MARIA APARECIDA HIPPERT CINTRA SISTEMAS DE INFORMAÇÃO E GERENCIAMENTO DE PROJETOS Um estudo de caso na cidade de Juiz de Fora Dissertação apresentada ao Curso de Pós Graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para a obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Civil. Área de Concentração: Gerenciamento de Obras. Orientador: Prof. Dr. SÉRGIO ROBERTO LEUSIN DE AMORIM Niterói 1998 MARIA APARECIDA HIPPERT CINTRA SISTEMAS DE INFORMAÇÃO E GERENCIAMENTO DE PROJETOS Um estudo de caso na cidade de Juiz de Fora Dissertação apresentada ao Curso de Pós Graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para a obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Civil. Área de Concentração: Gerenciamento de Obras. Aprovada em 10 de setembro de l998. BANCA EXAMINADORA _________________________________________________________________ Prof.: Sérgio Roberto Leusin de Amorim, D.Sc. (Orientador) - UFF _________________________________________________________________ Prof.: Eduardo Linhares Qualharini, D.Sc. - UFRJ _________________________________________________________________ Prof.: Jano Moreira de Souza, Ph.D. - UFRJ _________________________________________________________________ Prof.: Carlos Torres Formoso, Ph.D. - UFRGS Niterói 1998 À minha família, pelo carinho e apoio recebidos ao longo da realização deste trabalho, dedico esta dissertação de mestrado. AGRADECIMENTOS Ao professor Sérgio Roberto Leusin de Amorim, pela atenção, amizade e orientação firme e segura ao longo da realização deste trabalho; Aos professores Carlos Torres Formoso, Eduardo Qualharini e Jano Moreira de Souza pelos comentários sobre o trabalho realizado; Ao professor Carl Vicente Limmer, pela orientação recebida nos períodos iniciais do curso de mestrado; Aos colegas professores do departamento de Construção Civil da Faculdade de Engenharia da Universidade Federal de Juiz de Fora com os quais venho trocando experiências nestes últimos anos; Às três empresas construtoras de Juiz de Fora que abriram as suas portas para a realização do estudo de caso; Ao pessoal do curso de mestrado da UFF com os quais tive o prazer de conviver, especialmente, Roberta Nunes, Oscar, Paulo Soares e os funcionários Joana, Palmyra, Marcelo e Paulão sempre prestativos para o trato das questões administrativas; Aos familiares e amigos que cederam parte do nosso tempo de convivência, em especial aos meus pais, Eduardo e Evelyn, responsáveis por minha 4 5 formação humana e profissional e que me ajudaram a vencer mais esta etapa, aos meus irmãos, Henrique, pela grande ajuda na revisão do texto, Virgínia, pela companhia ao longo do curso de mestrado e pelas discussões trocadas no decorrer de todo o trabalho, Alice e Marina, por me ajudarem a cuidar do Zé, Mário, pelas dicas na área de sistemas, Eduardo, pelas longas conversas “mineiras”, Isabel pela convivência e também ao Franklin, por sua paciência e a Adélia pelo apoio na cidade. Por fim devo agradecer ainda ao pequeno José Eduardo, meu filho, que iniciando sua alfabetização se surpreendia com a quantidade de “dever de casa” necessário para realização deste trabalho. SUMÁRIO RESUMO .......................................................................................................... 10 ABSTRACT ...................................................................................................... 11 LISTA DE FIGURAS ........................................................................................ 12 LISTA DE QUADROS ...................................................................................... 14 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 17 1.1 APRESENTAÇÃO ..................................................................................... 17 1.2 JUSTIFICATIVA ........................................................................................ 20 1.3 OBJETIVO ................................................................................................. 23 1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO .................................................................. 25 2 A INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO .............................................................. 27 2.1 CARACTERÍSTICAS ................................................................................. 27 2.2 A IMPORTÂNCIA DA ANÁLISE SISTÊMICA ............................................ 30 2.3 ESTRUTURA ORGANIZACIONAL ............................................................ 37 2.4 PROCESSO DE CONSTRUÇÃO .............................................................. 42 2.4.1 Os Processos na Construção.............................................................. 45 6 7 3 O GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE CONSTRUÇÃO CIVIL ........... 49 3.1 CONCEITOS E DEFINIÇÕES ................................................................. 49 3.2 O GERENTE DE PROJETO ................................................................... 59 3.2.1 Padronização ....................................................................................... 62 3.3 SISTEMA DE PLANEJAMENTO ............................................................. 65 3.4 SISTEMA DE PROGRAMAÇÃO ............................................................. 72 3.5 SISTEMA DE CONTROLE ...................................................................... 76 4 O SISTEMA DE INFORMAÇÃO ................................................................ 82 4.1 DADOS, INFORMAÇÃO ......................................................................... 82 4.2 COMUNICAÇÃO ..................................................................................... 84 4.3 TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO .......................................................... 90 4.4 SISTEMA DE INFORMAÇÃO .................................................................. 96 4.5 ANÁLISE E MELHORIA DO PROCESSO ............................................... 103 4.5.1 Análise de Sistemas ........................................................................... 104 4.5.2 Ferramentas para análise e melhoria do processo ......................... 108 4.5.3 Técnicas de Coleta de dados ............................................................ 113 5 METODOLOGIA UTILIZADA PARA O ESTUDO DO SISTEMA DE INFORMAÇÃO ............................................................................................ 117 5.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS .................................................................. 117 5.2 ETAPAS PREVISTAS NA METODOLOGIA ............................................ 120 5.3 DIAGNÓSTICO ....................................................................................... 123 5.3.1 Entrevista ............................................................................................ 124 8 5.3.2 Planilha ................................................................................................ 126 5.3.3 Observação ......................................................................................... 129 5.3.4 Diagrama de Fluxo de Dados (DFD) ................................................. 129 5.4 ESTUDO PILOTO ................................................................................... 130 5.4.1 Caracterização da empresa do estudo piloto (Empresa A) ............ 131 5.4.2 Descrição do estudo piloto ............................................................... 133 5.5 REFORMULAÇÃO DA METODOLOGIA PROPOSTA .......................... 135 6 ESTUDO DE CASO E ANÁLISE DOS DADOS ......................................... 136 6.1 EMPRESA “A” ......................................................................................... 137 6.2 EMPRESA “B” ......................................................................................... 141 6.2.1 Caracterização da empresa “B” ......................................................... 142 6.2.2 Diagrama de fluxo de dados (DFD) .................................................... 143 6.3 EMPRESA “C” ......................................................................................... 147 6.3.1 Caracterização da empresa “C” ......................................................... 148 6.3.2 Diagrama de fluxo de dados (DFD) .................................................... 150 6.4 ANÁLISE DOS DIAGRAMAS ELABORADOS ........................................ 154 7 PROPOSTA DE MODELAGEM PARA O SISTEMA DE INFORMAÇÃO............................................................................................................ 8 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES PARA NOVOS ESTUDOS ......... 8.1 177 192 CONCLUSÕES QUANTO A APLICABILIDADE DA METODOLOGIA PROPOSTA ........................................................................................... 192 9 8.2 CONCLUSÕES QUANTO AOS RESULTADOS OBTIDOS NA ANÁLISE DOS DADOS ................................................................................... 195 8.3 RECOMENDAÇÕES PARA NOVOS ESTUDOS ................................... 198 9 BIBLIOGRAFIA .......................................................................................... 200 RESUMO Na construção civil a informação e sua difusão a todos os colaboradores são vitais para o sucesso de um projeto. O estudo da informação e dos sistemas de comunicação tem, portanto, uma importância fundamental. Através deste conseguimos suprir cada nível hierárquico da empresa com informações compatíveis com as decisões a serem tomadas. A forma como ocorre a transmissão da informação dentro da empresa expõe a sua estrutura organizacional, aponta suas possíveis deficiências e indica os pontos que devem sofrer intervenção, tendo em vista a melhoria de qualidade de seu gerenciamento e, em consequência, dos seus produtos. Este trabalho faz uma revisão dos conceitos básicos do gerenciamento de projetos e suas vinculações com os sistemas de informação e comunicação nas empresas de edificações. Através da elaboração do Diagrama de Fluxo de Dados (DFD), e outras técnicas adaptadas da análise de sistemas foram levantados os sistemas de informação de três empresas construtoras de pequeno porte na cidade de Juiz de Fora. A partir da análise realizada detectamos algumas falhas existentes nos sistemas das empresas e propomos algumas alternativas para a melhoria do processo. Ao final foi possível estabelecer uma modelagem para um sistema de informação que fosse mais adaptado às características do ambiente pesquisado. 10 ABSTRACT Information and its transmission to the personnel involved is vital to the success of a civil engineering project. The study of information and communication systems is then of great value, because such systems supply every hierarchical level of a building concern with the information necessary as input to the decision-making processes. The analysis of the way information is transmitted within a concern exposes its organizational structure, highlighting its weak points and suggesting interventions that could improve the quality of its management and, as a consequence, of its products. This paper reviews basic concepts of project management and its relationship to building concerns’ information and communication systems. It studied the systems of three such concerns, small-sized ones based in Juiz de Fora, through the application of Data Flow Diagram and other system analysis techniques. This study detected some flaws in these systems, and we suggest some schemes to correct them. It also introduces a standard information system that is well adapted to the enviroment under study. 11 LISTA DE FIGURAS Fig. 2.1 - O ambiente da Empresa .............................................................. 31 Fig. 2.2 - Diagrama de causa e efeito ......................................................... 42 Fig. 3.1 - Fases de um projeto .................................................................... 50 Fig. 3.2 - A incerteza no tempo ................................................................... 57 Fig. 3.3 - Hierarquia das decisões............................................................... 67 Fig. 3.4 - Ciclo de retroalimentação do Projeto ........................................... 77 Fig. 4.1 - Linguagens comuns na empresa ................................................. 98 Fig. 4.2 - Ciclo de desenvolvimento de sistemas ........................................ 105 Fig. 4.3 - Símbolos gráficos utilizados para representação do DFD ........... 109 Fig. 4.4 - Exemplo de Diagrama de Fluxo de Dados (DFD) ........................ 110 Fig. 4.5 - Exemplo de Diagrama de Fluxo de Dados explodido .................. 111 Fig. 5.1 - Etapas propostas na metodologia para estudo do sistema de informação ................................................................................... Fig. 5.2 - Fig. 6.1 - 122 Planilha para pesquisa de Diagrama de Fluxo de Dados (DFD)............................................................................................ 127 Diagrama de fluxo de dados Estudo Piloto (Empresa A) ............. 138 12 13 Fig. 6.2 - Diagrama de fluxo de dados do Estudo Piloto (Empresa A) - Explodido Produção .................................................................. 140 Fig. 6.3 - Diagrama de fluxo de dados da Empresa B............................... 144 Fig. 6.4 - Diagrama de fluxo de dados da Empresa B (Explodido Produção) ............................................................................................ 146 Fig. 6.5 - Diagrama de fluxo de dados da Empresa C............................... 151 Fig. 6.6 - Diagrama de fluxo de dados da Empresa C (Explodido Produção)............................................................................................. Fig. 7.1 - Modelagem do fluxo de informações para o processo de gerenciamento de projeto - Viabilidade Técnico Econômica ......... Fig. 7.2 - 179 Modelagem do fluxo de informações para o processo de gerenciamento de projeto - Planejamento do Empreendimento .... Fig. 7.3 - 153 180 Modelagem do fluxo de informações para o processo de gerenciamento de projeto - Planejamento e Controle ................... 182 LISTA DE QUADROS Quadro 4.1 - Exemplo de Dicionário de Dados para o DFD da fig.4.5.... Quadro 6.1 - Dicionário de Dados da Empresa A - Estudo Piloto da fig. 6.1 ..................................................................................... Quadro 6.2 - 113 139 Dicionário de Dados da Empresa A - Estudo Piloto (Explodido) da figura 6.2 .................................................. 141 Quadro 6.3 - Dicionário de Dados da Empresa B da figura 6.3 ............. 145 Quadro 6.4 - Dicionário de Dados Empresa B (Explodido) da fig. 6.4 ... 147 Quadro 6.5 - Dicionário de Dados da Empresa C da figura 6.5 ............. 152 Quadro 6.6 - Dicionário de Dados Empresa C (Explodido) da fig. 6.6 ... 154 Quadro 6.7 - Processos considerados na Diretoria ............................... 156 Quadro 6.8 - Processos considerados na Gerência AdministrativaFinanceira ......................................................................... 157 Quadro 6.9 - Processos considerados na Gerência Técnica ................. 158 Quadro 6.10 - Processos considerados no Orçamento ........................... 159 Quadro 6.11 - Processos considerados no Suprimento .......................... 160 Quadro 6.12 - Processos considerados no Projeto .................................. 161 14 15 Quadro 6.13 - Processos considerados no Recursos Humanos ........... 162 Quadro 6.14 - Processos considerados no Engenheiro de Obras ........ 163 Quadro 6.15 - Processos considerados no Encarregado ...................... 164 Quadro 6.16 - Estudo de Viabilidade e Orçamento: descrição dos processos, fluxo de informações considerado e informações necessárias apontadas .......................................... Quadro 6.17 - Projeto: descrição do processo, fluxo de informações considerado e informações necessárias apontadas ....... Quadro 6.18 - 169 170 Planejamento: descrição do processo, fluxo de informações considerado e informações necessárias apontadas .................................................................................. Quadro 6.19 - Controle: descrição do processo, fluxo de informações considerado e informações necessárias apontadas ....... Quadro 6.20 - 171 172 Suprimento: descrição do processo, fluxo de informações considerado e informações necessárias apontadas .................................................................................. Quadro 6.21 - 173 Mão-de-obra: descrição do processo, fluxo de informações considerado e informações necessárias apontadas................................................................................... Quadro 6.22 - 174 Manutenção: descrição do processo, fluxo de informações considerado e informações necessárias apontadas................................................................................... 176 16 Quadro 7.1 - Dicionário de dados da modelagem do fluxo apresentada 179 na figura 7.1 .............................................................. Quadro 7.2 - Dicionário de dados da modelagem do fluxo apresentada 181 na figura 7.2 .............................................................. Quadro 7.3 - Dicionário de dados da modelagem do fluxo apresentada na figura 7.3 .............................................................. 183 T 658.924 C575 1998 Cintra, Maria Aparecida Hippert Sistemas de Informação e Gerenciamento de Projetos: Um estudo de caso na cidade de Juiz de Fora / Maria Aparecida H. Cintra. - Niterói: UFF, 1998. 209 p. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal Fluminense, 1998. 1. Construção Civil - Gerenciamento 2. Indústria da construção 3. Gerenciamento de Empreendimentos 4. Sistemas de Informação I. Título 1 INTRODUÇÃO 1.1 APRESENTAÇÃO As mudanças tecnológicas e organizacionais que vem ocorrendo no mundo inteiro nos últimos tempos acarretam profundos reflexos na economia do país. A indústria da construção civil também sofre o impacto destas mudanças, uma vez que ela é uma das importantes atividades que alavancam a economia de um país. No Brasil ela representa aproximadamente 7% do Produto Interno Bruto, 67% da Formação Bruta de Capital Fixo e absorve 6 % da População Economicamente Ativa. Dentre os sub-setores que a compõem, destacamos o de construção de edifícios, que aponta um déficit1 habitacional de pelo menos 10 milhões de unidades. (CNI, 1995). Aliada à questão econômica, fatores tais como a globalização, a a- 1 Bolathi (1983), relaciona a necessidade de moradias não a um déficit, mas a uma questão de demanda social. Neste conceito, a demanda social de habitações relaciona os aspectos técnicos para a sua construção, com as condições de se elevar o nível geral de emprego e de renda das populações carentes. 17 18 bertura do Mercosul, as exigências contratuais por parte de empresas contratantes, o novo Código de Defesa do Consumidor, a nova Lei de Licitações, além do próprio preço do produto que deixou de ser arbitrado e passou a ser definido em função do seu mercado de atuação, tem forçado as empresas, em particular as de construção civil, a se adequarem a este novo mercado (Souza, 1995, p. 17). Cardoso (1997a, p. 108) chamou a estes fatores de novos condicionantes e acrescentou aos citados acima, a diminuição da corrupção nos mercados públicos; o aumento do grau de complexidade e variabilidade nos empreendimentos; o aumento das exigências técnicas dos empreendimentos e do canteiro como também o ganho de importância dos aspectos ambientais. A questão do preço do produto deve também ser analisada à luz da competição extra-setorial, pois a competição entre os diversos segmentos da economia não permite que um deles tenha resultados demasiadamente afastados dos demais. Amorim (1995, p. 17) apresenta dados levantados por Margirier que apontam um desempenho do setor da construção da ordem de 8% a 19% abaixo da média industrial em quatro países europeus. Embora os dados não possam ser comparados, os valores indicam um desempenho pouco competitivo do setor em relação aos demais. Ele seria compensado, entretanto, por uma elevação de preços mais rápida, bem como pela atitude das empresas ao adotarem uma política que Vargas2 (apud Amorim, 2 VARGAS, Nilton. Racionalidade e não racionalização: o caso da construção habitacional. In: FLEURY, Afonso C. Corrêa (org). Organização do Trabalho, São Paulo: Atlas, 1983. 232 p. p 195 219. 19 1995, p.55) chamou de “depredação da mão-de-obra”, traduzida em salários insuficientes para a subsistência e jornadas de trabalho excessivas. A elevação de preços seria viabilizada por uma vantagem derivada do lote, que permitiria o repasse aos clientes dos custos crescentes decorrentes de um menor aproveitamento do trabalho. Entretanto, este repasse de custos ao consumidor foi bloqueado em virtude da recessão generalizada que se instalou no país e a supressão dos financiamentos que permitiam este repasse. (Amorim, 1995, p. 39) Neste novo cenário, também no setor de edificações nota-se que “existe uma procura pelo progresso técnico, visando acompanhar os movimentos gerais da economia e manter a sua atratividade de capitais e mão-de-obra” (Amorim, 1995, p. 18). Desta forma, para se manterem competitivas, as empresas passam a gerir os seus negócios de forma a alcançar os parâmetros: qualidade, produtividade, custos e riscos previamente definidos. Para auxiliar as empresas nesta empreitada, alguns estudiosos, empresas e instituições tem-se dedicado ao desenvolvimento e implantação de programas de melhoria, tais como os Sistemas de Qualidade, os Programas de Racionalização da Construção e de Inovações Tecnológicas bem como as novas formas de Gestão de Projetos3. No âmbito da gestão do projeto, o resultado terá maior possibilidade de sucesso se as atividades que o compõe forem devidamente planejadas e controladas. Para isto, devemos ter um sistema de informação, com a função de suprir os diversos níveis hierárquicos da empresa, ora transmitindo a informação para a 3 Ver, a respeito, os trabalhos realizados pelo NORIE, CTE, como também os citados na bibliografia, por ex.: BARROS, Mércia, CARDOSO, Francisco, FORMOSO, Carlos T.,SOUZA, Roberto. 20 tomada de decisão, ora trazendo os resultados apontados, retroalimentando todo o processo gerencial. 1.2 JUSTIFICATIVA Ao implantarem novos conceitos de gestão, as empresas de construção esbarram numa série de entraves para a efetivação das mudanças necessárias à sua adequação a estas novas metodologias. A falta de integração e de troca de informações entre os elementos envolvidos ao longo do processo construtivo, a existência de sistemas de informação deficientes, são alguns dos empecilhos relatados na pesquisa bibliográfica realizada. Para Fruet e Formoso (1993, p. 34) a difusão da informação é um dos itens que precisam ser melhorados nas organizações pois a falta de integração, e mesmo de comunicação entre os envolvidos em determinado projeto é uma das principais causas de seu insucesso. Souza (1997, p. 67) compartilha desta opinião ao afirmar que “muitos dos erros que se cometem têm sua origem na falha da informação ou na comunicação defeituosa” justificando uma melhoria por parte das organizações no processo pelo qual se enviam e se recebem mensagens. Souza e Mekbekian (1995, p. 238), ao analisar o processo de implantação da gestão da qualidade junto a um grupo de 75 empresas de construção de várias regiões do país, observam a existência de gargalos de ordem comportamental e de gestão e organização empresarial que incluem a difusão das informações. 21 Para estes autores, uma das grandes fragilidades do grupo de empresas da construção reside exatamente na falta de um sistema de informações e comunicação entre os integrantes da empresa - direção, gerentes e colaboradores. Esta dificuldade pode, inclusive, implicar na ausência de informações essenciais para o gerenciamento e operacionalização dos seus processos (Souza e Mekbekian, 1995, p. 240). Além disto, um sistema de informações truncado pode gerar distorções e boatos que alimentam a rede informal de comunicação existente no canteiro. Ainda segundo Souza e Mekbekian (1995, p. 240), o setor da construção mantém uma cultura de centralização e autoritarismo que é uma das causas da dificuldade de difusão das informações, e comentam: ’Afinal quem deve estar informado são os diretores e os chefes, os demais são orientados e obedecem ordens, reza o paradigma da empresa centralizada. Logo para que a difusão de informações?’. Gomes (1996, p. 78), em pesquisa realizada na cidade do Rio junto a um grupo de empresas integrantes do Clube da Qualidade identificou uma série fatores que representam entraves para a implantação de programas de melhoria da qualidade nas empresas construtoras. Dentre eles, pode-se citar a “dificuldade de comunicação entre as várias etapas do processo construtivo, ausência de definição clara no canteiro de obras das responsabilidades de cada envolvido no processo”, bem como a “ausência de normalização de procedimentos construtivos”. Para Assed (1986, p. 81), tradicionalmente tem havido pouca informação e comunicação na construção civil entre seus diversos setores, na maioria das 22 vezes pela falta de conhecimentos das técnicas de informação e de como são aplicadas nas empresas. Uma outra dificuldade apontada para a disseminação das informações no setor da construção é o medo da concorrência. Segundo Barros (1996, p. 177), a maioria das empresas não é aberta ao mercado concorrente. Talvez por não dominarem o processo de produção e recearem se expor às críticas prováveis dos concorrentes ou porque acreditam que guardando para si os avanços conseguidos, no seu processo de evolução, se manterão à frente da concorrência. Ainda segundo Barros, falhas nos fluxos de informações e de decisões internos à empresa se apresentam como obstáculos para se promoverem as necessárias alterações nos processos produtivos para implantação de melhorias. (Barros, 1996, p. 174). Para Soibelman (1993, p. 122), a melhoria da comunicação no processo de construção passa pelo estudo de novos sistemas de informação como forma de garantir a perfeita comunicação entre todos os envolvidos neste processo. O presente estudo está centrado no papel dos sistemas de informação no gerenciamento de projetos. A informação, aliada aos sistemas de comunicação, tem uma importância fundamental para o sucesso dos empreendimentos, pois é através dela que conseguimos suprir cada nível hierárquico com dados imprescindíveis para as decisões a serem tomadas. A maneira como ocorre a transmissão da informação dentro da empresa expõe a sua estrutura organizacional, apontando suas deficiências e indicando os pontos que devem sofrer intervenção 23 tendo em vista a melhoria de qualidade de seu gerenciamento e, em conseqüência, dos seus produtos. 1.3 OBJETIVO Este trabalho tem como objetivo principal propor diretrizes para a modelagem de um sistema de informação para o gerenciamento de projetos que seja mais adaptado às características das empresas construtoras de pequeno porte. Os objetivos secundários são: estudar a troca de informações entre as entidades envolvidas no processo de gerenciamento de projetos das empresas com apoio da ferramenta de Diagrama de Fluxo de Dados (DFD), realizar uma comparação entre os processos de gerenciamento de três empresas construtoras e compará-los com os modelos de gerenciamento apresentados na bibliografia. A hipótese considerada é de que nas pequenas empresas o gerenciamento de projetos é realizado de maneira semelhante, o que vai nos permitir o estabelecimento de diretrizes para a modelagem de um sistema de informação para a realização deste processo, possivelmente aplicável a outras empresas de pequeno e médio porte. Ainda como hipóteses secundárias temos: • Nas pequenas empresas ocorrem dois sistemas de informação, um formal, baseado em documentos, e outro, informal, baseado em transmissões verbais; 24 • Não existe coleta de informações de forma sistematizada no canteiro de obra para alimentar o planejamento de novos projetos; • As atividades de gerenciamento são desenvolvidas pelos próprios sócios proprietários, na maioria das vezes de forma intuitiva. O Diagrama de fluxo de dados (DFD) é uma ferramenta gráfica de análise de dados, muito semelhante a um fluxograma, que mostra a seqüência de transformação dos dados pelas diversas áreas envolvidas no processo. É uma ferramenta gerencial que permite a cada setor envolvido no processo de construção visualizar as informações de que necessita dos fornecedores (dados de entrada) e quais informações devem ser geradas internamente no setor para serem fornecidas para o próximo cliente da cadeia de produção (dados de saída). Tendo em vista as características desta proposta, que expõe uma situação real, passível de sofrer intervenção na busca da racionalização do processo, foi feito o estudo de caso em três empresas de construção para o levantamento de dados na cidade de Juiz de Fora. Apesar da pequena amostra considerada, que representa em torno de 5% do total das empresas da região (Hippert, 1998), ela compõe um panorama significativo, tendo em vista que outros levantamentos realizados por esta autora indicam que as estruturas organizacionais das empresas da região se apresentam com pequenas variações, sendo a maioria delas gerenciadas pelos próprios sócios proprietários, compondo um quadro de empresas típicas. Desta forma, este trabalho permite que se façam sugestões de melhorias no processo que serão, possivelmente, aplicáveis a outras empresas de pequeno e médio porte. 25 Com o levantamento do panorama atual da situação da cidade, temse registrado o estado da arte neste setor. Isto permite o estabelecimento das condições para a comunicação, visando a racionalização do processo produtivo, através da integração dos seus intervenientes. Em decorrência, também possibilita a consolidação “saber coletivo”4, que passa a ser de domínio da empresa e deixa de ser restrito às cabeças dos trabalhadores. 1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO O trabalho está organizado na seguinte sequência: O capítulo dois trata da Indústria da Construção, as suas características, a importância da análise sistêmica aplicada ao setor, as estruturas organizacionais existentes e o estudo do processo de construção de edificações. O capítulo três consolida os conceitos da área de gerenciamento de projetos, fazendo uma revisão dos termos adotados. O capítulo quatro aborda os sistemas de informação, analisa a questão da informatização e apresenta as ferramentas a serem aplicadas para análise e melhoria do processo. O capítulo cinco apresenta a metodologia utilizada para o estudo da comunicação nas empresas através do seu fluxo de informação. 4 A este respeito ver os trabalhos de VALADARES, Lícia, org.: O processo de trabalho e a formação profissional da construção civil, Relatório do convênio FINEP-IESAE, Rio de Janeiro, 1981. 26 No capítulo seis são apresentados os estudos de caso realizados junto as três empresas construtoras atuantes em Juiz de Fora através da aplicação da metodologia proposta e a posterior análise dos dados. O capítulo sete propõe a modelagem de um sistema de informação racionalizado, com base nas informações obtidas do estudo de caso. Finalmente, o capítulo oito apresenta as conclusões do estudo e as sugestões e recomendações para novos estudos. 2 A INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO 2.1 CARACTERÍSTICAS A indústria da construção, sub-setor edificações, vêm sendo apresentada por alguns autores como sendo uma indústria tecnologicamente atrasada (Amorim, 1995, p. 16; Barros, 1996, p. 68; Meseguer, 1991, p. 13 e Souza et al., 1995, p. 39). Direcionada para produtos únicos já foi denominada de “indústria de protótipo” (Gallon1 apud Amorim, 1995). Assim, diversos estudos voltados à ela na área de qualidade precisam ser adaptados, uma vez que a maioria dos conceitos, metodologias e técnicas operacionais e de gestão foram desenvolvidos, em geral para a indústria seriada e com maiores recursos de controle e gestão. A premissa destas abordagens é a de que a empresa domine o seu processo2 construtivo, identifique e implante as melhorias que se fazem 1 GALLON, Elie. Du juste temps au juste a temps. In: Travail et productivité dans le Bâtiment, Rapport du Seminaire, Plan Construction et Architecture, Paris, s.d. 2 O termo processo está definido no item 2.4 . 27 28 necessárias e, posteriormente, realize uma avaliação do seu novo processo, como forma de constatar as melhorias ocorridas. Ou seja, que a empresa domine a sua “atividade fim”, pois, como apresentado em Barros (1996, p. 229): “A indústria da Construção de Edifícios entrega a terceiros o que deveria ser a sua atividade principal: a produção de edifícios e, teoricamente, conserva consigo o ‘gerenciamento do processo de produção’, o qual não conhece e sobre o qual não tem domínio.” Estes programas de qualidade passam pela padronização e documentação das atividades desenvolvidas, devendo, portanto, conter um sistema de informação eficaz capaz de atender a essas necessidades. Em relação ao setor industrial como um todo, o setor de construção se apresenta defasado e com uma série de peculiaridades, que dificultam a adoção destas novas abordagens, como destacado por Meseguer (1991): • caráter nômade, dificultando a constância de materiais e processos; • cria produtos únicos e não seriados, salvo algumas exceções; • utiliza-se da produção centralizada, com operários móveis e produto fixo, diferente da indústria seriada, onde tem-se produtos móveis e operários fixos, o que dificulta a organização e o controle; Estas são características estruturais do setor, apresentando portanto, uma maior dificuldade para resolução dos problemas inerentes a esta indústria. Além delas Meseguer (1991) faz outras colocações que dizem respeito as características atuais da construção: 29 • produto único na vida do comprador, onde este influi muito pouco na qualidade do produto; Apesar de não dispor de resultados quantitativos, uma argumentação lógica permite contestar esta colocação. O trabalho de Heineck et al. (1997) apresenta uma caracterização dos novos clientes do mercado imobiliário, através da análise das principais modificações sociais, culturais e econômicas possíveis de serem observadas hoje em dia. Se a característica de produto único corresponde a um padrão e numa análise empírica ao redor do ambiente mais próximo de cada um de nós, existem vários casos que não correspondem a este padrão, como pode o padrão existir? Mesmo que não seja um imóvel próprio para moradia, várias situações levam o cliente a apurar suas exigências quanto a qualidade esperada dos seus futuros imóveis. Alguns exemplos destas situações como o luxo dos shopping centers e agências bancárias; a necessidade de mudança de moradias, para se adequarem ao tamanho, ao status e a capacidade econômica dos moradores, despertam a exigência de qualidade por parte dos clientes. Esta qualidade percebida pelo cliente fornece subsídios para que ele, ao buscar um novo imóvel, procure compatibilizar o seu desejo com os recursos financeiros disponíveis. • indústria tradicional, com grande inércia às alterações; • uso de mão-de-obra pouco qualificada, com escassas possibilidades de promoção; trabalhos sujeitos às intempéries, sendo a proteção mais difícil; • uso de especificações complexas, quase sempre contraditórias e muitas vezes confusas; • as responsabilidades são dispersas e pouco definidas; 30 • grau de precisão quanto à orçamento, prazo, resistência mecânica, etc, muito menor que nas outras indústrias. As três últimas colocações apresentadas estão fortemente atrelados à uma indefinição do produto, própria desta indústria. As características atuais da indústria construção são, portanto, passíveis de serem alteradas apontando a necessidade de se buscar um novo referencial teórico. Isto começa a ocorrer na medida em que haja uma maior estruturação do setor, com a adoção de inovações de produtos, de processos e nos aspectos organizacionais. Estes incluem uma maior integração entre os envolvidos no processo de construção, bem como uma maior qualidade no processo de comunicação. (Amorim, 1995). 