UNESP
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
“JÚLIO DE MESQUITA FILHO”
Campus de Rosana - SP
CAROLINA BRANDÃO BARBOSA
TUURRIISSM
MO
O EE EEX
XTTEEN
NSSÃ
ÃO
OU
UN
NIIV
VEER
RSSIITTÁ
ÁR
RIIA
A: ANÁLISE DO
PROJETO UNESP EM CAMPO
ROSANA-SP.
2011
CAROLINA BRANDÃO BARBOSA
TUURRIISSM
MO
O EE EEX
XTTEEN
NSSÃ
ÃO
OU
UN
NIIV
VEER
RSSIITTÁ
ÁR
RIIA
A: ANÁLISE DO
PROJETO UNESP EM CAMPO
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
ao Curso de Turismo – Unesp/Rosana, como
requisito parcial para obtenção do título de
Bacharel em Turismo.
Orientador: Profª Drª Patrícia Alves
Ramiro
ROSANA-SP.
2011
[FOLHA DE APROVAÇÃO
CAROLINA BRANDÃO BARBOSA
TUURRIISSM
MO
O EE EEX
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NSSÃ
ÃO
OU
UN
NIIV
VEER
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ÁR
RIIA
A: ANÁLISE DO
PROJETO UNESP EM CAMPO
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
ao Curso de Turismo – Unesp/Rosana, como
requisito parcial para obtenção do título de
Bacharel em Turismo.
Orientador: Profª Drª Patrícia Alves
Ramiro
Data de aprovação: ___/___/____
MEMBROS COMPONENTES DA BANCA EXAMINADORA:
Presidente e Orientador: Nome e título
Universidade.
Membro Titular:
Nome e título
Universidade.
Membro Titular:
Nome e título
Universidade.
Local: Universidade Estadual Paulista
UNESP – Campus Experimental de Rosana
Dedico este trabalho à Aparecida Lemos, mais conhecida
como minha avó e a Rosely Brandão, mais conhecida como
minha mãe, porque sempre acreditaram em mim e nunca
desistiram disso. Obrigada por tudo.
AGRADECIMENTOS
E se a memória me trair em algum momento, desde já peço desculpas.
Agradeço a DEUS, não só aqui como todos os dias de minha vida, pois Ele me
permitiu viver esta vida, viver com esta família, conhecer quem eu conheci, e por me
dar perfeitas condições de seguir este caminho que escolhi.
Agradeço em primeiro lugar a minha avó e a minha mãe, que sempre tiveram
papel fundamental em minha vida, foram elas e, somente, por elas que consegui chegar
até aqui e sei que com elas eu posso muito mais, obrigado pelos abraços, sorrisos e por
entender minhas lagrimas, enfim por tudo e EU AMO VOCÊS.
Agradeço ao meu irmão Henrik e a minha prima Fernanda, duas pessoas muito
mais que especiais, muito mais que parte da família pra mim, sei que com eles eu posso
sempre contar em qualquer momento, obrigado por vocês existirem em minha vida e
por fazerem parte dela.
Não tem como não agradecer a minha Tia Cleide, minha madrinha Elaine, Tó,
Dito, Fabio, Fô e Ney que sempre me apoiaram e vibraram juntos as minhas conquistas,
agradeço de coração pelo apoio, vocês fazem parte do que sou.
Sempre ouvi dizer que “Amigos são a família que nos permitiram escolher”, e
foi em Primavera que descobri o verdadeiro sentido desta frase. Em Primavera pude
escolher uma família maravilhosa, e claro que para começar a falar desta família, tenho
que falar primeiramente do Rodrigo, que é muito mais que um amigo confidente e fiel,
ele entrou na minha vida de certo modo que, hoje, já nem me lembro como era antes. Eu
sempre me lembro de uma aula, logo no primeiro ano, em que ele me contou a sua
história de vida e eu emocionei muito, lembra Rô? Ele me conquistou desde o primeiro
semestre da faculdade, se não me engano, fomos morar juntos no segundo semestre e a
partir de então, me falta palavras para descrevê-lo e descrever tantos momentos que
passamos juntos, momentos bons e outros nem tanto, más que se fizeram necessários
para construir nossa amizade. Rodrigo só tenho que agradecer por sua amizade, por
dividir comigo os melhores quatro anos da minha vida e claro, por me agüentar todo
esse tempo, pois sei que não deve ter sido fácil.
Não posso deixar de falar do Sino, do 3D e do Justin que fizeram parte desta
família de Primavera. Nem sei como descrever tudo o que vivemos, é tanta história e
loucura mais saibam que independente de tudo, vocês são muito, muito, muito especiais
de verdade e desde já agradeço pela amizade e paciência durante esses anos.
Mainnã e Thaís, jamais eu esqueceria de vocês. Nossa amizade surgiu “pósestágio”, na adorável e bela praia de Mariscal, Santa Catarina, tantas histórias, né,
amigas? Caramba nem tenho o que falar de vocês, de verdade, me faltam adjetivos para
tentar exemplificar o que vocês significam pra mim e se eu for contar aqui o que já
vivemos juntas, daria um TCC. Só tenho uma certeza, de que nossa amizade não acaba
junto com a faculdade, e que teremos ainda tantas outras histórias e paranóias juntas.
Obrigado amigas por tudo de verdade. Amo vocês.
Letícia, vulgo Pinda, também amiga “pós-estágio”. Amiga lembra que no seu
primeiro ano de “bichete” aqui em Primavera, nem nos falávamos? Mas em Juquehy
descobrimos afinidades e desde então a parceria começou. Agradeço a amizade e
confiança.
Sei que essas experiências de estágios, morar em outra cidade longe, muito, mais
muito mesmo longe de casa, e tantas outras coisas me tornaram o que sou hoje, me
transformaram totalmente. E claro que esta mudança positiva na minha vida, minha
grande amiga Lorena, pode perceber, acompanhar e me apoiar sempre. Obrigada amiga.
E claro que não tenho como não agradecer o Édico, pela amizade e paciência antes e
durante a faculdade. Obrigado por tudo. Vocês dois são essenciais em minha vida.
Diego, vulgo Rabo, caramba, foi meu primeiro “bicho” e hoje, muito mais que
um simples amigo. Já nos conhecíamos antes da faculdade, porém, somente em
Primavera tivemos o contato suficiente e muita intimidade para enraizar esta amizade. O
mal da humanidade é a intimidade e você sabe bem isso. Sei que com você posso falar
de tudo e sobre tudo sem medo, pois sei que você sempre me entenderá por mais difícil
que parece. Diego obrigado por sua amizade.
Isabela, caramba três anos se passaram de faculdade e somente no ultimo ano
tive o prazer de conhecer a pessoa amiga, carinhosa, especial, estudiosa, espiritualizada
que você é. E agradeço muito a essa amizade. Você é uma grande parceira, amiga para
todas as horas e gosta de falar, né, eu sei bem disso. Temos muitas histórias ainda,
mesmo assim, obrigado por surgir em minha vida e obrigado por deixar eu fazer parte
da sua.
E claro que por ultimo, não menos importante, agradeço a toda VII Turma que
apesar dos pesares, de discussões, risos, visitas técnicas inesquecíveis, sentirei tanta
falta. Obrigado. E em especial à Camila, Nadja, Tista, Sá, Marcelo, Ná, Laura, Zazá,
Meu Bem e enfim todos. Vocês fizeram a diferença nos meus dias em Primavera.
Tantas coisas aconteceram, foram quatro anos maravilhosos e quero agradecer
em especial o pessoal da Pássus Jr e do C.A, através destas duas entidades pude
aprender muito mais, não só no profissional, más como pessoa também. Obrigado.
Agradeço ao senhor Sérgio Taveira que me ajudou muito com este trabalho e
que me ajuda todo dia a crescer. Meus sinceros agradecimentos.
Agradeço também, o professor Serginho pela amizade, a professora Patrícia
pelas orientações, pela ajuda, incentivo. Agradeço a todos os outros professores que
contribuíram sem dúvidas em minha formação e a todos os funcionários. Obrigada por
tudo, sem vocês, com certeza, eu não seria parte do que sou.
A todos meus sinceros e emocionados agradecimentos. Obrigada.
“(...) que a força do medo que tenho não me impeça de ver o
que anseio [...] Porque metade de mim é partida, más a outra
metade é saudade” (Oswaldo Montenegro).
RESUMO
O presente trabalho apresenta um estudo sobre o projeto de extensão Unesp em Campo
a partir das perspectivas de três atividades executadas, em conjunto com a AMANP, no
assentamento Nova Pontal, no município de Rosana/SP. Essa pesquisa buscou através
do projeto Unesp em Campo, interpretar o que as assentadas e envolvidos nas
atividades, pensam sobre a atividade turísticas no assentamento e relacionar com
possível viabilidade da atividade turística como alternativa complementar de renda nãoagrícola e se a partir destas iniciativas as assentadas conseguem se organizar. Visto que
o turismo no espaço rural esta diretamente ligado a atividades agrárias, a natureza, a
cultura peculiar e a processos produtivos. Este trabalho priorizou o tempo de respostas
da comunidade local perante as atividades propostas buscando assim, desenvolver parte
de um trabalho continuo. A fim de atingir os objetivos deste trabalho, foi necessária
pesquisa bibliográfica sobre a temática geral, de turismo no espaço rural, e, ainda uma
pesquisa de campo, na qual utiliza-se de métodos observacionais, bem como registros
fotográficos, conversas informais, entrevistas semi-estruradas e aplicação de
questionários. Assim, para que a atividade turística seja viável para o assentamento
Nova Pontal e que esta pequena comunidade rural possa gerir e se beneficiar com o
turismo é necessário, que se leve em consideração o que a própria comunidade pensa
sobre, visto que a mesma se apresenta sempre pró-ativa perante as atividades.
Palavras-chave: Turismo no espaço rural; Assentamentos rurais; Alternativa
complementar de renda não-agrícola.
ABSTRACT
This paper presents a study on the extension project Unesp em Campo from the
perspectives of three activities performed, together with AMANP, in the settlement
Nova Pontal in the municipality of Rosana/SP. This research sought throughout project
Unesp em Campo, interpret what the settled and engaged in activities, think on the
tourist activity in the settlement and can relate to viability of tourism as an alternative
complementary off-farm income and these initiatives from settled can be organized.
Since tourism in rural areas this directly linked agricultural activities, nature, culture
peculiar and production processes. This work prioritized the response time local
community before activities proposals seeking thus, develop part of an ongoing work.
In order to achieve the objectives this work was necessary literature on the subject
general, rural tourism, and also a field in which makes use of observational methods and
records photographic, informal conversations, semi-structure and use of questionnaires.
Thus, for the tourist activity is feasible for the settlement Nova Pontal and this small
community rural to manage and benefit from tourism is necessary that consider what the
community thinks about itself, since the always presents herself before the proactive
activities.
Keywords: Rural Tourism; Rural Settlements; Alternative complementary off-farm
income.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1.1 – Localização do Município de Rosana/SP ................................................... 6
Figura 1.2 – Distribuição dos assentamentos na região do Pontal do Paranapanema .... 7
Figura 1.3 – Divulgação do I Almoço Típico Rural ...................................................... 33
Gráfico 1.1 – Profissão dos visitantes ........................................................................... 41
Gráfico 1.2 – Já tinha visitado um assentamento antes (I Almoço Típico Rural) ......... 42
Gráfico 1.3 – Já tinha visitado um assentamento antes (II Almoço Típico Rural) ........ 42
Gráfico 1.4 – As atividades realizadas podem ser consideradas um roteiro ................. 43
Gráfico 1.5 – O preço da atividade foi acessível (I Almoço Típico Rural) ................... 44
Gráfico 1.6 – O preço da atividade foi acessível (II Almoço Típico Rural) ................. 44
Gráfico 1.7 – Preferências durante a visita (I Almoço Típico Rural) ............................ 45
Gráfico 1.8 – Avaliação geral do I Almoço Típico Rural ............................................. 46
Gráfico 1.9 – Avaliação sobre a estrada de acesso ao assentamento Nova Pontal ....... 46
Gráfico 1.10 – Avaliação sobre a hospitalidade dos assentados ................................... 47
Gráfico 1.11 – Avaliação sobre a infra-estrutura no local do almoço ........................... 47
Gráfico 1.12 – Avaliação se os visitantes voltariam ao local ........................................ 48
Gráfico 1.13 – Avaliação se os visitantes acrescentariam algo nas atividades ............. 48
Gráfico 1.14 – Viabilidade da atividade turística em assentamentos rurais .................. 49
Gráfico 1.15 – Se já tinha visitado algum assentamento que recebesse turistas ........... 54
Gráfico 1.16 – Se gostou da visita ao assentamento Água Limpa ................................ 55
Gráfico 1.17 – Avaliação geral da visita ao assentamento Água Limpa ....................... 55
Gráfico 1.18 – Avaliação sobre as refeições no assentamento Água Limpa ................. 56
Gráfico 1.19 – Se voltaria ao assentamento Água Limpa ............................................. 57
Imagem 1.1 – Trilha no I Almoço Típico Rural ............................................................ 36
Imagem 1.2 – Grupo GRUTAS no I Almoço Típico Rural .......................................... 36
Imagem 1.3 – Conversa com os assentados no I Almoço Típico Rural ........................ 37
Imagem 1.4 – Café da manhã (I Almoço Típico Rural) ................................................ 37
Imagem 1.5 – Assentadas da AMANP .......................................................................... 37
Imagem 1.6 – Lote do Sr Ferreira (I Almoço Típico Rural) ......................................... 38
Imagem 1.7 – Espaço do almoço (I Almoço Típico Rural) ........................................... 38
Imagem 1.8 – Lote do Sr. Dirceu (II Almoço Típico Rural) ......................................... 39
Imagem 1.9 – Trilha até a beira do Rio (II Almoço Típico Rural) ............................... 39
Imagem 1.10 – Contemplação do Rio Paranapanema (II Almoço Típico Rural) ......... 39
Imagem 1.11 – Horta do lote do Sr Ferreira (II Almoço Típico Rural) ........................ 39
Imagem 1.12 – Espaço comunitário do assentamento (II Almoço Típico Rural) ......... 40
Imagem 1.13 – Preparo do almoço (II Almoço Típico Rural) ...................................... 40
Imagem 1.14 – Almoço pronto (II Almoço Típico Rural) ............................................ 40
Imagem 1.15 – Apresentação dos pratos servidos (II Almoço Típico Rural) ............... 41
Imagem 1.16 – Almoço (II Almoço Típico Rural) ....................................................... 41
Imagem 1.17 – Estrada de acesso para o assentamento Água Limpa ........................... 50
Imagem 1.18 – Café da manhã no assentamento Água Limpa ..................................... 51
Imagem 1.19 – Explicação sobre inseminação artificial ............................................... 51
Imagem 1.20 – Explicação sobre o sistema de irrigação ............................................... 51
Imagem 1.21 – Assentado que trabalha como Guia de Turismo ................................... 52
Imagem 1.22 – Trilha Guiada ....................................................................................... 52
Imagem 1.23 – Visita a cachoeira ................................................................................. 52
Imagem 1.24 – Preparo do almoço (cozinha) ................................................................ 53
Imagem 1.25 – Assentadas responsáveis pelo almoço .................................................. 53
LISTA DE TABELAS
Tabela 1.1 – Cardápio do I Almoço Típico Rural ........................................................ 34
Tabela 1.2 – Cardápio do II Almoço Típico Rural ....................................................... 35
Tabela 1.3 – Motivação (II Almoço Típico Rural) ....................................................... 45
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AMANP – Associação de Mulheres Assentadas do Nova Pontal
CESP – Companhia Energética de São Paulo
GRUTAS – Grupo de Pesquisa em Turismo de Aventura e Sustentabilidade
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ITESP – Fundação Instituto de Terras do Estado de São Paulo
LEAR – Laboratório de estudos em assentamentos rurais
MST – Movimento dos Trabalhadores sem terra
MAST – Movimento dos agricultores sem terra
PNAD – Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio
TER – Turismo no Espaço Rural
TAR – Turismo em áreas rurais
TR – Turismo Rural
UNESP – Universidade Estadual Paulista
SUMÁRIO
1. Introdução ...................................................................................................... 1
2. Metodologia ................................................................................................... 3
3. Contextualização ............................................................................................ 6
3.1 Unesp em Campo ..................................................................................... 6
4. Pluriatividade e Turismo no Espaço Rural .................................................... 11
4.1 O Campo da Reforma Agrária e a Pluriatividade .................................... 11
4.2 Turismo no Espaço rural .......................................................................... 22
5. Atividades Turísticas no Assentamento Nova Pontal ..................................... 33
5.1 I e II Almoço Típico Rural ........................................................................ 33
5.2 Visita ao assentamento Água Limpa ......................................................... 50
6. Entrevistas ....................................................................................................... 58
7. Considerações Finais ....................................................................................... 65
8. Referências Bibliográficas .............................................................................. 68
1
1. INTRODUÇÃO
Este trabalho apresenta um estudo sobre algumas atividades do projeto de
extensão Unesp em Campo, como proposta de um modelo de atividade turística a ser
implantada no assentamento Nova Pontal, localizado no município de Rosana-SP.
Para tal, este exercício contou com três objetivos específicos: (1) identificar as
atividades ligadas ao turismo, realizadas pelo projeto, no assentamento Nova Pontal; (2)
coletar informações dentro do projeto sobre estas atividades identificadas; e (3) analisar
a relação destas atividades, como proposta de um modelo de atividade turística a ser
pensada, implantada e gerida atentando-se, primordialmente, para a sua viabilidade.
Pensar em turismo no espaço rural, neste caso, em áreas de reforma agrária, mais
especificamente no assentamento Nova Pontal, busca-se enfatizar a consciência de que
este processo, deve sempre ser pensando e protagonizado pela comunidade local,
focando as suas necessidades e opiniões respeitando o seu próprio tempo, perante o que
se pretende, enquanto modelo de desenvolvimento.
Desta maneira, este trabalho enfatizou e priorizou o tempo de resposta da
comunidade local, frente estas alternativas de atividades que o projeto propôs, visando
assim um processo de desenvolvimento de maneira sustentável. Vale destacar que, o
presente trabalho só foi proporcionado, pois participei como voluntária do projeto
Unesp em Campo e do grupo de estudo LEAR, e partir de então, pude perceber a pré
disposição que as assentadas do Nova Pontal, especificamente, a AMANP em
desenvolver algum tipo de atividade, relacionada a turismo, no local, o que sem
dúvidas, facilitou todas as atividades que foram levantadas e descritas, bem como, a
análise das mesmas.
Dessa forma, partiu-se de uma situação conflito, a qual consiste no turismo
como uma atividade que exige um padrão de qualidade nos serviços prestados e que se
pensar nas atuais condições sociais e econômicas em um assentamento, quais as reais
possibilidades de pequenas comunidades rurais se tornarem protagonistas dessa prática?
Ainda vale questionar, se o turismo no espaço rural seria uma alternativa viável de
renda complementar não agrícola para o assentamento Nova Pontal?
Sendo assim, partindo destas questões buscou-se justificar a necessidade de
viabilidade do turismo através do viés econômico, a fim de complementar a renda
2
familiar, a partir de uma alternativa não agrícola, a fim de esclarecer os processos destas
atividades, tais quais, como ocorrem, bem como, as suas possíveis conseqüências.
A metodologia aplicada neste trabalho, descrita no capitulo dois, se caracterizou
por ser uma pesquisa parte qualitativa e parte quantitativa, através de observações nas
atividades do projeto e pelos trabalhos de campo, caracterizado pelas atividades aqui
analisadas. Foram levantadas atividades, de caráter turístico no assentamento, bem
como imagens destas, pesquisas e relatos, advindos de encontros no respectivo
assentamento, na qualidade de voluntária do projeto, além de, entrevistas com os
participantes envolvidos nestas mesmas ações.
