LUIZ HENRIQUE JORGE CARACTERÍSTICAS DA PRONAÇÃO DO PÉ MEDIDAS ATRAVÉS DE PARÂMETROS CLÍNICOS E BIOMECÂNICOS FLORIANÓPOLIS - SC 2005 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA – UDESC CENTRO DE EDUCAÇÃO FÍSICA, FISIOTERAPIA E DESPORTO – CEFID PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO CIÊNCIAS DO MOVIMENTO HUMANO Luiz Henrique Jorge CARACTERÍSTICAS DA PRONAÇÃO DO PÉ MEDIDAS ATRAVÉS DE PARÂMETROS CLÍNICOS E BIOMECÂNICOS Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação Ciência do Movimento Humano da Universidade do Estado de Santa Catarina como requisito para obtenção de título de mestre em Ciências do Movimento Humano. Orientadora: Prof. Dra Deyse Borges Koch FLORIANÓPOLIS - SC 2005 ii LUIZ HENRIQUE JORGE CARACTERÍSTICAS DA PRONAÇÃO DO PÉ MEDIDAS ATRAVÉS DE PARÂMETROS CLÍNICOS E BIOMECÂNICOS Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação Ciências do Movimento Humano da Universidade do Estado de Santa Catarina como requisito para obtenção de título de mestre em Ciências do Movimento Humano. Banca Examinadora: ___________________________________________ Prof. Dra. Deyse Borges Koch UDESC ____________________________________________ Prof. Dr. Aluisio Otavio Vargas Ávila UDESC _____________________________________________ Prof. Dra. Eliane Fátima Manfio Faculdade Estácio de Sá _____________________________________________ Prof. Dra. Susana Cristina Domenech UDESC FLORIANÓPOLIS, 2005. iii AGRADECIMENTOS Prof.Dra Deyse Borges Kock a qual me guiou com paciência, nesta jornada. A Aline e Anelise sem as quais jamais poderia ter realizado este trabalho, além do incentivo e companheirismo constante. Joice pela paciência e companheirismo nem sempre fácil nestes últimos meses. Minhas irmãs Ana Paula e Laura pela atenção e carinho. Pai que desde o início da escola até hoje sempre foi prestativo e acolhedor quando eu necessitei, além de oportunizar esta jornada. Mãe que mesmo não estando presente, olhou por mim. Jeison pelas horas de trabalho que este sempre receptivo realizou quando necessário. Adriane que além de grande amiga me incentivou a entrar na pesquisa. Prof Mário meu primeiro orientador sempre disposto e paciente ao explicar. Aos meus amigos que nos últimos meses só ouviram lamentações A todos integrantes do laboratório que facilitaram as portas para a realização do trabalho. Aos voluntários sem os quais não seria possível a realização do trabalho. iv RESUMO Título: Características da pronação do pé medidas através de parâmetros clínicos e biomecânicos. Autor: Luiz Henrique Jorge Orientadora: Prof. Dra. Deyse Borges Koch O pé humano possui dupla função, estática e dinâmica. Esta dupla função favorece o estabelecimento de lesões nos membros inferiores durante as atividades que envolvem a carga de peso de forma repetida. A hiperpronação é uma das caracterizações mais estudadas. A proposta deste estudo é fornecer embasamento às avaliações clínicas de pés hiperpronadores baseado em estudo teórico, observação clínica e pesquisa científica de modo a justificar diferentes esquemas de avaliação, contribuindo para a otimização dos tratamentos empregados. A avaliação foi dividida em três partes: formulário, avaliação clínica e biomecânica. O formulário de identificação, histórico atual e pregresso e exame físico. Na avaliação clínica foram realizados testes específicos para hiperpronação e aferição da amplitude de movimento. A análise biomecânica foi dividida em estática (escaneamento 3D do pé) e dinâmica (análise de pressão plantar). A amostra foi composta por 17 indivíduos do sexo masculino com idade entre 20-29 anos, IMC 23,91 kg/m2 ( ± 2,97). Para ser considerado hiperpronador o indivíduo deveria apresentar queda do navicular acima de 4mm quando aferido com carga e sem carga peso corporal e inclinação do calcâneo em posição ortostática maior que 20 em valgo. Na comparação dos dados utilizou-se teste U de Mann-Whitey e correlação de Sperman a p ≤ 0,05. Os dados de inclinação de calcâneo, queda e altura de navicular, ângulo do I dedo, flexão dorsal e plantar não apresentaram correlação exceção feita à entre dorsiflexão e altura de navicular no grupo pronador funcional com r=-0,371 e r=-0,669 para os membros não dominante e dominante. Para o grupo hiperpronador apresentaram correlação entre queda de navicular e relação tíbio calcânea r=0,374 (LND) r=0,575 (LD). Mostrando comportamentos diferenciados para os dados antropométricos de hiperpronador e pronador funcional . Quando comparados os dados biomecânicos, em razão da divisão clinica de eversão de calcâneo e queda de navicular, houve diferença estatisticamente significativa quanto à Distribuição de Pressão Plantar na região do médio pé. Na condição caminhando as variáveis com diferença estatisticamente significativa foram área de contato e carga relativa na região medial de médio pé, pico de pressão na região 20 metatarso. Os dados de correlação entre ângulo do I dedo e área de contato na região medial do médio pé apresentaram correlação alta (r=0,96). É notória a necessidade do controle da condição descalço para a exclusão de fatores intrínsecos e extrínsecos. A caracterização clinica de hiperpronadores com base em parâmetros de eversão de calcâneo e queda de navicular mostrou-se efetiva. Palavras-chave: hiperpronação, avaliação clínica, biomecânica. UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA – UDESC CENTRO DE EDUCAÇÃO FÍSICA, FISIOTERAPIA E DESPORTOS – CEFID PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DO MOVIMENTO HUMANO Florianópolis, SC, 30 de setembro de 2005. v ABSTRACT Title: Characteristics of hiperpronation in feet measured through clinic and biomechanics parameters Author: Luiz Henrique Jorge Adviser: Dra. Deyse Borges Koch The human foot has a double function, a static and a dynamic one. These increase the risk of injury establishment on the lower limb during activities that are related to repetitive loading. The purpose of this study is to embase the clinical evaluation of hyperpronators. Due to theorical studies, clinical observation and scientific research a more optimized treatment can be applied as well as differents evaluatiuon possibilities can be justified. The assessment was divided into three parts, a questionnaire, the clinical and the biomechanical evaluations. During the clinical evaluation specific tests for pronation control and to look at ROM were performed. The biomechanical evaluation was performed first looking at anthropometry using a 3D Foot Scanner and second looking at plantar pressure distribution in both static and dynamic conditions. The sample was composed by 17 subjects who volunteered to participate in this study with mean value of BMI of 23,91 kg/m2 ( ± 2,97). To be classified as a hyperpronator the subject’s navicular drop needed to be above in 4mm controlled with and without body weight load, the calcaneus alignment in orthostatic position was supposed to be higher than 2º in valgus position. Looking at the results it is no note that the calcaneus alignment, height and fall of the navicular, angle of the halux, dorsal and plantar flexions showed no correlation in between. The only exeption was the correlation between the dorsal flexion and the navicular height for the group PF with r=-0,371 e r=-0,669 for the dominant and non-dominant limbs respectively. For the group HP navicular fall and tibiocalcaneal alignment showed an r=0,374 and r=0,575. These demonstrate different anthropometric relationships for the two groups the HP and the PF. Comparing the biomechanical data according to the clinical division due to calcaneus eversion and navicular height, there was a high statistics significant difference for the plantar pressure distribution in several anatomical regions. The most significant differences were found in the running condition. For the walking condition the variables with statistics significant differences were the contact area and relative load at the medial midfoot and the maximum pressure value at the second metatarsus area. The correlation data between halux angle and contact area at the medial midfoot region presented a high statistics significant correlation. It is therefore clear that the control of the barefoot condition for the exclusion of intrisic and extrinsic factors is extremelly important. The extrinsic factors have an extensive literature exploration. Finally the chracteristics of hyperpronators using clinical parameters as calcaneus eversion and navicular fall demonstrates to be efective. Key-words: hyperpronation, clinical evaluation, biomechanics UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTOS – CEFID PROGRAMA DE POS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DO MOVIMENTO HUMANO Master Dissertation on Human Movement Science – Biomechanics Florianopolis, SC, September 30th 2005. vi LISTA DE FIGURAS Figura 1: Ossos do pé (Fonte: Sobotta, 2000) ....................................................................... 11 Figura 2: Ligamentos laterais do tornozelo (Fonte: Sobotta, 2000). ...................................... 13 Figura 3: Ligamentos mediais do tornozelo (Fonte: Sobotta, 2000). ..................................... 15 Figura 4: Artrocinemática da subtalar. Posição ocupada pelos eixos da região metatarsiana (A) pronação,...................................................................................................................... 17 Figura 5: Modelo adaptado utilizado para predizer pressão plantar (Fonte: Cavanagh et. al, 1997)............................................................................................................................ 26 Figura 6: Distribuição de para a classificação do tipo de pé: distribuição normal................. 27 Figura 7: Sistema de scaner 3D (Fonte: I ware.Inc., 2005).................................................... 33 Figura 8: Plataforma Emed- AT de medir distribuição de pressão plantar (Novel GmbH, 2004)............................................................................................................................ 33 Figura 9: Foto do posicionamento do indivíduo pra aferição da dorsiflexão e plantiflexão.... 35 Figura 10: Posicionamento do indivíduo para.........................................................................35 Figura 11: Posicionamento das balanças .................................................................................35 Figura 12: Campo visual para o indivíduo treinar transferência de peso............................... 36 Figura 13: Posição do indivíduo para mensuração................................................................. 36 Figura 14: Marcaçoões realizadas para mensuração angular....................................................36 Figura 15: Plataforma de vidro onde o indivíduo se posicionava para as aferições................ 37 Figura 16: Foto ilustrativa da mensuração do ângulo tíbio-calcâneo (esquerda) e da inclinação do calcâneo (direita) (Fonte: Donatelli, 1996)..........................................................................37 Figura 17: Foto ilustrativa do apoio bilateral de membro superior. ...................................... 38 Figura 18: Foto ilustrativa do apoio bilateral de membro superior (lateral, posterior e medial). ..................................................................................................................................... 39 vii Figura 19: Seqüência de coleta de dados. ............................................................................. 40 Figura 20: Distribuição de pressão plantar em pessoas obesas (Fonte: Hennig, 2003)........... 41 Figura 21: Máscaras (PRC) dividindo o pé em 10 regiões. ................................................... 44 Figura 22: Divisão da planta do pé em 10 regiões (Fonte: Cavanagh, 1987). ........................ 45 Figura 23: Gráfico ilustrando a carga relativa em dois tipos de calçados representados pelas letras M e L no estudo de Hennig e Millani, (2000). (Fonte: Hennig e Milani, 2000). ... 64 Figura 24: Gráfico de comparação entre os picos de pressão para os grupos HP e PF, condição caminhando lado dominante (*p<0,05)......................................................................... 74 Figura 25: Gráfico de comparação entre os picos de pressão para os grupos HP e PF, .......... 75 Figura 26:Gráfico de comparação para carga relativa entre os grupos HP e PF, ................... 76 Figura 27:Gráfico de comparação para carga relativa entre os grupos HP e PF,na condição caminhando lado não dominante (*p<0,05). ................................................................. 77 Figura 28: Gráfico de comparação entre os picos de pressão para os grupos HP e PF, condição correndo lado dominante (*p<0,05).............................................................................. 78 Figura 29: Gráfico de comparação entre os picos de pressão para os grupos HP e PF, condição correndo lado não dominante (*p<0,05). ...................................................................... 79 Figura 30:Gráfico de comparação para carga relativa entre os grupos HP e PF,na condição correndo lado dominante (*p<0,05).............................................................................. 81 Figura 31:Gráfico de comparação para carga relativa entre os grupos HP e PF,na condição correndo lado não dominante (*p<0,05). ...................................................................... 82 Figura 32: Comparação entre os grupos HP e PF para a área de contato total do pé nas condições correndo (R) e caminhando (W) para os lados dominante (LD) e não dominante (LND). ........................................................................................................ 83 Figura 33:Comparação entre os grupos HP e PF para a área de contato na M03 pé nas condições correndo (R) e caminhando (W) para os lados dominante (LD) e não dominante (LND). ........................................................................................................ 84 viii LISTA DE TABELAS Tabela - 1 Dados antropometricos para os grupos HP (Hiperpronador) e PF (Pronador funcional), apresentado média, desvio padrão (dp) e valores máximo e mínimo. ...........48 Tabela - 2 Dados clínicos de dorsiflexão, plantiflexão e relação tíbio calcânea para os grupos. Valores de média, desvio padrão (dp) e extremos para os lados dominante (LD) e não dominante (LND). .........................................................................................................50 Tabela - 3 Dados antropométricos do pé a partir do escaneamento 3D para os grupos HP e PF. Valores médios, desvio padrão (dp) e extremos para os lados dominante (LD) e nãodominante (LND). .........................................................................................................53 Tabela - 4 Valores de correlação apresentada para as variáveis amplitude de dorsiflexão e altura do navicular para o grupo PF, para os lados dominate (LD) e não-dominante (LND)... ........................................................................................................................54 Tabela -5 Valores de correlação entre as variáveis queda de navicular e relação tíbiocalcânea para o grupo HP, nos lados dominante (LD) e não dominante (LND). ...........................55 Tabela 6: Valores de correlação linear entre as variáveis antropométricas para o grupo HP, nos lado dominante (LD) e não dominante (LND). ........................................................56 Tabela 7: Valores de correlação linear entre as variáveis antropométricas para o grupo PF, nos lado dominante (LD) e não dominante (LND). ..............................................................58 Tabela 8: Valores médios de área de contato total área de contato de M3 (cm2), força máxima total (%PC) e os quatro maiores picos de pressão (kPa) e suas cargas relativas(%) para a condição correndo grupo HP. ..........................................................60 Tabela 9: Valores médios de área de contato total área de contato de M3 (cm2), força máxima total (%PC) e os quatro maiores picos de pressão (kPa) e suas cargas relativas(%) para a condição caminhando para o grupo HP..........................................................................62 Tabela 10:Valores médios de área de contato total área de contato de M3 (cm2), força máxima total (%PC) e os quatro maiores picos de pressão (kPa) e suas cargas relativas(%) para a condição correndo grupo PF. ...........................................................63 Tabela 11: Valores médios de área de contato total área de contato de M3 (cm2), força máxima total (%PC) e os quatro maiores picos de pressão (kPa) e suas cargas relativas(%) para a condição caminhando para o grupo PF. ..........................................66 ix Tabela 12: Valores de correlação linear de Sperman entre variáveis clínicas e biomecânicas para o grupo HP na condição correndo para os lados: não dominante (LND) e dominante (LD)........................... ....................................................................................................68 Tabela 13: Valores de correlação linear de Sperman entre variáveis clínicas e biomecânicas para o grupo HP na condição caminhando para os lados: não dominante (LND) e dominante (LD).............................................................................................................70 Tabela 14: Valores de correlação linear de Sperman entre variáveis clínicas e biomecânicas para o grupo PF na condição correndo para os lados: não dominante (LND) e dominante (LD)...............................................................................................................................71 Tabela 15:Valores de correlação linear de Sperman entre variáveis clínicas e biomecânicas para o grupo PF na condição caminhando para os lados: não dominante (LND) e dominante (LD).............................................................................................................72 x LISTAS DE ABREVIATURAS ADM - Amplitude de movimento CCP - Com carga de peso PCP - pouca carga de peso DRCP - distribuição regular da carga de peso LD – lado dominante LND – lado não dominante HP – grupo hiperpronador PF – grupo pronação funcional HPDRD - grupo hiperpronador dinâmico correndo dominante HPDRN - grupo hiperpronador dinâmico correndo não dominante HPDWD - grupo hiperpronador dinâmico caminhando dominante HPDWN - grupo hiperpronador dinâmico caminhando não dominante PFDRD - grupo pronação funcional dinâmico correndo dominante PFDRN - grupo pronação funcional dinâmico correndo não dominante PFDWD - grupo pronação funcional dinâmico caminhando dominante PFDWN - grupo pronação funcional dinâmico caminhando não dominante DPP – distribuição de pressão plantar PP – pico de pressão RL – carga relativa FM – força máxima % PC – percentual do peso corporal xi SUMÁRIO RESUMO ........................................................................................................................ iv ABSTRACT ..................................................................................................................... v LISTA DE FIGURAS ..................................................................................................... vi LISTA DE TABELAS .................................................................................................. viii LISTAS DE ABREVIATURAS....................................................................................... x I INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 1 1.1 O PROBLEMA ........................................................................................................ 1 1.2 OBJETIVOS ............................................................................................................ 3 1.2.1 Geral ................................................................................................................. 3 1.2.2 Objetivos específicos ......................................................................................... 3 1.3 JUSTIFICATIVA..................................................................................................... 4 1.4 HIPÓTESES ............................................................................................................ 5 1.5 DEFINIÇÃO DAS VARIÁVEIS.............................................................................. 6 1.6 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO ............................................................................... 7 1.7 LIMITAÇÕES ......................................................................................................... 7 1.8 DEFINIÇÃO DE TERMOS ..................................................................................... 8 II REVISÃO DE LITERATURA.................................................................................. 10 2.1 ESTRUTURA ANATÔMICA................................................................................ 10 2.1.1 Estruturas ósseas.............................................................................................. 10 2.1.2 Biomecânica articular ...................................................................................... 