2.2 A IMPORTÂNCIA DA ANÁLISE SISTÊMICA A empresa de construção caracteriza-se pela complexidade das atividades desenvolvidas por uma variada gama de especialistas na realização de seu objetivo, que é a entrega de um produto único, individualizado. Ela busca este objetivo apoiada em parâmetros de qualidade, custo e prazo. No caso da incorporação imobiliária devem ainda ser acrescentados os elevados riscos em virtude dos investimentos que são feitos antes da absorção do produto pelo mercado. Este riscos são, ainda, majorados em virtude do longo período de tempo de maturação do produto (em média 36 meses desde a escolha do terreno até a 31 entrega definitiva das unidades (Balarine, 1997, p.11)), período em que as expectativas de demanda podem sofrer mudanças substanciais. As interfaces existentes em uma empresa não se restringem somente àquelas devidas à sua estrutura interna. Ela está inserida em um ambiente que sofre interações tanto do ambiente interno, como do ambiente externo, onde esteja situada. O ambiente no qual a empresa está inserida pode ser representado pela figura 2.1. SETOR DA CONSTRUÇÃO CIVIL Sistema Empresa Comercial Administração Outras Empresas Sistema Produto Produção Fornecedores de Insumos Setor Financeiro Mercado Estado Fig. 2.1 - O ambiente da Empresa (adaptado de Limmer, 1997 e Lima Jr, 1990) No ambiente interno podemos destacar toda a série de transações, procedimentos e comunicação desenvolvidos nos seus departamentos, áreas ou 32 divisões, que atuam como atividade meio para a empresa, na busca por seus objetivos. São, na realidade, os grandes processos internos à empresa. Dentre eles podemos citar: Gestão de Estratégias, de Recursos Humanos e outras que veremos com mais detalhes no item 2.4. No ambiente externo, a empresa acaba sofrendo influência do mercado, dos concorrentes, das ações do Estado em seus diversos níveis e é ainda particularmente suscetível às condições do meio ambiente. Com relação a variedade de intervenientes atuantes no processo de construção, Souza (1997, p. 48) observa que eles se encontram ao longo das várias etapas em que este processo é constituído, a saber: • clientes - os usuários que variam de acordo com o poder aquisitivo, as regiões do país e a especificidade das obras: habitações, escolas, etc; • planejamento do empreendimento - que podem ser os agentes financeiros e promotores, órgãos públicos, clientes privados e incorporadores, além dos órgãos legais e normativos envolvidos, dependendo do tipo de obra a ser construída; • etapa de projeto - responsáveis pelos estudos preliminares (sondagens, topografia, demografia, etc), urbanistas, projetistas de arquitetura, calculistas estruturais, projetistas de instalações e redes de infra-estrutura, além dos órgãos públicos ou privados responsáveis pela coordenação do projeto; • fabricantes de materiais de construção; • execução das obras - empresas construtoras, sub-empreiteiros, profissionais autônomos, auto-construtores, laboratórios, empresas gerenciadoras e órgãos ou privados responsáveis pelo controle e fiscalização das obras; 33 • operação e manutenção das obras ao longo da sua fase de uso - proprietários, usuários e empresas especializadas em operação e manutenção. Meseguer (1991, p. 15), também identifica estes intervenientes incluindo ainda: o seguro na construção, a forma de contratação, o ensino e a formação (para o suporte profissional), a investigação e os colégios profissionais (que coordenam o exercício das empresas). A NBR 5671 (ABNT,1986) “fixa as condições de participação dos intervenientes em serviços e obras de engenharia e/ou arquitetura, definindo suas responsabilidades e direitos”. Esta norma relaciona os seguintes intervenientes: o proprietário, o contratante, a firma projetista, o autor do projeto, o financiador, o executante, o fiscal, o empreiteiro técnico, o subempreiteiro, o consultor técnico, o tecnologista, o fabricante de materiais e/ou equipamentos, o fornecedor, a concessionária de serviço público, o corretor, o adquirente, o usuário e outros. Dentro deste enfoque há que se criar mecanismos que possibilitem o estudo de todos estes intervenientes e sua forma de relacionamento de maneira global, como forma de alcançar as expectativas da empresa. Surge então a análise sistêmica para cobrir esta lacuna. Ela foi criada em 1969, por Von Bertalanffy, para a análise de ciências biológicas, sendo que o autor deduziu que sua característica genérica seria passível de utilização nas organizações (Soibelman, 1993, p.25). A análise sistêmica auxilia na compreensão das relações entre os envolvidos que transformam os insumos em obra. A competência da empresa em alcançar seus objetivos dependerá de que todos os envolvidos no empreendimento tenham o mesmo objetivo, reconhecendo que o sucesso de cada um dependerá de 34 ações desenvolvidas por outros. Com isto, interesses pessoais e individuais deverão ser postos de lado em função do objetivo único do conjunto. A coletividade se sobrepõe às questões individuais na busca para a resolução dos problemas. Segundo Deming 3 (apud Silva, J., 1994, p. 105) a visão sistêmica, juntamente com o conhecimento da teoria da variabilidade, da teoria do conhecimento e da psicologia, são os fatores que formam o ‘saber profundo’ necessários para a ação do líder moderno. Deming afirma ainda que não é preciso ter profundos conhecimentos em nenhuma destas áreas para entender o conjunto como um sistema e poder praticá-lo. Silva, J. (1994), apresenta uma síntese destes quatro fatores citados, onde nos interessa particularmente a caracterização da visão sistêmica. Para este autor (p.105), “ter visão sistêmica consiste em procurar conhecer detalhadamente a influência de todas as variáveis que afetam os resultados do sistema no curto e no longo prazo. Consiste em procurar compreender não só a complexidade estática, de curtíssimo prazo, mas a complexidade dinâmica, que depende dos efeitos retardados no tempo e da interação múltipla das causas, gerando efeitos desproporcionais.” Ainda segundo Bio (1985, p. 18), “sistema” pode ser definido como um grupo de elementos ou componentes que são ligados entre si, podendo interagir ou não, formando um todo complexo e unitário. Um sistema é, portanto, um conjunto de partes interdependentes que tem um objetivo comum. 3 DEMING, W. Edwards. Qualidade: A Revolução da Administração. Ed. Marques-Saraiva, 1990. 35 A indústria da construção é um sistema aberto que importa do meio idéias, energia, materiais e informações, transformando tudo isto em uma obra que, quando pronta, é exportada novamente ao meio. Sendo um subsistema de um sistema maior, a empresa está constantemente interagindo com o ambiente na qual está inserida. Segundo Bio (1985, p. 44) a não consideração desta abordagem, levou toda uma geração de administradores a se concentrar nos problemas internos, de eficiência do sistema, e não nos problemas estratégicos resultantes da interação de fenômenos do meio ambiente que afetam a empresa. Ainda segundo o autor, os administradores voltados para as condições internas de operação de uma empresa concluem que os problemas na maioria das vezes são decorrentes de inadequação dos processos de produção, controle de custos e sistemas administrativos ineficientes. Essas ineficiências podem ser total ou parcialmente responsáveis pelos problemas que uma empresa enfrenta; porém estes problemas podem também ter como causa a progressiva substituição de tecnologia, forçada por novos concorrentes, ou as alterações nas expectativas do mercado, ou ainda, mudanças sociais e econômicas, ou qualquer outra condição externa, mesmo que os níveis de operação interna sejam adequados. Quando o problema reside no ambiente externo, não haverá indicadores internos da eficiência4 da empresa que seja capaz de detectá-lo ou resolvê-lo. A capacidade de resposta às pressões do ambiente externo é determinada pelas condições de operação internas. Ao se analisar o processo de 36 gerência como um processo que age sobre toda a empresa torna-se necessário entender cada um de seus elementos, isoladamente, como também a interação entre estes elementos. A análise de uma empresa evoluiu para um enfoque sistêmico e este passou a ser um conceito básico na busca pela qualidade. Os programas de qualidade fazem uso deste enfoque na sua implantação. Estes programas partem da premissa que a qualidade deve ser buscada por todos os envolvidos no processo, dos clientes externos aos clientes internos, quais sejam os acionistas, funcionários e colaboradores. De certo modo, esta nova abordagem age como parte integrante na melhoria da qualidade por parte das empresas. Entretanto, à medida que evoluem neste processo de busca da qualidade, as empresas acabam, por vezes, indo de encontro a limitações geradas pela abordagem de apenas alguns de seus sub-processos, dos quais o processo como um todo é dependente. A alteração de um sub-processo em particular pode, inclusive, não ter efeito no processo global. Portanto, a comunicação a ser estabelecida entre todos os níveis de uma empresa precisa ser baseada em condições oriundas tanto do ambiente externo quanto do interno, bem como na capacidade de liderança ou habilidade das pessoas em transmitir planos e objetivos bem definidos. Apesar da importância relatada acima de se analisar a empresa com o enfoque sistêmico, esta ainda não é prática comum entre as empresas, conforme Barros (1996, p. 405): “Poucas são as empresas que estão enxergando a 4 Para Cardoso (1996), eficiência diz respeito ao rendimento de um sistema avaliado face a um certo 37 premência de uma visão sistêmica do processo, para serem competitivas no mercado.” 2.3 ESTRUTURA ORGANIZACIONAL Ao analisar uma empresa através de uma visão sistêmica, deve-se procurar identificar como a mesma está estruturada. Cabe então um estudo das suas estruturas organizacionais, uma vez que elas espelham o regime de autoridade presente. Além disso, a organização de uma empresa determina as informações necessárias a cada um de seus diversos níveis hierárquicos, para a tomada de decisões. Para a Fundação Vanzolini (1992), a Estrutura Organizacional de uma empresa é: “Sistema que disciplina as relações formais entre os membros de uma entidade (pública ou privada; com ou sem fins lucrativos) a fim de assegurar o esforço cooperativo do pessoal para o atingimento dos objetivos e metas dessa entidade” [grifos no original]. Muitas empresas possuem organogramas bem elaborados, quadros ricos em detalhes, mas demonstram, na prática situações diversas daquelas impressas no papel. Segundo Veltz e Zarifian (1992) o modelo de uma organização [...] “é uma articulação das dimensões técnicas, sociais e econômicas de um universo de produção”. Portanto, as técnicas gerenciais devem ser aplicadas sobre nível de recursos enquanto eficácia mede a capacidade de alcançar certos objetivos estabelecidos. 38 o modelo que melhor representa a situação existente de fato e não aquela apresentada no papel e que não corresponde à realidade. A teoria da organização pode ser considerada sob dois enfoques distintos: o organizacionista e comportamentista. No primeiro, a empresa é considerada como um organismo onde cada órgão desempenha uma função, sendo a estrutura da organização um conjunto de órgãos. No enfoque comportamentista, a organização é vista como composta por pessoas com objetivos comuns, onde a sua estrutura define a relação entre as pessoas, indicando os postos e funções a serem ocupados e exercidos por estas pessoas. (Limmer, 1997, p. 28). Para Amorim (1995, p. 72), a evolução das estruturas organizacionais industriais ocorreu através de sua adequação a diferentes ambientes, e pode-se ser representada por quatro modelos. Segundo o autor, a existência de modelos não é excludente e as empresas, ao incorporarem características de suas transformações produtivas, podem apresentar fatores de modelos diferentes. a) Modelo “Taylorista”, ou “clássico” ou “vertical”. Tem como foco central a “operação de trabalho” e é baseado na separação entre concepção e execução. O trabalho em si é tratado como um objeto, possível de ser isolado de seus operadores, e os trabalhadores como “agentes a serem programados” para a sua execução. 39 Faz uso da intensificação do trabalho através do controle, bem como pela adequação do homem à tarefa. Na construção pode-se considerá-lo na situação onde há uma separação entre projeto e construção. Neste caso a equipe de execução recebe o projeto pronto para a execução não tendo participado da sua elaboração ou planejamento. É o tipo de estrutura responsável pelos altos índices de desperdício, pois falta a integração entre os envolvidos. Meseguer (1991, p. 26), comenta que nas empresas de construção que conhecem e dominam os seus processos construtivos, os maiores índices de desperdício ocorrem na fase anterior a execução, isto é na fase de projeto. Assim, na medida em que os materiais e a etapa de execução estão mais controlados, originam um menor número de falhas, aparecendo as falhas da etapa anterior, ou seja, no projeto. No caso particular das empresas brasileiras, a situação é ainda mais grave. Pesquisas realizadas por alguns autores (Pinto, 1989, Picchi, 1993 e Soibelman, 1993) apontam uma perda elevada ainda na fase de execução da obra, por motivos variados, tais como falta de padronização de materiais, de procedimentos documentados, de organização de canteiro dentre outros, sugerindo medidas para reverter este quadro. Em paralelo às intervenções na fase de execução, surgem os programas de qualidade voltados para a área de projetos, buscando uma maior 40 competitividade e produtividade do setor. Neste caso, pode-se citar o programa que vem sendo desenvolvido pelo CTE, conforme Silva 5. Este é um modelo com tendências a se extinguir. b) Modelo “Taylorista Cooperativo” (ou de cooperação horizontal) É uma evolução do modelo anterior, com enfoque na coordenação das operações que passa da eficiência localizada para a busca da eficiência através da melhor seqüência das operações. A eficiência deixa de ter o enfoque sobre a operação e o passa para as inter-operações. Com isto, a empresa para tratar da competição de seus produtos, preocupa-se agora com uma nova dimensão, a inovação, de maneira permanente, a fim de capacitar-se a diminuir o prazo de desenvolvimento de um novo produto, o que se transformará em um indicador de sua eficiência global. c) Modelo de Organização por Projeto (ou inovação e aprendizado) Este tipo de estrutura faz parte do grupo comportamentista. Apresenta como características: baixo nível de formalização, formas avançadas de departamentalização, alta diversificação e comunicação multidirecional. Tem como meta otimizar um “complexo de objetivos”: custos, prazos e qualidade. É baseado na organização matricial6 e coloca a antecipação aos problemas como fundamental. 5 Painel apresentado no SEMINÁRIO INTERNACIONAL GESTÃO E PRODUÇÃO DE EDIFÍCIOS, 1997, São Paulo, por Maria Angélica Covelo Silva. 6 A organização matricial é uma combinação da estrutura hierárquica vertical padrão com uma estrutura horizontal, superposta lateralmente, chefiada por um gerente de projeto. 41 Apresenta como agravante de sua aplicação o fato dos projetos possuírem caráter temporário, gerando dificuldades com o quadro de pessoal por promover dispensas ou relocações quando de sua conclusão. Em virtude da instabilidade desta organização, as empresas possuem estruturas funcionais mais permanentes que compõem as equipes de projeto. Desta forma, o funcionário passa a responder a duas chefias com metas individuais, correndo o risco de aparecerem conflitos. d) Modelo de Níveis Decisórios Hierárquicos Baseia-se na organização em “camadas” onde cada uma tem atribuído um nível decisório, ou seja, alguns aspectos do modo de operar da empresa são totalmente atribuídos a um determinado nível. Por exemplo, o nível operacional decide sobre “como fazer” uma determinada tarefa e a alta gerência, cuida do planejamento estratégico. Utiliza-se de uma base comum de dados acessíveis a todos os participantes de modo a se conseguir objetivos homogêneos. Deste modo, deixa de existir a organização funcional clássica, com autonomia de estruturação em cada nível, passando a apresentar uma maior coerência nas ações da empresa, sugerindo uma maior eficiência no aproveitamento dos recursos. Sua principal vantagem é a estabilidade e a capacidade permanente de inovação, porém ainda é um modelo inacabado, com poucas experiências de utilização. 42 Este é um modelo que apresenta dificuldades para a implantação na construção civil, devido às peculiaridades da mesma, particularmente suas deficiências na formação de mão-de-obra. 2.4 PROCESSO DE CONSTRUÇÃO Campos (1992, p. 17) define processo como um conjunto de causas visando a um objetivo específico, que é o produto do processo sendo representado graficamente pelo diagrama de causa e efeito 7 , que é uma estrutura que permite a organização dos dados, possibilitando a identificação das possíveis causas de um determinado efeito (ou problema) conforme figura 2.2. Matéria-Prima Máquina Medida EFEITO Meio-Ambiente Mão-de-Obra Método CAUSAS Fig. 2.2 - Diagrama de Causa e efeito Já Juran (1992, p. 222) define processo como sendo “... uma série sistemática de ações dirigidas à realização de uma meta”. Assim, este autor argumenta que o “processo” deverá atender aos seguintes critérios: 7 O diagrama de causa-efeito foi introduzido em 1943 por Kaoru Ishikawa (BROCKA, 1994, p.212) 43 • ser orientado para metas. • ser sistemático, isto é, as atividades componentes de um processo são interligadas através de conceitos coerentes. • ser capaz de atingir as metas previamente estabelecidas em condições operacionais. • ser legítimo, ou seja, o processo deve poder tramitar através de canais autorizados, contendo a aprovação daqueles para os quais foram delegadas as responsabilidades associadas. Entretanto, o conceito de processo pode ser melhor entendido quando associado a uma área de conhecimento, e assim temos o conceito de processo de produção, que é definido como uma conversão de um input (entrada) em um output (saída) (Koskela 8 apud Bernardes, 1996, p. 9). O fluxo de produção é a seqüência de processos que almeja entregar ao cliente o produto que ele deseja. Ele é também um processo na medida em que opera inputs que no final produzem determinado output. A abordagem de Koskela, ao privilegiar a “conversão” permite identificar as atividades que não agregam valor no processo de produção, tipificadas como “atividades de fluxo”. Ao analisar o processo de construção numa empresa, vê-se que ocorrem uma série de sub-processos internos, devidos aos diversos setores atuantes na mesma. O objetivo é produzir um produto que atenda às necessidades dos clientes externos ou seja, os usuários finais. A princípio, o produto final terá 8 KOSKELA, L. Application of the New Production Philosophy to Construction, 1992. 44 qualidade desde que exista qualidade em todos os setores envolvidos na sua obtenção, caracterizados pelos clientes internos. A qualidade na construção, entretanto, não é a simples soma destas “pequenas qualidades” existentes em cada um dos sub-processos. Ela é uma parte de cada uma das funções presentes nas fases do ciclo de vida do produto. A busca pela qualidade é um processo contínuo e progressivo, exigindo a retroalimentação das ações em função dos resultados obtidos em um momento anterior. O antigo enfoque segundo o qual a qualidade seria avaliada através da vigilância na obra e a realização de alguns ensaios deve ser deixada de lado, e substituído por uma nova visão onde os executores devem ser responsáveis pelo controle de qualidade no seu setor (Meseguer, 1991, p. 12). No estudo dos processos gerados nos setores internos envolvidos, deve-se reconhecer para cada um destes setores: quem são os seus fornecedores, qual o produto gerado, quem são os seus clientes. Com isso, consegue-se abranger todos os envolvidos na cadeia produção interna à empresa onde os mesmos devem realizar as suas atividades almejando a qualidade, resultando coletivamente na qualidade do produto. 2.4.1 Os Processos na Construção Para definir os processos internos de uma empresa, Cardoso (1997b) apresenta duas definições: a de processo de produção como um : 45 “conjunto das etapas físicas, organizadas de forma coerente no tempo, que levam à construção e ao uso de uma edificação. Tal processo engloba atividades de projeto, de planejamento, de execução e de avaliação pós-ocupacional”. e a de sistema de produção como: “os meios de articulação entre as operações físicas de produção - envolvendo os métodos e procedimentos de execução, os recursos como equipamentos, ferramentas e mão-de-obra - e as operações de planificação, de direção, de controle, de avaliação dos resultados, assim como as estruturas organizacionais mobilizadas para tanto”. Enquanto o sistema de produção diz respeito diretamente a obra, o processo de produção é mais amplo englobando atividades desenvolvidas fora da execução, do canteiro de obras, mas que afetam a esta execução. Para Cardoso (1997b) a gestão eficiente do processo de produção e do sistema de produção envolvem diferentes ênfases, com uma série de atividades a serem desenvolvidas com base na análise das condições do ambiente dotando a empresa de uma maior capacidade de competitividade: a) Gestão Estratégica: • definição da estratégia competitiva a ser adotada pela empresa, seja ela de “liderança no custo” ou de “diferenciação”, com base no conhecimento que a empresa detém e na lógica técnico-econômica; • definição das estratégias referentes as diferentes funções da empresa com base na estratégia competitiva assumida pela empresa; • acompanhamento do ambiente (mercado, concorrência) e das necessidades dos clientes; 46 • análise dos processos segundo uma abordagem sistêmica; b) Gestão da Tecnologia: • acompanhamento do desenvolvimento tecnológico; • utilização de uma base de informações e de sua atualização de forma sistemática; • criação de condições para a introdução de inovações tecnológicas (considerando as etapas de organização, viabilidade, implantação, consolidação e disseminação das mesmas); • utilização de processos e métodos construtivos, de ferramentas e equipamentos inovadores ou racionalizados; c) Gestão dos Custos: • uso de uma base de dados com os custos reais de produção; • elaboração de orçamentos condizentes com a realidade da empresa; • uso e atualização de indicadores globais de qualidade e de produtividade; • estabelecimento dos pontos a serem gerenciados; • realização de controle dos custos da produção; • acompanhamento dos custos pós-ocupação. d) Gestão da Logística9: esta se apresenta dividida em duas: a gestão dos fluxos de informação e a gestão dos fluxos físicos. d.1) Gestão dos fluxos de informação: 9 Cardoso (1998, p. 201) define logística na construção civil como sendo um “processo multidisciplinar, aplicado a uma determinada obra, que visa garantir o abastecimento, a armazenagem, o processamento e a disponibilização dos recursos materiais nas frentes de trabalho, bem como o dimensionamento das equipes de produção e a gestão dos fluxos físicos de produção. Tal processo se dá através de atividades de planejamento, organização, direção e controle, tendo como principal suporte o fluxo de informações, sendo que estas atividades podem se passar tanto antes do início da execução em si, quanto ao longo dela”. 47 • definição dos circuitos de informação; • estabelecimento da comunicação entre os envolvidos no processo, ou seja, o pessoal do canteiro, os agentes externos e o pessoal do escritório da empresa; d.2) Gestão dos fluxos físicos: • elaboração do planejamento físico da execução dos serviços ao longo do tempo; • visão logística dos suprimentos, envolvendo compras, recebimento, processamento, estocagem, disponibilização na frente de trabalho; além do tratamento adequados aos problemas de suprimentos, do estudos de mecanismos de seleção de fornecedores e de estabelecimento de parcerias; • elaboração do projeto de canteiro; • estudos dos fluxos de materiais e pessoas; • estudo das interfaces entre os serviços a serem executados; • garantia do andamento da obra; e) Gestão dos Recursos Humanos • valorizar o aspecto comportamental visando aumentar a motivação e a capacidade de tomar decisões e de trabalhar em equipe; • estimular a cooperação tanto entre os agentes internos, como entre estes e os agentes externos ao processo, bem como a criação de um sistema eficiente de troca de informações entre os mesmos; • treinamento e qualificação; • investimentos em higiene e segurança do trabalho; f) Gestão das Subcontratadas: • qualificação e gestão dos projetistas e subempreiteiros; 48 • monitoramento das interfaces com e entre os projetistas e também para os subempreiteiros; • compatibilização de projetos; Em paralelo a estas devemos considerar ainda a Gestão da Qualidade, através do uso de ferramentas de melhoria da qualidade; de certificação de produtos e empresas; de controle de documentos, de dados, de registros de ensaios facilitando a rastreabilidade; de tratamento das nãoconformidades e das ações corretivas; bem como a Produtividade, pelo uso dos recursos por parte dos agentes atuantes no processo de produção (Cardoso, 1998, p. 217; Cardoso, 1997a, p. 125). Para finalizar existem ainda a Gestão financeira e administrativa, correspondente as atividades desenvolvidas pela função homônima na empresa; a primeira diz respeito a aspectos ligados a tesouraria (obtenção de fundos, utilização de dinheiro, etc.) e a contabilidade (contas a pagar e a receber, tributação, etc.) enquanto, a segunda deve dar suporte à produção (cadastros, contratações, concorrências, negociações diversas, etc.). 3 O GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE CONSTRUÇÃO CIVIL 3.1 CONCEITOS E DEFINIÇÕES Segundo Ferreira (1986, p. 847), gerenciamento é: “gerir, administrar” e projeto (p. 1400): “plano, intento, empreendimento, plano geral de edificação”. Está tratando da administração de um plano geral da edificação ou de um empreendimento, etc. Nesta visão projeto e empreendimento tem a mesma definição. Entretanto, na língua inglesa têm-se dois conceitos diferentes: “design” é o plano, desenho, projeto de engenharia, e “project” é o empreendimento, num sentido mais amplo. No presente estudo adota-se o termo “projeto” não com o conceito restrito ao plano ou conjunto de desenhos de uma determinada obra, mas como um empreendimento. Assim, pode-se dizer que o projeto é um conjunto de atividades não repetitivas, multidisciplinares, visando alcançar um objetivo final, com uso de recursos materiais e humanos, respeitando as condições de tempo, custo 49 50 e qualidade. Quando se fizer necessário usar o termo projeto para um conjunto de desenhos, o texto será elucidativo. O projeto por sua própria natureza é dinâmico e apresenta como principal característica o seu ciclo de vida, identificado por uma data de início e outra de término e um conjunto de fases intermediárias altamente interdependentes. Numa visão mais atual, estas fases estão contempladas na chamada Engenharia Simultânea que prevê uma integração precoce das necessidades da produção e da operação desde a fase de concepção (Cardoso, 1997b; Novaes, 1996). Entretanto, como veremos no estudo de caso, as empresas do setor ainda não adotam o enfoque, tal como descrito na bibliografia e assim, apesar de ser um conceito mais antigo, apresentamos neste trabalho o projeto como sendo composto de uma seqüência de fases conforme descrito em Limmer (1997, p.11). Esta representação está mais próxima da realidade destas empresas e permite sugerir intervenções com maior possibilidade de sucesso. Ainda segundo Limmer, as fases componentes de um projeto não ocorrem necessariamente em série havendo algumas atividades sobrepostas conforme figura 3.1. Figura 3.1 - Fases de um projeto 51 Estas fases podem ser assim descritas: a) Estudo da avaliação da viabilidade técnico-econômica (Fase de avaliação de um projeto): A partir da formulação do projeto, faz-se um estudo da relação custobenefício, considerando-se os recursos tecnológicos a serem empregados e o retorno previsto quando do término do produto gerado pelo projeto. Desenvolve-se nesta fase um modelo preliminar do projeto a ser executado, podendo ser de forma gráfica, representada por um conjunto de desenhos, ou de forma descritiva, formada por um conjunto de documentos que definem os elementos componentes deste projeto. b) Implementação (Responsável pelas atividades geradoras do produto): b.1) Engenharização Cuida do desenvolvimento inicial do projeto através de etapas sucessivas, conforme apresentado por Meseguer (1991, p. 31) para o projeto de estruturas, sendo que as idéias são válidas para qualquer tipo de projeto: • estudo preliminar, que é sobretudo uma descrição funcional, considerando: localização, principais requisitos, limitações, programas, etc. • anteprojeto, que inclui a escolha do tipo estrutural e algumas dimensões básicas dos elementos; nesta etapa são realizados cálculos simples, sem grande precisão; 52 • projeto detalhado, que inclui o dimensionamento final com todos os detalhes de armaduras, cálculos completos e precisos são necessários nesta etapa a fim de levantar os recursos necessários para a sua construção. Com relação ao setor de projetos, a difusão da informação entre os envolvidos com os diversos projetos da empresa tem sido discutida por alguns autores, que pregam um maior contato entre estes profissionais. Picchi (1993, p. 310) defende a compatibilização de projetos ao afirmar que: “Na construção de edifícios brasileira, é comum o desenvolvimento dos projetos sem a devida coordenação. Os projetos de arquitetura, geotecnia e estruturas, e instalações, que são os que dão a configuração básica ao edifício, são muitas vezes desenvolvidos um em sequência do outro, por projetistas de diferentes, com muito poucas interações entre os mesmos. Isto gera uma série de incompatibilidades, que muitas vezes são detectadas somente em estágios avançados da obra”. Já Melhado (1997) argumenta que não basta a compatibilização de projetos, mas que tem de existir uma coordenação das informações dos projetos, ou seja, é necessária a integração dos projetos para que os mesmos possam se desenvolver em conjunto, fazendo referência ao princípio da engenharia simultânea. O autor alega que restringindo-se à compatibilização haverá possibilidades de perdas no processo, pois sendo o projeto arquitetônico desenvolvido isoladamente no início, os outros seriam adaptados a ele, gerando soluções mais onerosas do que se as interferências fossem sendo compartilhadas ao longo do projeto como um todo. As normas brasileiras de projeto e construção de edifícios também apresentam uma série de definições e discriminação de serviços para estas etapas de projeto (NBR 5679/77 e NBR 12722/92). 53 O que se observa nas definições acima é que as mesmas se aplicam a um “projeto do produto”, ou seja uma descrição pormenorizada do produto almejado, com pouca ou nenhuma informação sobre como realizá-lo (Amorim, 1995, p. 92). Desta forma cria-se uma separação entre a concepção e a execução, diferindo a edificação das outras áreas, onde o processo global de produção de um bem inclui a definição do produto, bem como a forma de produzi-lo. Esta tendência vêm se alterando pela utilização do projeto para produção, que segundo Barros (1996, p. 196) pode ser definido como: “um conjunto de elementos de projeto elaborado segundo características e recursos próprios da empresa construtora, para utilização no âmbito das atividades de produção em obra, contendo as definições dos itens essenciais à realização de uma atividade ou serviço e, em particular: especificações dos detalhes e técnicas construtivas a serem empregados, disposição e seqüência de atividades de obra e frentes de serviço e uso e características de equipamentos. “ Desta forma, a produção pode ser devidamente programada e suas atividades controladas, verificando-se a sua adequação aos procedimentos de execução, fornecendo produtos de qualidade conforme especificado. b.2) Suprimento Aquisição dos recursos materiais e equipamentos necessários ao projeto, bem como controle de qualidade e prazos de entrega e fabricação no local de implantação. b.3) Construção 54 É a etapa de execução do projeto com base nas etapas anteriores, isto é, a aplicação de materiais e equipamentos para a materialização do projeto com o uso de tecnologia adequada e mão de obra treinada. c) Pré-operação Início do funcionamento do produto obtido, à medida que suas partes vão sendo concluídas. d) Operação ou Utilização Onde o produto concluído é utilizado e aparece a manutenção a fim de dar continuidade ao uso. e) Disposição ou desmantelamento Quando se completa sua vida útil, o produto será abandonado se não agredir à natureza ou ao homem, em caso contrário deverá ser removido. De maneira geral podemos agrupar todas as atividades necessárias às fases de um projeto já citadas, em cinco etapas: planejamento, projeto (conceito restrito ao plano), materiais, execução e uso-manutenção (Meseguer, 1991, p. 16). Esta é uma simplificação do processo de construção civil, reduzindo a ação dos seus intervenientes, passando cada uma destas fases a ter um responsável, dentre os vários atuantes no processo quais sejam, o promotor, o projetista, o fabricante, o construtor e o usuário-proprietário. Sendo o projeto a representação do produto e não de seu desempenho, sobre ele recairão as perdas que vierem a ocorrer nas etapas seguintes. Esta etapa é responsável por cerca de 7% do custo total de um projeto (empreendimen- 55 to), onde terá definido de antemão 85% do custo da etapa de execução; os 8% restantes serão devidos às variações, que se fizerem necessárias (Zangwill1 apud Amorim, 1995, p. 101). Assim, é nesta etapa inicial que se têm uma maior chance para redução dos custos das obras através das análises das alternativas mais adequadas, bem como a análise da sua construtibilidade, a sua facilidade de execução. Ao invés de se resolver todo o projeto inicialmente, uma opção poderia ser a concepção (“design”) partilhada2, onde determinados aspectos serão definidos de início apenas em termos de performance, estabelecendo de forma clara parâmetros a serem observados em termos de desempenho do produto, deixando a especificação final para as etapas posteriores (Amorim, 1995, p.111). As atividades componentes do projeto são interdependentes possuindo interfaces que devem ser acompanhadas. Esta é a principal função do gerenciamento. Cabe a ele cuidar desta relação de interdependência, dando soluções aos problemas que se apresentam, sejam de recursos materiais, financeiros ou mesmo de relacionamento humano, vencendo atritos e até mesmo resistências internas à própria empresa. Amorim (1995, p. 79) argumenta que: “Gerenciar o projeto do edifício não se limita, assim, ao ‘desenho do prédio’, mas inclui procurar melhores desempenhos ao longo desta cadeia [produtiva], de modo a permitir uma interferência maior nos resultados da etapa final, onde de certo modo diversos 1 ZANGWILL, Willard L. Lightning strategies for innovation: how the best firms create new products. New York: Lexington Books, 1993, 359 p. 2 Para Amorim, a concepção partilhada abre espaço para que um maior número de participantes intervenham e compartilhem seu conhecimento para a concepção do produto ao longo do processo de produção deixando-se de lado a forma anterior onde a concepção é realizada antes da execução, tentando tudo prever e controlar previamente. (Amorim, 1995, p. 111) 56 de seus componentes já estarão préestabelecidos, embutidos nos seus insumos.” Desta forma, o gerenciamento de projeto compreende a administração de todo o processo, utilizando-se de pessoas, técnicas e sistemas com o intuito de atingir o seu objetivo final. Para Archibald 3 (apud Casarotto 1992, p. 35), são dois os conceitos tidos como sendo chaves para se bem administrar projetos: o Gerente de Projeto e o Planejamento e Controle Integrados. A estrutura de gerenciamento deverá conter um gerente de projeto (para coordenar as diversas atividades, resolvendo seus conflitos e promovendo sua integração), um plano de implementação com a definição das responsabilidades (planejamento com o controle servindo como retroalimentação do processo) e associado ao plano, um sistema se informações que balizará o sistema de decisões da empresa. Entretanto, ao iniciarmos um projeto, não basta termos um planejamento bem feito para termos confiança de que os resultados ocorrerão conforme planejado. É grande a incerteza presente, devido às várias interferências que o projeto sofrerá ao longo do seu ciclo de vida em função do meio em que atue, tais como a política econômica e o estágio de desenvolvimento do país como um todo. Assim, deve-se considerar a questão dos riscos e incertezas presentes no projeto desde a sua fase inicial de estudo de viabilidade econômica até a sua entrega ou conclusão. Para que o projeto alcance resultados satisfatórios, não basta somente ter um domínio sobre as etapas que o compõem. É preciso um acompanhamento 57 constante, monitorando as interferências e tomando as decisões que se fizerem necessárias. À medida que o projeto se desenvolve, as informações apontam os desvios em relação ao programado e estes vão sendo acertados. A figura 3.2 a seguir, extraído de Murgel (1981, p. 68), apresenta esta evolução. Ela mostra o crescimento da curva de custo em relação ao tempo, bem como, o comportamento da curva da incerteza. Incerteza x Custo Fig. 3.2 : A incerteza no tempo (Murguel, 1981) 1 2 3 4 5 Tempo Em resumo, gerenciar um projeto é administrar um empreendimento com começo e fim pré-fixados, através de pessoas, compatibilizando os recursos disponíveis, com o objetivo de alcançar as metas pré-estabelecidas com qualidade, dentro das dimensões competitivas adotadas como, por exemplo, as condições de prazo, custo e risco. Outro aspecto que cabe ressaltar diz respeito às técnicas utilizadas pelo gerenciamento. À medida em que os projetos foram evoluindo, com a absorção de novas tecnologias o seu acompanhamento também deve se aprimorar, pois aumentam a quantidade e complexidade das decisões a serem tomadas. Essa administração baseada na lista de funções apresentadas pelo francês Henri Fayol em 1916, ou seja, planejamento, organização, comando, coordenação e 3 ARCHIBALD, Russel D. Managing High-Techology Programs and Projects. New York: Jonh Wi- 58 controle, evoluiu para o enfoque sistêmico que, em termos gerais, entende a organização como um sistema composto de diversas partes com metas individuais. Para que se atinja o objetivo global do projeto é necessário a visualização do todo, com suas partes componentes, estudando-se suas inter-relações internas, garantindo sua integração bem como a influência das variáveis externas a empresa. As decisões passam a ser tomadas num ambiente onde os atritos gerados nas interfaces, influências internas e externas e as incertezas são devidamente ordenadas, quantificadas com base em um sistema de informações. O gerenciamento é fundamental para alcançar os objetivos do projeto. Alguns autores apontam a falta do gerenciamento do canteiro como responsáveis por elevados índices de perdas de materiais nas construções (Picchi, 1993, Soibelman, 1993). Soibelman (1993, p.12) apresenta o resultado da pesquisa realizada por Skoyles & Skoyles em canteiros da Inglaterra, onde os autores observaram que 95% do tempo do gerente de canteiro é absorvido com tópicos relativos à produção propriamente dita, sobrando muito pouco tempo para as atividades de gerência. Lima Jr. (1993, p.41) apresenta uma diretriz para o avanço da qualidade do gerenciamento das empresas. Segundo o autor, “os sistemas de gerenciamento ainda são extremamente pobres e os preços podem ser substancialmente reduzidos se, na manipulação] financeira, na área de suprimentos e nas rotinas da administração houver a segurança de que procedimentos eficientes podem diminuir desperdícios e riscos, de forma que as decisões estratégicas poderão estar embasadas em menores coeficientes de segurança”. 