Turma do Oceano / TCT
Educação Infantil
Relatório do Primeiro Semestre de 2007
Turma
Ana Luisa Travassos Porto Alegre
André Guilherme Chaves Santos
Andrei Megre Souto
Anna Laura Alves de Oliveira
Felipe Stelet Fernandes Carlos
Filipe Xavier Ferreira de Sá
Gabriel Braga Goldenstein
Gabriel Monteiro Sampaio
Guilherme Coutinho Herszage
Julia Weinman
Luísa Lunière Jefferson
Marina Barbosa da Silva Vilela
Miguel Herzog
Nina Paulo Tetü
Nina Simões Pires Fragale
Rafael Sivieri Arruda Prado
Rafaela Morosini Menezes
Rodrigo de Almeida Schultz
Tereza Dutra Reis de Moura Neves
Professores e
Auxiliares de Turma
Alessandra Rabello de Almeida
Jean Philippe T Conilh de Beyssac
Luciana Saldanha
Roberta Porto da Silva
D
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escobertas, novidades, muito envolvimento e curiosidade permearam os dias
dessas dezenove crianças tão queridas e, também, os nossos projetos.
A Turma vem se fortalecendo e se constituindo como um grupo através do
trabalho diário de compreensão e respeito às regras e limites e da introjeção de
comportamentos tão importantes como aprender a ouvir, ceder e aceitar o outro. Com
nossa mediação intensa, com constância e disponibilidade, vislumbramos um grupo
organizado que conquistou um bom nível de produção, não só coletiva como individual.
Crianças que vêm descobrindo afinidades e que puderam, ao longo do semestre, inaugurar
parcerias e amizades.
É uma turma unida e contente com sua rotina, na qual encontram espaço para crescer,
trocar, se expressar, explorar e construir. E como os projetos de pesquisa vão acontecendo
à medida em que o grupo se interessa por um determinado assunto que poderá surgir de
diferentes maneiras, nós, professores, que também fazemos parte dessa história, podemos,
também, trazer nossas sugestões para o grupo. Foi assim que tudo começou.
Depois de analisarem diferentes tipos de mapas e de muita conversa sobre o continente
americano, tema do Projeto Institucional deste ano, as crianças escolheram estudar a
América do Sul. Ficaram encantadas ao descobrirem que quando vão às praias cariocas
mergulham no Oceano Atlântico. Diante dessa preciosa informação, decidiram o nome da
turma: Oceano.
Juntando nossas idéias e desejos resolvemos conhecer algumas características da fauna e
flora marinhas e as histórias dos navegantes que atravessaram o Atlântico e o Pacífico em
busca de novas terras.
Livros de literatura, enciclopédias, DVDs, fotos, jornais e objetos de artes foram fontes de
consultas e de aprendizado.
A partir desse material, muitas questões começaram a ser discutidas: O que comem esses
animais? Como vivem? Por onde respiram? Como se defendem de seus predadores?
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Para esclarecer algumas
dúvidas fomos à praia da
Urca encontrar o biólogo
Edie, do Projeto Espaço e
Vida e conhecer um pouco
mais da vida marinha do
Oceano Atlântico.
"Quando nós chegamos à
praia vimos o Edie
mergulhando. Ele apanhou
no mar muitas coisas prá a
gente ver.
Tinha caranguejo e siri.
Descobrimos que eles têm as patas diferentes: o siri tem duas patas atrás, que parecem
um remo, e com elas consegue nadar rapidinho. Ele também pegou cavalos marinhos e
disse que a Baía de Guanabara é cheia deles.
O pepino do mar fez cocô na nossa frente, e quando o Edie quebrou a esponja do mar
vimos vários siris pequenininhos que moravam ali. Aprendemos que não tem problema
quebrar a esponja, pois ela cresce novamente, igual à estrela do mar.
O biólogo colocou um ouriço na sua boca, dentro da roupa e até penteou o cabelo com ele.
Nós mexemos em tudo, menos no baiacu, pois seus espinhos espetam muito.
No final do passeio fomos à beira da água soltar alguns bichos". (Texto Coletivo).
