XV CONGRESSO BRASILEIRO DE SOCIOLOGIA 26 a 29 de julho de 2011 | Curitiba (PR) Grupo de Trabalho: GT 29 Título do trabalho: Os administradores em comum: uma análise comparada dos capitalismos Europeus em rede Autor: Davide Carbonai Professor adjunto na Universidade Federal do Pampa; e-mail para contato: [email protected] Resumo: os capitalismos contemporâneos são formalmente coordenados através do uso e da difusão dos “interlocking directorates” (ou seja, os laços entre empresas criados por aqueles administradores em comum entre elas). Estes administradores representariam, de qualquer forma, laços entre atores econômicos concorrentes e, portanto, de acordo com a teoria da concorrência perfeita, um elemento de distorção do mercado. A partir de um banco de dados referido às empresas listadas nas principais bolsas europeias, a análise das redes sociais mostra as principais características “estruturais” destes capitalismos. Palavras-chave: análise de redes sociais – interlocking directorates – Europa – variedade dos capitalismos. Abstract: contemporary capitalisms are formally coordinated through the use and diffusion of «interlocking directorates» (i.e., members of a corporate board of directors serving on the boards of multiple corporations). Anyway, according to the theory of perfect competitions, linkages between economic competitors represent a serious market-distorting factor. Based on a large listed companies data-set of European economies, social network analysis highlights main «structural» features of these capitalisms. Keywords: social network analysis - interlocking directorates – Europe – variety of capitalisms. 1 Introdução No caso dos “interlocking directorates” (ID), o diretor em comum entre conselhos de administração (“boards of directors”) de diferentes empresas, representa um laço (“interlock”) que as une entre si. Geralmente, a literatura considera este tipo de laço como um elemento de distorção do mercado, pois este criaria uma clara interdependência entre agentes que, pelo menos em linha teórica, deveriam atuar em contexto de atomicidade e competição. Conforme Chiesi (1982), o estudo desses laços – a rede gerada pelos ID – representa uma valida tentativa de análise dos mercados e da competitividade de um sistema econômico1. Já a literatura clássica critica o uso estratégicos dos ID, feito pelas empresas; neste sentido, Dembitz Louis Brandeis, conselheiro do presidente americano Wilson, em 1914 (ano da aprovação da Lei Clayton, que proíbe nos Estados Unidos os ID entre empresas concorrentes), escrevia: A prática dos interlocking directorates é a raiz de muitos males. Ela ofende as leis humanas e divinas. Aplicada às empresas rivais, ela tende à supressão da concorrência e à violação da lei Sherman. Aplicada às empresas que lidam umas com as outras, ela tende à deslealdade e à violação da lei fundamental que nenhum homem 2 pode servir a dois senhores. O princípio invocado por Brandeis é claro: a difusão dos ID violaria o principio de atomicidade e independência dos atores econômicos, tal qual é na teoria da concorrência perfeita. De fato, conforme Adam Smith – no Livro I de A Riqueza das Nações – seria suficiente apenas uma conversa entre empresários para alterar o funcionamento de reequilíbrio do mercado feito pela “mão invisível”: As pessoas da mesma profissão raramente se reúnem, mesmo que sejam para momentos alegres e divertidos, mas as conversas terminam em uma conspiração contra o público, ou em algum incitamento para aumentar os preços. Efetivamente, é impossível 1 Entre os vários textos, ver também Wilson (2002). “The practice of interlocking directorates is the root of many evils. It offends laws human and divine. Applied to rival corporations, it tends to the suppression of competition and to violation of the Sherman law. Applied to corporations which deal with each other, it tends to disloyalty and to violation of the fundamental law that no man can serve two masters” (Brandeis, 1914: 51), 2 2 evitar tais reuniões por meio de leis que possam vir a ser cumpridas e se coadunem com espírito de liberdade e de justiça. Todavia, embora a lei não possa impedir as pessoas da mesma ocupação de se reunirem às vezes, nada deve ser feito no sentido de facilitar tais 3 reuniões e muito menos de torná-las necessárias. Ou mais recentemente, o