O capitulo três, tem como foco a caracterização do objeto de pesquisa.
Descreve-se sobre a região do Pontal do Paranapanema, seus assentamentos, bem como,
as iniciativas de ensino e a prática da extensão dentro da universidade e, o projeto de
extensão Unesp em Campo em si.
A pesquisa bibliográfica, apresentada no capitulo quatro descreve conceitos de
turismo e segmentação, mais especificamente o turismo no espaço rural, enquanto
recorte do fenômeno turístico que interessa e/ou minimamente apresenta características,
possibilidades e usos coerentes com o universo do objeto de estudo, assim como, o
processo histórico e evolutivo das discussões e questões sobre o campesinato no Brasil.
O capitulo cinco apresenta as três atividades de turismo, desenvolvidas pelo
Unesp em Campo, no assentamento Nova Pontal, onde engendrou-se maiores
descrições de cada ação, bem como, o feed back, imagens e considerações acerca destas
mesmas práticas.
Durante este trabalho foram realizadas entrevistas, que se encontram no capitulo
seis, na tentativa de “ouvir” e tentar compreender o que alguns envolvidos, diretamente
com essas mesmas iniciativas do projeto pensam sobre essas e assim poder relacionar
com a proposta da atividade e sua viabilidade.
Por fim, no capitulo sete reuni-se todas as idéias e análises coletadas
organizando assim, considerações acerca destas atividades e propostas, desta forma
busca-se responder a problemática do trabalho, de forma coerente, concisa e embasada.
3
2. METODOLOGIA
Metodologia significa viagem que se realiza em busca de um objetivo especifico
(SCHLÜTER, 2003).
Segundo Goode e Hatt (apud SCHLÜTER, 2003), a ciência é um método que
aproxima o mundo empírico com o mundo de experiência do homem, além disso, é uma
aproximação que não se diz como última verdade.
De acordo com King, Keohane e Verba (apud SCHLÜTER, 2003, p. 29): “(...)
todos os métodos – sejam ou não explícitos – têm suas limitações. A vantagem do
explicito é que se possam captar tais limitações e, se for possível, saná-las”.
Esta pesquisa em turismo no espaço rural tomou como base, conforme Gunn
(apud SCHLÜTER, 2003), a função de predizer, prognosticar uma situação segundo
Schlüter (2003), é fundamentada na suposição, do futuro incerto, onde é possível se
projetar a partir das opiniões das pessoas.
A pesquisa teve um caráter, parte, exploratório e, parte, descritivo. Visto que se
caracteriza por um planejamento flexível, em geral, com levantamento bibliográfico,
entrevistas, questionários, bem como a utilização de métodos observacionais
(DENCKER, 2003).
O caráter descritivo da pesquisa se propôs numa descrição objetiva e precisa de
característica das atividades aqui descritas, realizadas pelo projeto Unesp em Campo em
conjunto com a AMANP1. Vale aqui salientar que o projeto, aqui estudado, não tem
como intuito organizar ou realizar o turismo, mas sim utilizar espaços de reforma
agrária, os assentamentos rurais como objeto de reflexão de pesquisa sobre a viabilidade
do turismo no espaço rural como alternativa de renda não agrícola.
Sendo assim, a primeira etapa deste trabalho, foi a de identificar quais as
atividades do projeto Unesp em campo seriam descritas e analisadas. Tal seleção teve
como sustentação minha experiência como voluntária no Unesp em Campo e através da
minha iniciação cientifica, por mérito pelo Programa Institucional de bolsas de Iniciação
Cientifica em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação – PIBITI, o qual teve como
titulo: “Universidade e Sociedade: estudo dos impactos da implantação do curso de
turismo da UNESP para o turismo rural no município de Rosana”.
1
AMANP – Associação de Mulheres Assentadas do Nova Pontal.
4
A partir das atividades pesquisadas em minha iniciação, bem como as atividades
que participei como voluntária no projeto, atividades estas que envolviam atividades de
campo no assentamento Nova Pontal, em conjunto com a AMANP, pode-se escolher
três. O I e II Almoço Típico Rural e a Visita ao assentamento Água Limpa, em
Presidente Bernardes.
Concomitantemente à toda
pesquisa, foi realizada pesquisa bibliográfica
exploratória, com o intuito de um levantamento histórico sobre a temática, a fim de
montar de maneira lógica o histórico, definições e marcos teóricos do desenvolvimento
do turismo no espaço rural.
Dann e Cohen (apud SCHLÜTER, 2003), dizem que a sociologia estuda valores,
atitudes e o comportamento dos homens, sendo o interesse pelo turismo recente. Ainda,
de acordo com Cohen2, a sociologia com enfoque no turismo utiliza-se, como um de
seus estudos, o individualista, partindo do princípio da qualidade das experiências
turísticas. Técnica esta adotada nesta pesquisa.
Para Castells (apud WHITAKER, 2002, p. 36) “as técnicas [...] são
procedimentos criados a partir de e dentro de um determinado campo teórico [...]”. Ou
seja, é necessária tanto uma base teórica quanto a pesquisa in loco, sendo que as duas se
complementam em si, fazendo com que a pesquisa não seja superficial.
Ander-Egg (apud SCHLÜTER, 2003), afirma que este estudo descritivo é
utilizado por:
(...) aqueles que estão preocupados com a ação, uma vez que permitem
elaborar um contexto de estudo a partir do qual se deduz uma problemática
ulterior, ou ainda formular um diagnóstico visando carências essenciais e
sugerir uma ação posterior (ANDER-EGG apud SCHÜTER, 2003, p. 78).
Dentre as modalidades de observação, elencadas por Ander-Egg (apud
SCHLÜTER, 2003), foram utilizadas a observação não estruturada, utilizada para
familiarizar-se com o estudo e o tema; não participante, visto que embora estivesse em
contato com a comunidade, mantive um comportamento de espectador diante das
atividades desenvolvidas; individual e efetuada na vida real, ou seja, em trabalho de
campo. Importante frisar que essa observação ocorreu de forma gradual, desde quando
comecei a participar como voluntária, no ano de 2010, no projeto Unesp em Campo,
conforme já citado.
2
Dann e Cohen (apud Schlüter, 2003)
5
No trabalho de campo, com as técnicas de coleta de dados já escolhidas, foram a
de questionários e entrevistas, chegou-se a primeira etapa que foi dedicada a observar as
atividades e assim, preparar o grupo que será estudado.
Ainda na pesquisa de campo, vale destacara que a mesma dividiu-se em etapas,
sendo a primeira a de “olhar” e observar o que estava acontecendo; segunda etapa a de
“ouvir” o que eles têm a passar e terceira e ultima etapa a de “questionar” o que se fizer
necessário.
E é muito importante, destacar que as opiniões coletadas são aquelas que os
indivíduos consideram como próprias (SCHLÜTER, 2003). E que ainda na pesquisa de
campo utilizou-se para a coleta de dados, entrevistas e questionários.
A técnica de entrevista foi adotada, pois conforme Dencker (2003), “o
pesquisador consta que não há outras fontes seguras para fornecer a informação
desejada”.
Vale salientar também que durante o trabalho de campo, utilizamos a entrevista
gravada, técnica de pesquisa qualitativa, onde é possível documentar e transcrever,
fidedignamente, a entrevista e a interação que ocorre durante a mesma (FLICK, 2009), a
fim de uma análise mais especifica sobre.
A técnica do questionário, alternada com a técnica de entrevista, aqui também
utilizada, teve como objetivo obter de uma maneira mais sistemática e ordenada,
informações mais quantitativas sobre as atividades do projeto, sendo parte deste
questionário composto de perguntas fechadas, a fim de limitar as alternativas de
respostas, para que se facilite a análise e tabulação dos dados, e outra parte de perguntas
abertas, possibilitando uma análise mais qualitativa (DENCKER, 2003).
O questionário torna-se a ferramenta principal, visto que a informação obtida
pode ser desde grau de satisfação até preferências (SCHLÜTER, 2003).
Na análise retrata-se de maneira fiel o ponto de vista dos “locais”, seu
relacionamento com a vida, sua visão do mundo e outros (MALINOWSKI apud
WHITAKER, 2002). Por isso que, em qualquer discurso, mesmo sendo em conversas
informais, em casos que houveram necessidade de transcrição, foram feitas de forma
fidedigna (WHITAKER, 2002).
Portanto, a partir destes métodos e técnicas de pesquisa, se elaborou, após a
análise e interpretações de dados, responder o problema da pesquisa nas considerações
finais e assim, concluí-la de maneira coerente e organizada.
6
3. CONTEXTUALIZAÇÃO
3.1 Unesp em Campo
O município de Rosana está localizado no extremo oeste do estado de São Paulo,
na região do Pontal do Paranapanema faz divisa com os estados do Paraná e Mato
Grosso do Sul, como mostra a figura abaixo.
Figura 1.1: Localização do município de Rosana/SP.
A região do Pontal do Paranapanema, onde se localiza o município de Rosana, é
considerada a segunda região mais pobre do Estado de São Paulo, perdendo para a
região do Vale do Ribeira. Esta região é palco de muitos conflitos pela posse de terra,
com forte presença de movimentos sociais de luta pela terra (especialmente o MST –
Movimento dos Trabalhadores Rurais sem terra – e o MAST – Movimento dos
Agricultores sem terra), e caracterizada pela concentração da maioria dos assentamentos
rurais do estado de São Paulo. Segundo informações da Fundação Instituto de Terras do
Estado de São Paulo “José Gomes da Silva” (ITESP) são 107 assentamentos dispersos
em 20 municípios da região do Pontal do Paranapanema.
No município de Rosana existem quatro projetos de assentamentos implantados:
a Gleba XV de Novembro, Nova Pontal, Bonanza e Porto Maria. Na Gleba XV está
assentadas 587 famílias, no Nova Pontal, 122, Bonanza, 33 e, por último, no Porto
Maria são 41 famílias assentadas.
7
Figura 1.2: Distribuição dos assentamentos na região do Pontal do Paranapanema.
O municipio de Rosana apresenta, segundo o IBGE (2003), possui um indice de
pobreza de 13,35%, que se justifica pela escassez de dados a respeito de trabalhos
informais no municipio.
A situação local esta diretamente ligada realidade histórica do município, pois, a
construção da usina hidrelétrica Sérgio Motta e da usina de Rosana foram geradores de
empregos no município e, sendo assim, foram, responsáveis, pelo crescimento
populacional do município na década de 80.
O municipio de Rosana foi emancipado no ano de 1990, e faz divisa com o rio
Paraná ao norte e ao sul, rio Paranapanema, ponto o qual é de grande atração turistíca. A
cidade possui duas usinas hidréletricas, que são responsáveis pela economica local, a
usina de Rosana e de Primavera; e desde 2003, o municipio conta a UNESP –
Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho” – com o curso de turismo3.
Segundo o site da UNESP4:
O municipio de Rosana [...] apresentou as melhores condições para receber
uma Unidade da Unesp e o curso de turismo [...] Situada na região
administrativa de Presidente Prudente, estando distante da capital do Estado
em 780 Km. Localiza-se entre 04 importantes cidades brasileiras:
Presidente Prudente – SP, Dourados – MS, Londrina e Maringá – PR [...] A
criação do Curso de Graduação de Bacharelado em Turismo da Unesp, no
Município de Rosana, é justificada pelo interesse do Governo do Estado de
São Paulo em implementar políticas de desenvolvimento para a região do
Pontal do Paranapanema. Uma destas ações está definida como a instalação
de uma nova unidade da Unesp em Rosana; pelo Aproveitamento de infraestrutura existente no local, composta por edificações e laboratórios da
CESP na Usina Hidrelétrica de Porto Primavera, complementada por
manifestação de interesse da Prefeitura Municipal de Rosana, fruto de
futura parceria entre a Unesp, Prefeitura local e CESP (UNESP, SD).
3
4
Fonte: site da Prefeitura Municipal de Rosana.
Fonte: http://staa.rosana.unesp.br/int_conteudo_sem_img.php?conteudo=165
8
O caráter de ciência social aplicada do Curso de Turismo, fez surgir, no decorrer
dos seis anos de existência, diversas atividades de pesquisa, extensão e docência que
envolveram diretamente os moradores das áreas de reforma agrária do Município.
Segundo Costa (2003, p. 113) “hoje, conhecer é mais que acumular respostas
prontas, é saber lidar com qualquer nova informação transformando-a e aplicando-a em
novos conhecimentos”.
De acordo com Martins (2010), a educação é fundamental, visto que através dela
os indivíduos desenvolvem diversas aptidões essenciais, sendo a “função básica do
processo educativo a humanização plena, no sentido de consolidação dessas
propriedades”.
Nesta linha, Teixeira (apud Mendonça, 2000, p. 136) afirma que: “São as
universidades que fazem, hoje, com efeito, a vida marchar. Nada as substitui. Nada as
dispensa (...)”.
“É significativo que, ao criar, em 1937, a Universidade do Brasil [...] a
finalidade, talvez primordial, de controle e padronização do ensino superior no país”
(MENDONÇA, 2000, p. 135). Isso nos remete a pensar na finalidade das instituições de
ensino superior no país e ainda sobre a relação, complexa, entre a universidade e o
Estado, visto que historicamente, a universidade, tem autonomia, particularmente
acadêmicas, em relação às demais instituições e, especificamente, com relação ao
Estado (MENDONÇA, 2000).
Observando o sistema organizacional, hoje, de uma universidade, concordamos
com Martins (2010) quando:
(...) pressupõe a formação superior como síntese de três grandes processos,
quais sejam: processos de transmissão e apropriação do saber
historicamente sistematizado, a pressupor o ensino; processos de
construção do saber, a pressupor a pesquisa e os processos de objetivação
ou materialização desses conhecimentos, a pressupor a intervenção sobre
a realidade e que, por sua vez, retornam numa dinâmica de retroalimentação do ensino e da pesquisa (MARTINS, 2010, p. 05).
Costa (2003) afirma que hoje as universidades:
(...) passam por um processo de transformação, de alguma forma associada
a mudanças no comportamento da sociedade – mais crítica, mais
questionadora e mais exigente –, o que vem contribuir para o
aperfeiçoamento dos processos educacionais e, conseqüentemente, para um
maior desenvolvimento educacional no país (COSTA, 2003, p. 111).
Desta forma, o principio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão
foi, logo, incorporado pelos estatutos e regimentos das instituições de ensino superior,
9
visto que no artigo 8, do decreto 3.860 prevalece que as “universidades se caracterizamse pela oferta regular de ensino, pesquisa e extensão” (MACEDO et al., 2005).
Conforme Macedo et al. (2005), se pode interpretar de forma peculiar este
conceito de indissociabilidade, visto que:
(...) asseguram para si a condição de universidade aquelas instituições que
desenvolvem atividades de ensino e atividades de pesquisas e atividades de
extensão. É essa presença regular dos três tipos de atividades que garante o
status de universidade (Macedo et al., 2005, p. 137).
Para Martins (2010), juntamente unidas ao ensino é a pesquisa e a extensão,
sendo certamente, a maior expressão do ensino superior.
(...) se por um lado, o ensino coloca o aluno em relação com o produto da
ciência, a pesquisa o coloca em relação ao seu desenvolvimento,
instrumentalizando-o para produzir conhecimentos a partir de sua futura
atuação profissional ou em situações planejadas especificamente para este
fim (MARTINS, 2010, p. 06).
Ainda segundo a mesma autora o ensino, pesquisa e extensão apresentam-se nas
universidades públicas como uma virtude e expressão de compromisso social, dado
como excelência no ensino superior, fundamentalmente voltado a produção do
conhecimento científico (MARTINS, 2010).
Severino (apud MARTINS, 2010) afirma que:
(...) numa sociedade organizada, espera-se que a educação, como pratica
institucionalizada, contribua para integração dos homens no tríplice
universo das praticas que tecem sua existência histórica concreta: no
universo do trabalho, âmbito de produção material e das relações
econômicas; no universo da sociabilidade, âmbito das relações políticas, e
no universo da cultura simbólica, âmbito da consciência pessoal, da
subjetividade e das relações intencionais (SEVERINO apud MARTINS,
2010, p. 03).
Assim sendo, o projeto Unesp em Campo, é um projeto de extensão, ativo dentro
do campus experimental de Rosana, da UNESP. Projeto que até o ano de 2009, tinha
como nome o Ger(ação) e era coordenado por outro docente, que hoje encontra-se
afastado do campus por problemas de saúde. Em 2010, este projeto passa a ser
coordenado pela docente Patrícia Alves Ramiro, dando continuidade as atividades e
com o atual formato e nome.
Segundo Dencker (2002):
A flexibilidade é uma dimensão essencial do ensino diante da
complexidade e da incerteza que marcam a sociedade atual. A reforma que
se processa e as alterações na regulamentação da educação abrem
possibilidades reais para que os docentes e alunos possam atuar em um
espaço prático e critico (DENCKER, 2002, p. 29).
10
Então, a partir de um estudo sobre algumas atividades de turismo do projeto de
extensão Unesp em Campo, se concluirá a eficácia e viabilidade, ou não, do turismo no
espaço rural como alternativa de renda não agrícola para áreas de reforma agrária.
Visto que para Dencker (2002) o ensino superior contribui para consolidação e
disseminação de idéias:
(...) já que o ensino superior não é apenas responsável pela transmissão do
conhecimento (ensino), mas também pela sua construção (pesquisa) e sua
comunicação à sociedade (extensão), influindo na realidade social na qual
está condicionado (DENCKER, 2002, p. 35).
Ainda a mesma autora, Dencker (2002, p. 32) afirma que o saber científico,
aquele produzido dentro da universidade “é um dos saberes que deve ser difundido,
cultivado e desenvolvido pelos indivíduos e desempenha importante papel na evolução
e transformação da sociedade”.
Por fim, Bauer (apud DENCKER, 2002) afirma que:
Complexidade não é, de forma alguma, completude; ao contrário, ela diz
respeito à impossibilidade de se chegar a qualquer conhecimento
‘completo’. Assim, a complexidade não irá trazer certezas sobre o que é
incerto; ela pode apenas proporcionar-se a incerteza, e a dialogar com ela
(BAUER apud DENCKER, 2002, p. 33).
11
4. PLURIATIVIDADE E TURISMO NO ESPAÇO RURAL
4.1 O campo da reforma agrária e a pluriatividade
No Brasil, a reforma agrária sempre foi considerada como “remenda”, política
assistencialista para problemas sociais, políticos e econômicos do campo (MEDEIROS
et. al., 1994). Porém, vale lembrar que “ter a terra” representa, também, um lugar de
produção e reprodução social (TERRA, 2009).
De acordo com Zimmermann (1994, p. 205), os assentamentos de reforma
agrária são “espaços de relações sociais, onde as características heterogêneas
individuais, homogeneizadas no processo de luta pela terra, ressurgem em novas bases”.
Nesse sentido, pode-se afirmar que os assentamentos são oriundos de políticas
governamentais, através de movimentos de trabalhadores rurais na luta pela terra,
buscando assim, novas identidades, alianças políticas, econômicas e sociais
(BUSSINGER, 1994).
Segundo Leite (2005), um assentamento se forma através de um grupo de
famílias de trabalhadores rurais sem terra, visando assim uma nova constituição
produtiva e, segundo Terra (2009), o assentamento vem a ser, ainda, um lugar de
diferentes histórias e identidades sociais que se encontram e interagem, transformando o
assentamento em um lugar “identitário privilegiado”.
