1 ANÁLISE CUSTO X VOLUME X LUCRO EM EMPRESAS COMERCIAIS: ESTUDO DA VIABILIDADE DA FERRAMENTA APLICADA EM UM POSTO DE COMBUSTÍVEIS DA CIDADE DE PONTA GROSSA Murilo Fortunato Dropa (UTFPR) [email protected] Ivanir Luiz de Oliveira (UTFPR) [email protected] João Luiz Kovaleski (UTFPR) [email protected] Luiz Alberto Pilatti (UTFPR) [email protected] RESUMO O presente artigo consistiu em um estudo sobre a viabilidade da análise Custo/Volume/Lucro em pequenas organizações comerciais, visando demonstrar a compreensão e importância de seu funcionamento nesses setores empresariais. Assim, foram abordadas e apresentadas as principais utilidades e vantagens da ferramenta, bem como os conceitos e informações geradas a partir da análise CVL. Dessa maneira, a metodologia de pesquisa dividiu-se basicamente em duas etapas, sendo a primeira a apresentação de uma pesquisa bibliográfica, embasando as definições e utilidades tanto da análise, bem como dos conceitos resultantes da mesma. E, com o intuito de evidenciar a aplicabilidade prática dessa relação, a segunda parte do trabalho demonstrou a análise de um estudo de caso em um posto de combustíveis da cidade de Ponta Grossa. Nessa etapa buscou-se a coleta de dados na empresa, para assim se efetuar os cálculos necessários, resultando nas informações gerenciais pertinentes e indispensáveis aos gestores de empresas que atuam em uma concorrência acirrada. Palavras chave: Análise Custo / Volume / Lucro, Margem de Contribuição, Ponto de Equilíbrio. 1. Introdução As pequenas empresas atualmente representam enorme importância no contexto social do país. Entretanto, muitas dessas empresas de menor porte encontram dificuldades para superar até poucos meses de existência. 2 Entre os inúmeros fatores que podem ser citados como causadores dessa realidade, faz-se presente a baixa utilização de técnicas de gerenciamento contábil consistentes que englobam a previsão ou o planejamento do lucro da empresa. Ou seja, são poucos os empresários que empregam em suas micro e pequenas empresas, ferramentas como a Análise Custo/Volume/Lucro. Esse instrumento de análise e coleta de dados tem sua importância enfatizada por Garrison e Norenn (2001, p.63): Utilizando a ferramenta de análise de Custo/Volume/Lucro (CVL) pode-se obter dados importantes para as tomadas de decisões. As informações extraídas desta análise são: margem de contribuição, ponto de equilíbrio, margem de segurança e grau de alavancagem, portanto, é de fundamental importância para o processo de planejamento do lucro. Com as maiores exigências do mercado e o alto nível de competitividade e concorrência, é importante que as pequenas empresas utilizem dessas informações, buscando um gerenciamento mais dinâmico e eficaz de seus custos e projeções de lucros futuros. Além disso, “os fundamento da análise de CVL estão intimamente relacionados ao uso de sistemas de custo no auxílio à toma de decisões de curto prazo” (BORNIA, 2002, p.71). Diferentemente do que se possa imaginar, o entendimento e a utilização dos conceitos da Análise CVL são relativamente fáceis de serem aplicados e compreendidos. E, a partir dessa correta aplicabilidade, as inegáveis vantagens alcançadas são as possibilidades de prever os impactos nos lucros e resultados projetados, quando ocorrer alterações nos volumes vendidos, nos preços de vendas e nos valores de custos e despesas. Neste cenário, o presente estudo objetivou evidenciar a aplicabilidade e viabilidade da análise CVL em pequenas organizações comerciais, buscando demonstrar a compreensão e importância de seu funcionamento nessas pequenas empresas. Dessa maneira, a pesquisa dividiu-se basicamente em duas etapas. A primeira parte consistiu no embasamento teórico vinculado ao tema Análise Custo/Volume/Lucro. Essa pesquisa bibliográfica foi elaborada a partir de através de estudos já elaborados, materiais especializados e livros específicos sobre o assunto. E, a partir dos conteúdos analisados, são apresentados os principais conceitos e