UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS William Oliveira de Araujo OTIMIZAÇÃO DO PROCESSO DE EXTRAÇÃO DE AÇÚCARES REDUTORES DA POLPA DO BARU (Dipteryx alata Vog.) UTILIZANDO METODOLOGIA DE SUPERFÍCIE DE RESPOSTA Anápolis 2011 William Oliveira de Araujo OTIMIZAÇÃO DO PROCESSO DE EXTRAÇÃO DE AÇÚCARES REDUTORES DA POLPA DO BARU (Dipteryx alata Vog.) UTILIZANDO METODOLOGIA DE SUPERFÍCIE DE RESPOSTA Trabalho submetido de Conclusão ao corpo de Curso docente da Coordenação de Química Industrial da Universidade Estadual de Goiás como parte dos requisitos necessários para a obtenção do Título de Bacharel em Química Industrial Orientador: Prof. Dr. Diego Palmiro Ramirez Ascheri ANÁPOLIS 2011 ii ARAUJO, WILLIAM OLIVEIRA DE Otimização do processo de extração de açúcares redutores da polpa do baru (Dipteryx alata Vog.) [Anápolis] 2011 XI, 53p. 29,7cm (UnUCET/UEG, Bacharel, Química Industrial, 2011) Trabalho de Conclusão de Curso – Universidade Estadual de Goiás, UnUCET 1. Dipteryx alata Vog. 2. Extração 3. Otimização I. UnUCET/UEG II. Título (série) iii OTIMIZAÇÃO DO PROCESSO DE EXTRAÇÃO DE AÇÚCARES REDUTORES DA POLPA DO BARU (Dipteryx alata Vog.) UTILIZANDO METODOLOGIA DE SUPERFÍCIE DE RESPOSTA William Oliveira de Araujo BANCA EXAMINADORA _______________________________________ Prof. Dr. Diego Palmiro Ramirez Ascheri (Orientador) _______________________________________ Prof. MSc. Adriana dos Santos Fernandes (Membro) _______________________________________ Prof. MSc. Lydia Tavares de Araujo Andrade (Membro) Aprovado em: ___/___/_____ iv DEDICATÓRIA Aos meus pais pelo esforço, dedicação e compreensão irrestritos em todos os momentos de minha vida. E a todos meus familiares e amigos pelo apoio em todas as fases ao longo da realização deste trabalho. v AGRADECIMENTOS Agradeço a princípio a Deus, por ter me concedido a vida, saúde e disposição. Aos meus pais, Denise Rosa de Oliveira e Zequinha Lima de Araujo, por sempre estarem ao meu lado. Ao meu irmão Weslley Oliveira de Araujo, a minha madrinha Dilma Rosa de Oliveira e a todos os meus familiares pelo apoio incondicional. Ao Prof. Dr. Diego Palmiro Ramirez Ascheri pela orientação, amizade e apoio. A Universidade Estadual de Goiás e a todos os docentes do curso de Química Industrial por todo o conhecimento compartilhado. As Mestres Adriana e Lydia por fazerem parte da banca examinadora. Aos técnicos de laboratório de química, “Tia”, Paula, Cris, Daiane, Talita, Fernando e demais técnicos pela paciência, amizade e auxílio que foram essenciais para a realização deste trabalho. Ao amigo e colega Danilo Martins pela ajuda fundamental nas análises, nas dúvidas, no cotidiano de análises e discussão de resultados. Obrigado por toda a ajuda, esse trabalho, sem dúvidas, também é seu. Aos meus amigos e colegas de curso pela cumplicidade, ajuda e amizade. A todos os colegas de outras pesquisas pela agradável convivência dentro do laboratório. E a todos que de uma forma ou outra contribuíram para a realização deste trabalho. vi Resumo do Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à UnUCET/UEG como parte dos requisitos para a obtenção do título de bacharel em Química Industrial OTIMIZAÇÃO DO PROCESSO DE EXTRAÇÃO DE AÇÚCARES REDUTORES DA POLPA DO BARU (Dipteryx alata Vog.) UTILIZANDO METODOLOGIA DE SUPERFÍCIE DE RESPOSTA William Oliveira de Araujo Outubro/2011 Orientador: Prof. Dr. Diego Palmiro Ramirez Ascheri Curso: Química Industrial O baru (Dipteryx alata Vog.) espécie arbórea do Cerrado brasileiro, é altamente explorada pela castanha de seus frutos, porém, a polpa contém alto teor de açúcares que podem ser extraída para diversos fins. Por isso, o presente trabalho teve por objetivo otimizar o processo de extração de açúcares redutores da polpa utilizando metodologia de superfície de resposta. A polpa do baru foi caracterizada quanto a sua composição química e os açúcares redutores foram extraídos por maceração num sistema de agitação em temperaturas e tempos determinados. Aplicou-se um planejamento fatorial composto central rotacional 23, variando a quantidade de água de maceração (11,32 a 14,68 mL por 5 g de polpa) e a temperatura e o tempo de extração (26,59 a 43,41 °C e 64,77 a 115,23 min, respectivamente). Os resultados da composição química mostraram que a polpa do baru é rica em açúcares contendo glicose, frutose e sacarose em torno de 6, 23 e 31%, respectivamente. Todas as variáveis do processo contribuíram intensivamente na extração dos açúcares e um modelo polinomial de segunda ordem se ajustou adequadamente aos dados experimentais ( R aj2 = 0,9519). A otimização foi possível com parâmetros do processo operando para 5 g de polpa do baru, com 13,51 mL de água de maceração, a 35 °C por 90 min de extração, para obter 26% de açúcares redutores. Com este trabalho foi possível verificar a importância das variáveis estudadas, uma vez que permitiram a extração de uma quantidade de açúcares redutores próximos aquela previamente quantificada por cromatografia líquida de alta eficiência, CLAE. Palavras-chave: Dipteryx alata Vog., extração, otimização. vii ABSTRACT The tonka beans (Dipteryx alata Vog.) Brazilian Cerrado tree species, is highly exploited by the brown bear fruit, however, the pulp contains a high sugar content that can be extracted for various purposes. Therefore, this study aimed to optimize the extraction process of reducing sugars from the pulp using response surface methodology. The tonka beans pulp was characterized as its chemical composition and reducing sugars were extracted by maceration in a system of agitation in certain times and temperatures. Was applied a rotational central composite factorial design 23, varying the amount of maceration water (11,32 to 14,68 mL per 5 g of pulp) and the temperature and extraction time (26,59 to 43,41 °C and 64,77 to 115,23 min, respectively). The results showed that the chemical composition of the tonka beans pulp is rich in sugars containing glucose, fructose and sucrose around 6, 23 and 31%, respectively. All process variables contributed extensively in the sugars extraction and a second order polynomial model a good fit to experimental data ( R aj2 = 0.9519). The optimization was possible with the process operating parameters to 5 g of pulp tonka beans, with 13,51 mL of maceration water, at 35 °C for 90 min of extraction, for 26% of reducing sugars. This work was performed to verify the importance of the variables studied, since that allowed the extraction of an amount of reducing sugars near that previously measured by high performance liquid chromatography, HPLC. Keywords: Dipteryx alata Vog., Extraction, optimization. viii ÍNDICE DE FIGURAS Figura 1 – Barueiro ................................................................................................... 15 Figura 2 – Fruto do Baru (Dipteryx alata Vogel) ....................................................... 16 Figura 3 – Estrutura aberta de monossacarídeos (açúcares redutores), glicose e frutose ..................................................................................................... 23 Figura 4 – Sacarose (açúcar não redutor) ................................................................ 25 Figura 5 – O tartarato de sódio e potássio forma um sal com o Cu2+ (azul anil) que sofre posterior redução a tartarato e óxido cuproso (Cu2O precipitado de coloração vermelho tijolo) e o açúcar redutor é oxidado formando um sal sódico como produto ............................................................................... 26 Figura 6 – Extração da polpa do baru ...................................................................... 30 Figura 7 – Estimativa dos efeitos lineares e quadráticos das variáveis do modelo polinomial de segunda ordem ajustado à variação de açúcares redutores extraídos da polpa do baru em função da quantidade de água (P), tempo (T) e temperatura de extração (Temp.) ................................................... 41 Figura 8 – Perfil de A.R. (%) em função de: (a) temperatura de extração x quantidade de água/polpa, (b) tempo de extração x quantidade de água/polpa e, (c) tempo x temperatura de extração................................ 