3.2 O GERENTE DE PROJETO Wiley,1976 59 Para que se consiga um gerenciamento do projeto de forma eficaz, precisa-se, dentre outros itens, de uma pessoa (ou equipe) responsável por este trabalho. As tarefas de um gerente são amplas. Baseiam-se na consolidação das datas-marco e na organização do projeto como um todo (planejamento), no cuidado da execução da obra propriamente dita, da implantação de controles além do gerenciamento das pessoas envolvidas no projeto. Em virtude da existência dos vários intervenientes atuantes no processo de construção o gerente passa a atuar como um gerenciador de conflitos, na busca do consenso para a realização do projeto. Desta forma, ele funciona como um elemento de integração entre os clientes, a direção da empresa e demais gerentes contidos no ambiente em que está atuando. Não existe uma descrição de cargo perfeita para este profissional. As características que o mesmo deverá apresentar dependem do perfil ideal a ser alcançado em virtude das funções a serem desempenhadas, e variam inclusive com a forma de organização (ou seja, do seu grau de autoridade). Entretanto, ele será sempre responsável pela conclusão do projeto dentro dos parâmetros de prazo, custo e qualidade. Mottis (1996), num estudo sobre atividades de serviços de informação em grandes bancos internacionais, analisa a maneira como as tarefas podem ser administradas de acordo com o seu contexto institucional, por duas vertentes que ele chamou de americana e japonesa. No caso americano, prevalece a descentralização, com contratação temporária de especialistas para atividades específicas, 60 exigindo um sistema de gerenciamento com um planejamento parcial e de curto prazo e um sistema contábil sofisticado. Já no caso japonês, prevalece o uso da mão de obra não especializada com emprego vitalício, existência de um treinamento eficiente para o desenvolvimento dos empregados, com um gerenciamento voltado para um planejamento exaustivo e de longo prazo e com ênfase nos recursos humanos. O autor admite entretanto que a realidade não se ajusta perfeitamente a nenhum destes dois modelos teóricos, pois os problemas enfrentados pelos gerentes aparecem combinando características de ambos. Conclui que o desafio do gerente consiste em conceber e implementar soluções que levem em consideração os fatores tecnológicos, humanos e organizacionais das empresas. Fazendo um paralelo com a construção civil, podemos dizer que no canteiro de obras ocorrem as duas situações acima: empresas que buscam a terceirização dos serviços, mantendo somente a mão-de-obra administrativa, bem como aquelas trabalham com mão-de-obra própria. Encontramos ainda, aquelas que estão numa situação intermediária, que guardam para si algumas atividades tidas como de maior responsabilidade, tais como a execução das estruturas e, mais raramente, a execução de alvenarias e de revestimentos argamassados e cerâmicos, subcontratando os demais serviços tais como revestimentos de gesso, esquadrias, instalações e pintura (Barros, 1996, p.228). Kadefors (1996), num estudo de caso da interação entre cliente e contratante num projeto de construção sueco, também aborda a questão do gerente de projeto. Através de uma série de entrevistas e observações em reuniões a autora 61 conclui que diferentes tipos de projetos requerem diferentes teorias a serem aplicadas, onde a abordagem de teorias gerais podem se tornar irrelevantes ou mesmo desastrosas na solução dos problemas interorganizacionais. Assim, sendo o projeto gerenciado por pessoas que comandam outras pessoas, responsáveis pela execução de suas tarefas, pode-se dizer que a característica mais importante que o gerente deva possuir diz respeito ao relacionamento humano. Gerenciar pessoas significa desenvolvê-las. Ao término de um projeto com sucesso, todos sairão ganhando. Entretanto, esta também é uma das áreas menos compreendidas. Muitas empresas, cientes desta dificuldade, estimulam seus gerentes a participarem de programas de reciclagem visando obter melhores aproveitamentos nestes aspectos. Além de ter habilidade em relações humanas, o gerente deve (conforme listagem adaptada de Casarotto, 1992, p. 36): - ter experiência profissional, inclusive como forma de minimizar o valor da incerteza inicial inerente aos projetos; - ter visão sistêmica de todo o projeto, sendo capaz de identificar zonas de atrito, bem como oportunidades, tomando as decisões que se fizerem necessárias; - ter capacidade de gerenciar bem o seu tempo. Vale lembrar o princípio de Pareto, onde diz que 80% das coisas que são importantes estão contidas em 20% das informações. O tempo do gerente deve ser usado para planejar, orientar e controlar seus subordinados. - ser ativo e possuir liderança, isto é querer executar e ter poder de persuasão sobre os demais membros da equipe; 62 - ser um generalista, antes de especialista, contrabalançando as decisões técnicas e administrativas, tendo em vista o melhor resultado para o projeto; - ser agressivo e possuir ambição; - ser organizado e disciplinado, tendo em vista o volume de informações que irá receber e as decisões que irá tomar; - ser um comunicador, pois as informações a serem transmitidas precisam ser simples e claras; - ser capaz de delegar funções. 3.2.1 Padronização Numa empresa existem processos repetitivos e outros não-repetitivos. As atividades repetitivas são as rotinas e devem ser delegadas pelo gerente aos seus funcionários, de forma que o gerente consiga realizar estas tarefas através deles. Na medida que delega e cobra as responsabilidades, o tempo do gerente será administrado em parte com o controle da rotina, ficando a outra parte para as atividades de melhoria, de gerência efetiva que lhe é devida. O gerente que faz uso da delegação, terá mais tempo para executar as tarefas que realmente lhe dizem respeito. Ele passa a agregar valor ao trabalho gerencial que executa e não atua simplesmente como um criador de soluções temporárias para problemas imprevistos. Entretanto, para que se possa delegar atividades de rotinas há a necessidade de padronização das mesmas (Fundação Christiano Ottoni, 1995). A padronização assume um importante papel no gerenciamento e atua como condição: 63 • para manter a empresa sob controle; • para manter o domínio tecnológico; • para praticar a delegação. Para Campos4 (apud Souza, 1997, p.126), o objetivo do desenvolvimento e implantação de um sistema de padronização é reduzir a variabilidade dos processos, de maneira que os insumos (dados de entrada) sejam processados sempre da mesmo maneira, tendo como resultado a satisfação permanente do próximo processo e do cliente externo. Para a definição de um padrão, existem algumas características básicas que precisam ser atendidas, conforme descrito em Fundação Christiano Ottoni (1995) e Souza (1997, p. 128): • fácil de ser compreendido e obedecido pelo usuário - a redação do padrão deverá seguir a idéia de que o usuário é o cliente do redator; • o mais simples possível (o padrão deve ter o menor número possível de palavras, colocadas de forma simples, ser de fácil manuseio e próprio para cópias); • concreto e não abstrato - deve expressar o domínio tecnológico da empresa, de forma a ser utilizado pelos operadores; • baseado na prática - sendo a base do aperfeiçoamento, deve ser periodicamente revisto a fim de contemplar as inovações; • fruto de consenso; • coerente com outros padrões. 64 • devem ter nomes e formas padronizados para toda a empresa; • os originais deverão ser arquivados para futuras utilizações. Os funcionários deverão dispor de cópias controladas para o seu manuseio. Um padrão ou outro documento só deve existir na organização se trouxer benefícios para a mesma. Ele tem sempre um custo que deve ser menor que o benefício que ele traz. A criação de documentos leva a empresa a ter uma relativa burocracia, com perda de agilidade. Porém, toda organização precisa de um mínimo de burocracia, ou seja de documentos que regulem a sua rotina (Maranhão, 1994, p. 133). Ainda segundo o autor, podemos encontrar um nível de burocracia onde a documentação pode ser racionalmente organizada e utilizada. Ela se faz necessária para corrigir as imperfeições do homem, seja pela sua memória, seja pela sua ausência. 3.3 SISTEMA DE PLANEJAMENTO Conforme item 3.1, Archibald apresenta dois fatores para o sucesso de um empreendimento: o gerente de projeto e um planejamento e controle integrados. Este item aborda esta segunda parte. Limmer (1997, p. 15) define planejamento como: 4 CAMPOS, Vicente Falconi. Qualidade Total: padronização de empresas. Belo Horizonte, Fundação 65 “um processo por meio do qual se estabelecem objetivos, discutem-se expectativas de ocorrências de situações previstas, veiculam-se informações e comunicam-se resultados pretendidos entre pessoas, entre unidades de trabalho, entre departamentos de uma empresa e, mesmo, entre empresas. Para Bio (1985, p. 39) planejar corresponde ao desenvolvimento de uma série de alternativas e escolha de uma delas, com base nas premissas inicialmente definidas, para o alcance de um determinado objetivo. Planejamento é um processo complexo, através do qual se deseja alcançar situações futuras, baseado num conjunto de decisões a serem tomadas com as informações disponíveis. É portanto uma decisão tomada antes da ação, mas que acompanha o projeto durante todo o seu ciclo de vida. A atividade de planejamento deverá ser desenvolvida com a maior parte da equipe já escalada para o projeto, envolvendo os vários projetistas, bem como o pessoal responsável pela execução. Isto se traduzirá em vantagens, dando uma visão mais clara do projeto, proporcionando uma maior integração e comprometimento da equipe com os resultados esperados. O conceito de planejamento é, portanto, abrangente. Para a sua elaboração faz-se necessária a definição de um plano de execução do projeto. Ele deverá atender os parâmetros de escopo, prazo, custo e qualidade do projeto e será detalhado conforme os níveis de decisão estabelecidos na sua organização. O planejamento do tempo envolve o estudo da duração das atividades componentes do projeto e a conseqüente interrelação entre estas atividades em Chris Christiano Ottoni, UFMG, 1992. 66 virtude da metodologia adotada. As técnicas para a sua representação serão vistas posteriormente no item 3.4. Com relação ao custo, o seu planejamento é o que conhecemos por orçamento. Este considera o levantamento dos recursos necessários para a realização de um determinado projeto em função de um plano previamente estabelecido, sendo expresso normalmente em termos monetários. Os custos de execução de um projeto formam o orçamento deste projeto, sendo composto pelos custos de produção diretos bem como os custos empresariais, que correspondem aos custos indiretos em que incorre a empresa na execução de um projeto. O planejamento não decide por si só; quem decide são as pessoas que ocupam funções dentro da organização. O planejamento auxilia no processo de decisão, podendo se apresentar em três níveis conforme figura 3.3, proposto por Lima Jr. (1990b, p.12): decisões de caráter ESTRATÉGICO abrangência da decisão cresce para os níveis mais altos decisões de caráter TÁTICO decisões de caráter OPERACIONAL Fig. 3.3 - Hierarquia das decisões a) Planejamento Estratégico: 67 Trata das decisões a nível da empresa, seus objetivos e metas. Segundo Cunha 5 (apud Casarotto,1992, p.173) o planejamento estratégico é “um processo que consiste na análise sistemática da situação atual e das ameaças e oportunidades com a conseqüente formulação de estratégias, objetivos e ações”. É portanto “uma visão sistêmica do futuro da empresa”. Para Juran (1992, p. 305), o planejamento estratégico é “... essencialmente, um processo estruturado para definir a missão ampla e as metas estratégicas para a empresa e, a seguir, determinar os meios a serem usados para se atingir aquelas metas. “ Esta característica do planejamento, de análise da situação é importante na medida em que obriga a empresa a se conhecer, identificar os seus clientes e estipular suas metas para o futuro. Após esta abordagem inicial a empresa estará em condições de traçar seus planos a fim de alcançar seus objetivos. Estes planos podem envolver mudanças na organização com o intuito de racionalizar os processos desenvolvidos pela empresa, sejam eles gerenciais ou operacionais. Neste item estão incluídas as estratégias de ação das empresas de construção. Cardoso (1997b) apresenta uma série de formas de racionalização presentes nas estratégias que vem sendo adotadas pelas empresas. Estas estratégias visam a busca da competitividade e estão centradas em maior ou menor escala na concepção e produção bem como atividades de gestão. Na pesquisa realizada por Barros (1996, p. 84), junto a empresas construtoras em São Paulo, a autora identificou as colocações feitas por Cardoso 5 CUNHA, Cristiano C. de A. Planejamento Estratégico. Florianópolis: UFSC, 1990 (Notas de Aula) 68 sendo que duas das “novas formas de racionalização” aparecem mais intensamente às vezes até agregando algumas das demais. A principais formas de racionalização apontadas foram a implantação de sistemas de gestão da qualidade e a implantação de ações, em canteiro, com objetivo de racionalizar a produção. No nível do empreendimento, o planejamento estratégico define o escopo e as metas do empreendimento a serem alcançadas em determinado intervalo de tempo (Shapira & Laufer6 apud Bernardes, 1996, p. 11). b) Planejamento Tático: Abrange decisões ao nível da empresa e do empreendimento, envolvendo duas hierarquias de decisão. No nível da empresa o planejamento tático compreende os estudos de viabilidade para escolha dos empreendimentos que serão objeto da ação empresarial, segundo as diretrizes definidas no nível superior. Neste nível são executados planos não muito detalhados, utilizados, principalmente em estudos de viabilidade para uso em licitações e para a execução de contratos. Através de comparações por semelhança entre as obras de edificações, construídas com o mesmo processo construtivo, podem ser criados diversos parâmetros. Alguns, como os custos médios de construção (R$/m2 de área construída), a produtividade global da mão-de-obra (Hh/m2 de área construída) e os custos e consumos de insumos por serviço, são usados para analisar o comportamento da produção. Para a criação destes parâmetros, precisam existir dados históricos ou referências de custo e de produtividade na execução de suas obras. Um dos pro- 69 blemas detectados nas empresas de construção é a falta de levantamento e registro destes valores. No nível do empreendimento o planejamento tático deve estabelecer, a partir do conhecimento do objeto da ação, a forma de implementar esta ação, caracterizando-se os recursos e processo produtivo necessários. c) Planejamento Operacional: Envolve decisões ao nível do empreendimento definindo estratégias de produção, ou seja, prazo, custos e alocação de recursos, bem como o acompanhamento de desempenho do empreendimento (Assumpção, 1991). Responde as seguintes perguntas : Como fazer? Quando fazer? Com o que fazer? e Quanto gastar? Estas estratégias são definidas num primeiro momento através de planos e programas que a obra deve seguir, conforme obtido no sistema programação. Para Lima Jr (1990b, p. 18), no plano operacional: “os sistemas de planejamento deverão ser capazes de simular o andamento do processo produtivo, de forma a oferecer informações com respeito à expectativa que se deve ter para o suprimento de recursos para suportar a operação no padrão de qualidade desejado, como também deverão ser capazes de simular o comportamento da operação nas condições ideais de suprimento de recursos e nas posições de risco.” Não existe um modo único de se planejar um projeto. Portanto deve-se estudar a maneira mais adequada para executá-lo dentro do tempo e dos recursos disponíveis. Esta tarefa fica a cargo do profissional que deve elaborar estudos dis- 6 SHAPIRA , A.; LAUFER, A. Evolution of involvement and effort in construction planning throughout project life. International Journal of Project Management, New York, ASCE, v. 11, n.3, aug., 1993. 70 tintos, porém igualmente corretos. Se a empresa não possuir procedimentos documentados para a sua elaboração, ela não deterá o domínio sobre a técnica, perdendo-a ou alterando-a na medida que haja rotatividade do seu pessoal técnico. As informações importantes da empresa devem ser registradas, facilitando o treinamento de novos funcionários e evitando a descontinuidade dos trabalhos com a saída de funcionários antigos. Além disto, estas informações darão condições para a obtenção da memória técnica da empresa, que passa a deter o domínio da técnica de execução de suas tarefas, sem depender do saber individual que pode se perder pela rotatividade de pessoal. Os objetivos de uma empresa são obtidos com processos que transformam recursos (entradas) em produtos (saídas). Para que possam ser executados estes processos necessitam de informações, e também geram informações para as etapas posteriores. O Planejamento integrado, contando com um sistema de informação eficiente, proporciona um maior nível de segurança e menor custo final, pela eliminação dos improvisos e das falhas. Nele, os dados relevantes são classificados e documentados, dando condições à empresa de cultivar a sua memória técnica. Portanto, o sistema de planejamento é um referencial de qualidade para o empreendedor, identificando um melhor nível na medida em que seja capaz de oferecer informações com conteúdo e velocidade compatíveis com as decisões a serem tomadas nos diversos níveis hierárquicos da empresa. Os programas de qualidade também abordam a questão do planejamento. Estes programas começam pelo comprometimento de alta gerência, defi- 71 nindo seus objetivos. Souza e Mekbekian (1995, p. 239) apresentam a falta do planejamento, portanto um fator de gestão, como um dos entraves para a implantação de mudanças e ganhos de competitividade requeridos pelas empresas atualmente. Esta falta de planejamento talvez se dê porque na maioria das empresas de construção existe uma tendência ao conservadorismo e individualismo, onde a cultura do improviso predomina em relação à ação planejada (Oliveira, M. 1994, p. 2). O projeto é, em essência, um sistema. Assim, dada a sua complexidade, o planejamento deverá ser analisado sobre o enfoque sistêmico. Nesta visão, o planejamento pode ser considerado como composto pelos sistemas de programação e o de controle. 3.4 SISTEMA DE PROGRAMAÇÃO Os sistemas de planejamento, de programação e de controle deverão estar integrados de maneira a serem compatíveis entre si, gerando informações aos diferentes níveis de decisão de forma rápida e eficaz. O sistema de programação estabelece as diretrizes para a ação, ou seja, elabora a série de cronogramas: físico, de materiais, mão-de-obra, equipamentos, definindo o ritmo de execução do projeto. A programação se insere no nível operacional, devendo elaborar de forma adequada as previsões de comportamento do empreendimento no tocante aos recursos de forma a atender aos parâmetros de qualidade, prazo e custos, defi- 72 nidos nos níveis anteriores de planejamento (estratégico e tático). Deve ainda estudar os procedimentos que permitam atingir estes parâmetros. Desta forma a programação funciona como uma medida de racionalização na implantação de um empreendimento, pois permite estudar a maneira de alocar estes recursos de forma balanceada. Conforme apresentado por Silva, S. (1993), os métodos de programação podem ser agrupados conforme a classificação a seguir: a) Técnicas auxiliares: não são propriamente métodos de programação, servindo como instrumento de apoio ao mesmo. Elas compreendem o W.B.S, a curva ABC e o Diagrama de Barras. a.1) Work Breakdown Structure (W.B.S), também conhecida como Program Breakdown Structure (PBS), sendo que alguns autores brasileiros a denominam de Estrutura Analítica de Projeto (EAP). É uma estrutura analítica obtida pela divisão do projeto em partes, etapas e fases até o nível de atividades ou serviços necessários para a realização do produto final. Apresenta como vantagem permitir a visualização do projeto todo e de suas partes componentes. a.2) Curva ABC: Baseada no princípio de Pareto 7, dos “poucos mais vitais e muitos e triviais”, permite ordenar itens pela sua importância relativa e a seguir identificar as três classes, A - itens mais importantes e que merecem um trata- 7 Segundo Juran (1992, p 69-71), o princípio de Pareto foi erroneamente atribuído à Vilfredo Pareto. Pareto observou o fenômeno aplicado a distribuição de riquezas, Lorentz desenvolveu uma curva para representá-lo graficamente e Juran identificou o caráter universal, aplicou a curva e cunhou a expressão “poucos mais vitais e muito e triviais.” 73 mento preferencial, C - itens de menor importância e que devem merecer atenção circunstancial e B - situa-se na posição intermediária entre as classes anteriores. a.3) Diagrama de barras: Usado para representar as atividades ao longo do tempo. Também é chamado de “Gráfico de Gantt”. Este gráfico é elaborado através da listagem das atividades nas linhas de uma coluna e as suas respectivas durações são mostradas através de barras que ocupam colunas adjacentes conforme a escala de tempo adotada no projeto. Este diagrama é um dos instrumentos mais conhecido e utilizado, tendo em vista a facilidade de sua execução bem como por permitir uma visualização global do projeto de maneira mais rápida. Entretanto, apresenta a des- 74 vantagem de não permitir a visualização com clareza da seqüência e interdependência das atividades. Neste caso, tenta-se às vezes mostrar esta interdependência, criando linhas pontilhadas auxiliares que acabam por criar uma figura extremamente complexa. O gráfico de barras é muito empregado para a representação das demandas de recursos, quais sejam: materiais, mão-de-obra e equipamentos de um determinado projeto, ou seja, como um complemento a outras técnicas por ser simples de interpretar. Além destas, podemos ainda acrescentar uma ferramenta auxiliar muito eficiente para ser usada no planejamento, programação e controle, que é a curva “S” (Assumpção, 1991, p. 19). Ela recebe este nome em virtude do aspecto característico que apresenta, quando mostra a distribuição de um recurso acumulado em função do tempo de execução. A curva S pode representar o projeto como um todo em termos de homens-hora ou moeda necessários à sua execução, permitindo visualizar o ritmo de andamento na sua implantação. b) Técnicas de suporte: são técnicas avançadas empregadas como suporte a determinados métodos de programação na solução de problemas específicos. Basicamente, são oriundas da Pesquisa Operacional, tais como a Programação Linear, a Teoria da Simulação e a Teoria dos grafos. c) Técnicas de programação: são métodos de programação que, por si só, são passíveis de serem empregados como apoio ao gerenciamento de empreendimentos da construção civil. Neste grupo, composto por técnicas de tempos e recursos e análises de operações, encontramos: PERT, CPM, LOB, e outras tais como: GERT, CYCLONE e Busca em grafos Estado-Estágio. 75 c.1) PERT e CPM : São as técnicas de rede, onde um conjunto de atividades interrelacionadas, que descrevem um plano de execução, são representadas graficamente. São as redes tipo CPM “Critical Path Method” e PERT “Project Evaluation and Review Technique”. Elas diferem entre si basicamente pela forma como é considerado o tempo: enquanto o CPM utiliza valores determinísticos, o PERT se vale de um modelo probabilístico. São também conhecidas como ”técnicas de caminho crítico” e permitem construir modelos que operam com atividades inter-relacionadas, manipulando, conjuntamente, informações sobre prazos, custos e recursos. Para o caso de obras com um grande número de atividades, como é o caso das edificações verticais, tem-se um maior esforço para a sua elaboração e operação. Além da seqüência das atividades que se apresentam de forma complexa, esta técnica não considera a descontinuidade e a variabilidade das ações inerentes ao processo produtivo (Oliveira, L. 1994). São indicadas para situações onde uma atividade só se inicia após conclusão da anterior, característica de processos de montagem. c.2 ) LOB (Line of Balance): As Linhas de Balanceamento ou Diagramas Tempo-Espaço são representações gráficas num par de eixos cartesianos, onde o tempo é representado no eixo x e as seções onde as atividades se desenvolvem no eixo y. As atividades são representadas através de segmentos, onde a inclinação indica o seu ritmo ou produtividade. Estas técnicas são indicadas para obras com atividades repetitivas, como é o caso de um edifício vertical de pavimentos tipos. Elas podem levar a situações de nivelamento de recursos, sempre que os ritmos de produção forem constantes e uniformes para os serviços da edificação. 76 Mas apresentam o inconveniente de só se viabilizarem em ambiente gráfico, com dificuldades para análise dos recursos e custos resultantes de cada simulação. 3.5 SISTEMA DE CONTROLE O sistema de controle é conseqüência do sistema de programação. Ele será responsável pelas informações geradas durante e/ou após a realização de um processo, servindo para avaliar a qualidade do que foi planejado. Após a análise destas informações, podemos comparar o que foi executado com o planejado, detectando eventuais desvios ocorridos e promovendo a sua correção, através de uma retroalimentação contínua no sistema de planejamento, programação e controle. Através da reprogramação é possível definir novas diretrizes para a produção adaptando as próximas atividades, tendo em vista a meta final pretendida. Este conceito de acompanhamento contínuo para o controle é mais moderno e deixa de lado o antigo enfoque segundo o qual o controle era uma atividade executada a posteriori, com a finalidade de verificar a regularidade de execução de um projeto, seguida às vezes de uma medida para corrigir os resultados negativos. Desta forma, a implantação da etapa de controle permitirá tanto o domínio do processo de produção, bem como a sua evolução pela retroalimentação com os resultados obtidos, conforme figura 3.4. 77 ENTRADAS PROCESSOS Recursos Objetivos Ações Decisões Procedimentos SAÍDAS Produtos Serviços Conseqüências AJUSTES MECANISMOS DE CONTROLE Fig. 3.4 - Ciclo de retroalimentação do Projeto (Limmer, 1997, p.18) Para Aguilar8 (apud Soibelman 1993, p. 28), o controle faz uso dos métodos e processos necessários para permitir que o sistema se adapte às mudanças de condições que são impostas, mantendo o melhor desempenho possível. Na era da qualidade, o cliente é o rei. Um produto precisa atender às necessidades deste cliente, isto é, o produto resultante de um processo de transformação precisa satisfazer às necessidades dos seus clientes9, sejam internos ou externos. Estas necessidades são transformadas em características10 de qualidade. Para o produto ter qualidade, não basta que elas sejam identificadas, mas é preciso mensurá-las, de forma a verificar se estão sendo atendidas. A atividade de controle é portanto realizada através de medidas que visam acompanhar se as características previamente estabelecidas estão sendo 8 AGUILAR, R.J. Systems analysis and design in engineering, architecture, construction, and planning. Englewood Cliffs, N.J.: Prentice-Hall, 1973. 405 p. 9 Cliente é qualquer pessoa que seja impactada pelo produto ou processo, podendo ser INTERNOS ou EXTERNOS. Os clientes internos são aqueles impactados pelo produto e fazem parte da empresa que o produz. Os clientes externos são pessoas ou organizações que não fazem parte da empresa que faz o produto, mas são impactadas pelo mesmo. (Juran, 1992) 78 atendidas. Estas medidas são expressas através dos indicadores. Segundo (Souza, 1995, p. 221), os indicadores são “expressões quantitativas que representam uma informação gerada, a partir da medição e avaliação de uma estrutura de produção, dos processos que a compõem e/ou dos produtos resultantes”. Estas medições de desempenho são fundamentais para um gerenciamento eficaz. Elas fornecem aos gerentes os dados e fatos de que ele necessita para a tomada de decisão, bem como diretrizes para a implantação de melhorias visando a produtividade e qualidade dos empreendimentos. Esta, entretanto, não é uma prática ainda habitual no setor da construção civil. Para Lantelme (1996, p.103), uma das maiores dificuldades encontradas para a implementação dos indicadores como instrumentos de avaliação por parte das empresas é a falta de definição das metas por parte das mesmas. Como não se tem uma direção pré-estabelecida, não se sabe o que se deseja alcançar. Ainda segundo a autora, há uma necessidade destas definições e uma conscientização da equipe envolvida que passa a saber o porquê e para que destes indicadores. Outro ponto desfavorável para a elaboração de controles é que estes devem ser colhidos no canteiro de obras e, conforme Amorim (1993), a excessiva concentração de tarefas no canteiro, aliada a uma base técnica diminuta, sobrecarrega os engenheiros de obra. A falta de rotina para a execução das atividades de controle é também ressaltada por Picchi (1993a, p. 386), onde o autor afirma: 10 Característica é uma propriedade que um produto tem, a qual precisa atender a certas necessidades dos clientes e prover sua satisfação. (Juran, 1992, p.7) 79 “... no caso de materiais, existe de uma maneira geral, nas obras de edifícios brasileiras, um controle de recebimento formalizado ao menos para alguns materiais, principalmente os relacionados com a segurança estrutural; já no caso de execução, são raríssimos os casos de controle formalizado. O que normalmente ocorre é um controle informal, realizado pelos mestres de obras e encarregados, extremamente variável de um profissional para outro...“ Para Campos (1992, p. 26) a atividade de controle está dividida em duas etapas: as medições de rotinas e aquelas ligadas a programas de melhorias. Primeiro se implantam as medições de rotina para prevenir desvios em relação ao programado. A empresa passa então a possuir maior previsibilidade, entretanto, corre o risco de se manter estática e perder a competitividade. Assim, no momento que este processo está dominado, estabilizado, devem ser estabelecidas as medições de programas de melhoria. Estas visam alterar o padrão por etapas a partir da situação vigente buscando as melhorias, o aumento de competitividade no mercado, bem como aumentar a produtividade e reduzir custos. Já Dellaretti (1994) apresenta os indicadores como sendo os ”Itens de Controle” e os “Itens de Verificação do Processo”. O item de controle (IC) é um índice numérico estabelecido sobre o efeito de um determinado processo, e portanto atua sobre o produto resultante, sendo uma medida do atendimento aos desejos dos clientes. O item de verificação é um índice numérico estabelecido sobre as principais causas atuantes no processo que afetam determinado item de controle. Os itens de controle são acompanhados periodicamente, ao final de cada etapa dos processos a que se referem, com a finalidade de identificar problemas ocasionais. Entretanto, para garantir a qualidade do produto não basta somen- 80 te controlá-lo, é preciso controlar também o processo. Isto se justifica, pois, os processos tem sempre um número muito grande de causas que influem no seu resultado. Normalmente se controlam apenas as causas que afetam com maior intensidade a qualidade do produto. Essas são as causas geradoras de problemas ou são causas potenciais de problemas e devem ser acompanhadas com cuidado. A medida destas causas é feita através dos itens de verificação (IV) que medem as variáveis operacionais durante o desenrolar do processo. Estes itens são temporários e só existem na medida em que existam o problema ou o potencial de problema, devendo ser excluídos quando da solução do problema. Assim pode-se controlar os efeitos, ou seja, os itens de controle (IC) atuando-se nas causas, ou seja, os itens de verificação (IV). Segundo Juran (1992, p. 280) o controle do processo consiste de várias atividades a saber: “Avaliar o desempenho real do processo; comparar o desempenho real com as metas e tomar providências a respeito da diferença”. Ainda segundo este autor, a atividade de controle deverá ser focada em itens específicos a serem controlados, denominados de objetos de controle. Assim, serão avaliados aqueles “poucos objetos de controle que são vitais, para que estes recebam a prioridade adequada”. Esta característica dos itens de controle “poucos, mais vitais” é também observada na série de normas ISO 9000 voltadas para a implantação de sistemas de Gestão de Qualidade, onde se indicam diretrizes para as atividades de controle na construção civil. 81 Barros (1996, p. 266), estabelece uma série de diretrizes que deverão ser observadas no estabelecimento do procedimento de controle de uma atividade do edifício em empresas de construção. São elas: “definição das instâncias de controle; definição dos responsáveis; definição de um mecanismo de comunicação; determinação dos objetos de controle para cada estágio; estabelecimento da frequência em cada uma das instâncias; definição das metas; determinação de diretrizes balizadoras; treinamento para o controle; e definição do procedimento de controle”. Baseada nestas diretrizes a empresa irá elaborar o sistema de controle que melhor se adeque às suas características de organização e gestão, bem como, de suas atividades de produção. Para Limmer (1997, p. 120), o controle de um projeto necessita de um sistema que se adeque às suas particularidades, devendo: • estar relacionado com as demais funções do projeto; • ser econômico para permitir a sua operação; • fornecer informações em tempo adequado para a tomada de decisão; • ser simples e de domínio dos envolvidos no projeto; • se ajustar às mudanças surgidas no ambiente organizacional. 4 SISTEMA DE INFORMAÇÃO 4.1 DADOS, INFORMAÇÃO Para o estudo dos sistemas de informação alguns termos serão definidos como forma de clarear o objetivo pretendido; muitos deles são normalmente utilizados em processamento de dados. “Dados” são os elementos conhecidos do problema que se deseja resolver. São portanto brutos, oriundos de levantamentos, questionários ou pesquisas efetuados. Já, a “informação”, para Oliveira, M. (1994, p. 16), “consiste no registro de idéias com o objetivo de permitir a sua utilização na tomada de decisões referentes à prestação de serviços ou a fabricação de produtos. Está em constante mutação, por isso torna-se volátil se não for devidamente registrada, catalogada e atualizada”. A informação pode também ser definida como sendo os dados processados de forma que tenham significado para o seu receptor, possuindo valor real ou percebido relativamente às decisões atuais ou futuras. 