utilidades da Análise CVL e as fórmulas de cálculo dos conceitos resultantes dessa 3 ferramenta - Margem de Contribuição, Ponto de Equilíbrio e seus tipos, Margem de Segurança e Grau de Alavancagem Operacional e Financeiro. A segunda etapa da pesquisa foi a elaboração de um estudo de caso em uma pequena empresa comercial da cidade de Ponta Grossa (posto de combustíveis). Nessa etapa efetuou-se a coleta de dados na empresa, com o intuito de evidenciar a aplicabilidade e demonstrar o correto método de formular e calcular os conceitos da análise CVL. Finalmente, as considerações finais demonstram os principais resultados obtidos através da pesquisa, evidenciando a importância gerada pela implantação da ferramenta. 2. Análise Custo x Volume x Lucro – conceitos e utilidades As decisões empresariais requerem informações precisas e constantemente renovadas que possibilitem suporte às atividades inerentes ao negócio. Em pequenas empresas comerciais, o dinamismo dos diversos fatores econômicos requer um monitoramento contínuo de elementos que compõe os custos e despesas das ações. A análise da relação Custo x Volume x Lucro representa-se de relevante importância na determinação de um volume de produção necessário a ser atingido para a obtenção do lucro pretendido. Ao mesmo tempo, atua como uma ferramenta para determinar receitas necessárias para atingir volumes de vendas que não gere prejuízos para o empreendimento. Wernke (2001) destaca que estas análises são modelos que buscam demonstrar as inter-relações existentes entre as vendas, os custos (fixos e variáveis), o nível de atividade desenvolvido e o lucro alcançado ou desejado. Segundo Hansen (2003), a análise CVL enfatiza os inter-relacionamentos entre as variáveis envolvidas, focalizando as interações entre os seguintes elementos: Preço dos produtos; Volume ou nível de atividade; Custo variável; Custo fixo total e mix dos produtos vendidos. Devido a isso, a mesma agrava toda informação financeira de uma empresa, transformando-se em uma ferramenta valiosa para identificar a extensão e magnitude de um problema econômico pelo qual a empresa esteja passando e, ajudando a encontrar as soluções necessárias. Compreendendo as relações entre custo, volume e lucro, ou seja, utilizando essa ferramenta, a mesma se torna um sistema vital na maioria das decisões 4 contábeis empresariais, além de possibilitar “a identificação de quais produtos fabricar ou vender, quais políticas de preço seguir, quais estratégias de mercado adotar e quais tipos de instalações produtivas adquirirem” (GARRISON; NOREEN, 2001, p.63). Para Santos (2000), a análise CVL tem como principais utilidades: a previsão da receita da venda e do lucro, otimização do lucro através do planejamento, planejamento da expansão da empresa e dos processos administrativos, melhoria da política de preços e elaboração de orçamentos adequados. Além disso, o autor destaca que essa a dinâmica entre custos, volume operacional e lucro fornece ferramentas gerenciais aplicáveis aos seguintes aspectos: Planejamento operacional de curto prazo; Estimativas quantitativas derivadas dos diversos cenários econômicos esperados; Antecipar dificuldades decorrentes de perturbações sazonais desfavoráveis à empresa. De forma abrangente, conforme mencionado, essa análise fornece dados importantes na tomada de decisões nas áreas Administrativa/Financeira das organizações, levando à informações fundamentais para o planejamento do lucro – Margem de Contribuição, Ponto de Equilíbrio e Margem de Segurança. 2.1 Custos e despesas fixas e variáveis Para o maior entendimento e formação dos conceitos na análise CVL torna-se importante a diferenciação entre custos(despesas) fixas e custos(despesas) variáveis. Ou seja, a classificação dos custos em relação ao volume de produção ou de atividade: Bornia (2002), de maneira simplificada define esses conceitos da seguinte forma: - Custos (despesas) fixos: são os custos que não variam com a base de volume, diante de alguma faixa de operação. - Custos (despesas) variáveis: são os custos que variam em proporção direta com o volume das atividades. 