A Turma do Oceano mergulhou fundo em suas pesquisas sobre a fauna e a flora marinhas.
Assistiram à animação "O velho e o mar", um pequeno documentário sobre o Oceano Ártico
e apreciaram pinturas de paisagens marinhas de diferentes artistas.
Diante desses materiais, dramatizaram e brincaram de marinheiros, navegantes,
pescadores e criaram, com diversos materiais de artes, os ambientes marinhos.
P
rocuramos contribuir para a formação da sensibilidade das crianças, o que
significou incentivar e criar oportunidades para que se expressassem, ampliassem
e enriquecessem suas experiências, aumentando suas possibilidades de
interlocução e entendimento das diferentes realidades que os cercam.
Inúmeras possibilidades de trabalho foram surgindo e os ventos acabaram sobrando em
direção às histórias dos navegantes espanhóis e portugueses.
Para ilustrar nossas pesquisas sobre as grandes navegações, assistimos a trechos do filme
"1492- Em busca do Paraíso", de Ridley Scott, que mostra a viagem e a chegada de
Cristóvão Colombo à América.
No passeio que fizemos ao Centro Cultural da Marinha, as crianças visitaram um submarino
museu e viram alguns objetos que apareceram no filme, como o astrolábio e a ampulheta,
além de diferentes tipos de ancora.
Já bastante apropriados desse universo marítimo, embarcamos nas aventuras da Nau
Catarineta. Conhecemos sua tripulação, analisamos esse tipo de embarcação e decidimos
montar um teatro. As crianças buscaram inspiração para seus personagens e fantasias
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quando assistiram ao espetáculo "As aventuras e Desventuras da Nau Catarineta", do
grupo Os Sobrados Companhia Teatral, na Pereirona. Foi uma tarde muito especial para a
criançada que, no final do espetáculo, fez comentários sobre o cenário e as características
dos personagens e, em coro, anunciou: Nós não gostamos, nós amamos! Os atores iam
gostar de ver o nosso teatro também!"
Pudemos analisar e perceber que as crianças já têm suas próprias impressões, idéias e
interpretações sobre a produção de arte e o fazer artístico. Suas construções são
elaboradas a partir de suas experiências ao longo da vida, que envolvem a relação com a
produção de arte, com o mundo dos objetos e com o seu próprio fazer. Exploram, sentem,
agem, refletem e elaboram os sentidos de suas experiências e, dessa forma, constroem
significações sobre como se faz, o que é, para que serve e muitas coisas mais a respeito
de arte.
E
ra hora de finalizar o projeto e dividir com a comunidade escolar tudo que fora
aprendido. Na Festa Pedagógica apresentaram a coreografia que elaboraram nas
aulas de Expressão Corporal para a música "Ora Bolas", de Paulo Tatit, a peça
"Nau Catarineta" e uma bela exposição de artes.
Acreditamos que quando as crianças criam com linhas, cores, palavras, gestos,
movimentos e sons, desenvolvem uma atividade que está diretamente ligada à
necessidade de construir um conhecimento do mundo e de comunicar esse conhecimento a
outros.
"Truléu, léu, léu,
Truléu da Marieta
Que nós somos marinheiros
Desta Nau Catarineta...
Domínio Público
Depois de tanto navegar, a turma do Oceano ancorou em terra firme, no Peru. Assistiram a
um documentário do Vídeo Escola sobre Macchu Picchu e levantaram algumas questões
sobre a cidade construída pelos Incas: Como eles fizeram os muros? O que eles comiam?
Lá tem muita ovelha? E lhama? O que eles usavam para montar as casas? No Peru tem
neve? Tem praia?
Durante nossa viagem respondemos às perguntas das crianças e começamos a desvendar
os mistérios deste lugar depois que recebemos uma caixa com um bilhete: Cuidado Frágil.
A criançada, muito curiosa, arriscou um palpite: essa caixa está cheia de coisas do Peru!