Por isso, a reforma agrária deve ser pensada como um método capaz de permitir
que estas pequenas propriedades produzam em grande escala e assim, competir de igual
para igual no mercado, e não somente, a reforma agrária ser pensada como solução de
todos os problemas econômicos e sociais do campo. Leite (2005) afirma que é preciso
promover igualdade entre os gêneros, reconhecer suas comunidades e fomentar projetos
que valorizem suas tradições.
No Brasil, de acordo com Muller (2011), a agricultura familiar e/ou de pequena
propriedade, foi sempre um cenário marginalizado na vida política e econômica do país,
ao se pensar em todo o processo histórico do campesinato brasileiro, conseguimos
observar que este segmento “nasceu sob a precariedade”:
Esta precariedade teve suas raízes no modelo colonial da economia, a qual
privilegiou a grande propriedade monocultura voltada à exportação. Apesar
do caráter regionalizado de sua constituição, à pequena propriedade sempre
foi delegado um papel secundário, seja no interior das grandes fazendas,
com obrigatoriedade de prestações de serviços, ou circundantes a ela, como
também na destinação de terras montanhosas no interior do país, no
12
processo de ocupação do território, demarcando uma situação de grande
fragilidade e dependência política e econômica, principalmente no que diz
respeito ao acesso e à propriedade da terra (MULLER, 2011, p. 06).
Em 1375, revogou-se a Lei das Sesmarias “a qual obrigava a prática da lavoura e
o semeio da terra pelos proprietários, arrendatários, foreiros e outros” (RAMOS, 2010).
Esta forma de distribuição de terras predominou até meados de 1822,
distribuição onde a terra foi dividida em quinze capitanias hereditárias e doadas aos
capitães-mores e/ou governadores, os quais faziam parte da nobreza portuguesa, e assim
tinham até cinco anos para ocupar essas terras e produzir (RAMOS, 2010).
Em 1850, surgiu a Lei n. 601 – conhecida como Lei de terras – onde ficaram
reconhecidas todas as terras de títulos de sesmarias ou por título de posse mansa e
pacífica, e ainda ficaram proibidas as aquisições de “terras devolutas por outro titulo
que não seja o de compra” (RAMOS, 2010).
Ramos (2010, p. 78) especificou por terras devolutas as “terras usadas por
órgãos públicos, as que não estiverem sob domínio particular; as que não se acharem
dadas por sesmarias e as que não se acharem ocupadas por posse”.
Pode-se dizer que a Lei de terras acarretou certo fechamento do campo
brasileiro, pois consolidou a estrutura fundiária do período colonial e ainda restringiu às
pessoas com recursos monetários o direito de se tornarem proprietários fundiários
(RAMOS, 2010).
Segundo Ramos (2010):
Com a condição de acesso apenas através da compra, modificou-se vinculo
entre o aspecto jurídico e o econômico da apropriação fundiária no Brasil, o
que implicou a ‘absolutização’ do direto da propriedade fundiária no país.
Isto perdurou por quase um século, passando intacto pela Abolição e pela
Proclamação da República (RAMOS, 2010, p. 79).
Em 1964, o Congresso Nacional aprovou a Lei n. 4.504, conhecida como o
estatuto da terra, que reforçou a idéia de que cabe a propriedade da terra a função social,
assim criando estruturas institucionais para que isso fosse concretizado (RAMOS,
2010).
Ramos (2010) ainda diz:
O advento da nova Constituição em 1988 e a Lei Agrária de 1993, como
tem ficado explícito, também não vem sendo suficientes ou devidamente
aplicadas para provocar significativas alterações naquela estrutura, embora
após 1985 os governos venham adotando programas de assentamento de
trabalhadores (rurais ou não) e procurando dar maior apoio e ampliar a
participação da agricultura familiar (RAMOS, 2010, p. 80).
13
Sendo assim, sabe-se que o Brasil tem um dos maiores índices de concentração
fundiária e que a desigualdade da distribuição de terras é uma das condicionantes
básicas da desigualdade da distribuição de renda na agropecuária (RAMOS, 2010).
Malagodi (2011) aponta que no Brasil, de um modo geral, a questão agrária
atinge dimensões de questões raciais e étnicas, pois os negros que foram deserdados
com a Lei de Terras de 1850:
A demarcação das terras dos quilombolas e das terras indígenas parece ser a
coisa mais difícil deste mundo. Portanto, apenas aparentemente a questão
agrária não é também uma questão de segregação racial, de exclusão de
populações nativas, além das questões de gêneros e juventude, que envolve
(MALAGODI, 2011, p. 40).
E ainda, Ramos (2010) afirma que:
Embora após a chamada redemocratização da sociedade brasileira tenham
sido tomadas iniciativas para ampliar o acesso de famílias brasileiras à
terra, tanto pelo Governo Federal (cabe lembrar o Plano Nacional de
Reforma Agrária do Governo Sarney) como pelos governos estaduais,
ainda estamos longe de uma situação desejável, o que pode ser constatado
quando se tem em conta os recursos alocados por aquele governo para a
agricultura patronal e os destinados à agricultura familiar e à ação fundiária
no âmbito do MDA (RAMOS, 2010, p. 103).
Palmeira (2008) diz que:
Mudanças sofridas pelo campo brasileiro foram muito mais amplas que a
simples modernização tecnológica, e que, apesar da “modernização”, a
questão da propriedade fundiária continua dividindo a sociedade, fazendo
com que os sucessivos governos não consigam livrar-se da “reforma
agrária”, mesmo quando é evidente a sua falta de motivação para realizá-la
(PALMEIRA, 2008, p. 193).
Foi a partir de meados dos anos 50 que se observaram as lutas sociais no campo
e as alterações de poder do Estado, que antecederam ao golpe de 1964, e que resultaram
em uma legislação especifica para o campo. Em 1963, foi criado o Estatuto do
Trabalhador Rural, em 1964, veio o Estatuto da Terra, e ainda criou-se também uma
legislação previdenciária que trouxe efeitos importantes a partir dos anos 70
(PALMEIRA, 2008).
Mesmo com a criação de legislações para o campo, isso não determinou uma
política séria, conforme Palmeira (2008):
Nos governos que se sucederam após 1964, uma via foi priorizada: a da
modernização do latifúndio, em prejuízo daquela que era, aparentemente,
privilegiada pela letra do Estatuto: a da formação de propriedades
familiares. Para isso, certamente pesaram o lugar estratégico atribuído à
especulação financeira e a importância dada à exportação de produtos
agropecuários e agroindustriais como fonte de divisas para o país, no
modelo de desenvolvimento adotado pelo regime militar (PALMEIRA,
2008, p. 195).
14
Na década de 70, no Brasil, observaram-se exemplos destas políticas agrícolas
(engloba políticas de mercado – preços, comercialização – e políticas estruturais –
infraestrutura, extensão rural, recursos naturais e meio ambientes) e agrárias (tem como
objetivo intervir na estrutura da propriedade e da posse da terra – é eminente que é uma
política estrutural, de intervenção direta na estrutura existente), quando a política
agrícola levou a um aumento da concentração da posse de terra e propriedades no meio
rural (DELGADO, 2008).
Segundo Delgado (2008):
Num país como o Brasil, e por razões históricas que muito têm a ver com a
estrutura fundiária que sempre prevaleceu no campo e com a forma como
foi concebido o debate político sobre desenvolvimento econômico e
questão agrária no final da década de 1950 – e que culminou no golpe de
estado conservador de 1964 – a tendência tem sido, até recentemente, a de
estabelecer uma polarização excludente entre esses dois tipos de política
(DELGADO, 2008, p. 210).
No meio rural e na agricultura há diversas intervenções do Estado, e estas estão
diretamente ligadas às diversas condições situações econômicas e sociais destes meios.
Sendo assim, a intervenção do Estado na agricultura tem como objetivo fundamental
regular os mercados agrícolas, a fim de garantir preços e rendas para os agricultores,
estimular a produção e garantir o abastecimento alimentar, e que este não seja
comprometido pela escassez de produtos e/ou preços muito elevados (DELGADO,
2008).
Conforme Delgado (2008), a interferência estatal na agricultura pode ser nociva
ao bem-estar geral, visto que:
(...) o pressuposto básico é o de que os mercados competitivos são sempre
eficientes, se auto-regulam e auto-reproduzem, e mesmo quando falham são
capazes de enfrentar as suas imperfeições melhor que o Estado, cuja
intervenção sempre provoca transferência de renda entre os grupos sociais
existentes, as quais necessariamente causam distorções, desperdícios e
diminuições no bem-estar econômico geral. Assim as ineficiências na
alocação de recursos e nas distribuições de bens e serviços numa economia
capitalista não se devem a existência de “falhas no mercado” mas, sim, a
presença de “falhas do Estado ou do governo” (DELGADO, 2008, p. 202203).
Navarro (apud MALAGODI, 2011):
Reformas têm o seu tempo histórico, e a agrária surgiu nos anos 50, quando
foi entendida como necessária [...] mais não ocorreu, pois após o “milagre
brasileiro” o Brasil ressurgiu mais urbano, com sua economia prescindindo
da reforma agrária. Mais não apenas isso. No mesmo período, o mundo
rural se tornou heterogêneo e a produção de alimentos e matérias-primas,
ainda nos anos 80, encontrou-se com a demanda. Assim, reforma agrária
para garantir oferta de produtos e uma política que precisasse ser uniforme
em todo o país também sumiram do mapa dos argumentos (NAVARRO
apud MALAGODI, 2011, p. 49).
15
E ainda, vale salientar que há outro instrumento do Estado de intervenção no
meio rural, o chamado de políticas ou programas diferenciados de desenvolvimento
rural, este é dirigido especialmente para o segmento empobrecido do campesinato, não
integrado a modernização produtiva, assumindo assim um caráter de política de
desenvolvimento rural regional (DELGADO, 2008).
Os autores Marafon; Ribeiro (2006), dizem que o campo, hoje:
Na busca de sua reprodução e sobrevivência tem apresentado características
como o trabalho em tempo parcial, em face de diminuição da jornada de
trabalho favorecida pela incorporação de tecnologias de produção, e a
liberação de membros da família para exercerem outras atividades,
agrícolas e não-agrícolas, complementando a renda familiar, fenômeno esse
denominado de pluriatividade e que se expandiu, dentre outros fatores, pela
revalorização do mundo rural e nas atividades associadas aos setores
industriais e de serviços (...). (MARAFON; RIBEIRO, 2006, p. 111).
De acordo com Delgado (2008), no caso brasileiro a política agrícola esteve
comprometida, a partir do final dos anos 60, com a modernização do setor:
Dessa forma, o PIB agrícola brasileiro cresceu a uma taxa média anual de
4-4,5% desde a segunda metade da década de 1950 – tanto em período de
vigoroso crescimento industrial (como na segunda metade dos anos 50 e na
década de 1970), como em conjunturas de desempenho industrial bastante
sofrível (como nos anos 80) – e a agricultura nunca foi um obstáculo à
industrialização do país, apesar de que a proteção efetiva dos produtos
agrícolas no pós-guerra tenha sido em grande parte ou negativa, ou pelo
menos inferior à dos produtos industriais (DELGADO, 2008, p. 214).
Assim, de forma geral, a agricultura brasileira foi mais penalizada entre os anos
de, 1956 e 1973, contudo esta discriminação atingiu em maior parte os pequenos
produtores e trabalhadores rurais, visto que as elites agrárias foram compensadas com as
políticas de créditos para subsídios, isenção de impostos, etc. (DELGADO, 2008).
O campo brasileiro passou por grandes transformações, Palmeira (2008) diz que:
A mudança de base técnica de produção e a interação de setores
ponderáveis da produção agropecuária ao chamado “complexo
agroindustrial” fizeram com que muitos cientistas sociais pensassem essas
mudanças como um processo de “modernização”, ainda que enfatizando os
seus efeitos “perversos” e o seu caráter “conservador”. Esse processo teria
transformado a reforma agrária, segundo alguns desses estudiosos, numa
bandeira obsoleta (PALMEIRA, 2008, p. 193).
Para Palmeira (2008):
A reforma agrária é posta na ordem do dia pelo primeiro movimento. Não
se trata mais de uma política entre outras, que pode ou não pode ser
acionada pelos governantes. É uma demanda social que eles não podem
ignorar. Daí a dificuldade que tem de se livrar do tema, mesmo quando ele
se torna politicamente inconveniente (PALMEIRA, 2008, p. 198).
16
Como explica Baptista (2001), no início do século 20, distinguia-se rural e
urbano:
(...) estabelecendo a conexão entre os elementos caracterizadores do
primeiro e procurando explicar, com base nalgumas variáveis
(ocupacionais, ambientais, tamanho das comunidades, densidade
populacional, homogeneidade e heterogeneidade das populações,
diferenciação, estratificação e complexidade social, mobilidade social,
migrações, sistema de integração social), os diferentes graus do rural e do
urbano, que se ordenavam no espaço, sem rupturas, num contínuo gradual
entre os pólos extremos (BAPTISTA, 2001, p. 55).
No caso estudado por Baptista, basicamente a Europa do Sul, o elemento que
sobrevive mais forte da diferenciação rural-urbano é o tamanho dos aglomerados
populacionais:
Dos elementos inicialmente convocados para delimitar a especificidade do
rural resta, passado menos de um século da história das sociedades rurais e
do percurso da Sociologia Rural, a pequena dimensão dos aglomerados
(Newby, 1983). Ler o rural corresponde assim a analisar, em função de um
determinado objetivo ou perspectiva, estes povoados, onde, de um local a
outro, predominam atividades econômicas e sociais diversas, prevalecem
vertentes culturais e relações sociais diferenciadas e a propriedade fundiária
ocupa lugares distintos na vida social e política (BAPTISTA, 2001, p 56).
Segundo Kageyama (2004):
A discussão sobre a definição de rural é praticamente inesgotável, mas
parece haver um certo consenso sobre os seguintes pontos: a) rural não é
sinônimo de agrícola e nem tem exclusividade sobre este; b) o rural é
multissetorial (pluriatividade) e multifuncional (funções produtiva,
ambiental, ecológica, social); c) as áreas rurais têm densidade populacional
relativamente baixa; d) não há um isolamento absoluto entre os espaços
rurais e as áreas urbanas. Redes mercantis, sociais e institucionais se
estabelecem entre o rural e as cidades e vilas adjacentes (KAGEYAMA,
2004, p. 382).
Sendo assim, devemos destacar que se faz necessário pensar e considerar o
espaço rural, conforme Silva (2001), o rural não se opõe ao urbano, sendo o rural
sinônimo de atraso. Existe sim, no rural brasileiro, violência, por exemplo, que esta
relacionada a diversas razões, como nossa colonização que foi pautada em trabalho
escravo.
Contudo, isso não é privilégio da área rural, segundo Silva (2001):
(...) das 4,3 milhões de famílias pobres residentes em áreas nãometropolitanas (pequenas e médias cidades), 70% não têm também rede
coletora de esgoto ou fossa séptica, quase 30% não possui água encanada,
embora menos de 5% não tenha luz elétrica no domicilio. Em um terço
delas o chefe da família pode ser considerado analfabeto. Fica patente
apenas a diferença entre rural e urbano no que diz respeito ao acesso à
energia elétrica, que atualmente constitui um dos serviços básicos
fundamentais, sem o qual fica difícil falar em modernidade. Infelizmente,
essa diferença se explica em grande parte pela possibilidade dos pobres
urbanos fazerem ligações clandestinas (gatos) (SILVA, 2001, p. 38).
17
Mattei (2006) afirma que:
(...) no Brasil, o processo de estagnação econômica, nas ultimas décadas,
provocou efeitos danosos sobre o mundo do trabalho [...] De alguma forma,
esse processo atingiu também a agricultura, gerando uma nova dinâmica
nas relações econômicas e sociais no meio rural brasileiro, a qual alterou a
estrutura e a composição do mercado de trabalho (MATTEI, 2006, p. 135136).
Silva (2001) afirma ainda que, hoje, cresce o número de pessoas que residem em
área rural no país, porém ocupadas em atividades não-agrícolas:
Os dados da PNAD de 1999 também mostram que dos quase 15 milhões de
pessoas economicamente ativas no meio rural brasileiro (exceto a região
Norte), quase um terço – ou seja, 4,6 milhões de trabalhadores – estavam
trabalhando em ocupações rurais não-agrícolas [...] mais importante que
isso, as ocupações não-agrícolas cresceram na década de 90 a uma taxa de
3,7% ao ano – mais que o dobro da taxa de crescimento populacional do
país. Enquanto isso, o emprego agrícola, em função da mecanização das
atividades de colheita dos nossos principais produtos, vem caindo cada vez
mais rapidamente. Nossas projeções indicam que a continuar nesse ritmo,
no ano de 2014 a maioria dos residentes rurais do país estarão ocupados
nessas atividades não-agrícolas. Em alguns estados, como São Paulo, isso já
esta ocorrendo atualmente (SILVA, 2001, p. 39).
Chayanov (SCHNEIDER, 2009), destaca a importância das atividades rurais não
agrícolas no campo, e demonstra que a procura por estas atividades, complementares,
não agrícolas sofre variações. Quando uma família possui filhos pequenos, por
exemplo, a demanda por trabalhos não agrícolas é menor, visto a capacidade de trabalho
dos filhos, mas quando há “sub ocupação da força de trabalho”, as atividades não
agrícolas constitui-se em alternativas viáveis.
Sobre as atividades não agrícolas, podemos concordar com Chayanov (apud
SCHNEIDER, 2009) quando nos diz:
(...) o fato de que o desenvolvimento de atividades não agrícolas está
relacionado a irregularidade da distribuição do tempo de trabalho na
agricultura, pois, em determinadas estações, como no inverno [...] a
inatividade pode ser quase total; em segundo lugar, e isso é o principal, em
muitas situações não é a falta de meios de produção o que origina as ganhos
com atividade não agrícolas, mas uma situação de mercado mais favorável
para esse tipo de trabalho, no sentido da remuneração que se obtém pela
força do trabalho camponesa, em comparação com aquela derivada da
venda de produtos agrícolas. (CHAYANOV apud SCHNEIDER, 2009, p.
89).
Assim, as atividades não agrícolas vêem como uma estratégia de trabalho frente
às diversas condicionantes produtivas do campo, embora muitas vezes estas atividades
não agrícolas sejam exercidas fora da propriedade, isso não compromete seu caráter
(CHAYANOV apud SCHNEIDER, 2009).
18
Devido à mecanização no campo, ocupações agrícolas são as que geram menor
renda e conseqüentemente, as famílias não conseguem sobreviver apenas de renda
agrícola, sendo assim as famílias rurais estão se tornando cada vez mais não-agrícolas
(SILVA, 2001).
De acordo com Mattei (2006), diversas mudanças ocorreram durante um longo
tempo, no campo, o que configurou um “novo rural”. O espaço rural assume outras
funções, além daqueles exclusivamente agrícolas, o processo de trabalho modificações,
a variável ambiental torna-se elemento decisivo de novas políticas do desenvolvimento
rural.
Para Carneiro (1998), a pluriatividade:
As atividades complementares ou suplementares a produção agrícola
exercidas por um ou vários membros de um grupo doméstico são
reconhecidas tanto por aqueles que estudam a questão agrária quanto pelos
agentes sociais ai implicados (agricultores e técnicos agrícolas) com a
noção de pluriatividade. Motivados em compreender (e sobretudo prever) a
dinâmica de mudanças que tem ocorrido no campo francês nas ultimas
décadas e apreender a natureza das relações entre o mundo rural e a
sociedade industrial, os pesquisadores elegem a pluriatividade como objeto
privilegiado de análise. (CARNEIRO, 1998, p. 148-149).