82 83 Para Davis&Davidson1 (apud Antonialli, 1996, p. 17), a informação pode estar presente em nossa economia de quatro formas: dados, texto, som e imagem. O manuseio da informação se dá através do processo de comunicação, que será visto no item 4.2 . Segundo Lima Jr. (1990b), a informação só tem qualidade quando atende aos requisitos de: • ser comparável, de modo que se possa comparar o planejado com o realizado; • ser gerada em tempo hábil; • ser confiável, pois as distorções são mais prejudiciais do que a falta de informações; • possuir um nível de detalhamento compatível com as peculiaridades do setor a que deva atender. A melhoria da qualidade das informações tem sido considerada por alguns autores, como uma condição para uma maior qualidade e produtividade das empresas. Um trabalho desenvolvido pelo NORIE no Rio Grande do Sul (Santos et al, 1996, p.74), sobre um método de intervenção para redução de perdas, discute alguns procedimentos práticos para a prevenção destas perdas onde estão relacionados aspectos referentes ao fluxo de informações. Segundo estes autores para a diminuição das perdas, há necessidade de: • criar canais de comunicação eficazes entre a obra e o escritório, entre ela e alguns fornecedores, através, por exemplo, de fax, telefone ou computador. 1 DAVIS, S.; DAVIDSON, B. Visão 2020: administrando sua empresa hoje para vencer amanhã. Rio de Janeiro: Editora Campus, 1993. 84 • realizar reuniões periódicas na obra com todos os envolvidos na produção, a fim de garantir maior participação no desenvolvimento de melhorias; • desenvolver alternativas viáveis para a comunicação entre o operador do transporte vertical e as equipes dos andares. Já Vieira Netto (1993, p. 35), ao analisar a questão da informação nas empresas, afirma que “trabalhar a informação é uma das principais armas da empresa na elaboração de seu planejamento, na condução de seus trabalhos, no relacionamento interno e externo, etc.” Campos (1992, p. 8) também destaca a importância da informação para a sobrevivência das empresas decorrente de sua competitividade e segundo este autor ela é necessária para: • a identificação das necessidades dos clientes através de métodos e ferramentas; • a pesquisa e desenvolvimento de novos produtos para atender a estas necessidades; • a pesquisa e desenvolvimento de novos processos a fim de obter melhor qualidade e custo menores; • o gerenciamento de sistemas administrativos almejando maior produtividade; • a comercialização dos produtos e assistência técnica aos clientes. 4.2 COMUNICAÇÃO Segundo Ferreira (1986, p. 443), “comunicação” é : “.. Ato ou efeito de emitir, transmitir e receber mensagens por meio de métodos e/ ou processos convencionados, quer através 85 da linguagem falada ou escrita, quer de outros sinais, signos ou símbolos, quer de aparelhamento técnico especializado, sonoro e/ou visual... A capacidade de trocar ou discutir idéias, de dialogar, de conversar, com vista ao bom entendimento entre pessoas... Transmissão de mensagem entre uma fonte e um destinatário, distintos no tempo e/ou no espaço, utilizando um código comum...” Desta forma, o processo de comunicação pode se apresentar dividido em quatro sub-processos: geração, processamento, armazenamento e transmissão. O primeiro capta a informação do ambiente e a transforma numa das formas em que se apresenta a informação. Em seguida, o processamento adequa a informação a uma forma mais apropriada para aquele que fará uso da mesma. O armazenamento é o processo de arquivar a informação para ser resgatada posteriormente. Finalmente, a transmissão leva a informação àqueles que a desejam. Estas atividades podem estar independentes ou serem ligadas em cadeia. Veltz e Zarifian (1992, p.20) ampliam este conceito, ao afirmar que “essa comunicação não se reduz à transmissão de mensagens mas, fundamentalmente, consiste em atingir o acordo sobre os objetivos comuns e sobre as interações entre as atividades necessárias à realização destes objetivos”. Comunicar é portanto um processo interativo, não se limitando a simples envio de mensagem da fonte para o receptor. Assim, será necessário um melhor tratamento das informações, com uma homogeneização de terminologias e objetivos de maneira que “todos ‘falem a mesma língua’ ao longo da cadeia de produção, evitando-se as rupturas a cada ‘passagem do bastão’, a cada vez que um ator transfere tarefas para o seguinte” (Amorim, 1995, p. 89). 86 Para que possa existir, o processo de comunicação exige a presença de um emissor, a pessoa que expõe, e um ou mais receptores, aquelas pessoas que recebem as mensagens. Assim, enquanto a informação é lógica, a comunicação está num ambiente que envolve a percepção. Isto é, na maioria das vezes, a pessoa só recebe aquilo que percebe, ficando a informação sujeita a ruídos (em geral de natureza psicológica), podendo mesmo ter o seu conteúdo inicial alterado. Entretanto, enquanto o ruído pode se tornar prejudicial por alterar o conteúdo das informações nas estruturas longas ou “rígidas”, ou seja, naquelas muito burocratizadas, nas estruturas mais “flexíveis” o ruído pode se tornar criativo, pela possibilidade de criar novas possibilidades de solução. (Amorim, 1995, p. 98). É o que acontece na brincadeira de criança do telefone sem fio, onde num círculo uma delas passa a mensagem no ouvido para a seguinte e assim até completar a roda, onde o último receptor recebe a mensagem na maioria das vezes distorcida da que foi emitida inicialmente. Assim, quando uma pessoa recebe uma informação ela ativa sua percepção, faz uma seleção dos elementos presentes, registra alguns dados, ignora outros, altera e até mesmo introduz elementos pessoais próprios. Isto ocorre porque as percepções dependem tanto do objeto ou estímulo a ser percebido, quanto do sujeito ou pessoa que recebe (condições fisiológicas, sexo, cultura, profissão, idade, desejos e objetivos, etc.). Sendo a comunicação um processo que se utiliza de um emissor, um receptor e um meio para esta transmissão, as deficiências neste processo serão 87 oriundas de alguns destes três componentes, conforme exemplos a seguir (Amorim, 1996): 1) Deficiências ocasionadas pelo emissor, pois o mesmo: • não esclarece seus objetivos; • utiliza um meio de comunicação inadequado; • usa uma linguagem e/ou conceitos que o receptor não entende; • supõe que o receptor conheça o assunto em pauta; • não é estimulante, isto é, não desperta o interesse e desejo de mudar por parte do receptor; • não provê feedback, não faz o controle nem o seguimento dos resultados da mensagem. 2) Problemas na área do receptor que bloqueiam a boa comunicação, pois ele: • só aceita a mensagem em parte • esquece, rejeita ou reprime a mensagem • reinterpreta a mensagem, distorce • forma julgamentos e preconceitos a respeito do emissor ou da mensagem antes de examinar seu conteúdo • não pede esclarecimentos 3) Problemas com as mensagens utilizadas ou instrumentos de informação: • não atendimento às normas que regem o seu conteúdo em relação ao objetivo específico; • falta de padronização, no contexto total; • ausência de clareza e objetividade; 88 • formatação e estética inadequada. Meseguer (1991, p. 96) apresenta dados estatísticos que demonstram que 70% do tempo dos profissionais das empresas são utilizados na comunicação de informações escritas ou verbais. Nas obras, as informações do dia-a-dia envolvendo diretamente a execução das tarefas são passadas normalmente de forma verbal. Neste caso, destaca-se a função do gerente, que deve acompanhá-las, às vezes de forma escrita, para manter as linhas mestras da comunicação. Ele é o responsável pela continuidade e compreensibilidade do fluxo de informações e decisões que estará atuando sobre o grupo com o qual está lidando. Já as comunicações escritas são instrumentos básicos para processos decisórios dentro de um projeto. Aliados às comunicações verbais, os documentos escritos possuem impacto bastante significativo em decisões de custos, prazos, metodologias. Por isso, devem ser apresentados de maneira clara, concisa, coerente e legível, pois, para que sejam eficientes, deve-se levar em conta o fenômeno da percepção. Isto é, na elaboração dos documentos escritos devem ser consideradas as pessoas que irão receber o material, a finalidade do documento (se obtenção ou fornecimento de informação), etc. As informações nem sempre são transmitidas pelos caminhos definidos pela estrutura organizacional da empresa, podendo ocorrer de forma informal. Amorim (1993, p. 16) na pesquisa sobre métodos de controle, elaborou uma matriz para estabelecer as ligações entre os diversos participantes do processo de produ- 89 ção. No caso dos empreiteiros, notou-se uma fraca documentação de seus contatos com seus contratantes. Com relação aos engenheiros a comunicação com o setor de projeto também não é adequada, pois aparentemente 30% deste fluxo se dá de maneira informal. Este problema é mais sentido nas estruturas rígidas, verticalizadas, onde acabam surgindo os canais informais de comunicação a fim de se ter maior agilidade para a decisão, correndo-se o risco de trabalhar com dados não confiáveis. Nestes casos, nos moldes tradicionais de organização, o fluxo de informações é basicamente verticalizado. Vieira Netto (1993, p.35) afirma, com base em sua vivência, que isto pode gerar grandes perdas de informações, da ordem de 25% em cada um dos níveis da estrutura. Já as modernas formas de organização em matriz, favorecem a comunicação cruzada, direta, permitindo o acesso a todos os envolvidos no processo. O conhecimento dentro da empresa de construção está normalmente nas pessoas e não nos seus documentos ou nos seus sistemas de arquivos. A tecnologia da construção está, em sua maioria, na própria mão-de-obra, que na maioria das vezes aprende observando os outros executarem. Por falta de informação, as pessoas aprendem mal, ensinam mal e executam mal, criando um círculo vicioso. Essa falta de disseminação das informações, tanto internamente nas empresas, como em trocas com outras empresas, tem conduzido, de forma sistemática, o setor de construção à repetição de falhas e deficiências no processo, para as quais, provavelmente, já existam soluções. 90 Portanto, o processo de comunicação deverá ser utilizado pelo gerenciamento, suprindo os diversos níveis da empresa com as informações que se fazem necessárias. Um gerenciamento de projeto para ser eficaz necessita primordialmente de definições de objetivos e metas e transmissão destes aos elementos envolvidos no projeto de forma simples, clara e objetiva. Desta forma se cria uma interação permanente entre os diversos setores da empresa, com o estabelecimento de uma linguagem comum a todos os envolvidos. 4.3 TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO A tecnologia da informação (T.I.) é destacada como sendo um dos fatores que caracterizam as tendências da indústria da construção civil focada na produção de edifícios, conforme apresentado em Souza (1997, p. 18). Este autor descreve um resumo do trabalho apresentado por Bordeau em 1994, desenvolvido pela comissão W 82 (Future studies in construction) do CIB - Conseil International du Batiment - com o objetivo de compor a perspectiva da evolução da organização do processo de construção até a primeira década do século XXI. O Enfoque do trabalho se deu sobre a cadeia produtiva e constitui de levantamentos em dez países ocidentais (Suécia, Finlândia, Dinamarca, Reino Unido, Países Baixos, Bélgica, França, Itália, EUA e Canadá). Dos itens apresentados por Souza (1997, p. 20) para as tendências da aplicação da tecnologia da informação destacamos: 91 • utilização de medidas integradas de troca de informações entre os intervenientes do processo como forma de reestruturá-lo; • aplicação da tecnologia da informação para o desenvolvimento das ligações necessárias entre as várias etapas do processo de produção; • existência dos banco de dados em empreendimentos como base da cooperação entre os vários agentes participantes; • simulação e a visualização dos produtos como instrumento do trabalho dos vários agentes; • informatização atuando como um divisor do mercado por sua aplicação conforme as especificidades dos projetos. Estas tendências, apesar de terem sido identificadas em países mais desenvolvidos, numa perspectiva mais ampla, servem como referencial de desenvolvimento para a indústria brasileira, guardadas as peculiaridades próprias do país (Souza, 1997, p. 26). A globalização da economia, aliada a crescente intensidade do conhecimento, bem como a rapidez do progresso científico, faz surgir a necessidade de rápidas e contínuas mudanças por parte das empresas para se adaptar a este novo cenário que se configura. Freund 2 dá o nome a esta sociedade de “Sociedade Informatizada”, que se caracteriza pela predominância das atividades relacionadas à informação. Tapscott3 (apud Antonialli, 1996, p. 15), apresenta uma nova era, com mudanças na economia, política, organização e indivíduos, onde a tecnologia da 2 FRUEND, George Eduardo. Palestra apresentada em 04 de agosto de 1987 no Instituto de Pesquias Tecnológicas de São Paulo. 3 TAPSCOTT, D. The digital economy: promise and peril in the age of networked intelligence. New York: McGraw-Hill, 1995. 92 informação (T.I.) vem transformando a economia em processos digitais e inteligência em rede. Conforme Campos Filho, apresentado em Antonialli (1996, p. 16), a T.I. pode ser apresentada como um conjunto de hardware e software que faz uso de um ou mais dos processos de manipulação das informações, que inclui coletar, transmitir, estocar, recuperar, manipular e exibir dados, fazendo parte do sistema de informação das organizações. A T.I., fazendo uso de computadores, vêm fornecendo uma nova infra-estrutura para o desenvolvimento das atividades de produção e de comunicação de uma organização, permitindo mudanças no processo de trabalho de uma maneira geral. Para Fruend 4 a T.I. introduziu o tratamento eletrônico integrado da informação desde a aquisição, o armazenamento até a transmissão à distância. Este autor caracteriza os impactos da T.I., seja através de novas formas de comunicação, aproximação da ciência com a tecnologia, bem como o aumento da capacidade intelectual do homem. Comenta ainda que a T.I. está transformando os sistemas tradicionais de manipulação das informações, mas ressalva que o objetivo maior da T.I. é servir ao homem e que é ele quem deve manter o papel de responsável pela tomada de decisões. Conforme Oliveira5 (apud Antonialli, 1996, p. 16), as atividades com maiores chances de serem alteradas por esta tecnologia são aquelas que fazem uso intensivo da informação, podendo se dividir em três grupos: o primeiro seria correspondente a produção: física (através da robótica e instrumentação de controle), a produção de informação (fazendo uso dos computadores em atividades como 4 Idem op. cit. 93 contas a receber, contas a pagar, faturamento, etc.) e a produção de conhecimento (CAD, CAM, produção de software, etc.). O segundo grupo refere-se aos trabalhos de coordenação, onde o elemento indutor desta mudança são as telecomunicações, reduzindo as distâncias físicas. Passa a dar condições de armazenamento das informações e manutenção da memória da empresa através de bancos de dados. O terceiro e último grupo refere-se à gestão das informações. Este permite a direção obter as informações necessárias para a tomada de decisão, adaptando a organização às mudanças que ocorrem no ambiente, bem como permite o controle retroalimentando o processo, comparando com o que foi planejado e identificando os desvios a serem atacados para manter-se na direção desejada. Nas empresas de construção civil é, também, crescente a aplicação da tecnologia da informação. Na produção do conhecimento, podemos acompanhar uma série de trabalhos de estudiosos e pesquisadores de várias instituições e empresas. Nas empresas de projetos, notamos uma aplicação crescente do aplicativo CAD (Nunes, 1997). Naveiro6 (apud Chapuis, 1995, p. 840), diz que “o CAD concentra um concentra um conjunto de procedimentos específicos, tecnológicos, organizacionais e gerenciais, que devem ser elaborados de forma integrada para que se alcance uma implantação eficiente.“ 5 OLIVEIRA, A. C. M. da C. Tecnologia de informação: competitividade e políticas públicas. Revista de Administração de Empresas. São Paulo, v.36, n.2 , p. 34-43, abr./jun. 1996. 6 Naveiro, R. Uma integração necessária: projeto e fabricação na moderna manufatura, São Paulo, 1992 (Tese de doutorado) - FAU-USP. 94 Soares (1997) apresenta uma série de programas de aplicação na engenharia e arquitetura, entre os quais extraímos aqueles referentes ao Orçamento e Planejamento, conforme resumido a seguir: • CAD32-ORC - aplicativo para o software CAD 32 voltado para o gerenciamento administrativo e financeiro da obra. Elabora memoriais descritivos, relatórios de medições e especificações, orçamento, curva ABC de insumos, etc. • DYS - atualizado pelo banco de dados da Editora Boletim de Custos, elabora orçamentos, composições de preços unitários, insumos e curvas tipo ABC. • MS-PROJECT - Elabora gráficos de PERT e de GANTT para planejamento de serviços; faz gerenciamento financeiro, cronogramas de alocação de recursos e de desembolso. • PLEO - Elabora cadastro de fornecedores e prestadores de serviços, cronogramas físico-financeiros e relatórios independentes só para materiais, só para mão de obra ou global. Permite acessos em níveis diferenciados através de senhas. • PRIMAVERA - integra planejamento, alocação de recursos e controle de custos; possui módulo de avaliação de desempenho e análise de valores, faz a gerência de contratos de terceiros e elabora gráficos, fluxogramas, cronogramas físico-financeiros e gráficos de PERT ou GANTT. • RM ORCA - modelos pré-programados de orçamentos segundo metodologias de diversos órgãos públicos; geração automática de gráficos de PERT e GANTT; cronogramas físico-financeiros dos projetos ou de uma única obra. 95 • RM SOLUM - orçamento simultâneo de projetos e obras por projeto; geração de gráficos de PERT e GANTT, cronogramas físico-financeiros dos projetos ou obras; importa e exporta dados para outros aplicativos. • VOLARE - composto de módulos independentes para orçamentos, gerenciamento, finanças e banco de dados, fornece custos de serviços de construção, custo horário de equipamento, quantifica serviços, elabora orçamentos. Está integrado com a base de dados da construção civil da Editora PINI, as tabelas TCPO. Com relação aos softwares comerciais, verifica-se que a maioria deles trata da questão dos orçamentos, sendo que nem todos possuem o módulo para planejamento, menos ainda os de controles, não permitindo uma integração completa. Estes softwares são direcionados para a realização de tarefas determinadas, e muitas vezes não permitem a transferência de informações entre eles, devido à limitação da modelagem destes produtos, que não são abordados de maneira sistêmica. Por último, com relação à gestão, constatamos a inexistência de um sistema de informação adequado às características do setor. Este é um problema complexo, mas pode-se aceitar que isto ocorra em parte devido a uma acomodação no setor de construção quanto à instalação de sistemas computadorizados, onde o engenheiro de cada empresa decide a forma de manusear a grande massa de dados no seu dia-a-dia (Schimitt,1995, p. 190). Por outro lado, pode-se ainda creditar esta carência de sistemas de informação adequados à dificuldade de especifi- 96 cação das necessidades de todos os intervenientes atuantes no processo de construção aliadas às peculiaridades do setor, conforme já discutido anteriormente. Nesta área, conforme apresentado por Silva Filho (1997), em 1996, foi firmado um acordo entre a Oficina da Obra, Konsultex (representante do software de gerenciamento da Artemis Internacional) e a Trigon (Indústria nacional de coletores de dados), para o desenvolvimento de um projeto para a construção civil, com o objetivo de dotar as obras com um sistema de captação e processamento de informações através de um equipamento da Texas Instruments. Ainda segundo o autor, este equipamento é capaz de captar se alguém entrou no seu raio de ação e enviar esta mensagem para um coletor de dados, que através de um modem transmitirá esta informação para um centro de processamento que utilizará um software de gerenciamento de projetos. 4.4 SISTEMA DE INFORMAÇÃO Para a Fundação Vanzolini (1992), Sistemas de Informação são um “conjunto de atividades, dados, informações, recursos físicos, hardware e software que tem por objetivo atender determinada necessidade de informações dentro da organização”. Nos processos de produção das empresas de construção, as ações são baseadas nas informações que são geradas nos vários níveis hierárquicos em que a sua estrutura está formada. O sistema de informações é, pois, o responsável pelo trâmite das mesmas no andamento deste processo. Funciona de cima para 97 baixo no envio de diretrizes aos diversos níveis hierárquicos inferiores até o nível de execução das tarefas. A seguir, faz o percurso inverso, avaliando a ação e dando o retorno das informações referentes a realização das tarefas. Isto implica dizer que um sistema de informação deve conter acoplado uma retroalimentação de maneira que possa indicar o desempenho da atividade desenvolvida. Um sistema de informação é, portanto, indispensável para o alcance dos objetivos e metas das empresas. Ele estabelece critérios para que os dados relevantes sejam coletados, classificados e tabulados e os relatórios gerados são feitos tendo em vista as decisões a serem tomadas. (Assed, 1986, p.42). Os sistemas de informação não devem ser fechados, ao contrário, devem permitir que sejam introduzidas melhorias à medida que os elementos que decidem alteram seus padrões de comportamento. Estes sistemas possuem características próprias, visto que devem incorporar a cultura da empresa, os seus conhecimentos adquiridos, não se limitando somente à natureza da tarefa, sendo portanto, diferentes para cada organização. Dentro da empresa ocorre, então, um processo dinâmico de informação/decisão/ação que se utiliza de certos procedimentos a fim de alcançar o objetivo proposto do projeto. Assim, torna-se necessário a adoção por parte da empresa de um sistema de informação, numa estrutura gerencial, que seja eficaz e coerente, como meio para que ela atinja os seus objetivos. Para a elaboração deste sistema, deve-se partir do princípio de que cada nível de decisão deve receber informações em qualidade e volume compatíveis com a decisão a ser tomada. Assim, é a partir do sistema de decisões que se estabelece o de informações. Quanto maior o nível 98 de decisão, menor o volume de informações, porém com indicadores mais abrangentes, gerando decisões com maior grau de responsabilidade e risco. Não se deve pretender um sistema que automaticamente seja capaz de decidir e sim um sistema capaz de prover os diferentes níveis hierárquicos com informações de qualidade compatível com a decisão a ser tomada. Juran, apresenta esta relação de forma esquemática, conforme a figura 4.1. Linguagem do dinheiro Bilíngue Linguagem das coisas Alta Gerência (Nível Estratégico) Média Gerência (Nível Tático) Baixa Gerência (Nível Operacional) Fig. 4.1 - Linguagens comuns na empresa (Juran, 1992) Desta forma, o sistema de informação mantém correspondência com os diversos níveis presentes no planejamento e portanto podemos apresentar estes níveis com a necessidade de informação para cada um deles: • Estratégico : Informações sumarizadas fornecidas pelos gerentes a nível comparativo: relações, índices. • Tático : Informações mais detalhadas coletadas do operacional e gerando informações resumidas de subprojetos. Como se destina à tomada de decisões dentro da empresa, acaba levando ao sistema de decisão. Tem portanto um caráter 99 não rotineiro. Assim, quanto maior o nível do tomador de decisão, maior a necessidade de informações não estruturadas. • Operacional : Trabalha normalmente com grande quantidade de informações para se definir perfeitamente os serviços a serem executados. Trata da medição a nível individualizado sobre produto, processo e serviços. Ela cuida para que determinadas atividades continuem acontecendo dentro do ciclo operacional da empresa. Este nível trata das informações necessárias para a execução de uma determinada tarefa e portanto faz parte da rotina da organização. No processo de decisão da empresa, quem toma as decisões faz a escolha entre alternativas versus patamar de risco em função de alguns parâmetros: quantidade de informações disponíveis, risco disposto a assumir, vontade de quem decide dentre outros. Assim, tendo definido o sistema de decisões, o sistema de informações, segundo Bio (1985, p. 97) deverá ser capaz de: • fornecer informações com a velocidade compatível com a exigência da decisão a ser tomada (não adianta apresentar hoje um orçamento perfeito para uma concorrência que aconteceu a dois dias atrás) • ter qualidade, ou seja eficiência no conteúdo da informação, respondendo aos níveis de risco presentes na decisão a ser tomada. Esta entretanto, não deve ser confundida com volume de informações. Um gerente em determinado nível de hierarquia de decisão pode receber um relatório minucioso, além do detalhamento para a sua decisão, não sabendo em quais valores confiar e acabando por abandonar toda a informação recebida. A repetição deste processo acaba levando à fadiga a organização. 100 • integrar-se a uma estruturação organizacional lógica e que auxilie a coordenação entre as diferentes unidades por ele interligados; • possuir um fluxo de procedimentos racional, rápido, de menor custo possível e com qualidade; Um sistema de informação racional é um sistema sem excessos de formulários, com procedimentos e fluxo de papéis o mais lógico e direto possíveis, com meios de processamentos de dados adequados aos seus volumes, sem nenhum relatório de saída desnecessário. Quando um sistema for bem planejado, o resultado será a convergência para este sistema racional. A necessidade do estabelecimento de um sistema de decisões e de informação nas empresas é, também, destacada por Barros (1996, p. 166), que apresenta este sistema como um dos elementos que devem estar presentes nas empresas para favorecer a introdução de mudanças com vistas a racionalização dos seus processos. Sendo o sistema de informação relacionado à cultura da empresa e às suas necessidades, sua construção deve levar em conta a análise dos seguintes aspectos: definição do problema, a cultura da organização e as necessidades de informação. Podemos definir as etapas para o seu desenvolvimento: • Definição de necessidades de informação na Organização: estabelecendo seu diagnóstico, identificando se existem incoerências na estrutura atual e se possível resolvê-las; suas prioridades, identificando as medidas de eficácia para a organização e as informações necessárias para implantá-las e o estudo de viabilidade. 101 • Estabelecimento de um plano para desenvolvimento do sistema, determinando as especificações de projeto. As especificações corretas é que irão garantir um bom sistema de informações. • Desenvolvimento dos sistemas de informação. A informática em muito colaborou com o desenvolvimento dos sistemas de informações, possibilitando o acesso rápido as mesmas. Entretanto, devese tomar muito cuidado com o trato destas informações, de modo a não torná-las inaproveitáveis, isto é, os relatórios devem ser adequados a cada usuário. Não se deve correr o risco de se ter um amontoado de “dados” (caracteres descrevendo uma realidade) e pouca “informação” (dados úteis para a tomada de decisão). Isto acontece justamente pela facilidade de se manipular os dados logo que se implantam os sistemas computadorizados. Ao se optar pela informatização dos sistemas, deve-se começar pelos gargalos detectados no processo, ou sejam, aqueles que executados manualmente falham devido a uma manipulação complexa de dados ou não atendem a velocidade solicitada para a decisão. Assim, informatizar não significa transformar os procedimentos existentes em um conjunto de informações ágeis, mas sem estruturação, que não atende ao processo decisório. Analisando a questão da informatização de projetos, Nunes (1997) estudou a implantação e padronização de sistemas CAD em escritórios de projeto e argumenta que sem organização e planejamento efetivo, a transição da prancheta para o computador pode se mostrar muito complexa. Os resultados da implantação, bem como sua produtividade podem ficar aquém do esperado, pois há uma redu- 102 ção do sistema a uma simples prancheta eletrônica. O uso de normas e procedimentos para a execução de uma tarefa se coloca como condição básica de aproveitamento da agilidade e melhorias proporcionadas pelo sistema CAD. A autora conclui afirmando que para a implantação bem sucedida, esta deve ser planejada contemplando os recursos humanos, tecnológicos e organizacionais da empresa. Com isto, os resultados obtidos pela informatização de processos devem se traduzir na melhoria do sistema de informação da empresa. Amorim (1993, p.18) no trabalho de métodos de controle, estudou as ligações entre os diferentes participantes do processo de construção, verificando quando a comunicação era informatizada. Foram excluídas as situações nas quais o uso era interno e limitado a determinadas seções. Verificou-se que o setor de compras utiliza o computador duas vezes mais que os setores de pessoal, o que significa, segundo o autor, que o controle de custos dos materiais se encontra mais difundido e desenvolvido que o controle técnico e de planejamento da obra. Este panorama é também apresentado por Schmitt (1995, p. 189), que constata num grupo de empresas pesquisas no Sul que poucas são as empresas que fazem a programação da obra e as que o fazem utilizam de forma reduzida o computador. Souza (1995, p. 240) comenta que em algumas empresas a instalação do computador cria um desafio e que, sem o treinamento adequado para a utilização dos programas, os resultados acabam ficando aquém do esperado. A tendência é de que este quadro evolua. Aos poucos, os computadores passam a estar presentes nos escritórios centrais, e, a partir daí, tendem grada- 103 tivamente a ocupar lugar também nos canteiros de obras. Segundo Scardoelli et al (1994, p. 1.4.1) num levantamentos junto a quarenta e nove empresas da região sul do país, participantes do Projeto de Apoio Tecnológico e Gerencial a Empresas de Construção Civil de Pequeno Porte junto ao NORIE, as empresas começam a contar com computadores interligados em rede com o seu escritório central facilitando o processo de comunicação. O uso de computadores trará a curto prazo melhoria da qualidade das informações necessárias, traduzindo-se em rapidez e facilidades de simulações das variáveis de comportamento e a médio prazo capacidade de sobreviver ao mercado (Lima Jr., 1990, p. 66). 4.5 ANÁLISE E MELHORIA DO PROCESSO Analisar o sistema de informação de uma organização nos remete ao campo da “análise de sistemas”, para identificar os instrumentos disponíveis nesta área passíveis de serem utilizados nesta investigação. A presente abordagem se limita ao questionamento do sistema em si, não se prendendo aos recursos computacionais disponíveis. Este recorte se justifica tendo em vista o avanço alcançado por esta área nos últimos tempos, onde seus recursos tem evoluído muito rapidamente. 4.5.1 Análise de Sistemas Para Wetherbe (1986, p. 21) a análise de sistema é “o processo de analisar, projetar, implementar e avaliar sistemas para fornecer informações que apoiem as operações e processos de tomada de decisão de uma organização”. 104 Segundo este autor (1986, p. 22), existem vários métodos de análise de sistema na literatura, sendo que os mesmos se apresentam semelhantes quanto às suas fases e ferramentas utilizadas. Em todos os métodos, qualquer que seja a investigação que se pretende realizar de um determinado sistema, deve-se começar pelo planejamento do seu estudo onde são estabelecidos os critérios a serem seguidos com relação a forma de investigação, a descrição dos métodos a serem utilizados e tempo de duração da análise (Daniels & Yeates7 apud Bernades,1996, p. 33). Neste trabalho optamos por apresentar na figura 4.2 o esquema sugerido para o processo de desenvolvimento de sistemas proposto por Wetherbe (1986, p. 23). O ponto inicial para o desenvolvimento de sistemas é a identificação da necessidade de uma determinada informação para a organização. Normalmente ela parte da gerência, pois esta detecta um problema ou uma nova oportunidade de atuação (Wetherbe, 1986, p. 22). Para a Fundação Vanzolini (1992), a condição básica para que se obtenha um sistema de informação satisfatório é de que a definição das necessidades do usuário sejam claramente definidas. Desta forma, o analista 8 deve ser capaz de identificar as necessidades reais de informação para a organização através das necessidades percebidas e declaradas pelo usuário, bem como através da identifi- 7 DANIELS, A.; YEATES, D. Basic Training in Systems Analysis. Great Britain: Pitman Press, 1971. O analista aqui descrito será entendido como o profissional que realiza a análise, independente da sua condição de pesquisador, consultor, staff ou profissional da empresa designado para realizar esta atividade. 8 105 cação das necessidades não declaradas, muitas vezes de caráter informal que se encontram dispersas nos documentos e normas da empresa. Identificação da necessidade de Informação Análise do Sistema Existente Identificação das soluções para o desenvolvimento do projeto Identificação dos meios para a solução Avaliação e seleção dos melhores meios para as soluções Desenvolvimento e Teste do Sistema Implementação do Sistema Avaliação e manutenção do Sistema Fig. 4.2 - Ciclo de desenvolvimento de sistemas (Wetherbe, 1986) Desta forma, a definição de necessidades de informação na organização incluem, além do estudo das necessidades do usuário, o estudo da estrutura e dos processos na organização (Fundação Vanzolini, 1992). Em seguida, a partir da identificação das necessidades do usuário, passa-se para a análise do sistema existente, onde a análise pode ser definida como o processo de separar as partes componentes de um todo a fim de facilitar o estudo de sua natureza e suas interrelações (Wetherbe, 1986, p. 102). 106 Para Yadav (Fundação Vanzolin, 1992), a análise engloba a fase anterior e deve: a) identificar e tentar resolver as incoerências na estrutura da organização, ou seja, identificação das deficiências do atual sistema; b) levantar o conjunto de medidas visando a eficácia da organização e as informações requeridas para a efetivação destas medidas. Com base nestas informações o analista elabora o projeto lógico do sistema, onde são geradas as especificações com o uso de uma linguagem formal, através de uma série de ferramentas. Nessa fase, torna-se importante que as melhorias propostas se refiram ao aperfeiçoamento do fluxo de trabalho e/ou às decisões que estão sendo tomadas (Wetherbe, 1986, p. 25). c) determinar as especificações de projeto do sistema de informação de maneira a contemplar as necessidades de informação e as características da organização e sua administração. Esta fase inclui a busca dos meios necessários para realizar as medidas anteriormente identificadas, sejam recursos humanos ou tecnológicos, seguida da análise das alternativas que são apresentadas baseadas numa relação de custo/benefício (Wetherbe, 1986, p. 27). Identificadas as soluções desejadas e os meios de alcançá-las, é possível desenvolver e testar o novo sistema. O produto final desta etapa é a obtenção de um sistema operável (Wetherbe, 1986, p. 27). Depois do novo sistema ter sido desenvolvido e testado, ele deve ser implantado. A implantação pode ocorrer de forma paralela ou discreta. Enquanto na 107 primeira o novo sistema é implantado paralelamente ao já existente, na segunda, o antigo sistema é substituído para a aplicação do novo (Wetherbe, 1986, p. 27). A última etapa do ciclo corresponde à avaliação e manutenção do sistema. Após a implementação de um novo sistema, torna-se importante rever a sua eficácia e se as soluções propostas têm atendido aos objetivos iniciais. Ainda aqui, novas exigências podem ser detectadas e um novo ciclo de desenvolvimento de sistemas pode ser iniciado (Wetherbe, 1986, p. 28). Em qualquer dos passos do ciclo pode-se voltar ao ponto de origem, para acrescentar alguma melhoria. A partir daí mantém-se um fluxo seqüencial básico conforme indicado nas setas da figura 4.2. Esta abordagem, permitindo o retorno às etapas anteriores, é também apresentada por Gane e Sarson (1995, p. 243), onde os autores adotam um método de desenvolvimento de sistemas em forma espiral, onde a medida que o projeto é desenvolvido, são permitidas iterações com as etapas já desenvolvidas anteriormente prosseguindo até a sua conclusão. 