homem. O homem deve estar em primeiro plano na orientação da economia de crescimento. As pesquisas ambientais demonstram que as premissas da ideologia do crescimento são equivocadas, uma vez que não é possível uma economia de crescimento ilimitado num planeta finito de recursos limitados. Não existe um estoque infinito de matéria-prima para alimentar por tempo indeterminado o atual ritmo da produção. Os recursos renováveis não têm poder para se auto-reproduzir na velocidade exigida pela lógica do crescimento acelerado. O meio ambiente não tem capacidade para absorção indefinida dos detritos gerados pelas indústrias (resíduos líquidos, sólidos e gasosos). Essas contradições básicas fazem com que o modelo não seja sustentado a longo prazo conduzindo a um relapso ecológico. Não se pode esquecer de que os serviços prestados pelo meio ambiente são imprescindíveis à manutenção da vida e ao funcionamento da economia; e que a maioria dos ativos ambientais não tem substituto. Por isso, quando 46 cientistas afirmam que os PIBs levantados pelos países são equivocados, muda-se a concepção de riqueza/lucro. Pois, como ressalta Donaire, quanto mais exauridas as reservas de recursos naturais, maior será o crescimento do PIB; porém não levando em conta as perdas de ativos não-produzidos decorrentes do processo de exaustão, nem as degradações ambientais decorrentes das explorações de tais recursos. Sanvicente e sua equipe de 13 pesquisadores da Universidade de Maryland chegaram à conclusão de que os serviços ambientais prestados pelos 16 biomas pesquisados tinham um valor médio de US$ 33 trilhões anuais, enquanto que o PIB global somava cerca de US$ 18 trilhões (comparações em 1998), ou seja, os serviços ambientais tinham quase o dobro do valor do PIB, isso sem considerar alguns biomas extremamente importantes que não foram considerados na pesquisa como é o caso do cerrado do Brasil. A inexistência de preços específicos e aplicáveis para os serviços ambientais leva-nos a um gravíssimo problema: o uso excessivo e desordenado dos recursos naturais. O fato dos bens e serviços ambientais não serem objetos de transação em mercados, ou quantificados adequadamente, em comparação com serviços econômicos tradicionais e com capital manufaturado, faz com que eles tenham pouco peso nas decisões políticas. Essa negligência pode ter como conseqüência, o comprometimento da sustentabilidade da vida na Terra, pois como já mencionado, os Ativos Ambientais não têm substitutos. Diante dessa grave realidade, estudiosos do “novo” campo de conhecimento, “economia ecológica”, pesquisam sobre valores mais consistentes e concretos, os quais são necessários para evitar decisões econômicas que contrariem o princípio do desenvolvimento sustentável. Para Donaire, é imprescindível estimar os custos de oportunidade de exploração das riquezas ambientais para evitar os “erros dispendiosos” 47 cometidos no passado, principalmente pelos países industrializados, reduzindo antecipadamente os custos sociais totais ao invés de adotar medidas corretivas posteriores. A valoração econômica ambiental pode ser extremamente útil para auxiliar políticas que tenham a finalidade de evitar a exploração excessiva dos recursos naturais, renováveis ou não, ajudando na determinação de taxas e tarifas ambientais e na avaliação de custos e benefícios de projetos envolvendo a área ambiental bem como fornecer subsídios ao poder público nas ações de reparações por danos ambientais. 