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©2015 Marcelo da Silva Taveira; Luzia Neide Coriolano (Orgs.)
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T198 Taveira, Marcelo da Silva; Coriolano, Luzia Neide
Políticas, Mercado e Gestão do Turismo no Rio Grande do Norte/Marcelo da
Silva Taveira; Luzia Neide Coriolano (Orgs.). Jundiaí, Paco Editorial: 2015.
368 p. Inclui bibliografia.
ISBN: 978-85-462-0086-3
1. Rio Grande do Norte 2. Turismo 3. Gerenciamento 4. Mercado.
I. Taveira, Marcelo da Silva ll. Coriolano, Luzia Neide.
CDD: 341.754
Índices para catálogo sistemático:
Turismo
Indústria do turismo
341.754
338.479 1
IMPRESSO NO BRASIL
PRINTED IN BRAZIL
Foi Feito Depósito Legal
Sumário
PARTE 1 – Gestão e políticas do turismo potiguar...............................13
Crise financeira, dinâmica imobiliária e turismo em Tibau do Sul/Pipa.....15
Maria Aparecida Pontes da Fonseca; Maria Rita de Oliveira Nunes
Turismo e conflitos urbanos na cidade do Natal/RN....................................35
Andrea de Albuquerque Vianna; Amadja Henrique Borges
Turismo em zonas costeiras no Rio Grande do Norte: das incompatibilidades
a uma gestão integrada adequada.....................................................................63
Tatiana Moritz; Fátima Lopes Alves; Carlos Costa
Turismo e políticas públicas em Parnamirim/RN na perspectiva dos
atores locais............................................................................................................81
Renata Mayara Moreira de Lima; João Bosco Araújo da Costa
Museu e turismo cultural: espaços museais do centro histórico de
Natal/RN............................................................................................................107
Andréa Virgínia Freire Costa; Patrícia Daliany Araújo do Amaral
Turismo no espaço rural: uma proposta para exploração dos atributos
construtivos dos engenhos da microrregião do Brejo/PL...............................129
Mabel Simone Guardia; Dermeval Araújo Furtado
Lazer ou turismo? Valor de uso ou valor de troca? Abordagem conceitual de
residência secundária..........................................................................................147
Kelson de Oliveira Silva
A dimensão econômica do processo de territorialização turística em
Tibau do Sul/RN...............................................................................................171
Salete Gonçalves
São Miguel do Gostoso na crista da onda: de vilarejo a destino turístico....191
Marcelo da SIlva Taveira
Políticas nacionais de turismo no Rio Grande do Norte: programas de
municipalização e regionalização.....................................................................209
Jurema Márcia Dantas da Silva; Luzia Neide Coriolano
PARTE 2 – O mercado e as configurações comerciais no
contexto socioambiental.................................................................................229
Mercado de eventos e atuação do Natal Convention & Visitors Bureau....231
Darlyne Fontes Virgínio; Renata Paula Costa Trigueiro
Nós não vamos invadir sua praia: habitus segregados do lazer de turistas e
residentes no destino Natal/RN.......................................................................249
Michel Jairo Vieira da Silva
Sistema de gestão ambiental e hotelaria: um estudo no Nordeste brasileiro...271
Ana Neri da Paz Justino; Fernanda Fernandes Gurgel; Lydia Maria Pinto Brito;
Laís Karla da Silva Barreto
Da responsabilidade do fornecedor decorrente das compras coletivas e as
consequências no turismo em Natal/RN........................................................291
Antônio Jânio Fernandes; Jéssika Ezequiel de Brito;
Sidcley D’Sordi A. Alegrini da Silva
Viva & conheça Natal – uma proposta de turismo para a capital potiguar...311
Alberto Signoretti; Michele Galdino Câmara
Gestão de pessoas em empreendimentos turísticos potiguares: uma aplicação
do modelo de valores competitivos..................................................................329
Leilianne Michelle Trindade da Silva Barreto; Wayne Thomas Enders
Autores................................................................................................................355
Prefácio
Este livro é resultado de estudos e investigações de um grupo de professores pesquisadores do Rio Grande do Norte, que tem o turismo como foco de
interesse e dá atenção especial à gestão do turismo pela ação governamental,
empresarial e solidária, ou seja, viabilizada por políticas públicas, privadas e
comunitárias, ensejadas por questões contemporâneas que envolvem aspectos
econômicos, sociais e ambientais, suscitando gestões para a sustentabilidade.