relatório da OECD (2009): Participações minoritárias e “interlocking directorates” podem ter efeitos negativos sobre a concorrência, seja reduzindo o incentivo dos acionistas minoritários para competir (efeitos unilaterais), seja ou 4 facilitando a convergência (efeitos coordenados). Além disso, o relatório da OCDE (2009) mostra que, embora com as autoridades nacionais antitruste levantando a questão (isto é, a difusão dos ID poderia afetar o regular funcionamento de um mercado), os legisladores não adotaram uma política antitruste adequada. Ao longo do tempo, a importância do tema fomentou muitos estudos, que levaram até um conjunto progressivamente melhor de técnicas de análise: desde os anos setenta, os pesquisadores desenvolveram novas ferramentas analíticas e aplicações matemáticas a partir da teoria dos grafos, 5 implementando o conjunto das técnicas de análise de rede disponíveis . Estas pesquisas permitiram, por exemplo, medir a conectividade de uma rede, a sua amplitude e densidade, a posição estrutural de uma empresa (se for estratégica, marginal, periférica ou central), identificar subgrupos com características semelhantes, pôr em relação às medidas de rede algumas estatísticas econômicas. Ao longo do tempo, a literatura especialista desenvolveu outras medidas, também ao fim de comparar entre si redes de diferentes amplitudes. Desde então, esta abordagem metodológica tornou-se útil na comparação dos capitalismos, e, portanto, no estudo da political economy comparada, destacando por cada tipo de capitalismo as suas caraterísticas estruturais. 3 «People of the same trade seldom meet together, even for merriment and diversion, but the conversation ends in a conspiracy against the public, or in some contrivance to raise prices. It is impossible indeed to prevent such meetings, by any law which either could be executed, or would be consistent with liberty and justice. But though the law cannot hinder people of the same trade from sometimes assembling together, it ought to do nothing to facilitate such assemblies; much less to render them necessary» (Smith, 1776: Livro I, 10, § 82). 4 «Minority shareholdings and interlocking directorates can have negative effects on competition, either by reducing the minority shareholder’s incentives to compete (unilateral effects), or by facilitating collusion (coordinated effects)» (OECD, 2009). 5 Entre os muitos textos de introdução às técnicas de análise de redes sociais, cf. Wassermann e Faust (1994) ou Chiesi (1999). 3 Obviamente, este tipo de análise crítica os assuntos principais da teoria econômica neoclássica: não é possível entender a organização econômica sem reconduzi-la às influências autonomamente exercidas pelas redes de relações sociais dentro das quais os atores econômicos e sociais são inseridos.6 1. O capitalismo em rede Segundo Mizruchi (1996), cooptação e monitoramento entre empresas representam as três principais razões da função dos ID ao nível interorganizacional. Por exemplo, através da cooptação e do monitoramento, a empresa absorve em si os elementos externos de potencial distúrbio ao fim de reduzir a incerteza do ambiente e manter a sua posição dominante no mercado. De fato, os ID atuam como “mídias interorganizacionais” entre concorrentes, enquanto, no caso de concorrência perfeita, as empresas deveriam atuar isoladamente, combinando de maneira mais eficiente os fatores produtivos ou introduzindo inovações de processo ou produto.7 Por isso que torna-se importante a medição dos ID – “quanto” estes estão presentes em uma economia – e a forma da rede que os ID – “laços” da rede – estruturam com as empresas (ou seja os “vértices”, ou “nós” da rede). Para melhor explicar o funcionamento da rede no seu conjunto e permitir uma comparação entre capitalismos, são propostas em seguida (capítulos 2 e 3), de forma sucinta, algumas estatísticas de rede, relatadas aos casos dos principais capitalismos europeus. 1.1. A economia, dentro das redes sociais Conforme o novo estruturalismo em sociologia econômica, não é possível entender a organização econômica sem reconduzi-la às influências exercidas autonomamente pelas redes de relações sociais, dentro das quais os 6 Cf. os textos clássicos de Mark Granovetter (1985; 2002; 2004). 7 Cf., por exemplo Carbonai (2006). 