Pesquisa de Satisfação - 3 Happy Hour (foto) - 4 Compromisso Pela Educação - 9 Entrevista Instituto Ethos - 12 Campinas IBEF EM REVISTA Informativo do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças - Campinas Edição n° 98 - Setembro/2007 Foto Divulgação MERCADO DE AÇÕES Foto Divulgação Diretor vogal de Agronegócio, Felício C. do Prado Jr., comenta os rumos do setor. Pág. 10 José Antonio de A. Filippo, Karina Calicchio e Jaime Augusto da C. Rebelo TRÊS ASSOCIADOS FALAM SOBRE AS NUANCES DA ABERTURA DE CAPITAL, COM AS EXPERIÊNCIAS DE QUEM JÁ VIVEU O PROCESSO, DE QUEM ESTÁ VIVENDO E DO PONTO DE VISTA DOS INVESTIDORES. PÁGS. 5 A 7 RESPONSABILIDADE SOCIAL - A Fórmula & Cia. (foto ao lado), lançou a campanha Remédio Vencido Não Vai Para o Lixo. Pág. 8 Edição_98_Setembro_2007.p65 1 4/9/2007, 15:50 Expediente O Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças – Ibef é uma entidade sem fins lucrativos, formada por profissionais de finanças, que têm como objetivo o desenvolvimento profissional e social, através do intercâmbio de informações técnicas, dos interesses comuns nos negócios, da efetiva participação, da representatividade institucional e da formação de opinião. A entidade foi fundada no Rio de Janeiro, em 1971. Em Campinas, o Ibef foi constituído em 1986, é uma Entidade Pública Municipal (Lei n° 12.070 de 10/09/2004) e conta atualmente com cerca de 400 associados. No Brasil, o Ibef tem entidades também em São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Ceará, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Distrito Federal, reunindo cerca de cinco mil associados. O Ibef é filiado a International Association of Financial Executives Institute (IAFEI), organização sediada em Zurique, na Suíça, que congrega mais de 25 mil associados, em 24 países. DIRETORIA EXECUTIVA CAMPINAS – 2007/2009 Presidente: Marcos Mello Mattos Haaland Vice-Presidente: Saulo Duarte Pinto Junior Diretor Secretário: Antonio Horácio Klein Diretor Tesoureiro: Nildo Bortoliero Dir. de Admissão e Freqüência: Antonio D. Rubbo Diretora Técnica: Flávia Crosara G. Andrade Diretor de Desenvolvimento: F. Edmir Bertolaccini Diretor Jurídico: Arthur Pinto de Lemos Netto DIRETORES VOGAIS Indústria: Fernando Alves Perches Comércio: Rodrigo Benatti Organismos Públicos: João Batista Pereira Junior Mercado de Capitais: Karina Calicchio Ferreira Serviços: Valdir Augusto de Assunção Entidades Bancárias: Mônica de Cássia F. Gondim Entidades Fin. não Bancárias: Raimundo Danés Securitárias: Milton Fernandes Energia e Meio Ambiente: José A. de Almeida Filippo Agronegócio: Felício Cintra do Prado Jr. Logística: Antonio Bernardes Morey CONSELHO FISCAL EFETIVO Sebastião Carlos Ribeiro,Fernando Magano Henriques,Maurício Juni Ferreira,Carolina C. Castelnovo (suplente),Raimundo Besel N. Baptista (suplente) e Helen de Oliveira Coelho (suplente) CONSELHO CONSULTIVO José Roberto Morato (Presidente) Amílcar Amarelo, Francisco José Danelon, Antonia Maria Zogaeb e Antonio Sanches Filho COORDENADORES DE COMISSÕES Tributário: Octávio Teixeira Brilhante Ustra Empresas Familiares: José Luis Finocchio Jr. Controladoria: Líris C. Molena Marchiori Tesouraria: Regina Coeli Velten Crédito/Cobrança: Gislaine Heitmann Tecnologia da Informação: Daniel Maçano Jr. Adm. e Freqüência: José Florêncio da Costa Social / Ética/ Resp. Social: Antonio Sanches Fº, João Carlos Pinto e Arnaldo Rezende IBEF EM REVISTA Tiragem: 1.000 exemplares Publicação bimestral do Ibef-Campinas R. Barão de Jaguara, 1481 – 11° andar – conj. 113 Campinas – SP CEP – 13.015-910 Fones: (19) 3233-0902 e 3233-1851/Fax: 3232-7365 Site: www.ibefcampinas.com.br E-mail: [email protected] Coordenação Editorial: Antonio Horácio Klein e José Roberto Morato Jornalistas Responsáveis: Edécio Roncon (MTb 16.114) e Vera Graça (MTb 17.485) Apoio: Sonia Milan e Eliane M. Regina Produção Editorial: Roncon & Graça Comunicações Site: www.rongra.com.br E-mail: [email protected] Editorial EXPECTATIVA NOS MERCADOS Marcos Haaland- Presidente Ibef-Campinas E stamos atravessando nesses dias um período bastante turbulento para o profissional de finanças. Vivíamos um momento de grande euforia, refletido principalmente pelo forte movimento de companhias acessando o mercado de capitais, com novidades interessantes e freqüentes. Mas, de repente a surpresa vem de onde menos esperávamos, o mercado norteamericano. Um misto de excesso de liquidez com excesso de apetite pelo risco, gerou uma espiral de crédito que começou a desmoronar. O reflexo desse movimento acabou contaminando o mundo todo e estamos apreensivos para identificar o resultado desse movimento, principalmente como ficará o mercado brasileiro.O Brasil apresenta hoje fundamentos bem melhores do que em crises anteriores e existe até um certo sentimento positivo quanto à continuidade do crescimento do País. Mas, com certeza, estamos vivendo agora dentro de um ambiente diferente, mais cauteloso e mais rigoroso. Isso vai impor uma análise mais criteriosa dos investimentos, impactando inclusive a forte expansão dos recentes IPOs. O impacto de uma possível diminuição do crescimento americano e a volatilidade do câmbio serão mais sentidos no próximo ano. Esse momento acabou exigindo uma maior agilidade e atenção do homem de finanças. O Ibef, cumprindo o seu papel, vem levando aos associados informação e conhecimento exatamente para preparar o profissional para esses momentos. Tivemos no início deste ano eventos relacionados ao mercado de capitais e mais recentemente sobre gerenciamento de risco cambial. Também através dos grupos de trabalho temos levado conhecimento e troca de experiência ao associado. Espero que você, Ibefiano, tenha aproveitado essas oportunidades para estar melhor preparado para as suas atividades. O Ibef estará também, em breve, iniciando a sua segunda pesquisa de Responsabilidade Social Empresarial. Este ano vamos incluir também o tema de Governança Corporativa. Conto com a participação de todos, para termos uma alta qualidade de informação para todos os associados, suas empresas e a sociedade. Em outubro teremos o tão esperado Sócio-Esportivo, este ano no Grande Hotel de Águas de São Pedro. Espero poder me encontrar com você e sua família neste