42 Figura 9 – Perfil da otimização da extração dos açúcares redutores, A.R. (%), em função da quantidade de água/polpa do baru, tempo e temperatura de extração .................................................................................................. 43 ix ÍNDICE DE TABELAS Tabela 1 – Composição centesimal da casca e polpa de baru ................................. 18 Tabela 2 – Composição centesimal e valor calórico total da semente de baru ........ 20 Tabela 3 – Substâncias com propriedades antinutricionais ...................................... 21 Tabela 4 – Níveis reais e codificados das variáveis independentes estudadas no processo de extração dos açucares redutores........................................ 31 Tabela 5 – Resultados referentes à composição química da polpa do baru............. 35 Tabela 6 – Variáveis e níveis utilizados e a resposta obtida para a extração de açúcares redutores ................................................................................. 37 Tabela 7 – Análise de variância para o modelo de regressão linear sem e com interação ajustado aos dados experimentais de AR extraído da polpa do baru, em função da quantidade de água, tempo e temperatura de extração .................................................................................................. 38 Tabela 8 – Análise de variância para o modelo de regressão polinomial de segunda ordem sem e com interação ajustado aos dados experimentais de AR extraído da polpa de baru, em função da quantidade de água, tempo e temperatura de extração ......................................................................... 40 x SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................. 12 2. REVISÃO BIBLOGRÁFICA ......................................................................... 14 2.1 O BARU ........................................................................................................................... 14 2.1.1 POTENCIAL NUTRICIONAL DO BARU ............................................................. 18 2.2 AÇÚCARES .................................................................................................................... 22 2.2.1 AÇÚCARES REDUTORES .................................................................................. 23 2.2.2 AÇÚCARES NÃO REDUTORES ......................................................................... 24 2.3 DETERMINAÇÃO DE AÇÚCARES REDUTORES PELO MÉTODO LANEEYNON ........................................................................................................................... 25 2.4 OTIMIZAÇÃO DE PROCESSOS VIA METODOLOGIA DE SUPERFÍCIE DE RESPOSTA (MSR) ....................................................................................................... 27 3. MATERIAIS E MÉTODOS ........................................................................... 30 3.1 MATÉRIA-PRIMA .......................................................................................................... 30 3.2 EXTRAÇÃO DA POLPA ............................................................................................... 30 3.3 EXTRAÇÃO DOS AÇÚCARES DA POLPA E DELINEAMENTO EXPERIMENTAL ........................................................................................................... 31 3.4 DETERMINAÇÕES ANALÍTICAS ............................................................................... 33 3.4.1 COMPOSIÇÃO QUÍMICA DA POLPA .................................................................... 33 3.4.2 DETERMINAÇÃO DOS AÇÚCARES REDUTORES DO EXTRATO DE POLPA ......................................................................................................................... 33 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................... 35 4.1 COMPOSIÇÃO QUÍMICA DA POLPA DO BARU .................................................... 35 4.2 EFEITOS DOS PARÂMETROS DO PROCESSO DE EXTRAÇÃO DE AÇÚCARES REDUTORES ......................................................................................... 36 5. CONCLUSÕES ............................................................................................ 44 6. RECOMENDAÇÕES .................................................................................... 45 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................ 46 xi 1. INTRODUÇÃO O Cerrado é um dos maiores e mais importantes biomas da América do Sul, devido a sua grande diversidade de fauna e flora. Este bioma, tipicamente brasileiro, está presente em quase todos os estados da federação, correspondendo a aproximadamente 204 milhões de hectares (ha) (CAVASSAN; PINHEIRO da SILVA; SENICIATO, 2006; MARTINS, 2006). O cerrado é caracterizado pela presença de invernos secos e verões chuvosos, cujo clima é denominado como tropical estacional. As chuvas concentram-se de outubro a março (estação chuvosa), sendo este um período de intenso crescimento para as plantas, aonde muitas dessas produzem seus frutos nesta época. No inverno, na estação da seca, pode ficar de 2 a 7 meses sem chover, dependendo do ano e região. As temperaturas médias anuais variam em torno de 22 ºC ao Sul e 27 ºC ao Norte (MARTINS, 2006; PROENÇA; OLIVEIRA; SILVA, 2000; WALTER, 2006). Nos últimos anos o Cerrado vem sendo palco de uma acelerada e intensa ocupação econômica, tendo como carro-chefe, o agronegócio. Devido a esta veemente ocupação econômica, aliada ao baixo conhecimento sobre a biodiversidade desse bioma, resultou em um grande processo de perda da biodiversidade que ameaça a sustentabilidade e limita as oportunidades do futuro econômico e social no Cerrado brasileiro (DIAS, 2008; MARTINS, 2006). Sendo que, muitas das espécies nativas do Cerrado constituem fontes em potencial de exploração econômica, as quais são utilizadas para os mais variados fins, como medicinal e nutricional, pois apresentam características peculiares, com formas variadas, cores atrativas e sabores característicos. Frutos como o baru, o araticum, a mangaba, o pequi, o caju, a gabiroba, o jatobá, entre outros, já são explorados por pequenas indústrias de doces, sorvetes, geléias, sucos, farinhas, licores, etc., com grande aceitação popular. No entanto, a exploração deve ser de forma racional e sustentável, ou seja, responder às necessidades do presente de forma igualitária, mas sem comprometer as possibilidades de sobrevivência e prosperidade das gerações futuras (CARAMORI; LIMA; FERNANDES, 2004; MARTINS, 2006; SILVA et al., 1994). O baru (Dipteryx alata Vog.) é uma leguminosa arbórea típica do Cerrado brasileiro, apresenta uma dispersão irregular de indivíduos, ocorrendo geralmente de 12 forma agregada. Ocorre naturalmente em diversas formações florestais e em menor densidade em formações savânicas. É uma das espécies mais promissoras para cultivo, devido a seu uso múltiplo, alta taxa de germinação de sementes e de estabelecimento de mudas. Possui potencial silvicultural além de conviver muito bem em pastagens cultivadas. No estado de Goiás a espécie está protegida do corte pela portaria nº18/2002 da Agência Goiana do Meio Ambiente (BASSINI, 2008; SANO; RIBEIRO; BRITO, 2004). O fruto do baru vem sendo bastante explorado por pesquisadores, principalmente no que diz respeito à amêndoa, que representa, aproximadamente, 5% do fruto. Entretanto, trabalhos já determinaram a composição centesimal da polpa e da casca deste fruto, avaliando suas possibilidades tecnológicas, bem como suas potencialidades como ingrediente na indústria alimentícia (AZEREDO; FARIA, 2004; ROCHA, 2007). Togashi e Scarbieri (1994) destacaram a presença de um elevado teor de açúcares na polpa do baru e, recentemente, Ascheri et al. (2009), em polpa de frutos de baru maduros, acusaram a presença de monossacarídeos de 22,84% e ainda foi detectada uma expressiva quantidade de dissacarídeos, na ordem de 30,27%, o que explica a razão de uma polpa adocicada. Desta forma, considerando o baru como uma espécie nativa usada pela população regional como fonte de renda familiar no Estado de Goiás e o alto teor de açúcar na polpa, identificou-se a necessidade de desenvolver o presente trabalho, de maneira a demonstrar uma alternativa de aproveitamento da polpa para o consumo humano, de modo a proporcionar maior valor agregado aos frutos do baru. Extrato de açúcares da polpa desse fruto poderá utilizar-se no processamento de bebidas fermentadas da polpa do baru. Neste contexto, o presente trabalho visou à otimização do processo de extração de açúcares redutores (AR) da polpa do baru em função de fatores: quantidade de água de diluição da polpa, temperatura e tempo de extração. 