Conselho Editorial Av. Carlos Salles Block, 658 Ed. Altos do Anhangabaú, 2º Andar, Sala 21 Anhangabaú - Jundiaí-SP - 13208-100 11 4521-6315 | 2449-0740 [email protected] Profa. Dra. Andrea Domingues Prof. Dr. Antonio Cesar Galhardi Profa. Dra. Benedita Cássia Sant’anna Prof. Dr. Carlos Bauer Profa. Dra. Cristianne Famer Rocha Prof. Dr. Fábio Régio Bento Prof. Dr. José Ricardo Caetano Costa Prof. Dr. Luiz Fernando Gomes Profa. Dra. Milena Fernandes Oliveira Prof. Dr. Ricardo André Ferreira Martins Prof. Dr. Romualdo Dias Profa. Dra. Thelma Lessa Prof. Dr. Victor Hugo Veppo Burgardt ©2015 Marcelo da Silva Taveira; Luzia Neide Coriolano (Orgs.) Direitos desta edição adquiridos pela Paco Editorial. Nenhuma parte desta obra pode ser apropriada e estocada em sistema de banco de dados ou processo similar, em qualquer forma ou meio, seja eletrônico, de fotocópia, gravação, etc., sem a permissão da editora e/ou autor. T198 Taveira, Marcelo da Silva; Coriolano, Luzia Neide Políticas, Mercado e Gestão do Turismo no Rio Grande do Norte/Marcelo da Silva Taveira; Luzia Neide Coriolano (Orgs.). Jundiaí, Paco Editorial: 2015. 368 p. Inclui bibliografia. ISBN: 978-85-462-0086-3 1. Rio Grande do Norte 2. Turismo 3. Gerenciamento 4. Mercado. I. Taveira, Marcelo da Silva ll. Coriolano, Luzia Neide. CDD: 341.754 Índices para catálogo sistemático: Turismo Indústria do turismo 341.754 338.479 1 IMPRESSO NO BRASIL PRINTED IN BRAZIL Foi Feito Depósito Legal Sumário PARTE 1 – Gestão e políticas do turismo potiguar...............................13 Crise financeira, dinâmica imobiliária e turismo em Tibau do Sul/Pipa.....15 Maria Aparecida Pontes da Fonseca; Maria Rita de Oliveira Nunes Turismo e conflitos urbanos na cidade do Natal/RN....................................35 Andrea de Albuquerque Vianna; Amadja Henrique Borges Turismo em zonas costeiras no Rio Grande do Norte: das incompatibilidades a uma gestão integrada adequada.....................................................................63 Tatiana Moritz; Fátima Lopes Alves; Carlos Costa Turismo e políticas públicas em Parnamirim/RN na perspectiva dos atores locais............................................................................................................81 Renata Mayara Moreira de Lima; João Bosco Araújo da Costa Museu e turismo cultural: espaços museais do centro histórico de Natal/RN............................................................................................................107 Andréa Virgínia Freire Costa; Patrícia Daliany Araújo do Amaral Turismo no espaço rural: uma proposta para exploração dos atributos construtivos dos engenhos da microrregião do Brejo/PL...............................129 Mabel Simone Guardia; Dermeval Araújo Furtado Lazer ou turismo? Valor de uso ou valor de troca? Abordagem conceitual de residência secundária..........................................................................................147 Kelson de Oliveira Silva A dimensão econômica do processo de territorialização turística em Tibau do Sul/RN...............................................................................................171 Salete Gonçalves São Miguel do Gostoso na crista da onda: de vilarejo a destino turístico....191 Marcelo da SIlva Taveira Políticas nacionais de turismo no Rio Grande do Norte: programas de municipalização e regionalização.....................................................................209 Jurema Márcia Dantas da Silva; Luzia Neide Coriolano PARTE 2 – O mercado e as configurações comerciais no contexto socioambiental.................................................................................229 Mercado de eventos e atuação do Natal Convention & Visitors Bureau....231 Darlyne Fontes Virgínio; Renata Paula Costa Trigueiro Nós não vamos invadir sua praia: habitus segregados do lazer de turistas e residentes no destino Natal/RN.......................................................................249 