final de semana de surpresas, que estamos preparando especialmente para os ibefianos. Boa leitura a todos. COLABORADORES Antonio Horácio Klein - Coordenação Editorial O Ibef Em Revista tem sempre como meta trazer para o associado temas de interesse do mundo das finanças, denominados por nós como fóruns temáticos e colocados nas páginas centrais da publicação. Ressaltamos a colaboração dos associados, que têm disponibilizado seus horários de final de tarde, para participar dos fóruns temáticos. Agradecemos a colaboração na edição anterior, de Antonio Rubbo e Jarib Fogaça, que brilhantemente colocaram suas opiniões sobre o mercado de câmbio no Brasil. Nesta edição, abordando o mercado de ações, os associados, Jaime Augusto da Cunha Rebelo, José Antonio de Almeida Filippo e Karina Calicchio, apresentam as suas opiniões sobre o tema. Destacamos o apoio e o pronto atendimento desses associados e de outros, que com certeza participarão desses fóruns temáticos nas próximas edições, trazendo as suas experiências para todos os associados da entidade. Não podemos falar com todos ao mesmo tempo, o que é impraticável, mas o Ibef Em Revista tem procurado abordar temas de interesse geral e a julgar pela receptividade da edição anterior, o que com certeza se repetirá nessa e nas outras, temos a convicção de estar no caminho certo. O associado é a razão dessa publicação existir. 2 IBEF EM REVISTA Edição_98_Setembro_2007.p65 2 4/9/2007, 15:50 ASSOCIADOS APONTAM RUMOS NA PESQUISA DE SATISFAÇÃO Para entender os anseios e objetivos dos associados, o Ibef-Campinas realiza pela segunda vez a Pesquisa de Satisfação. Na edição de 2006, os associados sugeriram a formação dos grupos de trabalho. Os resultados foram tão positivos que uma segunda pesquisa foi realizada este ano e apresentada à diretoria. O presidente Marcos Haaland destaca os principais pontos dessa nova pesquisa. Ibef - Qual o objetivo do Ibef-Campinas promover Haaland – Os principais pontos de destaque referem-se à anualmente, uma pesquisa de satisfação junto aos seus manutenção e eventual ampliação dos grupos de trabalho. A associados? Essa pesquisa será repetida nos próximos anos? participação dos associados está diretamente relacionada à Haaland – Nosso objetivo é entender melhor os anseios e geração de valor e isso precisa ser mantido através da prepademandas dos nossos associados, para incluirmos essas per- ração de uma agenda de tópicos de interesse. Outro ponto de cepções na definição do plano de ação do Ibef, bem como atenção é trazer mais associados para participarem dos grucoletar sugestões e idéias para nosso trabalho. Com isso, po- pos, pois cerca de dois terços da amostra da pesquisa disseram demos estruturar programas que gerem maior valor para o não participar dos grupos. Também foi destacado o interesse associado. Nossa intenção é repetir com freqüência essa na realização de eventos técnicos, fora dos grupos, o que já pesquisa, inicialmente a cada ano. foi iniciado este ano com alguns eventos específicos. Ibef - A pesquisa de 2006 apontou para a necessidade da Ibef - Um dos pontos levantados pelos associados foi a criação de grupos de trabalho, com temas específicos para criação de um grupo de esposas. Como a diretoria imagina debate entre os associados. Em seguida, esses temas tornaram- encaminhar esse tema? se pólos de discussão e aprofundamento técnico, inclusive com Haaland – Esse é realmente um desafio, para o Ibef buscar a sua coordenação na época. Discorra maior participação e envolvimento dos sobre o desenvolvimento desses grupos. cônjuges nas atividades do Ibef. InicialmenHaaland – Inicialmente, a partir de te vamos buscar maior participação e uma demanda detectada pela pesquisa, integração dentro da agenda de eventos montamos três grupos de trabalho. Com já definida e eventualmente analisar uma o bom andamento desses grupos, surgiu ação específica e direcionada para esse uma demanda para mais três. Hoje grupo. O próximo passo seria ouvir as temos grupos de controladoria, demandas e idéias dos cônjuges através de tesouraria, tributário, crédito e cobrança, um contato direto. Vamos investigar a tecnologia da informação e empresas melhor maneira de se fazer isso. familiares. Esse trabalho foi bastante Ibef - Outro dos pontos de destaque positivo, pois envolveu o associado nas da pesquisa deste ano foi a excediscussões, com problemas práticos do lente aceitação da idéia, da entidia-a-dia que foram abordados e uma dade promover palestras no horário do discussão rica entre todos. Um dos almoço – das 12h às 14h30, aprovada pontos importantes são que os temas Pesquisa de Satisfação 2007 apresentada por por 83% dos associados entrevistaEdgard Fraga à diretoria do Ibef-Campinas discutidos são montados pelo próprio dos. Qual é a avaliação sobre o tema grupo, aglutinando o interesse de todos. e já existem gestões no sentido de trazer Ibef -Transcorrido esse período de um ano, como você palestras para esse horário? avalia o estágio atual dos grupos de trabalho e para onde Haaland – A realização de palestras nesse horário foi realmeneles ainda podem caminhar, tendo em vista as sugestões te bem vista. Isso tem sido a tônica para eventos de grande porte e apresentadas na pesquisa deste ano? palestrantes de renome. Acredito que esse tipo de evento é interesHaaland – Os grupos tiveram um ótimo desenvolvimento, sante para temas mais abrangentes, envolvendo um grande númeinfluenciados principalmente pela boa condução dos ro de associados, o que se dá somente algumas vezes por ano. coordenadores, a quem atribuo o sucesso dessa iniciativa. Existe Ibef - De maneira geral, como a diretoria do Ibef-Campinas um princípio de rotatividade anual entre os coordenadores, o que avalia a pesquisa de satisfação de 2007? é bom para a renovação das ações. Buscamos agora introduHaaland – Entendemos que o associado tem uma boa zir algum mecanismo de avaliação dos trabalhos mais avaliação do Ibef e suas atividades. Numa escala de 1 a 5, a freqüentemente e principalmente, buscar uma integração entre nota de grau de satisfação geral foi de 4,4 nessa pesquisa, os grupos para temas de interesse comum. comparado com 4,0 na pesquisa anterior. Isso mostra que esse Ibef - Na pesquisa