4 atores – econômicos e sociais – são inseridos. A ação é definida a partir do tipo de rede no qual estas empresas são inseridas e a posição que elas ocupam na rede – ou seja, a “posição estrutural” (Granovetter, 2004). Obviamente, esta abordagem desenvolve, ao longo do tempo, uma crítica ao mercado e à sua função de regulação institucional. Segundo Swedberg (1994), por exemplo, os mercados poderiam ser considerados como grupos exclusivos de empresas – fornecedoras e compradoras – que se observam e controlam-se mutuamente. De acordo com Baker (1984), quando o número de operadores for mais alto, os mercados das opções acionárias não ficariam automaticamente mais competitivos e os preços mais estáveis (como na lógica de mercado competitivo). Este mercado, aparentemente “saturado” de uma forte racionalidade econômica, é influenciado na realidade pelas relações pessoais dos operadores de bolsa (Baker, 1984). Também no mercado do trabalho, por exemplo, onde por meio dos laços fracos (weak ties) ou os contatos menos frequentes com pessoas em situações de trabalho diferentes, fica disponível com toda a probabilidade uma informação inesperada relativa às novas oportunidades de trabalho (Granovetter 1974: 54). Gerar confiança e reforçar a própria “reputação social” é estratégico, pois as relações comerciais se misturam com as sociais (Macaulay, 1963: 6164), e assim no setor das tecnologias emergentes, fortemente influenciado por relações informais de tipo confidencial (Darr e Talmud, 2003; Armbrüster e Glückler, 2003). Eccles (1981: 340) nota que em muitos países os projetos na indústria da construção não estão sujeitos a regras institucionais que necessitem de propostas competitivas: os relacionamentos com o fornecedor são estáveis e constantes durante períodos de tempo relativamente longos e só raramente são regulados por ofertas concorrenciais. Este tipo de “quaseintegração” entre organizações é o que Eccles chama de “quase-empresa”, caracterizada por extensos relacionamentos de longo prazo com as empresas subcontratadas, segundo uma forma de organização intermediária entre o mercado e a empresa verticalmente integrada (Eccles, 1981: 340). Estes laços dão origem a um complexo sistema relacional que atravessa os níveis internos de uma organização (intra-organizacional) e que ultrapassa as suas fronteiras (inter-organizacional). O enraizamento social é visto em 5 termos estruturais; presume-se, portanto, que a ação seja “network oriented”, ou, basicamente influenciada pelas redes de relações em que os atores econômicos estão envolvidos. Redes estáveis de relações sociais constituem uma estrutura que deve ser reconstruída para avaliar os efeitos sobre o comportamento econômico. Como também Kees van Veen e Jan Kratzer (2011) destacam, é difícil de encontrar uma análise comparada dos capitalismos de rede. Geralmente, as pesquisas reconstroem as redes de ID em um país ou em um setor econômico, sem comparação, tentando marcar o numero médio de ID por diretor ou a centralidade das empresas. Por exemplo, Chiesi (1982; 1985) observa que, na Itália, um número significativo de administradores tem cargos em mais de um conselho: os conselhos de administração originam 3427 cargos ocupados por 2452 pessoas. Entre as 223 empresas listadas, os administradores podem entrar em contato com outros diretores, em média, através de 4,2 graus de separação. Em comparação, os diretores das primeiras 1000 empresas dos Estados Unidos citadas pela revista Fortune entram em contato com outras empresas através de 4,6 graus de separação. A prática dos ID não é recorrente só no caso Europeu ou nos Estados Unidos mas generalizada também no Brasil; por exemplo, em 2003, 74% das 319 empresas de uma amostra apresentaram pelo menos um diretor de outra empresa. Um administrador tem na média de 1,26 cargos de direção (SANTOS et al., 2009). Entre as análises comparadas, no estudo de Stokman e Ziegler (1985), o sistema anglo-americano de governance mostra a menor proporção de diretores múltiplos e a menor acumulação de cargos; o sistema Alemão (Áustria, Alemanha, Holanda e Suíça) ocupa uma posição intermediária; e, finalmente, os países com um sistema latino (Bélgica, França, Itália e Finlândia) possuem a maior proporção de ID com maior acumulação de cargos. A literatura apresenta geralmente várias abordagens de análise ao estudo dos ID. Não existe uma clara convergência metodológica, nem ao respeito das estatísticas que podem ser escolhidas para avaliar uma hipótese ou caracterizar uma rede, nem respeito ao tipo de empresa que deve ser incluída ou excluída na análise. Infelizmente, como destacado por Marques (2007), dado o nível de detalhes envolvidos, a análise de redes trabalha 6 sempre com estudos de caso, assim, “apenas a realização de muitos estudos comparativos de redes em situações sociais distintas pode, no médio prazo, sugerir quais os tipos de influências que elas provocam, dadas as circunstâncias e os processos presentes”. 