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TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO: APRENDIZAGEM POR
PROJETOS INTERDISCIPLINARES
Eliana Rela1
Karla Marques da Rocha2
Marceli Behm Goulart3
Marie Jane Soares Carvalho4
RESUMO: É inadiável tentar chegar a maiores níveis de reflexão sobre as
pressuposições, normas e procedimentos subjacentes nas diferentes práticas
escolares. Ninguém ignora que elas atualmente são diferentes das existentes na
sociedade onde a escola está inserida, apesar de muitos dos rótulos utilizados em
ambos os mundos serem semelhantes. Este trabalho pretende refletir sobre a
articulação dos conceitos de aprendizagem por projetos, interdisciplinaridade e
novas tecnologias da informação e comunicação (TICs) na prática docente, com o
objetivo de diminuir estas distâncias.
PALAVRAS-CHAVES:
Interdisciplinaridade,
aprendizagem
por
projetos,
tecnologias da informação e da comunicação.
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Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Informática na Educação da UFRGS. Professora da
Universidade de Caxias do Sul – UCS – Departamento de História e Geografia. E-mail: [email protected]
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Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Informática na Educação da UFRGS. Professora da
Universidade Luterana do Brasil – ULBRA – Departamento de Pedagogia. E-mail: [email protected]
3
Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Informática na Educação da UFRGS. Professora da
Universidade Estadual do Centro-Oeste – UNICENTRO – Departamento de Matemática. E-mail:
[email protected]
4
Professora do Programa de Pós-Graduação em Informática na Educação da UFRGS. E-mail:
[email protected]
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PROJETOS INTERDISCIPLINARES E TICs: DESAFIOS NA PRÁTICA
DOCENTE.
Nas instituições de ensino são utilizados habitualmente vocábulos como
“pesquisa”, “geografia”, “história”, “português”, “biologia”, “matemática”, etc., embora
essas terminologias não se pareçam com o significado dessas atividades no
momento em que elas são aplicadas no cotidiano. Assim, como poderíamos
conceber a criação de um desenhista, um diretor de cinema, um sociólogo,
copiando modelos estereotipados e consultando apenas um livro-texto?
A educação de cidadãos engatinha para a busca da eliminação das barreiras
existentes entre as instituições acadêmicas e seu ambiente.
Preparar as novas gerações para conviver, partilhar e cooperar no seio da
sociedade globalizada obriga a planejar e desenvolver propostas curriculares que
contribuam para reforçar esse modelo de sociedade. Isto implica em transformar as
salas de aula em espaços onde os conteúdos culturais, habilidades, procedimentos
e valores imprescindíveis para construir e aperfeiçoar esses modelos sociais, que
são submetidos à análise, reflexão e prática.
As metas educacionais que servem como base para essa atividade curricular
nas salas de aula não devem nos levar a robotização dos conteúdos e tarefas,
ocasionando a falta de motivação e significado. Por isso, a constante busca de
novas metodologias e técnicas têm como um dos objetivos auxiliar o aprendizado e
tornar o ensino mais prazeroso.
Assim, cada vez mais, a utilização de equipamentos e técnicas computacionais
auxilia as mudanças nas práticas educacionais, na comunicação humana e na
aplicação do conhecimento.
As exigências e desafios da sociedade, a necessidade de aperfeiçoamento
contínuo dos profissionais faz com que o ensino interdisciplinar com o auxílio da
informática seja imprescindível no contexto moderno da educação e do trabalho.
A introdução da informática em todos os setores da sociedade exige que se
pense na renovação dos sistemas educacionais e que se encontre novos meios que
motivem professores e alunos, despertando seus interesses pela educação.
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O binômio informática e interdisciplinaridade a cada dia demonstram que está
indissoluvelmente ligado, pois a interdisciplinaridade parte do princípio de que
nenhuma forma de conhecimento é em si mesma racional. Tenta o diálogo com
outras formas de conhecimento, deixando-se interpenetrar por elas. É no cotidiano
que damos sentido às nossas vidas, ampliando o conhecimento através da ciência e
do diálogo, permitindo assim, o enriquecimento de nossa relação com o outro e com
o mundo. Para tal, um projeto interdisciplinar de trabalho ou de ensino consegue
captar a profundidade das relações conscientes entre pessoas e entre pessoas e
coisas. Sendo assim, o uso de recursos tecnológicos na educação passa a ser
necessário para a prática pedagógica diferenciada no mundo contemporâneo, que
tem por objetivo a apropriação do conhecimento.