deste ano, quais na sua opinião, são os instrumento é bastante válido na identificação das demandas e pontos que merecem ser destacados e receber maior enfoque necessidades do associado, que influenciam nos planos traçados na atuação da diretoria, nos próximos doze meses? para o Ibef. É um ótimo balizador para a diretoria. IBEF EM REVISTA Edição_98_Setembro_2007.p65 3 4/9/2007, 15:50 3 Happy Hour DESCONTRAÇÃO E INTEGRAÇÃO Descontração, papo informal e muita animação. Assim foi o Happy Hour do Ibef-Campinas, no dia 4 de julho, no Espaço Coronel, com mais de 20 participantes, entre associados e convidados. O Happy Hour do Ibef é um espaço de descontração e interação, tornando-se também um bom momento para o contato com os novos associados da entidade. Nas imagens abaixo, os flagrantes da animação ibefiana. Maria Inês e Edmir Bertolaccini e Antonio Rubbo Animação foi a tônica da confraternização Saulo Duarte Pinto Junior, Luiz Giudicci, Maurício Moralez, José Roberto Migotto e Ramon Molez Neto João Batista Pereira Junior, Antonio Horacio Klein e Saulo Duarte Pinto Junior Maria Inês e Edmir, Ramon Neto, Klein, Álvaro Priviatto, Saulo, Luiz Giudicci, Fabio Garibe, José e Eliane Regina Roberto Migotto, Ramon Molez, João Carlos Pinto, João Batista Pereira Junior, Antonio Klein e Fabio Garibe Antonio Rubbo, Antonio Klein, Saulo Duarte, Luiz Giudicci, Fabio Garibe e José Mario Regina Ramon Molez Neto, João Carlos Pinto, João Batista Pereira Junior e Antonio Klein 4 IBEF EM REVISTA Edição_98_Setembro_2007.p65 4 4/9/2007, 15:50 Fórum Temático AS MÚLTIPLAS NUANCES DO MERCADO DE AÇÕES Qualquer visão que se tenha do mercado de ações - intrincado, desafiador, estimulante ou propulsor do desenvolvimento, não é completa para explicá-lo, em função de suas múltiplas nuances. A única certeza é que não se tem monotonia. Para provar tudo isso e um pouco mais, reunimos os associados Jaime Augusto da Cunha Rebelo, José Antonio de Almeida Filippo (prêmio Equilibrista 2006) e Karina Calicchio. São experiências distintas e marcantes: Jaime vive o momento da primeira oferta pública de ações da empresa onde atua; Filippo traz uma boa história de sucesso e Karina coloca a visão dos investidores desse peculiar mercado. Ibef – Por que as empresas abrem o seu capital? José Antonio de Almeida Filippo - Podemos listar alguns motivos, o primeiro é precificar a empresa. Abrir capital é precificar o seu negócio e dar liquidez para ele. Outro aspecto é financiar o crescimento e os projetos da empresa, através do dinheiro do mercado de capitais e não de empréstimos. O ideal é a combinação das duas coisas, para financiar o crescimento de uma companhia. Jaime Augusto da Cunha Rebelo – A empresa em que trabalho, a Fertilizantes Heringer, acabou de abrir o capital. Um dos principais motivos da abertura de capital foi a captação de recursos. A empresa cresceu muito nos últimos anos – três vezes o que o mercado cresceu. E nós achamos que através da captação de recursos, temos uma oportunidade para acelerar a expansão da empresa. Poderíamos fazê-lo de forma comum, de uma forma sempre orgânica, a empresa não comprou nenhuma outra, mas vemos uma oportunidade bastante interessante no mercado agrícola nos próximos anos, então fomos ao mercado e capitalizamos a empresa para aproveitar esse momento importante José Antonio de Almeida Filippo, Karina do agronegócio. Ibef - Qual o figurino que uma empresa precisa ter para entrar no mercado de ações e quais os aspectos que são determinantes? Filippo - Primeiro, ter uma história boa para contar. Alinhar quais serão os objetivos com os recursos que serão captados. A outra questão é se preparar efetivamente para atender a isso. Contratar assessores sejam próprios das instituições financeiras, advogados e toda a equipe, que vai trabalhar durante a preparação e depois manter esse programa de abertura de capital. O figurino é estar consciente do que se espera pela frente e saber dos desafios. Abertura de capital não é o momento, é um programa de longo prazo. O mais difícil é depois que se abre o capital. Karina Calicchio - Em relação aos investidores, uma empresa quando abre o seu capital, tem que constituir uma diretoria somente para a relação com os investidores e isso é uma das coisas que mantém o sucesso da abertura de capital. Não é só a governança corporativa, mas estar de acordo com as regras exigidas atualmente. O esclarecimento cada vez maior do investidor é que mantém o sucesso da abertura do capital. Jaime - Um ponto mais importante é ter um histórico importante de crescimento. O investidor não vai por recursos na empresa, simplesmente se ela aplicar o seu dinheiro em um banco. Ele aposta o seu dinheiro em uma empresa que vai dar um retorno maior do que teria em uma aplicação comum, com risco totalmente mais baixo. O figurino é a empresa estar estruturada e preparada para criar essa melhora no seu desenvolvimento ecoCalicchio e Jaime Augusto da Cunha Rebelo nômico. As empresas que vão ao mercado e têm sucesso, dividem com os investidores a credibilidade e a confiança para aplicar os seus recursos. O tamanho da empresa tem peso considerável, porque infelizmente por um lado e felizmente por outro, ainda no Brasil a grande maioria dos investidores são estrangeiros — em torno de 70 a 75 %. Alguns fundos têm que alocar pessoas no seu portifólio para gerenciar o andamento da empresa. Quando você vai para a abertura de capital com um valor pequeno, você não atrai os fundos gigantes que estão pelo mundo com muita Continua nas páginas 6 e 7 Lemos e Associados Advocacia Fax: (19) Tel.: (19) Av. José de Souza Campos, 619 Cep: 13025-320 • Campinas • São Paulo • Brasil 3755-7100 3251-2986 E-mail: [email protected] www.lemosassociados.com.br IBEF EM REVISTA Edição_98_Setembro_2007.p65 5 4/9/2007, 15:50 5 MOMENTOS CRUCIAIS DA ABERTURA DE CAPITAL liquidez, que é tão pequeno o valor que ele vai investir com a participação que ele pode comprar, que eles desistem justamente por ser um valor muito pequeno. Mas vejo que isso no futuro possa ser modificado, quando o brasileiro tiver um pouco mais de confiança nesse mercado acionário. Karina – Hoje apenas 10% das pessoas físicas entram nas ofertas publicas iniciais de ações. A