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Lemos, Maria Teresa Toribio Brittes (org.) América Plural - Caminhos da Latinidade, Rio de Janeiro, ABE GRAPH Editora, 2002, 240 p.
América Plural - Caminhos da Latinidade é o resultado dos estudos de latinoamericanistas preocupados em identificar, no espaço latinoamericano, como os
grupos sociais, rompendo fronteiras culturais, construíram identidades locais e regionais como formas de resistência coletiva à dominação e possibilidades de estruturação de suas nacionalidades.
Em Economia Brasileira Recente: Dilema do Crescimento, o economista
Alexis Toríbio Dantas analisa a conjuntura brasileira no contexto latinoamericano,
estabelecendo as principais transformações econômicas ocorridas nas décadas de
1970 a 1990. Assinala os obstáculos mais relevantes à continuidade do modelo de
industrialização adotado, em especial na segunda metade da década de 50, pautado
pela dinâmica da substituição de importações, e traça os principais aspectos da política econômica da década de 80. A seguir, discute as transformações ocorridas na
década de 90, destacando a abertura comercial, a execução do Plano Real e o modelo de estabilização de preços experimentado por parcela significativa dos países
periféricos desde meados da década anterior. Essa análise econômica é relevante para maior compreensão do contexto econômico latinoamericano.
Em João Goulart e o PNA: Impacto do Método Paulo Freire para o Golpe
Militar a historiadora Marilena Ramos Barbosa apresenta um trabalho de reconstrução histórica e análise da década de 1960, da conjuntura internacional da Guerra
Fria e dos golpes militares que abalaram a estabilidade de várias nações latinoamericanas, mas que serviram para reforçar o sentimento de latinidade do continente.
A autora analisa a implantação de uma nova política educacional durante o
governo do presidente João Goulart até o Golpe Militar em 1964.O surgimento das
ligas camponesas no nordeste, do Brasil, as pressões de grupos empresariais, os movimentos pelas reformas de base, além da luta pela democratização do ensino, acirraram os ânimos contra o governo Goulart. Nesse contexto ideológico, o professor e
educador Paulo Freire mobiliza a sociedade para erradicar o analfabetismo com a
implementação do PNA (Plano Nacional de Alfabetização), como elemento de
transformação social.
Em Raízes e Fundamentos de uma teoria da troca política, o cientista político Luiz Henrique Nunes Bahia, discute as concepções básicas da Teoria da Troca
de acordo com Simmel, Homans e Blau. O autor procura mostrar como o fenômeno
da troca se dá em uma dimensão política específica, diferente da troca social em geral e da troca econômica. A abordagem da troca , na visão do autor, consiste na melhor forma de interpretar o jogo da política no seu sentido mais global – o da ordem
humana e a aspiração do poder – e no significado mais restrito, que discute o processo decisório da organização política. Assinala que o jogo associativo é praticado
entre “iguais” e enfatiza que além dos interesses, o processo associativo se consolida, também, na troca de lealdade e de gratidão. Trata-se de um tema instigante para
contextualizar o processo político latinoamericano.
Em Memória Sociedade e Cultura na América Latina, o cientista político
Nilson Alves de Moraes desvela o cotidiano das lutas e diferenças sociais que se ex-
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pressam nas tensões e complexidades produzidas na sociedade. O autor aborda a latinidade priorizando o fenômeno da identidade. Para o autor, a identidade não se reduz a um conjunto de traços fixos, como essência de uma etnia, de uma nação, onde
cada grupo se apropria das relações transnacionais e regionais. A latinidade implica
na existência de um cenário comum de diferentes processos de auto-afirmação, cuja
única oportunidade de traçar um perfil próprio ou de conservá-lo estará dado por sua
resistência a ser identificado no discurso uniformizador da região.
Em A violência urbana no imaginário utópico do corpo individual e a ficção
do corpo social, o sociólogo André Luis Toribio Dantas aborda teorias de Lucien
Sfez e Úrsula K. Le Guin, que discutem a utopia da saúde perfeita. No confronto
teórico entre esses dois autores, percebe-se, no entanto, uma conjunção de idéias
quando os autores, influenciados pela herança iluminista discutem o crescimento do
indivíduo. Esses aportes teóricos enriquecem o pensamento científico latinoamericano.
Lembranças de Jó no tempo da AIDS, do psicólogo José Henrique Lobato
Vianna aproxima-se de um dos textos mais instigantes da Bíblia: O Livro de Jó. Enfraquecido, Jó luta bravamente contra um discurso que valida a dor, o sofrimento e a
morte e o soropositivo que aguarda a morte como um castigo. Ambos remetem os
leitores aos espaços da memória em que a própria vida coloca em confronto: as reminiscências da dor e as lembranças do sofrimento. São vozes que se entrecruzam
na construção da subjetividade humana: em Jó, no soro positivo e na sociedade. Na
AIDS algumas dessas vozes avassalam e atemorizam seus interlocutores. O texto é
uma literatura significativa para o grande problema que ameaça grande parte da sociedade latinoamericana e mundial.