13 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 O BARU O baru (Dipteryx alata Vog.) é um fruto pertencente à família da Leguminoseae Papilionoideae, à divisão Magnoliophyta (Angiospermae), a classe Magnoliopdida (Dicotiledonae) e a ordem Rosales (SILVA et al., 2003). Seu nome popular varia de acordo com a localidade, por exemplo, nos estados de Goiás, Tocantins, Minas Gerais e Distrito Federal é conhecido com baru, em São Paulo, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul como cumaru ou cumbaru, em Piauí como castanha-de-burro e como garampara no Maranhão. Já no exterior é conhecido como tonka beans (BOTEZELLI; DAVIDE; MALAVASI, 2006; SANO; RIBEIRO; BRITO, 2004). É conhecido também por fruta-de-macaco, barujó, castanha-de-ferro, coco-feijão, cumaru-da-folha grande, cumarunana, cumaruverdadeiro, cumaru-roxo, cumbary, emburena-brava, feijão-coco, meriparagé, paucumaru (RIBEIRO et al., 2000). Sua ocorrência natural ampla se concentra nas vegetações do Cerrado, Cerradão Mesotrófico e Mata Mesofítica, geralmente nas áreas com solos férteis e bem drenados, sendo distribuída em diversos Estados brasileiros, especialmente, nos Estados do Tocantins, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, ocorrendo ainda em menor proporção, nos Estados de Minas Gerais, Maranhão, Pará e Rondônia (RATTER et al., 2000; SANO; RIBEIRO; BRITO, 2004). Essa fruteira pode ser encontrada também em países vizinhos como o Paraguai, e nas cercanias do complexo do Pantanal (RIBEIRO et al., 2000). O barueiro (Figura 1) possui árvore hermafrodita com altura média de 15 m, podendo alcançar mais de 25 m em solos mais férteis. A copa, de seis a onze metros de diâmetro, pode ser alongada ou larga. O tronco podendo atingir setenta centímetros de diâmetro, possui casca de coloração cinza-claro. A folhagem é composta, por cerca, de sete a doze folíolos, de coloração verde intensa, podendo ser alternos ou sobpostos. Com caule ereto e ramos liso o que propiciam uma maior resistência ao vento. A inflorescência, com cerca de duzentas a mil flores, do tipo panícula é formada na parte terminal dos ramos e nas axilas das folhas superiores, caducas antes de antese. As flores, com aproximadamente 8 mm de comprimento, 14 são hermafroditas de coloração alva e esverdeada (ALMEIDA et al., 1998; CORRÊA et al., 2008; SANO; RIBEIRO; BRITO, 2004). Figura 1 – Barueiro. Fonte: Arquivo pessoal. O fruto do baru (Figura 2), de coloração variando de marrom-claro a marromavermelhado, é do tipo drupóide, ovóide, com alguns frutos com formas não bem definidas, monospérmico, indeiscente, carnoso, opaco, superfície irregular apresentando algumas depressões, textura lisa, com ápice arredondado, base estreita e bordo inteiro, com um dos lados apresentando-se levemente achatado. Com 5 a 7 cm de comprimento por 3 a 5 cm de diâmetro, largura média 39,4 mm, espessura média de 28,1 mm e com peso médio de 28,3 g. Possui pedúnculo de consistência lenhosa, com fissuras lineares longitudinais e sépalas persistentes enrijecidas. Quando o fruto é aberto, o pericarpo é bem distinto, o exocarpo é fino, de cor verde-acinzentada, de consistência macia e quebradiça, o mesocarpo é marrom, consistência macia, farináceo, espesso, constituindo a polpa, o endocarpo é lenhoso, amarelo-esverdeado ou marrom com uma camada esponjosa na parte interna, o qual aloja uma única semente (amêndoa) oleaginosa de cor bege. A 15 semente tem forma variando entre levemente ovalada e largo-elíptica, sendo mais comum a elíptica, apresenta dimensões e massa variadas, associadas com a massa do fruto, o comprimento varia de 1,0 a 3,5 cm, a largura de 0,9 a 1,3 cm, espessura de 7,0 a 10,0 mm, e peso médio 1,26 g, a cor brilhante do tegumento varia de marrom-amarelada ou avermelhada a quase preta. Com amêndoa e polpa comestíveis, a produção do fruto é sazonal, ou seja, ocorrendo apenas em uma época do ano (ALMEIDA et al., 1998; BARROSO, 1991; CORRÊA et al., 2008; FERREIRA et al., 1998; SANO; RIBEIRO; BRITO, 2004; SANO; VIVALDI; SPEHAR, 1999; SILVA et al., 2003). Figura 2 – Fruto do Baru (Dipteryx alata Vogel). Fonte: www.portalsaofrancisco.com.br (2011). Segundo Ribeiro et al. (2000) a floração do baru ocorre de novembro a fevereiro, mas excepcionalmente, também em outras épocas. O período de formação de frutos ocorre de janeiro a outubro, sendo que frutos maduros estão disponíveis para coleta de amêndoas nos meses de julho a outubro, dependendo da localidade. A dispersão dos frutos ocorre de maneira barocórico (por gravidade) ou zoocórica (morcegos, bovinos, roedores, entre outros) (SANO; RIBEIRO; BRITO, 2004). O baru (Dipteryx alata Vog.) apresenta boa produtividade e germinação das sementes, bem como crescimento rápido, apresentando mais de 95% de sobrevivência, seu potencial para plantação em escala comercial é muito grande. E economicamente o baru é uma grande potência, pois pode ser utilizado para diversos fins: alimentício, forrageiro, oléico, medicinal, industrial, madeireiro e 16 paisagístico, podendo, também, ser empregado em recuperação de áreas degradadas e plantio de enriquecimento de pastagens. Além da boa produtividade, é um produto de fácil armazenamento e com pouca incidência de pragas e doenças (OLIVEIRA et al., 2006; RIBEIRO et al., 2000; SANO; RIBEIRO; BRITO, 2004). Em muitas propriedades tradicionais, voltadas para a pecuária, as árvores do baru são preservadas nas pastagens cultivadas, devido a sua integração e convivência pacífica com o modelo de exploração praticado pelas populações rurais. Como o fruto amadurece na época da seca, quando a disponibilidade de forragem é pequena, este serve de alimento para várias espécies da fauna, incluindo o gado e animais domésticos, tornando-se importante fonte complementar de calorias para animais em pastagens naturais ou degradadas e, ainda, a árvore serve de abrigo para os mesmos. (CORRÊA et al., 2000; SANO; RIBEIRO; BRITO, 2004; SANO; VIVALDI; SPEHAR, 1999). De acordo com Oliveira (1999) em pastagem cultivada, os solos sob baru apresentaram teores de nitrogênio e matéria orgânica superiores aos solos sob pequizeiro e braquiária. Na análise de forragem, verificou-se maior conteúdo de nutrientes no capim sob baru que nas outras áreas. Quanto ao aspecto alimentício tanto a polpa, a amêndoa e as flores podem ser consumidas. O fruto como o todo, serve de alimentos para animais. As flores são visitadas por abelhas que retiram o néctar e prestam serviços ambientais com a polinização. A amêndoa de sabor agradável e menos acentuado que o do amendoim é consumida de diversas formas: torrada como aperitivo ou em inúmeras receitas, como por exemplo, na forma de pé-de-moleque, paçoca, rapadurinhas, cajuzinho, entre outras. Já em relação à polpa do baru, esta também, pode ser utilizada na fabricação de alguns produtos como o licor, de grande aceitação, e as geléias. O licor, que inclusive, já é produzido tanto de forma artesanal como em escala industrial. Desta forma, a aplicação alimentar contribui para o aproveitamento e valorização dos produtos regionais, incentiva o desenvolvimento de alternativas alimentícias com elevado teor nutricional e valoriza a causa da preservação e desenvolvimento sustentável das áreas nativas do Cerrado (NEPOMUCENO, 2006; SANO; RIBEIRO; BRITO, 2004; SILVA et al., 2003; SOARES JÚNIOR, et al., 2007). O óleo da semente de baru possui alto teor de ácido oléico e linoléico de grande utilização para fins comestíveis ou como matéria-prima na indústria alimentícia e farmacêutica (TAKEMOTO et al., 2001). Sendo também, utilizado como 17 aromatizante de fumo e anti-reumático na medicina popular, tendo bom potencial farmacológico (BASSINI, 2008; CORRÊA et al., 2008; NEPOMUCENO, 2006). A madeira proveniente do baru devido apresentar uma alta densidade, compacta, com alta durabilidade, elevada resistência ao apodrecimento, pode ser utilizada para a fabricação de estacas, postes, moirões, construção civil e o endocarpo para combustão, na forma de carvão. O baru é uma árvore que também pode ser utilizada no paisagismo e recuperação de áreas degradadas, por possuir baixa manutenção, adubação e pela alta produção de massa foliar (SANO; RIBEIRO; BRITO, 2004; SANO; VIVALDI; SPEHAR, 1999). Considerando as características da planta e dos frutos de baru no bioma Cerrado, principalmente capacidade de adaptação a diversos tipos de solo, produtividade, multiplicidade de usos, possibilidade de consórcio com pastagens e também suas características funcionais, pode-se afirmar que esta espécie apresenta grande potencial de participar de sistemas produtivos mais equilibrados ecologicamente (VERA; SOUZA, 2009). 