11 2.2 MÚSCULOS DO TORNOZELO E DO PÉ............................................................ 20 2.3 ASPECTOS RELACIONADOS À PRONAÇÃO................................................... 20 2.4 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA DISTRIBUIÇÃO DE PRESSÃO PLANTAR . 22 2.4.1 Princípio capacitivo ......................................................................................... 22 2.4.2 Princípio resistivo........................................................................................... 23 2.4.3 Pressure Sheet ................................................................................................. 23 2.4.4 Princípio piezoelétrico .................................................................................... 23 2.4.5 Outros métodos ............................................................................................... 24 2.5 DISTRIBUIÇÃO DE PRESSÃO PLANTAR......................................................... 24 III METODOLOGIA .................................................................................................... 29 3.1 CARACTERÍSTICAS DOS SUJEITOS................................................................. 29 3.2 INSTRUMENTOS DE MEDIDA .......................................................................... 30 3.2.1 Ficha de avaliação ........................................................................................... 30 3.2.2 Goniômetro ..................................................................................................... 31 3.2.3 Paquímetro ...................................................................................................... 31 3.2.4 Fita métrica ..................................................................................................... 31 3.2.5 Balança............................................................................................................ 32 xii 3.2.6 Estadiômetro ................................................................................................... 32 3.2.7 Scaner 3D........................................................................................................ 32 3.2.8 Plataforma de pressão plantar .......................................................................... 33 3.3 PROCEDIMENTOS PARA COLETAS DE DADOS............................................ 34 3.3.1 Termo de consentimento e entrevista ............................................................... 34 3.3.2 Medidas antropométricas ................................................................................. 34 3.3.3 Mensuração de Medidas Antropométricas do Pé.............................................. 38 3.3.4 Mensuração da Distribuição de Pressão Plantar ............................................... 39 3.4 CONTROLE DAS VARIÁVEIS............................................................................ 41 3.4.1 Obesidade........................................................................................................ 41 3.4.2 Diferenças anatômicas relacionadas ao sexo .................................................... 41 3.4.3 Velocidade da marcha e pressão plantar........................................................... 42 3.4.4 Amplitude de movimento ................................................................................ 42 3.5 PROCESSAMENTO DOS DADOS....................................................................... 43 3.5.1 Dados antropométricos .................................................................................... 43 3.5.2 Dados de distribuição de pressão plantar.......................................................... 43 3.5.3 Dados do Scaner 3D ........................................................................................ 45 3.6 TRATAMENTO ESTATÍSTICO........................................................................... 46 IV APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS ................................................. 47 4.1 CARACTERIZAÇÃO DOS SUJEITOS................................................................. 47 4.2 CARACTERÍSTICAS DOS PARÂMETROS CLÍNICOS DE AVALIAÇÃO DE PRONAÇÃO ............................................................................................................... 49 4.3 RELAÇÃO ENTRE PARÂMETROS CLÍNICOS E ANTROPOMÉTRICOS........ 54 4.5 RELAÇÃO ENTRE OS DADOS CLÍNICOS E VARIÁVEIS BIOMECÂNICAS . 68 4.6 COMPARAÇÃO DOS VALORES DAS VARIÁVEIS DE DISTRIBUIÇÃO DE PRESSÃO PLANTAR ENTRE OS GRUPOS PRONADOR FUNCIONAL E HIPERPRONADOR NAS CONDIÇÕES CAMINHANDO E CORRENDO. .............. 73 V CONCLUSÕES .......................................................................................................... 86 VI CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 89 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 90 Anexo I ........................................................................................................................... 95 Anexo II.......................................................................................................................... 97 Anexo III ........................................................................................................................ 99 Anexo IV....................................................................................................................... 100 I INTRODUÇÃO 1.1 O PROBLEMA O pé humano possui dupla função, estática e dinâmica. Tanto na função estática como na dinâmica os mecanorreceptores plantares são apontados como fornecedores de informação para o sistema sensório motor, envolvido no equilíbrio (DEURSEN e SIMONEAU, 1999; PERRY et. al, 2001). Na posição ortostática, o pé representa a soma de forças e momentos que agem sobre o corpo fornecendo respostas sensório motoras para manutenção do equilíbrio. Durante a locomoção, o sistema fornece respostas importantes para a adaptação da superfície plantar nos movimentos da marcha. No contato inicial com o solo, o pé apresenta uma estrutura móvel possibilitando a marcha e as respostas de adaptação durante a marcha, o que favorece a adaptação a diversas superfícies. Enquanto que, na fase ativa da marcha o pé se torna uma estrutura com menor mobilidade tornando-se eficiente para proporcionar a impulsão (NORKIN e LEVANGIE, 2001). Esta dupla função favorece o estabelecimento de lesões nos membros inferiores durante as atividades que envolvem a carga de peso de forma repetida. A associação de um mau alinhamento das estruturas do tarso, à falta de condicionamento preventivo nas áreas envolvidas torna-se um fator agravante no estabelecimento de lesões durante a prática esportiva (NIGG e WERNER, 1992; HRELJAC et. al,1999; NESBITT, 1999). Uma compensação comum para a inversão do ante-pé é a pronação da articulação subtalar ocasionando um aumento da amplitude de movimento desta articulação durante a fase de apoio, denominado hiperpronação. Caso o indivíduo permaneça com o pé pronado durante a fase de impulsão poderá ocorrer prejuízo das estruturas do médio tarso, não ocorrendo a devida aproximação das estruturas do ante-pé e retro-pé, a supinação; o que ocasiona uma 2 super solicitação das estruturas ósseas, musculares e tendíneas. Muitas vezes, estas solicitações podem causar algias não somente no local como também em todo o membro inferior, além de patologias como fratura por estresse, tendinite no tendão calcâneo, tibial anterior e posterior, periostites, lesões na primeira articulação metatarsofalangeana, metatarsalgias de forma geral, lesões meniscais e ligamentares do joelho, calosidades, entre outras (NIGG e WERNER, 1992; SOMMER e VALLENTYNE, 1995; LAUF, 1996; HRELJAC et. al,1999; HENNIG, 2003). Devido a este grande número de lesões, muito se tem questionado a respeito das possíveis contribuições da hiperpronação no aparecimento destas lesões. Segundo Norkin e Levangie (2001), Stakey e Ryan (2001) a estrutura da articulação reflete as funções às quais ela foi projetada para atender. O funcionamento eficaz da estrutura total dependerá da ação integrada de muitas articulações. No corpo, a anatomia é vista como a estrutura, ao passo que a fisiologia e biomecânica são as funções. É essencial uma compreensão apropriada da estrutura e função para que se possa fazer uma avaliação competente. Visto que o corpo humano apresenta suas funções integradas, o conhecimento da estrutura e funcionamento específicos das partes individualizadas torna-se tão importante quanto o entendimento da relação destas partes na produção do movimento normal (biomecânica) e nos casos de lesões, do movimento anormal (STARKEY e RYAN, 2001). A maioria dos roteiros de exame possui os mesmos elementos básicos. Baseiam-se na teoria e em boa parte nas observações clínicas. Por outro lado, conforme destacam Malone, Mcpoil e Nitz (2001) existem poucas pesquisas que justifiquem os diferentes esquemas de avaliação de forma objetiva, o que seria de fundamental importância, uma vez que para entendermos quaisquer alterações do movimento é necessário antes entender e mensurar o mesmo. No caso da hiperpronação, possível causadora de afecções nos membros inferiores, há uma grande variedade de testes clínicos e biomecânicos sem que, no entanto haja relações entre estas avaliações, justificando a utilização dos mesmos. Diante de tais colocações questiona-se: 3 Quais as características e relações entre parâmetros clínicos (estáticos) e biomecânicos (estáticos e dinâmicos) na análise da hiperpronação e pronação funcional em situação descalço? 1.2 OBJETIVOS 1.2.1 Geral Identificar diferentes níveis de pronação na situação descalço através de avaliação clinica e biomecânica e verificar a relação entre estas avaliações. 1.2.2 Objetivos específicos • Caracterizar parâmetros clínicos de avaliação de pronação para os grupos pronadores funcional e hiperpronador. • Verificar a relação entre parâmetros clínicos e entre os antropométricos • Caracterizar as variáveis biomecânicas de distribuição de pressão plantar (área de contato, pico de pressão e carga relativa) nos grupos pronador funcional e hiperpronadores • Verificar a relação entre os dados clínicos de altura do navicular, queda do navicular e inclinação de primeiro dedo, com as variáveis biomecânicas, pico de pressão e carga relativa e área de contato. • Comparar os valores das variáveis de distribuição de pressão plantar entre os grupos pronador funcional e hiperpronador nas condições caminhando e correndo. 4 1.3 JUSTIFICATIVA Milhões de pessoas estão envolvidos em atividades de corrida e jogging. Destes entre 37% a 56% sofrem algum tipo de lesão no primeiro ano de prática (NIGG, 2001). As condições anatômicas dos membros inferiores têm sido apontadas como fatores que influenciam o aparecimento de lesões. Dentre os fatores anatômicos acredita-se que o arco plantar desempenhe uma importante função para o a manutenção da função dinâmica do pé. Pessoas com o arco baixo geralmente mostram uma ineficiência no que se refere a sua dupla função do arco: acomodação de cargas e alavanca para impulso, tornando assim todo o membro inferior suscetível ao aparecimento de lesões. Muito tem se discutido sobre a influência da hiperpronação no movimento e aparecimento de lesões, como nos estudos de Nigg e Werner, 1992; Sommer e Vallentyne, 1995; Lauf, 1996; Hreljac et al.,1999; Hennig, 2003. O controle do movimento vem sendo associado com mau alinhamento estático e dinâmico. Da mesma forma que existe muita especulação em torno dos pés excessivamente varos ou valgos, os quais criariam situações com cargas excessivas e repetitivas, levando a lesões por overuse (SOMMER e VALLENTYNE, 1995; NIGG, 2001; HENNIG, 2003). Estudos como os de CLARKE, FREDERICK e HAMILL, 1983; NIGG e SEGESSER,1992; WILBERT e CAVANAGH, 1992; NIGG et al., 1997; HENNIG e MILANI, 2000 têm investigado o comportamento de hiperpronadores, seja através de palmilhas de pressão plantar ou cinemetria, associado ao uso de calçados esportivos. Tais pesquisas são de grande valia, pois refletem as mudanças ocorridas no contato do pé com a reação do solo e modificações causadas pelo calçado. Contudo, poucos estudos tem relacionado as características de hiperpronadores em condição descalço, a qual é de grande importância no entendimento das alterações do movimento, podendo contribuir de forma significativa na prevenção de lesões. No que se refere a quantificação e classificação dos tipos de pé, inúmeros são os critérios de avaliação e medição, que variam desde testes clínicos, medições com goniômetros, inclinômetros, fitas métricas, paquímetros, plantígrafos, radiografias, e avaliações 5 biomecânicas. Especificamente aos testes biomecânicos destaca-se a avaliação da distribuição de pressão plantar, a qual passou por grande evolução tecnológica com sensível enriquecimento da resolução nos sensores. Da mesma forma que a evolução nos instrumentos de cinemetria possibilitou melhor entendimento e medição dos movimentos do pé. Tendo em vista esta evolução tecnológica, houve um crescimento de estudos biomecânicos relacionados ao pé humano que possibilitam uma melhor medição, descrição, monitoração e analise do movimento. Entretanto, poucos foram os estudos correlacionando as técnicas da prática clínica com os testes de menor erro e melhor reprodutibilidade, o que seria de fundamental importância uma vez que para se adotar medidas preventivas ou curativas é imprescindível uma precisa avaliação da estratégia adotada nos diversos casos de hiperpronação. A proposta deste estudo é fornecer um melhor embasamento para as avaliações clínicas de pés hiperpronadores auxiliando de forma efetiva, baseado em estudo teórico, observação clínica e avaliação biomecânica de modo a justificar os diferentes esquemas de avaliação. Isto irá possibilitar um melhor entendimento das alterações de membros inferiores e contribuir para a otimização dos tratamentos atualmente empregados. 1.4 HIPÓTESES H1- Não haverá relação entre dados clínicos de variação da inclinação do calcâneo e queda de navicular, altura de navicular e inclinação de primeiro dedo. H2- Haverá relação entre dados clínicos de altura de navicular, inclinação de primeiro de dedo e queda de navicular com a área de contato, pico de pressão e carga relativa na região medial de médio pé. H3- Haverá diferença nos picos de pressão e carga relativa para as condições correndo e caminhando nos diferentes grupos. H4- Haverá relação entre a inclinação de primeiro dedo e área de contato na região medial de médio pé. 6 1.5 DEFINIÇÃO DAS VARIÁVEIS INCLINAÇÃO DO CALCÂNEO: conceitualmente definida como a inclinação dada entre a aritculação talocrural e o ângulo reto com o osso da tíbia. Medida em graus com goniômetro, partindo da posição neutra da articulação, a partir de um ângulo reto com a tíbia (DONATELLI, 1996). ALTURA DO NAVICULAR: definida como a distância da tuberosidade do navicular até o chão ou plano paralelo à planta do pé, medida em mm, em posição estática unipodal com carga de peso (STARKEY e RYAN, 2001). QUEDA DE NAVICULAR: definida como a diferença medida entre o valor da altura do navicular na condição com pouca carga de peso e na condição com carga de peso, com valor dado em mm (STARKEY e RYAN, 2001). INCLINAÇÃO DO PRIMEIRO DEDO: medido através do ângulo formado entre a reta A (que liga o ponto mais extremo medial da cabeça do I metatarso com o ponto mais extremo medial do calcâneo), com no eixo longitudinal. Medido em graus partindo de imagem 3D do pé (NORDIN e FRANKEL, 2003). PICO DE PRESSÃO PLANTAR: definida como o pico máximo de pressão obtido na região específica da planta do pé durante o movimento de caminhada e corrida. Medido em kPa através de sistema capacitivo para medição de distribuição de pressão plantar. AREA DE CONTATO PLANTAR: cálculo da área do pé que entra em contato direto com o solo. Medida em cm2 através de sistema capacitivo para medição de distribuição de pressão plantar. 7 CARGA RELATIVA (RL): definida como integral da curva da força (F) em função do tempo da Mascara escolhida dividida pela integral da curva da força total (FT) em função do tempo total multiplicada por 100 RL = ∫ F ∗100 ∫ FT (HENNIG e MILANI, 2000). 1.6 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO O estudo foi delimitado em descrever, discutir e comparar uma avaliação clínica que constou de teste específico (queda de navicular), aferição ADM (Amplitude de movimento), antropometria, e avaliação biomecânica (escanemanento 3D do pé, distribuição de pressão plantar) em onze indivíduos com pés hiperpronadores e seis indivíduos sem característica de hiperpronação, praticantes de atividade física não competitiva, sem acometimento de lesões por pelo menos 6 meses. Foram excluídos do estudo indivíduos com pés varos, idade inferior a 18 anos e superior a 29 anos e indivíduos do sexo feminino. As avaliações foram realizadas no Laboratório de Biomecânica da Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC no Centro de Educação Física Fisioterapia e Desporto - CEFID. 1.7 LIMITAÇÕES Número de sujeitos: houve dificuldade de se encontrar sujeitos com as características necessárias para o estudo. Controle do movimento de joelho e tornozelo o qual possui grande influencia na resposta de distribuição de pressão plantar não foram controlados através de avaliação cinemática. 8 1.8 DEFINIÇÃO DE TERMOS Pronação: movimento simultâneo de eversão do calcâneo, adução e flexão plantar da cabeça do talus durante movimento dinâmico (KAPANDJI, 1990). Hiperpronação: quando a altura do osso navicular, na posição com sustentação de peso é inferior 2/3 da altura do osso sem sustentação de peso (STARKEYe RYAN, 2001). Amplitude de Movimento (ADM): será descrita a partir do ângulo neutro de cada articulação. Pouca carga de peso: no início da avaliação os indivíduos passaram por uma adaptação para verificar se conseguem transferir o máximo do peso para um único membro sem tirar o membro contralateral do chão. Esta adaptação será da seguinte forma: serão colocadas duas balanças de mesmo modelo lado a lado e o indivíduo será instruído a transferir o peso para um único membro sem tirar o outro membro do chão, com apoio bilateral de membros superiores para minimizar os desvios posturais e observar a massa marcada na balança sendo que esta não deve ser superior a 10% da massa do indivíduo. Com carga de peso: condição na qual foram realizadas algumas aferições e consistia no fato de o individuo transferir 90% da massa corporal para um dos dois membros. Ou seja, o membro que ficar com no mínimo 90% da massa do indivíduo. Distribuição igual de peso entre os dois membros: quando os dois membros inferiores suportam em média a mesma carga. Material resiliente: são materiais que após sofrer deformação retornam ao seu estado prévio. Quanto maior for a capacidade de retorno maior será a resiliência do material. 9 Material condutor elétrico: sistema capaz de efetuar transporte de carga elétrica sob forma de corrente elétrica. II REVISÃO DE LITERATURA O texto da revisão de literatura busca referenciar alguns dos principais tópicos relevantes ao assunto discutido. Para isso são apresentadas definições sobre: biomecânica articular, pé hiperpronador, músculos envolvidos, técnicas de mensuração clínicas e biomecânicas, alterações e patologias advindas. 2.1 ESTRUTURA ANATÔMICA 2.1.1 Estruturas ósseas O esqueleto do pé subdivide-se em tarso, metatarso e dedos. O tarso se compõe de 7 ossos: tálus, calcâneo, navicular, cubóide e 3 cuneiformes, conforme observa-se na Figura 1 (SMITH e LEHMKUHL, 1987). É o tálus que transmite todo o peso do corpo para o pé. Possui três fases articulares, onde se articula com o maléolo tibial e fibular (garfo maleolar), inferiormente com o navicular e na continuação desta mesma se articula com o calcâneo. O Calcâneo é o maior osso da base do pé, em sua parte posterior localiza-se a tuberosidade calcânea, onde se insere o tendão calcâneo e local de muitas implicações clínicas, tais como esporão fasciíte plantar, entre outras. O osso navicular articula-se com o tálus e com os 3 cuneiformes, é considerado o sustentáculo do arco longitudinal medial (PLATZER, 1995). O osso cubóide é onde se localizam as áreas de articulação para o quarto e o quinto metatarso. Medialmente a esta estrutura localiza-se a área de articulação com o cuneiforme lateral e posteriormente está o processo do calcâneo. Os 3 cuneiformes diferem entre si pelo tamanho e pela localização. O cuneiforme medial é o maior, o intermédio é o menor dos três ossos. Proximalmente os três ossos tem articulação com o navicular e distalmente articulam-se com os metatarsos, sendo que o cuneiforme medial articula-se com o primeiro metatarso e 11 com uma pequena parte do segundo metatarso, o osso cuneiforme lateral articula-se com o terceiro metatarso e uma pequena parte do segundo metatarso, e algumas vezes, com parte do quarto metatarso, o intermédio articula-se somente com o segundo metatarso (SMITH e LEHMKUHL, 1987). Figura 1: Ossos do pé (Fonte: Sobotta, 2000) 2.1.2 Biomecânica articular O pé humano evoluiu de um órgão de preensão plantar flexível para um sistema de sustentação de peso relativamente rígido, que adapta-se ao solo e permite a postura vertical e a marcha. O pé é composto por 33 articulações: talocrural, subtalar, transversa do tarso, tarsometatarsianas, metatarsofalangeanas, interfalangeanas; e 26 ossos: sete ossos do tarso (tálus, calcâneo, navicular, cubóide, e os três cuneiformes), os cinco ossos do metatarso e as catorze falanges três para cada um dos dedos, exceto para o hálux, que tem apenas duas (PLATZER, 1995). 