No texto Cotidianidade, Memória e Representações Sociais, a professora
Helenice Pereira Sardenberg, aborda o dia-a-dia das comunidades como um processo histórico, produto social que precisa ser desvelado para superar a alienação.
Para a autora,a memória constrói a identidade dos grupos humanos, através do exercício da rememoração, pois a memória reflete a expressão das experiências coletivas. O texto contribui de forma significativa para a compreensão do processo da
construção da identidade latino americana.
O tema da imigração e da construção da identidade é tratado pela historiadora
Maria Teresa Toríbio Brittes Lemos, ao analisar o cotidiano dos imigrantes bolivianos atraídos para o Brasil à procura de melhores condições de vida, após a Guerra do
Chaco e a Revolução de 1952. Em Guerra, Terra e Exclusão: Imigrantes bolivianos
e a construção de nova identidade, a autora apresenta as dificuldades enfrentadas
por aqueles imigrantes que chegaram ilegalmente, instalando-se em São Paulo, para
trabalharem nas indústrias têxteis e os desafios enfrentados para reestruturarem suas
vidas. A perda dos vínculos comunitários e culturais originais os obrigou a construir
nova identidade destinada a resistir à “exclusão injusta” imposta pela sociedade brasileira.
O historiador e arqueólogo Paulo Seda desvenda, juntamente, com Lúcia
Pangaio e Kátia Diniz os mistérios da arte pré-histórica brasileira. No texto Os Artistas da Pedra:pinturas Pré-Históricas da Serra do Cabral, os autores afirmam que
as pinturas integrariam um sistema simbólico organizado, em que as representações
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de animais têm relevância e cujo encadeamento implica em uma estrutura de pensamento bastante complexa. Também assinalam que as pinturas da Serra do Cabral
não são simplesmente relações de caça, mas exprimem as relações das funções metafísicas dos símbolos que lhes serviam de base, correspondendo ao arcabouço de
uma mitologia, onde os animais, ao que parece, teriam um lugar de destaque.
A latinidade está presente na literatura. Os textos de Carmen Lúcia Tindó Ribeiro Secco e Edna Maria dos Santos sobre a Agostinho Neto retratam o percurso
poético da africanidade/latinidade. Em As tramas da poética de Agostinho Neto na
Poesia Angolana Contemporânea, a historiadora Edna Maria dos Santos confronta o
poeta angolano com Jorge Luís Borges, quando aborda o esquecimento como uma
das formas de memória e assinala que no esquecimento, concretiza-se o tempo que
escorre e a memória passa a ter relevância histórica, política e cultural. As autoras
aproximam Neto de Borges. A latinidade surge através do canto, da voz e dos ritmos
dos negros. A Ressonância da Poética de Agostinho Neto na Poesia Angolana Contemporânea aproxima Neto de Neruda, pois os momentos sofridos e insofridos da
práxis são capazes de gerar poesia, pois cada poeta estabelece um pacto com o seu
tempo e, somente contextualizadas histórica e socialmente, as obras literárias podem
ser mais bem compreendidas e analisadas.
Os trabalhos refletem a preocupação dos autores em identificar na latinidade
o caminho para a construção das identidades latinoamericanas e apontam novos paradigmas para o desenvolvimento das práticas políticas, econômicas e sociais.
Andrzej Dembicz
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Françoise Morin – Roberto Santana (Editores) LO TRANSNACIONAL, Instrumento y desafíos para los pueblos indígenas. Ediciones Abya-Yala, Ecuador,
Quito, 2002.
Para todo aquel que le interese ahondar sobre el tema de los indígenas en América Latina, este libro resulta bueno porque se habla de la suerte actual (2003) que
sufren estos en la región.
El libro está compuesto de nueve trabajos unidos por el tema de la globalización,
la transnacionalización y la suerte de los indígenas.
Hoy en día no es ningún secreto que en América Latina hay regiones con tremenda pobreza y que los miserables que la sufren, en su mayor parte, son de ascendencia indígena-india.
Sabemos que los conquistadores españoles se apoderaron de las mejores tierras,
en grandes extensiones, sin preguntar quién era el dueño. De los pocos habitantes
locales que lograron quedarse con algo de tierra, no siempre les tocó de buena calidad, ni en buenos lugares: generalmente lejanos y de difícil acceso. Después de la
colonia, o de la Independencia, o de las distintas y muchísimas Revoluciones en diferentes países latinoamericanos, la suerte no ha cambiado mucho para estos indígenas.
A principios del siglo XXI el indígena sigue siendo un individuo relegado de la
sociedad, menospreciado, robado y maltratado. Es un ser que se está muriendo de
hambre, obligado a emigrar a las ciudades primero y fuera del país después.