3.2.2 A moldura teórica da valoração ambiental A Economia dos Recursos Naturais está fundamentada na Teoria Econômica Neoclássica, a qual incorpora métodos e técnicas de valoração que buscam integrar as dimensões ambientais, econômicas e sociais, visando atribuir valores econômicos associados a recuperação, preservação e conservação da diversidade biológica. Portanto, a base para as técnicas de valoração ambiental encontra-se na teoria neoclássica, economia do bem-estar; que tem como uma das características mais importantes de acordo com Blaug “a tentativa de derivar todo o comportamento econômico a partir da ação de indivíduos em busca da maximização de suas vantagens, sujeitos aos obstáculos da tecnologia e das alocações”. Dias, afirma que a economia ambiental neoclássica evoluiu em dois rumos independentes: a) teoria da poluição – que utiliza modelos de equilíbrio parcial para analisar a problemática ambiental; e b) teoria dos recursos naturais – com tratamentos teóricos particulares para recursos naturais renováveis e não-renováveis. Ressalta ainda que, mesmo com os artifícios sofisticados, os métodos de valoração ambiental ainda permanecem com 48 muitos problemas, a maioria decorrente da complexidade das inter-relações entre a economia e o meio ambiente, principalmente pela insistência da teoria neoclássica em mensurar tudo em termos monetários. Alguns autores (Motta e Andrade) afirmam que, em geral, os métodos de valoração ambiental levam em conta os valores que as pessoas atribuem aos recursos ambientais com base em suas preferências individuais pela preservação, conservação, recuperação e utilização desse bem ou serviço. Os pesquisadores iniciam o processo de mensuração dos serviços ambientais fazendo a distinção entre: a) valor de uso – é o valor derivado do uso do ambiente como recurso para promover o bem-estar da sociedade; e b) valor de não-uso, também conhecido como valor intrínseco, ou valor de existência – reflete o valor que existe nos recursos ambientais independentemente de uma relação com os seres humanos, ou seja, independe de uso efetivo no presente ou no futuro. A partir desses conceitos, surgem então novas especificações. O valor de uso é subdividido em três: a) valor de uso propriamente dito; b) valor de opção, o qual refere-se ao valor da disponibilidade do recurso ambiental para o futuro; e c) valor de quase-opção, que representa o valor de reter as opções de uso futuro do recurso devido às expectativas crescentes de conhecimento específico, técnico, econômico ou social sobre as possibilidades futuras do recurso ambiental sob investigação. De acordo com os textos pesquisados, o Valor Econômico Total do meio ambiente (VET), encontrado através da fórmula: VET= valor de uso + valor de opção + valor de quase-opção + valor de existência, não pode ser integralmente revelado por relações de mercado, pois muitos de seus componentes não são comercializados no mercado e os preços dos bens não refletem o verdadeiro valor da totalidade dos recursos usados na sua produção. 49 3.2.3Limitações da valoração ambiental As Técnicas de Valoração Ambiental e as Noções de Contabilidade Ambiental têm uma gama diferenciada de problemas nos quais seus conceitos podem ser aplicados. Esses problemas vão dos mais amplos e gerais, tais como, estimar valores dos danos ambientais causados pela emissão de gases que provocam o “efeito-estufa”, até problemas mais específicos, como os danos causados por um empreendimento turístico. Para Sekiguchi, o emprego das técnicas de valoração ambiental bem como das noções de contabilidade ambiental vem sendo cada vez mais difundido, porém, apesar do reconhecimento das várias limitações de muitos desses estudos e análises, pouco se tem procurado analisar de maneira mais crítica e setorizada (do ponto de vista do atendimento aos diferentes interesses dos vários setores de uma sociedade), os potenciais benefícios ou impactos dos mesmos sobre diversas aspirações de cada setor da sociedade. Os principais setores que se utilizam dessas Técnicas de Valoração Ambiental e Contabilidade Ambiental são: governo, sociedade civil organizada e o setor privado com ênfase na responsabilidade social das empresas. Praticamente cada um desses setores enfoca diferenciadamente o potencial de interesses com relação ao desenvolvimento dos instrumentos de contabilidade e/ou valoração econômica de danos ambientais; levando em consideração que a forma como essas técnicas vem sendo elaboradas, utilizadas e difundidas tendem a favorecer a determinados interesses. Para que se possam utilizar esses estudos de maneira mais transparente e eficaz, é necessário revê-los e adaptá-los no sentido de servirem como instrumento para a construção de uma sociedade sustentável, que siga os princípios de eqüidade, transparência e fraternidade, tendo em mente que os benefícios gerados pelos recursos naturais são de todos, inclusive de gerações futuras. 