4.5.2 Ferramentas para análise e melhoria do processo Ao analisar o sistema de informação de uma empresa, faz-se necessária a utilização de ferramentas de maneira a obter dos vários participantes do processo, a sua percepção dos problemas, suas necessidades e, a partir daí, propor soluções visando a melhoria contínua do seu processo de comunicação. A partir do levantamento dos dados é feita a modelagem do sistema através de ferramentas que tratam da sua representação gráfica, as chamadas “técnicas de diagramação”. 108 Martim & McClurem (1991, p. 119) comentam que quando somente uma pessoa está desenvolvendo um sistema, os diagramas ajudam a clarear as idéias; quando o sistema está sendo desenvolvido por várias pessoas, o diagrama funciona como uma importante ferramenta de comunicação. Existem várias técnicas de diagramação disponíveis. Martin & McClure (1991, p. 434) fizeram um estudo sobre a utilização destas técnicas, onde identificaram para o estudo do relacionamento lógico entre os processos as seguintes: diagramas de ação, diagramas HOS (Higher-Order Software) e diagramas de fluxo de dados. Já Kendall & Kendall9 (apud Bernardes, 1996, p. 42) apresentam o diagrama de fluxo de dados como sendo a principal técnica que permite a análise do fluxo de informações. a) Diagrama de Fluxos de Dados (DFD): O DFD tem como objetivo facilitar a comunicação com o usuário, bem como apoiar o desenvolvimento de novos sistemas (Davis, 1987, p. 259). Ele mostra a seqüência de transformação dos mesmos pelas diversas áreas envolvidas no processo, sem entretanto considerar as particularidades das transformações sofridas. O diagrama serve para mostrar o que acontece no sistema sem se preocupar sobre como isto acontece. Serve para modelar a lógica de um sistema. A representação gráfica do diagrama se dá através de quatro símbolos gráficos, que se assemelham aos usados em programação para as transforma- 109 ções de dados que incluem as linhas para a representação dos próprios dados. Neste trabalho usamos os símbolos apresentados em Bernardes (1996, p. 43), conforme figura 4.3. Entidade Processo Depósito de dados Fluxo de dados Fig. 4.3 - Símbolos gráficos utilizados para representação do DFD O retângulo representa uma entidade externa (uma empresa, uma pessoa ou um departamento) que define a origem ou o destino do dado. O retângulo com vértices arredondados representa um processo de transformação de dados. O retângulo aberto em um lado representa um depósito de dados, permitindo o acesso aos mesmos. A flecha representa a troca de dados de um ponto a outro. O fluxo de informação que ocorre de maneira simultânea pode ser representado por meio de flechas paralelas. Um exemplo de diagrama de fluxo de dados está representado na figura 4.4. Segundo este diagrama, o cliente solicita à empresa construtora uma alteração de projeto. O responsável pelo departamento técnico analisa a solicitação 9 KENDALL, K.; KENDALL, J. Análisis y diseno de sistemas. México: Printice-Hall Hispanoamericana S.A., 1991. 110 mediante as diretrizes estabelecidas pela diretoria. Esta análise corresponde a identificar as implicações para a construtora para atender ao pedido, incluindo a necessidade de novo projeto para a área afetada (rebaixamento teto, alterações nas instalações para cozinha modulada, etc). A partir destas considerações parte-se para a elaboração da proposta a ser encaminhada para aprovação do cliente. DIRETORIA Diretrizes CLIENTE Solicita Alteração Projeto Analisar Solicitação FORNECEDOR Cotações Solicitação analisada Elaborar Proposta Proposta CLIENTE Fig. 4.4 - Exemplo de Diagrama de Fluxo de Dados (DFD) Algumas vezes, o uso repetitivo dos quatro símbolos para a representação do diagrama pode se tornar confuso e desta forma este diagrama deve ser explodido a fim de facilitar a sua leitura, se existirem processos internos àquele símbolo (Fundação Vanzolin, 1992). Segundo Davis (1987, p. 52), o diagrama de fluxo de dados deve ser explodido através da decomposição funcional. Em essência, deve-se escolher um processo e decompô-lo em suas funções. Estas novas funções que aparecem em nível inferior, tornam-se processos em um novo diagrama de fluxo de dados com seus próprios depósito de dados e fluxo de dados. 111 Tomando por base o diagrama anteriormente apresentado na figura 4.4, vemos que o processo Elaborar proposta pode ser dividido nos processos menores que o compõem. Assim, obtemos uma explosão deste processo que está representado na figura 4.5. FORNECEDOR Cotações Insumos Analisar SolicitaçãoSolicitação analisada Definir Levantar Levantar Serviços Lista Qtes. Quanti- Custos Serviços dades Custos Composição Preço Realizar Cálculos Proposta CLIENTE Fig. 4.5 - Exemplo de Diagrama de Fluxo de dados explodido. Segundo este novo diagrama, após analisada a solicitação, definemse os serviços a serem executados e levanta-se a quantidade necessária de insumos, consultando-se o banco de dados de composição de preço. De posse destes valores faz-se um levantamento de custo dos insumos junto a um banco de dados da empresa ou através de cotação com fornecedores de material ou mão-de-obra. Após obter estes custos elabora-se a proposta de alteração de projeto a ser enviada para aprovação do cliente. b) Dicionário de Dados: Os símbolos utilizados no diagrama de fluxo de dados precisam ser definidos formando um dicionário de dados. Este funciona como uma referência dos 112 dados utilizados no DFD, com intuito de servir de guia durante a análise e projeto do sistema. Para Davis (1987, p. 270) o dicionário de dados (D.D.) deve fornecer informações sobre a definição, a estrutura e a utilização dos dados utilizados pela organização. Como exemplo, podemos ter um dicionário de dados para o DFD da figura 4.5 definido conforme quadro 4.1. A importância dos dicionários de dados é ressaltada por Davis (1987, p. 271). No desenvolvimento de sistemas com interfaces com outros sistemas os DD podem ajudar aos analistas a evitar redundâncias de dados que são necessários a várias entidades dentro de uma mesma organização, pela descrição única destes dados. Quando estes dados são pensados no início do desenvolvimento de um sistema, tem-se melhores condições de se criar uma base de dados comum para toda a empresa. Nome Solicitação de projeto Diretrizes alteração Solicitação analisada Lista serviços Quantidades Cotações Custos Proposta Descrição Solicitação de alteração de projeto feita pelo cliente. Diretrizes quanto aos prazos e custos do empreendimento que inclui o imóvel deste cliente. Solicitação do cliente analisada segundo as diretrizes estabelecidas pela diretoria, incluindo verificação de projetos. Relação dos serviços a serem executados no imóvel. Quantidades de insumos: material, mão-de-obra e equipamentos para a realização dos serviços. Cotação dos insumos necessários para realização dos serviços. Custos dos insumos. Proposta contendo prazos e custos para atendimento da solicitação feita pelo cliente. Origem Destino Cliente Gerência Diretoria Gerência Gerência Orçamento Orçamento Orçamento Orçamento Orçamento Orçamento Fornecedor Orçamento Gerência Gerência Cliente 113 Quadro 4.1 - Exemplo de Dicionário de Dados para o DFD da figura 4.5. 4.5.3 Técnicas de Coleta de Dados Para que se proceda ao estudo do sistema de informação com a aplicação das ferramentas acima descritas, o analista deve inicialmente definir seus objetivos, pois esta definição é que determinará os dados que deverão ser coletados. A análise de como ocorre a troca de informações entre as várias entidades de um processo, isto é, o estudo do fluxo de informações da empresa, passa pela identificação das informações requeridas por cada entidade e o lugar onde elas são obtidas. Através da utilização de técnicas de coleta de dados sobre o funcionamento do sistema da empresa estudada, pode-se modelar o seu fluxo de informações. A visualização deste processo, através da representação gráfica pelas ferramentas anteriores, nos fornece uma radiografia da empresa apontando suas deficiências e indicando os pontos que devam ser atacados tendo em vista a melhoria do seu processo. A identificação destas deficiências deve se dar através da comparação do sistema analisado com outros sistemas. Estes parâmetros de comparação podem ser estabelecidos pelos próprios funcionários da empresa, através de referências teóricas existentes na literatura ou pelo conhecimento do funcionamento de outros sistemas. Existem várias formas de coleta de dados, onde o analista deverá fazer a escolha de acordo com o ambiente em que a coleta de dados se dará. Apresentamos aquelas descritas em Wetherbe (1986, p. 103): 114 a) Entrevista: é o meio mais produtivo de obtenção de informações durante a coleta de dados. Trata-se de perguntar aos usuários sobre seus papéis e o uso que fazem do sistema de informação. Após a realização das entrevistas é recomendado que se faça a sua transcrição, anotando-se as idéias principais (Davis, 1987, p. 251). Esta técnica quando aplicada aos gerentes, apresenta algumas desvantagens. Para estes profissionais, tomar decisões é uma tarefa rotineira e tão frequente, que os mesmos ficam tentados a exprimir suas necessidades de informação de maneira rápida, ao invés de abordá-las de modo mais demorado, porém mais específico (Wetherbe, 1986, p. 105). Por outro lado, perguntar aos gerentes sobre quais informações os mesmos desejariam obter para a tomada de decisão, tende a encorajá-los a pedir mais informações do que precisam. Conforme pesquisa apontada por Wetherbe (1986, p. 105), os tomadores de decisão tendem a solicitar e se sentirem mais confiantes com informações mais detalhadas do que necessitam, embora pareçam tomar melhores decisões com informações resumidas. Ainda segundo este autor, quanto menor o conhecimento que os tomadores de decisão tem sobre as decisões necessárias para gerenciar um determinado processo, mais informações tendem a pedir, embora a maior parte das informações que requerem não são necessárias para a sua tomada de decisão. À medida que os gerentes relacionam suas necessidades de informações às decisões que têm de tomar, tem condições de melhor discriminar a- 115 quelas que lhes são úteis, reduzindo a tendência de se criar sobrecarga de informações para si próprios (Wetherbe, 1986, p. 105). b) Questionário: processo de coleta estruturado, onde são submetidas perguntas impressas aos usuários para obtenção de informações quanto aos seus papéis e o uso que fazem do sistema de informação. Esta técnica só é recomendada quando o responsável pelo andamento dos trabalhos tem conhecimento pleno do processo e necessita de algumas respostas para validação de hipóteses, que tenham sido estabelecidas no início do estudo (Bernardes, 1996, p. 38). c) Observação: técnica de coleta de dados que geralmente não é estruturada nem planejada e se baseia no bom senso do analista. Esta ferramenta procura obter informações que não puderam ser obtidas pelo pesquisador através da entrevista e coleta de dados. É uma técnica adequada aos tomadores de decisão em virtude das suas atividades apresentarem característica não estruturada. Tenciona obter o perfil dos mesmos, através da observação do seu ambiente de trabalho, do seu relacionamento com os demais funcionários e a forma como desempenham suas atividades. d) Análise de documentos: esta técnica possibilita um contato com as informações formais que estão circulando pela empresa. Desta forma o analista adquire um maior entendimento da importância da documentação para a empresa. 5 METODOLOGIA UTILIZADA PARA O ESTUDO DO SISTEMA DE INFORMAÇÃO 5.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS Ao se propor o estudo sobre o sistema de informação que respalda o gerenciamento existente num conjunto determinado de empresas, faz-se necessário definir o cenário sobre o qual se pretende atuar, pois como afirma Wetherbe (1986, p. 37), “para se estudar ou projetar um sistema, é importante definir que sistema se está considerando”. Nas empresas de construção, onde encontramos uma variedade de intervenientes atuantes, bem como diferentes formas de organização, de técnicas de execução e materiais empregados, a análise do seu sistema de informação torna-se extremamente complexa. Para auxiliar esta tarefa, surge a abordagem sistêmica, nos mostrando que não é possível alterar com eficiência uma grande rede de interações sem levarmos em conta os fenômenos sistêmicos no seu todo. Entretanto, ainda hoje, é difícil aplicar os conceitos de sistemas totalmente planejados de forma 117 118 integrada. Segundo Bio (1985, p. 152) essa dificuldade decorre principalmente do impacto deste sistema sobre a organização formal da empresa e também sobre o Sistema Social, além da própria dificuldade técnica de realizar tais estudos. Ainda segundo o autor, em virtude da ambigüidade que resulta da necessidade de se trabalhar o sistema como um todo e da dificuldade de projetar e implantar sistemas integrados é que são construídos modelos. Os modelos permitem uma visão de conjunto, bem como admitem a necessidade de revisão, quando necessária, a fim de facilitar a inclusão de mudanças ocorridas no sistema organizacional e no sistema informal (Bio, 1985, p. 152). Desta forma, foram feitas algumas considerações para se definir o cenário do objeto de estudo. A opção escolhida foi a de trabalhar com um menor número de empresas de construção, mas que nos dessem condições de contemplar todo o seu processo produtivo. Todas as empresas estudadas atuam em Juiz de Fora, uma cidade que possui aproximadamente 500 mil habitantes e está situada na região sudeste de Minas Gerais. Apesar de não haver estatísticas oficiais, conforme apontado por Hippert (1998), é grande o número de empresas que podem ser classificadas como de pequeno porte, seguindo os critérios adotados por Amorim (1993, p. 2) ou mesmo pelo SEBRAE (menos que 100 empregados). Estas empresas sofreram alguns impactos no seu mercado de atuação em decorrência da instalação na década de 80 de uma empresa de grande porte na cidade, bem como da recente instalação de uma indústria automotiva. Apesar de ainda ser difícil mensurar estas influências, nota-se uma maior preocupação por parte das empresas do setor com relação à sua 119 manutenção no mercado e, por conseguinte, vem sendo mais consideradas questões como competitividade e qualidade, confirmando as afirmações de Souza et al. (1995, p. 17). Uma melhor definição do seu sistema de informação poderá servir como um componente na busca destes objetivos. Conforme indicado no capítulo 4 e posteriormente no levantamento de campo, nas pequenas empresas convivem dois sistemas de informação: um formal, baseado em documentos escritos e outro informal, ocorrendo na maioria das vezes de forma verbal. O estudo do sistema de gerenciamento presente nestas pequenas empresas exigia um levantamento de campo que nos permitisse entender a forma como estes sistemas realmente ocorrem e interagem. Para isto, foi desenvolvida uma metodologia que privilegia a análise qualitativa dos fluxos de informação identificados no sistema gerencial das pequenas empresas. Em virtude das limitações de tempo e recursos e tendo em vista o âmbito de uma dissertação de mestrado, não se pretende criar um novo sistema de informação para as empresas de construção de pequeno porte, mas procurar indicar diretrizes para a modelagem de um sistema que melhor represente a sua forma de atuação. Este modelo foi proposto a partir dos levantamentos realizados em três empresas construtoras1, onde os sistemas de informação foram descritos através da ferramenta oriunda da análise de sistemas que julgamos mais adequada às características dos processos e das empresas em questão, o diagrama de fluxo de dados (DFD). Este diagrama, entretanto, representa apenas uma das fases da metodologia utilizada. 120 5.2 ETAPAS PREVISTAS NA METODOLOGIA Com base na bibliografia consultada, foram estabelecidos os critérios a serem seguidos na elaboração da metodologia a ser aplicada nas empresas de construção, visando uma abordagem prática. Esta metodologia deve fornecer um entendimento da caracterização do ambiente onde está inserida a empresa, de sua estrutura organizacional, de suas necessidades, de suas características, do conhecimento do seu processo de gerenciamento, bem como da avaliação dos sistemas existentes. Conforme Lima Jr. (1988, p. 45), sempre existirá um sistema gerencial e fica a cargo do profissional do gerenciamento detectar as falhas deste sistema. Estas estarão vinculadas à quantidade de informação manuseada para a decisão e à velocidade com que esta informação é obtida, manipulada e transmitida. A fim de que pudesse ser caracterizada a situação atual do sistema de informação das empresas, foi utilizada uma metodologia de identificação, análise e solução de problemas, fazendo uso de ferramentas adaptadas da análise de sistemas. Não é proposta uma nova metodologia de análise de sistema, tendo em vista o consenso existente entre os autores consultados2, com relação às etapas e ferramentas mais adequadas. Campos (1992, p. 208), com referência às ferramentas utilizadas em programas de qualidade, ressalta que de nada adianta conhecer as ferramentas se 1 O critério de seleção das empresas participantes da pesquisa encontram-se descritos no capítulo 6. 2 Bio (1985), Davis (1987), Gane e Sarson (1983), Martin e Maclure (1991) e Wetherbe (1986). 121 não se entende a seqüência lógica para sua utilização. Não são as ferramentas em si que solucionam os problemas, mas sim os métodos empregados, baseados em fatos e dados, com o objetivo de localizar a causa fundamental dos problemas. Considerando a melhoria dos sistemas de informação como uma das parcelas responsáveis pelas melhorias perseguidas nos sistemas de qualidade, esta afirmação é pertinente também nesta abordagem. Segundo Bio (1985, p. 144) uma metodologia não deve ser seguida de forma rígida, pois: “embora possa haver características universais, é preciso considerar que cada caso é um caso (empresas são diferentes, os estágios de evolução em sistemas são os mais variados etc.)”. Ainda segundo o autor, “quanto maior for o preparo do profissional no campo dos ‘porquês’, menor será a importância de uma metodologia totalmente predefinida”, para que esse profissional possa, talvez, até estabelecer um método próprio de trabalho para uma determinada situação (Bio, 1985, p. 144). Com base nestas premissas, a metodologia utilizada foi estruturada em quatro etapas, mostradas na figura 5.1 e descritas a seguir: • Diagnóstico: consistiu basicamente no conhecimento da atividade de gerenciamento desenvolvida pela empresa. Esta etapa permitiu uma maior interação entre o analista e a empresa, onde o mesmo identificou a maneira como se realiza determinado processo. Ela fez uso das seguintes técnicas de coleta de dados: entrevistas com os responsáveis pelo processo, aplicação de planilhas e observação. De posse destes dados, fez-se o desenho do diagrama de fluxo de dados (DFD) do processo de gerenciamento; 122 Diagnóstico Entrevista Planilha Observação DFD Estudo de caso Estudo Piloto Reformulação Aplicar às outras empresas Análise dos diagramas Proposta Fig. 5.1 - Etapas propostas na metodologia para estudo do sistema de informação • Estudo de Caso: de forma a consolidar o conhecimento do analista, o diagnóstico foi realizado primeiramente com a menor das três empresas, caracterizando o estudo piloto. Desta forma, foram identificadas as dificuldades de utilização do método de trabalho e proposta a sua reformulação para aplicação nas demais empresas. • Análise dos diagramas elaborados: neste item, foram agrupadas as informações coletadas das três empresas, com a identificação dos processos realizados em cada uma das entidades, como também a descrição das informações manuseadas pela empresa para a realização destes processos. A partir da comparação entre os fluxos identificados nas empresas, procurou-se definir aquele que fosse mais representativo para as mesmas e indicou-se a sua cadeia de trans- 123 missão. Para este fluxo foram apontadas uma série de recomendações quanto as informações necessárias para que as empresas tivessem uma melhor qualidade na execução dos seus processos. • Proposta de modelagem do fluxo de informação: com base nas considerações feitas no item anterior, indicaram-se as diretrizes para a modelagem do fluxo de informação, alterando os fluxos estudados das empresas. Um novo DFD é elaborado, juntamente com o seu respectivo dicionário de dados. Esta modelagem pode contribuir para uma melhoria do processo de gerenciamento, seja através da eliminação de duplicidades de informações, da simplificação ou encurtamento da cadeia, do estabelecimento de mecanismos de controle automatizados ou da descentralização da estrutura organizacional da empresa. 5.3 DIAGNÓSTICO Nesta fase, o levantamento e análise dos sistemas existentes tem como objetivo principal a compreensão do estado dos sistemas existentes na empresa. Deve-se procurar identificar os subsistemas, as suas funções, o fluxo geral, as principais características do processamento e os documentos utilizados. Esta é talvez a mais importante das etapas, pois permite a caracterização de maneira única do problema ou das oportunidades de melhoria onde se pretende atuar. Deve ser despendido um tempo adequado para esta atividade, visto que alterações neste momento serão menos custosas que aquelas realizadas 124 quando o desenvolvimento do sistema já estiver em andamento, às vezes até mesmo inviabilizando a sua conclusão. O diagnóstico é realizado através das técnicas de coleta de dados: entrevistas, aplicação das planilhas e observação. De posse destes dados, elaborase o diagrama de fluxo de dados. 5.3.1 Entrevista Para analisar um determinado processo, o analista precisa conhecer como o mesmo se desenvolve. É necessário a realização de uma série de entrevistas com os profissionais responsáveis pela realização das atividades inerentes a este processo. Esta pesquisa deve, inicialmente, ser realizada com os diretores ou gerentes, pois os mesmos possuem uma caracterização dos processos a nível macro e são capazes de indicar os demais profissionais responsáveis pela realização do processo em si. Esta etapa está dividida em duas fases. Na primeira é realizada uma entrevista estruturada3, com os diretores e gerentes da empresa obtendo-se a caracterização da mesma, com informações relativas ao volume construído nos últimos anos, número de funcionários e equipamentos de produção e de comunicação disponíveis. Esta forma de abordagem não é rígida, permitindo-se desvios ou comentários sobre determinados pontos; deve-se, porém, manter a linha mestra de investigação. Na segunda parte da entrevista são elaboradas algumas questões 125 visando identificar e relacionar os processos desenvolvidos pelos entrevistados e a forma como ocorre a comunicação na empresa. Após a caracterização do processo, com a identificação dos seus sub-processos, elabora-se uma lista de todas as funções desempenhadas para a consecução do processo em estudo juntamente com seus responsáveis. Considerou-se como início do processo o estudo da análise de viabilidade de lançamento de um empreendimento e como fim, a sua entrega aos clientes incluindo a etapa de manutenção. Não foi considerada a etapa de avaliação pós-ocupação em virtude da amplitude de uma pesquisa desta natureza, que necessita de levantamento de dados4 junto aos moradores em prazos bastante longos fugindo ao escopo do estudo proposto. Neste ponto, o analista consegue obter em linhas gerais, com base na sua percepção, a configuração do sistema presente na empresa, seus sub-sistemas e a interface entre os mesmos, localizando o processo de estudo dentro deste panorama. Na segunda fase, procede-se a uma nova série de entrevistas junto aos diretores e gerentes, bem como junto ao corpo técnico indicado pelos mesmos, a fim de que pudesse ser melhor caracterizada a existência dos sub-sistemas, como também a interligação entre os mesmos. Estas devem se apoiar em planilhas 3 A entrevista estruturada é baseada em questionários de modo a se obter informações bem definidas e menos intuitivas, baseadas nos registros da empresa. 4 Para descrição de APO ver ORNSTEIN, Sheila e ROMERO, Marcelo, Avaliação Pós-Ocupação do Ambiente Construído. São Paulo: Studio Nobel, EDUSP, 1992 e da mesma autora Ambiente Construído e Comportamento. São Paulo: Studio Nobel, FUPAM, 1995 e vários artigos no ENTAC e FAUUSP. 126 desenvolvidas para obtenção dos dados do DFD e estão melhor explicitadas no próximo item. 5.3.2 Planilha Ao analisar o sistema de informação nas empresas, conforme levantado na bibliografia (ver item 4.5.2) a melhor ferramenta que temos disponível para a sua representação gráfica é o diagrama de fluxo de dados. Constatamos também que estes dados devem ser coletados junto aos profissionais envolvidos, através de entrevistas e de análise de documentos, tais como: memorandos, procedimentos, formulários. Para ajudar na organização dos dados levantados, foi adaptada uma planilha desenvolvida por Amorim (1996), que facilita a obtenção dos dados e aponta o fluxo de informações entre as entidades envolvidas no processo, conforme apresentado na figura 5.2. Nesta planilha estão relacionados, para cada profissional, os dados referentes às trocas de informações: a) de quem recebeu (emitente) e para quem enviou (destinatário) a informação; b) a discriminação da informação recebida e enviada; c) o tipo de transmissão da informação: se verbal, documento, computadorizado (para as informações recebidas e emitidas); 127 d) o nome do documento e se for o caso, o código (para as informações recebidas e emitidas); e) a avaliação quanto à informação recebida (satisfatório, insuficiente ou difícil); Figura 5.2 - Planilha para pesquisa de Diagrama de Fluxo de Dados (DFD) Legenda: Tipo (T) Verbal Documento Computadorizado Avaliação (A) Satisfatório Insuficiente Difícil Funcionário: Setor: Cargo/Função: Responsável imediato: Dados Recebidos Emitente Discriminação Matrícula/código: Matrícula/código: Dados Emitidos Nome do T documento Código A Comentários Processo Discriminação Nome do T documento Código Destinatário 128 129 f) comentários sobre a informação recebida, que o entrevistado julgar importante; g) nome do processo a que está associada; A proposta é de que esta planilha seja preenchida pelo analista quando da entrevista do mesmo com os profissionais previamente determinados. A hipótese considerada é de que as pequenas empresas não possuem departamentos formais para a execução de algumas tarefas, sendo as mesmas realizadas pelos próprios proprietários. O preenchimento das planilhas de forma individual por parte dos mesmos poderia se tornar em um entrave para a participação da empresa na pesquisa, pois os mesmos manipulam uma grande quantidade de informações e, por conseguinte, tem pouco tempo disponível para o preenchimento destas planilhas. Além disto, tinha-se o pressuposto que o preenchimento das planilhas pelos próprios entrevistados ficaria incompleto já que os mesmos não se lembrariam de todas as informações que manipulam diariamente. O preenchimento das planilhas por parte do analista permite que o mesmo, ao fazer o cruzamento das informações coletadas junto aos diferentes profissionais, identifique as informações em falta na planilha de um determinado profissional e retorne ao mesmo para complementar o levantamento de dados. O período inicialmente estimado para a realização destas etapas foi de um mês para cada uma das empresas, através de uma visita semanal as mesmas, tendo sido depois alterado em virtude das dificuldades relatadas no estudo de caso apresentado. 130 Durante a realização das entrevistas devem ser analisados os documentos referentes ao estudo que forem disponibilizados pela empresa, a fim de melhor caracterizar as informações que estarão sendo coletadas. 5.3.3 Observação É utilizada para a coleta das informações não identificadas pelas duas primeiras ferramentas ou para confirmação daquelas já levantadas. As observações deverão ser realizadas no ambiente de trabalho, nos períodos de espera pelo entrevistado, de maneira a fornecer uma melhor percepção da quantidade de atividades desempenhadas, bem como do papel do entrevistado nos processos de tomada de decisão. Com base nas informações obtidas, sejam através das entrevistas, sejam pela coleta de dados através da aplicação das planilhas e, ainda, pelas observações realizadas, parte-se para a diagramação do DFD do processo que está sendo analisado. 5.3.4 Diagrama de Fluxo de Dados (DFD) À medida que as entrevistas forem realizadas, o analista deve proceder a elaboração de um esboço do diagrama de fluxo de dados do processo em análise, de forma a melhor caracterizá-lo. As dúvidas que porventura possam surgir deverão ser sanadas a cada nova entrevista, onde o esboço inicial deverá ser apre- 131 sentado e discutido junto aos funcionários, confrontando a percepção do analista com aquela que ocorre na prática. Isto se justifica, pois são os funcionários que possuem um melhor domínio da atividade que desenvolvem. Após a sua elaboração final, o analista deverá retornar à empresa para fazer uma verificação final junto aos profissionais envolvidos ao longo do processo. Tendo em vista o objetivo final pretendido neste trabalho, que é o de estabelecer um modelo conceitual para o fluxo de informações nas pequenas empresas, alguns parâmetros foram definidos para o desenho do DFD. A medida que as informações forem coletadas elas deverão ser agrupadas e cada grupo nomeado, procurando-se estabelecer um padrão para diminuir a quantidade de linhas que representam o fluxo de dados e não comprometer a visualização do processo em análise. Após o desenho dos DFD, os fluxos de dados deverão ser relacionados, montando-se os dicionário de dados (item 4.5.2) correspondentes. Neste caso, não serão mostradas as origens e os destinos, que serão identificados através da leitura do diagrama. 5.4 ESTUDO PILOTO A proposta inicial deste trabalho era analisar o sistema de informação em três empresas. A fim de que o método pudesse ser inicialmente testado, optouse por começar a sua utilização na menor das três empresas destacadas, de forma que as dificuldades ou deficiências do método pudessem ser examinadas e o mé- 132 todo aperfeiçoado para as aplicações posteriores. Além disso, esperava-se que o método fornecesse um conhecimento para o analista de forma gradativa, perpassando todas as entidades envolvidas no processo. 5.4.1 Caracterização da empresa do estudo piloto (Empresa “A”) A primeira etapa deste plano, realizada em junho de 97, foi baseada em uma série de entrevistas com os responsáveis pela empresa, para formar o entendimento do processo de gerenciamento desta empresa. Inicialmente, o analista expôs os seus objetivos e a metodologia a ser empregada no estudo em questão, de forma que o entrevistado se sentisse a vontade para responder às questões formuladas. As respostas foram organizadas e a partir daí foi obtida a caracterização da empresa, descrita a seguir. A empresa estudada é voltada para a construção de residências unifamiliares para classe média e alta e, em menor escala, para a execução de reformas. É nova no mercado, e está atuando há cerca de 3 anos, sendo a maioria das contratações realizadas no regime de administração. A empresa atua no centro urbano da cidade e trabalha normalmente com uma obra principal por vez, empregando em média 20 funcionários. A empresa é formada por dois profissionais, engenheiros civis, que possuem uma divisão de atribuições. O sócio 1 (técnico - administrativo) responde pelos aspectos administrativos da empresa, tais como a coordenação da contabilidade, do departamento pessoal, das compras administrativas. Fica a seu cargo 133 também a atividade comercial, configurada pela orçamentação, elaboração de propostas e documentação para concorrências. Além destas atividades, ele é o responsável pelas pequenas obras de reformas. O sócio 2 (técnico) assume a parte técnica e é o responsável pelas obras “principais” e pelas atividades inerentes às mesmas, tais como: compras, planejamento e controle. No nível inferior, temos o pessoal administrativo no escritório e os encarregados e operários nas obras. A empresa mantém um planejamento estratégico informal, onde as diretrizes são estabelecidas de forma a que a estrutura não necessite ser aumentada. Houve períodos de maior atividade que obrigaram a empresa a contratação de um engenheiro para uma obra específica, mas não é intenção dos sócios que esta situação se repita, pois pretendem manter as atividades nas suas mãos. A execução das tarefas é realizada na sua maioria por pessoal próprio, sendo sub-empreitados serviços tais como: instalações elétricas e hidráulicas, montagem de estrutura e cobertura metálica e esquadrias metálicas e de madeira. Entretanto, mesmo para os funcionários próprios da empresa, existe a contratação por medição de serviços, ou seja, a tarefa, onde o trabalho do operário é pago em função do que ele produz. 5.4.2 Descrição do estudo piloto 134 O prazo inicial previsto para a realização deste estudo foi de um mês. A partir das entrevistas realizadas determinou-se o sistema funcional que compõe o sistema gerencial da empresa, com a identificação das entidades presentes e levantaram-se os dados sobre a troca de informações entre estas entidades, através da aplicação da planilha. Nesta empresa, como as atividades de gerenciamento estão centradas nas mãos dos sócios, as planilhas foram aplicadas aos mesmos. Durante as entrevistas eram analisados os documentos apresentados pela empresa sobre a troca de informações como, por exemplo, as planilhas de orçamento, cronogramas, folha de ponto, etc. Eram, também, realizadas observações do ambiente de trabalho do entrevistado, nos momentos de espera pelo mesmo ou durante as interrupções que acabaram ocorrendo durante a realização das entrevistas, apesar do cuidado de se preparar os locais de reunião. Embora a entrevista tenha permitido um maior entendimento de como as atividades são desempenhadas, elas estavam sujeitas às disponibilidades de tempo do entrevistado. Apesar dos mesmos se mostrarem dispostos a responder às questões formuladas, não desejavam que as mesmas se estendessem, pois consideravam que estavam tendo diminuído o próprio tempo para a realização das suas devidas atribuições. O prazo de um mês não foi suficiente para o levantamento dos dados necessários para fechamento do processo. Na empresa do estudo piloto foram ainda realizadas outras visitas, posteriores ao levantamento de dados das outras duas empresas, durante o segundo semestre de 97, num total de cinco períodos de entrevistas. 135 Quanto à planilha utilizada, vimos que a mesma serviu como um roteiro a ser seguido. Entretanto, o seu preenchimento quando direcionado aos diretores e gerentes, se mostrou inoperante, pois os mesmos tinham maior facilidade para expressar o encaminhamento de uma informação da diretriz até o momento da ação propriamente. Como um mesmo profissional é responsável por vários processos, ele acompanhava a informação através destes processos, sem se prender somente a responder a um único processo de cada vez. Com relação a representação do fluxo de informação foi feita uma “adaptação” do conceito de DFD onde, ao invés de processos, indicaram-se pessoas. Esta representação permitiu um maior entendimento da sistemática de gerenciamento de projeto, uma vez que mostrou como ocorre a troca de informações entre as entidades identificadas na empresa. Como possue um número reduzido de funcionários para a realização dos sub-processos necessários, as entidades podem ser diretamente correlacionadas aos funcionários. Os fluxos foram analisados a partir das pessoas e na etapa posterior, sugeriu-se a modelagem do fluxo, considerando-se então o conceito original do DFD, com processos, fluxos de informação, entidades e depósitos de dados. Como conclusão, o estudo piloto se mostrou capaz de diagnosticar a situação da empresa, baseado na percepção que os entrevistados possuem da realização do processo em estudo. Tendo em vista o porte das empresas, onde a maioria das decisões são tomadas pelos próprios proprietários da empresa, este tipo de estudo deve se basear nestes profissionais. 