2.1.1 POTENCIAL NUTRICIONAL DO BARU Dentre as diversas possibilidades de utilização do baru, seu emprego na alimentação humana e animal é a de maior relevância. Na Tabela 1, encontra-se a composição centesimal da casca e polpa do baru (Dipteryx alata Vog.) relatada por Rocha e Santiago (2009). Tabela 1 – Composição centesimal da casca e polpa de baru (g.100g-1). Determinação g.100g-1 (%) Umidade 21,05 Carboidratos 65,01 Lipídios 3,30 Proteínas 4,45 Cinzas 1,79 Fibra bruta 4,39 Fonte: Rocha e Santiago (2009). 18 Os principais componentes encontrados na polpa do baru foram os carboidratos (predominantemente por açúcares) (65,0%), umidade (21,05%) e proteínas (4,45%) (ROCHA; SANTIAGO, 2009; SANO; RIBEIRO; BRITO, 2004). O teor de proteínas da polpa de baru encontrado por Rocha e Santiago (2009) de 4,45% foi semelhante ao encontrado por Vallilo, Tavares e Aued (1990) de 5,00% e inferior ao encontrado por Togashi e Scarbieri (1994) de 5,59%. O teor de umidade da casca e polpa do baru (21,05 g.100g-1) resultou em valores próximos ao encontrados por Botezelli, Davide e Malavasi (2006), que apontam valores entre 20,53 e 27,24 g.100g-1. O teor de cinzas obtido por Rocha e Santiago (2009) de 1,79% é igual ao encontrado por Vallilo, Tavares e Aued (1990). O valor encontrado por Rocha e Santiago (2009) para o teor de lipídios da casca e polpa de baru de 3,30% foi semelhante ao reportado por Togashi e Scarbieri (1994) de 3,40%. O teor de carboidratos encontrado por Rocha e Santiago (2009) de 65,01% foi próximo ao relatado por Vallilo, Tavares e Aued (1990) de 63,18%, ao qual, de acordo com o mesmo, 30,80% são referentes aos teores de glicose e sacarose e 32,80% ao teor de amido. Considerando-se proteínas, lipídios e carboidratos, o valor calórico estimado da casca e polpa do baru foi de 307,54 kcal.100g-1 (ROCHA; SANTIAGO, 2009). Takemoto et al. (2001) determinou a composição centesimal e o valor calórico da semente (amêndoa) de baru. Os resultados estão expressos na Tabela 2. 19 Tabela 2 – Composição centesimal aproximada (g.100g-1) e valor calórico total (kcal.100g-1) da semente de baru (Dipteryx alata Vog.)*. Componentes Valores (média) Substâncias voláteis a 105 °C (umidade) 6,1 Resíduo mineral fixo (cinzas) 2,70 Lipídios 38,2 Proteínas (N x 6,25) 23,9 Carboidratos totais** 15,8 Fibras totais 13,4 Fibras solúveis 2,50 Fibras insolúveis 10,9 Valor calórico total (VCT)*** 502 Fonte: Takemoto et al. (2001). *Média de cinco repetições. **Calculado por diferença. ***Valor teórico. De acordo com a Tabela 2, os componentes de maior relevância presentes na semente de baru são os lipídios (38,2%) e as proteínas (23,9%). Comparando-se o valor de lipídios obtido por Takemoto et al. (2001) verificou-se que este ficou um pouco inferior ao encontrado por Vallilo, Tavares e Aued (1990) de 41,60% e ao reportado por Togashi e Scarbieri (1994) de 40,30%. O teor de proteínas encontrado por Takemoto et al. (2001) de 23,90% foi semelhante ao relatado por Vallilo, Tavares e Aued (1990) de 23,50%. O teor de cinzas da semente de baru encontrado por Takemoto et al. (2001) de 2,70% resultou em valor próximo ao determinado por Togashi e Scarbieri (1994) de 2,83% e ao reportado por Vallilo, Tavares e Aued (1990) de 2,99%. O valor encontrado por Takemoto et al. (2001) para o teor de fibras totais da semente de baru foi de 13,40% inferior ao obtido por Togashi e Scarbieri (1994) de 19,00%. Sendo que ambos obtiveram uma predominância maior de fibras insolúveis, Takemoto et al. (2001) relatou um teor de 10,90% e Togashi e Scarbieri (1994) um valor igual a 14,10%. Segunto Takemoto et al. (2001) as sementes de baru ainda são grandes fontes de macro e micronutrientes essenciais, como potássio, fósforo e manganês, além de apresentar um elevado valor calórico. 20 O óleo da semente de baru apresenta composição de ácidos graxos semelhantes aos do óleo de amendoim, destacando-se como ácidos graxos de maior ocorrência o oléico e linoléico, sendo estes considerados essenciais (TAKEMOTO et al., 2001; VERA; SOUZA, 2009). Ao se considerar um alimento e seu valor nutritivo, não se pode deixar de observar a existência de componentes que podem interferir, reduzindo ou impedindo o aproveitamento de seus nutrientes, podendo ser eles proteínas, vitaminas ou minerais. Tais substâncias são chamadas fatores antinutricionais (NEPOMUCENO, 2006). Togashi e Scarbieri (1994) determinaram os teores dos fatores antinutricionais presentes na polpa e na semente crua e torrada de baru, que estão representados na Tabela 3. Tabela 3 – Substâncias com propriedades antinutricionais. Substâncias Polpa Semente (amêndoa) Crua Torrada Taninos (mg/ 100 g) 3112 0 0 Ácido fitico (%) 0,27 0,16 0,06 Inibidor de triosina (UTI/ mg amostra) 0,67 38,60 0,63 Fonte: Togashi e Scarbieri (1994). Foram observadas substâncias antinutricionais presentes no baru como o tanino, ácido fitico e inibidor de triosina. O teor de tanino não foi detectado na semente crua e, consequentemente, na semente torrada, porém foi determinada uma grande quantidade na polpa, embora esse teor tenda a decrescer com a maturação do fruto (SANO; RIBEIRO; BRITO, 2004; TOGASHI; SCARBIERI, 1994). Os valores de ácido fitico encontrados na polpa, semente crua e semente torrada de baru foram baixos quando comparados com os teores de ácido fitico do feijão (1,63 a 3,67%) ou cereais como milho (0,89%), trigo (1,13%) e arroz (0,89%). Sementes oleaginosas apresentam, em média, 1,5% de ácido fitico, em base seca, valores bem acima dos encontrados no baru (TOGASHI; SCARBIERI, 1994). A atividade inibitória de tripsina presente em elevada quantidade na semente crua, 38,60 UTI/ mg amostra, pode ser reduzida consideravelmente para 0,63 UTI/ mg amostra, com a simples torrefação da semente. Desta forma, devido ao teor de 21 atividade antitripsina, que interferem no metabolismo digestivo, principalmente no pâncreas e fígado, podendo causar hipertrofia e hiperplasia pancreáticas, recomenda-se consumir a semente torrada (TOGASHI; SCARBIERI, 1994). 2.2 AÇÚCARES Em alimentos, os carboidratos atuam basicamente como agentes de sabor (doçura) agentes de escurecimento e agentes formadores de goma, influindo na textura dos alimentos (OETTERER; SARMENTO, 2006). As propriedades dos açúcares estão diretamente relacionadas com a estrutura química deles e, portanto é com base nelas que é possível escolher qual açúcar ou carboidrato será utilizado para a fabricação de um determinado alimento (OETTERER; SARMENTO, 2006). Certos carboidratos (açúcares comum e amido) são a base da dieta na maior parte do mundo e a oxidação dos carboidratos é a principal via metabólica fornecedora de energia para a maioria das células não-fotossintéticas, sendo portanto, os nutrientes mais largamente consumidos. Por exemplo, os açúcares podem ser ingeridos na forma de açucarados naturais como o mel e as frutas, de açucarados propriamente ditos como o açúcar comercial nas várias formas, de alimentos elaborados a base de açúcar, como geléias, doces, caramelos, balas, glacês; de alimentos elaborados com adição de açúcar como bombons, sorvetes, leite condensado, biscoitos, bolos, pudins e refrigerantes (NELSON; COX, 2002; OETTERER; SARMENTO, 2006). Os açúcares são substâncias que contêm carbono, hidrogênio e oxigênio de acordo com a fórmula geral [CH2O]n onde n ≥ 3 e ocorrem como compostos simples e complexos. São poliidroxialdeídos ou poliidroxicetonas, ou ainda, substâncias que liberam estes compostos por hidrólise. São classificados de acordo com o número de unidades de açúcares simples que contém, como: monossacarídeos, dissacarídeos, oligossacarídeos e polissacarídeos (a palavra “sacarídeo” é derivada do grego sakcharon que significa “açúcar”). Os monossacarídeos, ou açúcares simples, consistem em uma única unidade de poliidroxialdeído ou cetona, como exemplo, de maior abundante na natureza, pode se citar, o açúcar com seis átomos de carbono na molécula, a D-glicose, também chamada dextrose. Os oligossacarídeos são compostos por cadeias curtas de unidades monossacarídicas, 22 unidas entre si por ligações glicosídicas. Os mais abundantes são os dissacarídeos, formados por duas unidades de monossacarídeos, como a sacarose, composta por D-glicose e D-frutose. Os polissacarídeos são formados por longas cadeias de unidades de monossacarídeos unidas entre si por ligações glicosídicas (NELSON; COX, 2002; MOTTA, 2005). Os açúcares ainda podem ser classificados quanto ao seu poder de reduzir sais de cobre, prata e ferro em soluções alcalinas, estes são conhecidos como açúcares redutores, e os que não possuem esta capacidade como açúcares não redutores (DEMIATE et al., 2002). 