Pode-se dizer que para esta apropriação do conhecimento o ser humano passa
por três etapas: na primeira o sujeito recebe a informação, na segunda, processa e
por último aplica e gera. Neste percurso, ocorre a construção de uma nova
informação, que poderá ser chamada de conhecimento.
Tendo em vista que as Ciências Cognitivas objetivam a apropriação e a
representação do conhecimento, pois estudam a inteligência humana, da sua
estrutura formal ao seu substrato biológico, passando por sua modelização até suas
expressões psicológicas, lingüísticas e antropológicas.
As Ciências Cognitivas remetem ao estudo interdisciplinar da aquisição e da
utilização do conhecimento, pois permitem a interação entre a psicologia, a filosofia,
a antropologia, lingüística, neurofisiologia e inteligência artificial.
A interdisciplinaridade dentro das Ciências Cognitivas ocorre pelo empréstimo
de conceitos destas áreas, os quais formam o prisma destas ciências. Esta
utilização de informações é feita de acordo com os pólos de interesse e afinidade
com outras áreas.
A inteligência artificial foi a origem das Ciências Cognitivas; a única disciplina
que poderia ser uma espécie de plataforma comum, mas também banco de ensaio
e laboratório central de modelização.
Hoje as Ciências Cognitivas está ligada a demais ciências por um objetivo
comum: a apropriação do conhecimento.
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Neste sentido, a relação com os saberes, com o aprendizado, com a produção e
transmissão do conhecimento, deixou de ser reservada a uma só área do
conhecimento e passou a fazer parte de uma gama mais ampla de saberes, onde o
conhecimento ajudará na solução de problemas.
Sendo assim, uma pesquisa cognitiva estuda os processos gerais que regem o
tratamento da informação, percepção, armazenamento, recuperação e utilização da
informação, bem como as formas como se organizam as representações das
atividades no tratamento da informação.
As formas de organizar a informação estão diretamente relacionadas com a
capacidade de aprender, supõem a assimilação de novas informações, sua
estocagem e sua acomodação. Estas etapas visam modificar as estruturas do
conhecimento, as estratégias perceptivas e a ação. A percepção, a ação finalizada,
o raciocínio, a aprendizagem, a comunicação, a linguagem e a organização
conceitual são aspectos que fazem parte da cognição.
Essa organização de conceitos pode ser desenvolvida através de várias
ferramentas.
A cultura, mentalidade e expectativa de qualquer pessoa são fruto de uma
história vivida no seio de uma ou várias famílias, resultado de sua participação
dentro de grupos sociais, étnicos, de gênero, de condicionamentos geográficos,
históricos, biológicos, etc. Por isso para compreender qualquer fenômeno social é
imprescindível levar em consideração informações relativas a todas essas
dimensões, todas as áreas do conhecimento, de forma inter-relacionada e
integrada.
A elaboração de projetos interdisciplinares com o auxílio da informática, visa
solucionar problemas que buscam informações e ajuda em várias disciplinas que
possuem pontos de ancoragem comuns. Busca a integração ou fusão entre
parcelas de disciplinas diferentes, mas que compartilham um mesmo objetivo de
estudo.
No momento de analisar a interação de disciplinas, é preciso constatar que
não existe apenas um modelo que possa predizê-lo. O intercâmbio entre disciplinas
pode ser promovido pela influência de numerosos fatores, que segundo SANTOMÉ
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(1998), podem ser: espaciais, temporais, econômicos, demográficos, sociais,
epistemológicos, entre outros.
A palavra "projeto” vem do latim, projectu, que significa lançar para diante. O
termo projeto é bastante recente em nossa cultura. São associados a esse termo
diferentes acepções: intenção (propósito, objetivo, o problema a resolver); esquema
(design); metodologia (planos, procedimentos, estratégias, desenvolvimento).
Assim, podem ser concebidas a atividade intelectual de elaboração do projeto e as
atividades múltiplas de sua realização (BOUTINET,1990).
Segundo BELCHIOR (1972), projeto é a mobilização de esforços para a
consecução de um objetivo pré-determinado, justificado economicamente ou
socialmente, em prazo também determinado, com o equacionamento da origem dos
recursos de detalhamento de diversas fases a serem efetivadas até sua execução.