50 Em vários países, pesquisadores estudam sobre a mensuração dos ativos ambientais e dos serviços prestados pela natureza. Um dos estudos mais divulgados foi o de Roberto Contanza e sua equipe que admitiram que há várias limitações ao tentar estimar o valor total dos serviços ambientais. Tais limitações foram destacadas por MAIOR: a) Várias categorias de serviços ambientais ficam de fora, já que não são ainda adequadamente pesquisadas. Vários biomas não foram ainda objetos de estudos de valoração de bens e serviços ambientais, exemplo disso, é o cerrado cujos estudos de valoração ambiental ainda são bastante recentes e não foram considerados; b) A maioria dos valores encontrados está baseada em levantamentos da “disposição a pagar” da sociedade por serviços ambientais, tendo como risco que os entrevistados podem estar desinformados sobre a importância dos bens e serviços ambientais, e assim, suas preferências não considerarem preocupações sociais, ambientais e econômicas; podendo resultar em valores inconsistentes. A tentativa de se dar valor a “coisas” não mensuráveis ou intangíveis como: a vida humana, a vida de um animal silvestre, a beleza de uma cachoeira gera bastante polêmica na sociedade; pois, alguns argumentam que é preciso preservar os ecossistemas por razões puramente morais, não lhes cabendo atribuir nenhum tipo de valor econômico. De acordo com Norton, alguns argumentam que não podemos atribuir valores econômicos a intangíveis como a vida humana, a estética ambiental ou benefícios ecológicos a longo prazo. Na verdade, nós o fazemos todo dia. Quando estabelecemos padrões construtivos para estradas, pontes e tudo o mais, estamos atribuindo um valor à vida humana conscientemente ou não. A fim de preservar nosso capital natural, precisamos encarar essas opções e avaliações – muitas vezes difíceis – de forma direta, ao invés de negarmos sua existência. 51 Na realidade, a sociedade tem que fazer opções, pois, nem tudo pode ser mantido intacto (se não, teríamos que morar em cavernas e vivermos da caça, já que uma simples construção de uma casa já ocasiona mudanças no ambiente). O essencial é optar pela forma de intervenção que proporcione o melhor custo/benefício. E é nesse contexto que a Valoração dos Bens e Serviços Ambientais torna-se imprescindível. O uso das técnicas de Valoração Ambiental para estudos e avaliações de políticas públicas mostra-se promissor, entretanto, Nogueira; Medeiros e Arruda, destacam duas razões para que se moderem as expectativas: a primeira é que, em geral, a Valoração Ambiental é o “último passo” na análise do empreendimento; e a segunda é a “imperfeição” de imputar valores monetários a bens e serviços não transacionados em mercado com métodos empíricos e conceitos disponíveis. Outra observação fundamental desses autores é que existem aspectos da qualidade ambiental e ecossistemas que são importantes para sociedade, mas que não podem ser prontamente valorados em termos econômicos. Para Lima; Guerra e Dutra, a discussão da complexidade da avaliação econômica dos danos ambientais também objetiva mostrar que uma avaliação precisa, detalhada, abrangente e integrada de todos os fenômenos naturais não é uma tarefa para poucos, nem de curto prazo, e sim uma tarefa para muitas gerações, envolvendo uma multidiversidade de critérios. Contudo, sua grandiosidade não deve desmotivar os trabalhos individuais dos pesquisadores do mundo todo, os quais abrem caminhos para a obtenção de uma avaliação mais consistente e realista dos impactos ambientais. As técnicas de Valoração Ambiental fornecem estimativas aproximadas de valores referentes aos bens e serviços prestados pela natureza, e dos impactos ambientais decorrentes das ações antrópicas, porém são de extrema importância, pois, mais do que requintes e precisões de ordem teórica, o meio 52 ambiente demanda decisões para a sua preservação e para a aproximação do equilíbrio entre as necessidades humanas e a conservação ambiental. 