2.2.1 AÇÚCARES REDUTORES Açúcares redutores (Figura 3) são carboidratos capazes de reduzir sais de cobre, ferro e prata em soluções alcalinas, ao qual apresentam grupos aldeídicos e cetônicos livres, tendo como exemplo a glicose, frutose, maltose, lactose, entre outros (NELSON; COX, 2002; DEMIATE et al., 2002). Figura 3 – Estrutura aberta de monossacarídeos (açúcares redutores), glicose e frutose. Fonte: www.klickeducacao.com.br (2011). Os monossacarídeos são açúcares redutores e o mecanismo de óxidoredução está representado pela formação de um enediol, função, em meio alcalino, fortemente redutora, que interconverte aldoses e cetoses. A glicose, por exemplo, se converte rapidamente em enediol, em meio alcalino, levando à formação de frutose e de manose, sendo este composto conhecido como redutona, ao qual leva a 23 redução dos íons cúpricos ao ser oxidado à função aldônica. Sendo este mecanismo semelhante aos demais monossacarídeos (DEMIATE et al., 2002). As propriedades dos açúcares redutores são diferentes das dos açúcares não redutores o que fará com que a utilização destes açúcares nos alimentos seja feita em função dessas propriedades. Ao qual se pode citar a utilização da glicose para a produção de álcool, pois a levedura ataca-a diretamente. Já para a produção de açúcar é desejado a presença de sacarose, em vez de glicose e frutose, açúcares redutores. Desta forma a análise constante de açúcares redutores totais é de grande relevância para o controle industrial da fabricação de açúcar e de álcool, principalmente em se tratando de melhoria da eficiência do processo industrial, ao pagamento da cana-de-açúcar em função do teor de sacarose, e à avaliação do estado de maturação da cana (ALVES et al., 2005; OETTERER; SARMENTO, 2006). 2.2.2 AÇÚCARES NÃO REDUTORES A ligação glicosídica, que se forma com a união de dois monossacarídeos, faz com que as funções anoméricas deste fiquem comprometidas, impedindo assim que este apresente capacidade de reduzir os sais de cobre, ferro e prata dos reativos analíticos (DEMIATE et al., 2002). A sacarose (Figura 4), dissacarídeo importante em alimentos, apresenta com a ligação glicosídica, duas funções anoméricas comprometidas, a cetônica da frutose e a aldeídica da glicose, fazendo com que esta não apresente capacidade de reduzir os sais de cobre do reativo analítico. Entretanto, esta ligação pode ser facilmente quebrada através de hidrólise enzimática ou em meio ácido, assim liberando os dois monossacarídeos, então redutores (DEMIATE et al., 2002). 24 Figura 4 – Sacarose (açúcar não redutor). Fonte: www.repositorio.sead.ufscar.br (2011). A mistura destes açúcares, sacarose (dissacarídeo), glicose e frutose (monossacarídeos), obtidos após a hidrólise deste dissacarídeo, também recebe o nome de açúcar invertido. Isto devido a uma alusão ao método de análise por polarimetria, que com a hidrólise da sacarose, a frutose liberada faz com que o plano da luz polarizada apresente um deslocamento para a esquerda, pois esta é levorrotatória, ao contrário da sacarose que é dextrorrotatória, assim identificando-a como açúcar invertido. Este que, por sua vez, tem um grande potencial econômico (DEMIATE et al., 2002; OETTERER; SARMENTO, 2006; RODRIGUES et al., 2000). 2.3 DETERMINAÇÃO DE AÇÚCARES REDUTORES PELO MÉTODO LANEEYNON Vários métodos de análise foram desenvolvidos para medir a concentração total e os tipos de carboidratos presentes nos alimentos. Os métodos químicos empregados para a determinação dos carboidratos na forma de monossacarídeos são baseados no fato de que muitos desses apresentam poder redutor (em meio alcalino, a quente) sobre o cobre, a prata, o ferro e/ou outras substâncias, produzindo complexos coloridos, ou precipitados que podem ser quantificados. Dentre os métodos clássicos conhecidos têm-se o método de Lane e Eynon, de Benedict, complexométrico de EDTA, de Luff-Schoorl, de Musson-Walker e de Somogyi-Nelson (NELSON; COX, 2002; SILVA et al., 2003; TAVARES et al., 2010). O método de Lane-Eynon baseia-se no fato de que os sais cúpricos, em solução tartárica alcalina (também conhecida como solução de Fehling), podem ser 25 reduzidos a quente por aldoses ou cetoses transformando-se em sais cuprosos vermelhos, que se precipitam, perdendo sua cor azul primitiva (Figura 5). O tartarato, ao unir-se ao cobre, formando um complexo solúvel, impede a formação de hidróxido cúprico insolúvel que teria lugar se existisse cobre livre na solução alcalina. Para a confirmação da reação verifica-se a formação de óxido cuproso, um precipitado vermelho tijolo (DEMIATE et al., 2002; TAVARES et al., 2010). Figura 5 – O tartarato de sódio e potássio forma um sal com o Cu2+ (azul anil) que sofre posterior redução a tartarato e óxido cuproso (Cu2O precipitado de coloração vermelho tijolo) e o açúcar redutor é oxidado formando um sal sódico como produto. Fonte: TAVARES et al., 2010. No método Lane-Eynon, observa-se o nome Fehling que esta associado aos reativos utilizados na redução do cobre (o reativo de Fehling consiste em uma mistura de sulfato de cobre e hidróxido de sódio, contendo ácido tartárico, que por sua vez, tem como função manter o hidrato cúprico em solução). Este nome é em homenagem ao primeiro pesquisador a indicar as proporções adequadas dos reagentes e dar ao método uma base analítica sólida (DEMIATE et al., 2002). Para maior exatidão dos resultados alguns fatores importantes devem ser observados. Manter a solução constantemente em ebulição durante a titulação, pois o óxido cuproso (Cu2O) formado pode ser novamente oxidado pelo oxigênio (O2) do ar fazendo com que a cor retorne para azul; A titulação deve levar no máximo três minutos, pois o aquecimento prolongado pode levar a decomposição dos açúcares. Como o cobre reduzido e os açúcares não têm uma relação estequiométrica, o resultado pode ser obtido a partir de tabelas ou padronizando-se a mistura de Fehling com uma solução de açúcar com concentração conhecida, que é geralmente expresso em glicose (TAVARES et al., 2010). 26 2.4 OTIMIZAÇÃO DE PROCESSOS VIA METODOLOGIA DE SUPERFÍCIE DE RESPOSTA (MSR) Metodologia de superfície de resposta (MSR) ou do inglês Response Surface Methodology (RSM) se baseia em um conjunto de técnicas de planejamento e análise de experimento usado na modelagem matemática de resposta. Este método foi desenvolvido por George Box na Universidade de Princeton – Estados Unidos, junto com outros autores na década de 1950. Essa técnica foi criada com a finalidade de desenvolver, melhorar e otimizar processos (CARLEY; KAMNEVA.; REMINGA, 2004; MYERS; KHURI; CARTER, 1989). De acordo com a literatura, a metodologia de superfície de resposta passou a ser aplicada pelas empresas e indústrias a partir dos anos 80, sendo as indústrias japonesas e americanas as principais a utilizarem desta ferramenta. Ao qual, teve como finalidade a melhoria da qualidade dos produtos e/ou processos de fabricação, redução do tempo de desenvolvimento dos produtos, aumento da produtividade, entre outros fatores. Assim várias áreas começaram a planejar e analisar estatisticamente seus experimentos, como por exemplo, Indústria de Alimentos, Agronomia, Física, Engenharia, Ciências Sociais, Biologia, entre diversas outras (COLOMBARI, 2004; CUSTÓDIO; MORAIS; MUNIZ, 2000; GUEDES, 1996). A metodologia de superfície de resposta pode ser utilizada para a modelagem