Por volta da década de 1980, os termos part-time farming e pluriactivité eram
utilizados como sinônimos. No entanto, esses termos apresentam mais diferenças, do
que simplesmente etimológicas, visto que incorporam diferentes interpretações “de um
fenômeno social que passou a ser generalizar na década de 1970” (SCHNEIDER, 2009).
Há controvérsias em relação à utilização dos termos part-time farming e
pluriactivité, que segundo Schneider (2009):
(...) o termo part-time farming refere-se à utilização do tempo de trabalho
na propriedade por parte do individuo ou da família, ao passo que a noção
de pluriactivité refere-se à combinação de uma ou mais formas de renda ou
inserção profissional dos membros de uma mesma família. (SCHNEIDER,
2009, p. 81).
Neste sentido, de agricultura, também, foram discutido tipologias como, full
time, monoactivité, multiple job holding. Assim, de acordo com Fuller e Brun (apud
SCHNEIDER, 2009), o termo pluriatividade implica no trabalho agrícola, não sendo,
necessariamente, uma atividade exclusiva ou a mais importante no campo, sendo que
outras atividades podem “sustentar a unidade familiar”, também não-relacionadas a,
somente, agricultura (SCHNEIDER, 2009).
Segundo Silva (2001):
Em resumo as famílias agrícolas e pluriativas ficaram mais pobres na
segunda metade dos anos 90. E a queda das suas rendas per capita só não
foi maior pela ‘compensação’ crescente das transferências sociais de
19
aposentadoria e pensões. É por essa razão que as famílias rurais estão se
tornando crescentemente não-agrícolas (SILVA, 2001, p. 42).
O chamado agricultor pluriativo começa a ser visto como uma alternativa para as
“zonas desfavoráveis”, pois ele não se sustenta mais, exclusivamente, pela atividade
agrícola, estendendo assim, também para os agricultores “marginalizados” e traindo
aqueles que sofrem os efeitos do modelo modernizador (CARNEIRO, 1998).
De acordo com Cazzola (apud CARNEIRO, 1998) se definir todos os
rendimentos exteriores a unidade da produção familiar, pode-se considerar que este
termo, pluriatividade, sempre esteve presente no meio rural, porém, por outro lado, se
focarmos nas características especificas do contexto atual, econômico e social, podemos
considerá-la um fenômeno recente.
No Brasil, a noção de pluriatividade é voltada mais para a região Sul do país,
aonde o trabalho industrial e outras atividades vêm se tornando alternativas para estes
agricultores perante as diversas crises do campo, visto como necessidade para os
agricultores (CARNEIRO, 1998)
Segundo Carneiro (1998), durante os anos de 1890 a 1930 a economia
camponesa era considerada polivalente, e estas atividades não-agrícolas não eram
consideradas algo inusitado:
Neste período, o recurso as atividades não-agrícolas não era considerado
algo excepcional, uma ruptura com o modelo de reprodução do
campesinato. Ao contrário, esta conjuntura se caracterizou pela polivalência
das economias camponesas baseadas na combinação de micro-produções
agrícolas com outras fontes de renda: a produção artesanal, as atividades
florestais e diversas formas de trabalho remunerado (CARNEIRO, 1998, p.
163).
Neste sentido, vale destacar ainda que durante este período distinguisse dois
tipos de estratégias familiares:
Uma, a predominante, consiste em garantir a reprodução da exploração
mantendo ao menos um filho na atividade agrícola – geralmente o filho
mais velho. Aos demais, excluídos da partilha da herança, cabia aprender
uma outra profissão para conquistar, dentro ou fora da aldeia, um lugar que
o nascimento só conferia ao mais velho. A lista de profissões era muito
diversificada: ferrador, ferreiro, lapidário, pedreiro, marceneiro, carroceiro,
luveiro... Nesses casos, as atividades não-agrícolas eram conseqüência
natural do sistema de transmissão dos bens familiares, já que a ideologia de
preservação do patrimônio familiar sustentava, ao mesmo tempo, a escolha
de um único herdeiro e a inalienabilidade da parte cultivável da propriedade
(CARNEIRO, 1998, p. 163-164).
Conforme Maluf (2003):
A combinação de atividades agrícolas e não agrícolas insere a família rural
em diferentes setores e amplia seu papel de atuação e de inserção social e
20
econômica, associando o enfoque de pluriatividade, diretamente, ao da
multifuncionalidade (MALUF, 2003, p. 138).
Chayanov (apud SCHNEIDER, 2009) destaca a importância das atividades
rurais não agrícolas no campo, e demonstra que a procura por estas atividades,
complementares, não agrícolas sofre variações. Quando uma família possui filhos
pequenos, por exemplo, a demanda por trabalhos não agrícolas é menor, visto a
capacidade de trabalho dos filhos, mas quando há “sub ocupação da força de trabalho”,
as atividades não agrícolas constitui-se em alternativas viáveis.
Sobre as atividades não agrícolas, podemos concordar com Chayanov (1974
apud Schneider, 2009) quando nos diz que:
O fato de que o desenvolvimento de atividades não agrícolas está
relacionado a irregularidade da distribuição do tempo de trabalho na
agricultura, pois, em determinadas estações, como no inverno [...] a
inatividade pode ser quase total; em segundo lugar, e isso é o principal, em
muitas situações não é a falta de meios de produção o que origina as ganhos
com atividade não agrícolas, mas uma situação de mercado mais favorável
para esse tipo de trabalho, no sentido da remuneração que se obtém pela
força do trabalho camponesa, em comparação com aquela derivada da
venda de produtos agrícolas. (CHAYANOV apud SCHNEIDER, 2009, p.
89).
Assim, as atividades não agrícolas vêem como uma estratégia de trabalho frente
as diversas condicionantes produtivas do campo, embora muitas vezes estas atividades
não agrícolas sejam exercidas foram da propriedade, isso não compromete seu caráter
(CHAYANOV apud SCHNEIDER, 2009).
Entre as atividades não agrícolas, destaca-se a indústria de transformação e a
prestação de serviços, que representam quase 15% da PEA ocupada em atividades não
agrícolas (SCHNEIDER e FIALHO, 2000). Segundo o mesmo autor, as atividades
agrícolas, hoje, já não representam a manutenção de empregos no meio rural, e assim, o
número de atividades não agrícolas vem crescendo, o que até tempos atrás eram
consideradas marginais, visto sua pequena importância na geração de renda.
Entre outras características destas populações rurais, o que vem se destacando,
segundo Schneider e Fialho (2000) são os duplo-ativos “pessoas com domicilio rural,
que combinam o exercício de trabalho principal, considerado indispensável, com outras
formas de obtenção de renda”, sendo assim, vale considerar o turismo como atividade
complementar de geração de renda não agrícolas para estes duplo-ativos.
Conforme Schneider e Fialho (2000) os dados extraídos de Pesquisa Nacional de
Amostra por Domicilio (PNAD), de 1997, mostram que havia mais de 4 milhões de
21
pessoas em domicilio rural no Brasil, e estas estão ocupadas em atividades não
agrícolas.
Nesse sentido, no espaço rural, a atividade turística vêm como uma atividade
não-agrícola como uma alternativa de renda para os agricultores (WANDSCHEER;
TEIXEIRA, 2010):
Ainda que não se apresente como fenômeno novo5, a exemplo da discussão
referente as atividades não agrícolas, recentemente ele ganhou força,
sobretudo por sua crescente manifestação, não somente em proporção de
fluxo de pessoas, mas também em importância socioeconômica
(WANDSCHEER; TEIXEIRA, 2010, p. 51).
Segundo Wandscheer; Teixeira (2010):
A exemplo do turismo rural, as atividades rurais não agrícolas emergem no
espaço brasileiro, sendo apontadas por alguns como a provável face do
‘novo rural brasileiro’. Essas novas atividades estariam introduzindo um
conjunto de novas funções ao espaço rural. Uma das conseqüências que
essa realidade traz consigo é o aparecimento das famílias pluriativas, as
quais combinam vários tipos de atividades e ocupações, proporcionando a
seus membros diversas formas de inserção profissional (WANDSCHEER;
TEIXEIRA, 2010, p. 52).
Para Schneider e Fialho (2000) entre as características da população rural, de
hoje, tem-se destacado uma “nova categoria”, a dos duplo-ativos:
Trata-se de pessoas com domicilio rural que combinam o exercício de um
‘trabalho principal’, ou aquele considerado indispensável, com outras
formas de ocupação ou obtenção de renda (SCHNEIDER; FIALHO, 2000,
p. 28).
5
Schneider (2003) diz que o fenômeno atualmente denominado pluriatividade não representa uma
situação nova no modo de funcionamento das economias agrárias. Ruschmann (2004), a exemplo da
acepção de Schneider referente à pluriatividade, afirma ainda que o turismo rural não é um fenômeno
novo, já se manifesta desde o século XIX, na Europa.
22
4.2 Turismo no Espaço Rural
O turismo no espaço rural esta voltado a um segmento de mercado que:
(...) em geral se caracteriza pela demanda de qualidade, entendida como
visitantes de consciência ambiental e de considerável poder aquisitivo.
Assim, atualmente, a demanda nesses espaços apresenta características que
podem homogeneizar, determinando um perfil de clientes de classe média,
bom nível cultural, profissionais liberais com formação superior, faixa
etária entre 25 e 45 anos e de procedência urbana, num raio de até 150
quilômetros (NOVAES, 2000, p. 147).
O turismo no espaço rural é uma forma de valorização territorial, contribuindo
assim, para a proteção e conservação ambiental e de patrimônios, culturais e históricos
(VIEGAS; RAYE, 2010).
De acordo com Serrano (2000), o deslocamento dos homens no tempo e no
espaço nos afirma que, as sociedades, sempre viajaram, sejam para buscar o “outro”,
como para buscar a si mesmo, sempre em movimento, em busca de desconhecido,
construindo e reconstruindo territórios, assim aproximando as pessoas e permitindo a
troca (ou não) de conhecimentos entre o viajante e a comunidade receptora.
Segundo Barreto (1995), o conceito turismo, no mundo, surge no século XVII na
Inglaterra e se tratava de um tipo especial de viagens. Ainda, segundo a autora, o
turismo no formato contemporâneo surge após a Segunda Guerra Mundial (1939 –
1945).
A primeira viagem organizada aconteceu em 1841, organizada por Thomas
Cook, considerado o ‘pai do turismo’. Segundo Lickorish; Jenkins (2000):
A contribuição de Thomas Cook foi à organização da viagem completa –
transporte, acomodação e atividade ou ‘satisfação’ em um novo e desejado
destino – o verdadeiro produto do turismo [...] Ele inventou um novo
serviço essencial – um pacote ou excursão individual. Sua inovação foi
copiada em todo o mundo (LICKORISH; JENKINS, 2000, p. 30).
E assim, foi a partir do Grand Tour, que houve um estimulo na oferta de
serviços de hospedagem e surgimento de guias, porém, foi a partir do século XIX que o
turismo se expande e se consolida como um setor que mais contribui para a economia,
sendo assim, segundo Lickorish; Jenkins (2000):
O turismo é, atualmente, a forma mais inclusiva das viagens e acontece
dentro de um espaço e tempo disponíveis para o consumo de bens e
serviços, afinal, é uma atividade que surgiu e se desenvolveu a partir do
capitalismo, passou a ser artifício de consumo mundial, sinal de status
social e é “freqüentemente descrito como uma atividade multifacetada”
(LICKORISH; JENKINS, 2000, p.9).
De La Torre (apud FONTELES, 2004), entende o turismo como:
23
Um fenômeno social que consiste no deslocamento voluntário e temporário
de indivíduos ou grupos de pessoas que, fundamentalmente por motivos de
recreação, descanso, cultura ou saúde, saem do seu local de residência
habitual para outro, no qual não exercem nenhuma atividade lucrativa nem
remunerada, gerando múltiplas inter-relações de importância social,
econômica e cultural (De La Torre apud FONTELES, 2004, p.81).
Para Andrade (1998) turismo se define como:
Conjunto de serviços que tem por objetivo o planejamento, a promoção e a
execução de viagens, e os serviços de recepção, hospedagem e atendimento
aos indivíduos e aos grupos, for de suas residências habituais (ANDRADE,
1998, p. 38).
No Brasil, pode-se afirmar que foi na década de 1970, em plena ditadura militar,
que se começou a organizar o turismo nacional, visto como uma solução para os
problemas que o país enfrentava (TRIGO; NETTO, 2003). Contudo esta organização do
turismo veio a fracassar, por diversos fatores, sendo estes estruturais, ou seja, desastres
econômicos gerados pela crise de petróleo e pelo aumento da divida externa do país; e
ainda conjunturais, ou seja, os planejadores não se preocuparam com os padrões
internacionais de qualidade o que afetou diretamente a operação e a gestão dos serviços,
fazendo com que a atividade turística ficasse estagnada até meados de 1990 (TRIGO;
NETTO, 2003).
De acordo com Trigo e Netto (2003):
Com a abertura econômica e a estabilização da democracia ao longo do
processo de impedimento do presidente Fernando Collor, sendo substituído
por Itamar Franco e depois com o governo de Fernando Henrique Cardoso,
duplamente eleito em pleitos direitos e democráticos, o turismo encontrou
condições propícias para uma segunda onde de crescimento, dessa vez bem
mais estruturada e provavelmente duradoura (TRIGO; NETTO, 2003, p.
94).
Ao longo do passar dos anos o turismo nacional teve altos e baixos momentos, e
há diversos indicadores para isto, como por exemplo, crise na bolsa de valores, em
2000; em 2001 o atentado terrorista em Nova York (cf. TRIGO; NETTO, 2003).
De fato, o turismo teve ao longo do tempo um crescimento bastante real:
A verdade é que o turismo não pode ser desvinculado de uma realidade
nacional maior e de uma realidade global. No caso da realidade nacional, os
problemas são graves e bem delimitados. (TRIGO; NETTO, 2003, p. 9596)
Conforme U. Meléndez; Rojas (2000):
El turismo es una actividad socieconómica del sector terciario, la cual está
en aumento a escala internacional y proporciona una excelente
oportunidad como impulsora de las funciones urbanas, ya que representa
un importante generador de empleos y fuente de divisas para los países.
(U. MELÉNDEZ; ROJAS, 2000, p. 13)
24
Quando se fala em turismo e tudo que é relacionado a ele, há de envolver
diversos conceitos e definições, mais basicamente, pode-se dizer que o turismo é em si,
movimento de pessoas, uma grande demanda e não uma simples indústria como era
colocado a um tempo atrás (LICKORISH; JENKINS, 2000).
Lickorish; Jenkins (2000) afirmam que o turismo “é uma combinação de todos
os bens e serviços” durante a viagem e que há uma infinidade de motivações, pessoais
ou não que levam as pessoas a viajarem.
A atividade turística, em si, é um fenômeno multidisciplinar e que depende do
aporte de outras áreas, e sua compreensão esta baseada em conceitos e hipóteses
oriundos de outras ciências já consolidadas. Tal fato gera a possibilidade de variação ou
mesmo a inexistência de um único conceito que seja capaz de abordar o turismo
abrangendo toda sua magnitude.
As definições sobre que é turismo e ligadas ao setor turístico são insuficientes
e/ou incompletas, visto que por vezes não contemplam tudo o que se deseja, assim
torna-se indispensável, análises profundas sobre a própria estrutura do turismo. Segundo
Andrade (1998, p. 37), “o turismo não é técnica nem ciência com autonomia e
independência, pois faz uso permanente de princípios, recursos e conclusões de ciências
e técnicas dos mais variados ramos da atividade humana”.
Para Barreto (2007, p. 9), “a complexidade e a diversidade inerentes ao turismo
originaram uma enorme quantidade de definições, perto de cem, que variam conforme a
formação do autor”. Assim, o estudo da atividade estará pautado, principalmente, no
foco da observação do autor.
Ainda, pode-se afirmar que nem toda a viagem é considerada turismo, devido a
uma convenção aceita internacionalmente sobre o que é turismo. Andrade (1998) diz
que:
Por isso, embora todas as viagens importem em deslocamento físico e
espacial e revertam em gastos e lucros, o fenômeno no turismo, em sua
concepção ideal pura, é um deslocamento realizado por prazer a locais que
despertam algum tipo de interesse objetivo ou subjetivo (ANDRADE,
1998, p. 18).
Segundo Trigo; Netto (2003, p. 97), o turismo no Brasil, ainda “exige uma
discussão ampla sobre o modelo de desenvolvimento que está por trás da economia e da
sociedade como um todo”. Torna-se evidente que há muito ainda para se questionar
sobre ações e políticas do turismo e vários problemas devem ser encarados, de acordo
com os mesmo autores:
25
Um deles é acabar com o discurso triunfalista ingênuo que só vê qualidades
no turismo e condena os críticos [...] Outro problema é tradição anômala e
perversa de não preparar as comunidades e os diferentes setores para
discutir em conjunto projetos e políticas (TRIGO; NETTO, 2003, p. 99).
Sabe-se que hoje a discussão sobre a área do turismo e seus segmentos, cresce
cada vez mais e, conseqüentemente, transforma antigos modos de pensar, planejar e
analisar a atividade em novos modos.
Conforme Lage (1992 apud REJOWSKI; BARRETO, 2009):
É muito comum a segmentação do mercado para o turismo ser classificada
através de cinco critérios ou variáveis, a saber: geográficas, demográficas,
psicográficas, econômicas e sociais. Tal classificação não significa, no
entanto, que outros fatores estejam sendo excluídos, aliás, pelo contrário, na
pratica a combinação dos critérios apresentados é a regra (LAGE, 1992
apud REJOWSKI; BARRETO, 2009, p. 10).
De acordo com Rabahy (apud REJOWSKI; BARRETO, 2009), a segmentação
de mercado:
(...) visa identificar: os motivos da viagem; a composição do grupo de
viagem; o âmbito geográfico da viagem; o local da pratica do turismo; o
tipo de transporte e alojamento utilizado; a época e a duração da viagem; os
serviços requeridos; as atividades desenvolvidas; o tipo de viagem; o grau
de fidelidade do consumidor; os gastos, além das características do
comprador como: nível de renda; características demográficas; econômicas;
geográficas; e psicográficas entre outras (RABAHY, 2005 apud
REJOWSKI; BARRETO, 2009, p. 03).
Existem segmentos dentro do turismo devido as diferentes formas de se pensar
na atividade turística e nas motivações para se realizar turismo. E esses diversos tipos de
segmentos turísticos existem pois, há diversidade de modos de educação, diversidade de
gostos, opiniões, classes sociais, oportunidades e outros (cf. ANDRADE, 1998).
Durante os últimos trinta anos, surgiram diversos tipos e subtipos de turismo,
seja pela iniciativa do mercado, ou pela iniciativa dos turistas em busca de novos
destinos e novas vivências (REJOWSKI; BARRETO, 2009).
Segundo Rejowski e Barreto (2009):
É preciso reforçar que, os seres humanos enquanto seres sociais,
multifacetados, não são passíveis de enquadramentos rígidos, portanto toda
e qualquer tipologia constitui apenas uma ferramenta epistemológica que os
pesquisadores utilizam conforme suas necessidades (REJOWSKI;
BARRETO, 2009, p. 15).
Sendo assim, ao mesmo tempo, o turismo se expande e se apropria de novos
espaços, proporcionando a criação de novas atividades ligadas, direta ou indiretamente,
a produção agrícola, por exemplo.
Por fim, Andrade (1998) diz que:
26
O mais importante não é o estabelecimento de aspectos teóricos e
especulativos, mas a análise da pratica, que leva à utilização dos recursos
variados e seus equipamentos específicos, de acordo com a diversidade da
natureza e dos tipos dos vários recursos oferecidos pelos diferentes
receptivos, que devem ser considerados individualmente e em conjunto,
quando entre eles se dá alguma relação funcional em termos
administrativos, econômicos ou em razão das manifestações da demanda.