12 Os ossos são mantidos juntos pelos ligamentos e as meias-cúpulas são impedidas de se aplainarem através dos ligamentos da aponeurose plantar (fáscia plantar), dos tendões, dos músculos extrínsecos e dos músculos intrínsecos do pé. Estes trabalham em conjunto a fim de propiciar ao pé cinco funções: uma base dinâmica de apoio, fazer do pé uma estrutura flexível e adaptável, auxiliar o membro inferior a atenuar as forças de impacto, servir como estrutura estável e rígida ao final da fase de apoio e permitir a rotação do membro inferior no plano transverso no momento em que firma a base de apoio (MALONE et. al, 2000). 2.1.2.1 Articulação do tornozelo A articulação do tornozelo, também chamada de talocrural, é do tipo troclear, onde suas superfícies articulares são formadas pelos maléolos tibial e fibular (garfo maleolar) e a tróclea do tálus. Esta tróclea possui uma face superior, uma face maleolar medial (tibial) e uma face maleolar lateral (fibular). A fíbula localiza-se, com sua face articular, em posição mais inferior que a da tíbia, propiciando um eixo atravessado entre os dois maléolos. Formando este um eixo cerca de 820 em relação ao corte vertical da tíbia. Por estes motivos a talocrural possui um eixo articular nos três planos ortogonais, porém os movimentos predominantes são os de flexão dorsal e plantar que ocorrem no plano sagital (MALONE et. al, 2000). A tíbia e a fíbula são articuladas pela sindesmose tibiofibular distal. O tálus encaixa-se numa espécie de cavidade esculpida, dando uma estabilidade considerável à articulação. Os graus de liberdade são de 200 para a flexão dorsal e 500 para a flexão plantar, estes graus podem variar bastante dentro de uma população. Sendo necessários para a marcha 100 de flexão dorsal e 200 de flexão plantar (MALONE et al., 2000). A falta destes graus de mobilidade, na flexão dorsal pode levar a uma retirada precoce do calcanhar na fase de apoio ou ainda um aumento da pronação, além da maior solicitação das partes moles. No apoio unipodal, é a articulação do tornozelo que suporta a totalidade do peso do corpo. Sendo categórica na transmissão de força do corpo e para o corpo durante a sustentação de peso e outras cargas. A tíbia transmite o peso do corpo através da tróclea do tálus, verticalmente. O maléolo medial da tíbia articula-se com a faceta maleolar medial do tálus. A 13 fíbula sustenta de 0% à 12% do peso total do corpo (Campbell apud Starkey e Ryan, 2001) e desce junto à parte lateral do tálus, formando o maléolo lateral, que se articula com a faceta maleolar lateral do tálus. Através dos ligamentos talofibular anterior é feita à união entre o tálus e a fíbula. Este ligamento fica tenso durante a flexão plantar e opondo-se ao movimento de inversão da unidade talocalcanear, além de limitar a translação anterior do tálus em relação a tíbia. O Ligamento calcaneofibular se faz por uma estrutura extracapsular, o qual fica tensionado na faixa extrema da flexão dorsal sendo o principal elemento da retenção de inversão talar. O Ligamento talofibular posterior é o mais forte dos três ligamentos sendo responsável pela limitação do deslocamento posterior do tálus em relação à tíbia (Figura 2). Figura 2:Ligamentos laterais do tornozelo (Fonte: Sobotta, 2000). Medialmente o tálus está unido à tíbia por um grupo de ligamentos denominado deltóide, que são: Ligamento tibiofibular anterior, ligamento tibiocalcaneo, ligamento tibiotalar posterior, sendo estes três responsáveis pela limitação da eversão do calcâneo. Existe um quarto ligamento que faz parte do ligamento deltóide o ligamento tibionavicular este controla a translação lateral e rotação lateral da tíbia em relação ao pé. Os ligamentos tibiotalar anterior e navicular ficam tensionados quando o pé se encontra em flexão plantar, e 14 os ligamentos tibiotalar posterior e tibiocalcaneo quando o pé esta em flexão dorsal (STARKEY e RYAN, 2001). 2.1.2.2 Articulação subtalar O tálus se articula por sua face inferior na face superior do calcâneo. Os dois ossos entram em contato cada um em duas superfícies articulares, constituindo a articulação subtalar (articulação inferior do tornozelo). O ângulo médio de inclinação da subtalar é de 420 em relação ao plano transversal e de 160 em relação ao plano sagital. O eixo da articulação subtalar se estende em direção oblíqua atravessado, de uma posição postero-lateral plantar a uma posição anterior interna dorsal em relação ao calcâneo. Tal constituição permite a articulação movimento em três planos, denominados movimentos de pronação e supinação (STARKEY e RYAN, 2001). A pronação em cadeia fechada é definida como o movimento simultâneo de eversão do calcâneo, adução e flexão plantar da cabeça do talo. A supinação consiste em inversão do calcâneo, acompanhada de abdução e flexão dorsal da cabeça do talo (MALONE et al., 2000). Embora seja discutido como elemento isolado, não ocorre de forma separada e são influenciados pela sustentação ou não de peso corporal (STARKEY e RYAN, 2001). A amplitude de movimento varia bastante compreendendo uma amplitude total entre 200 – 620. Sendo normalmente a pronação o dobro da supinação (MALONE et al., 2000). A principal função da articulação consiste em permitir a rotação do membro inferior no plano transversal durante a fase de apoio da marcha. Outra função da articulação é permitir que a tíbia apresente rotação interna mais rápido que a coxa a fim de permitir que a articulação do joelho seja desbloqueada no início da fase de apoio. Através da pronação, a subtalar ajuda o músculo poplíteo a promover a rotação interna (STARKEY e RYAN, 2001). Nenhum músculo se insere no tálus, logo a estabilidade da articulação é fornecida por ligamentos e ossos. Cruzando obliquamente o tálus e o calcâneo, existe o canal tarsiano o qual permite a inserção do forte ligamento talocalcâneo interósseo (Figura 3), que corre transversalmente entre essas duas facetas e mantém os dois ossos firmemente unidos. Um segundo ligamento intra articular é o cervicis que se situa lateralmente ao canal tarsiano. O 15 apoio colateral é conseguido pelos ligamentos laterais e mediais, o deslizamento posterior do tálus sobre o calcâneo é parcialmente restringido pelo talocalcaneo posterior. A articulação possui uma curta cápsula articular que é frouxa e fina, sendo reforçada pelos ligamentos colaterais (STARKEY e RYAN, 2001). Figura 3: Ligamentos mediais do tornozelo (Fonte: Sobotta, 2000). 2.1.2.3 Articulação transversa do tarso A articulação transversa do tarso ou mediotarsal é formada pelas articulações talocalcaneonavicular e calcâneocubóide. O movimento destas duas articulações cria dois eixos, um oblíquo e outro longitudinal, podendo cada um deles deslocar-se de forma independente, porém a localização destes dois eixos quando em cadeia fechada, depende da posição da articulação subtalar. Ao lado das superfícies articulares do tálus, calcâneo e navicular há uma outra superfície articular revestida de cartilagem fibrosa no ligamento calcaneonavicular plantar. Este ligamento une o calcâneo na região da face articular média ao osso navicular, formando assim uma cavidade articular para a cabeça do tálus. A cápsula na articulação talocalcaneonavicular insere-se na borda da cartilagem articular ou alcança o 16 ligamento calcaneonavicular plantar. O tenso ligamento bifurcado reforça a cápsula e fixa entre si os ossos calcâneo, navicular e cubóide. O ligamento talocalcâneo interósseo situado no seio do tarso, separa as partes anterior e posterior da articulação talocalcaneonavicular. A articulação calcâneo-cubóide é do tipo selar. Estes dois ossos são unidos pelo ligamento calcâneo-cubóide dorsal e o ligamento calcâneo-cubóide plantar. O ligamento calcâneocubóide é um dos elementos essenciais de sustentação da abóbada plantar (PLATZER, 1995). A articulação transversa do tarso permite movimentos da parte frontal do pé com relação à parte posterior, denominados pronação quando o arco do pé torna-se achatado e supinação quando o arco é elevado (NORKIN e LEVANGIE, 2001). O movimento nesta articulação ocorre em combinação com movimentos das articulações subtalar e tarsometatarsianas. Os planos dos eixos descrevem a relação existente entre o movimento da subtalar e os dois eixos da mediotarsal, traçando-se duas linhas: uma no eixo longitudinal e outra no eixo oblíquo, possibilitando a conservação dos movimentos que os planos dos eixos realizam durante a pronação e a supinação. Os planos dos eixos assumem uma posição mais paralela durante pronação. A Figura 4 mostra a articulação subtalar de frente com o calcâneo em inversão a cabeça do tálus em adução e flexão plantar, os planos dos eixos se dispõe paralelamente. Os planos dos eixos tendem a convergir à medida que a articulação vai para a posição neutra a mostra a convergência dos planos à medida que a articulação subtalar entra em supinação (MALONE et al., 2000). O resultado funcional é importante uma vez que os planos dos eixos se tornam paralelos em decorrência da pronação, as articulações do pé tornam-se mais flexíveis e móveis (MALONE et al., 2000). 17 Figura 4: Artrocinemática da subtalar. Posição ocupada pelos eixos da região metatarsiana (A) pronação, (B) neutro, (C) supinação. (Fonte: Manole et. al, 2001). 2.1.2.4 Articulações cuneonavicular, cuneocubóidea e intercuneas Estas três articulações são aproximadamente planas e permitem um movimento de deslizamento. A articulação cuneonavicular é formada pelos três cuneiformes e pelo navicular. A cuneocubóidea é a articulação do cubóide e dos três cuneiformes; o terceiro cuneiforme repousa sobre o cubóide, cujo terço interno serve de apoio ao arco dos cuneiformes. As intercúneas ocorrem entre os três cuneiformes, que permitem leves movimentos verticais que modificam a curvatura transversal da abóbada plantar (SMITH e LEHMKUHL, 1987). 2.1.2.5 Articulações tarsometatarsianas São constituídas de uma sucessão de articulações do tipo plana estreitamente ligadas. A articulação tarsometatarsiana apresenta o tarso ligado aos três cuneiformes por dentro e o cubóide por fora, e por outro lado, ligado a base dos cinco metatarsianos (SMITH e LEHMKUHL, 1987). 18 O encaixe preciso do segundo metatarsiano com a cavidade formada pelos cuneiformes e os metatarsos adjacentes permitem apenas pequenos movimentos de flexão e extensão. As outras articulações metatarsianas permitem pequenos movimentos de rotação e podem ser movidas em arcos ao redor do segundo metatarso, mais rígido (SMITH e LEHMKUHL, 1987). Esta articulação é mantida pelos ligamentos tarsometatársico dorsais, estendido da face externa do primeiro cuneiforme à face interna da base do segundo metatarsiano; e um sistema ligamentar, que comporta fibras diretas entre o segundo cuneiforme e o segundo metatarsiano e entre o terceiro cuneiforme e terceiro metatarsiano; e fibras cruzadas entre o terceiro cuneiforme e o segundo metatarsiano e entre o segundo cuneiforme e o terceiro metatarsiano (KAPANDJI, 1990). Por outro lado, a solidez da articulação tarsometatarsiana está assegurada por numerosos ligamentos estendidos da base de cada metatarsiano em direção ao osso do tarso correspondente e em direção à base dos metatarsianos vizinhos. Existem particularmente sobre a face dorsal, ligamentos que se irradiam da base do segundo metatarsiano a todos os ossos vizinhos e sobre a face plantar, ligamentos estendidos do primeiro cuneiforme aos três primeiros metatarsianos. Sobre o lado plantar da base do primeiro metatarsiano se fixa o tendão do fibular lateral longo, que acaba de percorrer sua goteira plantar (KAPANDJI, 1990). 2.1.2.6 Articulações metatarsofalangeanas Estas articulações são sinoviais elipsóides indivíduais, entre os metatársicos e as falanges proximais. Cada articulação é envolvida por uma cápsula fortalecida por fortes ligamentos colaterais arredondadas e, na face plantar, por uma estrutura fibrosa espessa, o ligamento plantar, que se funde com a camada profunda da bainha do tendão flexor. A parte dorsal da cápsula é muito delgada e fundida com o tendão extensor. O ligamento plantar da primeira articulação metatarsofalangeana é substituído pelos ossos sesamóides nos dois tendões do curto flexor do hálux. Entre as cabeças dos ossos metatarsianos encontram-se quatro fortes faixas achatadas, os ligamentos metatarsianos transversos profundos, que são 19 fixados às margens dos ligamentos plantares das cápsulas; impedindo que as cabeças metatarsianas se expandam (KAPANDJI,1990). Elas formam a verdadeira mecânica do desenvolvimento da marcha. Estas articulações têm hiperextensão de 90°, e a flexão é apenas 30° a 45°. Este fato está relacionado com a função de sustentação de peso do pé. Além da flexão e extensão, possuem um certo grau de abdução, realizada ativamente durante a extensão onde os dedos separam-se; adução, realizada ativamente durante a flexão dos dedos; e mecânica ou passivamente, a circundunção (KAPANDJI, 1990). Os eixos de movimento passam através do centro da cabeça do osso metatársico o movimento de flexão-extensão em direção transversa e o de adução-abdução em direção dorsoplantar. A orientação para a abdução-adução é uma linha através do segundo artelho (SMITH e LEHMKUHL, 1987). 2.1.2.7Articulações interfalangeanas São articulações trocleares, em dobradiça, apresentando-se entre as falanges. Permitem flexão e extensão dos artelhos. A flexão, partindo-se da linha média, atinge 80° para as articulações interfalangeanas proximais e 45° para as articulações interfalangeanas distais. A extensão não existe, partindo da linha média, dentro das articulações interfalangeanas distais (ALAIN, 1985). 2.1.2.8 Articulação tibiofibular O movimento de flexão dorsal e plantar ocasiona um afastamento dos maléolos (KAPANDJI, 1990). A cúpula do talo é mais ampla na sua região anterior. Apesar disto os maléolos mantém a congruência com o tálus em toda a amplitude de movimento (INMAN apud SMITH e LEHMKUHL, 1987). Para tal ocorre um movimento na sidesmose tibiofibular distal de rotação e de abdução e este se reflete na tibiofibular proximal e em toda a extensão da membrana interóssea ocorrendo uma horizontalização das fibras, o qual retorna à verticalidade quando os maléolos se aproximam novamente (KAPANDJI, 1990). 20 2.2 MÚSCULOS DO TORNOZELO E DO PÉ Os músculos da perna são considerados longos e extrínsecos por possuírem origem abaixo do joelho e inserção no pé; atuando em seus movimentos. Os músculos gastrocnêmio e plantar, porém, são chamados biarticulares por possuírem origem femural. O grupo de músculos anteriores da perna comporta os subgrupos dos músculos flexores dorsais e dos músculos fibulares; já o grupo de músculos posteriores da perna é formado pelos subgrupos superficial e profundo (STARKEY e RYAN, 2001). Os músculos curtos do pé (ou intrínsecos) são representados pelos que se originam abaixo da articulação do tornozelo e podem situar-se no dorso ou planta do pé. Os músculos intrínsecos do pé são caracterizados em quatro camadas distintas: A camada superficial: contém o abdutor do hálux, abdutor do dedo mínimo e flexor curto dos dedos. A camada média: formada pelo quadrado plantar e pelos lumbricais, os tendões dos flexores longo dos dedos e o longo do hálux também passa por esta camada. Camada profunda: composta pelo flexor curto dos dedos, flexor curto e adutor do hálux bem como o flexor curto do dedo mínimo. Camada interóssea: esta por baixo da camada profunda e contém os interósseos plantares e dorsais (STARKEY e RYAN, 2001). Todos estes são cobertos pela aponeurose plantar, originada da fáscia superficial, que consiste de feixes fibrosos longitudinais vindos da tuberosidade do calcâneo e irradiando-se para os dedos; que são unidos por fibras transversais. Essa aponeurose, juntamente com os septos plantares medial e lateral forma três câmaras de tecido conjuntivo que contém tecido adiposo e os três grupos musculares. 2.3 ASPECTOS RELACIONADOS À PRONAÇÃO O tornozelo é para onde converge o peso do corpo durante a deambulação. É uma articulação muito fechada que sofre alterações importantes, pois em apoio unipodal suporta a totalidade do peso do corpo, o qual encontra-se aumentado pela energia cinética quando o pé entra em contato com o solo em uma certa velocidade da marcha, corrida ou salto (KAPANDJI, 2000). Devido a esta concentração de esforços os pés são acometidos por deformidades estáticas, dinâmicas além de estar sujeito a alta incidência de doenças sistêmicas 21 (STARKEY e RYAN, 2001). O mau alinhamento tarsal mais comum foi descrito originalmente por Strauss em 1927, como sendo a deformidade do ante-pé em varo representando um alinhamento dos ossos do pé onde o ante-pé é invertido em relação ao retropé (MICHAUD, 1997). A lesão ao tornozelo é o traumatismo mais comum no atletismo. Durante a competição atlética com freqüência o tornozelo é colocado em uma posição em que forças anormais devem ser absorvidas e dissipadas por suas estruturas (STARKEY e RYAN, 2001). A hiperpronação em algumas vezes é abordada com relação ao arco longitudinal medial, porém recentes estudos comprovam que não existe relação entre hiperpronação e queda do arco plantar (NIGG e WERNER, 1992, SOMMER e VALLENTYNE, 1995, NIGG, 2001). Contudo, são de relevante importância a definição e o controle desta variável. O arco longitudinal é o mais evidente dos arcos, é formado por cinco ossos; calcâneo, talo, navicular, primeiro cuneiforme e primeiro metatarsiano. O osso navicular funciona como sustentador entre as áreas anterior e posterior, sendo que a disfunção neste osso ou ligamentos e músculos inseridos nele leva à disfunção do arco como um todo. O apoio ligamentar é conseguido através dos ligamentos calcâneo navicular plantar, plantar longo, calcâneo cubóide plantar, deltóide e fáscia plantar. A fáscia é dividida em três tiras distintas as quais apóiam os arcos longitudinais. A tira central originada no tubérculo calcâneo medial e inserida no aspecto plantar de cada um dos cinco dedos, é a mais longa e espessa. Esta tira progride no pé e da origem a mais duas tiras, uma desviando lateralmente outra medialmente. Da mesma forma que a fáscia também é sustentada por músculos (STARKEY e RYAN, 2001). Durante a postura estática em pé os músculos dão pouca sustentação ao arco medial. Contudo, quando a pessoa anda ocorre um par de forças com o tibial anterior e o tibial posterior que tracionam o arco para cima arrastando o arco proximalmente (STARKEY e RYAN, 2001). Estudo citado por Hamill (1991) realizado por Bates et al., (1991), sugere que um dos mecanismos de lesão do joelho pode ser resultante da disfunção da cadeia cinética durante eventos repetitivos. O mecanismo relatado foi o do tempo da articulação subtalar e do joelho. Durante a fase de suporte, a articulação subtalar prona e o joelho flete. Acompanhando este movimento, a tíbia roda internamente. Seqüencialmente durante a próxima fase a subtalar 22 supina e articulação do joelho estende. Conseqüentemente, a tíbia faz rotação externa. Se a supinação da subtalar ocorre em um tempo diferente do que a iniciação da extensão do joelho, uma relação antagônica pode estar sendo criada. Este cenário poderia resultar em um excessivo stress da articulação do joelho e tornozelo, e através dos ciclos repetidos ocorridos durante a corrida, poderiam resultar em lesão na articulação do joelho. Da mesma forma o estresse pode causar outras lesões em membro inferiores, como fratura por stress da tíbia, condromalácia, fascite plantar, tendinite do calcâneo, dor sacroilíaca, dor lombar, metarsalgias, entre outras, as quais já foram apresentadas em estudos como de NIGG e WERNER, 1992, SOMMER e VALLENTYNE, 1995; LAUF, 1996; HRELJAC et al., 1999; HENNIG, 2003). 2.4 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA DISTRIBUIÇÃO DE PRESSÃO PLANTAR Esforços para se quantificar a distribuição de pressão plantar (DPP) começaram no final do século XIX. Entretanto progressos significativos no desenvolvimento de sistemas de medição comerciais somente foram alcançados entre 1980 e 1990 (NIGG, 1994). São diversas as possibilidades de se quantificar a pressão aplicada durante o caminhar ou a condição estática. Neste tópico serão apresentadas as formas mais comuns de mensuração da distribuição de pressão plantar e suas características. 2.4.1 Princípio capacitivo Plataformas de distribuição plantar ou palmilhas com base em elementos capacitivos consistem de “n” barras de material condutor arranjada em série na superfície, “m” barras de material condutor arranjadas em colunas, com posição inferior às supracitadas e um material resiliente dielétrico entre as barras (NICOL e HENNIG, 1976). 23 O material dielétrico entre as barras condutoras consiste em um material elástico conforme é comprimido diminui a distancia entre os condutores aumentando a distribuição de pressão plantar (NICOL e HENNIG, 1976). 