Reflexão sobre o texto “O Gatinho”
Maria Aparecida de Cicco
Durante o mês de novembro, que encerra o Ano Litúrgico, voltamos nosso olhar para a vida eterna e o
julgamento a que todos serão submetidos diante de Deus e da vida que viveram neste mundo.
A história que lemos mostra uma realidade onde um gato-rei propõe a todos os seus súditos um desafio, no qual
aqueles que quiserem participar devem se empenhar para alcançar uma tina cheia de leite e poder se fartar com
ele.
O primeiro a se apresentar é aquele que está gordo, satisfeito com o que tem, cheio de orgulho e de vaidade. Ele
tenta subir no mastro para alcançar o leite, mas por causa do próprio peso, da preguiça e da satisfação com a vida
que tem, não consegue nem sair do chão, julgando impossível tal proeza. Ele está certo que o desafio lançado
pelo rei é impossível de ser alcançado. Então começa a incitar o povo contra a realização desse desafio,
protestando contra o Rei.
Como esse gato é reconhecido por todos como alguém bem sucedido em tudo que faz, os outros gatos se põem a
segui-lo, protestando e virando as costas para o Rei e seu desafio.
Assim somos nós, cristãos, quando diante dos ensinamentos de Jesus e do compromisso de construir o Reino de
Deus aqui e agora, preferimos ficar apenas olhando para o céu, sem nada fazer de concreto. E, pior ainda, muitas
vezes dizendo que Jesus pode fazer tudo o que fez porque era Deus, mas para nós que somos humanos isso é
muito difícil, senão impossível.
Essas pessoas são como o gato gordo, estão satisfeitas com a própria vida e não têm interesse algum em fazer
qualquer coisa ou expor-se para transformar as estruturas da sociedade de modo que o Reino de Justiça e de
Amor, que nos torna todos iguais, se torne realidade. Elas nada fazem e ainda desincentivam todos os que estão à
sua volta a fazer algo, preferindo viver na mediocridade de uma fé sem raízes, que só as faz “engordar” com
coisas que são supérfluas na vivência da fé verdadeira, madura e comprometida.
Porém, há na história um outro gato que não dá a menor atenção para o gato gordo e se lança naquela missão
quase impossível. Ele é franzino, humilde, um gatinho pequeno e raquítico, ninguém dá nada por ele. No entanto,
sem fazer alarde, mas colocando todo o seu empenho, ele vai em frente na busca de vencer o desafio, superando
todos os obstáculos que surgem em sua meta. E finalmente ele alcança o seu prêmio e pode se fartar com o leite,
deixando todos boquiabertos e indagando como ele conseguiu fazer aquilo. A resposta é bem simples: ele estava
faminto e era surdo.
Assim são as pessoas, que não se acomodam e estão sempre lutando para fazer a vontade de Deus, para vencer
os desafios que se apresentam no caminho que fazem para merecer a recompensa prometida, a vida eterna.
Essas pessoas estão famintas de Deus, buscam incessantemente o contato com sua Palavra e se esforçam por
colocá-la em suas vidas e em tudo o que fazem. Não se incham de orgulho, não se estufam de vaidade. Sabem
que não são melhores que ninguém, apenas seguem em frente, surdos aos apelos do mundo que rejeita a
presença de Deus. Só ouvem a voz do Senhor que lhes promete leite e mel por toda a eternidade.
A mensagem dessa história aponta os sinais de como podemos alcançar a vida eterna:
 Deixar de lado o comodismo e a preguiça que nos faz viver uma fé superficial, nos tornando inaptos para
alcançar o Reino;
 Cultivar a fome e sede de Deus, que nos dá forças para vencermos todos os desafios;
 Ficar surdo aos apelos do mundo e da sociedade individualista e reacionária que não tem fé ou que a tem
tão superficial que impede a transformação necessária para construir o Reino no meio de nós.
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Reflexão sobre o texto “O Gatinho” Maria Aparecida de Cicco