Os fenômenos turísticos diversos se interligam, porque são
interdependentes e complementares entre si (ANDRADE, 1998, p. 26).
O fenômeno turístico no Brasil se deu, como em diversos outros países e devido
a nossa colonização, pelo litoral e assim recebe diversas denominações, que segundo
Novaes (2000), são:
Turismo rural, turismo alternativo, turismo verde, ecoturismo, agroturismo,
turismo cultural, turismo de aventura, turismos ambiental etc. Independente
da terminologia adotada, parte-se da constatação de que o turismo pode ser
um recurso para os espaços rurais, que procuram uma nova alternativa de
desenvolvimento local e, ao mesmo tempo, uma oportunidade de valorizar
seu patrimônio, suas paisagens e sua cultura (NOVAES, 2000, p. 139).
Segundo Novaes (2000) entendia-se por turismo no espaço rural:
Todos os fluxos turísticos que tinham como cenário para seu
desenvolvimento o meio não-urbano, independente de suas motivações,
atividades, nível de interesse pela cultura rural, vínculos com a população
agrária e modalidade de alojamento (NOVAES, 2000, p. 139).
E hoje, já se sabe que turismo no espaço rural é muito mais que uma atividade
fora da área urbana, entende-se por turismo no espaço rural a atividade turística que
permite contato com a cultura rural, suas peculiaridades levando em consideração as
diversas motivações dos turistas e seu interesse pelo local visitado.
Assim, Santana (2009, p. 132) salienta que o turismo no espaço rural “baseia-se
na aplicação combinada de natureza, contato humano e cultura, com pretensões de
beneficio mutuo turista-residente e de baixo nível de impactos”.
Coriolano (apud PAIXÃO; PAIXÃO, 2010) nos adverte que:
O turismo não pode acabar com a pobreza, mas pode oferecer
oportunidades [...] para a compreensão da critica sobre o capitalismo
excludente, e acrescenta que este eixo do turismo pode ser uma forma de
luta, de tomada de consciência e uma forma de comunidades produzirem
sua subsistência (CORIOLANO apud PAIXÃO; PAIXÃO, 2010, p. 91).
No atual cenário da economia rural brasileira, o turismo no espaço rural como
uma alternativa de renda ao campo apresenta características que possibilitem a
integração entre locais, bem como o desenvolvimento sustentável.
Abramovay (1992, p.57) afirma que “as mudanças sofridas pela produção
familiar na agricultura de hoje são tão profundas que não se encaminharam no sentido
da diferenciação social”, o que podemos constatar com o aumento da diversificação das
27
atividades de geração de renda no meio rural, bem como a nova forma de consumo
adotado pela nossa sociedade.
Elesbão (2000) diz que:
A procura crescente de formas de lazer associada ao meio rural que iniciou
de maneira incipiente na década de 70 e se expandiu com a divulgação do
pensamento ecológico, proporciona a ampliação de postos de trabalho para
a população rural (ELESBÃO, 2000, p. 251).
Neste sentido, Santana (2009, p, 133) afirma que o turismo no espaço rural
“acarretou a mercantilização de um espaço já conhecido, posto que era um ambiente
utilizado para fugir da rotina e praticar hobbies”.
De acordo com Graziano Neto (1982 apud WANDSCHEER; TEIXEIRA, 2010):
Ao mesmo tempo que vai ocorrendo o progresso técnico na agricultura, vaise modificando também a organização da produção que diz respeito as
relações sociais (e não técnicas) de produção. A composição e a utilização
do trabalho modificam-se [...] a chamada modernização da agricultura não é
outra coisa [...] que o processo de transformação capitalista da agricultura,
que ocorre vinculado às transformações gerais da economia brasileira
recente (GRAZIANO NETO; 1982 apud WANDSCHEER; TEIXEIRA,
2010, p. 50).
Em Lages – cidade pioneira no turismo em espaços rurais – assim como
aconteceu nos países que desenvolveram esse tipo de turismo, o turismo no espaço rural
veio como uma alternativa para contornar problemas financeiros decorrentes de crises
agrárias (TULIK, 2010).
Conforme Tulik (2010):
Turismo no Espaço Rural (TER) e Turismo em Áreas Rurais (TAR) são
expressões utilizadas, com freqüência, em certos países da Europa e que,
segundo alguns autores, são empregadas como sinônimo de Turismo Rural
(TR). Nos Estados Unidos, conforme Page e Getz (1997), a expressão
turismo rural, a qual foi adaptada da Comunidade Européia, refere-se ao
conjunto de atividades na área rural. Ainda, conforme esses autores,
caracteriza-se por ser uma expressão genérica que não considera o caráter
próprio do meio rural. É que o que se depreende, também, da obra de Cazes
et al. (1990), que pesquisaram essa atividade na França. Eles entendem que
turismo rural é qualquer forma de turismo no espaço rural (TULIK, 2010, p
04).
Assim, o turismo em espaço rural, de um modo geral é um conjunto de
componentes basicamente rurais e culturais, alem de elementos da natureza (TULIK,
2010). Neste sentido, a autora afirma que:
Nessa perspectiva, TER/TAR e TR são utilizados como sinônimos, ou seja,
indistintamente, embora alguns autores entendam que a expressão turismo
rural deva ser utilizada de modo mais preciso e aplicada apenas ao turismo
que se baseia no conteúdo rural (TULIK, 2010, p 04).
28
Quando falamos em turismo no espaço rural, podemos dizer que tão pouco ainda
existe uma definição. De acordo com Pires (2002), o Brasil ainda é um país novato a
essa tipologia, de turismo em espaço rural, se comparado ao contexto europeu onde esta
atividade já é praticada há muito tempo.
Novaes (2000) afirma que o turismo no espaço rural:
Apresenta um crescimento continuo na Europa desde os anos 70, tendo sido
descoberto por vários países como uma forma de revitalização da economia
de zonas rurais. Fora da Europa, outros países como o Canadá, os Estados
Unidos e a Nova Zelândia também praticam o turismo rural como uma
alternativa para suplementar as receitas das fazendas e proporcionar a
conservação do meio ambiente (NOVAES, 2000, p. 140).
De acordo com Talavera (2002), o conceito de turismo no espaço rural aqui no
Brasil se distingue muito, visto que se confunde, por muitas vezes, entre definir o que
significa ou definir o produto que inclui esta atividade.
O turismo em espaços rurais não é uma novidade, visto que Cavaco (2003, p. 69)
afirma que “(...) basta recordar, para os finais do século XIX, o retorno anual das elites
urbanas e fundiárias as suas quintas para retemperamento [...] prolongando tradições
seculares”.
Crosby (apud NOVAES, 2000, p. 143) ressalta que o turismo no espaço rural
deve “harmonizar os interesses do meio ambiente, da comunidade local e do próprio
turismo”.
Segundo Talavera (2002) o turismo no espaço rural:
(...) tiene poco más de uma década, su contenido no es nuevo. El estilo de
vida rural se há consolidado como un atractivo basado, sobre todo, en
estereotipos y perspectivas diferentes a lo urbano, agregado esto a su
desarrollo en un medio ambiente tan idealizado como aquel modo de vida
(TALAVERA, 2002, p. 22).
O turismo no espaço rural no Brasil esta vinculado diretamente a tentativa de
classificá-lo baseado em parâmetros europeus, o que acarreta uma grande imprecisão de
conceitos e conseqüentemente, resulta em equívocos por se tratar de realidades distintas
e diferentes entre si (RODRIGUES, 2000).
O conceito do que é rural, e assim, do turismo no espaço rural, difere muito
quando se compara um país com o outro, e até mesmo se comparado entre países
europeus, precursores desta modalidade, daí provavelmente, a dificuldade de um
conceito para o turismo rural aqui no Brasil. Segundo Joaquim (2003), na Alemanha,
Holanda, Bélgica, Luxemburgo e França, o turismo rural se distingui bastante da cidade,
costas e montanhas, sendo relacionado a um povoamento disperso. Já na Itália, apesar
29
da semelhança com o povoamento disperso, também inclui zonas de montanhas. Na
Irlanda e Grã-Bretanha, vale salientar que, excluem o conceito de aglomeração para o
turismo rural, sendo o sinônimo de countryside, ou seja, campo. E ainda, de acordo com
Davidson (apud JOAQUIM, 2003), na Espanha, Portugal e na Grécia turismo rural esta
associado ao espaço de produção agrícola, sendo assim, possui uma forte relação o
turismo rural com a agricultura.
Sirgado (2003) diz que:
Os modelos de implantação, organização e desenvolvimento do turismo
rural apresentam uma relativa dessemelhança entre Brasil e Portugal. O
próprio conceito de Turismo Rural tem, no Brasil, um sentido bem mais
abrangente, envolvendo a fruição dos recursos rurais e as atividades
esportivas e ecológicas, bem como a dimensão relativamente intangível da
cultura e do modo de vida das Comunidades Rurais e/ou Montanha. Por
outro lado, a segmentação da oferta turística rural e/ou montanha mostra-se
mais evoluída em Portugal, uma vez que o Brasil evidencia carência de uma
tipificação e classificação rigorosas da oferta nesses segmentos, englobando
as vertentes agrícola, rural, desportiva e ambiental/ecológica, bem como a
sua adequada regulamentação. (SIRGADO, 2003, p. 79).
Segundo Portuguez (2002), a grande diversidade de termos no turismo no espaço
rural,
varia
conforme
cada
configuração
sócio-espacial,
assumindo,
assim,
características próprias, e sendo assim, não se pode falar em turismo rural, mas sim em
praticas turísticas em espaço rural. Visto que turismo no espaço rural, em Portugal, por
exemplo, foi adotada para juntar e designar quatro modalidades de turismo no campo, o
turismo de habitação, turismo rural, agroturismo e hotel rural (RODRIGUES apud
ALMEIDA; FROEHLICH ; RIEDL, 2002).
Conforme Joaquim (2003), o termo turismo no espaço rural, bem como a
atividade turística no meio rural nasceu na Europa, assim, vale ressaltar que:
O pioneirismo da França remonta a 1971, ano em que se constituiu a
primeira associação do gênero, exatamente Tourisme em espace rural
(Grolleau e Ramus: 1986). Seguida em 1972, pela publicação do já celebre
Manifeste de tourisme em espace rural, que o preconiza como ‘um
instrumento de reanimação dos campos na óptica de complementaridade
entre a agricultura, o turismo e o artesanato, sublinhando que não deve
contribuir para a colonização dos campos’ (JOAQUIM, 2003, p. 35).
Contudo vale lembrar que o turismo no espaço rural, especificamente, aqui no
Brasil, é resultado de diversos acontecimentos no campo. E “é neste sentido que novas
experiências vêm sendo implementadas no meio rural, na tentativa de amenizar, pelo
menos em partes, seus mais variados problemas” (PORTUGUEZ, 2002, p. 71).
Portuguez (2002), ainda ressalta que:
Não só no Brasil, como em muitas outras nações do mundo, o processo –
mesmo que diferenciado – de urbanização provocou o esvaziamento das
áreas rurais, resultando não só em graves problemas sociais para o meio
30
rural, como também para o urbano. O campo passou a depender cada vez
mais do governo para manter-se produtivo. (PORTUGUEZ, 2002, p. 68-69)
Segundo os mesmo autores, “nas ultimas duas décadas, o meio rural brasileiro
vem registrando um aumento de atividades não agrícolas que até pouco tempo eram
consideradas marginais” (SCHNEIDER; FIALHO, 2000, p. 30-31).
A título de exemplificação, na Itália, segundo Paixão e Paixão (2010), o turismo
no espaço rural:
(...) permanece estreitamente ligado ao setor agrícola, confundindo-se, por
isso, largamente com o agroturismo. A tênue linha que separa o turismo
rural do agroturismo assenta, na realidade, apenas à parte que cabe ao
turismo na atividade e nos rendimentos dos agricultores (PAIXÃO;
PAIXÃO, 2010, p. 88).
Schneider e Fialho (2000) nos apontam que o turismo no espaço rural é a união
da exploração econômica com a junção da valorização da cultura local e do ambiente
rural, que em grande parte dos casos, são seus principais atrativos turísticos.
E, de acordo com Hall (apud SANTANA, 2009), todos os produtos
comercializados pelo turismo no espaço rural giram entorno da natureza e cultura
peculiares, monumentos, processo produtivo e outros.
Conforme Schneider e Fialho (2000), o turismo no espaço rural possui uma
variedade de definições, contudo:
Independente de qual definição seja a mais apropriada, o aspecto decisivo a
ser considerado refere-se ao aproveitamento do ambiente propriamente
rural. Deve-se destacar que, no período recente, a definição do que entende
por ‘espaço rural’ vem sofrendo alterações, não só pelo crescimento da
importância das atividades não agrícolas, que minaram a identidade do rural
com a atividade agrícola, mais também pela associação crescente do meio
rural com a qualidade de vida. Além disso, o ambiente rural também vem
incorporando aspectos relacionados ao lazer e ao ludismo que, em grande
medida, estão contribuindo para redefinição de percepções simbólicas da
população de extração urbana (SCHNEIDER; FIALHO, 2000, p. 31).
Segundo Rodrigues (2000):
O turismo rural estaria correlacionado as atividades agrárias passadas e
presentes que conferem à paisagem sua fisionomia nitidamente rural,
diferenciando-se das áreas cuja marca persistente é o seu grau de
naturalidade, relativo a ecossistemas ricos em biodiversidade
(RODRIGUES, 2000, p. 54).
De acordo com Elesbão (2000):
O lazer é uma ‘nova’ função que vem se tornando cada vez mais importante
no país, manifestando-se em formas variadas de turismo em áreas rurais e
que se desenvolve sem nenhuma política publica especifica para esse setor
[...] a grande questão que deve ser mais estudada é a importância das
atividades não agrícolas para o meio rural, mas não somente os empregos e
renda das unidades familiares isoladamente, mais sim num sentido mais
amplo, de desenvolvimento local (ELESBÃO, 2000, p. 252).
31
Segundo Beni (2007, p. 471), turismo no espaço rural é a “definição dada ao
deslocamento de pessoas a espaços rurais, em roteiros programados ou espontâneos,
com ou sem pernoite para fruição dos cenários e instalações rurícolas”. E Tulik afirma
(2003, p.43) que turismo no espaço rural “consiste no conjunto de atividades
desenvolvidas no espaço rural”. Numa visão mais antropológica Santana (apud
TALAVERA, 2000), acredita que o turismo no espaço rural deve estar relacionado ao
uso e aproveitamento dos recursos rurais, com a intenção de gerar efeitos positivos, de
inclusão da população local como agentes culturais e de promover encontros
espontâneos de contato cultural.
Para Almeida e Riedl (2000):
Nesse sentido, o turismo rural, juntamente com outras atividades não
agrícolas desenvolvidas pela família rural, tem-se revelado como uma
opção viável e de significativo retorno econômico em curto prazo. Como
em toda inovação, entretanto, os riscos envolvidos com sua implantação
também se multiplicam (ALMEIDA; RIEDL, 2000, p. 09).
Schneider; Fialho (2000) afirmam que há um número significativo de variedades
de definições sobre turismo no espaço rural, e que estas mesclam com outras atividades
no meio rural, como agroturismo, ecoturismo e outros:
A primeira diz respeito ao potencial econômico gerado pelo turismo rural
que não necessariamente exige que a região tenha atrativos extraordinários
[...] A segunda característica esta relacionada á facilidade de criar postos de
emprego devido á diversidade de atividades ligados ao turismo rural.
Muitas dessas atividades tinham outras funções dentro da propriedade
agrícola, mas com o turismo rural passam a despertar interesses e são
colocados a disposição do comércio6 (SCHNEIDER; FIALHO, 2000, p.
32).
E segundo Schneider; Fialho (2000):
Essa gama variada de produtos e serviços deve-se ao fato de que o consumo
turístico, devido a sua heterogeneidade, é dirigido para vários segmentos de
consumidores simultaneamente, diversificando seus efeitos diretos sobre
outros ramos da economia local (SCHNEIDER; FIALHO, 2000, p. 33).
Santana (2009, p. 118) diz que “popularizam-se, assim, na ultima década, os
produtos antes apresentados como minoritários, denominados no mercado como
ecoturismo, agroturismo, turismo cultural, turismo rural (...)”.
Dentre inúmeros conceitos e terminologias utilizadas para classificar e
exemplificar a atividade turística no espaço rural é importante destacarmos o
6
Estas duas características acima referem-se respectivamente ao Agroturismo e ao Ecoturismo, atividades
que hoje, podem ou não estar agregadas as atividades de turismo no espaço rural.
32
‘agroturismo’, que em seu conceito é a prática do turismo aliado a “vivência e
participação nas atividades agropastoris” (BENI, 2007, p.471). Embora essa definição
seja de origem européia e apresente uma realidade diferente no Brasil, Silva et al (apud
SILVA; CAMPANHOLA, 2000) definem o agroturismo brasileiro como:
Atividades internas à propriedade, que geram ocupações complementares às
atividades agrícolas, as quais continuam a fazer parte do cotidiano da
propriedade, em menor ou maior intensidade, devem ser entendidas como
parte de um processo de agregação de serviços aos produtos agrícolas e bens
não materiais existentes nas propriedades rurais (paisagem, ar puro, etc.), a
partir do ‘tempo livre’ das famílias agrícolas, com eventuais contratações de
mão-de-obra externa (SILVA apud SILVA; CAMPANHOLA, 2000, p. 07).
Como subconjunto das diversas tipologias para a atividade turística, o turismo
no espaço rural se configura como:
(...) subconjunto dos turismos alternativos, o turista no espaço rural também
se configura como um pós-turista neorromântico, proveniente de áreas
metropolitanas [...] que busca saciar seus anseios pelo que autóctone e
original na experiência, temporariamente delimitada, de uma visita ao
campo, ou, ainda, que pretende se diferenciar pelo prestigio que merece em
sua sociedade, do restante dos turistas (SANTANA, 2009, p. 134).
Zimmermann (apud PORTUGUEZ, 2002) observa que o turismo no espaço rural
atende á demanda turística atraída por bens e serviços no ambiente rural produtivo.
Entretanto, a implantação do turismo nestes locais, assim como em outros, pode ou não
ser aceita por parte da comunidade local e a contribuição esperada para o
desenvolvimento social, político, econômico e ambiental, não atinge as expectativas.
Vale destacar, também, como alternativa para o turismo no espaço rural, como
modelo organizacional, o chamado turismo de base comunitária que é desenvolvido em
diversas comunidades é uma atividade em que as peculiaridades locais e regionais são
tidas como atrativos e “consumidas” pelos turistas, tornado-se produtos do turismo.
Assim, quando bem organizado é considerado promotor de benefícios, tanto para
o local quanto para o regional, proporcionando melhoras na situação econômica (cf.
MIELKE, 2009).
Para Mielke (2009, p. 15), o turismo de base comunitária é um processo que
envolve atores sociais de varias esferas: pública, privada e terceiro setor. Esse
envolvimento é a chave do sucesso em que cada personagem tem seu papel definido.
33
5. ATIVIDADES TURÍSTICAS NO ASSENTAMENTO NOVA PONTAL
5.1 I e II Almoço Típico Rural
Organizado pela AMANP juntamente com o projeto de extensão, até então,
Ger(Ação) e coordenado pela docente Patrícia Alves Ramiro, esta primeira edição do
almoço rural ocorreu no assentamento Nova Pontal, no dia 12 de setembro de 2009. Seu
objetivo principal foi desenvolver uma atividade que contribuísse, financeiramente, para
a associação, gerando uma alternativa de renda que ajudasse na organização e
fortalecimento da associação, além de proporcionar para os participantes-visitantes,
conhecimento sobre a realidade rural vivida na comunidade assentada e um dia de lazer
no meio rural.