5 2.2 Margem de Contribuição O conceito de Margem de Contribuição (MC) representa os lucros variáveis da organização. Ou seja, considerando o montante total de receitas de uma empresa a MC é a receita total após a dedução das despesas variáveis (ATKSON, 2000). Dessa forma, levando em conta o produto unitário, podemos afirmar que a MC é a diferença entre o preço de venda unitário do produto e os custos e despesas variáveis por uma unidade do mesmo. Considerando esses conceitos, Garissonn e Norenn (2001) ressalta que essa margem é o montante disponível para cobrir as despesas fixas e, em seguida, prover os lucros. Margem de Contribuição Montante Total Produto unitário MC = RT – CVt MC = PV – CVu Onde: Onde: MC = Margem de Contribuição MC = Margem de Contribuição RT = Receita Total PV = Preço de Venda CVt = Custos Variáveis totais CVu = Custo Variável Unitário Fonte: Adaptado Garissonn e Norenn (2001) Quadro 1 – Fórmula para Cálculo da Margem de Contribuição Segundo Padoveze (1994), a análise da MC funciona como elemento fundamental para o auxílio em decisões de curto prazo, possibilitando rotineiramente por exemplo a prática de ações objetivando a redução de custos ou políticas de incremento na quantidade de vendas de determinados produtos. Santos (1990) evidencia também que, dentre as vantagens que podem ser elencadas pelo conhecimento da MC, podemos citar o auxílio na decisão de quais produtos devem merecer maior esforço de venda, quais seguimentos de comercialização devem ser abandonados ou não, quais devem ser as políticas para o estabelecimento de preços, além de ajudar na avaliação de alternativas que se criam com respeito às reduções de preços, concessões de descontos e campanhas publicitárias e promoções. 2.3 Ponto de Equilíbrio Simplificadamente o Ponto de Equilíbrio é o ponto em que o lucro é zero. Ou seja, é o “ponto no qual a receita de vendas é adequada para cobrir todos os custos de manufatura e vender o produto, mas sem obter lucro”. (VANDERBECK, 2001, p 6 415). Sendo assim, se o volume de vendas da empresa for um número maior que o PE a empresa passa a gerar lucro. Porém, se for um número abaixo do PE a empresa terá prejuízos. A análise desse ponto pode auxiliar quando a organização tem a possibilidade de efetuar alguma mudança, quando essa alternativa existir. Segundo Vanderbeck (2001, p.145), se “uma gestão deseja testar novas propostas que a mudarão a porcentagem de custos variáveis para o volume de vendas, ou o montante total de custos fixos, ou até uma combinação dessas mudanças, ela pode usar a equação básica para o PE para calcular os resultados”. Fonte: Adaptado Vanderbeck (2001) Gráfico 3 – Representação gráfica do Ponto de Equilíbrio Entretanto, é necessário alguns cuidados com a utilização dessa fator, pois, em alguns momentos, esse coeficiente não é extremamente exato. Isso se dá pelo fato de algumas vezes os custos ficos sofrerem alterações, variando de acordo com algum desperdício administrativo, como por exemplo, um gasto a mais com energia elétrica em um determinado mês. Assim, consequentemente o PE sofrerá alterações. Contudo, o mesmo continua sendo uma ferramenta eficiente se utilizada da forma mais adequada possível. Padoveze (1994) indica que o PE pode ser calculado na forma de PE Contábil(valor ou unidades) ou PE econômico(valor ou unidades). 2.3.1 Ponto de Equilíbrio Contábil(PEC) Segundo Santos (2000) esse tipo de PE indica o mínimo que deveremos vender num determinado período de tempo para que nossas operações não dêem prejuízo. Dessa forma, também não gera-se o lucro. 