Um cartão revelou o mistério: Tetê mandou o presente cheio de lembranças e objetos do
país que escolhemos estudar. Aos poucos, o conteúdo foi sendo desvendado e, com ele, a
história e a cultura peruana. Instrumentos musicais e peças feitas de argila, palha e lã
encantaram a todos.
Também proporcionamos um ambiente alfabetizador trazendo a língua, com toda a sua
riqueza e complexidade para a sala de aula, não esquecendo a sua função social e
incentivando as crianças a participarem de momentos produtivos e significativos. É através
dessa ampla e contínua participação que conseguem compreender o porquê da escrita ser
tão importante em nossa sociedade.
Rodas de conversa, construção de textos e de histórias coletivas, atividades de leitura e
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escrita espontânea, planejamento
das salas do dia, foram algumas
das situações que vivemos em
nossa rotina escolar.
Assim como a língua escrita, os
números estão presentes em
nosso cotidiano. Na intenção de
que as crianças pudessem
levantar hipóteses a respeito da
leitura e escrita dos numerais e,
pouco a pouco, se aproximassem
das regras do nosso sistema de
numeração, procuramos trazer situações que favorecessem essa reflexão. A possibilidade
de fazer registros de situações vivenciadas pela turma, o contato com a seqüência
numérica com as ações de acrescentar, retirar, repartir com diversos materiais e em
diferentes contextos foram importantes para as crianças construírem algumas idéias a
respeito dos números.
Aqui está um pequeno recorte de como foi intenso e prazeroso o trabalho desse grupo tão
empreendedor.
Música
_________________________________________________________
A
Turma do Oceano começou sua jornada por mares nunca antes navegados e as
crianças embarcaram na onda. Pudemos contar a história de Manuel, um menino
que sonhava ser marinheiro. Sua infância era embalada por cirandas praieiras e
antigas canções marítimas e conheceu o seu destino sendo enfeitiçado pelo canto das
sereias. Com uma dobradura de barco que já tinha sido o chapéu do marinheiro, surgiu,
boiando, o único testemunho da história, a camisa de Manuel. "Manuel tu não te
embarques / Que eu te quero sustentar / Tiru-léu, léu, léu / Que eu te quero sustentar",
apelava sua mãe temerosa dos perigos do mar. E assim foi se firmando o nosso desejo de
montar a Nau Catarineta. Esse folguedo vem se juntar às cheganças e marujadas,
revelando textos tragicômicos originais e muita ligação musical com os colonizadores
lusitanos e espanhóis. "Truléu, léu, léu / Truléu da Marieta / Que nós somos marinheiros
dessa Nau Catarineta". Em meio à fome que habitava o convés dos navios, muitas solas de
sapato viraram ensopados e pareciam contribuir para o clima fantástico das jornadas. Para
nossa montagem, contamos com o Tambor Mar, tarol recheado de contas que imitam as
ondas do mar. Um Roi-roi também foi indispensável na sonoplastia para levantar as velas.
Até as nossas batalhas puderam ser mais sonoras e divertidas com as espadas de madeira
emprestadas de uma antiga montagem de Guerreiros, folguedo que remonta aos conflitos
entre mouros e cristãos e nossas origens ibéricas. "Quem te ensinou a nadar / Foi os
peixinhos do mar / Ei nós que viemos de outras terras de outro mar/ Temos pólvora chumbo
e bala / Nós queremos é guerrear".
Talvez influenciados pelo mar do Caribe, alguns sucessos latinos nos chegavam aos
ouvidos. Música como La Bamba, que pedia não confundir marinheiro com capitão. Em
outros momentos uma Cucaracha passeava pelo nosso convés. "La Cucaracha, ya no
puede caminar". Nesse ponto, demos continuidade ao trabalho com os instrumentos,
iniciado no carnaval, buscando conhecer alguns de origem latina, de timbres diferenciados
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mas parecidos com outros conhecidos da gente. Foi o caso do Guiro, instrumento de
cabaça parecido com o reco-reco de bambu e a campana, similar do cowbell, primo do
nosso agogô. Algumas maracas também sacudiram as nossas performances.