3.3 MÉTODOS DE VALORAÇÃO AMBIENTAL Os métodos de valoração ambiental são instrumentos analíticos que contribuem para uma técnica de avaliação de projetos mais abrangentes: a análise custo benefício – ACB, a qual traça um paralelo entre os custos de uma atividade qualquer, com os benefícios que essa mesma atividade proverá. Sanvicente, diz que as técnicas de valoração econômica ambiental buscam medir as preferências das pessoas por um recurso ou serviço ambiental e, portanto, o que está recebendo “valor” não é o meio ambiente ou o recurso ambiental, mas as preferências das pessoas em relação à mudança de qualidade ou quantidade ofertada do recurso ambiental ... Segundo Donaire, originalmente, a análise custo-benefício foi desenvolvida para tratar da avaliação de projetos relacionados com recursos hídricos para aproveitamento energético nos Estados Unidos. Com a redução da taxa de construção de barragens, o instrumental desenvolvido começou a ser aplicado a outros problemas. Daí em diante, começou a surgir os primeiros métodos de valoração econômica: método de custo de viagem (MCV), método de preço hedônico (MPH) e método de valoração contingente (MVC). As aplicações se expandiram de recreação ao ar livre (outdoor recreation) para bens públicos tais como vida selvagem, qualidade do ar, saúde humana e estética (...). Isso foi particularmente intenso nos anos 1970 e 1980.” Desde então a pesquisa nessa área tem se expandido bastante e atingido até questões éticas e religiosas interessantes. Conforme os autores referenciados acima, os primórdios da idéia de avaliar projetos por meio da comparação entre custos e benefícios datam de 53 1808, com a recomendação de Albert Gallatin, Secretário do Tesouro dos EUA, para estudar o caso dos transportes. Mas foi somente em 1936 que a técnica de análise custo-benefício foi desenvolvida em resposta a exigências legais do Governo Federal dos Estados Unidos que a estabeleceu como instrumento de avaliação de projetos que se utilizavam de recursos hídricos. Nesse sentido, o papel do governo americano foi fundamental ao estabelecer em lei, a partir de 1969, a obrigatoriedade da aplicação da ACB para as novas regulações, dando impulso decisivo no desenvolvimento da técnica. 3.3.1 Principais métodos de valoração de bens e serviços ambientais Não existe uma classificação universalmente aceita sobre as técnicas de valoração econômica ambiental. Os métodos mais utilizados são: Método de Valoração Contigente (MVC); Método de Custos de Viagem (MCV); Método de Preços Hedônicos (MPH); Método Dose-Resposta (MDR); Método Custo de Reposição (MCR) e Método de Custo Evitado (MCE). De acordo com Lima, citam princípios e modelos que vêm sendo postos em prática em áreas relativas às questões ambientais: • Princípio do Poluidor-Pagador/PPP– prevê uma taxação sobre os poluidores, proporcional ao custo da poluição gerada por eles. Tem como intenção tornar visível o custo do dano ambiental ao poluidor e, dessa forma, diminuir a geração de poluentes. Para Cánepa, a inciatividade (moderação no uso do recurso ambiental, racionando-o entre as diversas utilizações) é a principal função do PPP. Porém, tal princípio pode exercer uma segunda função, a de financiamento à recuperação e melhoria qualitativa e quantitativa do corpo receptor. • 54 Modelo da Disposição-a-Pagar – basicamente, busca descobrir o quanto as pessoas estariam dispostas a pagar para não deixar de poder usufruir um determinado recurso natural. É um dos chamados métodos de contingência. -Modelo da Disposição-a-Receber – busca descobrir o quanto as pessoas exigiriam receber em troca da perda de um determinado bem ambiental, ou seja, por quanto “venderiam” aquele recurso natural. • Modelo de Custo-de-Viagem – modelo apropriado para a valoração de lugares