1.2. Os capitalismos Europeus em redes Enquanto Kees van Veen e Jan Kratzer (2011) comparam os principais capitalismos Europeus a partir de uma amostragem das maiores empresas, este estudo inclui todas as empresas listadas. Os dados sobre a composição dos conselhos de administração são coletados em janeiro 2010, pelo sistema Amadeus Bureau van Dijk Electronic Publishing (BvDEP) 8. Os dados Amadeus derivam das coletas realizadas por institutos nacionais de pesquisa. Estes levantam as informações, geralmente, a partir de um questionário entregue às empresas e preenchido por um funcionário9. Embora o sistema Amadeus Bureau van Dijk Electronic Publishing (BvDEP) permita visualizar nome e cargo dos membros dos conselhos de administração das empresas listadas, não é possível extrair separadamente os membros “executive” dos membros que pertencem ao “supervisory board”. Enquanto algumas pesquisas destacam as diferenças entre os dois tipos de cargo, outras analisam os dois sem distinção, incluindo os membro dos “supervisory board” entre os potenciais administradores em comum: neste estudo, conforme a própria operacionalização de “ID”, os administradores “nonexecutive” podem representar um ID entre empresas. Neste estudo, a cada vez que um diretor comparece em duas empresas, há um ID. Os dados são elaborados na perspectiva da empresa (ou seja, por meio de “matrizes de adjacências”, com em linha e coluna, as empresas daquele respetivo país); de fato, a finalidade deste estudo é verificar a hipótese 8 Os dados aqui apresentados representam uma antecipação dos resultados de um estudo ainda em andamento iniciado no setembro 2009 com o apoio do Institut de Science du travail da Université Catholique de Louvain-la-neuve. 9 Embora se o banco de dado Amadeus oferece a oportunidade de disponibilizar uma grande quantidade de informações, não permite verificar a data certa de coleta das informações. Todavia, é razoável pensar que os conselhos de administração permaneçam no cargo por um longo período de tempo. 7 de atomicidade conforme a teoria da concorrência perfeita e por isso debater as conexões entre as empresas (ou seja os agentes que atuam no mercado).10 Seja no sistema de corporate governance “monista” (“one-tier”, como na Irlanda, Grã-Bretanha, Espanha e Grécia) ou “dualista” (“two-tier”, vertical, como Áustria, Dinamarca, Alemanha, ou horizontal-misto, como na Itália e Portugal) o “supervisory board” (os administradores “non-executive”) é escolhido pela assembleia dos acionistas, não é um mero observador: geralmente detém tarefas que afetam a atividade do órgão executivo. Tabela 1 – Tipos de corporate governance na Europa Modelo Monista Itália Grã-Bretanha Irlanda Alemanha Áustria Holanda Dinamarca Suécia Noruega Finlândia Bélgica Portugal Grécia França Espanha • • • • • • • • • • • • Modelo dualístico vertical • • • • • • • • • Modelo dualístico horizontal • • • • Além disso, o “supervisory board” monitora e certifica que a informação financeira seja precisa, que os controles financeiros e de gestão de risco sejam robustos e defensáveis. Os administradores não executivos são responsáveis por determinar os níveis adequados de remuneração dos “executivos” e detêm um papel importante no processo de nomeação e, se necessário, de remoção de cargos (Bosetti, 2009). Dependendo do tipo de “corporate governance”, o “supervisory board” tem poder de veto sobre as decisões do “executive board”. 10 Ver também Stigler (1957). 8 Em linha teórica, o membro do “supervasory board” da empresa x pode ser ao mesmo tempo “executive” na empresa y e z (Frinz, 2006): por isso também que é preciso levar em conta os administradores “non-executive”. 