Michel Jairo Vieira da Silva Sistema de gestão ambiental e hotelaria: um estudo no Nordeste brasileiro...271 Ana Neri da Paz Justino; Fernanda Fernandes Gurgel; Lydia Maria Pinto Brito; Laís Karla da Silva Barreto Da responsabilidade do fornecedor decorrente das compras coletivas e as consequências no turismo em Natal/RN........................................................291 Antônio Jânio Fernandes; Jéssika Ezequiel de Brito; Sidcley D’Sordi A. Alegrini da Silva Viva & conheça Natal – uma proposta de turismo para a capital potiguar...311 Alberto Signoretti; Michele Galdino Câmara Gestão de pessoas em empreendimentos turísticos potiguares: uma aplicação do modelo de valores competitivos..................................................................329 Leilianne Michelle Trindade da Silva Barreto; Wayne Thomas Enders Autores................................................................................................................355 Prefácio Este livro é resultado de estudos e investigações de um grupo de professores pesquisadores do Rio Grande do Norte, que tem o turismo como foco de interesse e dá atenção especial à gestão do turismo pela ação governamental, empresarial e solidária, ou seja, viabilizada por políticas públicas, privadas e comunitárias, ensejadas por questões contemporâneas que envolvem aspectos econômicos, sociais e ambientais, suscitando gestões para a sustentabilidade. A coletânea: Políticas, mercado e gestão do turismo, no Rio Grande do Norte é um livro de referência em temos teóricos e de paradigmas para elaboração de matrizes da gestão do turismo, em termos operacionais necessários ao suporte de políticas públicas, planejamento estratégico empresarial e ordenamento territorial do turismo no Rio Grande do Norte. Gestão em turismo significa administração de empreendimentos e destinos turísticos no eixo do turismo convencional com megaempreendimentos, instituições, empresas, entidades sociais de pessoas; ou no eixo do turismo alternativo, com micro empreendimentos, associações comunitárias e comunidades receptoras de turismo. Sendo o turismo atividade terciário com serviços prestados de pessoa a pessoa, a gestão envolve em especial grupo de pessoas com manutenção de sinergia entre elas, estrutura das empresas, recursos existentes, em especial os socioambientais. O gerenciamento de custos, lucros, patrimônios, contabilidade e gestão de pessoas, é importante para que as empresas encontrem equilíbrio, possam se autossustentar, adquirir prestígio e lucro. No entanto, a gestão moderna exige mais que isso, exige que a empresa cumpra a responsabilidade social e ambiental dentro e fora do empreendimento, ou seja, lucre, mas atente para a responsabilidade social e ambiental. Para alguns gestores de empresas convencionais de turismo a gestão econômico-financeira é prioridade e escamoteiam o valor das demais dimensões da gestão; já administradores de empresas comunitárias centram-se na gestão de pessoas e do meio ambiente, o que também não satisfaz, porque a gestão precisa considerar as várias dimensões para alcançar a sustentabilidade integral. A gestão econômica remete ao mercado e busca o equilíbrio entre oferta e demanda. A gestão financeira cuida do capital, dos financiamentos, do lucro desejado pelos investidores e empreendedores e assim tenta controlar taxas de jurus, fluxo de capital de giro, taxas de retorno, para saber se a empresa teve retorno ou se acumula riqueza. A gestão empresarial justa teria que ter lucros, 5 Marcelo da Silva Taveira; Luzia Neide Coriolano (Orgs.) pois é para isso que as empresas são instaladas, mas teria que cuidar do grupo de pessoas que faz a empresa e cuidar da responsabilidade social, que significa o desenvolvimento sustentado, com maior equidade na distribuição de renda e de bens, de modo a reduzir diferença gritante entre padrões de vida. Responsabilidades