matemática de apenas uma resposta (single-response analysis), como para a modelagem matemática de problemas em que são observadas várias características de qualidade, conhecidas como otimização de multi-respostas (multiple-response experimental design). Sendo que, isto se tornou possível devido ao avanço tecnológico dos softwares estatístico que permitem o uso da metodologia de superfície de resposta para multi-resposta e, também, proporcionam, a redução de erros nas análises estatísticas dos problemas estudados (COLOMBARI, 2004). A metodologia de superfície de resposta baseia-se na construção de modelos matemáticos empíricos que geralmente empregam funções polinomiais lineares ou quadráticas, que são ajustados aos dados obtidos segundo um planejamento experimental, para descrever o sistema estudado e, consequentemente, dão condições de explorar (modelar e deslocar) o sistema até sua otimização. Nestes casos, os experimentos são realizados randomicamente e as variáveis analisadas todas de uma vez, permitindo que os efeitos da interação também possam ser 27 avaliados (ASCHERI, 2007; PAIVA, 2006; SANTOS et al., 2011; TEÓFILO; FERREIRA, 2006). Neste sentido, otimizar significa encontrar os valores dos fatores (variáveis independentes) que irão produzir a melhor resposta (variável dependente) desejada, isto é, encontrar a região ótima na superfície definida pelos fatores. Um planejamento experimental construído para estimar coeficientes, segundo algum modelo aproximado, deve reunir certos critérios desejáveis, sendo os principais: proporcionar boas estimativas para todos os coeficientes, exigindo poucos experimentos e, fornecer condições de avaliação dos coeficientes e do modelo, ou seja, da regressão e da falta de ajuste (TEÓFILO; FERREIRA, 2006; GRIZOTTO et al., 2005). Segundo Cochran e Cox (1957), a função matemática que descreve a superfície de resposta é data por: η = f (X1, X2,...,XK) + (1) em que: X1, X2,...,XK são os fatores experimentais e é o resíduo ou erro experimental, ou seja, é a dispersão dos resultados em torno da função matemática aproximada aos pontos. Na metodologia de superfície de resposta é desconhecida a função matemática que define o relacionamento entre a resposta e os fatores experimentais na maioria dos problemas. Sendo assim, o primeiro passo em um procedimento de otimização é identificar uma função matemática que modele a variação das respostas em função da variação dos fatores investigados (COLOMBARI, 2004). Contudo, é improvável que um modelo polinomial seja uma aproximação razoável do modelo real em todo o espaço experimental, mas pelo menos para uma determinada região, ele funcionará muito bem (MONTGOMERY, 2009). A análise de uma superfície de resposta é feita em termos de uma superfície ajustada. Se tal superfície é adequada, sua análise será aproximadamente equivalente a análise da superfície real. Sendo necessária a utilização de um arranjo experimental adequado para a coleta dos dados da resposta, a fim de se estimar eficazmente os parâmetros do modelo. Geralmente, quando se encontra em uma região experimental distante do ponto de ótimo, a curvatura do sistema é bem pequena, de onde decorre que um modelo de primeira ordem seja o mais adequado 28 para modelar a resposta. Desta forma, o interesse experimental deve ser, portanto, caminhar em direção à região de ótimo. Uma vez encontrada tal região, um modelo quadrático deve ser utilizado para demonstrar o ponto ótimo (PAIVA, 2006). 29 3. MATERIAIS E MÉTODOS 3.1 MATÉRIA-PRIMA Os frutos do baru (Dipteryx alata Vog.) foram colhidos dos arredores do Município de Pirenópolis, Estado de Goiás, no mês de setembro de 2009, coletados do chão quando se iniciou sua queda natural, o que indicou o ponto ideal de colheita dos frutos. 3.2 EXTRAÇÃO DA POLPA Os frutos foram selecionados em função do tamanho e ausência de danos. Após a seleção, os frutos foram lavados em água corrente para retirada de palha, poeira e outros detritos. Seguidamente, os frutos foram imersos em solução de hipoclorito de sódio (200 mg L-1) por 10 min e seco sob condições ambientes. Após a sanitização, a polpa foi extraída do pericarpo com auxílio de facas de aço inoxidável (Figura 6), seguida de secagem em estufa com circulação e remoção de ar (Marconi, MA 035, Piracicaba, Brasil) à 60 °C até massa constante. A polpa seca foi triturada em moinho de facas (Tecnal, TE-625, Piracicaba, Brasil), obtendose a polpa em pó. Com o intuito de diminuir as partículas mais grossas e, ainda, concentrar os açúcares, a polpa em pó foi passada em peneira de malha com furos de 75 µm de diâmetro, armazenada em potes herméticos até seu posterior uso. Figura 6 – Extração da polpa do baru. Fonte: www.centraldocerrado.org.br (2011). 30 3.3 EXTRAÇÃO DOS AÇÚCARES DA POLPA E DELINEAMENTO EXPERIMENTAL O processo de extração foi conduzido em erlenmeyers de 250 mL e banhomaria com agitação pendular tipo Dubnoff (Tecnal, TE-053, Piracicaba, Brasil). As condições do processo foram estabelecidas num Delineamento Composto Central Rotacional (DCCR) e os resultados foram avaliados através da aplicação de Metodologia de Superfície de Resposta (MSR). Seguiu-se as seguintes etapas para a otimização do processo de extração dos açúcares redutores (AR): a) Através de um levantamento bibliográfico, foram selecionadas as variáveis que mais influenciam no processo de extração de AR (BOAS et al., 2001; PAGANINI et al., 2005). b) A quantidade de polpa foi de 5 g por tratamento, estabelecida previamente por meio de ensaios preliminares a este trabalho. c) O método de planejamento experimental DCCR (BOX, 1954; COCHRAN; COX, 1957) foi escolhido para três variáveis. Ele consistiu em um planejamento fatorial 23 com oito ensaios (2 x 2 x 2), mais seis pontos axiais e cinco pontos centrais (PC), totalizando dezenove experimentos, para avaliar a influência dos fatores, no programa computacional Statistica 8.0 (STATSOFT, 2007), no qual as variáveis independentes foram: Quantidade de água destilada (QA), Temperatura (T) e Tempo de extração (Te), com agitação constante a 75 rpm. Na Tabela 4 se detalham os valores dos níveis codificados e reais escolhidos para o planejamento experimental DCCR. TABELA 4 – Níveis reais e codificados das variáveis independentes estudadas no processo de extração dos açucares redutores. Nível Variáveis -α α -1 0 +1 +α α X1 11,32 12 13 14 14,68 X2 26,59 30 35 40 43,41 X3 64,77 75 90 105 115,23 X1 = Quantidade de água (mL por 5 g de polpa); X2 = Temperatura de extração (°C); X 3 = Tempo de extração (min); α = 1,682. 31 O valor de α foi calculado em função do número de variáveis independentes, sendo definido como (BARROS NETO; SCARMINIO; BRUNS, 2003): α = (2 k ) 4 = (2 3 ) 4 = 1,682 1 1 (2) O modelo polinomial de segunda ordem adotado em função das variáveis dependentes, segundo Khuri e Cornell (1987), foi: k k k i=1 i=1 i< j Y = b 0 + ∑ b i X i + ∑ b ii X i2 + ∑ b ij X i X j + ε (3) em que: Y é a função resposta, X é a variável estudada, b representa os coeficientes do modelo e ε é o erro experimental. d) A resposta adquirida (variável dependente) do experimento realizado foi a quantidade de Açúcares Redutores, denotado anteriormente como AR, obtida por análise titulométrica usando o método de Lane-Eynon (MATISSEK; SCHENEPEL; STEINER, 1998), descrito no item 3.4.2. e) Foi realizada Análise de Resíduos a 95% de limite de confiança (p<0,05), que consistiu: no teste de significância do ajuste do modelo, baseados na Análise de Variância (ANOVA), comparando-se a proporção da variação explicada, isto é, pela análise do coeficiente de determinação ajustado ( R aj2 ) e pelo método de seleção para frente (forward selection) até que o valor das somas dos quadrados do erro (SQE) não variasse ou até completar os coeficientes do modelo proposto. f) Os coeficientes do modelo foram estimados pelo método dos mínimos quadrados, sendo sua significância avaliada pelo teste t e valor da probabilidade (valor-p), adotando-se um valor de p ≤ 0,05, para todos os ensaios; g) Curvas de contorno e superfícies de respostas foram desenhadas por meio do modelo matemático proposto nos níveis reais das variáveis independentes, mantendo-se a resposta em função do eixo Z, com eixos X e Y representando as variáveis independentes ao mesmo tempo em que se mantêm as demais variáveis constantes no ponto central. h) Uma vez obtido um modelo polinomial ajustado à resposta, sua otimização foi feita pela técnica proposta por Derringer e Suich (1980). Esta se baseia na 32 definição de uma função de desejabilidade (D) restrita no intervalo de [0,1], para a qual se adotou como limites inferior, médio e superior nos valores de 0, 0,5 e 1,0, respectivamente. Se a resposta for aquela que se quer, D = 1 e se a resposta estiver fora da região aceitável, D = 0. Assim, as variáveis independentes são escolhidas de modo a maximizar a desejabilidade global. 