Esse primeiro almoço rural foi divulgado para os discentes, docentes e
funcionários do Campus experimental da UNESP de Rosana, sendo cobrado o valor de
R$ 10,00 por participante. No valor estava incluso, além de atividades programadas
pelo assentamento, café da manhã e almoço rural típico rural, como mostra a figura 1.37
do cartaz de divulgação
Figura 1.3: Divulgação do I Almoço Típico Rural
Antes da realização do I Almoço típico rural, houve um encontro entre a
AMANP e os membros do projeto Ger(ação). Durante a reunião, a associação pode
participar de toda a elaboração de roteiro e compreender como iria funcionar a
atividade. As mulheres designaram as funções para cada integrante da associação, bem
como esclarecimentos em geral, além de decidirem o cardápio a ser servido durante o
almoço, visto que a idéia era usar os próprios recursos do assentamento, tudo o que é
7
Disponível em: http://unespemcampo.blogspot.com/2009/08/blog-post.html
34
produzido no local e não comprar mercadorias externas, excetos às necessárias, como:
sal, óleo e carne.
Abaixo segue tabela 1.1, com o cardápio escolhido pela associação em conjunto
com o Ger(ação) bem como, quem seria responsável (das mulheres assentadas) pelo
preparo, escolha feita entre as assentadas, por critério de afinidade com o prato
escolhido.
Almoço
Café da manhã/tarde
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
2 bolos de fubá (Marina)
2 roscas (Maria Cristina)
1 pcte de café e manteiga (Célia)
2L de leite e 1 bolo de milho (Márcia)
2L de leite (Josiane)
1 cx de chá e 2 L de leite (Zilda)
3 L de leite (Andréia)
Bolo (Maria Aparecida)
2 queijos e 2 bolos de milho (Lena)
2 pães e 1 bolo (Claudete)
1 rosca de cenoura e 1 bolo de
chocolate (Cilene)
nozinho e 2 kg de açúcar (Vera)
4 pães de mandioca e 1 bolo com
creme branco (Rosário e Karina)
1 achocolatado e 1 bolo (Regina)
Manteiga (D. Maria)
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
Tutu de feijão
Arroz
Feijão
Couve
Berinjela
Frango caipira
Polenta
Mandioca
Farofa
Alface
Suco
Sobremesa
•
•
•
•
Doce de leite
(Lena)
Doce de abóbora
(Rosário)
Sorvete (Sônia)
Doce de mamão
(Lena e família)
Responsáveis: Sônia,
Marina, Cristina, Rosário,
Geni, Célia, Regina
Tabela 1.1: Cardápio do I Almoço Típico Rural
Fonte: Arquivo LEAR, 2010.
A segunda edição do almoço rural, também organizada pela AMANP
juntamente com o projeto de extensão, Unesp em Campo, coordenado pela docente
Patrícia Alves Ramiro, ocorreu, também, no assentamento Nova Pontal, no dia 18 de
maio de 2011, e teve como objetivo organizar, pela segunda vez, uma atividade que
contribuísse, financeiramente, para a associação e ampliasse a discussão coletiva sobre a
viabilidade da implantação do recebimento de visitação no espaço do assentamento.
Visto que a iniciativa para esta segunda edição veio de uma demanda de duas
disciplinas do curso de turismo, disciplinas lecionadas pelas professoras Danielli
Cristina Granado Romero e Patrícia Alves Ramiro, ou seja, a fim de complementar o
conteúdo de sala de aula, houve a saída a campo que resultou na segunda edição do
almoço, que vale ressaltar que esta teve, também, um objetivo pedagógico.
Este almoço rural foi divulgado, igual à primeira edição, para os discentes,
docentes e funcionários do campus experimental da UNESP de Rosana, em geral,
35
contudo dando prioridade aos alunos matriculados nas disciplinas lecionadas pelas
docentes mencionadas acima, e cobrado um valor de R$ 10,00 por participante que
incluía, além das atividades pelo assentamento e o próprio almoço rural.
Antes da realização do II Almoço típico rural, houve um encontro entre a
AMANP e o Unesp em Campo, encontro no qual a associação pode designar funções
para cada integrante da associação, bem como esclarecimentos em geral, visto que já
sabiam como ocorreria, pois seria desenvolvido conforme a primeira edição, além que
durante este encontro, foi decidido o cardápio do almoço, visto que a idéia é usar o
próprio recursos do assentamento.
Nesta segunda edição, diferente da primeira, ficou decidido não incluir café da
manhã e nem o café da tarde, visto que o valor cobrado não seria o suficiente para tanto,
conforme avaliado após a primeira edição.
Abaixo segue tabela 1.2, com o cardápio escolhido pela associação em conjunto
com o Unesp em Campo a ser servido na segunda edição do almoço.
Almoço
• Feijão
• Arroz
• Couve
• Berinjela
• Vaca atolada
• Polenta
• Mandioca
• Farofa
• Alface
• Suco
Tabela 1.2: Cardápio do II Almoço Típico Rural
Fonte: Arquivo LEAR, 2010.
A partir de relatórios do grupo e minhas observações durante as atividades
desenvolvidas, relato estas atividades de maneira mais ampla e detalhada.
A primeira e a segunda edição do Almoço típico rural, que foi organizado
juntamente com a AMANP e executado no assentamento Nova Pontal, teve em ambas
as edições como objetivo principal organizar a associação para uma atividade turística
que contribuísse financeiramente, gerando, assim, uma renda extra, além de auxiliar o
grupo a se auto organizar para o turismo, e ainda, um caráter pedagógico.
Foram levantados nos arquivos do projeto Unesp em Campo e arquivos do
LEAR, pesquisas e relatórios, bem como imagens, sobre a primeira e segunda edição do
36
Almoço típico rural, sobre o perfil dos participantes, suas avaliações sobre as atividades,
como mostrado abaixo juntamente com minhas observações.
Na primeira edição do almoço, logo após a saída, pela manhã, houve uma
parada, às margens do Rio Paranapanema, para que os alunos pudessem observar a
beleza cênica, bem como tirar fotografias. Logo em seguida, o percurso continuou,
porém os alunos percorreram uma trilha a pé beirando as águas do reservatório da Usina
hidrelétrica de Rosana que margeiam alguns lotes, até o local em que foi servido o café.
Imagem 1.1: Trilha – I Almoço típico rural
Fonte: Arquivo LEAR, 2010
Vale aqui destacar que houve um grupo de alunos, que fazem parte de um grupo
de pesquisa dentro da universidade, chamado GRUTAS, que foram até o assentamento
de bike, este grupo tem o objetivo de incentivar atividades turísticas sustentáveis e
incentivar a prática de atividades físicas.
Imagem 1.2: Grupo GRUTAS – I Almoço típico rural
Fonte: Arquivo LEAR, 2010
A trilha, desta primeira edição do almoço, foi guiada pelos assentados Lena e
Dirceu, onde ambos narraram suas histórias perante a terra conquistada, como se deu a
divisão dos lotes e área de reserva presente na beira do rio. Em seguida, o grupo chega
ao lote onde foi servido o café da manhã típico rural.
37
Imagem 1.3: Conversa com os assentados do Nova Pontal – I Almoço típico rural
Fonte: Arquivo LEAR, 2010
Imagem 1.4: Café da manhã – I Almoço típico rural
Fonte: Arquivo LEAR, 2010
Imagem 1.5: Assentadas da AMANP – I Almoço típico rural
Fonte: Arquivo LEAR, 2010
Logo em seguida a atividade continuou em outro lote, o do Sr Ferreira, onde a
visita teve como intuito mostrar aos visitantes a moagem do café, os equipamentos de
preparo do mesmo, bem como, a horta existente no lote e os animais de criação.
38
Imagem 1.6: Lote do Sr Ferreira e processo da Garapa – I Almoço típico rural
Fonte: Arquivo LEAR, 2010
Após a visita ao lote do Sr Ferreira, foi servido aos alunos o almoço típico rural,
que teve como prato principal a vaca atolada e galinha caipira, acompanhado por arroz,
feijão, polenta e salada. Durante o almoço foram vendidos outros produtos produzidos
pelas assentadas, como queijos e doces.
Imagem 1.7: Espaço do almoço – I Almoço típico rural
Fonte: Arquivo LEAR, 2010
Na segunda edição do almoço, logo após a saída da universidade, pela manhã,
assim que os alunos chegaram ao assentamento, percorreram uma trilha até o lote do Sr
Dirceu, assentado que foi liderança atuante do MST e que esteve presente desde a
ocupação no Nova Pontal, o mesmo contou suas histórias perante a terra conquistada,
divisão do lote, área de reserva na beira do rio e ainda os alunos foram levados até as
margens do Rio Paranapanema, para que pudessem observar a beleza cênica, bem como
tirar fotografias e compreender de perto as explicações colocadas, visto que
especificamente, esta segunda edição do almoço, teve caráter pedagógico como foi
colocado anteriormente.
39
Imagem 1.8: Lote do Sr. Dirceu – II Almoço típico rural
Fonte: Arquivo LEAR, 2011
Imagem 1.9: Trilha até a beira do Rio, contemplação – II Almoço típico rural
Fonte: Arquivo LEAR, 2011
Imagem 1.10: Beira do Rio Paranapanema – II Almoço típico rural
Fonte: Arquivo LEAR, 2011
Logo em seguida, o percurso continuou até o lote do Sr Ferreira, e ainda, foi
servido aos alunos, no valor simbólico de R$1,00, garapa.
Imagem 1.11: Horta do lote do Sr Ferreira – II Almoço típico rural
Fonte: Arquivo LEAR, 2011
Após a visita ao lote Sr Ferreira, os alunos foram até o espaço comunitário do
assentamento, onde puderam discutir as atividades realizadas até o momento, e ainda
tirarem dúvidas pertinentes.
40
Imagem 1.12: Espaço comunitário do assentamento Nova Pontal – II Almoço típico rural
Fonte: Arquivo LEAR, 2011
Em seguida o almoço típico foi colocado na mesa e antes dos alunos se servirem,
as assentadas da AMANP explicaram aos alunos os pratos servidos e pequenas histórias
sobre o mesmo. Neste almoço o prato principal foi vaca atolada, acompanhado por
arroz, feijão, polenta e salada. E ainda, durante o almoço foram vendidos outros
produtos produzidos pelas assentadas, como queijos e doces.
Imagem 1.13: Preparo do almoço – II Almoço típico rural
Fonte: Arquivo LEAR, 2011
Imagem 1.14: Almoço pronto – II Almoço típico rural
Fonte: Arquivo LEAR, 2011
41
Imagem 1.15: Apresentação dos pratos servidos – II Almoço típico rural
Fonte: Arquivo LEAR, 2011
Imagem 1.16: Almoço – II Almoço típico rural
Fonte: Arquivo LEAR, 2011
Ambas as edições do almoço tiveram bons resultados perante os alunosparticipantes, conforme observado nas pesquisas realizadas após cada edição.
O gráfico 1.1 nos mostra a profissão dos visitantes do I almoço rural. Observa-se
que 86% eram estudantes, visto que esta atividade foi divulgada, dentro do campus da
UNESP de Rosana, caracterizando assim um público-alvo definido para a atividade.
Gráfico 1.1: Profissão dos Visitantes
Fonte: Arquivo Unesp em Campo, 2009
As motivações para se praticar o turismo são diversas, desde questões culturais,
como visitar museus, ou fatores religiosos, participar de eventos e até intuitos
pedagógicos e conhecer as quem são estes turistas e porque eles estão ali é muito
importante, pois assim quem os receberá terá o conhecimento de seus interesses e assim,
permitirá realizar planejamento da atividade de acordo com os visitantes (cf.
OLIVEIRA, 2001).
42
Quando se planeja uma atividade turística, seja ela em meio rural ou não, é de
extrema importância se pensar no público-alvo para a atividade desenvolvida, tornando
assim, a atividade direcionada aos gostos, preferências e desejos deste público. Como
no caso do I e II Almoço típico rural, o grupo foi composto, majoritariamente, por
estudantes, consegue-se ver então que ambas as atividades além de, caracterizarem uma
atividade de lazer, também tiveram caráter pedagógico e de aprendizagem lúdico.
Vale salientar que, em ambas as edições, como foram divulgadas dentro da
UNESP, previamente já se sabia quem seriam os participantes destas atividades, ou seja,
já se preparava para atender majoritariamente estudantes.
Os gráficos 1.2 e 1.3 representam, quantos destes participantes já tinham
visitado um assentamento antes, dados que compõem parte das características deste
público-alvo que participaram das atividades, pois assim, consegue-se observar se a
atividade que foi oferecida era uma experiência nova ou não.
Gráfico 1.2: Já tinha visitado um assentamento antes (I Almoço típico rural)
Fonte: Arquivo Unesp em Campo, 2009
Gráfico 1.3: Já tinha visitado um assentamento antes (II Almoço típico rural)
Fonte: Arquivo LEAR, 2011
Em ambos os gráficos observa-se que a maioria dos visitantes não conheciam,
ou nunca tinham visitado um assentamento rural antes, nem tão pouco praticado alguma
atividade turística no local. No gráfico 1.2 percebe-se que há uma diferença menor
quanto ao número de pessoas que já conheciam um assentamento, comparado ao gráfico
1.3, em que a discrepância é maior. Diferença essa que é explicada pelo fato de que na
43
segunda edição do almoço os alunos que participaram da visita eram, em sua maioria,
calouros recém chegados à universidade, vindos de diversas outras cidades com
realidades diferentes.
O gráfico 1.4 é resultado da avaliação sobre as atividades desenvolvidas durante
o I Almoço típico rural. Nesta primeira edição, ocorreram atividades durante o dia todo
no assentamento, os visitantes puderam ouvir histórias de ocupação de terra e de vida
dos próprios assentados, participaram de caminhadas, conheceram plantações e o modo
de vida local, almoçaram comidas típicas e da época, além de saborearem um café da
manhã e da tarde com produtos rurais produzidos no próprio assentamento.
Gráfico 1.4: As atividades realizadas podem ser consideradas um roteiro turístico
Fonte: Arquivo Unesp em Campo, 2009
De 36 pessoas que responderam a este questionamento, 34 acharam que as
atividades desenvolvidas durante o dia no assentamento podem ser consideradas como
atividades turísticas. Desta forma, a segunda edição da atividade manteve o mesmo
formato, visto a satisfação dos participantes da primeira edição, e contado também com
algumas peculiaridades, pois durante o I Almoço típico rural, os visitantes puderam
tomar banho de rio, contudo, na segunda edição, esta atividade não pode acontecer
devido à época de frio e porque, na segunda edição o caráter pedagógico foi mais
evidenciado, visto que esta ocorreu pela demanda de duas disciplinas.
Um roteiro turístico ou produto turístico é o conjunto de bens e serviços
relacionados ao turismo, formando por componentes como transporte, alimentação,
entretenimento que necessitam ser produzidos conforme a disposição para ser
consumido (cf. LAGE; MILONE, 2004).
Atrativos turísticos vão muito mais além do que belezas naturais e patrimônios
históricos, se por acaso, o local for de difícil acesso, oferecer riscos e tiverem custos
altos (cf. OLIVEIRA, 2001).
Vale também ressaltar que, tanto na primeira como na segunda edição o valor
cobrado por foi de R$ 10,00 porém, na segunda edição, não houve café da manhã e nem
café da tarde, e esta escolha foi tomada em conjunto pela AMANP e pelo Unesp em
44
Campo, pois observou-se com a primeira edição o valor total arrecado, não foi
significativo para a associação devido as despesas com o almoço e os dois café, logo
para a segunda edição, se manteve o preço, porém o número de refeições diminuíram,
visto que quando os participantes, da primeira edição, foram questionados sobre o
preço, as reposta se mantiveram positivas, conforme o gráfico 1.5, assim em consenso,
se manteve o preço, visto que o público-alvo seria o mesmo na edição seguinte.
Gráfico 1.5: O preço da atividade foi acessível (I Almoço típico rural)
Fonte: Arquivo Unesp em Campo, 2009
Gráfico 1.6: O preço da atividade foi acessível (II Almoço típico rural)
Fonte: Arquivo LEAR, 2011
Na segunda edição, o gráfico 1.6 mostra a satisfação dos visitantes em relação ao
preço cobrado, sendo que a maioria de 78%, que corresponde a 25 pessoas,
consideraram “muito bom” o valor cobrado, levando em consideração as atividades
desenvolvidas durante o dia.
A oferta turística é definida como pelo conjunto de atrativos naturais e artificiais
do local, que estão a disposição dos turistas a fim de atender suas satisfações e
necessidades (LAGE; MILONE, 2004).
Conforme se observa no gráfico 1.7 a seguir, o que mais os visitantes preferiram
na primeira edição do almoço. E a tabela 1.1 nos mostra, como resultado da segunda
45
edição do almoço, o que mais os influenciou na hora de optar pela visita ao
assentamento.
Gráfico 1.7: Preferências durante a visita (I Almoço típico rural)
Fonte: Arquivo Unesp em Campo, 2009
Tabela 1.3: Motivação (II Almoço típico rural)
Fonte: Arquivo LEAR, 2011
Observa-se através desses dados que na primeira edição do almoço, 46% dos
entrevistados preferiram a bela paisagem que o local ofereceu, seguido de 36% que
preferiram os pratos servidos, ou seja, do próprio almoço rural. Entretanto, observa-se
que em na segunda edição as motivações e preferências foram outras, de acordo com a
tabela 1.1 dentre as principais motivações elencadas para participar desta atividade, em
primeiro lugar se destacou o almoço rural, e em segundo lugar o conversa com os
assentados e em terceiro lugar a paisagem cênica, critério este que antes na primeira
edição foi colocado pela maioria como preferência na atividade. Sendo assim,
considera-se que esta atividade, em ambas as edições, o almoço em si e a paisagem
cênica estão entre as principais preferências e gostos deste público.
Fato este que é explicado por Lage e Milone (2004) que classificam como
atrativos turísticos como objetos ou acontecimentos de interesse que motivam grupos a
conhecer o local, assim, dentre os principais atrativos destacam-se recursos naturais
(montanhas, parques, áreas de pescas, etc.), recursos históricos e culturais
(monumentos, instituições culturais de ensino, circuitos gastronômicos, etc.) e
46
acontecimentos programados (congressos, realizações diversas como gastronômicas,
desportivas, artísticas, etc.).
Em ambas as edições dos almoços questionaram-se aos participantes uma
avaliação geral sobre as refeições, atendimento, hospitalidade, condições da estrada,
infra-estrutura a fim de compreender se de fato estas atividades no assentamento,
proporcionam e atendem o que é turismo.
Equipamentos e serviços turísticos incluem as principais instalações, conjunto de
edificações e os serviços oferecidos, constituídos pelos meios de hospedagem – quando
necessário – alimentação oferecida, entretenimento e diversos outros serviços que
podem compor a atividade conforme o local onde é oferecida (cf. LAGE; MILONE,
2004).
Gráfico 1.8: Avaliação Geral do I Almoço típico rural
Fonte: Arquivo Unesp em Campo, 2009
Gráfico 1.9: Avaliação sobre a estrada de acesso ao assentamento Nova Pontal (II Almoço típico rural)
Fonte: Arquivo LEAR, 2011
47
Gráfico 1.10: Avaliação sobre a hospitalidade dos assentados durante o almoço (II Almoço típico rural)
Fonte: Arquivo LEAR, 2011
Gráfico 1.11: Avaliação sobre a infra-estrutura no local do almoço (II Almoço típico rural)
Fonte: Arquivo LEAR, 2011
Deste modo, vale considerar que conforme indicado no gráfico 1.8, referente a
primeira edição do almoço, os quesitos como o do café da manhã, atendimento,
hospitalidade e almoço foram considerados pela maioria como “ótimo”, e os quesitos
como sanitário e estrada de acesso, foram considerados pela maioria como “bom”.