análise do investidor brasileiro ainda é muito setorial. Hoje vemos vários fundos de ações setoriais. Tem os fundos de ações setoriais de energia, de telecomunicações e depois parou porque é uma demanda do momento. Então a abertura de capital de uma empresa não pode se basear na opinião do investidor brasileiro. Jaime - Para se ter uma idéia, tem fundos na Europa que nem conversam com empresas que não tenham pelo menos um bilhão de reais, porque eles sabem que não vão ter uma porção de tal maneira que justifique. Portanto a empresa tem ser de um porte suficiente para atrair o interesse deles. É claro que estou estrapolando aqui, a Heringer fez uma oferta pública de ações de 350 milhões. Isso é público. Tivemos contatos com muitos fundos de investidores, bastante representativos tanto na Europa como nos Estados Unidos, mas alguns realmente gigantes não se interessaram. Filippo - O tamanho da empresa tem outro aspecto de influência que é o fator da liquidez. Se tiver um negócio muito pequeno, em uma necessidade de venda você pode não encontrar comprador pra aquilo, o percentual de liquidez é muito importante. Com a nossa experiência da CPFL, na ocasião fizemos a nossa abertura de capital com 300 milhões de dólares, mas a 6 companhia não precisava desse valor para os projetos que estavam associados a essa abertura. Precisava de 250 milhões. A leitura que fizemos do mercado era que um negócio do tamanho da CPFL, deveria ser no mínimo para podermos acessar os mercados internacionais, de 300 milhões de dólares. Os acionistas já controladores colocaram também ações que eles tinham à venda para completar os 300 milhões, para fazer um tamanho de operação que desse uma liquidez mínima a ação, para a pessoa que compra a ação possa ter uma saída em algum momento. Isso é um fator decisório de compra. Ibef – Quais são os momentos mais cruciais para a empresa em processo de abertura de capital? Como os futuros acionistas vêem isso? Filippo – Começa pela própria decisão de abrir o capital. Depois a forma com que se vai fazer, se no mercado local ou no mercado internacional, que depende do volume que você quer acessar e da necessidade. Se você tem intenções de fazer outras capitações e aumentar o seu volume no futuro é interessante fazer no mercado internacional. Outra questão é a leitura do momento do mercado. No caso da CPFL, desde 2003 vínhamos nos preparando e somente em 2004 abrimos o capital, porque o momento econômico era favorável. Karina - Os acionistas brasileiros ainda associam a bolsa ao mercado especulativo. Mesmo na renda fixa, que é considerado o mercado mais conservador, ainda temos vários riscos como os fundos que têm ações, multimercados, mesmo esse conservador através dos fundos que os bancos oferecem acabam aplicando na Bolsa, não diretamente, mas de forma coletiva. Quando você vai explicar para ele o tipo de investimento que ele deve fazer, você não tem como avaliar uma empresa especificamente. Tem um fundo de ações ou multimercado que tem parte de ações de diversas empresas. Isso fica difícil ele saber, somente um gestor tem como saber. Jaime - O momento mais importante é o acionista ou o controlador estar preparado para dividir o seu ativo ao preço determinado pelo mercado. A outra decisão é a preparação, que tem toda uma parte operacional. Outro momento importante é a definição do preço Quando se vai para a abertura de capital você tem uma série de metodologias, mas você não tem a certeza de quanto efetivamente vale a empresa. Você pode estar vendo alguma coisa, que o seu investidor não vê ou ao contrário. O momento importante é a definição do valor da empresa porque tem muitas coisas, que você não consegue simplesmente quantificar na matemática. É muito importante não subestimar ou superestimar o valor da empresa. O pico do trabalho antes da abertura do capital é realizado cinco a seis meses antes. O desafio maior é manter os principais executivos focados no negócio, para fazer a transição de uma empresa que era fechada para um novo mundo e não ter nenhum distúrbio importante nas atividades operacionais da empresa. É importante manter um líder do projeto, que em geral é o diretor financeiro e de relações com os investidores. Ibef – O futuro do mercado de ações no Brasil também passa pela atratividade de alguns setores da economia? Filippo - Por exemplo, se perceber que em algum momento há um amadurecimento das regras regulatórias, aquele segmento pode ser interessante para o investidor. No caso do segmento imobiliário com a queda dos juros, há uma perspectiva que se tenha mais negócios no setor. Outro aspecto importante é que no momento que se abre o capital, quem vende sempre acha que está vendendo barato e quem compra sempre acha que está comprando caro. O sucesso de uma operação dessa IBEF EM REVISTA Edição_98_Setembro_2007.p65 6 4/9/2007, 15:51 MERCADO ACIONÁRIO VIRA OPÇÃO PARA INVESTIMENTOS DE EMPRESAS é sempre encontrar um equilíbrio. É encontrar o máximo e o mínimo e que seja uma percepção certa pelo lado do comprador e do investidor. Se essa entrada é mal feita, com valores muito altos ou muito baixos, você pode comprometer o seu programa e levar anos para se reequilibrar. Jaime - O ideal é o ganha-ganha, que seja justo e que ofereça ao investidor uma perspectiva de crescimento do seu papel, tenha a liquidez e que amanhã ele esteja do seu lado, porque sabe que a empresa fez a coisa justa, não se aproveitou do momento inicial com um preço absurdamente alto e fez ele perder. Uma segunda chance é muito difícil e temos históricos de empresas que tiveram problemas e o resultado é a falta de liquidez e o papel indo lá pra baixo. O investidor espera um retorno maior, mais do que simplesmente aplicar em algo absolutamente sem risco nenhum. Por isso, precisam ser segmentos que ofereçam oportunidades de crescimento. O setor imobiliário é um, o de energia foi muito forte e no caso da Heringer, o segmento agrícola. O momento é muito bom, pois estamos tendo uma forte demanda por bioenergia e alternativas de energias renováveis. Ibef –O mercado de ações vive em altos e baixos. A recente crise imobiliária nos Estados Unidos deflagrou pânico nas Bolsas e a possibilidade de contágio dos mercados, incluindo o