2. As medidas “macro” Basicamente, um gráfico é constituído de “nós” (n) – conhecidos também como “vértices” – e de “ligações” (l) – ou seja, as “arestas” que conectam os nós. Geralmente, na teoria dos grafos, as ligações podem consideradas “nãodirecionais” ou “direcionais”, à medida que uma aresta parte de um ator (origem) e termina em outro (destino). No caso das redes de ID, os laços são geralmente considerados “não-direcionais”. Figura 1- Exemplo de grafo Nota: o gráfico da figura tem seis vértices (amplitude da rede). Na rede está presente um sub-gráfico de três vértices conectados entre eles (onde a densidade é máxima, ou seja, uma “ligação”, composta por 1-25). O gráfico consiste de vértices conectados diretamente ou indiretamente por meio de outros vértices (como 1 e 6, conectados por meio de 5 e 4). O vértice 4 representa uma “ponte de ligação”, pois a sua ausência desconectaria o gráfico em duas partes. Ucinet V (BORGATTI et al., 2002) permite calcular dois tipos de estatísticas: um primeiro conjunto respeito às propriedades estruturais – ou “macro” – da rede (2.1 e 2.2), um segundo refere-se à centralidade de cada vértice – nível “micro” – na rede (3.1 e 3.2). 9 2.1. Densidade Em relação ao primeiro tipo de estatísticas, o gráfico da figura 1 é composto por 6 nós, ou seja, a “amplitude” da rede. Neste caso, o número máximo de ligações é 15. De fato, em uma rede com o número de atores igual a N, o número máximo de ligações em um grafo não-direcional poderá ser encontrado utilizando a seguinte expressão: L max N ( N 1) 2 Eis a densidade em um grafo “não direcional”, obtida pelo número de ligações reais, dividido pelo número máximo de ligações possíveis nesta rede. Posto que o número de ligações no grafo da figura 1 é de 7, a densidade seria igual a 0,33: 7 (laços) divididos por 21 (número máximo de ligações na rede). Torna-se possível, então, distinguir as redes densas, nas quais há uma grande quantidade de ligações, das redes esparsas, nas quais há poucas conexões. Além do caso da Bélgica, a tabela 2 (Apêndice ao texto) mostra que geralmente os níveis de densidade são geralmente baixos; isto é devido à alta amplitude das redes que, de fato, mantém a densidade baixa ou muito baixa. Em linha com outras pesquisas, esta análise também destaca que é mesmo por meio de outras estatísticas que se torna possível descrever a “atomizaçãoconluio” entre as empresas11. 11 Considerado que entre empresas poderiam existir dois ou mais administradores em comum a tabela 2 mostra a densidade calculada a partir dos valores “pesados” (“valued ties”) – que tomam em conta a presença de dois ou mais administradores em comum – e “não-pesados” que considera só à presença ou ausência do laço; neste segundo caso, a densidade é calculada a partir de uma matriz dicotómica, que não considera quantos ID unem as duas empresas, mas só a presença ou ausência de ID. 10 2.2. Fragmentação Na teoria da concorrencia perfeita, as empresas atuam isoladamente sem laços entre si. No caso das redes de ID, os administradores em comum representam laços entre conselhos diferentes, assim que as empresas fomam entre si grupos ligados por meio de laços direto – ou seja, a distância 1 – ou indiretamente por meio de outras empresas (a distância maior de 1). As empresas ligadas entre si, diretamente ou indiretamente por meio de outras empresas, formam uma “componente”. Em linha teorica, no caso da concorrencia perfeita, o numero de componentes seria igual ao numero de nós presentes na rede: em outros termos, pois não deveriam existir laços entre empresa, não poderiam se criar componentes. Daqui o calculo da fragmentação, como relação entre componentes e número de nós na rede (a sua amplitude). No caso que o número de vértices seja igual ao número de componentes a fragmentação seria máxima, ou seja, igual a 1 (ver figura 2). Neste caso a competitividade seria máxima. Fig. 2 – A competitividade do sistema: uma medida de fragmentação 1. 2. 3. Notas: o grafo 1 representa um caso no qual a competitividade é máxima (máxima «fragmentação» do sistema): cada nó representa um componente. Neste caso, a fragmentação é igual 1: ou seja, 6 (componentes) dividido por 6 (nós). No grafo 2, a fragmentação é menor (0,5): 3 (componentes) divididos por 6 (nós). No grafo 3 a competitividade do sistema é mínima, pois cada nó pertence à mesma componente. 