La Globalización es como un campo al aire libre, habitado por unas cuantas hienas, leones, lobos y por un montón de ovejas, liebres y gacelas, en el que todos democráticamente y equilibradamente, rivalizan, miden sus fuerzas y pelean. El más
fuerte saldrá vencedor y ganador en la contienda, el que se llevará la mayor y mejor
parte. Es normal, natural.
El capital extranjero (transnacional), proveniente principalmente de los países
desarrollados, busca en el mundo, como una plaga, como un animal de rapiña, sorprender, atacar, cazar y devorar lo más posible de la víctima que tumbada, con la
yugular destrozada, siente que le están arrancando las extrañas.
La Globalización, inventada y utilizada por los países ricos, no es otra cosa que
obtener, en cualquier región del mundo, el mayor beneficio posible al menor costo
posible. Materias primas baratas que producen los campesinos e indígenas y mano
de obra barata que también proporcionan los indígenas y campesinos, es la explotación diaria que se realiza en todas las regiones pobres de América Latina.
Los indígenas de América Latina no pertenecen al mundo que gobierna al de la
Globalización, simplemente están, donde los han puesto, en el otro lado de la historia.
Llegan empresas transnacionales a ciertas regiones de los países pobres. Antes
de entrar, obtienen del gobierno local el permiso de instalarse sin ciertos costos y
pagos obligados para las empresas nacionales. Se les otorgan beneficios tales como:
exención de impuestos por un período de tiempo, ciertas rebajas en los costos del
uso de luz, agua, etc. Se contrata a la gente con salarios muy por debajo de la media
del salario mínimo, los costos sociales los cubre el Estado. Al cabo del tiempo esti-
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pulado en el acuerdo de exención de ciertas obligaciones, la empresa tendrá que empezar a cumplir con sus obligaciones fiscales, de trabajo y de beneficios sociales.
Sin embargo, la empresa decide cambiar de lugar de residencia a otra región del país, en donde por supuesto, podrá empezar de nueva cuenta, un nuevo período y nuevo robo a las arcas del país.
Esta forma de empresa fue muy popular en el norte de México, en diferentes
puntos a los largo de la frontera con los Estados Unidos: Ahora estas empresas andan como una plaga de mosquitos al sur de México, por Centroamérica, por Colombia, Perú, Venezuela... A estas empresas se les conoce como Maquiladoras, y al
promotor actual de esta plaga se le conoce como el Plan Puebla Panamá (PPP).
Y lo más interesante de este tipo de empresas es que cada vez utiliza más indígenas y campesinos «porque le resulta más barato» y porque su capacidad de movilidad les permite cada vez más acercarse a zonas donde vive esa gente (es el caso actual del PPP).
El libro también comenta la forma de cómo el movimiento indígena esta reaccionando ante el embate de la entrada del capital extranjero a sus comunidades y de
cómo ha empezado a organizarse y a utilizar elementos de la globalización (la alta
tecnología en telecomunicaciones) para darse a conocer y comunicarse con el mundo.
Hay otros temas de carácter, de lugar y de problemas específicos, como por
ejemplo: Los Indios Ticuna, en la selva amazónica. Los problemas que tienen con
respecto a sus fronteras, las acciones de sus líderes, las políticas indigenistas de los
gobiernos. Así también, el caso de los Aymaras en el territorio comprendido entre
Bolivia, Perú y Chile.
Pero hay dos temas que llaman mi atención. Uno de ellos es el trabajo titulado:
Oaxacalifornia, escrito por Stefano Varese, en el que trata el problema de la migración, pero desde un punto de vista muy curioso: el ir y venir de personas, integrantes
de comunidades mexicanas, las cuales a través de organizaciones suyas, representativas en los Estados Unidos, van y vienen, para trabajar temporalmente. Trabajan
allá y vuelven, tienen que volver para darle oportunidad a otros.
Los efectos observados dentro de las comunidades durante la estancia en Estados
Unidos, la visita a su familia y el regreso del trabajador migrante son comentados
por el autor. Nos habla sobre «una cultura de comunidad», fundada bajo los principios de reciprocidad, de derechos y deberes que contrae un trabajador migrante
hacia su comunidad.
El otro tema es el de Françoise Lestage sobre los mixtecos migrantes en California: Manejar la complejidad del transnacionalismo: A propósito de algunas redes
de los migrantes oaxaqueños. Viene a ser como el ejemplo práctico de lo que Stefano Varese analiza en su trabajo. Nos narra sobre los percances y peripecias de cuatro personas integrantes de una comunidad oaxaqueña que viajan y se contactan con
diferentes personas para llegar hasta la frontera con Estados Unidos, luego con otras
para cruzarla, trasladarse por territorio norteamericano y llegar a su lugar de destino.
Todo coordinado por teléfono desde la sede de la Representación de la comunidad
en Estados Unidos (organismo conformado por mexicanos de la comunidad).
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En fin, como se mencionaba al principio, este es un libro interesante, recomendado para todo aquel que le interese ahondar sobre el tema de los indígenas en América Latina, es seguro que le sacará mucho provecho.
Fernando Villagómez Porras
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