2.4.2 Princípio resistivo Nos transdutores de força baseados no princípio da resistividade, fileiras e colunas de material condutor são usadas na superfície e em uma camada sobreposta, assim como no sistema capacitivo, entretanto o material utilizado entre as fileiras e colunas é um resistor. Quando a força é aplicada ao sensor a resistência elétrica do material entre as fileiras e colunas é alterada. Esta alteração corresponde à força aplicada (NIGG, 1994). 2.4.3 Pressure Sheet Pressure sheet consiste em duas folhas, onde a primeira folha está em contato com a força aplicada no objeto. Microcápsulas com produtos coloridos são fixadas à superfície inferior da folha que entra em contato com a superfície da outra folha. Quando a força é aplicada de forma localizada, cápsulas rompem-se e se depositam sobre a folha de baixo material colorido. A intensidade é relacionada indiretamente a máxima força aplicada Nigg, (1994), sendo portanto uma medição quantitativa baseada na intensidade das cores. 2.4.4 Princípio piezoelétrico Hennig et. al, (1981) usaram 499 transdutores piezoelétricos em sua primeira tentativa de desenvolver um método que pudesse quantificar a distribuição de pressão plantar (DPP) entre o pé e o calçado. Os elementos eram envolvidos em 3mm a 4 mm de espessura compostos de silicone altamente resiliente. Tornando o material isolado eletricamente e 24 impermeável.sendo que cada sensor é conectado a unidade de coleta de dados. Esta tecnologia não é muito utilizada pois cada transdutor piezoeletrico necessita de um cabo para conectar a unidade de coleta de dados, limitando desta forma o número de sensores (NIGG, 1994). 2.4.5 Outros métodos Além dos métodos já citados para a quantificação da DPP, vários outros métodos foram desenvolvidos, entretanto estes não são freqüentemente utilizados nas pesquisas e testes em biomecânica Nigg, 1994, por tal motivo serão somente citados. Sensores indutivos, reflexivos ,critical light reflection, reflecting/polarizing sheet. 2.5 DISTRIBUIÇÃO DE PRESSÃO PLANTAR Segundo Cavanagh et al., (1997), historicamente muitas opiniões vem sendo expressas no que diz respeito à relação estrutura e função do pé. Entre eles o autor cita a espessura dos tecidos moles na planta do pé, o comprimento relativo dos metatarsos, configuração do arco longitudinal medial, proeminências ósseas, dedos em garra ou martelo. É comum na prática clínica dizer que pés cavus apresentam maior predisposição a lesões de “overuse”. Contudo poucos estudos quantitativos foram realizados para examinar estas hipóteses. Sob este tópico serão expressos alguns estudos que relacionam estrutura e função com as diferentes caracterizações da distribuição de pressão plantar. Em amplos estudos realizados por Cavanagh et al., (1997) os autores se utilizam de vários meios para aferir fatores que influenciaram na distribuição de pressão plantar na região do calcanhar e do primeiro metatarso, destacando a difração de raio x para a avaliação da estrutura do pé. Através de regressão múltipla podem se apresentar resultados importantes para o estudo do pé. Serão citadas algumas das observações realizadas. Os autores colocam ainda que uma baixa altura do calcâneo está associada ao aumento da pressão plantar. Esta característica se apresenta devido à diminuição da espessura de tecidos moles durante a 25 sustentação do peso. Em adição a este fator ainda está associada uma grande inclinação medial do primeiro metatarso e uma pequena inclinação do quinto metatarso, contribuindo de forma significativa para o aumento de pressão no calcâneo (CAVANAGH et al., 1997). No mesmo estudo Cavanagh et al., (1997) concluem que através da análise de regressão mesmo com um pequeno número de radiografias há possibilidade de alcançar dados sobre as estruturas que podem explicar 35% da variação dos picos de pressão plantar embaixo do calcâneo e do primeiro metatarso durante a marcha. Isto confirma que variações da estrutura estática são significantes preditores da função dinâmica do pé durante a marcha. Outro dado importante observado, porém não analisado neste estudo foi a relação entre altura do navicular e inclinação do primeiro metatarso que apresenta um coeficiente de correlação de 0.8. No mesmo estudo os autores criaram um modelo esquemático para predizer os picos de pressão (Figura 5). 26 Características físicas idade osso articulação ligamento altura sexo Musc. extrínseco Tecido mole Musc. intrínseco Ação muscular Estrutura do pé Força Reação Solo Cinemática Estilo da marcha Distribuição de pressão plantar Figura 5: Modelo adaptado utilizado para predizer pressão plantar (Fonte: Cavanagh et. al, 1997). Em outra publicação, Cavanagh e Morag, (1999) citam a importância do controle da velocidade durante a avaliação, pois esta é fator determinante dos picos de pressão, ressaltando a importância do controle de velocidade absoluta. Outra observação importante seria no que se refere ao comportamento do tecido subcalcaneal o qual não apresenta uma característica não linear de deformação. Os autores ainda abordam que com o objetivo de reduzir o número de variáveis independentes, uma análise inicial foi realizada para identificar significantes preditores de pico de pressão sob as áreas de interesse de cada conjunto de dados individuais. Com cada um dos oito conjuntos de dados (tecido moles, antropometria, 27 Amplitude de movimento, mensurações radiográficas, aproximações cinemáticas, Eletromiografia, características físicas) significativos preditores de pico de pressão local foram identificados por regressão múltipla. Como preditor soma com 23,4% da variação do pico de pressão no médio pé. O modelo do médio pé prediz que uma eversão esta associada à baixa pressão no médio pé, uma vez que permite o pé estar em posição mais pronada na fase de médio apoio da marcha distribuindo a carga medialmente quando ocorre o pico de pressão (Figura 6). Confirmado por outros estudos Morag et. al, (1996), ressalta a importância do índice de Morton e a altura do sesamóides como importantes preditores dos picos de pressão na primeira articulação metatarsofalangeana. . Figura 6: Distribuição de para a classificação do tipo de pé: distribuição normal (esquerda), pé cavo (centro) e pé plano (direita) (Fonte: Novel GmbH,2004). Outros fatores importantes a serem considerados do estudo de Morag e Cavanagh, (1998), são que o aumento do ângulo entre a horizontal e a primeira falange proximal está associado a uma diminuição do pico de pressão (PP) em baixo da primeira articulação metatarsofalangeana. Alem destes fatores estruturais são ainda apresentados resultados referentes ao aumento de pressão e atividade muscular na eletromiografia (EMG). Tal estudo 28 sugere que o aumento da atividade de gastrocnêmio durante os 50 % finais da marcha esta associado a um grande PP em baixo da primeira metatarsofalangeana, reforçando ainda que o aumento da atividade gastrocnêmio não esta associada a aumento da velocidade. III METODOLOGIA Este estudo definiu-se em experimental descritivo exploratório, que segundo Rudio (1986) consiste em descobrir e observar fenômenos, procurando descrevê-los, classificá-los e interpretá-los. Onde foram realizados escaneamento das dimensões e formas do pé, distribuição plantar e aferição da amplitude de movimento articular, através de testes clínicos, scanner e plataforma de pressão plantar. 3.1 CARACTERÍSTICAS DOS SUJEITOS Os sujeitos foram convidados a participarem do estudo e sendo que somente foram analisados os que se enquadraram dentro dos critérios de inclusão, caracterizando uma amostra não aleatória do tipo intencional. A amostra foi composta por 17 indivíduos do sexo masculino com idade entre 20-29 anos, índice de massa corpórea entre 20-30kg/m2 , praticante de exercícios físicos, porém não no nível de competição. Além desta caracterização física os indivíduos passaram por exame clínico e anamnese para verificar qualquer acometimento osteomioarticular que pudesse comprometer o movimento. Para a caracterização de indivíduos hiperponadores os sujeitos passaram por avaliação de amplitude de movimento através de goniômetro, paquímetro, fita métrica. Tanto para os indivíduos com índice de pronação normal quanto hiperpronadores foi requerido uma amplitude funcional, seguindo Hamill e Knutzen, (1999) de uma amplitude mínima de 100 de dorsiflexão e 350 flexão plantar. Sendo estes, os critérios utilizados. Para a determinação de hiperpronação o indivíduo teve de se enquadrar nos seguintes critérios: 30 a) Queda do navicular superior a 4mm do aferido com carga e pouca carga de peso corporal. b) Inclinação do calcâneo medido na posição ortostática com carga de peso. Se a inclinação foi maior ou igual a 2° no sentido valgo, o indivíduo era considerado hiperpronador. Foi considerada uma amplitude normal para inclinação de calcâneo à amplitude entre 880 e 920. 3.2 INSTRUMENTOS DE MEDIDA Neste estudo foram utilizados os seguintes instrumentos: 1- Ficha de avaliação clínica e antropométrica para obtenção das características e exame físico do sujeito (anexo I). 2- Goniômetro de hastes flexíveis para aferição da amplitude de movimento (ADM). 3- Paquímetro. 4- Fita métrica. 5- Balança. 6- Estadiômetro. 7- Scanner 3D para medir características antropométricas dos pés. 8-Plataforma para medir distribuição de pressão plantar. 3.2.1 Ficha de avaliação O formulário para a entrevista (anexo I), será realizado ao início da avaliação com o objetivo de identificar e coletar informações referentes a dados pessoais, história atual e pregressa e exame físico. O instrumento é composto por 3 partes: 1 Dados pessoais - composta por seis itens: nome, sexo, profissão, data de nascimento, telefone e e-mail. 31 2 Dados clínicos - composta por quatro questões: dominância, integridade da articulação, histórico de doenças pregressas, prática de atividade física. 3 Dados antropométricos – avaliados massa, estatura, amplitude de movimento do tornozelo. Como este instrumento tinha apenas o objetivo de registrar informações para caracterização e associação e possível correlação com dados coletados o mesmo não foi validado. 3.2.2 Goniômetro O goniômetro da marca Pro-Fisiomed, a fim de mensurar a amplitude de movimento das articulações dos membros inferiores. O aparelho apresenta uma precisão de 1mm e erro de 0,05mm, como tamanho da haste flexível de 20cm. 3.2.3 Paquímetro O paquímetro utilizado foi da marca Mytutoyo, Absolute Digimatic, com uma resolução de 0,1mm sendo o tamanho da haste de 20 cm. Teve como objetivo auxiliar na mensuração da inclinação do calcâneo encontrando ponto médio no terço inferior da panturrilha e tendão calcâneo. 3.2.4 Fita métrica A fita métrica da marca Sanny, medical, com fundo amarelo e com resolução de 1mm, sendo o tamanho da fita de 2000 mm. Teve como objetivo aferir a altura do navicular. 32 3.2.5 Balança Para a mensuração da massa corporal do sujeito e treinamento de transferência do peso, foi utilizada uma balança (Filizola) com resolução de 50g. 3.2.6 Estadiômetro O estadiômetro utilizado é da marca SECA, com uma amplitude de medida de 0 a 2000 mm, tendo uma resolução de 1 mm. 3.2.7 Scaner 3D O scaner 3D da marca Infoot Compact, que possui um sistema para realização de scaneamento e reconstrução 3D do pé humano. Para isso possui um sistema de scanner a laser óptico com oito câmeras que permitem realizar o escaneamento do pé de humanos e medições antropométricas através do reconhecimento de marcas reflexivas colocadas em pontos anatômicos do pé. Tem limite de peso de 200kg e limite de tamanho do pé de 350mm e largura de 160mm. Possui um software que permite scanner, mensurar, observar a imagem do pé. 33 Figura 7: Sistema de scaner 3D (Fonte: I ware.Inc., 2005). 3.2.8 Plataforma de pressão plantar Para a análise de parâmetros da distribuição de pressão plantar descalço foi utilizada a plataforma de distribuição de pressão, modelo EMED AT.50, da empresa Novel, GmbH, München. A plataforma é do tipo capacitivo e permite avaliação da pressão plantar de modo estático e dinâmico. O próprio sistema oferece um software para análise dos dados. A resolução foi de 2 sensores por cm2, e permite avaliações com freqüências de 25/30/50Hz. A plataforma tem uma dimensão de 0,4x0,24m possuindo 1377 sensores e podendo receber uma força máxima de 67000 N. A freqüência de amostragem foi de 50Hz. Figura 8: Plataforma Emed- AT de medir distribuição de pressão plantar (Novel GmbH, 2004). 34 3.3 PROCEDIMENTOS PARA COLETAS DE DADOS Após agendamento prévio de horário, os indivíduos foram encaminhados ao Laboratório de Biomecânica, para esclarecimentos e aplicação da avaliação. Os procedimentos para a coleta dos dados foram divididos conforme a finalidade e seguiram a ordem disposta abaixo (Figura 19). 3.3.1 Termo de consentimento e entrevista Foi apresentado a todos os avaliados um termo de consentimento (Anexo II), contendo explicações sobre os objetivos e procedimentos da avaliação, onde o indivíduo o assinava voluntariamente para uma efetiva participação na pesquisa e, após responderam a uma entrevista. 3.3.2 Medidas antropométricas Foram realizadas duas medições para cada variável antropométrica e, havendo diferença entre os resultados, foi realizada uma terceira de onde se considerou a média. Primeiramente, os indivíduos foram submetidos à medida de massa corporal e estatura em posição ortostática. Logo após, foi medido a amplitude articular dos movimentos de flexão plantar e dorsal e os movimento de eversão e inversão do indivíduo, os quais foram determinados através da utilização de um goniômetro. A aferição das amplitudes de movimento de flexão plantar e dorsal foram realizadas com o paciente em decúbito ventral com a tíbia perpendicular ao solo e a face plantar do pé contralateral de encontro à face medial do joelho, posição referenciada como posição “neutra” para a articulação subtalar (Figura 9). O eixo do goniômetro foi posicionado na altura do calcâneo, no lado lateral. Ficando as duas hastes fixas, uma na linha longitudinal da perna e outra na linha longitudinal lateral do pé, tendo como referência a articulação do V metatarso. Os movimentos da articulação foram mensurados com movimentos ativos do indivíduo. 35 Figura 9: Foto do posicionamento do indivíduo pra aferição da dorsiflexão e plantiflexão. Anteriormente as avaliações os sujeitos passaram por uma adaptação para verificar se realmente conseguiam transferir o peso para um único membro sem tirar o membro contralateral do chão. Esta adaptação foi realizada da seguinte forma: foram colocadas duas balanças de idênticas lado a lado (Figura 10) e o indivíduo foi instruído a transferir a massa para um único membro sem tirar o outro membro do chão (Figura 11), observando a massa marcada na balança, sendo que esta não deveria ser superior a 10% da massa do indivíduo (Figura 12). Após esta verificação de massa, o sujeito realizava a transferência mais três vezes com os lhos fechados para que conseguisse reproduzir a sensação nas aferições seguintes. Figura 10: Posicionamento do indivíduo para treinamento de transferência de peso. Figura 11: Posicionamento das balanças. 36 Figura 12: Campo visual para o indivíduo treinar transferência de peso. As medidas de eversão e inversão foram realizadas através de um goniômetro de hastes flexiveis, mensuradas em posição ortostática numa plataforma de vidro. Para isso os indivíduos adotaram a mesma posição em decúbito ventral com a tíbia paralela ao solo e a face plantar do pé contralateral de encontro à face medial do joelho, adotada como posição “neutra” para a subtalar (Figura 13). O indivíduo mantinha a parte distal da tíbia para fora da maca onde com o auxílio de um paquímetro eram marcados os pontos médio do calcâneo e médio do tendão calcâneo. Através destas marcas traçava-se uma reta, sendo ainda marcados ponto médio na parte distal da tíbia e outro entre o terço distal e médio da tíbia formando uma segunda reta (Figura 14). Figura 13: Posição do indivíduo para mensuração. Figura 14: Marcações realizadas para aferição da relação tíbio-calcânea. Realizadas estas marcações os indivíduos se dirigiam à plataforma de vidro (Figura 15), onde se mantinham em apoio bipodal, pés paralelos. 37 Figura 15: Plataforma de vidro onde o indivíduo se posicionava para as aferições. Nesta posição foram realizadas três medidas, todas com apoio bilateral de membros inferiores, porém uma com a carga no membro contralateral ao que está sendo mensurada a inclinação ou seja pouca carga de peso (PCP), segunda medida sendo mensurada a inclinação de calcâneo com carga no membro (CCP) que está sendo avaliado e terceira medida com o indivíduo com distribuição regular da carga de peso (DRCP). Os pés estavam posicionados a uma distância de aproximadamente 25 cm. Figura 16: Foto ilustrativa da mensuração do ângulo tíbio-calcâneo (esquerda) e da inclinação do calcâneo (direita) (Fonte: Donatelli, 1995). A medida de queda do navicular foi realizada nas mesmas condições com uma fita métrica, medindo-se a diferença entre altura da tuberosidade do navicular entre as posições CCP e PCP. Ainda na mesma posição foi realizada aferição da relação entre tíbia e calcâneo, como mostra a Figura 16. 38 3.3.3 Mensuração de Medidas Antropométricas do Pé Foram realizadas três escaneanentos de cada pé dos indivíduos, sendo considerada a média dos valores. Em todas as coletas os indivíduos permaneceram com apoio bipodal e ainda com toque na barra de apoio do próprio aparelho a fim de melhorar o equilíbrio e minimizar os desvios corporais (Figura 17). Figura 17: Foto ilustrativa do apoio bilateral de membro superior. As coletas foram aleatórias, sendo realizadas da seguinte forma: 1 – com carga de peso (CCP), 2 – pouca carga de peso (PCP) e 3 – distribuição igual da carga de peso (DICP). Para a mensuração foram marcados os seguintes pontos: maléolos lateral e medial, navicular, cabeça de primeiro e quinto metatarso e ainda três pontos na parte posterior seguindo as marcações realizadas para aferição de eversão e inversão (Figura 18). 39 Figura 18: Foto ilustrativa do apoio bilateral de membro superior (lateral, posterior e medial). 3.3.4 Mensuração da Distribuição de Pressão Plantar A coleta de distribuição de pressão plantar foi realizada utilizando o sistema Emed AT50, nas condições caminhando e correndo. Para a situação de caminhada optou-se pelo método do primeiro passo: o indivíduo permanecia em posição de passo a frente da plataforma e fazia contato com a plataforma no primeiro passo. Este método não produz dados equivalentes aos dados de marcha, porém produz dados válidos e reprodutíveis. Foram realizadas 8 coletas a uma freqüência de 50Hz. Para a situação de corrida os indivíduos eram orientadas a correr a uma velocidade de 10km/h. Assim os mesmos realizavam o percurso de 8m até que conseguisse percorrer uma distância de 4m em um tempo de 1,4s a1,5s, o que representou uma velocidade entre 9,6 km/h-10,2 km/h. Em seguida os sujeitos passavam por um período de adaptação de sua corrida sobre a passarela montada. Adaptados a velocidade eram realizadas 8 coletas para o pé esquerdo e oito para o direito. Sendo utilizada uma freqüência de amostragem de 400Hz. 40 Termo de consentimento QUESTIONÁRIO ENTREVISTA Antropometria-fase I (dorsi e plantiflexão, massa e estatura) Treinamento de transferência de peso na balança Antropometria fase II - eversão, inversão - rel tíbio calcâneo - queda de navicular Marcação dos pontos e mensuração scanner COLETA NA PLATAFORMA DE DPP Familiarização técnica do 10 passo Figura 19: Seqüência de coleta de dados. 41 3.4 CONTROLE DAS VARIÁVEIS 3.4.1 Obesidade A obesidade é um dos maiores problemas de saúde pública do mundo, sendo que em muitos lugares os índices vêm aumentando e juntamente com eles problemas ortopédicos como incidência de osteoartrite, pés dolorosos e além de outros sintomas nas articulações de membros inferiores normalmente relatados por pessoas obesas. Hills, 2001 adotando um critério de acordo com o índice de massa corpórea (IMC), avaliou 35 pessoas 17 homens e 18 mulheres com índice de massa corpórea a cima de 30 kg/m2 sendo que estes apresentaram picos de pressão elevados na região dos 5 metatarsos e ainda no médio pé conforme mostra Figura 20. Portanto, com objetivo de minimizar os erros foi realizado controle do índice de massa corpórea (IMC) onde indivíduos com o índice superior a 30 kg/m2 seriam excluídos da amostra (HENNIG, 2003). Figura 20: Distribuição de pressão plantar em pessoas obesas (Fonte: Hennig, 2003). 3.4.2 Diferenças anatômicas relacionadas ao sexo 42 Existem diferenças relatadas na anatomia do pé quando se refere ao sexo masculino e ao sexo feminino. Fatores como a diferença na largura da pelve entre homens e mulheres alterando o eixo mecânico do membro inferior, o crescimento do pé que em mulheres atinge o tamanho adulto por volta dos 14 anos e nos homens por volta dos 16 anos, à largura dos pés mais finos em mulheres, comparado a homens, assim como a menor relação entre o calcâneo e o ante-pé são condições que provocam diferenças entre os sexos (Hennig, 2003). Por este motivo a amostra foi composta somente por indivíduos do sexo masculino. 