7 Ponto de Equilíbrio Contábil Volume de Vendas Receita (valor) PECq = CF / PV – Cvu PECv = CF/1 – (CVu/PV + RDL) Ou PECq = CF / MC Onde: Onde: PECq = Ponto de Equilíbrio Contábil PECv = Ponto Contábil Equilíbrio em valor em quantidade CF = Custos Fixos CF = Custos Fixos CVu = Custo Variável unitário PV = Preço de Venda PV = Preço de Venda CVu = Custo Variável Unitário RDL = Retorno desejado do lucro MC = Margem de Contribuição Fonte: Adaptado Santos (2000) Quadro 2 – Fórmula para Cálculo do Ponto de Equilíbrio Contábil 2.3.2 Ponto de Equilíbrio Econômico(PEE) Segundo Santos (2000), o PEE é aquele em que as receitas totais são iguais aos custos totais acrescidos de um lucro mínimo de retorno do capital investido. É a formula utilizada para que possamos calcular o quanto devemos vender de um determinado produto, visando alcançar um lucro desejado. Ponto de Equilíbrio Econômico Volume de Vendas Receita (valor) PEEq = CF + RDL / PV – CVu PEEv = CF / 1 – (CVu/PV+RDL) Onde: Onde: PEEq = Ponto de Equilíbrio econômico PEEv = Ponto Equilíbrio Econômico em em quantidade valor CF = Custos Fixos CF = Custos Fixos RDL = Retorno desejado do lucro CVu = Custo Variável unitário PV = Preço de Venda PV = Preço de Venda Cvu = Custo variável unitário RDL = Retorno desejado do lucro Fonte: Adaptado Santos (2000) Quadro 3 – Fórmula para Cálculo do Ponto de Equilíbrio Econômico 2.4 Margem de Segurança A MS é utilizada para representar o quanto um determinado volume de vendas, em unidades ou em valor, pode cair sem que a empresa passe a operar com prejuízo. Dutra (1995) conceitua a MS como o “espaço limitado, pelo nível de produção e de vendas considerado normal e pelo nível do PE”. Dessa forma, pode-se afirmar que quanto menor o PE, maior a MS, e vice-versa. Margem de Segurança Valor Total MSv = VTv – PEv Onde: MSv = Margem de Segurança em valor Valor unitário MSu = VTu – PEu Onde: MSu = Margem de Segurança em unidades 8 VTv = Vendas totais em valor PEv = Ponto de Equilíbrio em valor Fonte: Adaptado Dutra (1995) VTu = Vendas totais em unidades PEu = Ponto de Equilíbrio em unidades Quadro 4 – Fórmula para Cálculo da Margem de Segurança 3. Aplicação da ferramenta de análise Custo/Volume/Lucro em posto de combustíveis 3.1 Metodologia Com o intuito de evidenciar a aplicabilidade da Análise CVL em micro empresas elaborou-se uma pesquisa exploratória, a partir de um estudo de caso no posto de combustíveis Delta (Nome fictício). Em primeiro lugar a pesquisa caracteriza-se como exploratória por promover um maior conhecimento da problemática do estudo em questão e utilizar métodos flexíveis de pesquisa, visando explorar um problema ou uma situação para prover critérios e compreensão. Segundo Gil (1996, p.45) esse tipo de pesquisa porporciona: [...] maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou construir hipóteses. Pode-se dizer que estas pesquisas têm como objetivo principal o aprimoramento de idéias ou a descoberta de intuições. Seu planejamento é, portanto, bastante flexível, de modo que possibilite a consideração dos mais variados aspectos relativos ao fato estudado. O procedimento adotado para a coleta de dados foi a utilização de estudo de caso. Ainda segundo Gil (1996) o estudo de caso é caracterizado pelo “estudo profundo e exaustivos de um objeto, de maneira que permita o seu amplo e detalhado conhecimento”. Esse tipo de estudo é uma das ferramentas mais eficientes e recomendadas na realização de pesquisas exploratórias, uma vez que a principal característica do mesmo é a grande flexibilidade, sendo possível que o seu planejamento induza a descobertas inicialmente não consideradas, representando assim um grande estímulo para novas descobertas. O estudo de caso, ainda segunto o autor propicia a vantagem da multiplicidade da dimensão do problema, tendo em vista que esta permite ao pesquisador focalizar o problema na amplitude necessária ou desejada O objetivo principal dessa aplicação consistiu em proporcionar informações de cunho contábil aos administradores da entidade mencionada. Assim, tornou-se possível demonstrar a importância dessa ferramenta de análise e suas vantagens 9 quanto à oferta de informações gerenciais, além do entendimento na aplicação dos conceitos envolvidos, relativamente de fácil compreensão. 