brasileiro. Foi um espirro na economia mundial ou existe o perigo de uma pneumonia global? Filippo - Podemos ver claramente é que houve um evento, que deflagrou alguns movimentos. A boa notícia é que os mercados estão mais maduros e não caíram tanto e as próprias entidades oficiais, os Bancos Centrais, dos países mais fortes, imediatamente atuaram e têm feito isso, monitorando de perto para que isso não se torne uma coisa mais profunda. Do lado do mercado brasileiro, os fundamentos estão muito fortes e as companhias estão muito mais sólidas. A má notícia é que todo o mercado é global-comunicado. Da mesma forma que você compra facilmente, você vende. Estamos vivendo uma situação de expectativa de que não seja uma situação fora de controle e que essas partes que têm responsabilidade, consigam atuar e manter o mercado sem um brusco ajuste. Karina – Pelo lado do investidor, ele sempre foi acostumado a aplicar em curto prazo e com a queda dos juros, está sendo obrigado a olhar para o mercado de ações, para manter um certo ganho. Mas, ainda assim, ele não consegue entender que tem que aplicar a longo prazo, com a possibilidade de ganhar, mas não é uma coisa certa. Qualquer crise que aconteça, provoca medo no investidor. Hoje no Brasil, os fundos imediatamente sofrem com qualquer coisa. O investidor precisa aprender que o mercado de ações é uma coisa para três, quatro anos ou mais. O perfil do investidor brasileiro ainda não é para longo prazo. O investidor vai precisar de um certo tempo para entender isso. Por outro lado, existe uma quantidade de informações muito grande sobre as empresas, que não dá para o investidor assimilar tudo ao mesmo tempo. Falta familiaridade do investidor brasileiro com a Bolsa. A própria Bolsa tem lançado programas para o pequeno investidor, que ajudam nesse sentido. As próprias empresas não viam a Bolsa de Valores como uma forma de financiamento, imaginem os investidores. Jaime – Acredito que com menor demanda nos Estados Unidos, eventualmente teremos impacto. Espero que não. Que fique exatamente como o Filippo mencionou. É mais financeiro no momento. Diga-se de passagem, alguns investidores tiveram lucro com suas ações. O investidor, ao vender ações no Brasil, primeiramente escolheu empresas que tiveram um crescimento muito importante no valor de mercado, porque é ali que ele sabe, que mesmo caindo e vendendo um pouquinho a cada dia, está longe ainda, muito acima do que comprou. Ibef – As empresas já vêem o mercado de ações como uma forma efetiva para alocarem investimentos e o que precisam fazer para se manter nele? Filippo – Sem dúvida, temos um momento inédito no mercado de capitais brasileiro, que é o aumento da possibilidade de se investir em ações. No passado, os juros eram tão altos que o risco que se corria no mercado de ações, para se ter rendimentos mais altos, não pagava a opção que se tinha de comprar um título de renda fixa. Com a queda dos juros você começa avaliar outras coisas de longo prazo, como as ações. Quero acrescentar que, a abertura de capital é um momento muito importante. Mas manter um programa depois é muito difícil. Muitas histórias de fracasso de abertura de capital se dão, porque as empresas não se preparam para o dia seguinte ao IPO (primeira oferta pública de ações). É muito importante manter uma equipe, o padrão e a consistência de informações. Jaime - Um exemplo disso é que nossa empresa, Heringer, abriu seu capital em abril de 2007 e eu pessoalmente, através de conferências ou reuniões com investidores e analistas, tive até esse momento 70 reuniões, o que demandou metade do meu tempo. Tem que alocar recursos, tempo e dedicação, não dê as costas (aos investidores), senão será penalizado severamente. No final da entrevista, todos concordaram que a imagem das senhoras idosas americanas aplicando na Bolsa, pode no futuro próximo, também acontecer no Brasil, provando a expansão desse tipo de investimento. IBEF EM REVISTA Edição_98_Setembro_2007.p65 7 4/9/2007, 15:51 7 Responsabilidade Social Empresarial R emédio Vencido Não Vai Para o Lixo. Com esse tema a Fórmula & Cia. Manipulação e Drogaria, de Campinas, mostra que a Responsabilidade Social Empresarial pode surgir na própria atividade cotidiana das organizações e transformar-se em uma grande ação, capaz de mudar atitudes da comunidade. Desde a sua fundação, a Fórmula & Cia. tem procurado adotar um padrão de qualidade e práticas alinhadas com o desenvolvimento sustentável. Como explica o seu fundador e diretor, Marcos Ebert, formado em Engenharia Civil: “Até pela minha formação sempre me preocupei com a destinação dos materiais descartáveis provenientes da atividade de manipulação de remédios na farmácia, tais como, a matéria-prima que usamos para análises de qualidade e o produto que está vencido, que têm um destino diferente do lixo comum, isso porque o lixo químico tem um potencial de contaminação diferente”. Foi então, que Ebert pensou que, o mesmo descarte correto dos resíduos da farmácia, deveria ser adotado para os remédios vencidos que as pessoas normalmente guardam em casa. LEGISLAÇÃO – A equipe da Fórmula & Cia. se debruçou sobre o tema, que mesmo parecendo comum, pouco havia sido dito sobre ele. “Como se deve descartar aquele medicamento vencido, que muitas vezes fica parado por muitos anos na nossa casa, sujeito a uma ingestão indevida pelas crianças e pelos adultos ou mesmo pelos animais domésticos? Pois bem, descobriu-se que não existe uma legislação específica sobre como descartar esse medicamento vencido nos domicílios. A conclusão e sugestão mais comum foi que o descarte quando ocorre, é feito simplesmente jogando esses medicamentos na pia ou no vaso sanitário. CONTAMINAÇÃO – Ebert afirma que isso é o pior que pode acontecer, já que esses comprimidinhos, todos juntos vão direto das residências e contaminam os lençóis freáticos, atingindo os mananciais de água potável e também o próprio solo. Alguém pode duvidar que algumas centenas de comprimidinhos possam fazer tamanho estrago? O diretor da Fórmula & Cia. concorda que alguns comprimidos não vão comprometer o meio ambiente, mas se cada um dos 180 milhões de brasileiros, jogar apenas um comprimido no vaso sanitário, o estrago pode ser