Serviço de Biologia Celular e Molecular da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto Terapia genética no controlo da dor crónica Francisca Santos Nilza Pinto Orientadoras Dra. Isabel Martins e Prof. Isaura Tavares Maio 2005 Porto «An unpleasant sensory and emotional experience which we primarily associate with tissue damage or describe in terms of tissue damage, or both» (IASP) Sistema endógeno de controlo da dor Um dos tratamentos mais utilizados no alívio da dor crónica são opiáceos como a morfina e compostos similares. • efeitos colaterais • habituação Terapia genética tratamento alternativo Tecnologia cujo objectivo é corrigir a expressão de genes alvo implicados no desenvolvimento de doenças: - Sobre-expressar esse gene alvo - Ou diminuir a sua expressão Através do uso de vectores que transportam o gene terapêutico até às células-alvo. Tipos de vectores: víricos e não víricos Os mais utilizados são os víricos Penetram naturalmente nas células Os vectores víricos são derivados de vírus por substituição da componente patogénica por genes terapêuticos. Terapia genética da dor Utilização de vectores víricos que promovem a libertação de opiáceos na medula espinhal Fink et al., apresentado NIH Pohl et ao al., 2003 Terapia genética da dor Utilização de vectores víricos que promovem a libertação de opiáceos na medula espinhal Fink et al., apresentado ao NIH Outros alvos: Regiões do encéfalo que controlam a transmissão da dor na medula a partir de determinadas estruturas do bolbo raquidiano Bolbo raquidiano ventrolateral antinociceptivo VLM Injecção do HSV-1 (Herpes Simplex Virus -1) VLM activar os neurónios antinociceptivos do VLM Construção do vector ICP4 TK hCMV-P lacZ UL ICP4 US PA • Delecção do gene ICP4 • Inserção da cassete (promotor de citomegalovírus e transgene) no gene da timidine kinase Não replicativo • Transgene lacZ: beta galactosidase detectada por imunocitoquímica Com base em estudos prévios: - O HSV-1 tem grande afinidade pelos neurónios e migra retrogradamente do terminal axonal até ao corpo celular - Os estudos de marcação retrógrada com traçadores neuroanatómicos mostraram que os corpos celulares dos neurónios aferentes ao VLM ocorriam no encéfalo e na medula espinhal Mas, com o HSV-1 só se observaram corpos celulares que exprimiam a beta-galactosidase em alguns núcleos do encéfalo. Não foram detectados corpos celulares na medula espinhal SELECTIVIDADE DE MIGRAÇÃO? Objectivo do trabalho Detectar o DNA do vector para concluir sobre a sua migração Tentou-se encontrar o genoma vírico na medula espinhal por PCR Metodologia • Injecção estereotáxica do vector no VLM • Sacrifício por decapitação (10 dias após injecção) • Dissecção: 1) Bolbo raquidiano (imunocitoquímica) 2) Medulas (DNA) Medulas: Bolbos: Extracção de DNA Cortes de congelação PCR Electroforese Imunocitoquímica Injecção estereotáxica do vector - Com a suspensão vírica n=4 - Com soro fisiológico n=1 Dissecção do bolbo e medula Decapitação 10 dias após injecção Dissecção Rato C+ e C-: bolbo congelado a – 80ºC Restantes: – bolbo fixador (paraformaldeído 4% - 4hsacarose 30%) – medula espinhal (alargamentos cervical e torácico) congeladas a -80ºC Reacção imunocitoquímica de detecção da beta-galactosidase • Objectivo: verificar local de injecção • Metodologia – A) Cortes finos (40µm) no micrótomo de congelação dos bolbos fixados – B) Reacção imunocitoquímica Anticorpo secundário Anticorpo primário