3.1.1 Descrição empresa A empresa focada conta com cerca de 9 funcionários e comercializa principalmente combustíveis, óleos e lubrificantes. O posto também conta com uma loja de conveniência terceirizada. Contudo, a pesquisa restringiu-se somente à linha de combustíveis, tendo em vista que a principal renda do faturamento mensal do estabelecimento consiste na mesma. Os quatro produtos abordados são a Gasolina comum, Gasolina Aditivada, Álcool e Diesel. 3.1.2 Coleta de dados Após a visita ao estabelecimento escolhido e entrevistas com o responsável, foram examinados e coletados os dados necessários nas fontes administrativas e de contabilidade. Em seguida, foram calculados os fatores envolvidos na Análise Custo /Volume/Lucro. Dessa forma foram determinadas a Margem de Contribuição Unitária dos produtos em questão e a Margem de Contribuição Total a partir do volume mensal comercializado na empresa. A próxima etapa foi a o cálculo do Ponto de Equilíbrio da empresa e, conseqüentemente a Margem de Segurança. Por fim, foram elaboradas planilhas com essas informações coletadas e calculadas e entregue ao gerente da empresa, com o intuito de fornecer esses dados referentes ao gerenciamento de custos e preços do comércio. 3.2 Cálculo da Margem de Contribuição 3.2.1 Margem de Contribuição Unitária O cálculo da Margem de Contribuição Unitária, conforme relatado no embasamento teórico envolve os fatores preço de venda unitário, as tributações incidentes sobre as vendas e os custos de compra unitário dos produtos. Esses dois últimos fatores funcionam como os Custos e Despesas Variáveis da empresa. Os valores de compra da mercadoria são representados por litros e envolvem os valores de fretes e transportes. Após a obtenção dos Preços de Venda e dos Custos de Compra, o contador da empresa relatou os tributos incidentes sobre os preços de vendas dos produtos 10 comercializados. O tributo número “1” demonstrado na tabela representa a alíquota de 0,24%. O tributo número “2” representa o percentual de 1,08%. A MC em valor foi obtida subtraindo do “preço de venda” por litro de combustível os “custos de compra unitários” e a “tributação sobre as vendas”. Também foram calculados o a Margem de Contribuição Unitária em percentual, dividindo o valor da MC encontrada anteriormente pelo PV e multiplicando o valor por 100. Todos esses valores são representados na tabela a seguir: Fatores/Combustíveis A - Preço de Venda B – Tributo de Venda “1” (0,24%xPV) C – Tributo de venda “2” (1,08%xPV) D - Custo de Compra E - MC Unitária (A-B-C-D) F - MC Unitária (%) (E/A x100) Fonte: Elaborado pelo autor Gasolina Comum 2,54 0,006 0,027 2,17 0,337 13,26% Gasolina Aditivada 2,76 0,006 0,029 2,346 0,379 13,73% Álcool Diesel 1,59 0,003 0,017 1,278 0,292 18,36% 2,09 0,005 0,022 1,907 0,156 7,46% Tabela 1 – Cálculo da Margem de Contribuição Unitária 3.2.2 Margem de Contribuição Total Para o cálculo da Margem de Contribuição Total foram multiplicados a MC unitária pelo volume de litros vendidos no período. A partir do volume total comercializado pela empresa também foram demonstrados os percentuais de volume vendidos. Além disso, foram calculados a Margem de Contribuição total em valor e em percentual do total, conforme apresentado na tabela 2: Fatores/Combustíveis Gasolina Comum 0,337 13,26% 67300 37,62% MC Unitária($) MC Unitária(%) Volume Vendido(litros) % do volume total(litros) MC total($) – MC * V 22.680,10 Percentual do total(%) 41,85 Fonte: Elaborado pelo autor Gasolina Aditivada 0,379 13,73% 16900 9,45% Álcool Diesel Totais 0,292 18,36% 76000 42,48% 0,156 7,46% 18700 10,45% --------------------178900 100% 6.405,10 11,82 22.192,00 40,95 2.917,20 5,38 54.194,40 100% Tabela 2 – Cálculo da Margem de Contribuição Total Percebe-se, a partir da elaboração das tabelas 1 e 2, que a Gasolina Comum e o Alcool representam os principais produtos comercializados pela empresa (mais de 80% do percentual total). Observando esses elevados valores na Margem de Contribuição percebe-se que esses são os produtos que geram maior margem de lucro. 