136 5.5 REFORMULAÇÃO DA METODOLOGIA PROPOSTA Após a realização do estudo piloto, algumas considerações precisam ser feitas para que se obtenha um maior rendimento na aplicação da pesquisa nas próximas empresas. Estas dizem respeito, basicamente, a preparação das entrevistas e ao tempo necessário para a coleta de dados. Como se supunha, nas pequenas empresas, existe um acúmulo de funções que devem ser desempenhadas pelos tomadores de decisão, que na maioria dos casos são os próprios donos das empresas. Apesar dos dirigentes das empresas selecionadas se mostrarem dispostos a participar de pesquisas desta natureza, muitas vezes não compreendem o objetivo e vantagens de trabalhos desta natureza, que exigem uma maior disponibilidade de tempo do analista para conseguir o agendamento das entrevistas. Para as demais empresas foi dispendido um tempo maior na realização da primeira entrevista, de modo a buscar um maior comprometimento dos dirigentes na realização deste trabalho. Para a coleta de dados através da aplicação da planilha foi estimado um prazo de dois meses com uma visita semanal a cada empresa, sendo o esboço do DFD analisado junto com o entrevistado, para esclarecimento das dúvidas que porventura fossem surgindo ao longo do desenvolvimento deste estudo. 6 ESTUDO DE CASO E ANÁLISE DOS DADOS O levantamento de dados foi realizado em três empresas construtoras atuantes na cidade em obras de edificações habitacionais. Foram selecionadas empresas que, além das características técnicas apresentadas, se mostraram dispostas a fornecer os dados almejados, permitindo o contato do analista com os vários níveis hierárquicos da empresa. Apesar de pequeno, o número de empresas analisadas, que representa em torno de 5% do total das empresas da região, compõe um panorama significativo, tendo em vista o levantamento realizado por Hippert (1998). Segundo a autora, as estruturas organizacionais das empresas da região se apresentam com pequenas variações, sendo a maioria delas gerenciadas pelos próprios sócios proprietários, com uma distribuição de atribuições entre os mesmos. Além disto, foram identificadas algumas simplificações com relação às entidades presentes no processo. No levantamento realizado nas três empresas verificou-se que as mesmas não realizam a contabilidade, sendo esta repassada a um escritório de terceiros. O setor de contabilidade indicado no diagrama, representa apenas a função de organização da documentação que deve ser enviada para o contador tercerizado. Ainda com relação aos intervenientes atuantes no proces136 137 so, verificou-se que as empresas contam como uma assessoria jurídica também sub-contratada, sendo os demais intervenientes analisados individualmente na medida em que as empresas forem sendo apresentadas. Desta forma, as conclusões obtidas servem como referência para um maior entendimento do processo construtivo e, posteriormente, para a estruturação de um sistema de informação mais adaptado às características do setor. 6.1 EMPRESA “A” Para a empresa “A”, objeto do estudo piloto, após a realização das demais entrevistas, foi elaborado o seu diagrama de fluxo de dados que está mostrado na figura 6.1, considerando as adaptações utilizadas para a representação deste diagrama já discutidas no item 5.4. O dicionário de dados respectivo está no quadro 6.1. O processo de produção, referente as atividades desenvolvidas no canteiro de obras foi explodido e está representado na figura 6.2, com o seu dicionário de dados mostrado no quadro 6.2. A identificação dos processos internos as entidades apresentadas, bem como as informações utilizadas pelas mesmas para a realização destes processos foram agrupadas junto com as informações obtidas das demais empresas e estão apresentadas nos quadros 6.7 a 6.15 a seguir. 138 Cliente Cons.Jurídico Solicitação de orçamento Pagamentos Proposta Contrato Projetista Causas Trabalhistas Projetos Metas de produção Taxa de BDI Projetos Diretoria Projetos/Comp Metas de Produção Planilha de custo Proposta/Contrato Disponibilidade financeira Andamento da Obra Cotações/Certidões Projetos Aprovados Sec/Recep Solic. Serviços Corresp./Relat. Solic. cotações Projetos + certidões Mensageiro Ger. Técnica Ger.Adm/Fin. Planilha de Custo/Cronogramas Projetos aprovados Relatório Consolidado Receb. Programação trab. Projetos executivos Planilha de custo Andamento Obra Produção Solicitação de materiais Notas fiscais Contador Cheques Prog.pag. Cópias Cheques Suprimento lançamentos Notas Fiscais Conf. Ctas. a Pagar Contabilidade Folha de Med. Folha pag. Contra-cheques/recibos Comunicação contratação Solicitação pessoal atendida Cartão de ponto novatos Pagamentos efetuados Folha pag. Folha Med. D. Pessoal Folha pag. Folha Med. Cartões Ponto Conferidos Medições Autorizadas Encaminh. p/ Contratação Solic. Pessoal Contra-cheques/recibos assinados Figura 6.1 - Diagrama de fluxo de dados do Estudo Piloto (Empresa A) 139 Quadro 6.1 - Dicionário de Dados da Empresa A - Estudo Piloto da figura 6.1 Informação Andamento da obra Cartões de ponto conferidos Cartão de ponto novatos Causas trabalhistas Cheques Certidões Comunicação contratação Contra-cheques/recibos C.cheques/recibos assinados Contrato Cópias cheques Correspondência/Relatórios Cotações Cronograma Disponibilidade financeira Encaminham. p/ contratação Folha med. Folha pag. Lançamentos Medições autorizadas Metas de produção Notas fiscais Notas fiscais conferidas Pagamentos Pagamentos efetuados Planilha de custo Proposta Prog. pag. Programação trab. Projetos Projetos/Comp. Projetos aprovados Projetos executivos Recebimentos Relatório consolidado Solic. cotações Solicitação serviços Solicitação de orçamento Solicitação de materiais Solicitação pessoal Solicitação pessoal atendida Taxa de BDI Descrição da Informação Informações verbais sobre o andamento físico da obra. Cartões de ponto já assinados e conferidos pelo encarregado. Cartões enviados às obras após contratação. Representação da empresa junto a estas causas. Pagamentos das notas fiscais, medições e folha de pessoal. Documentos para aprovação e licença em órgãos públicos. Informe verbal sobre a contratação de pessoal. Pagamentos dos operários e sub-empreiteiros. Recibos dos pagamentos de mão-de-obra efetuados. Documento do acordo para execução do empreendimentos. Acompanham os cheques que vão para colher assinaturas. Documentos enviados aos clientes da obra em execução. Cotações de materiais para orçamento e aquisição. Programação de execução da obra, quando ela é acordada. Disponibilidade financeira da empresa em função dos recebimentos dos clientes e desembolsos na obra. Encaminhamento dos operários selecionados pelo encarregado. Total da despesa a ser efetuada com a mão-de-obra terceiros. Total da despesa a ser efetuada com a mão-de-obra própria. Relação dos pagamentos efetuados para lançamento contábil. Medições dos serviços de terceiros autorizadas pelo engenheiro. Metas com relação à prazo, qualidade e custo. Notas fiscais dos materiais recebidos na obra e carimbadas. Notas fiscais dos materiais, conferidas com o pedido feito. Pagamentos efetuados pelo cliente. Relação dos pagamentos efetuados para lançamento contábil. Planilha de custo, com qte. e custo de materiais orçados. Proposta para execução do empreendimento. Programação dos pagamentos a serem efetuados na semana. Prog.das datas marcos, alteradas conf. Disponibilidade financeira Projetos recebidos projetistas: arquitetura e complementares. Projetos complementares recebidos dos projetistas. Projeto arquitetônico aprovado com alvará para construção. Projetos arquitetônico aprovado e complementares. Lançamentos dos recebimentos de clientes na contabilidade. Relatórios contábeis consolidados por obra e para a empresa. Cotações de material para orçamento e aquisição. Serviços de rua (banco, xerox, pagamentos, material consumo). Solicitação de orçamento para execução do empreendimento. Materiais para o próximo dia ou semana, conforme prog. serviço. Gestão de pessoal: férias, guias para exames, demissão, etc. Atendimento às solicitações de gestão de pessoal. Taxa de Benefícios e custos indiretos para aplicar à obra. 140 Ger. Técnica Cartões de ponto conferidos Medições Autorizadas Encaminhamento p/ contratação Solicitação pessoal Contra-cheques/recibos assinados Programação trab. Projetos executivos Planilha de custo Suprimento D. Pessoal Contra-cheques/recibos Cartão de ponto novatos Comunicação contratação Solicitação pessoal atendida Andamento Obra Engenheiro Solicitação de materiais Notas fiscais Projetos executivos Programação serviço Comunicação contratação Cartão de ponto novatos Autorização p/ contratação Solicitação pessoal atendida Solicitação de mão-de-obra Solicitação de materiais Cartões de ponto conferidos Notas fiscais Medição dos serviços Andamento da Obra Encaminhamento p/ contratação Solicitação pessoal contra-cheques recibos Encarregado Negociação Serviços Ordens de Serviço Cartão de ponto novatos Distribuição material/ferramenta Café da manhã Solicitação pessoal atendida Cartão de ponto assinado Solicitação material/ferramenta Solicitação pessoal Operários Figura 6.2 - Diagrama de fluxo de dados do Estudo Piloto (Empresa A) - Explodido Produção 141 Quadro 6.2 - Dicionário de Dados da Empresa A - Estudo Piloto (Explodido) da figura 6.2 Informação Andamento da obra Autorização p/ contratação Café da manhã Cartões de ponto assinados Cartão de ponto novatos Cartões de ponto conferidos Comunicação contratação Contra-cheques/recibos C.cheques/recibos assinados Distribuição de mat./ferram. Encaminh. p/ contratação Medição dos serviços Medições autorizadas Negociação serviços Notas fiscais Ordens de serviço Planilha de custo Programação serviço Programação trab. Projetos executivos Solicitação de materiais Solicitação material/ferram. Solicitação pessoal Solicitação pessoal atendida Solicitação de mão-de-obra Descrição da Informação Informações verbais sobre o andamento físico da obra. Autorização para o encarregado proceder a seleção de pessoal. Distribuição do café da manhã para os operários. Controle das horas para pagamento. Cartões enviados às obras após contratação. Cartões de ponto já assinados e conferidos pelo encarregado. Informe verbal sobre a contratação de pessoal. Pagamentos dos operários e sub-empreiteiros. Recibos dos pagamentos de mão-de-obra efetuados. Materiais e ferramentas guardados no "almoxarifado" da obra. Encaminhamento dos operários selecionados pelo encarregado. Medição dos serviços executados por sub-empreiteiros. Medições dos serviços de terceiros autorizadas pelo engenheiro Acerto com os operários das tarefas a serem executadas. Notas fiscais dos materiais recebidos na obra e carimbadas. Após a negociação, definição dos serviços a serem executados. Planilha de custo, com qte. e custo de materiais orçados. Programação do serviço para uma semana, às vezes diário. Prog. das datas marcos, alteradas conf. Disponibilidade finan. Projeto arquitetônico aprovado e complementares. Materiais para o próximo dia ou semana, conforme prog. serviço. Solic. material/ferram. existente na obra para consumo no dia. Gestão de pessoal: férias, guias p/ exames, demissão, etc. Atendimento às solicitações de gestão de pessoal. Pessoal necessário para cumprir metas programadas. 6.2 EMPRESA “B” Nesta empresa foram agendados um maior número de entrevistas, que se iniciaram no mês de agosto de 1997. Elas se estenderam ao longo do segundo semestre do mesmo ano, tendo ainda algumas visitas quando do encerramento do presente estudo em meados de 1998, num total de seis períodos de entrevistas. 142 6.2.1 Caracterização da empresa “B” A empresa B é formada por três sócios, atuante no mercado há aproximadamente 18 anos, trabalhando essencialmente com edifícios residenciais multifamiliares localizados no centro urbano da cidade, para as classe média ou alta. Possui em torno de 40 funcionários, com uma média de produção anual em torno dos 3000 m2, onde as tarefas gerenciais ficam divididas entre os sócios. O processo construtivo que vem sendo utilizado é o tradicional, com estruturas em concreto armado, alvenaria de vedação e revestimentos argamassados. Dois dos sócios são engenheiros e assumem a parte técnica, enquanto o terceiro, administrador de empresas, a parte administrativa e financeira. Desta forma, na parte técnica estão atribuídas as funções relativas aos projetos, obras, suprimento e planejamento e controle (tanto no nível tático, definindo um determinado empreendimento, quanto no operacional, definindo estratégias de serviços). Na parte administrativa temos o departamento pessoal, contabilidade e a comercial (contratos e divulgação dos empreendimentos e empresas). Em nível inferior, identificamos no escritório três profissionais administrativos e, nas obras, os encarregados e operários. A empresa tem uma presença marcante em determinados bairros vizinhos, onde concentra a sua atuação, sendo a localização dos empreendimentos 143 um elemento facilitador para o gerenciamento, em virtude da redução das distâncias entre o escritório e a obra e mesmo entre as obras. A empresa trabalha normalmente com pessoal próprio, sendo subempreitados os serviços mais específicos, tais como montagem de estrutura metálica, esquadrias metálicas e de madeira e forro de gesso. Ainda com relação a mão-de-obra, somente dois operários não são alfabetizados, mas apenas um possui formação SENAI. A empresa oferece como benefícios o café da manhã, vale transporte, assistência médica e odontológica e cursos de treinamento para segurança do trabalho, envolvendo a CIPA, ministrados pelo SESI. Segundo um dos entrevistado a rotatividade é grande para os serventes, que permanecem na obra normalmente pelo prazo de 2 a 3 meses. Já para os oficiais esta rotatividade é bem menor, dado assumido empiricamente uma vez que a empresa não dispõe de levantamentos neste sentido. 6.2.2 Diagrama de fluxo de dados (DFD) Como destacado anteriormente, apesar da existência de várias funções na empresa, elas são desempenhadas pelos próprios sócios e, portanto, as planilhas foram aplicadas aos mesmos, com o intuito de identificar o sistema gerencial existente na empresa. Os diagramas de dados estão representados nas figuras 6.3 e 6.4, com os respectivos dicionários de dados nos quadros 6.3 e 6.4. 144 Projetista Consultor Jurídico Especificações básicas Solicitação Projetos Projetos Planilha de custo Contrato Diretoria Projetos Metas de Produção Taxa BDI Alterações de contratos Sec/Recep Solic. Serviços Relatório Correspondência Cotações Relatórios Cotações Relatório consolidado obra Ger.Adm/Fin. Relatório Consolidado lançamentos Programação trab. Projetos Analisados Planilha de custo Autorização contrat. Pag. Disponibilidade Financeira Planilha de Venda/Cronogramas Ger. Técnica Cliente Solic. cotações Rascunho Proposta/Rel Solic. cotações Contador Produção Contabilidade Prog. pag. Cópias Cheques Pagamentos efetuados Suprimento Solicitação materiais Notas Fiscais Envelopes Recibos Cartão Ponto Medições Autorizadas Autorização Contratação Solic. alteração de projeto Contrato Mensageiro Andamento Obra Índices Solicitação Pessoal Especificações Contratos Causas Trabalhistas Folha pag. Medições Cheques Notas Fiscais Conf. Ctas. a Pagar Pedido de vale Recibos M.Obra Assinados Envelopes Recibos/Vales Folha de Medição Inf. vales Cartão de ponto novatos Comunicação contratação RAIS Folha pag. Medições D. Pessoal Figura 6.3 - Diagrama de fluxo de dados da Empresa B 145 Quadro 6.3 - Dicionário de Dados da Empresa B da figura 6.3 Informação Andamento da obra Alterações de projetos Autorização p/ contratação Cartões de ponto conferidos Cartão de ponto novatos Causas trabalhistas Cheques Comunicação contratação Contra-cheques/recibos C.cheques/recibos assinados Contrato Cópias cheques Correspondência/Relatórios Cotações Cronograma Disponibilidade financeira Encaminham. p/ contratação Especificações básicas Especificações contratos Folha med. Folha pag. Índices Inf. Vales Lançamentos Medições autorizadas Metas de produção Notas fiscais Notas fiscais conferidas Pag. Pagamentos efetuados Pedido de vale Planilha de custo Planilha de venda Proposta Prog. pag. Programação trab. Projetos Projetos analisados Relatório consolidado ou obra Solic. alteração de projeto Solic. cotações Solicitação pessoal Solicitação pessoal atendida Solicitação Projetos Solicitação serviços Solicitação de materiais Solicitação de mão-de-obra Taxa de BDI Descrição da Informação Informações verbais sobre o andamento físico da obra. Alterações nos projetos depois do preço aprovado pelo cliente. Da gerência, após ver disponibilidade da empresa. Controle das horas para pagamento. Cartões enviados às obras após contratação. Representação da empresa junto a estas causas. Pagamentos das notas fiscais, medições e folha de pessoal. Informe verbal sobre a contratação de pessoal. Pagamento dos operários e sub-empreiteiros. Recibos dos pagamentos de mão-de-obra efetuados. Documento do acordo de compra e venda do imóvel. Acompanham os cheques que vão para colher assinaturas. Documentos enviados aos clientes da obra em execução. Devolve cotações de materiais de consumo e para orçamentos. Programação de execução da obra, quando ela é iniciada. Disponibilidade financeira da empresa em função dos recebimento dos clientes e desembolsos da obra Encaminhamento dos operários selecionados pelo encarregado. Metas adotadas para a execução dos projetos. Dados para elaboração do contrato. Total da despesa a ser efetuada com a mão-de-obra terceiros. Total da despesa a ser efetuada com a mão-de-obra própria. Índices de medições de tarefas para alimentar futuros orçamentos Informação sobre vales feitos aos operários. Relação dos pagamentos efetuados para o contador. Medições dos serviços executados por terceiros e autorizadas. Metas com relação à prazo, qualidade e custo. Notas fiscais dos materiais recebidos na obra. Notas fiscais dos materiais, conferidas com o pedido feito. Pagamento realizado pelos clientes. Relação dos pagamentos efetuados. Pedido de vale feito pelos operários. Planilha de custo da obra orçada. Planilha de venda da obra orçada incluindo o BDI. Proposta de venda ou p/ cobrir custos de alterações de projeto. Programação dos pagamentos a serem efetuados na semana. Prog. das datas marcos, alteradas conf. Disponibilidade financeira Projetos executivos recebidos dos projetistas arq. e complem. Projetos executivos analisados verificando interferências. Relatórios contábeis por obra e para a empresa. Alterações principalamente na cozinha e rebaixamento teto. Cotações para material de consumo e orçamento. Gestão de pessoal: férias, guias para exame, demissões, etc. Atendimento às solicitações de gestão de pessoal. Incialmente arquitetônico e de posse deste os demais. Serviços de banco, cópias, pagamentos, etc. na rua. Materiais a serem consumidos na próxima semana. Pessoal necessário para cumprir metas programadas. Taxa de Benefícios e custos indiretos para aplicar à obra. 146 Ger. Técnica Programação trab. Projetos Analisados Planilha de custo Autorização p/ contratação Suprimento D. Pessoal Solicitação pessoal Cartões de ponto conferidos Medições Autorizadas Encaminhamento p/ contratação Contra-cheques/recibos assinados Andamento Obra Índices Solicitação de mão-de-obra medições autorizadas Contra-cheques/recibos Cartão de ponto novatos Comunicação contratação Solicitação pessoal atendida Ctas. a Pagar Pedido de vale Engenheiro Solicitação de materiais Notas fiscais Projetos analisados Programação serviço Comunicação contratação Cartão de ponto novatos Autorização p/ contratação Solicitação de mão-de-obra Solicitação de materiais Cartões de ponto conferidos Notas fiscais Medição dos serviços Andamento da Obra Pedido de vale Encaminhamento p/ contratação contra-cheques/ recibos Encarregado Negociação Serviços Ordens de Serviço Cartão de ponto novatos Distribuição material/ferramenta Café da manhã Cartão de ponto assinado Solicitação material/ferramenta Pedido de vale Operários Figura 6.4 - Diagrama de fluxo de dados da Empresa B (Explodido Produção) 147 Quadro 6.4 - Dicionário de Dados da Empresa B (Explodido) da figura 6.4 Informação Andamento da obra Autorização p/ contratação Café da manhã Cartão de ponto assinados Cartão de ponto novatos Cartões de ponto conferidos Comunicação contratação Contra-cheques/recibos C.cheques/recibos assinados Distribuição de mat./ferram. Encaminh. p/ contratação Índices Medição dos serviços Medições autorizadas Negociação serviços Notas fiscais Ordens de serviço Pedido de vale Planilha de custo Programação serviço Programação trab. Projetos analisados Solicitação pessoal Solicitação pessoal atendida Solicitação materiais Solicitação material/ferram. Solicitação de mão-de-obra Descrição da Informação Informações verbais sobre o andamento físico da obra. Da gerência, após ver disponibilidade da empresa. Distribuição do café da manhã para os operários. Cartões assinados pelos operacionais. Cartões enviados às obras após contratação. Controle das horas para pagamento. Informe verbal sobre a contratação de pessoal. Pagamentos dos operários e sub-empreiteiros. Recibos dos pagamentos de mão-de-obra efetuados. Distribuição dos materiais e ferramentas para os operários. Encaminhamento dos operários selecionados pelo encarregado. Índices de medição de tarefas para alimentar futuros orçamentos Medição dos serviços executados por subempreiteiros. Medições dos serviços executados por terceiros e autorizados. Acerto com os operários das tarefas a serem executadas. Notas fiscais dos materiais recebidos na obra. Após a negociação, definição dos serviços a serem executados. Pedido de vale feito pelos operários. Planilha de custo da obra orçada. Programação do serviço num horizonte de uma semana. Programação das datas marcos, alteradas conf. dispon. finan. Projetos executivos analisados verificando interferências. Gestão de pessoal: férias, guias para exames, demissão, etc. Atendimento às solicitações de gestão de pessoal. Materiais a serem consumidos na próxima semana. Materiais e ferramentas guardados num "almoxarifado" na obra. Pessoal necessário para cumprir metas programadas. 6.3 EMPRESA “C” A medida que os levantamentos foram realizados o analista adquiriu uma maior carga de informações sobre o sistema gerencial de uma empresa de construção e por isso esta empresa, a maior das três, foi escolhida para ser analisada por último. As entrevistas iniciaram-se no mês de outubro de 1997, prosseguindose do final deste ano até o início de 1998, tendo ainda algumas visitas em meados de 1998 quando da conclusão deste estudo, completando um total de oito períodos. 148 Como as entrevistas iniciaram-se no final do ano, elas sofreram uma série de interrupções. Neste período a empresa recebe um fluxo maior de clientes na sua sede, que a procuram para realizarem os pagamentos das parcelas intermediárias dos contratos. Assim, os entrevistados eram requisitados para esclarecimentos, negociação de pagamentos, etc. 6.3.1 Caracterização da empresa “C” A empresa C está atuando no mercado a cerca de 20 anos. Faz parte de um grupo de cinco empresas, sendo ela a que primeiro surgiu. Ela está voltada para o mercado de incorporação, com edifícios residenciais de múltiplos andares voltados para a classe média/baixa, com uma média anual de produção de 8000 m2. A empresa é formada por dois sócios, engenheiros civis e tem cerca de 130 funcionários. Destes, dois são profissionais de nível superior atuando nas áreas de projeto de estrutura e de instalações. Apesar de não atender ao critério de pequena empresa (ter menos que 100 empregados ou produção inferior a 3000 m2), ela foi escolhida por concentrar todas as atividades de gerenciamento nas mãos dos proprietários. Desta forma, contemplamos todas as entidades presentes numa empresa que desenvolve um empreendimento, seja por meio de empreitada de serviços, ou por administração ou, ainda, por incorporação. Cobriu-se assim um grande número de opções de tratamento das informações. 149 Um dos sócios responde pela definição dos projetos arquitetônicos e pela área comercial com os contatos com os clientes e divulgação da imagem da empresa. O outro sócio assume a parte de obra, os contatos com cliente que solicitam alterações e o acompanhamento dos corretores que executam as vendas. No nível imediatamente abaixo identificamos o departamento técnico, responsável pelos projetos de estrutura e instalações, contando com uma assessoria externa de um calculista para situações não convencionais (contenções, por exemplo). A seguir temos o departamento pessoal, contabilidade e compras que funcionam com a supervisão dos dois sócios. No escritório temos ainda os funcionários administrativos e os estagiários. Na obra existem três profissionais, chamados de “administrativos”, que correspondem ao encarregados, e atendem a todas as obras da empresa. Em algumas obras, dependendo do estágio em que se encontra, existem os que são chamados de “gerentes de obra”, que são operários que, apesar de não serem encarregados, são designados para responder pela obra. Com relação à mão-de-obra, a empresa trabalha com pessoal próprio, sendo tercerizados os serviços como: instalações elétricas (ex-funcionários), pintura, sinteco, esquadrias de alumínio, serralheria, porteiro eletrônico. Segundo um dos entrevistados é baixo o índice de rotatividade (baseado na sua percepção, uma vez que a empresa não aponta estes indicadores), existindo funcionários com mais de 10 anos de casa. A rotatividade é maior nos ajudantes e novatos, pois ainda segundo aquele entrevistado, estes ainda não incorporaram à filosofia da empresa. Os operários são avaliados trimestralmente pelo engenheiro, que usa de sua percepção para pontuar em uma planilha aspectos de produtividade, de compreensão do 150 trabalho, de colaboração e de evolução profissional, servindo de parâmetro para futuras gratificações e promoções. Na área administrativa, a partir de um determinado tempo de casa, todos os funcionários têm participação nos lucros. Para estes, existe uma avaliação bimestral, sendo que os próprios sócios são também avaliados. Como benefícios a empresa oferece o café da manhã, almoço e o café da tarde e convênio médico. Está em fase de estudo um programa de auxílio à moradia, onde os funcionários (que atendem a alguns requisitos, como tempo de casa) teriam os terrenos subsidiados. Nas obras são realizadas algumas reuniões em caráter periódico. Nestas reuniões, que servem para questionar o desenvolvimento da obra, a presença é obrigatória. A seguir é oferecido um churrasco gratuito para os funcionários. 6.3.2 Diagrama de fluxo de dados (DFD) Nesta empresa, as atividades de gerenciamento são também desempenhadas pelos próprios sócios, representados nas entidades presentes no diagrama. Após o levantamento dos dados, os DFD’s estão representados nas figuras 6.7 e 6.8, com os respectivos dicionários de dados nos quadros 6.7 e 6.8. 151 Consultor Estrutura Projetista Outros Projetista Arq./Estr. Projetos Especificações Contratos Causas Trabalhistas Especificações básicas Contrato Diretoria Projetos Metas de Produção Alterações de contratos Solic. alteração de projeto Sec/Recep Solic. Serviços Cotações Relatórios Cotações Planilha de Venda/Cronogramas Relatório consolidado obra Andamento Obra Programação trab. Solicitação de Projetos Analisados mão-de-obra Autorização contrat. Pag. Disponibilidade Financeira Solic. cotações Rascunho Proposta/Rel Solic. cotações Ger. Técnica Cliente Relatório Correspondência Contrato Mensageiro Ger.Adm/Fin. Relatório Consolidado lançamentos Contador Contabilidade Prog. pag. Cópias Cheques Pagamentos efetuados Produção Suprimento Solicitação materiais Notas Fiscais Ponto Assinado Medições Autorizadas Encaminh. p/ Contratação Solicitação Recursos Consultor Jurídico Projeto Arquitetônico Solicitação Projetos Projetos Envelopes Recibos Notas Fiscais Conf. Folha pag. Medições Cheques Ctas. a Pagar Recibos Assinados Envelopes Recibos/Vales Folha de Medição Solicitação pessoal atendida Recursos atendidos D. Pessoal Figura 6.5 - Diagrama de fluxo de dados da Empresa C Folha pag. Medições 152 Quadro 6.5 - Dicionário de Dados da Empresa C da figura 6.5 Informação Acompanhamento premiação Andamento da obra Alterações de projetos Autorização contratação Causas trabalhistas Cheques Contra-cheques/recibos C.cheques/recibos assinados Contrato Cópias cheques Correspondência Cronograma Custo alterações projeto Disponibilidade financeira Descrição da Informação Acompanhamento dos corretores em vendas para premiação. Informações verbais sobre o andamento físico da obra. Alterações nos projetos depois do preço aprovado pelo cliente. Da gerência, após ver disponibilidade da empresa. Representação da empresa junto a estas causas. Pagamentos das notas fiscais, medições e folha de pessoal. Pagamento dos operários e sub-empreiteiros. Recibos dos pagamentos de mão-de-obra efetuados. Documento do acordo de compra e venda do imóvel. Acompanham os cheques que vão para colher assinaturas. Documentos enviados aos clientes da obra em execução. Programação de execução geral das obras. Custo para cobrir alterações de projeto. Disponibilidade financeira da empresa em função dos recebimentos dos clientes e desembolsos da obra. Encaminham. p/ contratação Especificações básicas Especificações contratos Folha med. Folha pag. Folha de ponto dos novatos Lançamentos Medições autorizadas Metas de produção Notas fiscais Notas fiscais conferidas Pag. Pagamentos efetuados Planilha de venda Ponto conferido Proposta Prog. pag. Programação trab. Projetos Projetos analisados Recursos atendidos Relatório consolidado ou obra Solic. alteração de projeto Solic. pessoal e de recursos Solicitação pessoal atendida Solicitação projetos Solicitação serviços Solicitação de materiais Solicitação de mão-de-obra Vendas Encaminhamento dos operários selecionados pelo encarregado. Metas adotadas para a execução dos projetos. Dados para elaboração do contrato. Total da despesa a ser efetuada com a mão-de-obra terceiros. Total da despesa a ser efetuada com a mão-de-obra própria. Cartões enviados às obras após contratação. Relação dos pagamentos efetuados enviada para o contador. Medições dos serviços executados por terceiros e autorizadas. Metas com relação à prazo, qualidade e custo. Notas fiscais dos materiais recebidos na obra. Notas fiscais dos materiais, conferidos com o pedido feito. Pagamento realizado pelos clientes. Pagamentos efetuados a serem organizados para contabilidade. Planilha de venda da obra para anexar ao contrato do cliente. Controle das horas para pagamento. Proposta de venda ou p/ cobrir custos de alterações de projeto. Programação dos pagamentos a serem efetuados na semana. Programação das datas marcos, alteradas conf. dispon. finan. Projetos executivos recebidos dos projetistas arq. e complem. Projetos executivos analisados verificando interferências. Empréstimos concedidos. Relatórios contábeis por obra e para a empresa. Alterações solicitadas pelo cliente. Gestão de pessoal: férias, guias para exame e empréstimos. Atendimento às solicitações de gestão de pessoal. Incialmente arquitetônico e de posse deste os demais. Serviços de banco, cópias, pagamentos, etc. na rua. Materiais descritos p/ compras conf. programação serviço. Pessoal necessário para cumprir metas programadas. Planilha de acompanhamento das vendas realizadas. 153 Ger. Técnica D. Pessoal Solic.m.obra Andamento Obra Ponto Conferido Encaminhamento p/contratação Solicitação materiais Notas fiscais Medições Autorizadas Engenheiro Suprimento Solicitação materiais hidráulicos/ Solicitação manutenção materiais peq. valor Notas fiscais Notas fiscais Administrativo Solicitação mão-de-obra Autorização p/ contratação Andamento da obra Solicitação m.obra/materiais Medições Notas fiscais Programação serv. Projetos analisados Administrativo Ponto p/50 Transporte Café da manhã Solicitação de materiais peq. valor Ponto Assinado Programação trab. Projetos Analisados Autorização contratação Administrativo Ponto p/ 40 Negociação de serviços Ordens de serviço Ponto Assinado Solic. mat. hid. e manut. Ponto p/ 30 Negociação de serviços Ordens de serviço Solicitação pessoal atendida Solicitação pessoal Ponto Assinado Solicitação de materiais Solicitação pessoal Operários Contra-cheques/recibos Recursos atendidos Contra-cheques/recibos assinados Solicitação recursos D. Pessoal Solicitação pessoal atendida Folha de ponto novatos Figura 6.6 - Diagrama de fluxo de dados da Empresa C (Explodido Produção) 154 Quadro 6.6 - Dicionário de Dados da Empresa C (Explodido) da figura 6.6 Informação Andamento da obra Autorização contratação Café da manhã Contra-cheques/recibos C.cheques/recibos assinados Encaminham. p/ contratação Folha de ponto dos novatos Medições Medições autorizadas Negociação de serviços Notas fiscais Ordens de serviço Ponto assinado Ponto conferido Programação serv. Programação trab. Projetos analisados Recursos atendidos Solic. pessoal e de recursos Solicitação pessoal atendida Solicitação de materiais Solicitação de mão-de-obra Transporte Descrição da Informação Informações verbais sobre o andamento físico da obra. Da gerência, após ver disponibilidade da empresa. Fornecimento de café aos operários. Pagamento dos operários e sub-empreiteiros. Recibos dos pagamentos de mão-de-obra efetuados. Encaminhamento dos operários selecionados pelo encarregado. Cartões enviados às obras após contratação. Medições dos serviços executados por terceiros. Medições dos serviços executados por terceiros e autorizadas. Negociação com os operários dos serviços a serem executados. Notas fiscais dos materiais recebidos na obra. Após negociação, as ordens para a execução. Controle das horas para pagamento. Ponto assinado e conferido. Programação semanal, às vezes diária. Programação das datas marcos, alteradas conf. dispon. finan. Projetos executivos analisados verificando interferências. Empréstimos concedidos. Gestão de pessoal: férias, guias para exame e empréstimos. Atendimento às solicitações de gestão de pessoal. Materiais descritos p/ compras conf. Programação serviço. Pessoal necessário para cumprir metas programadas. Transporte do pessoal entre as obras. 