Beta-galactosidase Extracção de DNA • Objectivo : Extracção de DNA para posterior amplificação por PCR • Material • Bolbos dos C+ e C• Medulas dos animais com injecção no VLM • Metodologia -Digestão com proteinase K - Precipitação das proteínas Precipitação do DNA com isopropanol Ressuspensão do DNA em 20µl de água bi-destilada Quantificação do DNA pela leitura da densidade óptica a 260nm PCR • Princípio da técnica : O PCR (PCR - Polymerase Chain Reaction) permite seleccionar e amplificar sequências específicas de uma cadeia de DNA graças à utilização de oligonucleotídeos : “primers” • Vários protocolos – Primers para amplificar o transgene lacZ da construção vírica • 95ºC- 45 sec • 60ºC- 30 sec • 72ºC -45 sec • 30 ciclos – Primers para amplificar o gene da timidina kinase do HSV-1 • Optimizar o protocolo Electroforese • Gel de agarose a 2% • Visualização das bandas de DNA depois à adição de brometo de etídio Resultados - Reacção imunocitoquímica : local de injecção Os ratos cujo local de injecção estava no VLM foram utilizados para amplificação do DNA vírico na medula Rato3 Rato2 Rato1 Controlo+ Controlo- Branco Amplificação do gene lacZ no alargamento torácico da medula espinhal TK hCMV-P R ICP4 ICP4 US PA lacZ L 200pb UL Amplificação do gene da TK nos segmentos torácicos da medula espinhal TK TK hCMV-P L lacZ PA 60ºC R A B Optimização do protocolo DNA do controlo+ 1) Temperatura de annealing a 60 e 62ºC 2) Concentração de MgCl2 (cofactor da Taq Polimerase) a A:2,5mM e B:4mM 3) Betaina optimiza condições de PCR estabilizando o DNA 4) Condições escolhidas Temperatura de annealing 60ºC -2,5mM de MgCl2 95ºC-45sec 60ºC-30sec 72ºC-45sec 30 ciclos 300pb 62ºC A B Amplificação do gene da TK nos segmentos cervicais e torácicos da medula espinhal Rato3 Rato1 Rato2 • Mesma quantidade de DNA total por amostra:5000ng/microg Controlo+ Branco Controlo- Alargamento cervical •Diferenças de quantidade de DNA vírico no alargamento cervical e torácico 300pb Alargamento torácico 300pb Perspectivas futuras: 1- Questão técnica: quantificação de DNA por real time PCR ou DNA standard 2- Alargar o estudo a áreas encefálicas para aprofundar a selectividade da expressão beta-galactosidase 3- Esclarecer os mecanismos que impedem a detecção da beta-galactosidase Bibliografia • • • • • • • • Mata M, Glorioso J, Fink DJ. Development of HSV-mediated gene transfer for the treatment of cronic pain. Experimental Neurology. 2003 Jun; 184(2003)S25-S29 Pohl M, Meunier A, Hamon M, Braz J. Gene Therapy of Cronic Pain. Current Gene Therapy. 2003 Mar; 3(3):223-38 Wilson SP, Yeomans DC, Bender MA, Lu Y, Goins WF, Glorioso JC.Antihyperalgesic effects of infection with a preproenkephalinenconding herpes virus. Proc. Natl. Acad. Sci. USA. 1999 Mar; 96(1999) Wilson SP,Yeomans DC. Genetic Therapy for Pain Management. Current Review of Pain. 2000; 4:445-450 Lopes JMC. Fisiopatologia da Dor. Biblioteca da Dor. Permanyer Portugal http://www.ornl.gov/sci/techresources/Human_Genome/medicine/ge netherapy.shtml http://www.dor.med.br/cronica2.html http://www.painworkshop.com/pain/pain1/content/html/pt/pain1_1.html Agradecimentos • Dr.ª Isabel Martins e Prof. Isaura Tavares pela orientação facultada ao longo da realização do nosso trabalho; • Laboratório de Biologia Celular e Molecular e Instituto de Histologia e Embriologia Abel Salazar pelo espaço e material disponibilizado; • Dr.ª Sandra Rebelo pela amizade; • E, ainda, a todos os nossos amigos!