muito grande. Para comprovar a sua tese, ele cita que pesquisas recentes apontam que nas águas do rio Tâmisa, na Inglaterra, já se detecta a presença do princípio ativo fluoxetina, que é um antidepressivo. CAMPANHA – Foi assim que a Fórmula & Cia. resolveu estruturar essa campanha inédita. A diretora técnica da empresa, farmacêutica Márcia Piva Cano, afirma que pesquisou muito para levantar informações para esse projeto e chegou a conclusão que a Fórmula & Cia. é a primeira farmácia do Brasil a lançar uma campanha, orientando a população para o descarte correto do remédio vencido domiciliar. A campanha empolgou tanto, que Ebert vem mantendo contatos com a classe política, para que se crie uma legislação específica para esse tipo de descarte de remédio vencido. “Embora esperemos, que fabricantes e outras drogarias e farmácias também tomem a iniciativa de recolher esses medicamentos vencidos, antes mesmo dessa legislação”, acrescenta o diretor da Fórmula & Cia. Foram quase dois anos gestando essa campanha, que representou investimentos de R$ 12 mil (entre treinamento de funcionários, camisetas alusivas e folhetos e cartazes explicativos). A campanha começou para clientes e população em geral, em junho deste ano, com a 8 Foto Divulgação REMÉDIO VENCIDO NÃO VAI PARA O LIXO Consumidora descarta remédio vencido na unidade Fórmula & Cia., da av. Cel.Silva Telles coleta dos remédios vencidos nas duas unidades da Fórmula & Cia. (Av. Coronel Silva Telles, 287 e rua Sacramento, 719). Em três meses foram coletados 120 quilos de remédios vencidos. Para esse trabalho de descarte, a Fórmula conta com a empresa parceira Ambicamp, responsável pela incineração e destino final dos remédios vencidos. A coleta dos remédios vencidos fica disponível para a população em geral até o final de outubro e após essa data, somente será feita para os clientes da Fórmula & Cia., uma vez que o serviço de incineração tem um custo para a empresa. MOTIVAÇÃO – Márcia Piva Cano explica que a campanha tem atingido os seus objetivos, uma vez que os clientes já estão vindo às unidades especificamente para descartar os seus remédios vencidos e não para comprar. “Quando os clientes sabem sobre os perigos da contaminação do meio ambiente, eles vêm trazer os seus remédios vencidos nas nossas unidades”, acrescenta. Ebert afirma que os resultados positivos dessa campanha não se devem apenas ao seu ineditismo, mas também pelo sentimento de responsabilidade social da população e o envolvimento de todos os colaboradores da empresa, incluindo o treinamento do Serviço de Atendimento ao Consumidor (fone 0800-111747), que respondeu a muitas dúvidas das pessoas sobre como fazer o descarte dos remédios vencidos. A campanha representou um momento importante para a Fórmula, que completa 18 anos em 2007 e está motivando toda a equipe da empresa pelo apoio e elogios dos clientes e da população em geral. “Não é uma ação isolada, atuamos com muita responsabilidade e respeito pelos nossos clientes e nossos colaboradores sempre procuram desenvolver ações positivas, inclusive de voluntariado dentro da empresa, o que a direção incentiva”, finaliza Marcos Ebert. Ele mesmo acaba de ser empossado, para um segundo mandato, como presidente do Centro Regional de Atenção aos Maus Tratos na Infância (Crami Campinas). IBEF EM REVISTA Edição_98_Setembro_2007.p65 8 4/9/2007, 15:51 Variedades DOAÇÃO, EDUCAÇÃO E PALESTRA SOBRE PLR COMPUTADOR PARA CRECHE ESTRELINHA DO ORIENTE O Ibef-Campinas doou para a creche Estrelinha do Oriente, um computador para utilização na administração da entidade. Essa doação, cujo valor ficou em torno de R$ 1.500,00 faz parte da atuação do Ibef em Responsabilidade Social, que agrega vários tipos de atendimento periódico às entidades assistenciais. No dia 3 de julho, Marcos Haaland, presidente do Ibef, fez a doação à Encarnación Lao, mais conhecida como Helena (na foto), diretora da Estrelinha do Oriente. DESAFIO EDUCACIONAL COMPROMISSO PELA EDUCAÇÃO – O programa Compromisso de Campinas Pela Educação foi apresentado pela diretoria da Feac aos diretores e associados do Ibef-Campinas (foto acima), no dia 22 de agosto. O programa tem como objetivo garantir educação básica de qualidade para todos os brasileiros até 2022, ano em que se comemora o bicentenário da Independência do País. Foram apresentadas as metas para se vencer o desafio educacional brasileiro. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS O diretor da Xtrat Estratégia Empresarial, Marcio Coimbra foi o convidado do Ibef para a palestra Participação nos Lucros e Resultados (PLR), realizada dia 9 de agosto. Coimbra tem diversos cursos e especializações, incluindo pós-graduação em Engenharia Econômica e MBA em Finanças. Como especialista, tem auxiliado empresas a montarem seus próprios programas de PLR e como diretor da Xtrat, assessorou vários laboratórios farmacêuticos associados ao Sindusfarma (Sindicato das Indústrias Farmacêuticas no Estado de São Paulo), para que desenvolvessem seus próprios programas em PLR, já que 42% das empresas se limitavam ao acordo sindical. Na palestra apresentou aspectos da legislação e seus benefícios, conceituação e evolução do programa, além de mostrar o PLR como instrumento de gestão empresarial. Marcio Coimbra, diretor da Xtrat Estratégia Empresarial IBEF EM REVISTA Edição_98_Setembro_2007.p65 9 4/9/2007, 15:51 9 Setor de Agronegócio DIAGNÓSTICO POSITIVO NO LONGO PRAZO O Felício - Essa fase de profissionalização tem se alastrado de forma consistente nas grandes e médias empresas do setor, inclusive naquelas que são controladas pelos grupos brasileiros. Esse processo não tem volta e é benéfico para o setor, na medida em que os principais cargos são ocupados por critérios de competência e qualificação e não em função de parentesco. No modelo mais comum, a família continua participando das decisões estratégicas, através da presença de seus representantes nos Conselhos da Administração. Ibef - O Sr. acredita que a partir Foto Divulgação desse novo ciclo do álcool, o setor tem força para alavancar outros segmentos? Ibef - Qual a sua avaliação desse Felício – Esse movimento do setor quadro? sucroalcooleiro já provocou impacto em Felício Cintra do Prado Júnior - Conoutros segmentos, como a elevação de cordo plenamente que o cenário a longo preços dos imóveis em certas áreas ruprazo é muito positivo para o setor do rais de São Paulo, Minas Gerais, Mato agronegócio, em especial, para os produGrosso do Sul e Goiás, dentre outras. tos relacionados aos biocombustíveis. O Além disso, os fabricantes de equipaBrasil tem condições de produzir a maioria mentos industriais e agrícolas estão sodesses produtos com custos muito combrecarregados de pedidos e houve impetitivos em relação aos demais países e pactos importantes nos setores de fertilia demanda mundial tem crescido de forma zantes, herbicidas e transporte de promais lenta do que mencionado nos discurdutos acabados. Outro setor que tem resos políticos e na mídia em geral, mas ela cebido fortes investimentos é o de cocertamente ocorrerá. geração elétrica, pois as usinas instalaIbef - Esse novo ciclo deve manter das e as novas têm investido pesado em essa consistência para se projetar caldeiras, geradores e outros equipamenações no segmento sucroalcooleiro tos utilizados nessa transformação do bapara os próximos 10 anos? gaço de cana em energia elétrica. Felício – Em prazos mais longos o Diretor vogal de Agronegócio do Ibef, Ibef - Comparando-se o primeiro grau de incerteza sempre é maior porque Felício Cintra do Prado Júnior semestre de 2006 com o de 2007, pode ocorrer mudança de tecnologia e de fundamentos econômicos. Mas esse novo ciclo parece muito qual o percentual que estimaria para o desempenho do mais sólido que os anteriores e é essa percepção que tem atraído setor do agronegócio em São Paulo? Felício – O desempenho do setor acabou sendo pior no grupos de investidores de outros setores e de outros países. Ibef - A região de Campinas também pode se beneficiar 1º semestre deste ano, em relação a igual período do ano passado, pois os preços do açúcar caíram cerca de 35% e do álcool mais fortemente dessa nova fase do setor? Felício - As empresas de agronegócio da região de Cam- aproximadamente 21%, em reais, se comparados com o mespinas certamente irão se beneficiar desse ciclo positivo que gera mo período de 2006 de acordo com os indicadores publibons negócios para toda a cadeia produtiva e até para as cados pela Esalq. Outros setores como os ligados ao milho empresas que vendem serviços, tecnologia ou que estão ligadas e à soja sofreram menos, mas de uma forma geral, acredito que o resultado não foi satisfatório. de forma indireta ao setor. Ibef - Como o Sr. avalia o potencial exportador do setor, Ibef - Especificamente na empresa onde atua, como tendo como fato que o etanol entrou na agenda do são as perspectivas de negócios? Felício - A Usina Ester (onde atua como diretor- biocombustível de vários países, com grande consumo e superintendente) é uma empresa tradicional, estabelecida há poder de influência, como os Estados Unidos. Felício – O potencial exportador do setor sucroalcoomais de cem anos e que tem obtido resultados que permitem um crescimento moderado, mas bastante sólido. Além de expandir a leiro é grande, porque hoje o Brasil exporta cerca de 70% da sua capacidade de produção em 20% nos próximos três anos a produção de açúcar e responde por quase metade do volume que empresa tem um plano de investimento em co-geração de é negociado internacionalmente. No caso do álcool a exportação energia elétrica, que já está em execução e que nesta primeira hoje é da ordem de 20% da produção, mas existe grande etapa gerará energia suficiente para abastecer uma cidade possibilidade de aumento desse volume se países desenvolvidos como Estados Unidos, Japão e alguns países europeus como Cosmópolis, onde ela está situada. Ibef - Tradicionalmente sabemos que o setor de implementarem de forma concreta os planos para adoção do agronegócios tem uma forte presença familiar nas etanol, ao mesmo tempo em que diminuírem as barreiras comerorganizações. Com a necessidade de modernização e ciais que existem principalmente nos Estados Unidos e na inserção nos mercados mundiais, as empresas têm busca- Comunidade Européia.Neste cenário os nossos produtos teriam do uma gestão mais profissional. Como isso tem se veri- um mercado de dimensão enorme porque os nossos custos de produção são os mais competitivos em termos mundiais. ficado no dia-a-dia? setor de agronegócio, especialmente no interior de São Paulo, vive o que já se pode chamar do novo ciclo do álcool, com as indústrias ligadas ao segmento de açúcar e álcool em franca expansão. Para 2012, o mercado brasileiro de etanol deve movimentar mais de 15 bilhões de dólares e no mundo todo, a produção de etanol deve saltar dos 50 bilhões de litros em 2006 para 113 bilhões de litros em 2012. Para comentar sobre esse momento do setor, o Ibef Em Revista entrevistou o diretor vogal de Agronegócio da entidade, Felício Cintra do Prado Júnior. 10 IBEF EM REVISTA Edição_98_Setembro_2007.p65 10 4/9/2007, 15:51 ANIVERSARIANTES Outubro 01 - José Luiz Zambotti 01- Simone A. B. Simão 02-Flávio Saad Maluf 02- Julio Braga Pinto 03- Jaime A. Cunha Rebelo 06- Arthur Pinto de Lemos Netto 06- Valdir Corrêa Grangeia 10- Melissa Marciano 11- Hailton Reco Braga 11- Marcio Filomeno de Oliveira 11- Marcio Rovere 13- Aylton Ardito 13- João Batista de Carvalho 15- Carlos Mario S. Marangão 15- Marco Antonio F. Aguilar 15- Paulo de Tarso P. Junior 16- Isaque F. Pereira Junior 16- João Batista Castelnovo 17- Jelson Felicíssimo 17- Ramon Molez Neto 18- Delcides Barbosa 18- Silvio Quiessi 20- Carlos Eduardo R. Staut 22- Antonio Horácio Klein 22- Dines Schaffer 23- Arnaldo A. Rezende 23- Edson José Miquilini 23- Fabio Garibe 23- José Lopes Vasquez 25- Mario Francisco de Lima 26- Antonio Carlos Lima 26- Walbert Antonio dos Santos 27- Antonio Sanches Filho 27- José Antonio de A. Filippo 27- Christiaan Van Raij 29- Fernando Antonio Mazzoleni Novembro 03-Agnaldo José Pilon 03- Mauricio Rezende 03- Nadir A. Costa 03-Roberto de C. Bandiera 10- José Florêncio da Costa 11- Joaquim Carlos Dias 12- Eduardo Martins Junqueira 16- Maria de L. V. Garrido 17- Antonio Maria Zogaeb 17- Ercílio Cecco Junior 17- Luis Carlos Maria Solimeo 19- José Roberto Morato 21- Amílcar Amarelo 23- Sergio Santana Novidades 24- Marcelo José Baldove 