Contudo na segunda edição do almoço, o quesito, estrada de acesso (gráfico 1.9) foi
considerado pela maioria de 55%, regular, ou seja, observa-se a partir disto um
problema para esta atividade no assentamento, a estrada de acesso, visto que esta é toda
de terra e em épocas de chuva, por exemplo, fica praticamente impossível ter acesso ao
assentamento, o que dificultaria a atividade turística no local.
Em relação a infra-estrutura no local do almoço, que inclui sanitários, espaço
físico, local das refeições, em ambas as edições, os resultados foram positivos, como
mostra o gráfico 1.11, onde 56% consideram “boa” e 41% “muito boa”, ou seja, mesmo
que o espaço das atividades sejam simples como, nota-se que os visitantes gostaram
deste contato menos sofisticado com novo e simples, atingindo assim a idéia principal
da atividade, o rústico, o rural, diferenciado da cidade.
48
Partindo deste principio de simplicidade, em ambas as edições, conforme aponta
os gráficos 1.8 e 1.10, a questão da hospitalidade oferecida durante toda a atividade se
manteve bem positiva, o que afirma que esses visitantes ao participarem desta atividade
consideraram toda a simplicidade, acolhimento, o grande diferencial neste tipo de
turismo.
O gráfico 1.12 a seguir aponta que 97% dos questionados, na segunda edição do
almoço, voltariam a realizar este passeio, independente do caráter pedagógico que estas
atividades tiveram.
Gráfico 1.12: Avaliação se os visitantes voltariam ao local (II Almoço típico rural)
Fonte: Arquivo LEAR, 2011
Gráfico 1.13: Avaliação se os visitantes acrescentariam algo na atividade (I Almoço típico rural)
Fonte: Arquivo Unesp em Campo, 2009
Quando questionados sobre o que acrescentariam, conforme no gráfico 1.13,
foram apontadas as seguintes sugestões: Passeio de barco, pescaria, redário, conhecer
outros lotes produtivos, maior contato com animais, cavalgada (passeio a cavalo),
pernoite, tirar leite, venda de produtos, sinalização, acampar por um fim de semana. As
atividades mais solicitadas, em ordem de repetição foram: passeio a cavalo, passeio de
barco e redário.
De maneira geral, em ambas as edições observam-se através desta pesquisa que
os visitantes gostaram desta experiência e ainda acrescentariam outras atividades como
mostrado acima, ou seja, vale a partir de então, quando se pensar na atividade turística,
49
freqüente, no local, levar em consideração estas outras opções sugeridas, sejam estas de
caráter pedagógico ou não.
E por fim, o gráfico 1.14 aponta a opinião dos visitantes, da segunda edição do
almoço rural, sobre a viabilidade de implantação da atividade turística no assentamento
Nova Pontal. E observa-se que 79% consideram o assentamento Nova Pontal, a partir da
experiência que tiveram, um local viável para a pratica de atividades turística.
Gráfico 1.14: Viabilidade da atividade turística
Fonte: Arquivo LEAR, 2011
50
5.2 Visita ao Assentamento Água Limpa
No dia 04 de junho de 2011, o projeto Unesp em Campo, organizou uma visita
ao assentamento Água Limpa, em Presidente Bernardes, como atividade de pesquisa e
extensão para os membros do LEAR e para as assentadas da AMANP do assentamento
Nova Pontal, visto que este assentamento oferece um roteiro turístico, como uma
alternativa de renda, assim o grupo e a AMANP puderam confrontar idéias sobre o
turismo, perceber como funciona esta atividade em um assentamento e amadurecer a
idéia de forma pratica e lúdica.
Utilizou-se para esta atividade o ônibus da UNESP, saímos de Primavera
(distrito de Rosana) por volta das 6 horas da manhã, para facilitar o acesso das mulheres
assentadas, passamos em pontos do Assentamento Nova Pontal, previamente
combinados com estas, para pegá-las; eram mais ou menos 8 da manhã quando
chegamos ao assentamento Água Limpa.
Logo pela manhã e na estrada que levava ao lote do assentamento Água Limpa,
que nos receberia, consegue-se observar, conforme mostra a imagem 1.17, que há uma
semelhança com a estrada de acesso ao Nova Pontal, em Rosana, ambas são estradas de
terra, que em épocas de chuva, por exemplo, dificultam a passagem de carros e/ou
ônibus,o que implica diretamente a atividade turística.
Imagem 1.17: Estrada para o assentamento Água Limpa
Fonte: Arquivo LEAR, 2011
Logo pela manhã fomos recepcionados com um café da manhã, conforme havia
sido combinado com antecedência quando agendado a visita. Entretanto, este café
mostrado na imagem 1.18, não estava pronto e para que este tempo não ficasse ocioso,
os assentados anteciparam parte do roteiro e nos levaram para conhecer o lote, curral, o
sistema de inseminação artificial que eles utilizam, o sistema de irrigação e assim tirar
as duvidas do grupo, conforme as imagens 1.19 e 1.20.
51
Imagem 1.18: Mesa do café da manhã no assentamento Água Limpa
Fonte: Arquivo LEAR, 2011
Imagem 1.19: Explicação sobre a inseminação artificial
Fonte: Arquivo LEAR, 2011
Imagem 1.20: Explicação do sistema de irrigação
Fonte: Arquivo LEAR, 2011
Durante as atividades no assentamento, tivemos o acompanhamento de um guia
de turismo, um próprio assentado. Sabe-se que o guia de turismo é o responsável por
conduzir os grupos, fornecer informações e prestar assistência aos turistas, sendo eles os
mais preocupados em preservar o meio ambiente e valorizar a cultura local (cf. BRAZ,
2007).
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1.21: Assentado como Guia de Turismo durante a visita
Fonte: Arquivo LEAR, 2011
A visita ao assentamento Água Limpa incluiu atividades de lazer como trilha,
visita ao rio, visita a cachoeira, além do almoço rural oferecido no lote em que fomos
recepcionados.
A oferta turística se resumi em diversas recursos que o receptivo possui para ser
utilizadas em atividades designadas turísticas e podem apresentar as seguintes
peculiaridades: o clima, a paisagem natural, fauna e flora, bens históricos, culturais e
religiosos, além das infraestruturas, instalações de recepções e ainda a organização para
a recepção dos turistas (cf. ANDRADE, 1998).
Imagem 1.22: Trilha – Assentamento Água Limpa
Fonte: Arquivo LEAR, 2011
Imagem 1.23: Visita a cachoeira – Assentamento Água Limpa
Fonte: Arquivo LEAR, 2011
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E como um dos principais atrativos durante a visita, foi servido o almoço típico
rural do assentamento Água Limpa, momento o qual se pode, de maneira informal,
trocar informações, experiências e dúvidas sobre o local, a atividade e outros.
Barreto (2000) afirma que:
Patrimônio cultural são obras de arte no espaço, ou seja, a pintura, a
escultura e a arquitetura. Mas existem outras artes, aquelas que transcorrem
no tempo, como a dança, a literatura (o teatro incluído) e música. Também
são parte do patrimônio cultural artístico, mas, por não terem a mesma
materialidade que os anteriores, é complexa sua qualificação como “bens”,
donde sua quase permanente exclusão das preocupações oficiais com a
questão do patrimônio. Por outro lado, os seres humanos não produzem
apenas obras de artes, produzem ciência, sabedoria, máquinas, remédios,
história, vestuário, receitas de cozinha, formas de relacionar-se com os
vizinhos, enfim, hábitos, usos e costumes, entre os quais, lamentavelmente,
também estão formas de violência e destruição (BARRETOS, 2000, p. 10).
Sendo assim, a cultura é o que caracteriza uma comunidade, e no caso da
gastronomia, ao se passar de geração em geração se torna identidade (BARRETO,
2000). E este patrimônio gastronômico, em determinados casos, é um dos pilares do
desenvolvimento do turismo, por ser construído por mensagens, ingredientes e modos
de preparo determinados que revelam aos turistas um modo peculiar local (cf.
ÁLVAREZ, 2003).
Imagem 1.24: Preparo do almoço – cozinha assentamento Água Limpa
Fonte: Arquivo LEAR, 2011
Imagem 1.25: Assentadas do Água Limpa responsáveis pelo almoço servido
Fonte: Arquivo LEAR, 2011
Vale salientar aqui, conforme Moraes; Silva; Barone (2011, p. 120) “A
invisibilidade do trabalho feminino está restrita ao trabalho desempenhado pela mulher
no interior do lote: tanto na esfera de domicilio, o cuidado da casa, dos filhos (...)”.
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E esta atitude sobre o trabalho feminino, foi observada durante a visita ao
assentamento Água Limpa, visto que nossa Guia de Turismo era um homem, quem nos
recebeu era um homem, e as mulheres todo o tempo ficaram dentro da cozinha nos
preparos das refeições.
De acordo com Moraes; Silva; Barone (2011):
É muito importante pensarmos na transformação das relações de dominação
presentes no cotidiano. É um trabalho lento e que necessita de mediações. Aqui as
organizações são importantes nesta transição de apresentar para os homens e mulheres
novas formas de vivencia que não estejam arraigadas na dominação do homem sobre
sua família (MORAES; SILVA; BARONE, 2011, p. 121).
Como exemplo, o caso da AMANP, no assentamento Nova Pontal, associação
composta só por mulheres, sendo estas que planejam, organizam e executam as
atividades voltadas ao turismo. Entretanto, no assentamento Água Limpa não se
observou nenhuma associação de mulheres ou algo parecido que fortalecesse este grupo,
e pelo contrario, as atividades turísticas são planejadas, organizadas e executadas, por
um homem, de um único lote que através de “parcerias” com outros lotes e famílias
trabalham juntos.
No final das atividades no dia, foram aplicados questionários para o grupo, que
participou desta atividade, com o intuito de compreender o quanto do objetivo desta
visita foi alcançado bem como feed back desta.
O primeiro gráfico, o 1.15 nos mostra que de 14 pessoas que responderam a este
questionário, sendo parte destas assentadas da AMANP, 75% nunca tinham visitado um
assentamento que pratica atividades turística como forma complementar de renda, assim
percebe-se que esta atividade no Água Limpa teve um caráter inovador para este grupo.
Gráfico 1.15: Se já tinha visitado algum assentamento que recebe turistas
Fonte: Arquivo LEAR, 2011
Visto que para a maioria do grupo, a pratica de atividades turísticas em um
assentamento foi totalmente nova, o gráfico 1.16 nos apresenta quais foram às
percepções deles sobre esta atividade no assentamento Água Limpa.
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Gráfico 1.16: Se gostou da visita ao assentamento Água Limpa
Fonte: Arquivo LEAR, 2011
E quando questionados para justificar o porquê da escolha, foram apontadas as
seguintes respostas: Por causa do almoço oferecido, hospitalidade, troca de
experiências, nova vivência, é um lugar que merece atenção e tem tudo para dar certo,
paisagem, conhecer pessoas diferentes, conhecer lugares novos e diferentes do ambiente
que estamos acostumados, conhecer realidades do campo e as diversas dificuldades
encontradas e superadas, lazer, coisas novas sobre agricultura, vacas, irrigação e
inseminação de gado.
Segundo Tulik (2003) estas atividades caracterizam o turismo no espaço rural,
atividades que mostrem a interação entre turistas e anfitriões, atividades apoiadas ao
meio natural e humano, incluindo realidades locais, interagindo assim, com atividades
agrícolas e rotineiras da propriedade.
Os gráficos 1.17 e 1.18 nos aponta a avaliação geral sobre alguns itens gerais das
atividades no Água Limpa e ainda, em especifico, sobre o almoço servido.
Gráfico 1.17: Avaliação geral da visita ao assentamento Água Limpa
Fonte: Arquivo LEAR, 2011
Neste caso, observa-se que todos os quesitos avaliados, os mesmo tiveram
aceitação, “ótimo” ou “bom”, do grupo, o único quesito em que se apresentaram à
alternativa “regular e ruim” foi o da acessibilidade. Entretanto, se consegue justificar,
visto que a estrada de acesso até o local é de terra, igual ao acesso ao assentamento
Nova Pontal, sendo assim, épocas de chuva, por exemplo, ficaria praticamente
impossível ter acesso ao assentamento, o que dificultaria a atividade turística no local,
56
problema este também enfrentado no Nova Pontal. E outra justificativa seria a falta de
transporte de dentro do assentamento Nova Pontal, no município de Primavera/Rosana
até o assentamento de Água Limpa, no município de Presidente Bernardes, ou seja, as
assentadas teriam que ir até a rodoviária de Primavera para pegar um ônibus. Conforme
as mesmas apontaram nos questionários, caso não houvesse o transporte da UNESP o
acesso a esta atividade, no assentamento Água Limpa ficaria prejudicado, como em
tantas outras atividades que não conseguem realizar pela falta de transporte dentro do
assentamento.
O quesito alimentação apresentado no gráfico 1.17, foi o único em que 100% das
respostas do grupo foram “ótimo”, o que, também, se pode confirmar através do gráfico
1.18, onde o grupo fez uma avaliação especifica sobre aparência, higiene, sabor e
diversidade, da refeição oferecida e nota-se que em ambos os quesitos a maioria do
grupo considerou “Muito Boa”.
Gráfico 1.18: Avaliação sobre a refeição oferecida no assentamento Água Limpa
Fonte: Arquivo LEAR, 2011
A gastronomia faz parte da cultura de uma comunidade e o saber-fazer através
da pratica resgata e valoriza a culinária local, tornando assim um atrativo da atividade
turística, e muitas vezes através desta gastronomia nota-se o valor cultural do local (cf.
ÁVAREZ, 2003).
O grupo, ainda foi questionado para sobre os aspectos da visita que mais os
agradaram, e o que eles mais apontaram foi à refeição oferecida, em primeiro lugar,
seguido pelo espaço físico, Cachoeira, lagoa e atendimento, almoço bem servido,
animais e as técnicas de irrigação, infra-estrutura, atividades realizadas e hospitalidade
dos assentados, paisagem, queda do cavalo e o passeio, trilha, organização e o gado,
técnicas de inseminação.
E o último gráfico 1.19 nos aponta as respostas do grupo, quando questionados se
voltariam a realizar estas atividades do assentamento Água Limpa.
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Gráfico 1.19: Se voltaria ao assentamento Água Limpa
Fonte: Arquivo LEAR, 2011
E quando questionados para justificar a escolha, foram apontados os seguintes
motivos: Para observar algumas mudanças e progressos nas atividades, levar a família
toda para conhecer, porque gostou da recepção e dos assentados, porque sentiu que
voltou às raízes, por causa do custo baixo e o ambiente agradável, localização e
paisagem, para sair da rotina, por querer aprender sempre mais e acolhimento dos
assentados.
Desta forma, consegue-se observar que 100% do grupo voltariam, por diversos
motivos, ao assentamento Água Limpa, motivos os quais estão diretamente ligados aos
outros questionamentos, elencados anteriormente, todos satisfatórios. Ou seja, conforme
o que foi apresentado pelas respostas do grupo, esta atividade foi satisfatória e
conseguiu com que o grupo obtivesse outro olhar, diferenciado, sobre o turismo em
assentamento, a partir desta experiência.
E para finalizar o grupo, ainda, apresentou algumas sugestões, para esta atividade no
assentamento Água Limpa, sugestões como: Conhecer outros lotes do assentamento que
apresentem outras diversidades, as atividades duraram pouco tempo, passeio a cavalo,
andar de charrete, tirar leite da vaca, permanecer mais tempo nos locais visitados como
exemplo a trilha e mais lixeiras.
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6. ENTREVISTAS
Para avaliação do I e II Almoço típico rural e a Vista ao assentamento Água
Limpa, realizou-se entrevista com dois membros do projeto Unesp em Campo e com
algumas assentadas da AMANP a fim de ouvir o que estes pensam sobre estas
atividades.
A entrevista com as mulheres assentadas teve ainda um intuito de compreender
melhor o as mesmas pensam e entendem sobre turismo e se algo tem mudado a partir
destas atividades.
Abaixo segue nome, idade e outras informações gerais sobre as assentadas
entrevistadas, bem como a transcrição de cada entrevista, para algumas delas foram
feitas certas perguntas e para outras não, escolha feita de modo aleatório, a fim de ouvir
e compreender o máximo de informações de diferentes pontos de vistas.
• Maria do Rosário Pereira Procópio – 57 anos
Filhos: (X) Sim. Quantos: 07 – sete filhos ( ) Não
Estado Civil: ( ) Solteiro (X) Casado ( ) Viúvo ( ) Divorciado Outro: ______
Escolaridade: Ensino fundamental completo
Estudante? ( ) sim (X ) não
Nº. de pessoas no lote: seis
• Eusébia Maria da Silva Oliveira – 48 anos
Filhos: (X) Sim. Quantos: 02 – dois filhos ( ) Não
Estado Civil: ( ) Solteiro (X) Casado ( ) Viúvo ( ) Divorciado Outro: ______
Escolaridade: Ensino médio incompleto
Estudante? ( ) sim (X) não
Nº. de pessoas no lote: duas pessoas e um filho que vem as vezes
• Claudete Soares Brandão Santos – 44 anos
Filhos: (X) Sim. Quantos: 02 filhos ( ) Não
Estado Civil: ( ) Solteiro (X) Casado ( ) Viúvo ( ) Divorciado Outro: ______
Escolaridade: Ensino médio completo
Estudante? ( ) sim (X) não
Nº. de pessoas no lote: três
• Leopoldina Ganâncio dos Santos – 42 anos
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Filhos: (X) Sim. Quantos: 03 filhos ( ) Não
Estado Civil: ( ) Solteiro (X) Casado ( ) Viúvo ( ) Divorciado Outro: ______
Escolaridade: Ensino fundamental completo
Estudante? ( ) sim (X) não
Nº. de pessoas no lote: cinco
• Maria Cirlene Vieira Ganâncio – 44 anos
Filhos: (X) Sim. Quantos: 03 filhos ( ) Não
Estado Civil: ( ) Solteiro (X) Casado ( ) Viúvo ( ) Divorciado Outro: _____
Escolaridade: Ensino fundamental completo
Estudante? ( ) sim (X) não
Nº. de pessoas no lote: cinco
Pergunta: Quais atividades remuneradas que você desenvolve no lote, de
maneira geral?
Claudete: Olha eu trabalho aqui na feira, né, vendendo meus produtos e trabalho aqui no
sitio, né, trabalho na horta, colhendo café, torrando café pra mim vender.
Leopoldina: Eu mais assim, em casa mesmo, em horta, né, as vezes assim também nois
colhe muito mandioca, tem dia que é o dia todo só fritando mandioca e cortando, mais
essas coisas de agricultura.
Maria Cirlene: Eu também trabalho com horta, né, essas coisas de agricultura, com a
minha cunhada, nois vai fazer um serviço é tudo junto, grupado.
Observa-se que entre essas mulheres que fazem parte da AMANP, as atividades
remuneradas que elas citaram como sendo atividades que contribuem financeiramente
no orçamento da família, foram atividades agrícolas, ou seja, nota-se que não foi citado
em nenhum momento atividades não-agrícolas, como artesanato, pesca e/ou até mesmo
atividades turísticas.
Pergunta: Desde quando você participa do Almoço típico rural realizado pela
UNESP?
Claudete: Ta com o que? Dois anos que nois começamos nossa associação, né?
Leopoldina: Foi desde o primeiro, né, sempre, acho que já faz uns três anos ou mais.