3.4.3 Velocidade da marcha e pressão plantar Alguns estudos, como os de Hennig e Milani (2000) e Schlee (2004) vêm mostrando que o aumento da velocidade acarreta mudanças nas variáveis cinéticas da marcha sendo estas mudanças mais pronunciadas na transição entre velocidades normais para velocidades mais altas. Hennig e Milani, (2000) investigaram os efeitos da velocidade na pressão planta, na força de reação do solo e na aceleração tibial. Os picos de pressão mostraram que com o aumento da velocidade ocorriam grandes diferenças para picos no calcâneo e na região de ante-pé. No entanto estes aumentos não se refletiram em aumento na carga relativa. De forma que a variável velocidade foi controlada a fim de garantir a confiabilidade dos dados. 3.4.4 Amplitude de movimento Segundo Nordin e Frankel, (2003) a amplitude necessária para a marcha seria aproximadamente 100 de dorsiflexão e 350 de flexão plantar sendo este os valores adotados como critérios de inclusão para os indivíduos participarem do estudo. 43 3.5 PROCESSAMENTO DOS DADOS 3.5.1 Dados antropométricos Os dados antropométricos foram anotados em uma tabela conforme o (Anexo I) e após este foram diretamente para o Excel para realização de estatística descritiva. A analise inferencial foi realizada no Stat View 5.0.1 for Windons 1992-1998 (SAS Institute inc ). 3.5.2 Dados de distribuição de pressão plantar 1- Os dados de distribuição da pressão plantar foram armazenados no software da Novell do próprio sistema de aquisição de dados. Primeiramente foram observadas as trajetórias do centro de pressão (COP) de cada um dos indivíduos e ainda as áreas de contato das aquisições estáticas, sendo que dados que não estivessem seguindo os padrões das trajetórias de cada indivíduo eram descartados. 2- Estes dados foram agrupados de acordo com cada coleta e separado nos grupos HP e PF de acordo com avaliação clínica. Posteriormente a esta separação os dados foram classificados quanto ao tipo de tarefa: caminhando ou correndo para cada um dos grupos. 3- Depois de agrupados foi aplicada uma mascara (PRC) que dividiu o pé em dez regiões, nas quais foram calculadas as variáveis pico de pressão, área de contato e carga relativa. (M01; calcaneo medial; M02; calcâneo lateral; M03; médio pé medial; M04; médio pé lateral; M05; 10 metatarso; M06; 20 metatarso; M07; 30 40 50 metatarsos; M08; hálux ; M09; 20 dedo; M10; 30 40 50 dedos), conforme observa-se na Figura 21. Ainda nesta etapa foram inclusas as massas corpóreas de cada individuo para a normalização dos dados. 44 Figura 21: Máscaras (PRC) dividindo o pé em 10 regiões (Fonte: Pedar System) Estas máscaras utilizadas pelo programa foram desenvolvidas por um estudo realizado por Cavanagh (1987) o qual dividiu o pé em dez partes conforme ilustra a Figura 22. 45 . Figura 22: Divisão da planta do pé em 10 regiões (Fonte: Cavanagh, 1987). Depois destes processamentos os dados foram organizados preparados para exportar para o Microsoft Excel onde foram transformados em arquivos do tipo *.sta. Possibilitando assim a exportação dos valores individuais para o Excel para formatação e futura analise no Stat View 5.0.1 for Windons 1992-1998 (SAS Institute Inc. ). 3.5.3 Dados do Scaner 3D Os dados do escaneamento do pé foram diretamente exportados para o Excel e separados em grupos HP e PF. Posteriormente foram calculadas as médias das três coletas a qual foi utilizada para a média geral e desvio padrão dos grupos. 46 3.6 TRATAMENTO ESTATÍSTICO Para verificar a normalidade dos dados optou-se por teste de Kolrmogorov-Smirnov, onde se constatou que nem todas as variáveis clínicas apresentavam normalidade. Portanto, optou-se por testes não paramétricos no tratamento estatístico. • Para caracterização das variáveis clinicas, antropométricas e biomecânicas utilizou-se da estatística descritiva através da média, desvio padrão, valores máximo e mínimo. • Na comparação entre os dados optou-se pela estatística não paramétrica através do teste U de Mann-Whitney para dados não pareados. • Para verificar a correlação entre as variáveis clinicas e biomecânicas foi utilizado teste de correlação linear de Spearman. Em todos os testes considerou-se nível de significância de 5%, com p ≤0,05. 47 IV APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS O capítulo a seguir tem como propósito apresentar os resultados e discutir os dados obtidos através da avaliação clínica e biomecânica de indivíduos com aspectos normais referentes à pronação e indivíduos hiperpronadores. A classificação foi realizada segundo parâmetros clínicos. A apresentação dos dados respeitará a seguinte seqüência caracterização dos sujeitos, estatística descritiva dos dados antropométricos e de amplitude de movimento, e dados referentes à área de contato, pico de pressão área relativa e força máxima. Finalmente será apresentada a estatística não paramétrica relacionando tanto dados referentes à área de contato, pico de pressão área relativa e força máxima como dados antropométricos. 4.1 CARACTERIZAÇÃO DOS SUJEITOS Foram avaliados 20 sujeitos, dos quais 17 foram selecionados após uma avaliação clinica de pé e tornozelo. Os sujeitos eram inclusos se possuíssem amplitude de movimento normal da articulação do tornozelo e os dois pés fossem classificados da mesma forma quanto a pronação. Os critérios de exclusão foram: diferença na classificação entre os dois membros, diminuição quanto a amplitude de movimento sendo 100 para a dorsiflexão e 350 para a flexão plantar e lesão no tornozelo a menos de seis meses. Os sujeitos foram classificados em dois grupos: pronador funcional, (PF), hiperpronadores (HP). Eram considerados hiperpronadores quando apresentassem inclinação do calcâneo superior a 2° no sentido valgo em posição ortostática com sustentação de peso e diferença na altura do navicular entre as posições com carga de peso (CCP) e pouca carga de peso (PCP) superior a 4mm. Por fim, os grupos foram formados por 11 indivíduos hiperpronadores 6 indivíduos no grupo pronador funcional. Os dados antropométricos para os dois grupos são apresentados na Tabela 1. 48 Tabela 1: Dados antropométricos para os grupos HP (Hiperpronador) e PF (Pronador funcional), apresentado média, desvio padrão (dp) e valores máximo e mínimo. Variável ALTURA (cm) MASSA (kg) IMC (kg/cm2) Minimo Media Maximo dp Minimo Media Maximo dp Minimo Media Maximo dp HP 170,00 177,21 189,70 5,96 64,00 74,26 88,00 7,72 20,00 23,63 30,00 3,04 PF 158,50 173,55 197,50 14,03 60,00 73,47 96,00 14,50 21,00 24,18 30,00 3,37 De maneira geral amostra foi composta por 17 indivíduos, sendo todos do sexo masculino, com média de idade de 24,23 anos ( ± 2,65). Sendo que destes (83,4%) 14 sujeitos eram destros e 2 sujeitos mostraram-se destros para membros inferiores e (16.6%) 3 sujeitos mostraram-se sinistros para membros inferiores. Para a massa corporal foi encontrado um valor médio de 73,98 kg ( ± 10,15), média de estatura 175,91cm ( ± 9,32), e Índice de Massa Corpórea (IMC) a média foi de 23,91 kg/m2 ( ± 2,97). Os dados diferenciados para cada grupo encontram-se na Tabela 1. Os valores encontrados para ambos os grupos são próximos aos valores do estudo de Hills et. al, (2001) que investigaram a distribuição de pressão plantar em pessoas obesas IMC igual ou maior a 30 kg/m2 e não obesas, com valores médios de 24,3 kg/m2 para não obesos e 38,8 kg/m2 para obesos e obtiveram um valor médio 24,3 kg/m2 . Destaca-se ainda que os resultados de Hills et. al, (2001) indicaram diferença significativa nos valores de pressão plantar entre pessoas obesas e normais nas regiões de médio pé, cabeça de I e IV metatarso e hálux. Da mesma forma que Rodriguez (1997) realizou estudo com o índice de arco plantar de crianças em três populações obesos, crianças habituadas ao uso de calçado e não habituados ao uso de calçado. Para este estudo as crianças obesas foram as que mostraram os 49 maiores índices de arco plantar denotando um arco baixo e tendência ao pé plano. Klavdianos, et. al, (1997) também realizaram estudo com distribuição de pressão plantar em crianças e também encontraram diferença estatisticamente significativa na região de médio pé. Em estudo citado por Hennig, (2003) com crianças obesas e não obesas também foi identificado diferenças quanto à altura de arco plantar e dinamicamente durante a caminhada também foram encontradas diferenças significativas quanto à distribuição de pressão plantar na região de ante pé (DOWLING et al., 2001). 4.2 CARACTERÍSTICAS DOS PARÂMETROS CLÍNICOS DE AVALIAÇÃO DE PRONAÇÃO Com o objetivo de caracterizar variáveis clinicas de pronação, na Tabela 2 são apresentados valores médios para ambos os grupos. 50 TABELA 2: Dados clínicos de dorsiflexão, plantiflexão e relação tíbio calcânea para os grupos. Valores de média, desvio padrão (dp) e extremos para os lados dominante (LD) e não dominante (LND). HP Variavel DORSIFLEXAO PLANTIFLEXAO ALTURA NAVICULAR QUEDA DO NAVICULAR INCLINAÇAO DO CALCÂNEO RELAÇÃO TIBIO-CALCÂNEO Grupo Minimo Media Maximo dp Minimo Media Maximo dp Minimo Media Maximo dp Minimo Media Maximo dp Minimo Media Maximo dp Minimo Media Maximo dp LD 12,00 20,27 41,00 8,43 25,00 43,82 54,00 8,47 2,40 4,03 5,20 0,81 0,40 1,09 6,00 1,64 1,00 3,64 8,00 2,46 4,00 10,55 18,00 5,34 PF LND 10,00 20,36 46,00 9,51 26,00 46,27 68,00 10,16 2,40 4,04 5,60 0,94 0,40 1,11 6,00 1,63 0,00 2,64 6,00 2,01 4,00 9,09 18,00 5,24 LD 12,00 16,50 24,00 4,37 49,00 55,83 62,00 5,00 3,20 4,30 5,40 0,75 -2,00 -0,22 0,30 0,88 -4,00 2,67 5,00 3,45 8,00 12,67 20,00 4,55 LND 15,00 17,50 20,00 2,17 52,00 54,83 58,00 2,71 3,40 4,32 5,00 0,63 0,00 0,17 0,40 0,15 2,00 3,50 8,00 2,35 3,00 8,17 15,00 4,88 A aferição da amplitude de movimento foi realizada em decúbito ventral com a articulação subtalar na posição neutra e os valores são observados na Tabela 2. Sendo que o valor médio para a dorsiflexão foi de 20,360 (LD) e 20,270 (LND) no grupo HP sendo que a relação percentual mínima foi de 83,33% em relação ao membro dominante e a relação máxima de 125% apresentando uma pequena variação entre as amplitudes nos membros dominante e não dominante para o grupo HP. Para o grupo PF a dorsiflexão foi de 17,50 (LD) e 16,500 (LND), sendo que as relações percentuais ficaram entre 166,7% e 75%. As amplitudes de dorsiflexão para ambos os grupos mostraram valores dentro do limite funcional descrito por diversos autores estando entre os 51 valores de 50 - 100 graus (HAMILL e KNUTZEN, 1999; NORKIN e LEVANGIE, 2001; STARKEY e RYAN, 2001). Para o grupo HP a amplitude de flexão plantar mostrou valores entre 46,270 ( ± 10,160 LND) e 43,820 ( ± 8,470 LD) com uma relação percentual variando entre 91,67% e 125,93% apresentando da mesma forma uma pequena variação. O grupo PF teve os valores de flexão plantar entre 54,830 ( ± 2,710 LND) e 55,830 ( ± 5,000 LD), sendo que as relações percentuais ficaram entre 93,10% e 101,85%. Para NORKIN e LEVANGIE, 2001; HAMILL e KNUTZEN, 1999; STARKEY e RYAN, 2001 as amplitudes funcionais do movimento de flexão plantar variam entre 200 - 250 graus, valores estes inferiores aos encontrados neste estudo tanto para o grupo HP quanto PF. A terceira variável observada foi a relação tíbio-calcânea, mensurada em situação ortostática com carga de peso segundo os critérios de Donatelli, (1996). Os dados referentes a relação tíbio calcânea indicaram para o grupo de HP apresentou valores entre 9,090 ( ± 5,240) e 10,550 ( ± 5,340) para o membro não dominante e dominante respectivamente. O percentual da relação de amplitude de movimento entre os membros variou entre 42,8% e 140,0%. Já o grupo PF apresentou valores de 8,170 ( ± 4,880) e 12,670 ( ± 4,550) para os membros dominante e não dominante respectivamente. E o percentual da relação de amplitude de movimento entre os membros variou entre 33,3% e 162,5%. Nigg (1987) utilizou a relação tíbio calcânea para a determinação do grau de pronação durante a marcha sendo que quanto maiores as relações maior o grau de pronação. A variável altura do navicular foi mensurada nas condições PCP com unidade em centímetros, enquanto a queda do navicular foi dada pela diferença entre a altura do navicular na condição PCP e CCP. Já a inclinação de calcâneo foi realizada segundo critérios de Donatelli, (1996), e medido em graus. O valor médio para o membro dominante da altura do navicular foi de 4,04cm ( ± 0,94) e 4,03cm ( ± 0,81) para o grupo HP nos membros não dominante e dominante (Tabela 2). Para o grupo PF as alturas encontradas foram 4,32cm ( ± 0,63) e 4,30cm ( ± 0,75) para o membro não dominante e dominante respectivamente. Cavanagh et al., (1997) realizaram estudo com técnica radiográfica onde foram avaliadas 15 mulheres com valores médios de altura de navicular de 4,02cm ( ± 0,82), valores 52 estes bastante semelhantes aos encontrados neste estudo. Contudo os valores de Cavanagh et. al, (1997) foram menores, fato possivelmente explicado pela diferença de técnica e também pelas diferenças na constituição ligamentar entre homens e mulheres. Holmes et. al, (2002) encontraram valores de altura de navicular em apoio bipodal de 4,29cm ( ± 0,91) apresentando valores bastante semelhantes com os valores do presente estudo. Nachbauer e Nigg, (1992) também realizaram estudo quantificando a altura do arco plantar, com um traçador de altura, porém os autores utilizaram como ponto de referência o ponto mais alto do médio pé e dividiram da seguinte arco baixo altura 1,8cm ( ± 0,23) arco normal 2,57cm ( ± 0,14) e arco alto 3,27cm ( ± 0,16). Já para a queda de navicular, conforme dados da Tabela 2, os valores médios foram 1,09 ( ± 1,64) e 1,11cm (1,67) para os membros dominante e não dominante respectivamente para o grupo HP e -0,22cm ( ± 0,88) e 0,17cm ( ± 0,18) para o grupo PF. Holmes et al., (2002) realizou estudo onde era mensurada a altura e navicular em indivíduos hiperpronadores na posição ortostática bipodal e depois realizada correção quanto a posição neutra da subtalar entre estas duas posições, encontrando uma diferença média de 0,55 cm ( ± 0,37). Ainda na Tabela 2 temos os valores da inclinação de calcâneo sendo que as médias foram 2,640 ( ± 2,010) e 3,640 ( ± 2,460) para o membro não dominante e dominante respectivamente, para o grupo HP. Já para o grupo PF os valores ficaram entre 3,50 ( ± 2,350) e 2,670 ( ± 3,440) para os membros não dominante e dominante respectivamente, para o grupo PF. Em estudo realizado por Ledoux & Hillstrom, (2002) estes consideram como critério para pé plano indivíduos que obtivessem uma inclinação no sentido varo superior a 40 graus e ainda um segundo critério quanto à inclinação do retro-pé em relação ao ante-pé. No presente estudo foi considerado que esta inclinação 2 graus e ainda queda de navicular superior a 4 mm. Seguindo o objetivo específico, são apresentados na Tabela 3 valores médios das variáveis mensuradas através da imagem de escaneamento 3D do pé. 53 TABELA 3: Dados antropométricos do pé a partir do escaneamento 3D para os grupos HP e PF. Valores médios, desvio padrão (dp) e extremos para os lados dominante (LD) e não-dominante (LND). HP Variavel ÂNGULO I DEDO ÂNGULO V DEDO ALTURA NAVICULAR ALTURA MALÉOLO LATERAL ALTURA MALÉOLO MEDIAL Grupo Minimo Media Maximo dp Minimo Media Maximo dp Minimo Media Maximo dp Minimo Media Maximo dp Minimo Media Maximo dp LD -2,60 5,11 12,50 4,55 6,80 13,32 19,00 3,40 25,00 42,91 54,70 8,21 64,40 72,77 81,90 5,45 43,70 77,89 96,10 17,52 PF LND 1,30 6,64 16,90 4,31 4,30 11,84 18,90 4,18 27,80 42,81 54,30 7,62 35,30 69,89 81,50 9,08 62,30 84.69 96,70 7,32 LD -2,60 3,88 12,50 4,41 7,50 15,92 23,60 5,09 36,40 49,80 60,80 7,38 65,50 74,04 89,70 6,78 24,70 76,91 99,40 26,47 LND -15,50 2,48 8,90 7,05 9,10 16,11 23,50 4,60 40,40 51,03 58,00 6,43 62,60 75,75 80,70 5,64 41,00 100,80 85,31 17,99 A Tabela 3 traz os dados de altura de navicular para a condição com carga de peso (CCP), altura de maléolo medial e ângulo do primeiro dedo mensurado no scanner para o grupo HP e PF. Dados estes que serão explorados no capitulo seguinte na realização das correlações entre variáveis antropométricas e correlações entre variáveis antropométricas e biomecânicas. Observou-se uma diferença média de 0,3cm a mais na variável altura do navicular mensurada no scanner em relação a mensurada clinicamente. Entretanto esta diferença foi constante entre o membro dominante e não dominante fato explicado devido a medida clinica ser realizada no ponto inferior a tuberosidade do navicular e a medida do scanner ser realizada na região exatamente em cima da tuberosidade do navicular. 54 4.3 RELAÇÃO ENTRE PARÂMETROS CLÍNICOS E ANTROPOMÉTRICOS Com o objetivo de verificar a relação entre variáveis clínicas utilizadas como parâmetro para avaliação de pronadores funcionais ou hiperpronadores, realizou-se correlação linear de Spearman entre as variáveis, cujos resultados são apresentados a seguir. Foram realizados teste de correlação entre as variáveis clínicas: dorsiflexão, altura do navicular, queda do navicular e relação tíbio-calcânea. Não foram constatadas correlações significativas para o grupo HP no que se referem as variáveis de dorsiflexão x altura do navicular. Para o grupo PF os dados são apresentados na Tabela 4. Tabela 4: Valores de correlação apresentada para as variáveis amplitude de dorsiflexão e altura do navicular para o grupo PF, para os lados dominate (LD) e não-dominante (LND). Altura Navicular Altura Navicular LND LD Dorsiflexão LND Dorsiflexão LD -0,371 ------------ ------------- -0,669 Para o grupo pronador funcional, conforme dados da Tabela 4, houve correlação significativa, inversa e moderada entre a dorsiflexão e a altura do navicular tanto para o lado dominante (r=-0,66), quanto para o lado não dominante (r=-0,37). Indicando que quanto maior a amplitude de movimento de dorsiflexão, menor é a altura do osso navicular. Não foi constatada correlação significativa entre as variáveis queda x altura de navicular,para nenhum dos grupos. Assim como também não foi constatada correlação significativa entre a dorsiflexão x relação tíbio calcânea para os grupos PF e HP. 55 Entre as variáveis queda do navicular x relação tíbio calcânea observou-se correlação significativa apenas para o grupo Hiperpronador, cujos resultados estão dispostos na Tabela 5. Não sendo constatada tal correlação para o grupo Pronador Funcional. Tabela 5: Valores de correlação entre as variáveis queda de navicular e relação tíbiocalcânea para o grupo HP, nos lados dominante (LD) e não dominante (LND). Queda Navicular LND Queda Navicular LD Relação Tíbio Calcânea LND Relação Tíbio Calcânea LD 0,37 ---------------- ---------------- 0,57 Conforme Tabela 5 observa-se correlação positiva e moderada entre queda de navicular e relação tíbio calcânea para o grupo Hp, tanto para o lado não dominante (r=0,37) quanto lado dominante (r=0,57). Indicando que quanto maior a relação entre tíbia e calcâneo maior a queda de navicular. Dados estes que coincidem com dados encontrados em estudos dinâmicos de pés hiperpronadores. Seguindo o objetivo específico foram realizados testes de correlações entre as variáveis antropométricas (angulo do 1 dedo, altura de navicular, perímetro de metatarso e altura do dorso) medidas através do escanemaento do pé. No grupo HP não foi constatada correlação significativa entre o ângulo do I dedo e as demais variáveis antropométricas. Para as outras variáveis as correlações estão dispostas na Tabela 6. 