11 3.3 Despesas e custos fixos no período Foram apontados os custos e despesas que não apresentam variação em razão do volume vendido, ou que permanecem com o mesmo valor mensalmente, mesmo com mudanças nas vendas. O fator “Salários” representa a remuneração mensal dos funcionários. O item “Encargos Sociais” considerou a soma dos encargos gerados pelos salários e pelo pró-labore, a retirada mensal dos sócios. Os gastos de Depreciação, IPVA, IPTU e Inmetro são gastos anuais. Por esse fato o valor total foi dividido por 12 meses. Os fatores “Energia Elétrica”, “Telefone” ou “Material Expediente” são gastos que podem sofre pequenas alterações, se tornando maiores ou menores conforme o mês. Itens Salários Encargos sociais Pró Labore Depreciação Energia Elétrica Telefone Material de Expediente Valor mensal ($) 6050,00 1595,00 4000,00 1000,00 3030,00 330,00 42,30 Itens IPVA (1/12) IPTU (1/12) Inmetro (1/12) Fretes Pagos Taxas Diversas Contribuição Sindical Propaganda Valor mensal ($) 35,00 70,80 106,20 500,00 134,00 26,70 130,00 TOTAL MENSAL – 17050,00 7050,00,00 Fonte: Elaborado pelo autor Tabela 3 – Despesas e Custos Fixos 3.4 Cálculo do Ponto de Equilíbrio Conforme já ressaltado, o ponto de equilíbrio referencia-se ao volume de vendas em que a Margem de contribuição se iguala às despesas fixas. Ou seja, é o volume de vendas no qual a empresa não tem lucro, nem prejuízo. Para a elaboração dessas informações são basicamente necessárias três informações: Despesas e Custos Fixos no período; Margem de Contribuição total e volume total vendido. Esses custos foram rateados de acordo com o percentual do volume vendido. A fórmula utilizada para o cálculo do Ponto de Equilíbrio: PEu=CF/(MC/VTv) Fatores/Combustíveis Volume Vendido (litros) Custo fixo ($) MC Total ($) % do volume total (litros) Ponto de Equilíbrio Mix Gasolina Comum 67.300 6.414,21 22.680,10 37,62% 21175,99 Gasolina Aditivada 16.900 1.611,23 6.405,10 9,45% 5319,33 Álcool 76.000 7.242,84 22.192,00 42,48% 23911,65 Diesel 18.700 1.781,72 2.917,20 10,45% 5882,22 Totais 178.900 17.050,00 54.194,40 100% 56.289,20 12 (Litros) Ponto de Equilíbrio ($) Fonte: Elaborado pelo autor 53787,01 14681,35 38019,52 12293,84 118781,72 Tabela 4 – Cálculo do Ponto de Equilíbrio Dessa forma, constatou-se que a empresa vende um volume muito maior do que necessita para suprir seus custos. 3.5 Margem de Segurança Essa margem significa o volume vendido que excede o Ponto de Equilíbrio. Para o cálculo da MS em quantidade basta deduzir das vendas mensais da empresa, as vendas no PE. E para calcular em valor, basta multiplicar a MS pelo preço de venda. Fatores/Combustíveis Volume Vendido (litros) Ponto de Equilíbrio Mix (Litros) MS (Litros) Preço de Venda MS (Valor) Fonte: Elaborado pelo autor Gasolina Comum 67.300 21.175,99 Gasolina Aditivada 16.900 5.319,33 Álcool Diesel Totais 76.000 23.911,65 18.700 5.882,22 178.900 56.289,20 46.124,01 2,54 117.154,98 11.580,67 2,76 31.962,65 52.088,35 1,59 82.820,48 12.817,78 2,09 26.789,16 122.610,81 ----------------------- Tabela 5 – Cálculo da Margem de Segurança 3.6 Avaliação do Resultado Mensal Fatores/Combustíveis Volume Vendido (litros) A- Preço de Venda B – Tributo de Venda “1” (0,24%xPV) C – Tributo de venda “2” (1,08%xPV) D - Custo de Compra MC Unitária ($) MC Total ($) Custo fixo ($) Resultado do mês ($) Fonte: Elaborado pelo autor Gasolina Comum 67.300,00 2,54 0,006 Gasolina Aditivada 16.900,00 2,76 0,006 Álcool Diesel Totais 76.000,00 1,59 0,003 18.700,00 2,09 0,005 178.900,00 0,027 0,029 0,017 0,022 2,17 0,337 22.680,10 2,346 0,379 6.405,10 1,278 0,292 22.192,00 1,907 0,156 2.917,20 54.194,40 17.050,00 37.144,40 Tabela 6 – Projeção de Resultado Mensal Nessa tabela podemos observar de forma simples uma avalição do resultado mensal que pode servir de exemplo para uma projeção de resultados nos meses 13 posteriores. Na tabela 6 foram evidenciados principalmente a MC total de onde foram deduzidos os Custos Fixos totais, gerando os resultados finais do mês. Em linhas gerais, a