As crianças tiveram muito prazer na montagem da Nau Catarineta, foi bacana vê-los cantar,
como autênticos marinheiros, pedindo bons ventos. "Vamos ver a Barca Nova / Que do céu
caiu no mar / Nossa Senhora vem dentro / Com seus anjinhos a remar / São José seja o
piloto / E São Joaquim o capitão / E Maria mãe da graça / Olerelerelere/ Que é a Mãe da
Consolação".
Nesse momento aproveitamos para contar algumas histórias musicadas sobre as festas de
São João, seu boizinho encantado, Pai Francisco e Catirina. E é claro muita quadrilha!
Expressão Corporal
_________________________________________________________
omeçamos em roda, nos apresentando, apresentando os amigos, conversando
sobre a aula, sobre o corpo. Fomos acordando-o devagarzinho, com cuidado,
aquecendo-o e preparando-o para os estímulos que estavam por vir.
Trabalhamos o esquema corporal (Corpo Vivido), nomeando suas partes, dissociando os
membros e trabalhando-os separadamente. Andamos pela sala de diferentes maneiras,
explorando o espaço e as diferentes possibilidades motoras, brincando com o nosso eixo e
equilíbrio. Nesse primeiro encontro, pudemos perceber o quão ágil é essa turma. As
crianças respondem muito rápido a todos os estímulos e produzem de uma maneira muito
satisfatória.
C
Com a proximidade do Carnaval, criamos as nossas fantasias utilizando roupas e
acessórios do baú da escola. Fantasiados, dançamos ao som das marchinhas, do samba e
do frevo, criando poses carnavalescas bem divertidas. Com duas imagens distintas, uma de
um bloco de rua e outra de um grupo de frevo, dividimos a turma em dois grupos pedindo
que cada um reproduzisse uma das imagens, corporalmente. Queríamos fazer com que as
crianças se organizassem espacialmente.
Trabalhando o ritmo, improvisaram ao som de trilhas de espetáculos do Grupo Corpo.
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Criaram movimentos lindos e estavam extremamente atentas às mudanças rítmicas.
Novamente dividimos a turma em dois grupos: um criava, outro observava. Desse modo,
puderam acompanhar a experimentação do outro. Estabeleceram-se com isso dois pontos
de vista: o de produtor e o de espectador.
Ao nos aproximarmos do projeto da turma, mantivemos as improvisações com a música
"Ora Bolas" com o intuito de esboçarmos uma coreografia. A idéia era que as crianças,
enfileiradas, criassem movimentos; e que cada fila fosse simulando o movimento de uma
onda do mar, deixando em evidência a fila seguinte. Dinâmicas foram apresentadas para
que pudéssemos marcar o ritmo da música e experimentar movimentos de ondas com o
corpo. Depois, dividimos a turma em quatro grupos e cada um ficou responsável por uma
estrofe da letra da canção. Para nossa surpresa, no final da aula, tínhamos a coreografia
quase pronta e um pedido insistente das crianças: apresentar na Pereirona! Essa turminha,
mesmo sendo muito agitada, é um grupo extremamente criativo. Em um segundo encontro
continuamos as improvisações e terminamos nossa coreografia.
Na agitação peculiar das crianças, tentamos estabelecer a observação e a escuta como
prioridade. Brincamos de manipular o corpo do outro. Em roda, uma criança se colocava
como estátua, enquanto as outras, uma a uma, manipulavam, cuidadosamente, o corpo do
amigo, colocando-o em posições inusitadas. Observar tal manipulação, ter cuidado ao
tocar, permitir o toque do outro, mesmo que muitas vezes com aquela risada nervosa,
envergonhada, nos fortalece como grupo, cria intimidade aproximando os que estão
distantes.
Trabalhamos em circuitos variados, com ou sem a utilização de materiais como o bolão, o
túnel, os colchonetes, as pranchas de equilíbrio, as pernas de balde etc, vivenciando
diferentes possibilidades motoras e qualidades de movimento.
Terminamos o semestre satisfeitos e orgulhosos das conquistas dessa turma.
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TCT - Tarde - Escola Sá Pereira