sociais são atribuições que têm as empresas para com a sociedade tendo por objetivo definir obrigações relacionadas à preservação do meio ambiente, aos direitos de minorias e aos direitos das populações estabelecidas no entorno dos empreendimentos. Significa levar empresas e gestores a introduzirem práticas e gestões de proteção do meio ambiente, e satisfação de pessoas envolvidas direta e indiretamente com o trabalho. Gestores de empreendimentos turísticos analisam o mercado para saber se está favorável, conhecer as tendências dos negócios turísticos para saber onde aplicar os investimentos. Nessa conjuntura a informação torna-se ferramenta para subsidiar gestores e empreendedores. Daí porque a informação passa a ser indispensável para atuação no mercado, e também para os consumidores. Para os empresários as informações visualizam o mercado interno e externo, as oscilações do mercado, direcionando as práticas políticas, o território onde atuam ou desejam atuar. Em relação ao território, as informações se fazem importante para localizar os empreendimentos, indicar onde se instalam os meios de hospedagens de cadeias nacionais e internacionais, shoppings, centros de convenções, lugares de compras e de lazer, tanto em orlas marítimas como em metrópoles e áreas urbanizadas, não podendo ser negligenciada a gestão interna do dia a dia das empresas de turismo. Administrar empreendimentos turísticos exige tomar conhecimento sobre a capacidade de lucro do negócio, acompanhar a evolução das receitas em relação aos valores despendidos em custos, ou seja, focar a relação custo benefício. Reorientada, a gestão empresarial passa a ser associada à governança, relacionando-se com a descentralização do poder, participação e integração entre políticas, sobretudo com possibilidade de interações entre a sociedade e o Estado. Criam-se instâncias de governança ou sistemas relacionais de gestão do turismo, em instância regional, para facilitar inter-relações de cooperação, na organização e desenvolvimento da gestão do turismo. Com diversificação de sujeitos sociais para efetivação de política pública e privada de turismo pelo processo participativo. Esses temas são apresentados no livro que ora chega às suas mãos. O livro é uma produção acadêmica composta de 16 textos, alguns em coautoria e está organizado em duas partes integradas e interconectadas: a primeira remete a gestão e políticas do turismo potiguar e a segunda ao mer6 Políticas, Mercado e Gestão do Turismo no Rio Grande do Norte cado e as configurações comerciais no contexto socioambiental do estado do Rio Grande do Norte. A compartimentação não se limita ao que sugerem os títulos, pois a cada leitura se compreende melhor o turismo como atividade política que se sustenta em gestões para colocar produtos no mercado turístico envolvendo realidades geoambientais e socioculturais do Rio Grande do Norte que avança e recua na produção das políticas de turismo. O organizador da coletânea é Marcelo da Silva Taveira, turismólogo, estudioso e comprometido com o turismo, doutor em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, professor efetivo do Curso de Turismo da mesma universidade, no Campus Currais Novos. Prof. Marcelo me solicitou ajuda na tarefa de organização do livro, o que fiz com satisfação e empenho, mas posso dizer que sou mera coadjuvante e que colaborar nessa produção foi missão gratificante. Convidar escritores, organizar textos e revisá-los, dar o fio condutor ao livro demandou diversos encontros, idas e vindas de textos e informações de Natal, onde mora Marcelo, para Fortaleza, onde moro. A Primeira Parte, denominada Gestão e políticas do turismo potiguar agrega os seguintes textos: o Capítulo 1: Crise financeira, dinâmica imobiliária e turismo em Tibau do Sul/Pipa, é escrito por Maria Aparecida Pontes da Fonseca e Maria Rita de Oliveira Nunes. Nele é explicado a expansão de imóveis destinados às