partir da aplicação dessa simples ferramenta pode-se ser observado diversos fatores. Em primeiro lugar, a empresa já comercializa um volume maior do que o necessário para q não ocorra prejuízos no negócio. Também se constatou que os produtos Gasolina comum e Álcool representam o maior volume de comercialização. Dessa maneira os empreendedores poderiam utilizar essa informação para reforçar campnhas publicitárias nos outros produtos, visando aumentar o seu volume de vendas. Ou então, os mesmos até poderiam deixar de ser comercializados, se a empresa optasse por investir somente em seus produtos principais. Há diversas outras decisões que poderiam ser tomadas com base nas informações contábeis resultantes da análise CVL utilizada. É importante ressaltar que essa ferramenta permite demostrar o resultado ocorrido em um determinado período ou projetá-lo para um período futuro. 4 Considerações Finais O enfoque principal deste estudo envolveu a viabilidade da análise CVL e sua aplicação em empresas comerciais de pequeno porte. Os gerentes dessas organizações que utilizam da adoção desse instrumento de contabilidades dos custos gerenciais conseguem adquirir inúmeras informações úteis ao funcionamento contábil da entidade. Dentre os benefícios gerados para a micro empresa mercem destaques os seguintes: A partir do estudo de caso apresentado é possível averiguar esses benefícios: - Cálculo da Margem da Contribuição Unitária em reais e em percentual, o que permite averiguar quais pontos são mais rentáveis individualmente, facilitando a elaboração de promoções, bem como a análise de preços praticados quanto à rentabilidade dos itens comercializados. - Cálculo da Margem de Contribuição Total, que possibilita identificar quais produtos contribuem mais para suportar as despesas e custos fixos mensais e para gerar lucro. 14 - Determinação do Ponto de Equilíbrio em quantidade e em valor, que permite avaliar o quanto é necessário vender mensalmente tanto em litros quanto em valor monetário. Com algumas adaptações é possível ainda determinar o quanto é necessário para alcançar o lucro desejado para satisfazer os investidores (PEE), como também é possível calcular o PEF, onde se define o volume a ser comercializado para quitar as dívidas do período, por exemplo. - Obtenção da Margem de Segurança em unidades e valor, ou seja, o volume que a organização pode suportar em relação à redução de vendas para não entrar na faixa de prejuízo. - Cálculo do Resultado Mensal e a possibilidade de projeção de resultados futuros com base no histórico de custos, faturamento, ou fundamentado nas previsões de volume a ser comercializado. Percebe-se que as vantagens geradas pela ferramenta são inegáveis, e que, se aplicada de forma correta e pertinente, a tomada de decisões dentro da empresa pode ser segura a eficiente. Dessa forma, os empresários dessas empresas de pequeno porte terão melhores condições para evitar ou diminuir as dificuldades de gerenciamento das atividades financeiras que levam muitas empresas à falência, pouco tempo depois de iniciadas. Referências BORNIA, A. C. Análise Geral de Custos – Aplicação em empresas modernas. 1ª ed. Porto Alegre: Bookman, 2002. DUTRA, Rene Gomes. Custos - Uma Abordagem Prática. 5ª ed. São Paulo: Atlas, 1995. GARRISON, Ray H.; NOREEN, Eric W. Contabilidade gerencial. 9ª ed. Rio de Janeiro: LTC, 2001. GIL, A.C. Como elaborar Projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 1996. HANSEN, Don R., MOWEN, Maryanne M. Gestão de custos – contabilidade e controle. São Paulo: Pioneira Thomson, 2003. PADOVEZE, C. L. Contabilidade Gerencial. São Paulo: Atlas, 1994. SANTOS, J. J. Análise de custos. São Paulo: Atlas, 1990. 15 SANTOS, J. J. Análise de custos: Remodelado com ênfase para custo marginal, relatórios e estudos de caso. São Paulo: Atlas, 2000. VANDERBECK, Edward J. & Charles F. Nagy. Contabilidade De Custos. 10 Ed. Cengage Learning 2001 WERNKE, Rodney. Gestão de Custos. São Paulo: Atlas, 2001. ÁREA TEMÁTICA Gestão: Finanças