11 No caso da França, por exemplo, 912 empresas originam 520 componentes (tabela 2): neste caso, a fragmentação é igual a 0,57 – mais alta que na Itália (0,44) e em Portugal (0,44). Na Suécia (0,31) e na Finlândia (0,4) se observam valores de fragmentação mais baixos (menor competitividade). Note-se que na Suécia o 59% das empresas cabe na componente principal; 53% na Itália, 52% na Finlândia. Além da Grécia, e em medida menor a Irlanda, Áustria e Dinamarca, nos demais capitalismos, as empresas tendem a centralizar as relações sociais em um núcleo central de empresas direita ou indiretamente interligadas (o componente principal). Mas é mesmo na Grã-Bretanha que a fragmentação é mínima: 323 componentes, 1775 nós na componente maior, fragmentação baixa (0,15), 82% dos vértices incluídos na componente maior (tabela 2, Apêndice 1). 3. As estatísticas “micro” Este estudo analisa também algumas estatísticas “micro”, definidas a partir dos vértices: o grau de centralidade (“degree”) do nó (“vértice”) x, a sua “betweenness”, a amplitude da rede dos Ego-network, a atitude a participar de “clãs”. 3.1. Degree e betweeness A centralidade no “Degree” identifica o número de ligações (ID) entre a empresa x e as outras empresas (ver figura 3)12. A estatística é definida pelo número de laços entre x e os nós adjacentes a x: para obter o grau de um determinado nó, g(ni), é preciso contar o número de laços do nó x. Neste caso, é também possível que duas empresas sejam ligadas por meio de mais 12 No caso de “Degree normalizado”, a centralidade no “Degree” é dividida pela amplitude da rede. 12 administradores em comum13. A “size” (ou tamanho da rede de Ego) indica quanto ampla seja a rede das empresas adjacentes a x (Ego), ou, em outros termos, o número de empresas relacionadas com Ego. A “betweenness” indica o número de “caminhos geodésicos” – os caminhos mais curtos que juntam dois vértices quaisquer de uma rede – que passam pela empresa x. Neste caso, esta estatística mede o número de vez que um “caminho geodésico” passa por x. Também neste caso, a “betweeness” é normalizada: dividida pelo valor máximo possível de beetweenes nesta rede. Figura 3 – Exemplo de grafo Neste caso, a empresa 4 é a mais “central” em termos de “degree”: que neste caso é igual a 3 (pois está ligada com 3, 5, 6). Todavia, embora se não seja a mais central em termos de “degree”, a empresa 5 ocupa uma posição estratégica, pois interceptaria os fluxos de comunicação – “caminhos geodésicos” - que unem os outros vértices da rede: a empresa 2 para entrar em contato com 6 passa por 5, a empresa 1 para entrar em contato com a empresa 4 passa por 5, etc. Neste caso, a empresa 5 é um “actor in the middle”, ou seja uma empresa no meio de potenciais fluxos de comunicação que atravessam a rede. A “betweennes” mede o numero de caminhos breves – “caminhos geodésicos” – que passam por cada vértice i. Em média, cada empresa Italiana listada na bolsa nacional compartilha 3,31 administradores; na Espanha 3,26; na Áustria 3,07. No capitalismo grego (0,94) e romeno (0,57) se encontram os valores mais baixos entre os considerados. Considera-se enfim que estes valores provavelmente subestimam a ocorrência 13 Sobre o uso dos “Degree” e da “betweeness” ver Freeman (1979). 13 dos ID, pois não é possível avaliar se essas pessoas servem também como diretores em empresas privadas não listadas ou não obrigadas a divulgar informações sobre a composição do conselho. Também neste caso, como destacado em outras pesquisas, os valores de “betweeness” resultam correlados com os de “degree”. 3.2. 2-clãs Um 2-clã é uma tríade de vértices ligados entre si a distância igual ou inferior a 2 (ver a figura 4). Figura 4 – Exemplo de grafo Notas: no grafo são presentes dois componentes e três clãs: 6-4-3, 5-4-3, 6-4-5. Também neste caso (ver tabela 3) a estatística é normalizada pela amplitude da rede. N-clãs, n-cliques, k-core são medidas geralmente pouco usada neste tipo de estudo. A escolha dos N-clãs, ao invés, por exemplo das n-cliques, deriva mesmo das finalidade deste estudo: não é preciso que o sub-grupo seja denso – como no caso das “cliques” – para alterar a função regulatória do mercado, mas é suficiente uma conexão “longa” – como no caso dos 2-clãs – que une as empresas indiretamente (Mokken, 1979). 