segundas residências no Nordeste brasileiro ao longo da última década, vinculada à absorção dos excedentes de capitais que encontraram possibilidades de acumulação no mercado imobiliário de periferias emergentes, tal como acontece em Tibau do Sul/Pipa – RN, área foco do estudo. A dinâmica imobiliária é incorporada e impulsionada pelo turismo, contribuindo para intensificação da urbanização. As segundas residências são modalidades de hospedagem que, segundo as autoras, possibilitam lazer aos residentes e turistas e viabilizam negócios lucrativos no setor imobiliário. As autoras mostram como a crise financeira de 2008 provoca retração do fluxo turístico internacional e arrefece a dinâmica imobiliária, desencadeando reestruturação do turismo no litoral do Rio Grande do Norte. Em seguida, apresenta-se o Capítulo 2, Turismo e conflitos urbanos na cidade do Natal/RN, que mostra o marketing turístico “Cidade do Sol” e de ar puro das Américas, transformada em cartão de visita para construção da imagem de Natal, cidade de paisagens paradisíacas. O confronto entre a cidade real e o “paraíso” do turismo acaba por gerar conflitos entre autóctones e visitantes, é assim que Andrea de Albuquerque Vianna, Amadja Henrique Borges mostram a relação entre o turismo e conflitos urbanos em Natal/RN. 7 Marcelo da Silva Taveira; Luzia Neide Coriolano (Orgs.) O método regressivo-progressivo de Henri Lefebvre e a coleta de dados do Relatório dos Conflitos Urbanos em Natal entre 1976 a 1986 (Andrade et al, 1986) ajudam apresentar a realidade dos anos que antecedem o turismo no estado e confrontá-la com a dos anos seguintes. As autoras mostram a dimensão dos impactos do turismo no cotidiano e o surgimento dos conflitos urbanos em Natal. Turismo em zonas costeiras no Rio Grande do Norte: Das incompatibilidades a uma gestão integrada adequada é o Capítulo 3, escrito por Tatiana Moritz, Fátima Lopes Alves e Carlos Costa que estimam ser de 80% os fluxos turísticos mundiais em zonas costeiras. Ambientes complexos e frágeis, suscetíveis a transformações e impactos pelas atividades e avanço do nível do mar causando erosão costeira. Em algumas praias o processo é severo, requer medidas de recuperação ou contenção efetivas. Os autores analisam a dinâmica costeira e do turismo no estado do Rio Grande do Norte a partir da praia de Ponta Negra em Natal, mostrando que a realidade impõe reordenamento espacial da orla urbanizada. Os autores mostram instrumentos para uma gestão que solucione os problemas em Ponta Negra. O Capítulo 4 denomina-se Turismo e políticas públicas em Parnamirim/ RN na perspectiva dos atores locais, é de autoria de Renata Mayara Moreira de Lima e João Bosco Araújo da Costa, que avaliam a partir dos moradores se o turismo contribui para o desenvolvimento local. Vão além do desenvolvimento no viés economicista, verificam as contribuições de Amartya Sen na busca do desenvolvimento como liberdade. Realizam entrevistas com residentes sobre gestão pública do turismo e iniciativa privada. Afirmam que o PRODETUR II coopera com o desenvolvimento de Parnamirim/RN, mas os resultados do programa poderiam ser substanciais com o fortalecimento da gestão pública e a mobilização da população local, imprescindíveis para maior efetividade das políticas de turismo. O Capítulo 5 é Museu e turismo cultural: espaços museais do centro histórico de Natal/RN autoria de Andréa Virgínia Freire Costa e Patrícia Daliany Araújo do Amaral. As autoras traçam panorama dos museus do centro histórico de Natal, apontam entraves e potencialidades para o turismo cultural. Fazem pesquisa de campo com base no modelo do IBRAM. Os resultados encontrados mostram quadro preocupante que exige cuidados. Os museus são atrativos culturais e em Natal o turismo não explora temas ligados à arte e cultura, quando os museus poderiam tornar-se referências culturais para turistas e população local. 