56 Tabela 6: Valores de correlação linear entre as variáveis antropométricas para o grupo HP, nos lado dominante (LD) e não dominante (LND). Altura Navicular LD Altura Navicular LND Perímetro do Metatarso LD Perímetro do metatarso LND Altura do Dorso LD -------- --------- --------- --------- --------- 0,71 --------- --------- --------- --------- Perímetro do Metatarso LD -0,51* -0,38 ---------- --------- --------- Perímetro do metatarso LND -0,43 -0,59* 0,24 ----------- --------- Altura do Dorso LD 0,92* 0,75 -0,65* -0,27 ---------- Altura do Dorso LND 0,73* 0,85* -0,49 -.0,17 0,87* Variáveis Altura Navicular LD Altura Navicular LND Seguindo os dados da Tabela 6 constata-se correlação linear inversa e moderada entre altura do navicular x perímetro do metatarso tanto para o LD quanto LND, não sendo superior a r= -0,6 e entre perímetro do metatarso x altura do dorso. Entre as variáveis altura de navicular x altura do dorso foi constatada correlação linear forte e positiva, sendo que para o LD a correlação foi de r=0,92 e para o LND foi de r= 0,85 (Tabela 6). Tal resultado era esperado uma vez que estas duas variáveis são comumente utilizadas como parâmetros para avaliação de arco plantar. A altura de navicular é investigada com freqüência quanto aos aspectos pronadores do pé como nos estudos de Nachbauer e Nigg, 1992; Cavanagh et al., 1997; Morag e Cavanagh et al., 1998; Holmes et. al, 2002; Boozer et al., 2002. Tais autores ainda relatam à influência do perímetro dos metatarsos e o ângulo do I dedo, como variáveis que influenciam o 57 movimento de pronador. Segundo Nordin e Frankel (2003) quando o hálux gira em cima do primeiro metatarso esta articulação é deprimida, causando um alargamento na superfície de sustentação na região abaixo das cabeças de metatarso. Para os mesmos autores quando ocorre um aumento na angulação do I metatarso há diminuição da capacidade de flexão dorsal prejudicando a marcha. De tal maneira que a foi considerado um importante parâmetro clínico e de fácil mensuração. A correlação inversa encontrada para o grupo HP entre a altura do navicular e perímetro do metatarso se apóia no modelo de Bragueiro (2000) para a descrição do arco plantar. Segundo tal modelo a flexão dorsal leva a um aumento da tensão na fáscia plantar, o que eleva a altura do arco plantar. Assim quanto maior for a tensão na fáscia maior será altura do arco longitudinal medial (Sammarco e Hockenbury; in Nordin e Frankel, 2003; Norkin e Levangie, 2001), dificultando o distribuição das cargas no arco transverso do pé. Quando foi relacionada às variáveis, altura do dorso e perímetro de metatarso para o grupo HP a correlação continuou sendo negativa, entretanto somente os valores no lado dominante se mostraram moderadamente relacionados (Tabela 6). Denotando possivelmente uma melhor relação entre altura de navicular e perímetro de metatarso do que propriamente com a altura do dorso. Uma possível explicação seria o fato da alta reprodutibilidade da medida da altura do arco plantar uma vez que estudos como os de Cavanagh e Morag, (1998) mostram uma reprodutibilidade de 0,99 para estes dados. Na Tabela 7 tem-se os resultados de correlação entre as variáveis: ângulo do I dedo, altura do navicular, perímetro do metatarso e altura do dorso para o grupo PF. 58 Tabela 7: Valores de correlação linear entre as variáveis antropométricas para o grupo PF, nos lado dominante (LD) e não dominante (LND). Grupo PF Ângulo I dedo LD Ângulo I dedo LND Ângulo I dedo LD Ângulo I dedo LND Altura Navicular LD Altura Navicular LND Perímetro metatarsos LD Perímetro metatarsos LD Altura Dorso LD --------0,64 --------- Altura Navicular LD -0,62* -0,90 -------- Altura Navicular LND -0,65 -0,82* 0,95 -------- Perímetro metatarsos LD 0,54 0,60 -0,53* -0,69 --------- Perímetro metatarsos LD 0,02 -0,56 -0,67 -0,70* -0,56 -------- -0,23 -0,72 0,83* 0,85 -0,65 -0,96 --------- -0,33 -0,72 0,79 0,87* -0,82 -0,90 0,95 Altura Dorso LD Altura Dorso LND Conforme dados expostos na Tabela 7, verifica-se que para o grupo PF houve correlação linear entre o ângulo do I dedo e as demais variáveis, diferentemente do grupo HP. A variável ângulo do I dedo apresentou uma correlação inversa de moderada a alta com a variável altura de navicular sendo de r= -0,62 para o LD e de r=-0,82 para LND. Estes resultados vão ao encontro de Ledoux e Hillstrom, (2002) que avaliaram 19 indivíduos sendo 11com pés normais e 8 com pés planos e concluíram que a altura do navicular exerceria uma influência sobre a mobilidade do primeiro dedo assim como com hálux valgo. Da mesma forma, estudo realizado por Dhanendran, (1979) mostrou diferenças significativas na força de reação do solo de indivíduos com hálux valgo, sendo que os dados indicaram uma diminuição da carga no hálux quando apresentava desvio valgo. Também se identificou correlação moderada e inversa entre ângulo do I dedo x altura do dorso para o LND (r=-0,72) e baixa no LD (r=-0,24). 59 Da mesma forma correlação entre altura de navicular x perímetro de metatarso se mostrou moderada e inversa com os valores de r=-0,53 (LD) e r=-0,70 (LND) (Tabela 7). Apresentando comportamento semelhante ao encontrado para o grupo HP, porém com uma correlação um pouco mais elevada. Já para relação entre altura do dorso x perímetro de metatarso ao contrário do grupo HP, esta foi alta e inversa sendo de r=-0,65 para o LD e de r=-0,90 para o LND. 4.4 CARACTERÍSTICAS DAS VARIÁVEIS BIOMECÂNICAS DE DISTRIBUIÇÃO DE PRESSÃO PLANTAR (ÁREA DE CONTATO, PICO DE PRESSÃO E CARGA RELATIVA) NOS GRUPOS PRONADOR FUNCIONAL E HIPERPRONADORES. Com o objetivo específico de caracterizar variáveis de distribuição de pressão plantar para os grupo pronador funcional e hiperpronador, são apresentados a seguir valores médios de pico de pressão plantar, área de contato, força máxima e carga relativa. As tabelas contêm os dados de área de contato total, área de contato da M03 (representa a parte medial da planta do pé), força máxima total e os quatro maiores picos de pressão e as cinco maiores cargas relativas. Os valores médios de pico de pressão plantar e carga relativa para todas as 10 máscaras de divisão do pé encontram-se no Anexo IV. Na Tabela 8 são apresentados os valores médios para as variáveis de DPP na condição correndo para o grupo HP. 60 Tabela 8: Valores médios de área de contato total área de contato de M3 (cm2), força máxima total (%PC) e os quatro maiores picos de pressão (kPa) e suas cargas relativas(%) para a condição correndo grupo HP. x dp Mínimo Máximo Dominante 160,13 8,13 136,5 171,5 Não dominante 159,91 10,13 133,5 173,50 Dominante 8,18 5,33 2 22 Não dominante 8,28 5,15 2 19,00 Dominante 246,66 16,3 217,4 282,2 Não dominante 248,09 15,67 219,58 279,2 Dominante 598,72 290,7 170 1,21 Não dominante 141,40 47,30 50 240 Dominante 521,09 218,43 245 935 Não dominante 531,57 217,08 190 1.055 Dominante 438,81 145,33 245 910 Não dominante 458,07 169,89 195 870 Dominante 548,36 244,56 140 995 Não dominante 460,95 189,13 245 1.055 Dominante 17,51 4,85 8,1 29,8 Não dominante 18,26 4,00 10,72 29,20 Dominante 16,14 3,26 9,2 24,2 Não dominante 17,11 3,81 10,43 23,52 Dominante 21,97 5,72 10,4 30,9 Não dominante 22,29 6,26 12,73 32,41 Dominante 7,06 3,12 0,8 14,5 Não dominante 8,42 1,51 5,36 11,73 Variáveis LADO Área de contato total Área de contato M03 FMTotal PPM05 PPM06 PPM07 PPM08 RL5 RL6 RL7 RL8 De acordo com os dados contidos na Tabela 8 constata-se que na condição correndo lara o lado dominante e não dominante os maiores picos de pressão (PP) estavam nas máscaras M05, M06, M07 e M08, e nas mesmas máscaras para a variável carga relativa. De acordo com Ledoux e Hillstrom (2002) o tipo de pé exerceria influencia nas forcas de reação do solo. Sammarco e Hockenbury apud Nordin e Frankel, (2003) alegam o fato de o hálux valgo não ser efetivo no rebaixamento do cabeça do primeiro metatarso gerando pronação da falange proximal e distribuição da carga lateralmente em direção a cabeça do segundo e terceiro metatarsos. 61 Na Tabela 8 podemos observar que a mascara 6 (M06) a qual representa cabeça de 2 metatarso apresenta valores médios de 521,09 kPa para o lado dominante e de 531,57 kPa para o lado não dominante na condição correndo para o grupo de Hiperpronadores. Outra característica importante a ser observada é o pico de pressão na mascara 3 (PPM03) (Anexo IV), uma vez que é a principal característica de associação aos aspectos hiperpronadores quando se fala em distribuição de pressão plantar. Para o grupo HP esta região apresentou valores de 132,63 kPa e 141,40 kPa respectivamente para os lados dominante e não dominante respectivamente, na condição correndo. Seguindo os objetivos do estudo na Tabela 9 são apresentados os valores médios das variáveis de DPP para a condição caminhando para o grupo HP. 62 Tabela 9: Valores médios de área de contato total área de contato de M3 (cm2), força máxima total (%PC) e os quatro maiores picos de pressão (kPa) e suas cargas relativas(%) para a condição caminhando para o grupo HP. Variáveis LADO Área de contato total Dominante Não dominante Área de contato M03 FMTotal PPM03 PPM01 PPM06 PPM07 RL3 RL1 RL6 RL7 x dp Mínimo Máximo 143,17 13,34 118 168,50 142,47 13,34 118 168,50 Dominante 3,09 2,21 ,50 8,50 Não dominante 4,95 5,38 ,50 25,50 Dominante 108,55 3,99 101,97 118,89 Não dominante 107,44 4,35 98,52 116,31 Dominante 63,01 28,29 10 140 Não dominante 71,66 29,92 10 120 Dominante 326,70 134,81 140 785 Não dominante 345,83 147,60 155 825 Dominante 380,90 94,30 235 610 Não dominante 382,41 137,07 115 875 Dominante 373,58 133,23 205 960 Não dominante 356,64 118,57 115 795 Dominante ,504 ,48 0,0 2,05 Não dominante ,913 1,12 0,0 4,59 Dominante 17,53 5,48 7,28 32,69 Não dominante 17,60 4,96 6,73 29,47 Dominante 15,148 4,337 8,456 28,130 Não dominante 15,118 3,467 5,150 24,317 Dominante 24,500 7,238 9,475 40,047 Não dominante 23,697 8,769 7,450 54,217 Conforme se observa na Tabela 9, ao contrário dos dados na condição correndo, na condição caminhando os valores maiores de pico de pressão (PP) encontraram-se nas máscaras M01, M06 e M07. Contudo na máscara 3 (M03), embora os valores de pico de pressão tenham sido altos, os valores de carga relativa para esta máscara foram baixos de 0,5 e 0,9 para os lados dominante e não dominante respectivamente. Na Tabela 10 encontram-se os valores médios para as variáveis de DPP na condição correndo para o grupo de pronadores funcionais. 63 Tabela 10:Valores médios de área de contato total área de contato de M3 (cm2), força máxima total (%PC) e os quatro maiores picos de pressão (kPa) e suas cargas relativas(%) para a condição correndo grupo PF. Variáveis LADO Área de contato total Dominante Não dominante Área de contato M03 FMTotal PPM03 PPM05 PPM06 PPM07 RL3 RL5 RL6 RL7 x dp Mínimo Máximo 142,84 15,98 122,50 168,50 146,22 22,60 120,50 182 Dominante 3,97 2,516 ,50 7,50 Não dominante 4,91 3,12 ,50 8,50 Dominante 240,56 15,95 211,78 264,28 Não dominante 240,51 21,16 198,61 269,42 Dominante 25,21 9,47 10 55 Não dominante 111,25 62,92 15 230 Dominante 215,43 46,51 165 350 Não dominante 677,08 224,25 300 970 Dominante 262,17 41,77 185 335 Não dominante 435,83 44,12 370 530 Dominante 235,65 34,97 175 305 Não dominante 429,79 43,52 365 530 Dominante ,57 ,41 ,08 1,25 Não dominante ,76 ,55 0,0 1,48 Dominante 19,06 2,04 15,52 22,49 Não dominante 22,00 4,86 11,91 30,17 Dominante 19,89 3,86 14,37 27,46 Não dominante 18,26 4,00 11,12 25,23 Dominante 24,05 3,68 18,31 33,61 Não dominante 23,16 3,14 18,64 31,57 Observa-se pela Tabela 10, ao contrario do apresentado pelo grupo HP durante a corrida os picos de pressão ocorreram nas máscaras M03, M05, M06 e M07. Coincidindo os maiores valores de carga relativa também nestas máscaras. Com exceção da M03 onde o grupo PF obteve valores altos de pico de pressão, contudo a carga relativa foi mais baixa. Tendo 25,21 kPa e 111,25 kPa para os lados dominante e não dominante respectivamente onde fica bastante claro a diferença encontrada para os pico de pressão nas região da mascara 3 para a condição correndo 64 Para todas as máscaras (Tabela 10) verifica-se que os valores de pico apresentam-se com freqüência menor no membro dominante, o que pode ser justificado devido a um melhor ajuste muscular no membro dominante. A carga relativa (RL) para os dois grupos na condição correndo apresentou características bastante semelhantes estando os valores das mascaras M05, M06 e M07 sempre entre os mais altos Hennig e Milani (2000) avaliaram a carga relativa com a utilização de palmilhas sensorizadas para dois diferentes tipos de calçados e também encontram os maiores valores de carga relativa (RL) para ambos os tipos de calçado na cabeça de primeiro metatarso. Este estudo demonstrou que a RL na cabeça de I metatarso do modelo de calçado nomeados por eles de M era consideravelmente mais elevada que a do modelo de calçado L conforme mostra na Figura 23 abaixo. Justificando desta maneira que a simples troca de calçado muitas vezes pode levar a dor nos pés ou até mesmo em membros inferiores. Figura 23: Gráfico ilustrando a carga relativa em dois tipos de calçados representados pelas letras M e L no estudo de Hennig e Millani, (2000). (Fonte: Hennig e Milani, 2000). Somente pelos dados apresentados na Figura 23 não seria possível determinar o tipo do pé livre de calçado para que se pudesse determinar a distribuição de carga profilática para cada tipo de pé. Os valores de picos de pressão apesar de não apresentarem tanta constância quanto a RL variaram o ponto de maior pico tanto para o grupo PF quanto para o HP na condição 65 correndo entre as máscaras M05 e M06, representando a cabeça de I e II metatarsos. Hennig e Milani, (2000) avaliaram distribuição de pressão plantar com palmilhas em 19 diferentes tipos de calçados e encontraram picos mais elevados na região lateral de calcâneo com uma média de 911kPa. A região lateral do calcâneo no presente estudo, representada pela máscara M02 (ver Anexo IV) apresentou valores elevados apenas para o grupo HP na condição correndo, onde os valores de pico de pressão foram superiores aos picos na região da cabeça de I metatarso. Hennig e Milani (2000) ainda mostraram como segundo valor mais alto os picos de pressão da cabeça de primeiro metatarso 873 kPa. A divisão das regiões abordadas por eles não contemplou a cabeça de 2 metatarso justificando possivelmente esta diferença. Na Tabela 11 encontram-se os valores médios para as variáveis de DPP para a condição caminhando no grupo de pronadores funcionais. 66 Tabela 11: Valores médios de área de contato total área de contato de M3 (cm2), força máxima total (%PC) e os quatro maiores picos de pressão (kPa) e suas cargas relativas(%) para a condição caminhando para o grupo PF. Variáveis LADO Área de contato total Dominante Não dominante Área de contato M03 FMTotal PPM01 PPM06 PPM07 PPM08 RL1 RL6 RL7 RL8 dp Mínimo Máximo 124,04 20,24 91,50 158 129,66 18,88 103 160 Dominante 1,88 1,40 0,0 4,50 Não dominante 2,28 1,71 0,0 8 Dominante 109,17 4,21 101,45 118,28 Não dominante 112,03 4,86 104,72 123,68 Dominante 293,21 84,05 170 465 Não dominante 317,55 72,39 215 470 Dominante 302,50 49,37 180 380 Não dominante 294,44 34,50 205 375 Dominante 338,92 164,00 140 855 Não dominante 327,00 139,57 190 860 Dominante 308,57 144,98 125 680 Não dominante 315,33 236,60 100 1.001 Dominante 17,13 3,90 10,71 25,52 Não dominante 18,77 4,24 9,64 29,16 Dominante 15,07 3,64 8,87 21,64 Não dominante 14,09 3,47 8,67 21,53 Dominante 23,79 8,88 7,04 40,83 Não dominante 24,75 6,68 10,04 37,22 Dominante 7,76 5,44 2,69 23,00 Não dominante 5,84 2,68 1,93 13,01 x Pelos dados apresentados na Tabela 11 observa-se que os valores de pico de pressão são mais elevados nas máscaras M06, M08 e M07. Enquanto os maiores valores de carga relativa estão nas máscaras M06, M01 e M07 e a carga relativa da mascara M08 representa cerca de 50% do valor M06 para o lado dominante e aproximadamente 30% para o lado não dominante. Com o mesmo comportamento da condição correndo para o grupo PF, os picos de pressão altos coincidiram com as regiões onde as cargas relativas alcançaram valores mais elevados. 67 As cargas relativas para a condição caminhando apresentaram valores similares entre os grupos PF e HP para o lado dominante, onde as cargas apresentaram em ordem crescente as seguintes mascaras M06, M01 e M07. Somente para o lado não dominante do grupo PF os valores foram maiores nas máscaras M02, M01 e M07 indicando maiores cargas na região lateral do calcâneo. Os picos de pressão para a condição caminhando no grupo PF mostraram mais elevados na região de cabeça de terceiro metatarso, porém também demonstraram picos elevados na região de hálux o que não foi observado no grupo de HP. Já para o grupo HP na condição caminhando os maiores picos de pressão foram observados nas mascaras M01, M07 e M06, que identificam as regiões medial do calcâneo, terceiro metatarso e segundo metatarso. Os dados aqui apresentados sugerem uma tendência do grupo HP a apresentar picos de pressão mais elevados nas regiões mais laterais do pé. Fato este que também foi observado por estudos de Sammarco e Hockenbury apud Nordin e Frankel (2003) e Ledoux e Hillstrom (2002). Acrescentando ainda o fato de que o grupo PF mostrou uma tendência a picos de pressão na condição caminhando na região de hálux a qual segundo Sammarco e Hockenbury apud Nordin e Frankel (2003) é uma característica de hálux, sem desvio em valgo. Pelos dados caracterizados também se verifica valores maiores na condição correndo, o que já era esperado. Corroborando com Rosenbaun et. al., (1994) que observaram o efeito da velocidade nos padrões de pressão plantar e concluíram da importância do controle da velocidade, uma vez que implica em significantes alterações nos dados de pressão plantar. Os resultados aqui apresentados permitem ainda constatar que o aumento da velocidade levou a um aumento da carga na região medial de ante-pé com um provável aumento do movimento de pronação, sendo que este aumento não ocorreu de forma linear. Nigg, (2001) em uma revisão de literatura bastante extensa sobre aspectos relacionados à Hiperpronação e lesões sugere que há associação entre o nível de lesões e deficiência nos ajustes musculares. O presente estudo não se ateve ao fato de lesões previas apenas como fatores limitantes ou incapacitantes e lesões dos últimos 6 meses. 68 4.5 RELAÇÃO ENTRE OS DADOS CLÍNICOS E VARIÁVEIS BIOMECÂNICAS A fim de verificar a relação entre variáveis clínicas de avaliação de pronadores e dados biomecânicos da avaliação de pronação optou-se por correlacionar linearmente dados clínicos (ângulo do I dedo, altura de navicular e queda de navicular) e biomecânicos (área de contato de M03, pico de pressão e carga relativa), cujos resultados são apresentados a seguir. Na Tabela 12 são apresentados os resultados de correlação entre variáveis clínicas e biomecânicas para o grupo HP na condição correndo. Tabela 12: Valores de correlação linear de Sperman entre variáveis clínicas e biomecânicas para o grupo HP na condição correndo para os lados: não dominante (LND) e dominante (LD). Variáveis PPM03 RL3 Queda navicular Altura Navicular Ângulo do I dedo Lado Area de contato M03 PPM03 Queda navicular RL3 LND LD LND LD LND LD LND LD LND LD LND LD LND LD LND 0,6 ------0,9 -------0,12 -------0,06 ------- ------------0,69 -------0,5 ------0,15 ------0,46 ------------- -------------------------0,15 ------0,04 ------- 0,7 ------0,39 ------0,92 -------0,26 -------0,58 ------- 0,59 -------------------------------0,08 -------0,36 ------- LD ------- 0,43 ------- ------- 0,17 0,639 -0,136 0,211 0,22 LND ------------------------------------0,25 LD ------------------------------------------- -------0,41 ------- Altura Navicular 0,33 ------- LND -------------------------------------------------0,15 LD ------------------------------------------------------- 0,56 ------- 0,465 Conforme dados expostos na Tabela 12 constata-se correlação significativa moderada e positiva entre as variáveis biomecânicas pico de pressão (PPM03) e área de contato na máscara M03 para o lado não dominante de r=0,6 e para o lado dominante baixa correlação de r=0,39. Enquanto entre pico de pressão x carga relativa em M3 a correlação foi alta de r= 0,69 para ambos os lados. Como era esperado houve uma correlação forte entre área de contato e carga relativa em M03 de r=0,9 tanto para o lado dominante quanto não dominante. Quando relacionando variáveis clínicas com biomecânicas constatou-se na condição correndo para o lado não dominante (LND) que a variável clínica queda de navicular apresentou uma correlação negativa moderada com o pico de pressão em M03 de r=-0,50, enquanto a variável altura de navicular não apresentou nenhuma correlação significativa para o lado não dominante. 69 Por sua vez verificou-se correlação entre altura do navicular x área de contato em M03 no lado dominante de r= -0,58, mostrando uma correlação inversa moderada. Nachbauer e Nigg, (1992) relatam não haver relação entre a medida da altura do arco na situação com carga de peso e rebaixamento do arco durante a corrida. Contudo, os dados apresentados indicam que uma menor altura do arco promove maior área de contato no lado medial do pé durante a corrida. Seguindo os resultados expostos na Tabela 12, O ângulo do I dedo apresentou correlação moderada positiva com a área de contato na mascara M03 de r=0,70 (LND) e de r=0,43 (LD) e com a carga relativa na mascara M03 de r=0,59 para o LND. Mostrando haver correlação moderada na condição correndo para grupo HP em ambos os membros nesta variável. Estes dados vêm a corroborar com Morag e Cavanagh, (1998) uma vez que segundo os autores a inclinação do primeiro dedo esta correlacionada com rebaixamento do arco e aumento na área de contato e picos de pressão no médio pé. Uma vez que o maior contato em M03 é forte indicativo de flexibilidade no arco longitudinal medial, os dados aqui apresentados também vão ao encontro de Sammarco e Hockenbury apud Nordin e Frankel (2003) e Ledoux e Hillstrom (2002) os quais associam uma maior flexibilidade do arco plantar e aumento da angulação do primeiro dedo. Na Tabela 12 observa-se ainda que o ângulo do I dedo tem correlação moderada com a queda de navicular, porém esta somente se mostrou no LD. Os resultados das correlações entre as variáveis clínicas e biomecânicas para o grupo HP na condição caminhando são apresentados na Tabela 13, a seguir. 