14 Estas estatísticas, seja as “micro” que as “macro”, analisada no seu conjunto – ver tabela 2, 3 e scatter 1 e 2 – destacam que a tipologia de Hall e Soskice (2001) – definida pelas economias “coordenadas” e “não-coordenadas” de mercado – não funcionaria em relação das redes de ID. E além desta tipologia, também a forma da corporate governance – se for “monista” ou “dualista” – não explica o uso e a difusão dos ID na Europa. 4. “Workable competition”? Em linha teórica, embora seja suposto que os ID atuem como formas internas de solidariedade e confiança recíproca, existiria sempre um limite à sua difusão, além do qual o mercado perderia sua função de regulação, deixando às lógicas relacionais a produção de bens e sua comercialização. Embora esses laços influenciem o comportamento competitivo, geralmente, as autoridades nacionais antitruste carecem de instrumentos normativos para reduzir o impacto dos ID. Aliás, as leis nacionais não sancionam a difusão dos ID senão indiretamente por meio das medidas sobre o “minority-sharing” (OECD, 2009); então, na melhor das hipóteses, as empresas adotam códigos de conduta de autolimitação dos ID. Todavia, esta análise mostra que é mesmo por meio de “poucos” laços que cria-se o conluio: embora se a densidade esteja geralmente baixa, os “poucos” laços (ver, por exemplo, as estatísticas de “degree”) criam conluios (conforme as estatísticas relativas às “componentes”, à “fragmentação”, ao 2-clãs). No caso da economia de rede, é preciso de “poucos” laços para conectar um capitalismo: o problema de regulação permanece pois os códigos de conduta não limitam a difusão dos ID. Na melhor das hipóteses, se for o caso, a abordagem dos legisladores é “actor oriented”: orientada a limitar o numero de ID por administrador ou empresa. Mas, como mostrado, o problema deveria ser posto em termos relacionais: é a rede, na sua configuração geral que se torna razão de conluio. Este tipo de “quase-integração” entre organizações é o que Eccles chama de “quase-empresa” (Eccles, 1981: 340). Em número geralmente elevado, conforme as estatísticas de “fragmentação”, as empresas estão 15 conectadas dentro de um mesmo grupo (“componente”), em quase todos os capitalismos Europeus. A pergunta surge espontaneamente: neste caso, a empresa difere ou coincide com uma compontente? Considera-se que se for o caso que considerarmos a “componente” como uma empresa, o número de agentes no mercado reduzir-se-ia poderosamente. Embora não exista uma medida certa do nível máximo aceitável de difusão dos ID – em cima do qual a presença destes laços seria de sério obstáculo à livre concorrência de mercado – os estudos destacam, geralmente, um provável excesso destas interdependências, enquanto os governos liberais, como os social-democratas, não implementam política de redução destes conluios. Então, neste mercado, de rede, assim como definidos, o nível de “concorrência-conluio” entre agentes é “tolerável”? Trata-se de uma “workable competition” ou mais simplesmente de um grupo social, coeso, que atua em conformidade de próprias normas sociais e fora da regulação institucional do mercado?14 Obviamente, este tipo de abordagem leva em conta ulteriores dimensões de crítica. Por exemplo, ligado à questão dos efeitos “extremos” destas distorções do mercado, o crack da Parmalat, que em 2003 envolve 150 mil famílias italianas que nunca foram reembolsadas integralmente do seu investimento em obrigações, consideradas de baixo risco, e apoiados por muitos bancos interligados por ID com a Parmalat. A mesma coisa ocorreu no escândalo Cirio em 2003: setores diferentes mas mutuamente interrelacionados, geralmente por meio de poucos graus de separação. Banco e finança que trocam administradores entre si, e com as empresas de produção e a indústria da mídia, exercendo sobre estas uma potencial influência. 14 Sobre o conceito de “workable competition” ver Clark (1940). 16 Referências ARMBRÜSTER, T.; GLÜCKLER J., 2003, “Bridging Uncertainty in Management Consulting: the Mechanisms of Trust and Networked Reputation”, Organization Studies, 24(2), 2003, p. 269-97. 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Oxford: Oxford University Press. 