8 Políticas, Mercado e Gestão do Turismo no Rio Grande do Norte Turismo no espaço rural: uma proposta para exploração dos atributos construtivos dos engenhos da microrregião do Brejo- PB é o Capítulo 6, produzido por Mabel Simone Guardia e Dermeval Araújo Furtado. É apresentado o cenário dos engenhos da microrregião do Brejo paraibano, especificidades físicas e atributos que podem valorizar a exploração da atividade turística e a recepção aos visitantes. O recorte espacial da pesquisa foi Brejo na Paraíba. Afirmam os autores que os engenhos, embora tenham sofrido intervenções de várias ordens, não apresentam ostentação, revelam precária infraestrutura e que a relação com o turismo é preliminar. Contudo, o turismo rural é um segmento que pode associar o Rio Grande do Norte com a Paraíba. Kelson de Oliveira Silva é o autor do Capítulo 7: Lazer ou turismo? Valor de uso ou valor de troca? Abordagem conceitual da residência secundária. Trata-se de profundo estudo sobre segunda residência, atividade responsável por processos de urbanização, associados a problemas socioambientais, conhecidas como casas de praia próximas de aglomerados urbanos. O autor afirma que, no século XXI, há deslocamento cada vez maior de pessoas e de capitais quando a produção e o uso das residências secundárias assumem diversas conotações e significados, tornando a prática socioespacial mais complexa. A dimensão econômica do processo de territorialização turística em Tibau do Sul/RN é o Capítulo 8, de Salete Gonçalves, que analisa o processo de reterritorialização desencadeado pelo turismo na dimensão econômica de Tibau do Sul/RN. A autora constata que ocorrem desterritorializações no município e que o processo perpassa conflitos de poder, na relação empresariado e poder público local. Afirma a autora que territorialização e desterritorialização pelo turismo têm implicações econômicas, socioculturais e políticas, e que a participação dos nativos contribuiria para um processo mais equitativo das reterritorializações entre os agentes produtores do espaço no jogo de interesses em Tibau. Marcelo da Silva Taveira é o autor do 9º capítulo intitulado São Miguel do Gostoso na crista da onda: de vilarejo a destino turístico. O texto foi inspirado na tese de doutorado em Ciências Sociais que o autor desenvolveu. O objeto da investigação localiza-se no Litoral Norte Potiguar, que se posiciona no mercado nacional como importante destino de turismo de sol e praia, com destaque para os esportes de aventura de natureza náutica como o Windsurf e Kitesurf. A localização geográfica é responsável pela intensidade e constância dos ventos alísios necessários para essas práticas esportivas. O pesquisador mostra os conflitos socioculturais e ambientais do lugar e como foram solucionados com a chegada do turismo em São Miguel do Gostoso, sobretudo 9 Marcelo da Silva Taveira; Luzia Neide Coriolano (Orgs.) com a transformação política da vila de pescadores em cidade turística. Esse destino é o terceiro polo turístico em oferta e demanda turística do Rio Grande do Norte, depois de Natal e Pipa. O Capítulo 10, que fecha a primeira parte, é de Jurema Márcia Dantas da Silva e Luzia Neide Coriolano intitula-se Políticas nacionais de turismo no Rio Grande do Norte: programas de municipalização e regionalização. As autoras revisitam o Programa de Municipalização Turismo, programa nacional desenvolvido em três fases para sensibilizar os municípios brasileiros para a atividade turística, capacitar para ações no turismo e realizar o planejamento do turismo para o município capacitado. Programa que desenvolve bases para o Programa de Regionalização com objetivo de integrar oferta e demanda, promover a estruturação de planos e ações, consolidar produtos turísticos entre municípios, de modo a formar regiões turísticas e não apenas roteirização. O primeiro com foco no município e o segundo privilegia a região. A Segunda Parte, denominada O mercado e as