com fins recreacionais. Relaciona o custo para se alcançar um determinado lugar com a disposição das pessoas de pagarem pela conservação do mesmo. • Modelo de Valoração Mercantil – procura estabelecer o valor econômico de um lugar pela avaliação dos preços de mercado de cada uma de suas partes constituintes. Por exemplo, no caso de uma reserva florestal, seleciona todos os bens existentes naquela floresta que possuem valor de mercado, quantifica-os buscando seus respectivos preços. Uma floresta tem madeira, plantas ornamentais, animais, etc. O somatório de todos esses valores constitui um valor mínimo para o lugar. • Modelo do Preço Hedônico – é um método indireto e estatístico que busca valorar um recurso pelo relacionamento de um dos seus atributos (por exemplo, belas paisagens) com o preço da terra ou do trabalho. A partir de diferenças nos preços entre bens semelhantes, pode-se inferir estatisticamente o preço de um atributo presente em um deles e ausente em outro. Por exemplo, a diferença entre o preço de uma fazenda com uma exuberante cachoeira e o preço de outra fazenda na mesma região e com a mesma área, sem a mesma cachoeira pode nos conduzir a um valor para a cachoeira. • Modelo de Avaliação Direta – para que esse modelo seja experimentado é preciso uma situação real na qual a resposta do público seja avaliada 55 e transformada em valor. Por exemplo, o estabelecimento de uma taxa de cobrança para verificar se o público de uma localidade pagaria a taxa para visitar um patrimônio natural. • Títulos de Poluição Ambiental – o órgão regulador do meio ambiente estabelece um limite para determinados poluentes numa região. Emite Títulos que seriam correspondentes, no seu conjunto, ao máximo de poluição permitida naquela região, derivados de estudos de avaliação da capacidade de suporte para aqueles poluentes. Esses Títulos de poluição são negociados em bolsas de valores. Uma indústria para começar suas operações adquire algumas “ações” de poluição. Quando muda sua tecnologia para menos poluente, poderá vender suas referidas ações para outras empresas. Esse método já está em uso em algumas áreas dos Estados Unidos. Neste capítulo foi apresentado uma síntese dos principais modelos e princípios com suas possíveis aplicações. CONCLUSÃO 56 Através dessa pesquisa constatamos que: O Sistema Financeiro tem a capacidade de viabilizar a realização de financiamentos de curto, médio e longo prazos; Podemos dividi-lo em quatro grandes mercados sendo: Mercado |Monetário, Mercado de Crédito, Mercado de Capitais, Mercado cambial; A estrutura do sistema financeiro pode ser subdividida em dois subsistemas: normativo e operativo. Além disso, vimos um pouco da história dos intermediários financeiros do Brasil, de 1945 a 1988 e, logo mais adiante foi feita uma avaliação do atual setor financeiro brasileiro quando em 1999 foi atingido pelo impacto da desvalorização cambial, ocorrida em janeiro. Sobre a moeda vimos que vai perdendo o poder gradativamente ao circular na economia e que o imposto inflacionário é a diferença entre o valor de emissão da moeda e seu valor efetivo no momento em que circula. E, ainda sobre a Bolsa de Valores. Na pesquisa foi verificado que é o termômetro da atividade econômica e das expectativas sobre o desempenho da economia. Quando certificada, a empresa deve tomar cuidado com a falsa tranqüilidade no qual tudo vai bem normativamente, mas os resultados não são nem um pouco satisfatórios. Para prevenir-se deste entranho paradoxo, Fernandes e Gonçalves (2001) aconselha que as empresas devem ter uma visão clara de seus objetivos ambientais e dos meios necessários para atingi-los. Se por uma distorção do enfoque, a certificação for colocada como fim, em si mesma, e não como um meio, a redução de resíduos pode ser reduzida a um dos muitos 57 critérios ou sub critérios da norma, para cujo atendimento serão desenvolvidos programas que irão naturalmente recursos e prioridades. Na realidade, a redução de resíduos deveria constituir em um dos principais princípios