70 Tabela 13: Valores de correlação linear de Sperman entre variáveis clínicas e biomecânicas para o grupo HP na condição caminhando para os lados: não dominante (LND) e dominante (LD). Variáveis PPM03 RL3 Queda navicular Altura Navicular Ângulo do I dedo Lado Area de contato M03 PPM03 Queda navicular RL3 LND LD LND LD LND LD 0,59 ----- ------0,71 ------0,88 -------0,20 ------- ----------- -0,52 ------- 0,65 ------0,32 ------0,16 -----0,79 ------------------0,83 -------0,21 -------0,23 ------- --------------------0,35 ------0,28 -----0,14 ---------------------0,17 -----0,43 ----- 0,29 -------0,26 0,29 ------ 0,35 ----- 0,24 ------ LND LD LND LD LND LD LND LD LND 0,96 ------0,04 ------0,29 -----0,97 LD ----- LND ------------------- LD ---------------- ------------- ---------------- Altura Navicular 0,31 ------ LND ------------------------------------------------0,28 LD ---------------------------------------------- 0,22 ------ 0,37 Conforme o dado exposto na Tabela 13 constata-se que para a condição correndo assim como caminhando existe correlação significativa entre as variáveis pico de pressão (PPM03) x área de contato M03 de r=0,59 (LND) e r =0,71 (LD) e entre PPM03 e carga relativa com r=0,65 para LND e r=0,83 LD. Da mesma forma, como esperado foi constatada correlação linear forte e positiva entre área de contato de M03 x carga relativa na máscara M03 para ambos os lados. Na correlação entre dados clínicos e biomecânicos na condição caminhando (Tabela 13) identificou-se que para o grupo HP o ângulo do I dedo não mostrou correlação significativa com a carga relativa, sendo seus valores menos expressivos do que os apresentados na condição correndo, tanto para LD (r=0,24) quanto LND (r=0,14). Já para os valores de correlação entre o ângulo do I dedo x pico de pressão (PPM03) os valores foram de correlação alta no LND (r=0,79), assim com para ângulo do I dedo x área de contato na M03 (r=0,97) também para o LND. Os dados na Tabela 13 indicam para correlação inversa moderada de r=-0,52 entre altura de navicular x área de contato para o LD. Segundo Morag e Cavangh, (1998) as variáveis relacionadas ao arco longitudinal medial, ao contrário de estruturas como hálux e calcanhar apresentam uma relação funcional muito maior que estrutural. Fato pelo qual se poderiam especular possíveis respostas associadas ao controle motor e muscular no membro dominante. 71 Seguindo o objetivo específico do estudo na Tabela 14 são apresentados os valores de correlação entre as variáveis para o grupo PF na condição correndo. Tabela 14: Valores de correlação linear de Sperman entre variáveis clínicas e biomecânicas para o grupo PF na condição correndo para os lados: não dominante (LND) e dominante (LD). Variáveis Lado LND PPM03 LD LND RL3 LD LND Queda navicular LD LND Altura Navicular LD LND Ângulo do I dedo LD Area de contato M03 PPM03 Queda navicular Altura Navicular RL3 LND LD LND LD LND LD 0,67 ------- ------0,58 ------0,97 ------0,12 ------- ------------- ------------------0,68 -------0,42 ------- ------------------------- ------------------------------0,13 ------- 0,97 -------0,93 -------0,94 ------0,96 ------- -0,96 ------- 0,79 -------0,77 -------0,46 ------0,69 0,95 ------- -0,52 ------- -0,90 -------0,84 ------0,90 0,54 ------- LND ------------------------------------- -0,90 ------- 0,89 -------0,98 0,90 ------- LD -------------------------------------------0,03 ------- LND -------------------------------------------------0,95 LD ------------------------------------------------------- -0,01 ------- -0,99 Pelos resultados da Tabela 14 verifica-se que para o grupo PF na condição correndo houve alta correlação entre todas as variáveis para o lado não dominante (LND). Para o lado dominante (LD) as variáveis também apresentam valores de correlação bastante elevados, com exceção da variável queda de navicular onde apresentou apenas correlação inversa moderada com pico de pressão (PPM03). Quando observada a correlação entre variáveis clínicas e biomecânicas constata-se que a variável queda de navicular apresentou uma correlação inversa alta com a área de contato em M03 de r=-0,93 para o LND, expressando que quanto maior a queda do osso navicular menor a área de contato. Isto esta de acordo com os estudos de Morag e Cavangh, (1998); Starkey e Ryan (2001) e Holmes et. al., (2002). A altura do navicular da mesma forma apresentou uma correlação inversa alta com a área de contato na M03 de r=-0,940 para o LND e de r=-0,96 LD, indicando que quanto menor a altura do navicular, maior a carga imposta na região do médio pé medial. Da mesma forma identifica-se uma correlação linear alta e negativa entre altura do navicular e carga relativa na M03 (RL3) tanto para o LD quanto LND. Constatou-se também correlação alta e positiva entre altura do navicular e queda do navicular (Tabela 14). 72 Seguindo os dados da Tabela 14 observa-se o ângulo do I dedo veio a comprovar a homogeneidade do grupo, apresentando uma alta correlação positiva de r=0,96 com a área de contato de M03 para ambos os lados e de r=0,9 para a carga relativa tanto para o LD quanto LND. Identifica-se ainda uma correlação inversa alta tanto com a queda de navicular (r=-0,98 LND) quanto com a altura do navicular (r=-0,95 LND e r=-0,99 LD). Na Tabela 15 são apresentados os valores de correlação entre variáveis clínicas e biomecânicas para o grupo PF na condição caminhando. Tabela 15: Valores de correlação linear de Sperman entre variáveis clínicas e biomecânicas para o grupo PF na condição caminhando para os lados: não dominante (LND) e dominante (LD). Variáveis PPM03 RL3 Queda navicular Altura Navicular Ângulo do I dedo Lado Area de contato M03 PPM03 RL3 Queda navicular Altura Navicular LND LD LND LD LND LD LND LD LND LD LND LD LND LD LND 0,70 ------0,86 -------0,46 -------0,29 ------0,08 ------0,85 ------0,89 -------0,28 -------0,57 ------- ------------0,75 -------0,30 -------0,39 ------0,37 ------------------0,89 -------0,06 -------0,65 ------- -------------------------0,18 -------0,42 ------0,00 -------------------------------0,04 -------0,66 ------- LD ------- 0,26 ------- 0,42 ------- 0,43 LND -------------------------------------0,27 -------0,44 ------- LD ------------------------------------------0,00 ------0,21 LND -------------------------------------------------0,27 ------- LD -------------------------------------------------------0,91 Conforme os resultados expostos na Tabela 15, constata-se que para o grupo PF assim como ocorreu no grupo HP há correlação positiva e alta entre entre as variáveis pico de pressão (PPM03) x área de contato M03 de r=0,70 (LND) e r =0,85 (LD) e entre PPM03 carga relativa com r=0,86 para LND e r=0,89 LD. Da mesma forma, assim como para o grupo HP em ambas as condições (correndo e caminhando) foi constatada correlação linear forte e positiva entre área de contato de M03 x carga relativa na máscara M03 para ambos os lados. Seguindo os dados da Tabela 15, na condição caminhando para o grupo PF a variável queda de navicular apresentou uma correlação negativa fraca com área de contato M03, tanto para LND quanto LD. Não apresentando correlação significativa com a variável carga relativa e com o pico de pressão M03 (PPM03). 73 A altura de navicular apresentou correlação moderada negativa com a carga relativa RL3 tanto para o LND (r=-0,42) quanto o LD (r=-0,66). E apenas para o LD com as variáveis PPM03 (r=-0,65) e área de contato M03 (r=-0,57), enquanto para o LND as correlações não foram significativas. De modo que os valores altos de correlação não se apresentaram na condição caminhando. Ainda referente à Tabela 15 pode-se observar que a altura de navicular apresentou uma correlação inversa e alta com a inclinação de primeiro dedo (r=-0,91 LD) fato este também observado em todas as demais condições para o grupo PF, exceção feita a condição caminhando para o LND que apesar de mostrar valores inversos obteve uma correlação de r= -0,271. Quanto a variável ângulo do I dedo (Tabela 15) identifica-se correlação moderada positiva com pico de pressão (PPM03) tanto para o LD (r=0,42) quanto LND (r=0,37) e com a carga relativa RL3 apenas para o LD (r=0,43). Com as demais variáveis não se identificou correlação significativa Ao longo das correlações pode-se observar que sempre ocorreu alta correlação entre a área de contato e carga relativa onde estes valores foram mínimo de r=0,868 para o grupo PF na condição caminhando e máximo de r=0,971 para o mesmo grupo na condição correndo. Já a correlação entre pico de pressão e área de contato apresenta uma correlação mais variada onde teremos os valores mínimos de r=0,390 para o grupo HP correndo e o valor máximo para o grupo PF caminhando de r=0,85. Resultados que o que corroboram com as colocações de Hennig e Milani (2000) que as pressões aumentam muito com a velocidade já as cargas relativas mostram um parâmetro mais constante para observação das máscaras. 4.6 COMPARAÇÃO DOS VALORES DAS VARIÁVEIS DE DISTRIBUIÇÃO DE PRESSÃO PLANTAR ENTRE OS GRUPOS PRONADOR FUNCIONAL E HIPERPRONADOR NAS CONDIÇÕES CAMINHANDO E CORRENDO. A fim de investigar as possíveis diferenças na distribuição de pressão plantar entre indivíduos pronadores funcionais e hiperpronadores optou-se por comparar variáveis biomecânicas entre os grupos HP e PF nas condições correndo e caminhando, cujos resultados são apresentados a seguir. Em anexo (Anexo IV) encontram-se os valores de p para o teste U 74 de Mann-Whitney. Primeiramente são apresentadas as comparações entre os grupos HP e PF na condição caminhando para o lado dominante (LD), cujas comparações estão dispostas na Figura 24. * 400,00 350,00 250,00 (kPa) Pico Pressão 300,00 HP PF 200,00 150,00 100,00 * 50,00 0,00 PPM01 PPM02 PPM03 PPM04 PPM05 PPM06 PPM07 PPM08 PPM09 PPM10 Figura 24: Gráfico de comparação entre os picos de pressão para os grupos HP e PF, condição caminhando lado dominante (*p<0,05). Conforme se observa na Figura 24 houve diferença estatisticamente significativa entre os grupos HP e PF para o lado dominante apenas nas máscaras M03 e M06. Sendo o pico de pressão maior no grupo Hiperpronador. Enquanto para o lado não dominante os picos de pressão no grupo HP foram significativamente maiores nas máscaras M03, M06, M07 e M08, como se apresenta na Figura 25. 75 450,00 * 400,00 * Pico de Pressão (kPa) 350,00 * 300,00 250,00 HP PF 200,00 150,00 100,00 * 50,00 0,00 PPM01 PPM02 PPM03 PPM04 PPM05 PPM06 PPM07 PPM08 PPM09 PPM10 Figura 25: Gráfico de comparação entre os picos de pressão para os grupos HP e PF, condição caminhando lado não-dominante (*p<0,05). Tanto para o lado dominante quanto não dominante os valores de pico de pressão na máscara M03 foram maiores no grupo HP, sendo que os valores encontrados foram 63,01 kPa e 71,66 kPa para os membro D e ND. Já para o grupo PF os picos de pressão foram de 50,23 kPa e 56,66 kPa. Uma vez que a máscara M03 representa a região medial do médio pé estes resultados sugerem que o grupo hiperpronador apresenta uma distribuição de pressão plantar diferenciada na região do médio pé em relação a indivíduos pronadores funcionais. Apesar das diferenças entre os grupos serem poucas na condição caminhando, para todas as condições a área de contato para M03, um dos principais fatores associados a hiperpronação, mostrou diferença estatisticamente significativa. Quando comparado os dados de pico de pressão para a condição caminhando nos grupos HP e PF na mascara M06, novamente obtivemos valores de média de pico pressão diferenciados sendo de 380,91 kPa e 382,41 kPa para o LD e o LND no grupo HP respectivamente. Já para o grupo PF os valores foram de 262,17 kPa e 435,83 kPa para os LD e LND respectivamente Observa-se uma acentuada diferença entre os grupos corroborando com os indícios de que o tipo de pé influencia na hálux valgo e conseqüentemente na distribuição de pressão plantar. 76 Os valores que não se mostraram maiores no grupo PF, pois as características dos hiperpronadores manifestaram-se de forma mais pronunciada em velocidades mais altas. Nas figuras 26 e 27 são apresentadas as comparações entre os grupos HP e PF para a variável carga relativa na condição caminhando. 30,00 25,00 Carga Relativa 20,00 HP 15,00 PF 10,00 * 5,00 0,00 RL1 RL2 RL3 RL4 RL5 RL6 RL7 RL8 RL9 RL10 Figura 26:Gráfico de comparação para carga relativa entre os grupos HP e PF, na condição caminhando lado dominante (*p<0,05). 77 30,00 Carga Relativa 25,00 20,00 * 15,00 HP PF 10,00 * * 5,00 0,00 RL1 RL2 RL3 RL4 RL5 RL6 RL7 RL8 RL9 RL10 Figura 27:Gráfico de comparação para carga relativa entre os grupos HP e PF,na condição caminhando lado não dominante (*p<0,05). Conforme se observa nas figuras 26 e 27 a carga relativa no grupo HP foi significativamente maior tanto no lado dominante quanto não dominante para a M04. Sendo também maior no grupo HP para a M08, enquanto na máscara M02 a carga relativa foi significativamente maior para o grupo PF. Os resultados para carga relativa são corroborados por Hennig e Milanni (2000) que reforçam o conceito de que carga relativa é calculada como percentual de cada impulso para a soma de todos os impulsos, de modo que a o aumento da carga relativa na região da mascara 4 é um indicativo de que os indivíduos do grupo HP utilizariam esta área de forma mais efetiva na transferência de peso quando comparado ao grupo HP. A seguir são apresentadas as comparações entre os grupos HP e PF para a condição correndo. Na Figura 28 observa-se os valores de pico de pressão para o lado dominante e na Figura 29 para o lado não dominante. 78 700 600 * * * * * * 400 HP (kPa) Pico de Pressão 500 PF 300 200 * * * * 100 0 PPM01 PPM02 PPM03 PPM04 PPM05 PPM06 PPM07 PPM08 PPM09 PPM10 Figura 28: Gráfico de comparação entre os picos de pressão para os grupos HP e PF, condição correndo lado dominante (*p<0,05). Pelos dados apresentados na Figura 28 verifica-se que para o lado dominante houve diferença significativa nos picos de pressão entre os grupos HP e PF para todas as máscaras do pé. Para todas as máscaras os picos de pressão foram maiores no grupo hiperpronador. 79 800 * 700 * 500 (kPa) Pico de Pressão 600 HP PF 400 300 200 * * * * 100 0 PPM01 PPM02 PPM03 PPM04 PPM05 PPM06 PPM07 PPM08 PPM09 PPM10 Figura 29: Gráfico de comparação entre os picos de pressão para os grupos HP e PF, condição correndo lado não dominante (*p<0,05). Para o lado não dominante (Figura 29) os picos de pressão foram significativamente maiores no grupo HP para as máscaras M03, M04, M06, M09 e M10 e maior no M05 para o grupo PF em relação ao grupo HP. A variável pico de pressão nas mascaras M09 e M10 (PPM09 e PPM10) foi estatisticamente diferente para ambos os lados: dominante e não dominante. Apesar dos valores apresentarem esta diferença, o estudo de Walker (1998) que analisou a relação da distribuição de pressão plantar na região anterior do pé para os diferentes tipos de pé, concluiu que a diferença existente entre elas não seria forte o suficiente e provavelmente estaria sendo influenciada por outros fatores. Visto que a velocidade foi um a variável de controle para ambos os grupos, os maiores picos de pressão encontrados para o grupo HP, sugerem maiores pressões para os hiperpronadores em condição dinâmica. 80 Para o grupo PF os valores foram superiores apenas na máscara M05. Esta máscara representa a distribuição de pressão na região da primeira cabeça de metatarso e segundo Morag e Cavanagh (1998) é uma região bastante influenciada por fatores funcionais e estruturais. Entre estes fatores os autores citam como de relevante importância a altura dos ossos sesamoides, ângulos como o de Chopart e de Morton e média de atividade do músculo gastrocnêmio, além do terceiro quarto da fase de apoio e amplitude de movimento dinâmica da articulação talocrural. Fatos estes que podem influenciar o padrão de distribuição para ambos os grupos. Foi realizado um calculo percentual das variáveis de pico de pressão para comparação entre estas variáveis nas condições caminhando e correndo. Quando feita relação percentual entre a condição correndo e caminhando para os grupos, encontrou-se que o grupo PF apresentou uma diferença percentual de 79,7% menor nos valores de pressão em relação ao grupo HP para o lado dominante e de 79,06% , para o lado não-dominante. Um dado percentual interessante foi observado no pico de pressão para a mascara 6 (PPM06), que representa a região do II metatarso, quando comparado o valor percentual alcançado pelo grupo PF em relação ao grupo HP no lado dominante os valores chegaram a apenas 20% do alcançado no grupo HP, já para o membro não dominante estes valores foram 78,87%. Nas figuras 30 e 31 são apresentadas as comparações entre os grupos HP e PF na condição correndo para a variável carga relativa. 81 30,00 Carga Relativa 25,00 * * 20,00 HP 15,00 PF * 10,00 * 5,00 * * 0,00 RL1 RL2 RL3 RL4 RL5 RL6 RL7 RL8 RL9 RL10 Figura 30:Gráfico de comparação para carga relativa entre os grupos HP e PF,na condição correndo lado dominante (*p<0,05). Conforme se apresenta na Figura 30, para a condição correndo a carga relativa no lado dominante foi significativamente maior para o grupo HP nas máscaras M03, M04 e M08 em relação ao grupo PF. Enquanto que para as máscaras M05, M06 e M09 a carga relativa foi significativamente maior no grupo PF. 82 25,00 * Carga Relativa 20,00 15,00 HP * 10,00 PF * * 5,00 * * 0,00 RL1 RL2 RL3 RL4 RL5 RL6 RL7 RL8 RL9 RL10 Figura 31:Gráfico de comparação para carga relativa entre os grupos HP e PF,na condição correndo lado não dominante (*p<0,05). Par ao lado não dominante (Figura 31) verificou-se que a carga relativa foi significativamente maior no grupo HP para as máscaras M03, M04, M08 e M10, assim como ocorreu para o lado dominante e significativamente maior no grupo PF para as máscaras M02 e M05. Tanto para o lado dominante quanto par ao lado não dominante foi identificada diferença significativa na máscara M03 (figuras 30 e 31), sempre maiores para o grupo HP. Esta máscara representa a região média do médio pé um dos principais indicadores dos fatores de classificação para pés hiperpronadores. Sugerindo então que os indivíduos hiperpronadores apresentam maior distribuição de pressão na região medial do pé. Ainda apresenta-se com diferença estatisticamente significativa as cargas relativas nas máscaras M08 e M10. A máscara M08 também foi abordada no estudo de Morag e Cavanagh (1998) que indicaram como fatores que promovem o aumento de pressão nesta região fatores estruturais, estando entre estes tamanho do hálux, tecido abaixo dos sesamoides, aumento do ângulo entre as falanges proximais e distais, pequena amplitude de movimento da primeira 83 metatarso falangiana e por fim altos picos de velocidade de dorsiflexão durante a fase ativa de retirada do pé. Entretanto estas variáveis não foram controladas neste estudo. Cavanagh et al., (1997) relata que aumento da pressão na região de hálux esta relacionada tanto com inversão quanto com a altura do arco plantar os quais foram fatores controlados para a separação dos grupos. Os valores de carga relativa foram menores na condição caminhando o que já era esperado. Hennig e Milanni, (2000), associam um maior índice de traumas para corredores principalmente quando a carga relativa RL for alta, pois sim representaria cada região do pé proporcional a impulso gerado. Fato que justifica valores mais baixos durante caminhada uma vez que temos índices de lesão muito mais baixos. Na Figura 32 encontram-se as comparações entre os grupos HP e PF para a variável área total de contato do pé e na Figura 33 para a variável área de contato na M03. 180,00 160,00 * * * 140,00 * Area Total 120,00 100,00 HP PF 80,00 60,00 40,00 20,00 0,00 LDR LNDR LDW LNDW Figura 32: Comparação entre os grupos HP e PF para a área de contato total do pé nas condições correndo (R) e caminhando (W) para os lados dominante (LD) e não dominante (LND). 84 Conforme comparações apresentadas na Figura 32, contata-se que a variável área de contato total do pé foi significativamente maior no grupo HP para todas as condições avaliadas, ou seja, correndo e caminhando, tanto para o lado dominante (LDR, LDW) quanto o lado não dominante (LNDR, LNDW). 