configurações comerciais no contexto socioambiental, compõe-se dos textos seguintes: o Capítulo 11 intitulado Mercado de eventos e atuação do Natal Convention & Visitors Bureau, é de autoria de Darlyne Fontes Virgínio e Renata Paula Costa Trigueiro. As autoras mostram como o segmento contribui para reduzir a sazonalidade, gerar emprego e renda, e estimular outros setores da economia. Explicam a atuação do Convention and Visitors Bureau (C&VB) na captação de eventos e crescimento de 88% entre eventos apoiados e captados no intervalo de cinco anos. O Capítulo 12 denomina-se: Nós não vamos invadir sua praia: habitus segregados do lazer de turistas e residentes no destino Natal/RN, de autoria de Michel Jairo Vieira da Silva. O texto mostra formas de segregação social na relação turistas e residentes, enfocando práticas de lazer dos residentes e turistas. Destaca o autor a dessemelhança entre a Cidade de Natal e a “Cidade do Sol” a partir da comparação do documentário “Redinha Arredia”, que retrata a praia popular de Natal em vídeos de turistas, com registros de viagem postados na Internet no intervalo de 2007 a 2013. Michel faz análise de conteúdo das falas dos sujeitos, mostra o muro invisível que isola o lazer turístico sofisticado do lazer dos moradores. Evidencia a coexistência de realidades diferenciadas como se fossem cidades distintas, que não dialogam, sendo resultado também da forma da gestão pública que contribui para o afastamento entre visitantes e visitados. Continua a obra o Capítulo 13, Sistema de gestão ambiental e hotelaria: um estudo no Nordeste brasileiro de Ana Neri da Paz Justino, Fernanda Fernandes Gurgel, Lydia Maria Pinto Brito e Laís Karla da Silva Barreto. As autoras mos10 Políticas, Mercado e Gestão do Turismo no Rio Grande do Norte tram como a implantação de um sistema de gestão ambiental na hotelaria daria qualidade aos hotéis e ao planeta com promoção do desenvolvimento sustentável. Sugerem a adesão à norma ISO 14001 como compromisso dos equipamentos hoteleiros para melhorias contínuas da política ambiental. Buscam a percepção dos gestores e colaboradores acerca do sistema de gestão ambiental na hotelaria do Nordeste do Brasil. Mostram que gestores e colaboradores veem o sistema de Gestão Ambiental de forma mercadológica e que, embora executem pressupostos da normativa do hotel, muitos não conseguem visualizar seu significado. O Capítulo 14, Da responsabilidade do fornecedor decorrente de compras coletivas as consequências no turismo em Nata/RN é de autoria de Antônio Jânio Fernandes, Jéssika Ezequiel de Brito e Sidcley D’Sordi Alegrini da Silva. Os autores mostram que o consumo é parte integrante no cotidiano humano e que, para a relação acontecer com sucesso, faz-se necessária a disseminação de informações e a distribuição eficaz do produto. Para atrair mais consumidores, o comércio eletrônico – ou e-commerce – firma-se como processo de compra e venda de produtos, serviços e informações oferecidas por redes de computadores ou Internet. Trata-se de comércio que influencia os turistas para uso de sites de compras coletivas que oferecem promoções e descontos. Os pesquisadores analisam também o Código de Defesa do Consumidor em relação às compras on-line e coletivas na cidade do Natal, referentes a produtos turísticos e constatam fragilidades do sistema e ineficiência dos órgãos competentes de defesa dos direitos do consumidor. Afirmam que faltam ferramentas compatíveis com a realidade das relações nesse comércio específico. Viva & conheça Natal – uma proposta de turismo para a capital potiguar constitui o Capítulo 15 e foi escrito por Alberto Signoretti e Michele Galdino Câmara. Trata-se de proposta de plataforma digital “gameficada” para dispositivos móveis interligada com servidor Web. Afirmam os autores que, nessa plataforma, tanto turistas como moradores podem adquirir informações e conhecimento sobre história, cultura e