orientadores da organização, em sua evolução na busca da excelência ambiental, passando da estratégia reativa, para a ofensiva e desta para a estratégia inovativa. Para este sucesso evolutivo seriam necessários vários requisitos, entre eles um adequado sistema de gestão ambiental. Recomenda-se que Produção mais Limpa e Sistemas de Gestão Ambiental sejam vistos como instrumentos complementares, inseridos em um contexto de melhoria da performance ambiental. Quando compreendidos adequadamente, estes instrumentos gerenciais, implantados de maneira sinérgica podem proporcionar uma importante contribuição para o sucesso de melhoria contínua do desempenho ambiental das plantas industriais. Uma avaliação de procedimentos é fundamental no sentido de se priorizar a revisão e os estudos de melhoria contínua daqueles que apresentarem piores resultados de desempenho ambiental. A utilização das informações resultantes dessa pesquisa na elaboração de estratégias de implantação de SGAs e de metodologias de avaliação de desempenho desses sistemas, deve ser vista como uma forma de dar continuidade ao trabalho iniciado nesta dissertação. A implementação de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) numa indústria química demonstra a sua preocupação com as condições ambientais, tanto na utilização de matérias-primas, como no uso pelos consumidores dos produtos e serviços fornecidos. Problemas como a poluição do ar, a redução da camada de ozônio, o efeito de estufa, as chuvas ácidas, a poluição de solos e dos recursos hídricos 58 por resíduos, são aspectos relacionados com a gestão ambiental das organizações, que poderão desta forma ser, direta ou indiretamente, minimizados. O SGA é a parte do sistema geral de gestão, que inclui a estrutura funcional, as atividades de planejamento, a definição das responsabilidades, os procedimentos e os recursos necessários para concretizar, manter, desenvolver e rever, de modo continuado, o seu desempenho ambiental. Este sistema permite, de uma forma sistemática, contínua e cíclica, compreender e controlar os diversos aspectos ambientais da empresa. A implementação deste sistema poderá resultar na redução de custos (mediante a melhoria da eficiência operacional, obtenção de prêmios de seguros mais baixos, economia de custos, nomeadamente através da reintegração de resíduos na cadeia produtiva de materiais, conservação de energia, recirculação de água em circuito fechado, etc.); na diminuição da aplicação de penas legais; na identificação de oportunidades para minimizar os impactos ambientais e custos; na redução de riscos, pela prevenção e correção dos acidentes que possam resultar na diminuição da performance ambiental da empresa; na melhoria das relações com as entidades fiscalizadoras, clientes, fornecedores, acionistas, organizações ambientalistas e público em geral. Enfim, o trabalho serviu para dar base para entender um pouco, sobre o setor da economia e investimentos, apresentando, sem dúvida nenhuma, o sistema financeiro como o principal agente para o desenvolvimento equilibrado do país em favor da coletividade. BIBLIOGRÁFIA LIMA NETTO, R. P. Curso Básico de Finanças. São Paulo:Saraiva, 1998 SANVICENTE, A. Z. Administração Financeira. São Paulo:Atlas, 1987 59 ROBICHEK, A. A., Myers, S. C. Otimização das Decisões Financeiras. São Paulo: Atlas, 1971 DIAS, G.F. Educação Ambiental: Princípios e Práticas. 6.ed. São Paulo: Gaia, 2000. ANDRADE, R.O.B. de; CARVALHO, A.B. de; TACHIZAWA, T. Gestão Ambiental: Enfoque Estratégico Aplicado ao Desenvolvimento Sustentável. São Paulo: MAKRON Books, 2000. HARRINGTON, J.H; KNIGHT, A. A Implementação da ISO 14000: Como Atualizar o Sistema de Gestão Ambiental com Eficácia. São Paulo: Atlas, 2001. MOTA, J. A; O Valor da Natureza: Economia e Política dos Recursos Naturais. Rio de Janeiro: Garamond, 2001. DONAIRE, D. Gestão Ambiental na Empresa. 2.ed. São Paulo: Atlas, 1999. Todas as resoluções e circulares citadas neste trabalho estão disponíveis na Internet em <http://www.anbid.com.br COMPROVANTES CULTURAIS 60