24- Osvaldo Davanço 25- Afonso M. Almeida Moreira 25- Carlos Alberto Samogin 25- Rafael Henrique Monteiro 29- Edgard Machado Filho Agradecimento O 10° Encontro Sócio-Esportivo Regional, do IbefCampinas, acontece no período de 26 a 28 de outubro, no Grande Hotel Senac, em Águas de São Pedro. Será um final de semana de muitas atividades. O hotel concedeu, especialmente para esse evento, como cortesia, um welcome drink para o grupo e um banho medicinal no health club, para as mulheres presentes. A diretoria do Ibef-Campinas agradece ao associado Milton Fernandes, diretor vogal Securitário, que conseguiu a renovação do seguro da sede da entidade. O seguro realizado com o Unibanco foi renovado através da JLT do Brasil Corretagem de Seguros. NOVOS SÓCIOS • Jaime Augusto da Cunha Rebelo - Fertilizantes Heringer • Edmilson Robles Castilla - America Consulting Asses.Estrat.e Financ.Ltda Ibef-Campinas - Entidade de Utilidade Pública Municipal IBEF EM REVISTA 11 Edição_98_Setembro_2007.p65 11 4/9/2007, 15:51 Foto Divulgação Entrevista PACTO EMPRESARIAL CONTRA A CORRUPÇÃO Ricardo Young A Responsabilidade Social Empresarial tem sido uma das bandeiras do Ibef-Campinas, que busca motivar seus associados para ações que contribuam para o desenvolvimento sustentável. Esse é o tema da entrevista com o presidente do Instituto Ethos, Ricardo Young. A missão do Instituto Ethos, que tem sede em São Paulo, como está registrada no seu site é “mobilizar, sensibilizar e ajudar as empresas a gerir seus negócios de forma socialmente responsável, tornando-as parceiras na construção de uma sociedade sustentável e justa”. Young, 50 anos, é empresário, formando em Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas, presidente do Conselho Deliberativo do Yázigi Internexus e fundador e presidente por três mandatos da Associação Brasileira de Franquias (ABF). Ele foi membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Presidência da República, até dezembro de 2006. Ibef - Diante desse quadro atual generalizado, de corrupções e falta de ética, como deve se portar o jovem executivo de finanças, que está iniciando a sua carreira? Ricardo Young - Em primeiro lugar, é preciso possuir algo que não se aprende nas escolas, por melhores que sejam. São valores e princípios que, por assim dizer, aprendemos em casa, desde nossa infância, valores que foram reforçados na vida escolar, com amigos, na família, nas relações afetivas. Enfim, é preciso ter caráter. Em seguida, é muito importante que o jovem executivo conheça a legislação que regula e/ou interfere no negócio onde vai atuar. É preciso também que, estando a par da situação, o jovem executivo rapidamente faça um mapeamento das situações de risco do negócio e tente evitá-las ou preveni-las. O jovem executivo também pode ajudar a empresa a instituir políticas de promoção da integridade e de prevenção de práticas de corrupção. Ibef - Qual deve ser o papel desempenhado pelas empresas para que os seus executivos tenham uma conduta ética e alinhada com os valores de uma sociedade que tenta dar um basta na corrupção? Young - A empresa precisa ter regras claras de conduta, disseminadas e assimiladas por seus funcionários e também por todos os públicos com os quais se relaciona. Uma política de integridade pode começar com um Código de Ética e, depois, avançar para a elaboração de regras específicas para os diversos processos. Há empresas que engajam os públicos interessados neste esforço, e o resultado é sempre alentador, porque o comportamento ético vai se espalhando para toda a cadeia produtiva, produzindo um efeito em cascata de boas práticas de governança e transparência nos negócios que chega até a sociedade. Ibef - No dia-a-dia das empresas, quais as ações aparentemente “inocentes”, que levam os executivos e empresários a desvios éticos? Young - Não existem atos inocentes. Qualquer ação realizada fora das leis e do código de ética da empresa é um desvio sério. O problema é que nossa cultura do “jeitinho” vem sendo complacente com alguns desses ilíci- tos, sob alegações diversas. Qualquer desvio precisa ser punido. Não é necessário ser uma pena severa, mas a punição é importante para acabar com a idéia de que o crime compensa. Pior que a corrupção é a impunidade. O corrupto produz vítimas, milhões delas. Por que não há merenda nas escolas? Por que os impostos são altos? Por que há desconfiança do consumidor em relação aos agentes econômicos? Por que o mercado de capitais não avança no Brasil? Para as diversas respostas que podemos dar a estas perguntas, em algum momento chegaremos a um lugar comum: porque a corrupção é grande e espalha-se por todos os poros do tecido social. Ibef - Então, tendo em vista este contexto mais macro, como as empresas podem contribuir para um cenário onde a confiança seja recuperada? Young - Acredito que as empresas, como um dos setores mais organizados e poderosos da sociedade, podem e devem assumir a dianteira para mudar as coisas. Até porque há empresas de todos os portes e de várias naturezas listadas nos escândalos recentes e antigos. Uma das maneiras de adotar atitudes de combate à corrupção é assinar o Pacto Empresarial pela Integridade e Contra a Corrupção, articulado pelo Instituto Ethos, pela Patri Relações Governamentais e Políticas Públicas, pelo Fórum Econômico Mundial, pelo Pacto Global da ONU e pelo Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crime. Este Pacto estabelece um conjunto de diretrizes e procedimentos que as empresas signatárias se comprometem a voluntariamente adotar no relacionamento com os poderes públicos e com o mercado. A iniciativa foi lançada em 2006 e hoje já conta com 420 empresas e 87 entidades signatárias. Ele surgiu da constatação de que o Brasil não deve continuar pagando o custo social, econômico e político provocado pelos sucessivos casos de corrupção, que periodicamente afrontam o País. Nossa expectativa é que este Pacto, por ser de adesão voluntária, inicie um novo tempo na ética dos negócios. Quem quiser mais informações sobre o Pacto, pode acessar o site www.empresalimpa.org.br. E não deixe de visitar o site do Instituto Ethos – www.ethos.org.br. 12 IBEF EM REVISTA Edição_98_Setembro_2007.p65 12 4/9/2007, 15:51