Maria Cirlene: Faz um três anos, desde a primeira vez que teve.
Pergunta: Qual é sua atividade/participação dentro do Almoço rural?
Claudete: Olha, o trabalho é divido, uma ficam na limpeza, outras ficam pra trabalha na
cozinha, outras ficam pra quando termina a atividade, né, fecha a escola, assim.
Leopoldina: Eu fico na cozinha, né, faz tudo que precisa.
Maria Cirlene: A gente trabalha na cozinha, né, preparando tudo.
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A partir de então, percebe-se que as atividades dentro do assentamento Nova
Pontal, como o almoço rural vem acontecendo desde quando se iniciou a associação e
que o trabalho delas são divididos e que elas se organizam conforme a necessidade e
que, independente, se ajudam em todas as partes.
E ainda, elas foram questionadas sobre o elas pensam sobre estas atividades,
conforme mostrado abaixo.
Pergunta: O que você acha destas atividades desenvolvidas?
Claudete: Nossa, eu acho divertido, legal, ajuda muito as pessoas aqui.
Leopoldina: Ai, eu acho que é muito importante, né, eu acho que ajuda muito a
associação das muié, né, a participação da Unesp, aqui pra nois, eu acho muito
importante.
Maria Cirlene: Acho importante, e ajuda bastante a associação, né, porque assim, a gente
sente que alguém ta pensando na gente aqui, porque a Prefeita nada, a gente a muito é
esquecido aqui, então nois acha assim, que a Patrícia vem, parece que anima, sabe,
associação e tudo, né, com esses almoços.
Assim, consegue-se observar que estas atividades desenvolvida pelo Unesp em
Campo, são observadas de modo positivo e ajuda a associação a se organizar, não só
para receber o turismo, como organizar internamente.
Aqui vale concordar com Dencker (2002) quando diz que:
O que podemos perceber é que o conhecimento, à proporção que é
incorporado pelo individuo, transcende as fronteiras nas quais foi
concebido e incorpora os valores e vivencias socioculturais transformandose em diferentes leituras, transformando-se em novas unidades de
conhecimento (DENCKER, 2002, p. 34).
Pergunta: O que é turismo pra você:
Maria do Rosário: O turismo, no meu ponto de eu ver, eu acho uma coisa muito
interessante, muito boa pras pessoas, que principalmente pessoas que moram em cidade
grande, que não tem, né, aquele, aquela liberdade que nos temos aqui, to dizendo o
turismo, mas é a gente aqui, o nós aqui, é uma parte, então eu acho uma coisa boa e se
realmente tem projetos de se trabalhar na área do turística aqui em Primavera, então eu
acho uma coisa boa.
Eusébia: Pra mim, se a gente conseguisse implantar o turismo aqui dentro, seria a
melhor coisa, porque ai a gente ia pode vender as coisinhas da gente, a gente ia conhecer
gente diferente [...] então pra mim se ele se instalasse aqui dentro seria ótimo, a gente
luta pra isso e já faz tempo.
Claudete: Eu vejo assim, o turismo eu acho que a gente tem que branja bastante, né,
assim, por exemplo, nois aqui tem que sai mais e faze visita pros lugar, assim, igual aqui
tem o rio, né, igual vocês vem pra cá, né, eu acho legal vocês vim pra cá e a gente, por
exemplo aquela outra vez, que nois veio e fico tudo envolta do rio, né, foi assim, tipo de
uma aula que nois fizemos, né, foi bem gostoso.
Leopoldina: Eu não conheço muito, sabe, que quando tem alguma coisa nois só fica na
cozinha mesmo, lá dentro e não teve nem palestra, que colocou, então, eu não entendo
muito, tinha que ter uma explicação melhor pra eu entender direito.
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Maria Cirlene: Eu não entendo muito, eu também, a gente não entende muito, né, quando
a gente fala o turismo, né.
A partir deste questionamento, consegue-se notar que, mesmo com os encontros
que o projeto realiza com as assentadas antes das atividades acontecerem, como o caso
do Almoço rural, e também, outros encontros, de diversas outras atividades do projeto,
observa-se que ainda não esta totalmente esclarecido e/ou exemplificado para as
assentadas o que é turismo, contudo, não se pode desconsiderar ou considerar, em total,
que as atividades não tenham tido valia. O turismo para estas assentadas vêm como uma
novidade, ou uma atividade totalmente nova e desconhecida, e sendo assim, ainda devese levar em consideração o pré-conceito que já existe para as assentadas sobre o
turismo, e que falar, compreender, planejar e executar atividades turísticas não se faz do
dia para noite, este é um trabalho continuo.
Pergunta: Quais as vantagens e/ou desvantagens do turismo?
Maria do Rosário: Perfeito, perfeito nunca vai ser tudo, né, vai ter algumas coisas sim
que vai trazer algumas complicações sim, varia com as pessoas, tipos de pessoas, né,
com o turismo, você vai receber todos os tipos de gente, né, mais tudo você tem que
adaptar, né.
Eusébia: A maior vantagem o desenvolvimento, eu acho. E Desvantagem? Eu acho que
não tem, nenhum, do meu ponto de vista não.
Claudete: Vantagem e desvantagem [...] ai como eu posso expricá? Eu acho assim, que a
vantagem é que a gente aprende muita coisa, né, do turismo e a desvantagem, é quando
não, a gente não tem assim, quando as pessoas não vem visitar a gente, a gente fica
muito triste, a gente queria que isso acontecesse mais, mais vezes, né, porque é bom a
gente se ajuntar assim, pra troca experiência.
Leopoldina: Eu acho vantagem, pra mim é muito importante, porque sempre que tem uma
visita, sempre a gente tem, né, a gente sai, tem uma participação, tem um encontro,
encontra outras pessoas, varias pessoas, tipo diferente, né, convivente assim (interrupção
– E você vê alguma desvantagem?) Eu acho que não, ao meu modo de pensar não.
Maria Cirlene: Nos conheceríamos pessoas, sairia um pouco e acho que só.
E a partir deste questionamento, conseguimos afirmar o que já havia afirmado
anteriormente, estas atividades do Unesp em Campo, fazem parte de um processo
continuo que conforme as assentadas vão compreendendo o que vem a ser o turismo,
conseguirão compreender as vantagens e desvantagem da atividade e assim, saberão de
fato se é valido, para a realidade delas, investir nesta atividade ou não.
Abaixo segue nome e idade dos entrevistados que fazem parte do Unesp em
campo, bem como a transcrição de cada entrevista.
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• Rodrigo Pereira da Silva – 21 anos (Bolsista BAAE I do Unesp em Campo
desde 2011).
• Isabela Marcantonio Dias – 21 anos (Voluntária do Unesp em Campo desde
2010).
Entrevista – Almoço típico rural
Carolina: De um modo geral, o que você achou do Almoço Típico Rural? Levando
em consideração o dia todo no assentamento, visita aos lotes, conversa com os
assentados, o almoço, enfim todas as atividades.
Isabela: O almoço rural foi uma atividade que conseguiu expor parte da diferença
existente entre campo e cidade, permitiu conhecer um pouco do dia a dia no meio rural, a
história de algumas pessoas assentadas no local, bem como, o processo de fazer garapa,
a secagem do grãos de café e o tempero especial da comida feita pelas mulheres da
associação. De maneira geral, acredito que atividades como essa nos permite conhecer e
pensar as diferenças existentes dentro de um mesmo município, e pensar como lidar com
elas para a prática e/ou implantação da atividade turística. O saber local, os costumes e
o modo de fazer, seja a comida, a garapa, ou o doce, determinam as características
singulares que a comunidade possuí e demonstram de maneira sutil os sonhos e desejos,
dessas pessoas com as quais podemos conversar.
Carolina: Cite algo que, em seu ponto de vista, precisasse melhorar?
Isabela: Talvez, fosse interessante pensar o almoço rural a partir de um diagnóstico rural
participativo, ou seja, trabalhar oficinas com essas mulheres para que elas conheçam seu
espaço, e selecionem o que elas mais acham interessante, proveitoso mostrar, de modo
que elas se reconheçam naquele espaço e possam "participar" da organização. Quanto
as atividades acho que elas devem ter um cunho educativo, capaz de proporcionar aos
estudantes uma avaliação social, econômica, ambiental e até mesmo política, sobre esse
lugar. E por fim, acredito que a mescla de projetos e/ou instituições na faculdade, bem
como a aliança entre professores, é muito mais proveitoso e produtivo, como o que
aconteceu no primeiro almoço rural, onde o pessoal do GRUTAS foi de bike, talvez, se
eles fossem de bike, mas tivessem uma orientação anterior sobre a história do lugar, ou
sobre pontos específicos do caminho, se tornaria mais interessante.
Carolina: Como você vê o turismo em espaços de reforma agrária, como um
assentamento?
Isabela: Acho essa questão um tanto quanto delicada, acredito que pensar o turismo em
qualquer espaço, é difícil, mas, os assentamentos trazem consigo uma dificuldade maior,
a essência que lhes é dada, de que devem ser somente agrícola, bloqueia a idéia de que
eles também podem pensar em outras alternativas, até mesmo porque, a agricultura hoje,
em muitos casos, não é suficiente para manter a família no campo. Contudo, para que
essa atividade respeite e esteja dentro dos limites sustentáveis e de respeito social, é
preciso em primeiro lugar que a comunidade queira, ou seja, que ele seja pensado e
planejado junto aos principais interessados, acredito então, que nesses espaços, o
turismo deve ser de base comunitária.
Carolina: A partir desta sua experiência, você acha viável o turismo como
alternativa de renda, para o assentamento Nova Pontal? Justifique.
Isabela: Acredito sim que o turismo é uma alternativa de renda viável, contudo, como já
disse na questão anterior, ele só se tornará viável, aplicável e obterá sucesso se for
63
pensado de forma comunitária. Assim sendo, é necessário que haja um interesse dessa
comunidade em desenvolver o turismo, se houver, aí sim trabalhar com o diagnóstico
rural participativo, com oficinas, de modo que a comunidade se conheça ou reconheça e
ela pense a melhor forma de desenvolver a atividade, a partir de seus conhecimentos,
anseios e sonhos. Pensar o turismo no gabinete e tentar colocá-lo em prática no campo,
não trará resultados concretos, nem duradouros.
Entrevista – Visita ao assentamento Água Limpa em Presidente Bernardes
Carolina: O que você achou da visita ao assentamento?
Rodrigo: A visita foi bastante interessante, dentro do propósito, sobretudo pela
possibilidade de troca de experiências entre os assentados do próprio local e de Rosana.
Quanto às atividades desenvolvidas, sobretudo às refeições servidas, essas permitiram
um verdadeiro retornar no tempo através dos pratos, da forma de por e convidar a mesa,
característicos do campo. De modo geral, a organização e a articulação existente, por
parte dos assentados que ofertam as atividades são visíveis.
Carolina: Sobre a atividade turística que é desenvolvida no assentamento Água
Limpa, qual a sua opinião?
Rodrigo: As atividades de cunho turístico, desenvolvidas durante a visita foram atrativas,
sobretudo em relação aos recursos naturais que dispõe o assentamento, más creio que o
elemento cultura, saberes e fazeres locais poderiam ser mais bem aproveitados, visto que,
quando o turista busca o contato com o campo, não busca apenas o (re) contato com a
natureza, más também um reviver de sua história de vida, com as características e
práticas comuns do campo.
Carolina: Você acha que há como comparar a atividade turística de Presidente
Bernardes, com o caso do assentamento Nova Pontal, em Primavera?
Rodrigo: A tentativa de comparação é interessante, ao passo que adaptações e melhorias
possam ser feitas para ambos os casos, más o Assentamento Nova Pontal tem condições,
recursos e potencial para desenvolver e ofertar atividades ligadas ao turismo, como a
visitação, contemplação, intercambio cultural, entre outras, visto que, também dispõe de
recursos naturais atrativos, no caso do rio, bem como, práticas tradicionais que podem
ser (re) valorizadas, em especial, no que tange à gastronomia típica e aos produtos
locais.
Carolina: Como você vê o turismo em espaços de reforma agrária, como um
assentamento?
Rodrigo: Como uma alternativa não-agrícola de geração e complementação de renda,
melhoria da qualidade de vida e manutenção do homem nesses espaços, desde que,
pensada conjuntamente com os seus maiores interessados – assentados – e formatada
para agregar valor à esse espaço, bem como, ao município, enquanto potencial e passível
de desenvolvimento com e para o turismo, sobretudo, com relação à determinadas
modalidades turísticas, como o turismo de pesca, onde, em geral, o pai se desloca com a
família e passa boa parte da estada no local desenvolvendo essa atividade e a mãe e os
filhos acabam por não se integrarem, efetivamente, com o local, os moradores, as
peculiaridades e atrativos.
Carolina: A partir dessas experiências, das atividades do Unesp em Campo,
com a AMANP, você acha viável o turismo como alternativa de renda, para o
assentamento Nova Pontal? Justifique.
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Rodrigo: Sim, como dito anteriormente, esse local e seus moradores possuem condições,
recursos e atrativos naturais e histórico-culturais, ainda que menos favoráveis, em
relação a outros assentamentos visitados considerando a proximidade das cidades,
estrutura básica e de apoio à atividade, por parte do município em que está inserido este
assentamento, entre outros fatores para tentar visualizar e conceber atividades ligadas à
visitação turística, com seus vários focos, entre a prática pedagógica, lazer, educação
ambiental, a gastronomia, a compra de produtos típicos locais e/ou a simples
contemplação das paisagens e dos recursos naturais.
Assim, a partir destas duas entrevistas acima, sobre o almoço rural e sobre a
visita ao assentamento Água Limpa, pode-se compreender, através de membros do
próprio projeto que a atividade turística no espaço rural é sim, possível e viável, a partir
do momento em que a comunidade receptora também esteja a fim de encarar esta
alternativa. E que em ambas as atividades que foram desenvolvidas, os mesmos
consideraram seus objetivos positivos e se vale pensar no turismo no Nova Pontal como
um alternativa de renda não-agrícola.
Entretanto, a partir destas entrevistas, consegue-se observar e concordar que o
turismo sim é uma alternativa viável para o Nova Pontal, contudo, ainda falta
amadurecer esta idéia entre os assentados, do que é turismo, como vai funcionar, o que é
bom ou ruim, que esta atividade não pode substituir atividades cotidianas e a partir de
então, os próprios assentados, descobrirem se vale ou não esta atividade.
65
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir do questionamento inicial desta pesquisa sobre as reais possibilidades de
pequenas comunidades rurais se tornarem protagonista dessa prática e se o turismo no
espaço rural é uma alternativa viável de renda complementar não-agrícola para o
assentamento Nova Pontal; buscou-se através do estudo de três atividades do projeto de
extensão Unesp em Campo, se justificar possíveis respostas a estas indagações.
Neste sentido vale considerar algumas características levantadas e observadas
durante a pesquisa.
Quando levantado, analisado e discutido sobre as atividades denominadas de I e
II Almoço típico rural consegue-se observar que perante os alunos participantes, de um
modo geral, esta atividade teve caráter positivo, visto a aprendizagem durante o dia,
atividades recreativas, gastronomia local, preço, hospitalidade e contato com a natureza,
fuga da rotina e outros. Entretanto os mesmos conseguem de forma positiva sugerir
outras atividades de lazer, e ainda, questionam a infraestrutura do local e a
acessibilidade até o assentamento, item este ligado diretamente ao turismo, visto que o
acesso até o Nova Pontal se dá por uma estrada de terra, que em épocas de chuva, como
já citado, impossibilita a passagem de ônibus, por exemplo.
Já quando em entrevista com as assentadas da AMANP, sobre as atividades
realizadas pelo projeto no assentamento, observa-se que as mesmas afirmam que gostam
da atividade, acham interessante, participam desde a primeira edição, contudo, nestas
mesmas respostas elas não nos passaram o que elas vêem de importância e no que estas
atividades auxiliam no seu cotidiano, isso, também, não quer dizer que elas não achem
importante ou que nada tem mudado a partir destas atividades. Pois consegue-se
observar que durante a entrevista, quando questionadas sobre vantagens e desvantagens
do turismo, uma assentada nos responde que como desvantagem ela sente falta de
quando não há pessoas para visitá-los, ou seja, nota-se através de pequenas respostas e
observações as mudanças, mesmo que estas não estejam explicitas nas falas.
No caso da atividade de visita ao assentamento Água Limpa, em Presidente
Bernardes, nota-se através da pesquisa realizada com os participantes desta atividade
que a mesma foi positiva, eles gostaram do roteiro oferecido, voltariam ao local,
contudo, no dia da visita, consegui observar certo interesse das assentadas da AMANP
sobre assuntos relacionados a agricultura e gado, ou seja, nota-se que apesar da
atividade ter sido direcionada ao turismo que existe naquele assentamento, as mulheres
66
da AMANP, ainda, se interessam por assuntos que estão mais ligados ao seu dia a dia
no campo. Não quero afirmar aqui que elas não tenham absorvida nada sobre as
atividades turísticas lá desenvolvidas, pois quando aplicado o questionário no final da
atividade, na pergunta sobre o que acrescentariam no roteiro, por exemplo, observa-se
que nestas respostas sugeriu-se atividades que não são realizadas e que poderiam
acrescentar no local, ou seja, isso permitiu notar que mesmo elas tendo maior interesse
por outras atividades, elas conseguiram absorver algumas coisas sobre as atividades
turísticas.
E ainda, de acordo com as entrevistas realizadas com dois membros do projeto,
notou-se que para ambos, a atividade turística em assentamento é uma atividade viável
como uma alternativa complementar de renda, ou seja, que venha agregar valor e não
substituir as atividades já existentes.
Mediante a estes apontamentos, considera-se que para que a atividade turística
seja viável para o assentamento Nova Pontal e que esta pequena comunidade rural possa
gerir e se beneficiar com o turismo é necessário, que se leve em consideração o que a
própria comunidade pensa sobre o assunto, como ela vê e se a mesma tem esta vontade,
pois conseguiu-se observar que todos que participaram das atividades dos almoços
rurais, bem como os membros do projeto acreditam na viabilidade do turismo no
assentamento Nova Pontal, visto a pró-atividade das assentadas perante as atividades,
independente de fatores como acessibilidade, fator este que deve ser sim levado em
consideração, contudo, ainda assim, a cultura que estas assentadas nos passa é de que
esta idéia ainda não esta amadurecida e esclarecida o suficiente para que os mesmo
consigam organizá-la e gerir. Ou seja, a partir das pesquisas aqui realizadas e
entrevistas, considera-se o turismo no espaço rural, sim, uma alternativa complementar
de renda não-agrícola para o assentamento Nova Pontal. Contudo, diante o atual
momento, não se considera que esta pequena comunidade rural, consiga ser o
protagonizador desta atividade, vistos as considerações acima.
Por fim, não espera-se que aqui se esgote o assunto e se de por concluído os
resultados aqui apontados, até mesmo porque, este não é o intuito da pesquisa e, ainda,
há necessidade de pesquisas mais direcionadas, focadas para o assuntos ligados
diretamente ao planejamento do turismo, como se questionar mais sobre acessibilidade,
infraestrutura, capacidade de carga e outros.
O intuito da pesquisa foi o de avaliar estas três atividades de extensão do
projeto Unesp em Campo e a partir de então, se pensar se estas tem influenciado o
67
cotidiano das assentadas e se através destas atividades existe a viabilidade da atividade
turística no local. Sendo assim, vale salientar que estas atividades do projeto de
extensão não são atividades insubstituíveis, nem tão pouco, atividades imutáveis, estas
são atividades flexíveis e que fazem parte de um processo continuo, sendo este só o
começo.
68
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