6.4 ANÁLISE DOS DIAGRAMAS ELABORADOS Conforme Wetherbe (1986), para se estudar um sistema é útil simplificar o objeto de estudo, decompondo-se o sistema em subsistemas e, definindo-se as interações entre eles da mesma forma que são definidas as interações entre entidades. Assim, as interações entre sub-sistemas se constituem na troca de entradas e saídas de material, energia e transformação. Esta é a parte mais especializada do método, pois exige um conhecimento mais apurado do analista sobre como deveria ocorrer um processo eficaz. Este conhecimento poderá ser obtido através de consulta bibliográfica ou através de entrevistas com profissionais reconhecidamente capacitados nesta área. 155 Com a comparação entre o modelo ideal e aqueles encontrados na prática, o analista pode sugerir uma série de medidas visando ao estabelecimento da modelagem de um sistema de informação que seja eficaz, interligando todas as entidades envolvidas no processo. Nesta análise, através da comparação entre o modelo ideal e a prática das empresas, cabe identificar além dos fluxos existentes nas empresas, aquelas entidades e/ou fluxos não existentes, mas que constam do modelo ideal de maneira a proporcionar informações com características de qualidade (prazo, velocidade, nível de detalhamento, confiabilidade, etc.) atendidas. Partindo-se da análise das entidades presentes nos levantamentos realizados nas empresas, identificamos os principais processos realizados pelas mesmas para o gerenciamento de projetos, bem como a forma como estes processos estão sendo realizados. Não foram considerados todos os processos existentes, mas somente aqueles que possuem uma maior representatividade para o objeto de estudo, abrangendo o planejamento, o projeto, o setor de suprimento e de recursos humanos e a execução da obra. Numa etapa posterior da análise, poderiam ser contemplados um maior número de processos desenvolvidos nestas entidades, a fim de complementar o estudo como um todo. Quadro 6.7 - Processos considerados na Diretoria Processo Empresa A Empresa B Empresa C Obras por preço fechado; se existir indefinição de projeto, ou se opção do cliente obra é proposta por administração. Participação em concorrências privadas. Concentrar atuação na região onde já está presente, que possui potencial para absorção de novos imóveis. Participar de concorrências públicas, se o mercado estiver em recessão. Buscar a diversificação de regiões para novos lançamentos, concentrando-se grande parte desta atuação na faixa mercado (classe média baixa) em que já atua. Divulgar Empresa Contatos pessoais dos sócios. Pesquisar mercado A procura por novas obras se realiza através da divulgação da empresa pelos próprios sócios ou por antigos clientes que indicam a empresa. Através dos próprios empreendimentos presentes na região e dos clientes anteriores. Pelo contato com os corretores (preços de imóveis e terrenos). Os proprietários de terrenos e casas vizinhas às obras, procuram a empresa para propor negociação (permutas, venda, etc.) Através da mídia (propagandas institucionais) e dos seus próprios clientes anteriores. Através do contato com os corretores. Alguns trabalham com a empresa a algum tempo, numa forma de parceria. Planejar e controlar as vendas dos serviços (Empresa A) ou dos novos lançamentos (demais empresas) Se obra por administração, em função da disponibilidade financeira do cliente mas de forma que a taxa recebida cubra certas despesas da empresa. Se preço fechado, em função do prazo solicitado pelo cliente ou dos índices de produtividade adotados pela empresa. A premissa de atuação é de que as obras sejam realizadas pelos próprios sócios. Analisa o mercado e se for favorável elabora um cronograma para 12 meses, considerando-se uma estimativa prévia de vendas das unidades e a carteira de clientes já existentes. Após o lançamento, as vendas são acompanhadas mensalmente gerando as diretrizes para o planejamento do empreendimento. Se o mercado não for favorável, busca-se outra alternativa, como atuar em concorrências públicas, postergando-se o novo lançamento. A empresa trabalha normalmente com mais de um empreendimento simultaneamente. Um novo lançamento é programado em função das condições financeiras da empresa e do mercado consumidor, num prazo que considera os compromissos já assumidos. As vendas dos imóveis já lançados servem para verificar o mercado. Caso se decida pelo não lançamento, são analisadas as estratégias para atuação nos imóveis que se encontram em andamento. Atender Clientes Atende solicitações de propostas para construção, de alterações de projetos, de serviços de manutenção e de negociação para pagamentos. Recebe pagamentos dos clientes. Atende solicitações de alterações de projetos, de serviços de manutenção e de negociação de pagamentos. Atende solicitações de alterações de projetos, de serviços de manutenção, de negociação de contratos. Recebe também os pagamentos dos clientes. Definir atuação empresa da 156 Quadro 6.8 - Processos considerados na Gerência Administrativa - Financeira Processo Empresa A Divulgar empreendimento Não se aplica. Realizar Contas a pagar Separa as notas para pagamentos conforme vencimento. Os pagamentos são programados, através de uma listagem, para serem realizados duas vezes na semana. Algumas vezes a programação é diária. Acompanha o contrato dos clientes em função dos pagamentos recebidos em planilha eletrônica. Atualiza as parcelas devidas pelos clientes e emite a nota fiscal. Realizar Contas a receber Realizar Contabilidade Realizar controle financeiro Preparar documentação Separa, relaciona, anexa e protocola os documentos e envia ao contador, que é tercerizado. Acompanha numa planilha mensal os resultados de contas a pagar e contas a receber. Providencia documentação para concorrências, para aprovação de projetos (conforme contrato com o cliente), para obtenção do alvará de construção, para emissão de contrato, etc. Empresa B Empresa C Através dos corretores. É feito um contrato de risco, com exclusividade de vendas, onde a empresa tem a palavra final sobre o material de divulgação a ser utilizado pela mídia. Outra opção é a divulgação por vários corretores sem deter a exclusividade. Idem anterior onde a programação de pagamentos é diária, acompanhada em uma planilha eletrônica. Através de incentivo aos corretores que lançam mão da mídia em jornais, panfletos ou na própria imobiliária. Este incentivo é determinado em função das vendas realizadas em determinado período, gerando prêmios (% sobre as vendas e outros prêmios) A programação de pagamentos é diária. Acompanha o contrato de cada cliente em planilhas em função do informe bancário. Mensalmente atualiza os valores devidos e emite as boletas de pagamento que são enviadas aos clientes. A cobrança é realizada através do sistema bancário. Separa os documentos para serem envi ados protocolados ao contador, que é tercerizado. Idem Planilha de acompanhamento por contrato. Os valores devidos são calculados e enviados aos clientes, que realizam os pagamentos na própria sede da empresa. Prepara a legalização dos projetos arquitetônicos e construção e os pedidos de ligações provisórias. Incluem, os documentos de incorporação de imóveis, contratos, escrituras e pastas dos imóveis para os corretores, como aqueles para concorrências públicas. Documentação para a aprovação dos projetos, a obtenção do alvará de construção, a incorporação de imóveis, os contratos, as escrituras e as pastas dos imóveis para serem fornecidas aos corretores. Idem anterior. Sendo que o contador apesar de tercerizado também tem participação na empresa. Idem. 157 Quadro 6.9 - Processos considerados na Gerência Técnica Processo Empresa A Empresa B Empresa C Elabora cronogramas com datas marco e custos para a nova obra, considerando-se as obras já em andamento (condições da empresa) e as condições contratuais acertadas com o cliente. Compara o andamento físico previsto com o realizado e faz uma reprogramação mensal para atender as condições de contrato ou a nova disponibilidade financeira do cliente, se obra por administração. Elabora planilha para acompanhar custo previsto e os desembolsos mensais de cada obra. Elabora cronogramas com datas marco e custos por etapa de execução, por empreendimento, num horizonte de 12 meses, segundo as diretrizes estabelecidas pela diretoria. Compara o andamento físico previsto com o realizado e reprograma as datas mensalmente junto a diretoria em função da disponibilidade financeira da empresa e do mercado (respostas às vendas, inadiplências, etc.) Planilha para acompanhamento do custo inicial e os desembolsos realizados mensalmente em cada empreendimento, através dos documentos pagos. Cronograma com datas marco para o novo empreendimento, numa programação que considera todos os empreendimentos em execução, para um período de 12 meses. Faz a comparação do prazo previsto com o realizado e reprograma os serviços considerando-se todos os empreendimentos em andamento e a disponibilidade financeira da empresa. Servem para a programação dos serviços. O engenheiro tem na memória a produtividade de alguns itens, como execução de alvenaria, revestimento parede, etc. Programa a contratação dos subempreiteiros já atuantes com a empresa, ou indicados por outras empresas, ou novos empreiteiros para os serviços especializados. As medições dos sub-empreiteiros realizadas na obra geram índices numa caderneta que são utilizados para alimentar futuras obras. Os índices servem para a programação dos serviços, principalmente quando se trabalha no interior dos apartamentos. Distribui as tarefas dentre os subempreiteiros da empresa, contrata tarefeiros se necessário. Aponta os índices de produtividade dos mesmos. Para os serviços especializados são contratados os sub-empreiteiros. Os serviços de acabamento normalmente são realizados por pessoal próprio em regime de tarefa. Se existir necessidade de contratação, verifica-se inicialmente a disponibilidade da mão-de-obra nas empresas do grupo. Planejar empreendimento • Estabelecer metas • Controlar prazos • Controlar custos • Apontar índices de produtividade • Programar e controlar sub-empreiteiros O controle realizado é contábil, através dos relatórios emitidos pelo contador. 158 Quadro 6.10 - Processos considerados no Orçamento Processos Empresa A Empresa B Empresa C Realizar orçamento Utiliza um programa computacional que faz uso de índices de Composição de Preço Unitário (CPU) de publicações especializadas e aplica o BDI que é definido pela diretoria. Utiliza um programa que faz uso das Composições de Preço Unitário (CPU) com alguns índices de obras anteriores. O BDI é definido pela diretoria, onde os custos indiretos (impostos e taxas) são levantados pelo gerente administrativo financeiro. Realizado esporadicamente a fim de apurar os valores praticados. Baseado no custo do m2 das construções já entregues. Não é realizado o orçamento detalhado. Realizar estudo de viabilidade Utiliza planilha onde são lançados os Índices de produtividade de m2 de publicações, atualizando os custos de insumos praticados pela empresa. Custos do m2 de obras anteriores e tomada de informações junto ao mercado (corretores), para as inovações de projeto (cozinha americana, por ex. foi abandonada). Utiliza o custo do m2 divulgado pelo CUB. Segundo um dos entrevistados a empresa tem conseguido realizar as suas obras com valores abaixo deste. Preparar propostas técnicas Elabora planilhas, cronogramas ou outros documentos técnicos solicitados pelos clientes sejam eles particulares ou através de concorrência. No caso de incorporação as planilhas e condições de contrato para serem incluídas nas pastas dos imóveis junto aos corretores. Para as concorrências públicas, as planilhas, cronogramas ou outros solicitados no edital. Planilhas com condições de venda dos imóveis, para atendimento no escritório e para montar as pastas a serem entregues aos corretores. 159 Quadro 6.11 - Processos considerados no Suprimento Processo Empresa A Empresa B Empresa C Realizar Compras Em alguns casos o gerente técnico assessora o cliente na escolha de materiais de acabamento. Os materiais de maior responsabilidade são negociados pela diretoria; demais, sob responsabilidade do engenheiro de obras. As compras são realizadas conforme as necessidades da obra, com cotação junto aos fornecedores que já trabalham para a empresa. As compras são da responsabilidade da gerência técnica, incluindo a escolha dos materiais de acabamento. São realizadas previsões de compras semanal, com cotação junto ao cadastro de fornecedores da empresa. As compras de maior valor são negociadas pela diretoria. As demais ficam sob a responsabilidade do comprador assistido pelo gerente técnico. São feitas cotações entre os fornecedores que já trabalham junto a empresa. Os pedidos são feitos conforme o andamento da obra. Conferir compras As notas fiscais dos materiais recebidos são carimbadas na obra e conferidas junto ao pedido quanto as especificações, quantidades, unidades, custo unitário e total e encaminhadas para pagamento. Idem. Idem. 160 Quadro 6.12 - Processos considerados no Projeto Processo Elaborar projeto Empresa A Empresa B Empresa C Não realiza • arquitetura - A empresa desenvolve um esboço que é encaminhado a um projetista tercerizado. Este desenvolve o estudo preliminar e o devolve à empresa. Após aprovado, o estudo é novamente encaminhado ao projetista para o desenvolvimento do projeto básico. Desenvolvido por um dos sócios que realiza o estudo preliminar e passa aos estagiários para desenvolvimento do projeto básico. A empresa procura manter um padrão nos seus empreendimentos. • estrutura - Tercerizado Desenvolve internamente com a participação de um dos sócios, possuindo assessoria para casos especiais (contenções, muro de arrimo, etc. ). • instalações. - Tercerizado Tercerizado elétrica e, se existirem, os projetos dos elevadores. O projetista de elétrica faz o contato com os órgãos públicos para solicitar as ligações provisórias da obra. • outros (divulgação) - Fachada, humanizado e perspectiva são tercerizados. A empresa procura trabalhar com os mesmos projetistas de uma obra para outra. Faz uma coordenação dos projetos sendo que algumas interferências (principalmente nas entradas de instalações subterrâneas) só são descobertas na obra. Tercerizado os projetos humanizados e perspectivas para os painéis de propaganda. Realiza a compatibilização dos projetos desenvolvidos. Como a empresa elabora os seus projetos, as interferências são mais facilmente resolvidas, sendo que algumas delas aparecem somente na execução. Coordenar projetos Faz uma conferência dos projetos externos recebidos, onde as interferências acabam sendo descobertas já na execução. 161 Quadro 6.13 - Processos considerados no Recursos Humanos Processo Empresa A Empresa B Empresa C Gestão de pessoal • Contratar Emite a ficha de cadastro, as guias para exames admissionais e a folha de ponto mensal. Idem. Idem. • Demitir Emite as guias de aviso prévio e exame demissional. O funcionário é encaminhado ao DP quando não se adapta (através do encarregado) ou faltam atividades para o próximo período (através do Ger. Técnico). Idem. • Acompanhar benefícios Emite as guias de solicitação trabalhistas (férias, licenças, etc.) e de convênio médico. Inclui a distribuição de cestas de Natal no final do ano. Emite as guias para exame médico, tratamento dentário e solicitações trabalhistas. Idem. Na falta de atividades para o próximo período, antes da demissão, é avaliada a possibilidade de deslocamento do funcionário para outra empresa do grupo. Segundo um dos entrevistados a rotatividade é grande nos ajudantes, que permanecem na empresa em torno de 3 meses. Já para os oficiais esta rotatividade é bem menor, onde alguns deles estão na empresa a mais de 10 anos. Idem anterior e inclui ainda a autorização de empréstimos até certo valor. Para solicitações de valores superiores, estes são negociados junto à diretoria. Existe uma política de integração da mão-de-obra com a realização de algumas atividades como campeonatos de futebol, churrasco, etc. Elaborar folha de pagamento Utiliza um programa computacional que elabora a folha de pagamento mensal, com adiantamento quinzenal; através das folhas de ponto emite os contracheques. Elabora planilha com pagamento dos sub-empreiteiros e emite os seus recibos. Utiliza um programa computacional para os empregados registrados, segundo a folha de ponto. Os empreiteiros tem acertado um valor fixo por semana, ou conforme medição. Todos os pagamentos são semanais. Emite os contracheques e recibos. Programa computacional que gera a folha. Os sub-empreiteiros são pagos conforme medição. Pagamentos são mensais realizados na agência bancária, que desloca um caixa específico. Conta com o apoio do DP da empresa para colher assinaturas nos recibos. 162 Quadro 6.14 - Processos considerados no Engenheiro de Obras Processo Empresa A Empresa B Empresa C Canteiro de obras Elabora o lay-out, faz a solicitação de compra de materiais para suprimento e de ligações provisórias. Solicita a compra de EPI’s e fiscaliza a utilização. Elaboração de lay-out, solicitação de compra de materiais e das ligações provisórias. Idem anterior e solicita a compra de materiais exigidos médico do trabalho. Elaboração de lay-out. Solicitação de das ligações provi sórias e de seus materiais. Programa semanal dos serviços, às vezes diária, junto ao encarregado. Programação mensal, com negociação de etapas semanais, junto ao encarregado. Programação mensal junto aos administrativos. Controle visual. Confere as folhas de ponto e de medição dos sub-empreiteiros já conferidas pelo encarregado. Segundo a percepção do engenheiro auxiliado pelo encarregado, os operários são avaliados pela produtividade. É utilizada para as alterações que se fizerem necessárias no quadro de pessoal. Controle visual. Confere as folhas de ponto já conferidas pelo encarregado. Realiza a medição dos serviços sub-empreitados. Idem. Em determinadas atividades, o oficial tem destacado um ajudante para trabalhar em conjunto. Caso este ajudante comece a “dar nó”, o próprio oficial solicita a mudança deste ajudante. Funciona como um tipo de avaliação de mão-de-obra. Controle visual. Idem, onde algumas medições são realizadas pelos próprios administrativos. Conferência de serviços de estrutura e controle visual dos demais serviços. Esporadicamente são realizadas medidas (por exemplo : prumo, nível na alvenaria) para conferência. Solicita material e programa a contratação de mão-de-obra, se necessário. Idem anterior. Nos acabamentos os profissionais já sabem onde serão mais cobrados e os mesmos fazem um controle anterior ao engenheiro. Segurança e medicina do trabalho Planejamento da obra • Programar obra • Controlar obra ♦ Andamento físico ♦ Mão-de-obra ♦ Avaliação de mãode-obra ♦ Qualidade de execução dos serviços Planejar manutenção Solicita o material e programa a alocação de pessoal próprio e se necessário, novas contratações. Idem. A avaliação é distinta para os administrativos e pessoal da produção. Na produção são analisados a produtividade, grau de compreensão das tarefaz e de colaboração além da evolução profissional-social, segundo a percepção do engenheiro. Este atribui uma nota mensalmente que servem para promoções e gratificações no final do ano. Idem empresa A. Realizada por um dos administrativos que faz a solicitação de materiais e programa a mãode-obra, normalmente entre a sua própria equipe. 163 Quadro 6.15 - Processos considerados no Encarregado Processo Planejamento obra • Programar frentes de serviço ♦ Contratar mão de obra • Controlar ♦ Materiais Empresa A Empresa B Empresa C Programação semanal junto ao engenheiro, identificando as necessidades para cumprimento das metas: mão-de-obra, materiais. Idem anterior. A negociação dos serviços compreende a estratégia de atuação: trabalho aos sábados, horas extras, etc. Os administrativos, que atuam com uma divisão de serviços: construção, apoio, instalações e manutenção, negociam com o engenheiro as tarefas mensais. Candidato é indicado por funcionários da empresa ou se apresenta no canteiro (neste caso, normalmente ajudantes). Seguindo diretrizes fixadas pelo engenheiro (tempo de carteira, permanência nos anteriores, etc.) é feita a seleção e encaminhado ao DP. Seleção do pessoal (normalmente ajudantes) que se apresentam no canteiro de obras. Idem. Confere a nota fiscal no recebimento dos materiais na obra, carimba no verso da mesma e encaminha ao engenheiro. Idem empresa A. As notas podem ser enviadas diretamente ao setor de contas a pagar. ♦ Mão de obra Recolhe as assinaturas na folha de ponto dos mensalistas e mede os serviços dos sub-empreiteiros. ♦ Qualidade na execução Controle visual. Idem anterior. Os materiais que às vezes são ensaiados são os concretos para controle da resistência. Recolhe as assinaturas na folha de ponto dos mensalistas e às vezes mede alguns serviços de subempreiteiros. Idem. ♦ Andamento físico Controle visual Idem. Idem ♦ Gestão de pessoal Distribui material, ferramentas e EPI’s. Encaminha para o Eng. Obra as solicitações dos operários. Idem. Idem, sendo que as solicitações de pessoal são encaminhadas diretamente ao DP. Recolhem as assinaturas na folha de ponto e medem alguns serviços de subempreiteiros. Idem 164 165 Numa análise global em relação às empresas estudadas, notamos que o seu marketing funciona de forma peculiar. Na maior parte das vezes ocorre a prática do “quem indica”, isto é, as empresas, tendo definido o seu padrão de construção, têm a divulgação dos novos empreendimentos e da empresa feita pelos seus clientes anteriores. Isto se traduz diretamente na maior preocupação das empresas em atender às solicitações pós-entrega; algumas vezes, mesmo aquelas que não são de responsabilidade da empresa são atendidas como forma de garantir uma boa imagem perante os clientes potenciais. O planejamento, no nível estratégico, não é desenvolvido de maneira formal, através de métodos analíticos e sim de maneira informal com base na intuição dos proprietários das empresas sobre o comportamento do mercado. A necessidade de um planejamento global e de longo prazo foi uma das maiores dificuldades identificadas a serem vencidas pelas empresas. Elas alegam que não podem definir um planejamento assim, pois trabalham atreladas a disponibilidade financeira da empresa, baseadas em grande parte na sua carteira de clientes. No nível tático, as empresas fazem uso do custo do m2 de obras passadas, sem entretanto haver uma sistematização destas informações de modo a permitir uma análise mais detalhada. Quanto ao planejamento operacional, a realização de orçamentos e programações muitas vezes servem somente para alimentar a fase inicial da obra. Para o planejamento do tempo, não foi identificado o uso de ferramentas tais como as redes de precedência e linhas de balanço mas somente o uso de diagramas de 166 Gantt, sugerindo que as mesmas são de difícil aplicação pelas pequenas empresas. Na realização dos orçamentos são utilizadas as medições de tarefas executadas em obras anteriores. O planejamento operacional de curto prazo é realizado pela produção a medida que as etapas vão sendo vencidas na obra; os parâmetros utilizados representam a memória do técnico, no caso, o encarregado. Completando o sistema de planejamento da empresa, além do sistema de programação, temos que considerar o sistema de controle presente. Nestas pequenas e médias empresas, notamos uma concentração do controle na questão financeira, em níveis diversificados. Após a estimativa inicial do custo da obra, estes valores vão sendo acompanhados em função dos desembolsos da obra e dos recebimentos dos clientes. Este é um controle que permite identificar a situação atual da empresa, mas não é capaz de informar onde se deram as diferenças entre o que foi previsto e o realizado. O controle realizado através das medições das tarefas executadas, apesar de ser uma forma de apropriação, não consegue indicar se estas tarefas estão sendo feitas de forma racional, pois não são apurados os possíveis benefícios existentes numa maior racionalização dos projetos, nem a quantidade de retrabalho, de horas ociosas, etc. Aos ações embutidas nestes processos estão fortemente atreladas ao perfil do responsável pela gerência técnica (obras). Em uma das empresas estudadas o gerente dispendia a maior parte de seu tempo em atividades administrativas de rotina, ao invés de se dedicar ao planejamento propriamente; em outras empre- 167 sas estas atividades eram delegadas aos encarregados, cabendo ao engenheiro da obra o papel de supervisor do serviço executado. Quanto aos materiais, não são realizados ensaios de qualidade, com algumas exceções para o controle tecnológico do concreto. Existem apenas um controle das notas fiscais, no recebimento dos mesmos no canteiro de obras. Não são realizadas compras para períodos maiores de tempo, pois segundo alegação das empresas, em função do atual cenário do país, têm-se verificado casos de redução dos preços, traduzindo em economia para a empresa. Na mão-de-obra, notamos uma diferenciação entre as políticas de recursos humanos. Existe uma preocupação com a manutenção dos profissionais oficiais (os considerados bons), pois os mesmos adquirem a cultura da empresa. Neste sentido, uma das formas encontradas é a contratação dos serviços por medição. Nestes, o profissional consegue obter maiores rendimentos do que quando é contratado como horista. Caso seja necessária a demissão destes oficiais que se destacam, a própria empresa o indica para outra construtora que realiza a contratação para um determinado período. Existindo nova demanda para a empresa inicial, o funcionário retorna a ela. Quanto aos benefícios, os mesmos funcionam como melhorias às condições dos trabalhadores. Do exposto, notamos que as empresas apresentam algumas semelhanças quanto aos processos necessários para a execução do seu gerenciamento. Sendo assim, nos parece pertinente estabelecer uma modelagem para o fluxo de informação para a execução deste processo aplicável às mesmas como também, 168 identificar lacunas porventura existentes em alguns dos processos internos à empresa, que possam sofrer intervenção de modo a melhorar o seu gerenciamento. Após a caracterização dos processos, onde buscamos identificar os seus sub-sistemas, passamos a tratar das informações de que necessitam para realizar suas atividades, através de comparações entre os fluxos de dados apontados nos dicionários de dados correspondentes aos diagramas das empresas. A partir daí foi possível descrever a execução dos processos que se mostraram mais adaptados às características das empresas, como também o fluxo de informações presentes nas organizações para a realização destes processos. A comparação entre as informações presentes nas empresas e aquelas descritas no modelo teórico permite que se faça uma análise global dos problemas e/ou deficiências encontradas e que se aponte uma série de informações necessárias para uma maior qualidade na execução destes processos. Não foram incluídas, nesta análise, todas as informações identificadas no estudo de caso e que circulam pela empresa, de modo a não sobrecarregar o entendimento do processo. Após este passo inicial, para uma futura intervenção elas deverão ser consideradas a fim de detalhar cada vez o processo que se está estudando. Quadro 6.16 - Estudo de Viabilidade e Orçamento: descrição dos processos, fluxo de informações considerado e informações necessárias apontadas. Processo Descrição Fluxo de informações considerado Informações necessárias apontadas Estudo de Viabilidade Estima o custo do novo empreendimento em função do custo do m2 de obras passadas. Analisa o lançamento considerando a disponibilidade financeira da empresa e as informações obtidas do mercado (corretores). • Custo de obras passadas • Controle de custos -> Orç. Recursos disponíveis • Controle financeiro -> Orç. Mercado • Corretores->Diretoria -> Orç. Estudo de viabilidade realizado • Orç -> Diretoria • Custo de m2 de obras passadas considerados de modo que reflitam as variações presentes nos projetos. • Estudar o do fluxo de caixa do novo empreendimento considerando-se várias possibilidades de expectativas de recursos, através de mecanismos simplificados. Com base nas Composição de preço unitário são lançados os custos dos materiais, equipamentos, mão-de-obra e os alguns índices de produtividade de obras passadas (que não são levantados de maneira sistematizada). A taxa de BDI é definida pela diretoria. • Custo de materiais e equipamentos • Cotações -> Orç. Custo de mão-de-obra • DP -> Orç. Índices de produtividade • Produtividade -> Orç. Projetos e especificações • Projeto -> Orç. Custo direto • Orç. -> Diretoria Custo indireto (taxas, seguros, etc.) • Gerente Adm/Fin -> Diretoria Taxa de BDI • Diretoria -> Orç. Proposta • Orç. -> Diretoria • Custos dos insumos a serem considerados devem ser acessados de modo mais rápido, através por exemplo, de um banco de dados da empresa. • Ampliação dos índices coletados na obra para as etapas executadas, considerando-se além da produtividade, índices que apontem a necessidade de retrabalho, de desperdício, de consumo de material, de mão-de-obra e de equipamentos. Orçamento • • • • • • • • • • 169 Quadro 6.17 - Projeto: descrição do processo, fluxo de informações considerado e informações necessárias apontadas. Processo Descrição Fluxo de informações considerado Informações necessárias apontadas Projeto A empresa adota um padrão para os projetos, propondo um croquis para o mesmo que é desenvolvido pelos projetistas. Este rascunho é discutido junto a diretoria até se chegar ao projeto básico de arquitetura. A partir deste, são desenvolvidos os demais projetos. A empresa dispõe de CAD, sendo este utilizado também pelos projetistas externos. • • Alimentar o processo de projeto com informações da obra referentes as incompatibilidades de projetos detectadas nas mesmas, bem como as soluções adotadas, possibilitando inclusive a realização do “as-built”. • Apropriação das vantagens obtidas através de uma maior racionalização dos projetos. • • • • • • • Esboço • Projeto -> Projetista Estudo preliminar • Projetista -> Projeto Estudo preliminar aprovado • Projeto -> Projetista Projeto arquitetônico • Projetista -> Projeto Solicitação de projetos complementares • Projeto -> Projetista Projetos complementares Projetista -> Projeto Projetos compatibilizados • Projeto -> Eng. Obra Projetos analisados • Eng. Obra -> Encarregado 170 Quadro 6.18 - Planejamento : descrição do processo, fluxo de informações considerado e informações necessárias apontadas. Processo Descrição Fluxo de informações considerado Informações necessárias apontadas Programação do andamento físico Com base nas diretrizes definidas pela diretoria é realizado um planejamento anual. Deste é realizado um planejamento com datas marco para as obras, através de um gráfico de barras. Na obra, a programação dos serviços é negociada junto ao encarregado em função de uma seqüência tecnológica. A partir daí são estabelecidas as ordens de serviço. • Metas de produção • Diretoria ->Estabelecer metas. Programação de trabalho • Estabelecer metas -> Programar obra. Programação de serviços • Programar obra -> Programar frentes Negociação dos serviços • Encarregado -> Operário Ordens de Serviço • Encarregado -> Operário • Disponibilizar os índices apurados nas obras de forma resumida a fim de permitir um planejamento baseado na realidade da empresa. • Gerar os planos de obra com base nos índices adotados no orçamento, através de mecanismos que permitam relacioná-los de uma maneira menos trabalhosa. É realizada através do acompanhamento da disponibilidade financeira da empresa. • Recursos disponíveis • Controle financeiro -> Diretoria • Informatizar o controle para facilitar a obtenção dos resultados. Programação Financeira • • • • 171 Quadro 6.19 - Controle: descrição do processo, fluxo de informações considerado e informações necessárias apontadas. Processo Descrição Fluxo de informações considerado Andamento físico O andamento físico é acompanhado visualmente pelo encarregado e engenheiro de obra. • Andamento da obra • Encarregado -> Eng. Obra -> Ger.Téc. -> Diretoria Informações necessárias apontadas • Utilização de um método para acompanhamento físico que seja simples e resulte numa memória técnica da empresa. • O controle de custos considera todos os desembolsos realizados pela obra lançados em uma planilha de acompanhamento. • Produtividade As medições dos serviços subempreitados, geram os índices de produtividade. • Contratos (pagamentos dos clientes) Os pagamentos recebidos dos clientes são atualizados nas planilhas de acompanhamento de contrato. • Custos • • Controle contábil Controle financeiro A contabilidade é tercerizada. A empresa envia os documentos ao contador e participa das decisões sobre os lançamentos a serem realizados. A disponibilidade financeira se utiliza das informações da carteira de clientes, da expectativa de absorção dos novos produtos pelo mercado além dos desembolsos gerados pela obra. • • • • • Pagamento efetuado (materiais e mão-de-obra) e recibos assinados • Contas a pagar -> Controle de custos Planilha de custos • Controle de custos -> diretoria Índices de produtividade • Eng. Obra -> Gerente Téc. • Recebimento • Cliente -> Diretoria ou cobrança -> Contas a receber Recebimento aceito Contas a receber -> 1o.via contabilidade e 2o. via: controle de contratos. Lançamentos • Contabilidade -> Contador Relatório consolidado • Contador -> Gerente Adm/Fin. -> Diretoria. Recebimentos previstos • Contas a receber -> Controle financeiro Vendas realizadas • Controle de vendas -> Controle financeiro Desembolsos • Contas a pagar -> Controle financeiro. • • Incentivar a utilização dos diários de obra. Ampliar o controle de custos, considerando-se os desembolsos realizados por etapas de obra, ou mesmo os serviços executados. Levantar além dos índices de produtividade, outros que meçam retrabalho, desperdícios, consumo de insumos, etc. Alimentar os recebimentos somente uma vez alimentando o controle de contratos e contas a receber. • Maior participação nos lançamentos a serem efetuados pelo contador. • Estabelecer uma integração entre os sistemas de contas a receber e contas a pagar a fim de facilitar a obtenção dos resultados. 172 Quadro 6.20 - Suprimento: descrição do processo, fluxo de informações considerado e informações necessárias apontadas. Processo Descrição Fluxo de informações considerado Informações necessárias apontadas Materiais, equipamentos e ferramentas O encarregado solicita os materiais para as instalações provisórias e a seguir, seguindo a programação da obra faz a solicitação dos demais materiais. Os de maior valor são negociados pela gerência técnica. As notas fiscais dos materiais recebidos nas obras são conferidas e carimbadas. O encarregado encaminha ao suprimento que a confere junto ao pedido. Após conferidas são enviadas para o financeiro que as organiza por data de vencimento. • • Procurar estabelecer uma previsão de consumo de material para um determinado período, de maneira que as compras possam ser melhor programadas. • Utilização de uma avaliação dos fornecedores cadastrados pela empresa para as futuras aquisições. • Uso do banco de dados contendo as especificações dos materiais a serem adquiridos como forma de diminuir os problemas gerados por falta de especificações ou mesmo de especificações incompletas. • • • Solicitação de materiais • Encarregado -> Eng. Obra -> Suprimento • Gerência Técnica -> Suprimento Notas fiscais • Encarregado -> Suprimento Notas fiscais conferidas • Suprimento -> Contas a pagar Pagamento efetuado • Contas a pagar -> 1o.via: Contabilidade e 2o.via: Controle custos 173 Quadro 6.21 - Mão de obra: descrição do processo, fluxo de informações considerado e informações necessárias apontadas. Processo Descrição Fluxo de informações considerado Informações necessárias apontadas Contratação/Demissão Em função da programação da obra são feitas as solicitações de admissão e demissão de mão-de-obra. Para admissão existem uma série de documentos a serem preenchidos no DP. Em alguns casos o operário se apresenta no canteiro de obras e é feita a seleção pelo encarregado. Em outros, o oficial é indicado para o serviço e após verificações do gerente técnico é encaminhado para contratação. No caso de demissão, o funcionário assina os documentos de desligamento da empresa. • Solicitação de mão-de-obra • Encarregado -> Eng. Obra -> Gerente Técnico Autorização de contratação • Gerente Técnico -> Eng. Obra -> Encarregado Encaminhamento para contratação ou demissão • Encarregado -> Eng. Obra -> DP Comunicação de contratação ou demissão • DP -> Gerente Técnico -> Encarregado Folha de ponto novatos • DP -> Eng. Obra -> Encarregado -> Operário • Buscar algumas formas de organização das empresas a fim de promover o treinamento do operariado junto aos órgãos que atuam no setor de construção: SEBRAE, SENAI, SINDUSCON, etc. • Estabelecer mecanismos de motivação do operariado como forma de reduzir as taxas de rotatividade de mão-de-obra. As solicitações trabalhistas, guias para exames, etc. são encaminhadas da obra para o escritório e após analisadas, e se for o caso atendidas, são devolvidas da mesma forma. • Solicitação pessoal • Operário -> Encarregado Solicitação analisada • Encarregado -> Eng. Obra Solicitação encaminhada • Eng. Obra -> DP Solicitação pessoal atendida • DP -> Eng. Obra -> Encarregado -> Operário • As solicitações após atendidas seriam encaminhadas diretamente aos envolvidos sem a necessidade de serem vistadas pelos engenheiro e encarregado. Avaliação • Eng. Obra -> Ger. Téc. • Sistematizar a coleta de informações para a avaliação dos operários eliminando-se o caráter subjetivo da avaliação existente. Acompanhar benefícios • • • • • • • Avaliação de pessoal Baseado na percepção do engenheiro da obra, em alguns quesitos como produtividade, disposição, etc. • 174 Quadro 6.21 - Mão de obra: descrição do processo, fluxo de informações considerado e informações necessárias apontadas (continuação). Processo Descrição Fluxo de informações considerado Informações necessárias apontadas Pagar Funcionários O pagamento é realizado semanalmente. Em algumas empresas é feito mensalmente com adiantamento quinzenal. É calculado através de um programa computacional em função das horas trabalhadas, incluindo prêmios, bonificações, etc. A partir da elaboração da folha, que é verificada pelo engenheiro de obra, são emitidos os comprovantes e o pagamento é separado nos envelopes para as obras. Em uma das empresas pesquisadas, este pagamento é realizado na agência bancária em dia não certo e próximo ao final do mês, como medida de segurança. • • • • • • • • • • Folha de ponto • DP -> Eng. Obra -> Encarregado -> Operário Folha de ponto assinada • Operário -> Encarregado Folha de ponto conferida • Encarregado -> Eng. Obra Folha de ponto autorizada • Eng. Obra -> DP Folha de pagamento • DP -> Eng. Obra Folha de pagamento autorizada • Eng. Obra -> DP -> Contas a pagar Pagamento efetuado • Contas a pagar -> 1o.via: Contabilidade e 2o.via: Controle de custos Contra - cheques • DP -> Eng. Obra -> Operários Contra - cheques assinados • Operários -> Eng. Obra -> DP Utilizar as próprias folhas de ponto para lançamento das atividades desenvolvidas, alimentando o processo de geração de índices da obra. 175 Quadro 6.21 - Mão-de-obra: descrição do processo, fluxo de informações considerado e informações necessárias apontadas (continuação). Processo Pagamento dos empreiteiros Sub- Descrição Fluxo de informações considerado Informações necessárias apontadas O pagamento dos sub-empreiteiros é realizado conforme o contrato acertado: por semana, dividindo-se o valor devido pelo número de semanas previstas ou em função da medição realizada. Após medição realizada pelo encarregado e conferida pelo eng. Obra os valores são passados ao escritório para previsão de recursos e emissão dos recibos. As medições alimentam os desembolsos da obra, os índices de produtividade que a empresa está operando e o próprio controle de pagamento dos sub-empreiteiros. • • Criar uma avaliação dos subempreiteiros que trabalham para a empresa. • Passar ao encarregado a tarefa de realização das medições da maior parte dos sub-empreiteiros, com o respectivo controle de qualidade dos serviços realizados. • Manter uma memória das medições realizadas a fim de acompanhar a evolução dos índices apontados no processo de geração dos índices praticados. • • • • • Medição dos serviços • Encarregado -> Eng. Obra Medições conferidas • Eng. Obra -> Controle subempreiteiros e Produtividade Medições autorizadas • Controle sub-empreiteiros-> DP Folha de medição • DP -> Contas a pagar Recibos • DP->Eng.Obra->Sub-empreiteiros Recibos assinados • Sub-empreiteiros -> Eng. obra -> Contas a pagar -> 1o. via: contabilidade e 2o.via: controle de subempreiteiros e de custos. Quadro 6.22 - Manutenção: descrição do processo, fluxo de informações considerado e informações necessárias apontadas. Processo Descrição Fluxo de informações considerado Informações necessárias apontadas Manutenção Após recebido um pedido de manutenção, o Gerente Técnico destaca um profissional para realizar a verificação. Detectado o problema é analisado quanto a responsabilidade da empresa e caso se decida pelo conserto é programado o serviço pelo engenheiro de obra, que passa para a execução. • • • • Solicitação de manutenção • Cliente -> Diretoria ->Ger.Téc. Manutenção autorizada • Gerente Téc -> Eng. Obra Programação da manutenção • Eng. Obra -> Encarregado Utilizar um sistema de apropriação que levante os custos decorridos das manutenções realizadas, apontando os índices de custos de manutenção, de necessidades de revisão de projetos, etc. 176 7 PROPOSTA DE MODELAGEM PARA O SISTEMA DE INFORMAÇÃO Segundo Bio (1985, p. 151) modelos são criados para se obter uma visão do conjunto e uma orientação a longo prazo. Para isto, usa-se o raciocínio da dedução, partindo do entendimento das funções fundamentais do empreendimento (custos, mercado, produção, suprimentos, etc.), o que irá permitir a identificação dos subsistemas básicos de cada função. Em seguida, procura-se conhecer as interações delas, visando a estruturação da rede de subsistemas. Apesar do modelo apresentar as inter-relações dos sub-sistemas, não pretende chegar a especificar as formas pelas quais a integração dos subsistemas se processaria, com todo o detalhamento técnico que seria necessário,. Na etapa posterior de implantação de cada sub-sistema, assume-se que o modelo possa sofrer determinados ajustes, num processo contínuo que leve em conta os vários fatores humanos e organizacionais que afetam a implantação de novos sistemas, sem perder o modelo originalmente concebido. Não se espera que o modelo proposto atenda a todas as necessidades de informação da organização, mas ele deverá fornecer as informações requeridas para agilizar e dar melhores condições para a tomada das decisões 177 178 chaves no processo de gerenciamento. Ele está organizado de forma a obedecer a lógica da organização das empresas e dos seus processos de trabalho, produzindo os elos de ligação para que seja feita a integração requerida. Finalmente, ele se apresenta como uma ferramenta que estabelece uma linguagem comum dentro da organização. A partir das necessidades de informações identificadas nos levantamentos realizados, foi feita uma série de recomendações, que constam nos quadros 6.16 a 6.24, para uma melhor definição do sistema de informação das empresas. Esta modelagem está representada nas figura 7.1 a 7.3 onde constam os subprocessos ou funções desenvolvidos interna ou externamente à empresa que estão relacionados ao processo de gerenciamento da produção. As informações que compõem o modelo foram definidas de forma a dar suporte ao eficaz desempenho de cada uma dessas funções. Conforme já apresentado nos levantamentos efetuados, a existência das quadrículas (entidades) não está associada diretamente a existência deste setor na empresa, pois a atividade pode ser desempenhada por um profissional que também executa um outro processo. Vale ressaltar que independente de quem for executar a função, ele deve estar munido das informações necessárias para o bom desempenho de sua tarefa, encaminhando as informações geradas pelo seu processo às funções seguintes. 