3.4 DETERMINAÇÕES ANALÍTICAS 3.4.1 COMPOSIÇÃO QUÍMICA DA POLPA Os teores de água, cinzas, lipídios, fibras e proteínas foram determinadas utilizando-se os métodos descritos pelo Instituto Adolfo Lutz (IAL, 2008). Os açúcares redutores, glicose e frutose, e a sacarose foram determinadas segundo Macrae (1998), por separação cromatográfica da amostra em coluna de fase reversa e consequente determinação da concentração dos açúcares por cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE), utilizando método de padronização externa. As seguintes condições cromatográficas foram utilizadas: coluna amino 30 cm x 4,6 mm (High Performance Carbohydrate), fase móvel Acetonitrila 75% em água com fluxo de 1,4 mL min-1 e detector índice de refração com temperatura interna de 45 ºC. Os resultados foram expressos em g por 100 g de matéria seca. 3.4.2 DETERMINAÇÃO DOS AÇÚCARES REDUTORES DO EXTRATO DE POLPA Após a obtenção da solução do extrato de açúcares redutores da polpa do baru, essa foi filtrada sob vácuo, tendo seu volume padronizado para 100 mL e em seguida fez-se a determinação dos mesmos. Sendo que, as determinações se deram no mesmo dia da extração, para evitar perdas devido à degradação da amostra. A determinação dos açúcares redutores foi realizada em quadruplicata, de forma aleatória, pelo método de Lane e Eynon, que utiliza o licor ou solução de Fehling, conforme descrito anteriormente: foram transferidos para um erlenmeyer de 250 mL, com auxílio de pipeta, 10 mL da solução A e 10 mL da solução B de Fehling, e adicionados 40 mL de água destilada, aquecendo-se até a ebulição. A amostra contendo os açúcares redutores foi utilizada como agente titulante, sendo 33 que, essa foi adicionada gota a gota sobre a solução de Fehling, em ebulição, agitando-se sempre até que a solução passou da cor azul a incolor. No fundo do erlenmeyer ficou um resíduo avermelhado, quando foram adicionadas 2 a 3 gotas de azul de metileno e concluída a titulação com a mudança de coloração. A solução de Fehling foi padronizada anteriormente utilizando-se uma solução de glicose a 1%, em água, sendo feitas quatro repetições. A partir disso, calculouser o fator de conversão para ser usado como parâmetro nas análises das amostras em questão. Glicose % 100 x A x a PxV (4) em que: A é o volume da solução da amostra gasta na titulação em mL; a é o valor do título do Fehling (g de glicose por 10 mL da solução de Fehling); P é a massa da amostra (g); V é o volume da amostra gasto na titulação. Os resultados obtidos estão dispostos na Tabela 6, representados pela média de quatro valores, mais ou menos o desvio padrão. 34 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 COMPOSIÇÃO QUÍMICA DA POLPA DO BARU Os componentes e respectivos valores médios da composição química da polpa do baru estão descritos na Tabela 5. Tabela 5 – Resultados referentes à composição química da polpa do baru*. Componentes Água Média (g por 100 g em base seca) 20,00 ± 0,09 Proteínas 5,60 ± 0,30 Lipídios 3,10 ± 0,03 Fibra bruta 4,61 ± 0,40 Cinzas 3,50 ± 0,03 Carboidratos1 63,19 ± 0,05 Glicose 5,90 ± 0,65 Frutose 22,50 ± 0,22 Sacarose 30,91 ± 0,50 * média de três determinações; 1 Calculado por diferença [100-(Água + Proteína + Lipídios + Fibra bruta + Cinzas)]. O teor de água inicial da polpa do baru foi de 20%, bem próximos dos encontrados por Botezelli, Davide e Malavasi (2006) e Rocha e Santiago (2009) que acharam teores de água entre 20 e 27%. Os teores de proteínas (5,6%) e lipídios (3,1%) da polpa de baru são consistentes com os valores encontrados por Alves et al. (2010) de 4,17% para proteínas e 3,73% para os lipídios, entretanto o teor de cinzas (3,5%) foi elevado se comparado com o referido por Arakaki (2010) que foi igual a 1,34%. Apesar de na literatura não conter informações suficientes sobre a quantidade certa do teor de açúcares na polpa do baru, Vallilo, Tavares e Aued (1990) destaca a presença de 30,80% de glicose e sacarose, e segundo Togashi e Scarbieri (1994) os teores de açúcares totais é igual a 20,40%. Sendo que, estas diferenças são justificadas por Candil (2004) que afirma que fatores do ambiente (regiões de cultivo, solo e clima) e fatores genéticos têm influência sobre as propriedades nutricionais dos mesmos. 35 A polpa de baru do presente estudo apresenta considerável quantidade de sacarose (30,91%), frutose (22,50%) e relativa quantidade de glicose (5,90%), o que a torna adocicada. Entretanto, quando estes foram comparados com polpas de outros frutos, como por exemplo, abacaxi, tamarindo e mangaba, observou-se que os teores de frutose e glicose são menores e de sacarose é maior (ALMEIDA et al., 2009). Mas, assim mesmo a polpa do baru é usada para a confecção de bebidas alcoólicas fermentadas e licores, sendo este último já encontro disponível comercialmente, podendo ser utilizada também em geléias, doces, bolos e diversos outros fins (NEPOMUCENO, 2006). 4.2 EFEITOS DOS PARÂMETROS DO PROCESSO DE EXTRAÇÃO DE AÇÚCARES REDUTORES Os níveis dos fatores utilizados durante o processo de extração e a resposta (açúcares redutores) estão especificados na Tabela 6. Pelo fato de o baru ser um fruto climatérico, ou seja, continua seu processo de maturação após a colheita, e ter alterações genéticas de região para região, o presente estudo retrata uma condição específica, sem levar em conta estas variações acima mencionadas. Consequentemente podem ser obtidos resultados variáveis se realizados em outras condições (ALVES et al., 2010; BOTEZELLI; DAVIDE; MALAVASI, 2006). Aqui também, a quantidade de açúcares redutores extraída da polpa do baru dependerá das condições do processo estabelecidas anteriormente pelo planejamento experimental usado. Por exemplo, a menor quantidade de AR (19,78%) foi detectada quando o processo operou com as condições do tratamento 1, isto é, quando a polpa foi macerada em 12 mL de água a uma temperatura de 30 °C por um tempo de 75 min. Entretanto, a maior quantidade de AR foi extraída quando o processo operou usando o tratamento 16; a polpa foi macerada em 13 mL de água a uma temperatura de 35 °C por 90 min de agitação, obtendo-se 25,94% de açúcares redutores, um aumentando de aproximadamente 6% em relação ao processo anterior. 36 Tabela 6 – Variáveis e níveis utilizados para planejamento experimental fatorial completo composto central e a resposta obtida para a extração de açúcares redutores. Tratamentos X1 X2 X3 AR (%)* 1 12 30 75 19,78 ± 3,35 2 12 30 105 21,44 ± 0,10 3 12 40 75 20,53 ± 0,07 4 12 40 105 20,10 ± 0,23 5 14 30 75 21,32 ± 4,42 6 14 30 105 20,92 ± 2,45 7 14 40 75 24,70 ± 1,78 8 14 40 105 21,78 ± 0,03 9 11,32 35 90 21,92 ± 4,66 10 14,68 35 90 24,79 ± 3,98 11 13 26,59 90 20,31 ± 1,74 12 13 43,41 90 20,61 ± 0,87 13 13 35 64,77 23,30 ± 2,36 14 13 35 115,23 21,88 ± 3,05 15 13 35 90 25,55 ± 0,08 16 13 35 90 25,94 ± 1,65 17 13 35 90 25,46 ± 2,18 18 13 35 90 25,16 ± 0,47 19 13 35 90 25,32 ± 3,41 X1 = Quantidade de água (mL por 5 g de polpa); X2 = Temperatura de extração (°C); X 3 = Tempo de extração (min); *média de quatro determinações ± desvio padrão. Visto que em cada tratamento aplicado se obtêm diferentes resultados em AR (Tabela 6), o processo de otimização utilizando metodologia de superfície de resposta se mostra importante para este tipo de extração, assim como ocorre em outros processos, ao qual se deseja obter um melhor rendimento possível (SANTOS et al., 2011). Para isso, o modelo polinomial de segundo grau (Equação 3) foi testado e sua adequação foi analisada pela ANOVA a nível de 5% de probabilidade (Tabela 7). 