9,00 8,00 * * 7,00 Area M3 6,00 * 5,00 HP PF 4,00 * 3,00 2,00 1,00 0,00 LDR LNDR LDW LNDW Figura 33:Comparação entre os grupos HP e PF para a área de contato na M03 pé nas condições correndo (R) e caminhando (W) para os lados dominante (LD) e não dominante (LND). No que se refere a área de contato na M03 os valores também foram significativamente maiores (p=0,003) entre os grupos (Figura 33). Mais pronunciada que na área de contato total, a área de contato na M03 foi maior para o grupo HP na condição correndo (R) tanto para o lado dominante (LDR) quanto não dominante (LNDR). Os valores obtidos na situação correndo foram de 8,19cm2 para o LDR e de 8,28 cm2 para o LNDR, enquanto para o grupo PF os valores foram de 3,98 cm2 para o LDR e 4,92 cm2 para o LNDR. Na condição caminhando (W) os valores médios foram de 3,10 cm2 (LDW) e 4,96 cm2 (LNDW) para o grupo HP e de 1,88 cm2 (LDW), 2,29 cm2 (LNDW) para o grupo PF 85 Visto que a máscara M03 representa a região medial do médio pé estes resultados sugerem que esta variável pode ser um indicativo da efetividade dos parâmetros clínicos para a classificação dos pés quanto à hiperpronação e ao movimento de pronação funcional. V CONCLUSÕES Esta pesquisa teve como objetivo geral identificar níveis de pronação na situação descalço através de avaliação clínica e biomecânica e verificar a relação entre estes sistemas. Através da análise dos dados, referencial teórico e discussão dos dados deste estudo foram feitas as seguintes conclusões: Os dados clínicos de inclinação de calcâneo, queda de navicular, altura de navicular, inclinação de primeiro dedo e flexão dorsal e plantar não apresentaram correlação, exceto a dorsiflexão e altura de navicular no grupo PF que apresentaram uma correlação linear inversa e para os lados não dominante e dominante, e a queda de navicular e relação tíbio-calcânea que apresentou correlação linear positiva e moderada para o grupo HP. Mostrando comportamentos diferenciados quando considerados dados clínicos nos grupos HP e PF. Os dados de correlação entre ângulo do I dedo e área de contato na região medial do médio pé (M03) apresentaram valores bastante expressivos com alto índice de correlação entre as variáveis sendo um parâmetro clínico importante para determinação do grau de hiperpronação. Quando comparados os dados biomecânicos, em razão da divisão clinica realizada através de parâmetros de inversão de calcâneo e queda de navicular, foi possível observar diferença estatisticamente significativa quanto à distribuição de pressão plantar principalmente nas regiões do médio pé medial, tanto para os picos de pressão quanto para a área de contato, de forma a concordar estudos referenciados na literatura. Sendo que as diferenças estatísticas foram mais significativas na condição correndo. Fato já esperado, visto que uma vez aumentando à velocidade as variáveis de analisadas de distribuição de pressão plantar apresentam valores mais elevados. Para a condição caminhando as variáveis que apresentaram diferença estatisticamente significativa foram as de área de contato para a região medial de médio pé (M03), pico de pressão na região de segundo metatarso (M06) e carga relativa na região medial de médio pé 87 (M03). Como abordado no texto como sendo regiões de referência para a determinação de pés hiperpronadores. Quando analisadas as avaliações antropométricas foi realizada uma relação percentual entre o membro dominante e não dominante. Onde foi detectado que havia variações percentuais de 33% a 162% fato este que foi determinante na analise separada dos membros. Visto que alguns estudos consideram avaliação do pé sem a diferenciação entre dominante e não dominante. Esta diferenciação se mostrou presente novamente nas comparações entre so grupo onde as áreas de picos de pressão e cargas relativas mostraram diferenças quanto aos membros dominantes e não dominantes. O questionário de anamnese foi de extrema importância, pois dos três indivíduos excluídos todos obtiveram características diferenciadas quanto ao questionário. Um dos indivíduos havia realizado cirurgia para correção do arco plantar apesar de ser a mais de seis meses havia interferência principalmente nos dados referentes a corrida, o segundo indivíduo apresentou diferenças acentuadas entre um membro e outro sendo detectado no questionário que o mesmo havia lateralidade cruzada, o terceiro individuo que era praticante de ciclismo não em nível competitivo, entretanto com freqüência e intensidade diferenciada dos demais sendo que este também apresentou diferenciação acentuada entre os membros. Demonstrando assim a importância da anamnese para a seleção da amostra, quando analisadas características da pronação. Sugere-se estudos com um número amostral maior, envolvendo características antropométricas para que possam ser elucidadas relações mais fortes entre as variáveis clinicas e biomecânicas. Visto a escassez de literatura no que se refere aos aspectos dinâmicos de hiperpronadores na condição descalços é notória a necessidade do controle desta condição para a exclusão de fatores intrínsecos e não extrínsecos, sendo que estes últimos possuem vasta exploração literária. No presente estudo o pé foi subdividido em dez regiões de acordo com a divisão realizada por Cavanagh, (1987) e adotada pela Novel (GmbH), sendo que na literatura foi encontrado certa variação quanto ao numero e forma de realização desta divisão. Fato este que vem a limitar a comparação de alguns dados. Ainda como fator limitante na comparação entre 88 os estudos, podem ser citadas as diferentes metodologias para realização das coletas quanto velocidade da marcha para a aquisição de dados assim como controle desta variável. Por fim podemos concluir que apesar do pequeno número amostral houve diferença estatisticamente significativa para as principais variáveis biomecânicas abordadas na literatura quando referenciados pés hiperpronadores. De modo que a caracterização clínica de hiperpronadores com base em parâmetros de eversão do calcâneo e queda de navicular mostrou-se efetiva. Fica claro que a exploração de parâmetros clínicos bem controlados e determinados pode trazer informações importantes no tratamento de pacientes com disfunção na pronação. Salienta-se a necessidade de estudos que abordem outros parâmetros clínicos a fim de cercar o maior número de variáveis que interfiram nesta caracterização. 89 VI CONSIDERAÇÕES FINAIS A aplicação deste estudo esta voltado a um caráter preventivo das lesões de membro inferior. Uma vez ser muito extensa a bibliografia descrita a respeito de testes clínicos com o objetivo de identificar os diferentes tipos de pronação, entretanto poucos destes estão embasados em análise estatística a fim de garantir uma melhor confiabilidade na aplicação dos testes. Desta maneira por melhores que sejam aplicadas as técnicas de tratamento e prevenção sem um diagnóstico apurado serão difíceis a identificação e tratamento das potenciais lesões, sendo ainda determinante na caracterização dos pés hiperpronadores uma avaliação biomecânica capaz de predizer as alterações ocorridas tanto cinética quanto cinematicamente e possibilitando assim nos casos mais complexos uma avaliação precisa para determinação de um tratamento mais eficaz. Fica claro que este é um estudo com caráter inicial e ainda há muito a ser explorado nesta relação entre experiência clínica e comprovação científica, logo permanecendo ainda um diagnóstico mais acurado em um grupo restrito uma vez que os aparelhos de aferição biomecânica são de alto custo a acessível à pequena parte da população. Denotando a importância dos estudos de caráter clínicos. Sugere-se que pesquisas futuras relacionadas à avaliação da hiperpronação e distribuição de pressão plantar obtenham ainda o controle do movimento de membro inferior uma vez que este poderá influenciar de forma significativa na resposta da distribuição plantar. 90 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDREWS, J.R., HARRELSON, G.L., WILK, K.E. Reabilitação Física das Lesões Desportivas. 2.ed. São Paulo: Guanabara Koogan, 2000. BOOZER, M. H., FINCH, A., WAITE, L. R., Investigation of the relationship between arch height and maximum pronation angle during running. Biomed Sci Instrum. Vol38, 2002; pp 203-207. 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Nome:____________________________________________________________ Data da Avaliação ____/____/____ Data de nascimento ____/____/____ Endereço _________________________________________________________ Localidade e número ________________________/____________________/____________ Cidade Estado CEP Telefone:________________________E- MAIL____________________________ Sexo: ( ) masculino ( ) Feminino Profissão:______________________________ ANAMNESE Dominância: destro ڤcanhoto ڤ Integridade da articulação do tornozelo Lesões prévias Assinale qualquer Sim ڤ Há quanto tempo?____________________ Não ڤ Mecanismo da lesão:__________________ problema médico que considera importante que saibamos:___________________________________________________________________ Pratica alguma atividade regular Sim ڤNão ڤ Se sim há quanto tempo, com qual freqüência e modalidade ______________________________________________________________________ 96 Goniometria/perimetria 1med dir Plantiflexão Dorsiflexão Queda de navicular Inclinação calcâneo bip Inclinação de calç uni + Inclinação de calc uni Relação tíbio calc bi Relação tíbio calc uni Relação tíbio calç uni + Massa Altura IMC Numero de id do infoot: a 2med a 1med a 1med a 2med a 3med dir dir esq esq esq a 97 Anexo II UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTOS - CEFID COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA - CEP TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Características de Parâmetros Determinantes da Hiperpronação Medidos Através de Procedimentos Clínicos e Biomecânicos. O(a) senhor(a) está sendo convidado a participar de um estudo fará uma avaliação dos movimentos do seu pé e tornozelo. Serão previamente marcados a data e horário para realização de medições de peso corporal, altura, amplitudes de movimento do tornozelo utilizando uma balança digital, estadiômetro convencional e goniômetro respectivamete. Estas medidas serão realizadas no CEFID/UDESC. Também será apresentado um questionário sobre histórico de lesões e pratica de atividade física, alem de dados pessoais como nome completo, data de nascimento, . Não é obrigatório responder a todas as perguntas. Os riscos destes procedimentos serão mínimos por envolver somente medições nãoinvasivas. A sua identidade será preservada pois cada indivíduo será identificado por um número e somente serão manuseadas por pesquisadores do próprio laboratório. Os benefícios e vantagens em participar deste estudo serão o auto-conhecimento sobre seu pé e tornozelo, índice de massa corporal e, orientações sobre como manter ou atuar na prevenção de possíveis incidentes ortopédicos relacionados a membros inferiores. As pessoas que estarão te acompanhando serão dois fisioterapeutas Luiz Henrique Jorge e Aline Faquin e um professor responsável Deyse Borges Machado. O(a) senhor(a) poderá se retirar do estudo a qualquer momento. Solicitamos a vossa autorização para o uso de seus dados para a produção de artigos técnicos e científicos. A sua privacidade será mantida através da não-identificação do seu nome. Agradecemos a vossa participação e colaboração. 98 PESSOA PARA CONTATO (Luiz Henrique Jorge – 244-9451 CEFID- UDESC) TERMO DE CONSENTIMENTO Declaro que fui informado sobre todos os procedimentos da pesquisa e, que recebi de forma clara e objetiva todas as explicações pertinentes ao projeto e, que todos os dados a meu respeito serão sigilosos. Eu compreendo que neste estudo, as medições dos experimentos/procedimentos de tratamento serão feitas em mim. Declaro que fui informado que posso me retirar do estudo a qualquer momento. Nome por extenso _________________________________________________________ . Assinatura _____________________________________ Florianópolis, ____/____/____ . 99 Anexo III Carta de aprovação do comitê de ética em pesquisas em seres humanos 100 Anexo IV Valores antropométricos para todos os sujeitos. SUJEITO S1 S2 S3 S4 S5 S6 S7 S8 S9 S10 S11 S12 S13 S14 S15 S16 S17 x S IDADE(anos) 25 25 20 26 27 20 25 27 26 26 25 21 21 23 26 28 21 24,23 2,65 DOMINÂNCIA D D D D D D D D D D D S D D S D S Destros-85% Sinistros-15% ESTATURA(cm) 177,4 174,3 183 181,5 170,6 175 189,7 170 179,5 171,5 176,8 172,3 161,5 172,0 158,5 179,5 197,5 175,91 9,32 MASSA(Kg) 79 66,3 69 87,5 87 71,6 74,3 69,5 75,2 73,9 63,6 63 61,3 77,7 60 96 82,8 IMC(Kg/cm2) 25,23 21,95 20,65 26,59 29,89 23,39 20,69 24,04 23,35 25,3 20,38 21,28 22,34 26,33 24,9 29,81 21,23 73,98 10,15 23,91 2,97 Dados referentes a dorsiflexão (0), plantiflexão(0), e relação tibiocalcânea(0) no grupo HP e PF Grupo HP S1 S2 S3 S4 S5 S6 S7 S8 S9 S10 S11 x S dors nd(0) 15 25 13 20 10 19 19 15 20 22 46 dors d(0) 18 28 13 16 12 18 18 15 18 26 41 20,36 9,51 20,27 8,43 % 83,33 89,29 100,00 125,00 83,33 105,56 105,56 100,00 111,11 84,62 112,20 Plan nd(0) 48 44 52 50 50 68 44 45 44 38 26 Plan d(0) 46 48 50 50 48 54 35 38 48 40 25 46,27 10,16 43,82 8,47 % 104,35 91,67 104,00 100,00 104,17 125,93 125,71 118,42 91,67 95,00 104,00 Rel tc nd(0) 6 4 9 7 5 4 6 18 18 14 9 rel tc d(0) 12 4 9 5 6 4 14 18 18 11 15 9,09 5,24 10,55 5,34 % 50,00 100,00 100,00 140,00 83,33 100,00 42,86 100,00 100,00 127,27 60,00 101 dors % plan % rel tc % nd(0) Dors d(0) plan nd(0) d(0) rel tc nd(0) d(0) 20,00 12,00 166,67 58,00 62,00 93,55 8,00 15,00 53,33 18,00 24,00 75,00 58,00 60,00 96,67 3,00 9,00 33,33 15,00 14,00 107,14 54,00 58,00 93,10 4,00 10,00 40,00 16,00 16,00 100,00 52,00 49,00 106,12 15,00 20,00 75,00 20,00 19,00 105,26 52,00 52,00 100,00 6,00 14,00 42,86 16,00 14,00 114,29 55,00 54,00 101,85 13,00 8,00 162,50 grupo PF S12 S13 S14 S15 S16 S17 17,50 2,17 x S 16,50 4,37 54,83 2,71 55,83 5,00 8,17 4,88 12,67 4,55 Dados referentes a altura de navicular (cm), queda de navicular (cm) e inclinação de calcâneo para ambos os grupos HP e PF Grupo HP S1 S2 S3 S4 S5 S6 S7 S8 S9 S10 S11 x S alt nav nd Alt nav d (cm) (cm) 5,6 3 4 3,7 3,5 4,3 4,6 3,9 5,4 4 2,4 4,04 0,94 5,2 3 3,8 3,6 4,3 4,2 4,9 4,3 4,6 4 2,4 Queda n d Queda d Incl cal nd incl cal d (cm) (cm) (0 ) (0 ) 0,6 0,4 1 0,4 0,4 1 0,8 0,7 0 0,7 0,8 2 0,5 0,5 4 0,8 0,8 2 0,6 0,8 1 0,6 0,5 5 0,6 0,7 2 0,6 0,6 5 0,6 0,4 6 4,03 0,81 0,62 0,12 0,60 0,17 2,64 2,01 4 4 2 4 2 1 1 4 8 8 2 3,64 2,46 Alt nav nd Alt nav d Queda n d Queda d incl cal nd (cm) (cm) (cm) (cm) (0 ) incl cal d (0) 5,00 5,40 0,20 0,20 3,00 4,00 3,80 4,00 0,40 0,20 2,00 2,00 4,90 4,80 0,20 0,30 8,00 4,00 4,60 4,20 0,00 -0,20 2,00 -4,00 3,40 3,20 0,20 0,00 2,00 5,00 4,20 4,20 0,00 0,00 4,00 5,00 grupo PF S12 S13 S14 S15 S16 S17 x S 4,32 0,63 4,30 0,75 0,17 0,15 0,08 0,18 3,50 2,35 2,67 3,44 102 Média e desvio padrão para altura de navicular, altura de maléolo medial e ângulo do primeiro dedo mensurados no scanner para o grupo HP e PF. Grupo HP S1 S2 S3 S4 S5 S6 S7 S8 S9 S10 S11 x S grupo PF S12 S13 S14 S15 S16 S17 x S ang 1 dedo d (0) 5,87 10,97 -1,15 -2,00 0,10 11,13 4,50 5,60 10,20 3,43 3,15 4,71 4,66 Ang 1 dedo n d (0) 6,83 2,67 2,30 1,50 6,15 16,67 4,73 8,27 9,50 4,47 9,15 alt nav d (dm) 51,10 30,83 44,90 48,53 51,15 40,43 48,03 36,83 41,30 32,00 54,05 6,57 4,33 43,56 7,92 alt nav d ang 1 dedo d (0) ang 1 dedo n d (0) (dm) -9,13 0,57 56,83 4,30 8,30 42,00 5,07 1,10 55,40 5,83 6,93 51,50 8,75 12,20 41,60 1,03 -1,90 54,93 2,64 6,28 4,53 5,43 alt nav n d (dm) 45,47 36,07 45,90 45,60 47,55 41,77 53,50 45,83 40,57 27,97 43,55 50,38 6,87 Alt mal med d (dm) 87,13 57,77 65,15 87,57 91,15 84,23 95,77 82,93 89,47 49,93 59,85 43,07 6,65 alt nav n d (dm) 58,20 42,00 56,33 51,33 36,75 50,60 49,20 8,31 alt mal med n d (dm) 90,03 78,27 92,20 75,23 89,15 78,43 95,70 87,03 90,40 77,23 77,90 77,36 15,95 alt mal med d (dm) 97,80 85,17 98,40 35,63 77,25 94,03 81,38 23,85 84,69 7,32 alt mal med n d (dm) 81,47 84,30 94,57 61,23 59,00 95,80 79,39 15,96 103 Valores Descritivos e de comparação para os Dados de Distribuição de Pressão Plantar para ambos os grupos Caminhando LADO Variavel Dominante PPM01 140 785 326,70 134,82 170 465 293,21 84,06 0,475 Nao Dominante PPM02 PPM03 PPM04 PPM05 PPM06 PPM07 PPM08 PPM09 PPM10 PPM01 PPM02 PPM03 PPM04 PPM05 PPM06 PPM07 PPM08 PPM09 PPM10 130 10 25 90 235 205 40 45 20 155 150 10 25 65 220 190 75 50 30,00 560 140 430 710 610 960 895 295 200 825 800 120 230 755 875 795 885 365 280,00 286,88 63,01 108,52 234,43 380,91 373,58 334,20 145,74 85,34 345,83 297,38 71,67 97,56 279,94 385,60 359,52 384,94 138,81 92,14 96,03 28,29 62,80 113,68 94,31 133,23 178,16 61,49 34,85 147,61 115,64 29,92 36,96 130,73 134,70 116,27 221,70 64,32 51,60 160 0 10 90 180 140 125 75 0 215 200 0 30 115 205 190 100 85 0 450 105 380 810 380 855 680 330 285 470 410 110 250 445 375 860 1010 270 230 277,86 50,24 106,31 261,07 302,50 338,93 308,57 136,07 78,69 317,56 295,89 56,67 95,89 262,89 294,44 327,00 315,33 135,33 94,33 78,07 30,42 97,80 133,08 49,38 164,01 144,99 62,52 52,48 72,39 63,01 30,06 48,66 82,75 34,50 139,58 236,61 52,13 56,53 0,844 0,048 0,052 0,197 0 0,101 0,423 0,164 0,251 0,744 0,216 0,014 0,252 0,994 0 0,013 0,011 0,845 0,583 Variavel Minimo Máximo Media dp Minimo Máximo Media dp PPM01 PPM02 PPM03 PPM04 PPM05 PPM06 PPM07 PPM08 PPM09 PPM10 PPM01 PPM02 PPM03 PPM04 PPM05 PPM06 PPM07 PPM08 PPM09 PPM10 165 170 35 120 170 245 245 140 50 30 135 125 50 120 170 190 195 245 90 75 1035 1060 235 350 1210 935 910 995 385 405 1035 940 240 260 1195 1055 870 1055 425 365 548,64 525,55 132,64 204,64 598,73 521,09 438,82 548,36 216,18 177,91 539,82 483,33 141,4 185,09 551,84 531,58 458,07 460,96 233,95 167,37 246,36 232,07 49,96 59,57 290,71 218,43 145,34 244,56 93,12 84,03 287,92 238,38 47,31 32,04 242,51 217,10 169,84 189,16 73,65 61,59 60 60 10 20 165 185 175 75 30 30 290 285 15 60 300 370 365 145 95 45 185 190 55 75 350 335 305 240 160 195 885 875 230 300 970 530 530 810 305 210 115,87 110,65 25,22 43,91 215,43 262,17 235,65 147,61 98,26 70,65 506,46 505,21 111,25 158,54 677,08 435,83 429,79 411,88 161,04 118,75 36,98 36,03 9,47 12,43 46,51 41,77 34,98 44,13 42,74 34,88 159,25 164,00 62,92 67,35 224,26 44,13 43,53 151,84 59,07 42,97 corrida LADO Dominante Nao Dominante Minimo Máximo HP Media dp Minimo Máximo HP PF Media dp p PF p 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,901 0,612 0,031 0,023 0,038 0,022 0,922 0,417 0,000 0,000 104 Valores Descritivos e de comparação para os Dados de Distribuição de Pressão Plantar para ambos os grupos na variável carga relativa. caminhada LADO Dominante não dominante corrida LADO Dominante Nao Dominante HP variavel RL1 RL2 RL3 RL4 RL5 RL6 RL7 RL8 RL9 RL10 RL1 RL2 RL3 RL4 RL5 RL6 RL7 RL8 RL9 RL10 Minimo variavel RL1 RL2 RL3 RL4 RL5 RL6 RL7 RL8 RL9 RL10 RL1 RL2 RL3 RL4 RL5 RL6 RL7 RL8 RL9 RL10 Minimo 7,28 5,63 0,00 0,38 1,89 8,46 9,47 0,08 0,21 0,07 6,74 5,55 0,00 0,17 1,56 5,15 7,45 0,68 0,15 0,17 Máximo PF Media 32,70 21,77 2,06 22,32 24,32 28,13 40,05 14,70 3,69 3,07 29,47 20,28 4,59 16,53 28,39 24,32 54,22 17,81 2,36 5,29 17,53 14,05 0,50 7,28 11,57 15,15 24,50 7,06 1,28 1,07 17,60 13,76 0,91 6,43 12,85 15,12 23,70 7,53 1,03 1,06 dp 5,49 3,69 0,49 5,19 5,31 4,34 7,24 3,12 0,84 0,68 4,97 3,35 1,13 3,68 6,06 3,47 8,77 3,83 0,50 0,94 Minimo 10,71 10,31 0,00 0,00 2,68 8,88 7,04 2,69 0,40 0,00 9,64 7,34 0,00 0,25 4,51 7,74 10,04 1,94 0,41 0,00 Máximo HP 4,50 2,99 0,05 5,24 8,18 9,28 10,43 2,18 0,25 0,20 2,01 1,45 0,11 4,69 10,73 10,43 12,73 5,36 0,92 0,80 Máximo 20,42 16,51 3,72 21,66 29,81 24,27 30,91 14,60 3,46 5,08 21,60 15,97 4,08 14,80 29,21 23,51 32,48 11,76 2,74 5,61 Media 25,52 25,08 1,42 19,78 29,47 21,64 40,83 23,01 4,17 3,72 29,16 21,81 1,53 16,41 31,28 21,53 37,22 13,01 2,10 2,83 17,13 15,05 0,38 5,26 13,30 15,07 23,79 7,76 1,38 0,87 18,77 15,46 0,40 4,63 14,05 14,09 24,75 5,84 1,11 0,89 dp 3,90 3,12 0,39 5,85 6,57 3,65 8,89 5,45 0,80 0,78 4,25 3,45 0,32 4,19 6,28 3,47 6,68 2,69 0,51 0,69 p 0,815 0,376 0,08 0,004 0,357 0,852 0,672 0,177 0,365 0,067 0,156 0,008 0,058 0,002 0,363 0,16 0,412 0,012 0,404 0,786 PF Media 10,84 8,98 1,37 10,46 17,51 16,15 21,98 8,89 1,52 2,31 11,01 8,24 1,58 9,01 18,30 17,11 22,25 8,40 1,62 2,47 dp 4,38 3,64 0,98 4,77 4,86 3,26 5,72 2,81 0,86 1,35 4,87 3,65 1,26 2,21 4,00 3,82 6,27 1,51 0,48 1,13 Minimo 6,76 6,99 0,08 1,04 15,53 14,38 18,31 3,66 0,72 0,80 7,74 6,13 0,00 0,85 11,91 11,12 18,64 2,43 0,82 0,26 Máximo 16,66 15,02 1,25 7,88 22,49 27,46 33,61 9,91 3,80 7,60 16,73 14,19 1,49 8,52 30,17 25,24 31,58 8,06 2,55 4,45 Media 11,22 9,54 0,58 4,13 19,07 19,89 24,05 6,51 2,16 2,84 11,80 10,11 0,76 5,18 22,00 18,26 23,17 5,63 1,42 1,68 dp 3,08 2,20 0,42 2,60 2,05 3,87 3,69 2,07 0,93 1,85 2,64 2,60 0,56 2,76 4,86 4,01 3,15 1,21 0,49 1,01 p 0,521 0,248 0 0 0,04 0 0,493 0 0,008 0,226 0,683 0,033 0,012 0 0,003 0,264 0,331 0 0,054 0,002 105 Valores Descritivos e de comparação para os Dados de Distribuição de Pressão Plantar para ambos os grupos na variável área de contato. caminhada Variavel Area Total Area contato M03 Area Total Area contato M03 HP Minimo Máximo dp Media 114 162 141,44 0,5 8,5 3,10 118 169 142,48 0,5 25,5 4,96 corrida Variavel Area Total Area contato M03 Area Total Area contato M03 Minimo 137 2 134 2 Máximo 172 22 174 19 HP Media 160,14 8,19 159,91 8,28 Minimo 10,47 2,21 13,35 5,39 dp 8,14 5,34 10,13 5,15 92 0 103 0 Minimo 123 0,5 121 0,5 PF Máximo dp Media 158 124,05 4,5 1,88 160 129,67 8 2,29 Máximo 169 7,5 182 8,5 TESTES DE NORMALIDADE (Kolrmogorov-Smirnov) PF Media 142,85 3,98 146,23 4,92 p 20,24 1,40 18,88 1,71 dp 0 0,003 0 0,006 p 15,99 2,52 22,60 3,12 0 0,001 0,025 0,006 106 HP Variavel DORSIFLEXAO PLANTIFLEXAO ALTURA NAVICULAR QUEDA DO NAVICULAR INCLINAÇAO DO CALCÂNEO RELAÇÃO TIBIO-CALCÂNEO PERIMETRO METATARSO ALTURA DORSO ÂNGULO I DEDO ÂNGULO V DEDO ALTURA NAVICULAR ALTURA MALEOLO LATERAL ALTURA MALEOLO MEDIAL Lado LD LND LD LND LD LND LD LND LD LND LD LND LD LND LD LND LD LND LD LND LD LND LD LND LD LND 0,37 0,38 0,19 0,26 0,09 0,16 0,25 0,16 0,21 0,24 0,21 0,14 0,41 0,19 0,14 0,13 0,13 0,12 0,13 0,19 0,14 0,13 0,17 0,18 0,27 0,16 HP Variavel Area Total Area contato M03 PPM03 FM03 RL03 PF p 0,00 0,00 0,20 0,03 0,20 0,20 0,04 0,20 0,16 0,06 0,14 0,20 0,00 0,01 0,13 0,20 0,20 0,20 0,19 0,01 0,13 0,19 0,02 0,01 0,00 0,05 0,24 0,24 0,28 0,15 0,14 0,24 0,44 0,42 0,19 0,24 0,20 0,19 0,15 0,27 0,25 0,32 0,13 0,26 0,14 0,17 0,23 0,22 0,24 0,27 0,26 0,27 PF p 1,54 1,49 1,46 3,00 3,15 p 0,02 0,02 0,03 0,00 0,00 1,49 1,65 1,25 1,48 1,52 0,02 0,01 0,09 0,02 0,02 p 0,17 0,19 0,07 0,20 0,20 0,20 0,00 0,00 0,20 0,20 0,20 0,20 0,20 0,00 0,01 0,00 0,20 0,00 0,20 0,20 0,02 0,03 0,01 0,00 0,00 0,00 Livros Grátis ( http://www.livrosgratis.com.br ) Milhares de Livros para Download: Baixar livros de Administração Baixar livros de Agronomia Baixar livros de Arquitetura Baixar livros de Artes Baixar livros de Astronomia Baixar livros de Biologia Geral Baixar livros de Ciência da Computação Baixar 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