179 Diretoria Metas Ger.Fin. Mercado Informações Mercado Disponibilidade Financeira Pesquisar Mercado Projetista VTE Diretrizes Realizar Estudo Viabilidade Informações Consideradas Estudo Preliminar Custo Etapas Estudo Elaborar Estudo Arquitetura Ger.Téc. Fig. 7.1 - Modelagem do fluxo de informações para o processo de gerenciamento de projeto - Viabilidade Técnico Econômica Informação Descrição Metas metas da empresa com relação aos empreendimentos: qualidade, custo e prazo. Diretrizes objetivos da empresa com relação aos seus empreendimentos: localização, padrão, etc. Disponibilidade financeira disponibilidade financeira da empresa em função dos compromissos assumidos Informações mercado informações sobre o preço dos terrenos e imóveis na região onde se pretende realizar o novo lançamento Informações das Estudo aquelas assumidas pela empresa considera- estudo gerado pelos projetistas com base nas diretrizes recebidas discutido até um consenso Estudo preliminar estudo preliminar de arquitetura, definindo o estudo da viabilidade da arquitetura nas condições do terreno escolhido Custo Etapas custos com nível de detalhe variado, serviços, etapas, apartamentos, etc. de obras já realizadas VTE estudo de viabilidade técnica econômica financeira realizado Quadro 7.1 - Dicionário de Dados da modelagem do fluxo apresentada na figura 7.1 Documentos Comprar Terreno Programar Empreendimento Documentos Metas do empreendimentos Especificações quanto à qualidade, prazo e custo básicas VTE aprovada Documentos Órgãos Públicos Corretor PROJETO Projetista Estudo Preliminar Elaborar Projeto Proj. Arq. Analisado Proj. Arq. Proj. Compl. Compatibilizar Projeto Diretoria Projetos Aprovar básicos Projetos Proj. arq. aprovado Programar Lançamento Projetos outros Projetos Compat. Prog. vendas Realizar Vendas Orç. Orçar Alteração técnica possível Aprovação orçamento Contrato Projetos a alterar Índices de nãoProjetos Solicita alteração conformidade Executivos de projeto Analisar Decisões quanto aos ajustes das metas Cliente Quantitativos Solic. Solicita manutenção Planejar de recursos Produção Inf. sobre o andamento do empreendimento Índices de produtividade Ger. Adm/ Fin. Disponibilidade Financeira Índices de vendas Manutenção aprovada Vendas realizadas Termo Aditivo Controlar Empreendimento Fig. 7.2 - Modelagem do fluxo de Informações para o processo de gerenciamento de projeto - Planejamento do empreendimento 180 181 Quadro 7.2 - Dicionário de Dados da modelagem do fluxo apresentada na figura 7.2 Informação Descrição VTE aprovada decisão de executar o empreendimento Documentos documentos diversos necessários para aprovação de projetos (certidões, etc.), bem como para lançamento. Metas do empreendimento quanto a qualidade, prazo e custo Especificações básicas conforme as assumidas no estudo preliminar que gerou a VTE Estudo preliminar estudo preliminar de arquitetura, definindo o estudo da viabilidade da arquitetura nas condições do terreno escolhido Proj. arq. projeto arquitetônico incluindo as especificações de material Proj. compl. projetos complementares de estrutura, instalações, etc. Proj. arq. analisado projeto arquitetônico analisado Projetos básicos para aprovação junto aos órgãos públicos Projetos outros divulgação para o lançamento: perspectiva, humanizado, etc. Proj. compatibilizados proj. arquitetônico e compl. analisados e compatibilizados Projetos a alterar projetos das áreas onde é solicitada a alteração de projeto Projetos executivos projetos executivos acompanhados de procedimentos de execução e especificações Proj. arq. aprovado projeto aprovado para a execução Aprovar orçamento Fechamento da planilha de custo com o BDI definido pela diretoria Orç. orçamento do empreendimento considerando os índices de produtividade de obras passadas e custos praticados pela empresa quanto aos recursos necessários Quantitativos de recursos quantitativos de recursos estimados no orçamento para o planejamento da produção Prog. vendas programação das vendas dos imóveis do novo empreendimento Contrato contrato de compra e venda com o cliente Vendas realizadas relação das unidades vendidas por empreendimento Índices de vendas informações sobre o andamento das vendas, servindo para analisar o mercado consumidor Decisões quanto aos ajustes das metas metas de produção para o empreendimento: prazo, custo e qualidade revistas mensalmente Inf. sobre o andamento do empreendimento Ínformações de não conformidade andamento físico do empreendimento enviado mensalmente Índices de produtividade índices de produtividade de mão-de-obra, perdas de materiais e consumo de material na obra Disponibilidade financeira disponibilidade financeira da empresa em função das vendas, dos recebimentos e dos desembolsos da produção Solic.alteração de projeto solicitação de alteração de projeto efetuada pelo cliente Solicitação manutenção solicitação de manutenção efetuada pelo cliente Alteração técnica possível solicitação de alteração de projeto analisada sendo tecnicamente possível Termo aditivo aditivo ao contrato em face das alterações de projeto Manutenção aprovada Serviço de manutenção avaliado e aprovado para execução informações de não-compatibilidade detectadas na execução da obra Diretoria Cliente Decisões quanto aos ajustes nas metas Termo de recebimento Programar Produção Manutenção aprovada Quantitativos de recursos Projetos Ger. Téc. Fornecedor Custos Pedido Projeto Índices de nãoconformidade Analisar Solic. Solicita manutenção Disp. Financ. Orçamento RelatórioNotas fiscais Conferir Pedido conferidas Realizar Controle pag Financ. Cliente Pagamentos Índices de produtividade rec. Realizar Contas a Receber Decisões sobre os desvios Solic. de Programar materiais Serviços Realizar Contas a Pagar Controlar Serviços Program. Serviço Folha de pagamento Desembolsos Termo Aditivo Entregar Obra SUPRIMENTO Realizar Compras Contador Doc. Programação Programação de de trabalho mão-de-obra Programação de compras Folha de ponto Eng. Obra Serviços Executar Serviços Recursos Humanos Andamento dos serviços PRODUÇÃO Índices Medições GER. ADM/FIN Notas fiscais carimbadas Med. Empreiteiro Controle de Ponto Controlar Produção Inf. do andamento do empreendimento Diretoria Fig. 7.3 - Modelagem do fluxo de Informações para o processo de gerenciamento de projeto - Planejamento e Controle 182 183 Quadro 7.3 - Dicionário de Dados da modelagem do fluxo apresentada na figura 7.3 Informação Descrição Decisões quanto aos ajustes das metas metas de produção para o empreendimento: prazo, custo e qualidade revistas mensalmente Solicitação manutenção solicitação de manutenção efetuada pelo cliente Termo aditivo aditivo ao contrato em face das alterações de projeto solicitadas Manutenção aprovada serviço de manutenção avaliado e aprovado para execução. Disponibilidade financeira disponibilidade financeira da empresa em função das vendas, dos recebimentos e dos desembolsos da produção Projetos projetos executivos acompanhados de procedimentos de execução e especificações Quantitativo de recursos quantitativos de recursos estimados no orçamento para o planejamento da produção Programação de compras necessidade de material em função do cronograma físico Pedido cotação e emissão de pedido de compra para o fornecedor Solicitação de materiais solicitação de material para a próxima semana com base na programação de material realizada e em função do andamento da obra Notas fiscais carimbadas notas fiscais recebidas na obra, conferidas, carimbadas e lançadas nos centros de custos Notas fiscais conferidas N. F. conferidas com informações constantes no pedido de compra Prog. de mão-de-obra mão-de-obra em função dos períodos do cronograma físico Folha de ponto Folha para controle do ponto dos funcionários Med. Empreiteiro Medição dos serviços realizados por subempreiteiros Controle de ponto Folha de ponto dos funcionários para gerar pagamento Folha de pagamento folha para pagamentos dos funcionários e sub-empreiteiros Programação de trabalho sequenciamento dos serviços a serem realizados com as suas datas de conclusão Programação serviço prog. semanal das atividades a serem realizadas no canteiro Serviços Acompanhamento dos serviços executados Andamento dos serviços Informações sobre o andamento dos serviços Decisões sobre os desvios Decisões com relação aos desvios em relação ao programado para a próxima semana Termo de recebimento termo de recebimento que após assinado pelo cliente é devolvido à empresa Índices/Medições índices de produtividade de mão-de-obra, perdas de material e consumo de material e medições dos sub-empreiteiros. Inclui ainda informações de não-compatibilidade entre projetos. Informações de não conformidade Índices de produtividade informações de não-compatibilidade detectadas na execução da obra Custos relatórios de acompanhamento dos custos incorridos nas obras Pagamentos pagamentos efetuados pelos clientes Desembolsos desembolsos gerados na produção: materiais, mão-de-obra e equipamentos Pag. relação de pagamentos efetuados pela empresa índices de produtividade de mão-de-obra, perdas de materiais e consumo de material na obra 184 Quadro 7.3 - Dicionário de Dados da modelagem do fluxo apresentada na fig. 7.3 (Continuação) Informação Descrição Rec. recebimento das pagamentos dos clientes Doc. notas fiscais, faturas, recibos pagos e recebidos pela empresa que após listados e protocolados são enviados ao contador Relatório relatórios contábeis consolidados por empreendimento Inf. do andamento do empreendimento informações sobre o andamento físico da obra Esta modelagem propõe uma melhor organização das informações nas empresas. Para facilitar a leitura do modelo, as etapas que o compõe estão apresentadas abaixo: • Estudo de Viabilidade Técnico Econômico (Fig. 7.1): é o início do processo. A empresa avalia a possibilidade de um novo empreendimento num determinado terreno a partir de diretrizes de atuação previamente estabelecidas. São necessárias as informações do mercado, obtidas junto aos clientes, que identificam as suas necessidades, e junto aos corretores, que informam quanto aos valores praticados na região, e também o estudo de viabilidade física, desenvolvido pelo setor de projeto. O estudo de viabilidade econômica considera a disponibilidade financeira da empresa com vista ao auto financiamento. Para a estimativa de custo do novo empreendimento são considerados os custos de etapas similares de obras passadas, que são acompanhados de forma sistematizada, e os custos de novas alternativas que sejam economicamente mais viáveis. • Lançamento (Fig. 7.2): uma vez tomada a decisão de realizar o novo empreendimento a empresa adquire o terreno, se ainda não o possui, e preparam-se os projetos e os documentos para o seu lançamento. Com base no projeto 185 executivo de arquitetura e nos projetos básicos complementares é realizado o orçamento. Este utiliza-se do cadastro de insumos e do cadastro de composições da empresa. O cadastro de insumos contém uma listagens de todos os materiais utilizados nas composições da empresa, a sua especificação técnica e o seu preço, que é atualizado pelo setor de contas a pagar, no recebimento das notas fiscais. As composições descrevem os serviços necessários numa obra da empresa, junto com os insumos, e refletem os índices de produtividade apurados pela empresa. Se porventura não existir uma determinada composição, a mesma é estimada (para efeito de avaliação do custo) e posteriormente acompanhada para poder ser inserida no cadastro existente. Após levantados os custos a diretoria estabelece o BDI a ser considerado para o empreendimento, e chega-se ao orçamento final. A partir do orçamento são realizadas as planilhas de venda que, anexadas aos documentos (modelo de contrato, proposta de venda, etc.) formam as pastas técnicas do empreendimento. A partir destes dados são planejadas as vendas, que se realizam através de contratos com os clientes. As vendas são acompanhadas, alimentando o processo decisório da diretoria quanto aos ajustes a serem feitos nas metas de produção. • Projeto (Fig. 7.1 e 7.2): o setor de projeto desenvolve inicialmente o estudo de viabilidade física para o novo empreendimento, procurando obter o maior aproveitamento do terreno, obedecendo a legislação local e as condições físicas do terreno. Se a empresa não desenvolve o projeto arquitetônico, ela traça diretrizes que são enviadas ao projetista. O estudo desenvolvido pelo projetista retorna para a empresa para análise e sugestões. Este processo continua até que se chegue a uma solução considerada mais adequada e resulta no estudo preliminar, utilizado 186 para avaliar a viabilidade arquitetônica. Se é decidida a realização do empreendimento, o setor de projeto da empresa desenvolve o projeto básico de arquitetura, a partir do estudo preliminar apresentado, para aprovação nos órgãos competentes, e solicita os demais projetos aos projetistas de estruturas, instalações, etc. Após receber os projetos básicos, o setor de projeto da empresa faz a compatibilização entre os mesmos, para evitar futuras interferências no canteiro de obras. A seguir desenvolve o projeto executivo de arquitetura que, anexados aos demais projetos executivos são encaminhados para a obra. Na obra, após iniciada a execução, são identificadas as incompatibilidades entre os projetos, gerando informações que auxiliam os projetistas na elaboração de novos projetos, e além disto, permitem um registro das alterações realizadas sobre o projeto executivo, que vão constituir os projetos “as built” (como construído) para serem entregues aos moradores e servirem de referência a possíveis solicitações de serviços de manutenção. • Planejamento do empreendimento (Fig. 7.2): ao iniciar um novo empreendimento a diretoria estabelece as metas de prazos, custos e qualidade que alimentam os processos de projeto e lançamento do novo empreendimento. Após realizado o lançamento, as metas do empreendimento são revisadas mensalmente em função do andamento das vendas, da disponibilidade financeira da empresa e do andamento dos empreendimentos que estão sendo executados, gerando as decisões quanto aos ajustes das metas que alimentam o processo de produção do empreendimento objeto de estudo. 187 •Planejamento da produção (Fig. 7.3): inicialmente é utilizado o projeto de arquitetura. A partir do projeto e das metas de produção recebidas da diretoria realiza-se a programação de trabalho que é encaminhada para a obra que inicia os serviços preliminares (limpeza de canteiro, instalação de tapumes, locação canteiro, etc.). A programação dos insumos (material, equipamentos e mão-de-obra) é feita com base nos quantitativos de recursos gerados pelo orçamento. A obra recebe a programação de trabalho e a partir daí o engenheiro programa os serviços a serem realizados na semana, para que ao final do mês seja cumprida a programação recebida. Desta forma ele realiza uma programação física mais detalhada para a execução dos serviços, e recebe do setor de suprimentos uma programação das datas de entrega dos materiais na obra. Em casos de urgência ou falha na programação ele solicita algum material complementar. À medida que a obra for executada uma série de medidas são realizadas para alimentar o processo de controle. Entretanto, a natureza das pequenas empresas, que não dispõem de mão-de-obra para a realização de muitas medições no canteiro, demanda um estudo de um sistema de controle mais simplificado e mais coerente com as características do setor. Com base nos serviços realizados é feito um acompanhamento físico semanal pelo engenheiro de obra, que toma as decisões para a semana seguinte quanto a correção dos desvios detectados. Este acompanhamento consolidado por mês alimenta o processo decisório da diretoria para avaliação da estratégia, reavaliada mensalmente, a ser adotada para os próximos meses em função da disponibilidade financeira da empresa. Ainda, em função dos serviços executados, poderão 188 ser gerados os indicadores de produtividade, como consumo de material e de mãode-obra por serviço, índices de perdas e retrabalho, que servirão para o controle da produção e também, para a atualização do cadastro de composições da empresa, quando se verificar uma constância para estes novos índices. O controle dos materiais é realizado através das notas fiscais. Os materiais recebidos na obra são conferidos com a nota fiscal quanto à especificação, quantidade e unidade. Após conferidas, as notas fiscais são carimbadas com um carimbo padrão onde devem ser lançados os códigos da obra. A seguir elas são enviadas para o controle de custos. O custo da mão de obra é controlado através das ordens de pagamento dos funcionários e dos subempreiteiros. As folhas de ponto assinadas pelos operários são conferidas diariamente pelo encarregado. Ao final da semana são enviadas, juntamente com as medições dos subempreiteiros, para o processamento da folha de pagamento no setor de Recursos Humanos. • Orçamento: o setor de orçamentos envia os quantitativos de recursos considerados no orçamento do empreendimento para a programação da obra e, a partir daí, realiza-se o acompanhamento dos mesmos. Para o controle de custo, ao se iniciar um novo empreendimento, o mesmo recebe um número que identifica o seu centro de custo para o lançamento das despesas. Desta forma existem números individualizados para cada uma das obras em andamento, para serviços de manutenção em obras entregues e despesas com o escritório. As quantidades consumidas na obra são apropriadas em função dos desembolsos ocorridos. As notas fiscais, antes de recebidas no Setor de Contas a 189 Pagar para a programação de pagamentos, são a referência para a atualização dos preços e da quantidade acumulada dos materiais comprados que compõem a tabela de quantitativos de recursos vinculados as composições de custo. Este controle pode servir para apontar o custo total da obra. Contudo nele estão embutidas todas as perdas e desperdícios acontecidos, e portanto ele não serve como base para estimativas de custos de serviços racionalizados. Estas estimativas deverão ser realizadas em função dos índices de produtividade apontados. As despesas com mão-de-obra obtidas das folhas de pagamento também alimentam o controle de custos por obra. O controle de custos gera os relatórios de custos enviados ao gerente técnico. • Suprimento: o setor de suprimentos recebe a programação de compras, realiza as cotações e coloca o pedido junto ao fornecedor. Para isto, utiliza o cadastro de insumos, lançando as quantidades adquiridas. As notas fiscais recebidas das obras são comparadas com o pedido e liberadas para pagamento. As informações quanto ao atendimento de prazos, qualidade, custo, etc. podem servir para alimentar as informações do cadastro de fornecedores que trabalham para a empresa. • Recursos Humanos: a partir das metas de produção é realizada a programação da mão-de-obra. O setor de pessoal realiza as contratações e eventuais demissões necessárias e envia as folhas de ponto para a obra. Após iniciada a obra recebe as folhas de ponto e as medições para processar o pagamento. É emitida uma prévia da folha de pagamento, que é enviada ao engenheiro. Este após 190 conferir os valores, a devolve ao setor de pessoal para dar andamento ao pagamento. • Manutenção: após a entrega do imóvel, o cliente assina um termo de recebimento do imóvel. Se precisar solicitar algum serviço de manutenção, o cliente se dirige a empresa, que faz uma análise desta solicitação. Caso aprovada, ela é encaminhada para que seja providenciada a mão-de-obra e o material para a realização do serviço. Caso seja recusada a solicitação, a mesma é devolvida ao cliente com uma carta explicativa. • Solicitação de Clientes: o cliente após realizar um contrato com a empresa em alguns momentos pode solicitar alterações no projeto. Nestes casos é feita uma solicitação por escrito à empresa que a analisa tecnicamente. Se o pedido é viável, é realizado um orçamento das mudanças e encaminhado um termo aditivo para cliente. Aprovado este termo, os quantitativos de recursos gerados são encaminhados para o processo de planejamento da produção, prosseguindo o fluxo já descrito. • Finanças: os desembolsos gerados pela obra (mão-de-obra, materiais) são enviados ao Setor de Contas a Pagar, para a programação dos pagamentos. Os comprovantes dos pagamentos após efetuados são anexados aos comprovantes de recebimentos de prestações dos clientes e processados pelo Setor de Contas a Receber. Depois são encaminhados para o controle financeiro, que acompanha a disponibilidade financeira da empresa, enviando os relatórios para o gerente financeiro, e protocola os documentos a serem enviados ao contador (ter- 191 ceirizado) para a emissão dos relatórios contábeis consolidados por obra e para a empresa. 8 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES PARA NOVOS ESTUDOS As informações coletadas ao longo deste trabalho nos permitem chegar a algumas conclusões. Estas dizem respeito tanto a metodologia proposta, quanto aos resultados obtidos pela sua aplicação às empresas construtoras. 8.1 CONCLUSÕES QUANTO A APLICABILIDADE DA METODOLOGIA PROPOSTA Nas pequenas empresas construtoras existe um acúmulo de funções que devem ser desempenhadas pelos tomadores de decisão, sendo estes na maioria dos casos os próprios donos das empresas. A coleta de dados realizada junto a estes profissionais para o desenho do diagrama de fluxo de dados demanda um período de tempo alongado, já que as reuniões precisam ser marcadas em função da disponibilidade de tempo dos mesmos. Além disto é de fundamental importância para a realização de pesquisas desta natureza que exista um maior comprometimento por parte dos diretores das empresas. Não basta somente a concordância em realizar as entrevis- 192 193 tas mas há necessidade de um maior envolvimento por parte dos mesmos, sensibilizados sobre as vantagens que a empresa pode obter com a realização de estudos deste tipo. Com isto acredita-se que haveria um menor número de interrupções a cada reunião e ainda, que as mesmas poderiam ocorrer de forma mais próxima do programado reduzindo o número de reuniões a serem remarcadas. Neste caso as reuniões poderiam ser agendadas em intervalos de tempo mais curtos. A partir daí, acreditamos que para as empresas do porte das que foram aqui estudadas, uma média de seis a oito sessões num prazo máximo de dois meses são suficientes para o levantamento dos dados. Este limite de prazo visa a modelar um fluxo de informações rotineiro da empresa para o processo em análise, devendo entretanto ser confirmado em outros estudos. Quanto a aplicação da planilha, vimos que a mesma serviu como um roteiro a ser seguido, pois estabeleceu os processos realizados em cada entidade. Entretanto, quando direcionada aos diretores, ela se mostrou inoperante. A nosso ver esta questão é decorrente da dificuldade que os mesmos têm em separar os processos desenvolvidos em cada entidade, em virtude da informalidade em que são manuseadas as informações a cargo de um mesmo profissional. A proposta de preenchimento das planilhas pelo entrevistador se mostrou de grande valia, pois permitiu que fosse feito o cruzamento das informações coletadas e identificadas aquelas faltantes para determinada entidade, que eram completadas a cada nova entrevista. 194 A maior dificuldade encontrada na realização deste trabalho foi com relação a obtenção dos dados. Nestas empresas, existe uma fraca documentação dos processos realizados internamente, bem como das informações transmitidas entre as entidades, que dependem da memória do técnico, no caso dos engenheiros e encarregados. Após levantados os dados e elaborado o diagrama de fluxo de dados, o mesmo se mostrou de grande valia, uma vez que mostrou de maneira clara os diversos percursos da informação presente na organização. A modelagem das informações permitiu a cada setor envolvido no processo de construção visualizar quais são as informações que necessita dos fornecedores (dados de entrada) e quais são as que devem ser geradas internamente ao setor para serem fornecidas para o próximo cliente da cadeia produtiva (dados de saída). Além disto, permitiu uma distinção clara entre processos e fluxos de informação, principalmente no caso das pequenas empresas, onde as pessoas são responsáveis por vários processos, não havendo, muitas vezes, a transmissão de dados de maneira formal entre as mesmas. A limitação do método é que ele se baseia na percepção que os entrevistados têm da maneira como se desenvolve o processo em estudo. A coleta de dados através de entrevistas não permite uma quantificação das informações trocadas entre as entidades, capaz de apontar a existência de problemas específicos. Entretanto, se este tipo de avaliação fosse aplicada em empresas do porte das aqui estudadas, apresentaria uma grande quantidade de informações trocadas entre entidades que na verdade são representadas pelo mesmo profissional. 195 8.2 CONCLUSÕES QUANTO AOS RESULTADOS OBTIDOS NA ANÁLISE DOS DADOS A análise dos diagramas obtidos nos permitiu identificar as principais entidades envolvidas no processo de produção do edifício. A partir daí, foi possível relacionar os processos e sub-processos desenvolvidos internamente a estas entidades. Além disso, foi possível a identificação dos fluxos de informações, ou seja, os dados de entrada e de saída, necessários para a realização destes processos. Os dados analisados indicaram uma ligação entre os planejamentos estratégico, tático e operacional do empreendimento fortemente dependentes dos respectivos planejamentos da empresa. A transmissão de informações entre estes planejamento ocorre na maioria das vezes de maneira informal, pois o mesmo profissional responde pela diretoria, gerência técnica e pela obra. Não são gerados planos formais para estes planejamentos, nem mesmo para o planejamento operacional das obras que, quando realizados se resumem ao cronograma de barras. Não existe uma programação de recursos e os mesmos são solicitados pela obra à medida que necessitem dos mesmos. Após iniciada a obra, os documentos escritos se resumem às folhas de ponto da mão-de-obra. A maior parte das obras das empresas não utilizava sequer os diários de obra. As informações utilizadas para realimentar o processo de planejamento se resumem ao andamento físico que é acompanhado visualmente e ao controle de custos, em função dos desembolsos da obra. 196 A análise dos dados mostrou, ainda, que as informações coletadas nas obras se baseiam na medição de alguns dos serviços sub-empreitados, que incluem aqueles realizados pela mão-de-obra própria que recebe por tarefa. Estes índices, apesar de serem utilizados para o planejamento de novos empreendimentos, não apontam diferenças de resultados para variações no objeto executado, pois reduzem tudo a uma média histórica. Funcionam como um controle de custo, pois consideram os valores pagos pelo serviço executado, não questionando se o serviço poderia ser realizado de uma forma mais racional. O controle da execução dos serviços é feito de forma verbal, e no caso de necessitar de algum reparo o engenheiro solicita a correção das deficiências, sem a criação de documentos. Como as empresas trabalham com os mesmos profissionais há algum tempo, no caso de reparos os diretores afirmam que conseguem rastrear os serviços com problemas e identificar as equipes que foram responsáveis pela sua execução. Algumas vezes recorrem à ajuda da memória do encarregado. Mesmo que consigam resgastar estas informações, a falta de procedimentos escritos sobrecarrega ainda mais a memória do técnico. Os dados indicaram que os procedimentos gerenciais são limitados, com poucos modelos que estabeleçam rotinas e levem a uma memorização adequada da experiência da obra. Os controles, quando executados, dizem respeito aos prazos e custos e não incluem verificações qualitativas ou de análise de rendimento do trabalho. Grande parte das informações são transmitidas de forma verbal, indicando uma grande informalidade no trato das questões relativas às obras. A falta de registros impede a empresa de ter um domínio sobre as atividades que executa 197 e a torna dependente da memória do técnico. Estas observações validam as hipóteses secundárias consideradas neste estudo. A partir da comparação entre os sistemas de informação encontrados na prática das empresas com um modelo tido como eficaz foi possível estabelecer uma série de considerações de modo a cobrir eventuais lacunas identificadas. Nestas empresas detectamos níveis diferenciados de controles realizados, mas muitas semelhanças entre a maneira que elas realizam o gerenciamento de seus projetos. As maiores deficiências encontradas se traduzem na falta de um sistema integrado que coordene todas as atividades necessárias para a consecução dos objetivos dos sub-processos internos ao processo de gerenciamento de projetos. A análise dos dados permitiu a modelagem de um sistema de informação que contempla esta integração entre sub-sistemas, além de um banco de dados único, com níveis de acessos diferenciados conforme o nível da decisão a ser tomada. Esta proposta apresenta uma maior estruturação das informações presentes nas empresas e está mais adaptado às suas características. O resultado alcançado cumpriu o objetivo deste trabalho e validou a hipótese principal considerada. A modelagem proposta não contempla toda a sorte de informações que circulam na empresa, mas somente aquelas identificadas como sendo necessárias para a realização dos processos identificados nas entidades. Uma vez que o objetivo proposto foi o de indicar diretrizes para a modelagem de um sistema de informação e não o de propor um sistema final, os pro- 198 cessos não foram analisados em níveis sucessivos, o que deve ser realizado em trabalhos posteriores. Neste caso, cabe ressaltar a importância do projeto uma vez que, conforme apontado no item 3.1 (pag. 54), ele será o responsável pela definição de grande parte dos custos do futuro empreendimento. Para que as considerações feitas possam ser aplicadas às empresas, ou mesmo para a utilização de um novo sistema, é preciso, de início, contar com o apoio da direção da empresa, como forma de promover as mudanças que se fizerem necessárias. Este apoio inclui além do engajamento dos dirigentes, o comprometimento da empresa em garantir os custos para os investimentos necessários. Não basta somente a aprovação das medidas elencadas, mas é necessária a participação efetiva dos dirigentes e seus funcionários, para que a implantação das medidas ocorra de uma maneira eficaz. 8.3 RECOMENDAÇÕES PARA NOVOS ESTUDOS A fim de dar seqüência ao estudo realizado, algumas recomendações podem ser relacionadas: a) realizar estudos da mesma natureza em um maior número de empresas e se possível, em outras regiões do país, a fim de generalizar as considerações feitas; b) realizar estudos que, mediante indicadores de produtividade globais, forneçam medidas dos benefícios obtidos por um melhor fluxo de informação nas empresas; c) desenvolver uma metodologia de implantação para o novo fluxo sugerido; 199 d) desenvolver estudos a partir do modelo global apresentado, para definição dos sub-sistemas, decompondo-os em níveis inferiores até se chegar às suas atividades micro. A partir daí analisar a validade de informatização de algumas destas atividades; e) desenvolver, junto aos profissionais de análise de sistemas, um estudo sobre os recursos disponíveis na área de tecnologia da informação para a informatização das atividades detectadas em estudos com o descrito acima; f) estudar alguns modelos de fluxo de informação utilizados em indústrias seriadas, identificando suas vantagens e desvantagens e, a partir daí, buscar estabelecer uma adaptação dos mesmos ao setor de construção civil de edificações de empresas de pequeno porte. Como conclusão final acredita-se que este estudo apresenta uma contribuição na área de pesquisa sobre os sistemas de informação de empresas de edificações, podendo ser aproveitado no desenvolvimento de sistemas de informação mais complexos que abordem a integração dos sub-sistemas de um projeto de edificação. 9 BIBLIOGRAFIA AMORIM, Sérgio Roberto Leusin de. Métodos de Controle de Produção e de Produtividade nas Edificações. 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