37 Primeiramente foi testada a porção linear da Equação 3, sem interação e com interação (Equações 5 e 6, respectivamente): 3 Y = b 0 + ∑ bi Xi + ε (5) i=1 k k i=1 i< j Y = b 0 + ∑ b i X i + ∑ b ij X i X j + ε (6) O resultado da ANOVA está na Tabela 7. Nela pode ser vista que os parâmetros dessas equações são significativos com valor-p menor de 0,02. Entretanto, houve falta de ajuste uma vez que esta fonte de variação possui valor-p muito menor que 0,01. Também, se pode observar que o coeficiente de determinação ajustado foi igual a 0 ( R aj2 =0), indicando que a regressão linear sem ou com interação não é um modelo adequado para ajustar os dados experimentais de AR extraídos da polpa do baru, em função da quantidade de água, tempo e temperatura de extração. Tabela 7 – Análise de variância para o modelo de regressão linear sem e com interação ajustado aos dados experimentais de AR extraído da polpa do baru, em função da quantidade de água, tempo e temperatura de extração. Fator Sem interação F Com interação Valor-p F Valor-p X1 116,24** <0,01 116,24** <0,01 X2 14,66* 0,019 14,66* 0,019 X3 17,04* 0,015 17,04* 0,015 X1 X2 - - 33,84** 0,004 X1 X3 - - 30,03** 0,005 X2 X3 - - 30,83** 0,005 <0,01 94,97** <0,01 Falta de ajuste R aj2 77,68** 0 0 * Significativo 95% de limite de confiança (p<0,05); ** Significativo 99% de limite de confiança (p<0,01). 38 Uma vez constatado que o modelo de regressão linear não se ajustou aos dados experimentais de AR, aplicou-se o modelo polinomial de segunda ordem, também sem ou com interação (Equação 7 e 3, respectivamente). k k i=1 i=1 Y = b 0 + ∑ b i X i + ∑ b ii X i2 + ε (7) Pela ANOVA da Tabela 8 constatou-se que a variação devido aos parâmetros da regressão de ambos modelos polinomiais foram estatisticamente significativas no nível de confiança de 95% (p<0,05), mostrando um valor de coeficiente de determinação ajustado de 0,8228 e 0,9519, respectivamente, explicando, assim, para o modelo polinomial sem interação mais de 82% da variação total da variável resposta em torno da média e menos que 18% foram atribuídos aos resíduos. Já, para o modelo polinomial com interação a variação total em torno da média foi maior de 95%, enquanto que devido aos resíduos foi menor que 5%. Embora ambos modelos polinomiais apresentem valor considerável de R aj2 , o modelo sem interação evidenciou falta de ajuste (valor-p<0,05), enquanto que o com interação não evidenciou a falta de ajuste, tendo em vista que essa variação não foi significativa (valor-p>0,05). Segundo Barros Neto, Scarmínio e Bruns (1995), para que uma regressão seja não apenas estatisticamente significativa, mas também válida para fins preditivos, o valor da razão média quadrática da regressão/média quadrática dos resíduos, ou seja, de Fcalculado, deve ser no mínimo 4 a 5 vezes o valor de Ftabelado, e o coeficiente de determinação deve ser maior ou igual a 60%. Tendo em consideração o referido, o modelo polinomial completo de segunda ordem se mostrou adequado para fins preditivos uma vez que o coeficiente de correlação ajustado foi de 0,9519 e a razão Fcalculado / Ftabelado (36,038 / 3,388) ≈ 11. 39 Tabela 8 – Análise de variância para o modelo de regressão polinomial de segunda ordem sem e com interação ajustado aos dados experimentais de AR extraído da polpa de baru, em função da quantidade de água, tempo e temperatura de extração. Fator Sem interação F Com interação Valor-p F Valor-p X1 116,24** <0,01 116,24** <0,01 X2 123,79** <0,01 123,79** <0,01 X3 14,66* 0,019 14,66* 0,019 X12 575,96** <0,01 575,96** <0,01 X 22 17,04* 0,015 17,04* 0,015 X 32 210,87** <0,01 210,87** <0,01 X1 X2 - - 33,84** 0,004 X1 X3 - - 30,03** 0,005 X2 X3 - - 30,83** 0,005 14,36* 0,011 4,04 n.s. 0,100 Falta de ajuste 0,8228 R aj2 0,9519 * Significativo 95% de limite de confiança (p<0,05); ** Significativo 99% de limite de confiança (p<0,01). n.s. não significativo ao nível de 5% de probabilidade. Segundo Calado e Montgomery (2003) o diagrama de pareto (Figura 7) apresenta de forma rápida e clara os efeitos que são estatisticamente importantes. Os efeitos cujos retângulos estiverem à direita da linha divisória (p=0,05) devem ser considerados no modelo matemático. Os valores ao lado do retângulo representam os valores da estatística de teste t, obtidos na janela dos efeitos principais. Na Figura 7, observa-se que todas as variáveis contribuíram significativamente (p<0,05), sendo considerados como coeficientes do modelo selecionado. As variáveis que mais contribuíram para a extração dos AR da polpa de baru foram o tempo e a temperatura quadráticas, com sinal negativo, indicando que durante o processo poderá se ter um máximo de extração dos açúcares redutores em função dessas variáveis. 40 Figura 7 – Estimativa dos efeitos lineares e quadráticos das variáveis do modelo polinomial de segunda ordem ajustado à variação de açúcares redutores extraídos da polpa do baru em função da quantidade de água (P), tempo (T) e temperatura de extração (Temp.). Por tanto o modelo matemáticos descreve-se da seguinte forma: AR (%) = - 284,0 + 23,1X1 - 0,9 X12 + 4,5X2 - 0,1 X 22 + 1,7X3 - 0,01 X 32 + 0,1X1X2 0,04X1X3 - 0,01X2X3 (8) A Figura 8 ilustra as superfícies de respostas e de contornos das superfícies dos efeitos das variáveis independentes estudas sobre o percentual de açúcares redutores extraídos. Sendo que, para a obtenção das superfícies se fez necessário a escolha de dois fatores em estudo, ao passo que, o terceiro foi mantido constante em seus níveis experimentais. 41 Figura 8 – Perfil de A.R. (%) em função de: (a) temperatura de extração x quantidade de água/polpa, (b) tempo de extração x quantidade de água/polpa e, (c) tempo x temperatura de extração. Ao se observar as Figuras 8a, 8b e 8c, pode se perceber, de maneira geral, que os pontos centrais, do planejamento experimental, foram os que obtiveram uma maior extração dos açúcares redutores, ou seja, identificando o ponto ótimo da extração dos mesmos. 42 Aplicando a função desejabilidade foi estabelecido um ponto ótimo para o processo de extração de açúcares redutores da polpa do baru (Figura 9). Para a extração de 26% de açúcares redutores é necessário utilizar uma quantidade de água de 13,51 mL por 5 g de polpa do baru e o tempo e temperatura de extração devem ser de 90 min e 35 °C, respectivamente. Figura 9 – Perfil da otimização da extração dos açúcares redutores, A.R. (%), em função da quantidade de água/polpa do baru, tempo e temperatura de extração. 43 5. CONCLUSÕES Os resultados da composição química mostraram que a polpa do baru é rica em açúcares, contendo glicose, frutose e sacarose em torno de 6, 23 e 31%, respectivamente. Verificou-se que para extração dos açúcares redutores o modelo quadrático se ajustou adequadamente aos dados experimentais ( R aj2 = 0,9519), sendo que todas as variáveis do processo contribuíram intensivamente na extração dos açúcares. O ponto ótimo para o processo de extração de açúcares redutores da polpa do baru obteve-se um valor de 26%, sendo que para a obtenção desse teor de açúcares é necessário, para 5 g de polpa, utilizar 13,51 mL de água de maceração, a 35 °C por 90 min de extração. Confirmando desta for ma, a importância das variáveis estudadas, uma vez que permitiram a extração de uma quantidade de açúcares redutores próximos aquela previamente quantificada por cromatografia líquida de alta eficiência, CLAE. 44 6. RECOMENDAÇÕES Com os resultados obtidos no presente estudo, a otimização da extração de açúcares redutores se torna um importante aliado ao processo de fermentação alcoólica da polpa do baru, no que se refere ao controle para a obtenção de um maior rendimento do processo. Contudo, se observou que a polpa do baru também é rica em açúcares não redutores, cerca de 31%. Ao qual, da mesma forma que os açúcares redutores, estes têm um elevado potencial econômico, sendo desta forma, de grande importância ser feito, futuramente, a otimização do processo de extração dos mesmos, a fim de se obter um maior rendimento possível nos processos que venham se utilizar destes açúcares. 45 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, M.M.B.; PAULA, R.C.M.; JÚNIOR, J.B.A.S.; SOUSA, P.H.M.; LOPES, M.F.G.; LEMOS, T.L.G. Estudo da composição de açúcares em frutas tropicais do Nordeste Brasileiro. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE QUÍMICA (SBQ), 32., 2009, Fortaleza. Anais... Fortaleza-CE, 2009. 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