19 Apêndice 1 Tabela 1 – Capitalismos e estatísticas “macro” Fragmentação Nós na (número de Percentual de nós Amplitude Densidade da Densidade Número de componente componentes na componente (Size) rede (“valued”) (“dycotomic”) componentens maior dividido pela maior amplitude) Alemanha 942 0,0012 0,0012 135 572 0,61 0,14 França 912 0,0018 0,0018 309 520 0,57 0,34 Grã-Bretanha 2155 0,0031 0,0027 1775 323 0,15 0,82 Itália 243 0,0107 0,0074 128 107 0,44 0,53 Espanha 696 0,0038 0,0038 215 324 0,47 0,31 Romênia 834 0,0006 0,0006 22 675 0,81 0,03 Holanda 194 0,0058 0,0058 58 118 0,61 0,3 Grécia 275 0,0025 0,0025 9 198 0,72 0,03 Portugal 59 0,0286 0,198611 24 26 0,44 0,41 Bélgica 165 0,0452 0,313889 126 40 0,24 0,76 Suécia 464 0,0048 0,0048 276 146 0,31 0,59 Áustria 97 0,032 0,021 36 52 0,54 0,37 Bulgária 261 0,0022 0,0022 8 207 0,79 0,03 Dinamarca 170 0,0075 0,0075 18 100 0,59 0,11 Finlândia 126 0,0137 0,095139 65 51 0,4 0,52 Irlanda 68 0,0127 0,088194 17 42 0,62 0,25 Notas - Principais cargos presents no banco de dados Amadeus Bureau van Dijk Electronic Publishing (BvDEP): Alemanha (Member, Advisor), Áustria (Member, Advisor), Bélgica (Administrator, Director, Chairman of the Board of Directors), Espanha (President of the Board, Administrators), Finlândia (Managing Director, Chairman of the Board, Member of the Board), França (Diretores), Grã-Bretanha (Company Secretary, Management Consultant, Company Director, Chartered Accountant), Grécia (Representative, Marketing Manager, Sales Manager, Finance Manager, Shareholder), Holanda (Director, Chairman, Vicepresident, Director), Irlanda (Director, Company Secretary), Itália (General Manager, Member of the Board, attorney), Noruega (Board Member, Employees Representative), Portugal (Purchases Dir., Human Resources Director, Chairman, Vice-Chairman, Administrator), Romania (Administrative Manager, Member of the Board of Directors, Member of the Board of Directors), Suécia (Regular member, Managing Director) 20 Tabela 2 - Capitalismos e estatísticas “micro” 2-Clãs 2-Clãs (normalizado) Alemanha 165 França 238 Reino Unido 1551 Itália 77 Espanha 164 Romênia 56 Holanda 49 Grécia 25 Portugal 14 Bélgica 43 Suécia 190 Áustria 28 Bulgária 15 Dinamarca 26 Finlândia 43 Irlanda 13 0,175 0,26 0,71 0,31 0,23 0,067 0,252 0,09 0,23 0,26 0,40 0,288 0,057 0,152 0,34 0,19 Size (Ego network) Centralidade (Degree) Deegre Normalizado Betweeness Betweeness Normalizado 1,13 1,439 0,019 46,279 0,01 1,65 2,112 0,029 216,601 0,052 5,81 6,588 0,044 3273,098 0,141 2,59 3,317 0,137 100,996 0,346 2,66 3,267 0,067 172,899 0,072 0,53 0,573 0,023 1,047 0,000 1,11 1,32 0,114 26,49 0,143 0,68 0,945 0,058 0,516 0,001 1,66 2,508 0,721 9,119 0,552 7,42 8,776 0,572 83,194 0,622 2,23 2,366 0,17 522,97 0,489 2,04 3,072 0,64 46,485 1,019 0,57 0,774 0,099 0,245 0,001 1,27 1,871 0,277 2,4 0,017 1,71 1,825 0,73 64,746 0,835 0,85 1 0,299 4,882 0,221 Notas - Principais cargos no banco de dados Amadeus Bureau van Dijk Electronic Publishing (BvDEP): Alemanha (Member, Advisor), Áustria (Member, Advisor), Bélgica (Administrator, Director, Chairman of the Board of Directors), Espanha (President of the Board, Administrators), Finlândia (Managing Director, Chairman of the Board, Member of the Board), França (Diretores), Grã-Bretanha (Company Secretary, Management Consultant, Company Director, Chartered Accountant), Grécia (Representative, Marketing Manager, Sales Manager, Finance Manager, Shareholder), Holanda (Director, Chairman, Vice-president, Director), Irlanda (Director, Company Secretary), Itália (General Manager, Member of the Board, attorney), Noruega (Board Member, Employees Representative), Portugal (Purchases Dir., Human Resources Director, Chairman, Vice-Chairman, Administrator), Romania (Administrative Manager, Member of the Board of Directors, Member of the Board of Directors), Suécia (Regular member, Managing Director) 21 Apêndice 2 Scatter 1 – Empresas na componente maior (%) e Fragmentação Reino Unido Empresas na componente maior (%) 0,80 Bélgica Suécia 0,60 Finlândia Itália Portugal Áustria 0,40 Holanda Irlanda Espanha 0,20 Alemanha Dinamarca Grécia Bulgária 0,00 0,20 0,40 0,60 Romênia 0,80 Fragmentação (%) Scatter 2 – Tamanho do Ego-network e Fragmentação 8,00 Bélgica Size (Ego-network) 6,00 Reino Unido 4,00 Itália Espanha Suécia Áustria 2,00 Portugal Finlândia Alemanha Dinamarca Grécia Irlanda Bulgária Romênia 0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 Fragmentação 22