Os projetos de trabalhos não são uma opção puramente metodológica, mas
uma maneira de repensar a função da instituição, com o objetivo de corresponder às
necessidades de uma sociedade em permanente mutação, cujos conhecimentos
são, cada vez mais rapidamente revisados e transformados (HERNÁNDEZ ,1998).
Atualmente suscitam discussões sobre aprendizagem por projetos e ensino
por projetos. É o mesmo?
Ensino por projetos depende praticamente do professor, pois cabe a ele
ensinar, determinar assuntos, metodologias, critérios de avaliação e as vantagens
dessas escolhas, o aluno recebe essas informações e executa o que lhe foi imposto.
Já na aprendizagem por projetos, os autores, professores e alunos, decidem
juntos como será construído o projeto. Mas a geração do projeto deverá ser do
aluno, ele que deverá buscar as respostas. O professor terá que desafiá-lo e
orientá-lo.
A tabela a seguir faz uma abordagem comparativa entre o ensino através de
projetos e entre a aprendizagem por projetos
Tabela 1 – Projetos: Ensino X Aprendizagem
Ensino por Projetos
Autoria.
Aprendizagens
por
Projetos
Professores, coordenação Alunos
e
professores
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Quem escolhe o tema?
pedagógica
Contextos
individualmente
e,
ao
mesmo
tempo,
em
cooperação
critérios Realidade da vida do aluno
Arbitrado
por
externos e formais
A quem satisfaz?
Arbítrio da seqüência de
conteúdos do currículo
Decisões
Hierárquicas
Definições
de
regras, Imposto pelo sistema,
direções e atividades
cumpre
determinações
sem optar
Paradigma
Transmissão
do
conhecimento
Curiosidade,
desejo,
vontade do aprendiz
Heterárquicas
Elaboradas pelo grupo,
consenso de alunos e
professores
Construção
do
conhecimento
Papel do professor
Agente
Estimulador/ orientador
Papel do aluno
Receptivo
Agente
Fonte: Aprendizes do Futuro: as inovações começaram. Coleção Informática na
Educação. MEC/ProInfo/SED.
Os conceitos vistos até aqui, podem muitas vezes ser tratados de forma
desarticulada na prática docente.
Uma das dificuldades enfrentadas pelo professor, está em pensar em
aprendizagem por projetos, muito relacionada a preocupação com os conteúdos dos
programas.
Uma preocupação pertinente está relacionada com a profundidade dos
conhecimentos adquiridos pelos alunos. Para isso é preciso ressaltar a importância
do papel de estimulador e orientador do professor, no sentido de que os projetos
partam da realidade do aluno, mas não fiquem restritos a ela, exigindo do mesmo
um esforço muito maior do que o exigido nas aulas tradicionais. Neste sentido, o
tratamento interdisciplinar dos projetos de aprendizagem contribuirá para a
ampliação das relações estabelecidas pelos alunos. Além disso, a utilização das
novas tecnologias da informação e comunicação, oferecerá possibilidades de
interação do aluno com os conhecimentos produzidos pela humanidade, interação
entre os alunos e novas formas de organização dos resultados do trabalho.
O professor precisa, estar ciente de que as novas tecnologias de informação
e comunicação exigem dele, uma nova postura diante dos resultados esperados do
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processo de aprendizagem. Não basta mais exigir um trabalho escrito, entregue
numa data determinada. As TICs exigem novas estratégias do professor para
garantir o envolvimento do aluno e a aprendizagem.
REFERÊNCIAS
Aprendizes do Futuro: As Inovações Começaram. Coleção Informática na
Educação. MEC/ProInfo/SED.
BELCHIOR, P. G. Planejamento para a Elaboração de Projetos. Rio de Janeiro: Ed.
América,1972.
BOUTINET, J. P. Anthropologie du projet. France: PUF,1990.
HERNÁNDEZ, F. MONTSERRAT, V. A organização do currículo para projetos de
trabalho : o conhecimento é um caleidoscópio. Porto Alegre: Artemed Editora,
1998.
SANTOMÉ, J. T. Globalização e Interdisciplinaridade: O Currículo Integrado. Porto
Alegre: Editora Artes Médicas Sul Ltda., 1998.
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Tecnologias da Informação e Comunicação: Aprendizagem