turismo da capital potiguar. O uso de processo “gameficado” permite que o usuário aprendiz possa ser conduzido de forma lúdica. Para o turista, além de fonte de informação, é auxílio digital no processo de localização dos produtos oferecidos na cidade. Explicam os autores que a plataforma pode ser associada a serviços turísticos: hotéis, bares, restaurantes e serviços de buggy, e funciona de forma que os vencedores de etapas do jogo ou do nível de pontos suficiente podem receber promoções. A plataforma digital utiliza diversas tecnologias de informação e comunicação sobre a realidade com som, imagem, texto, QR codes, georeferenciamento, mapeamento do panorama local. 11 Marcelo da Silva Taveira; Luzia Neide Coriolano (Orgs.) Finaliza o livro o Capítulo 16, Gestão de pessoas em empreendimentos turísticos potiguares: uma aplicação do modelo de valores competitivos é de autoria de Leilianne Michelle Trindade da Silva Barreto e Wayne Thomas Enders. Mostram os autores que pessoas nas organizações turísticas representam fonte de vantagem competitiva que não pode ser limitada, sendo a gestão de pessoas, estratégia essencial para o sucesso organizacional. Mostram os impactos gerados pela gestão de pessoas sobre os resultados organizacionais de algumas empresas. O Modelo de Valores Competitivos é utilizado na investigação. Pesquisas em empreendimentos turísticos do Rio Grande do Norte revelam que a flexibilidade tem apresentado resultados positivos como modelos de gestão de pessoas em desempenhos organizacionais. Fortaleza, 31 de agosto de 2015. Luzia Neide Coriolano 12 PARTE 1 Gestão e políticas do turismo potiguar Crise financeira, dinâmica imobiliária e turismo em Tibau do Sul/Pipa Maria Aparecida Pontes da Fonseca Maria Rita de Oliveira Nunes Introdução As políticas públicas governamentais viabilizaram, a partir dos anos de 1980, a expansão da atividade turística na Região Nordeste do Brasil, historicamente desfavorecida e com graves problemas sociais. Dentre diversos programas, destaca-se o Programa de Desenvolvimento do turismo no Nordeste (PRODETUR I e II) que possibilitou aportes financeiros, para investimentos em infraestrutura básica (especialmente estradas, aeroportos e urbanização), de modo a propiciar condições concretas para a expansão do turismo regional. Tais investimentos desencadearam a internacionalização da atividade a partir dos anos de 1990, com a atração de fluxo turístico e investimentos estrangeiros, dentre os quais podemos destacar os investimentos imobiliário-turísticos, que associam a atividade turística ao segmento imobiliário. A chegada desses investimentos está vinculada à onda imobiliária internacional que atingiu não só capitais do Nordeste brasileiro, mas também algumas destinações turísticas litorâneas mais periféricas da região, como é o caso de Tibau do Sul (Mapa 1), localizado no estado do Rio Grande do Norte, onde se encontra a conhecida “praia de Pipa”, que se especializou no turismo internacional, estruturando, inclusive, a atividade para o público oriundo do exterior. O “boom” imobiliário, nessa destinação, ocorreu principalmente a partir de transações de terrenos e de segundas residências por investidores estrangeiros, muitas vezes associados com brasileiros. No entanto, a crise financeira internacional se repercutiu de modo significativo nessa localidade, desencadeando uma crise da atividade turística sem precedentes, uma vez que o fluxo de turistas internacionais que procediam da Europa (principalmente portugueses, espanhóis e italianos) reduziu expressivamente, concomitantemente ao aumento da oferta de meios de hospedagens, uma vez que as segundas residências passaram a ser construídas para essa finalidade. Partindo da problemática delineada acima, o objetivo do artigo é analisar como a crise financeira internacional se repercute na dinâmica dos investimentos imobiliários e na destinação turística de Tibau do Sul/Pipa. 15