A coletânea: Políticas, mercado e gestão do turismo, no Rio Grande do Norte é
um livro de referência em temos teóricos e de paradigmas para elaboração de
matrizes da gestão do turismo, em termos operacionais necessários ao suporte de políticas públicas, planejamento estratégico empresarial e ordenamento
territorial do turismo no Rio Grande do Norte.
Gestão em turismo significa administração de empreendimentos e destinos turísticos no eixo do turismo convencional com megaempreendimentos,
instituições, empresas, entidades sociais de pessoas; ou no eixo do turismo alternativo, com micro empreendimentos, associações comunitárias e comunidades receptoras de turismo. Sendo o turismo atividade terciário com serviços
prestados de pessoa a pessoa, a gestão envolve em especial grupo de pessoas
com manutenção de sinergia entre elas, estrutura das empresas, recursos existentes, em especial os socioambientais. O gerenciamento de custos, lucros,
patrimônios, contabilidade e gestão de pessoas, é importante para que as empresas encontrem equilíbrio, possam se autossustentar, adquirir prestígio e
lucro. No entanto, a gestão moderna exige mais que isso, exige que a empresa
cumpra a responsabilidade social e ambiental dentro e fora do empreendimento, ou seja, lucre, mas atente para a responsabilidade social e ambiental.
Para alguns gestores de empresas convencionais de turismo a gestão econômico-financeira é prioridade e escamoteiam o valor das demais dimensões
da gestão; já administradores de empresas comunitárias centram-se na gestão
de pessoas e do meio ambiente, o que também não satisfaz, porque a gestão
precisa considerar as várias dimensões para alcançar a sustentabilidade integral. A gestão econômica remete ao mercado e busca o equilíbrio entre oferta
e demanda. A gestão financeira cuida do capital, dos financiamentos, do lucro
desejado pelos investidores e empreendedores e assim tenta controlar taxas de
jurus, fluxo de capital de giro, taxas de retorno, para saber se a empresa teve
retorno ou se acumula riqueza. A gestão empresarial justa teria que ter lucros,
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Marcelo da Silva Taveira; Luzia Neide Coriolano (Orgs.)
pois é para isso que as empresas são instaladas, mas teria que cuidar do grupo
de pessoas que faz a empresa e cuidar da responsabilidade social, que significa o desenvolvimento sustentado, com maior equidade na distribuição de
renda e de bens, de modo a reduzir diferença gritante entre padrões de vida.
Responsabilidades sociais são atribuições que têm as empresas para com a
sociedade tendo por objetivo definir obrigações relacionadas à preservação do
meio ambiente, aos direitos de minorias e aos direitos das populações estabelecidas no entorno dos empreendimentos. Significa levar empresas e gestores
a introduzirem práticas e gestões de proteção do meio ambiente, e satisfação
de pessoas envolvidas direta e indiretamente com o trabalho.
Gestores de empreendimentos turísticos analisam o mercado para saber se
está favorável, conhecer as tendências dos negócios turísticos para saber onde
aplicar os investimentos. Nessa conjuntura a informação torna-se ferramenta
para subsidiar gestores e empreendedores. Daí porque a informação passa a
ser indispensável para atuação no mercado, e também para os consumidores.
Para os empresários as informações visualizam o mercado interno e externo,
as oscilações do mercado, direcionando as práticas políticas, o território onde
atuam ou desejam atuar. Em relação ao território, as informações se fazem
importante para localizar os empreendimentos, indicar onde se instalam os
meios de hospedagens de cadeias nacionais e internacionais, shoppings, centros de convenções, lugares de compras e de lazer, tanto em orlas marítimas
como em metrópoles e áreas urbanizadas, não podendo ser negligenciada a
gestão interna do dia a dia das empresas de turismo.
Administrar empreendimentos turísticos exige tomar conhecimento sobre a capacidade de lucro do negócio, acompanhar a evolução das receitas em
relação aos valores despendidos em custos, ou seja, focar a relação custo benefício. Reorientada, a gestão empresarial passa a ser associada à governança,
relacionando-se com a descentralização do poder, participação e integração
entre políticas, sobretudo com possibilidade de interações entre a sociedade e
o Estado. Criam-se instâncias de governança ou sistemas relacionais de gestão
do turismo, em instância regional, para facilitar inter-relações de cooperação,
na organização e desenvolvimento da gestão do turismo. Com diversificação
de sujeitos sociais para efetivação de política pública e privada de turismo pelo
processo participativo. Esses temas são apresentados no livro que ora chega
às suas mãos.
O livro é uma produção acadêmica composta de 16 textos, alguns em
coautoria e está organizado em duas partes integradas e interconectadas: a
primeira remete a gestão e políticas do turismo potiguar e a segunda ao mer6
Políticas, Mercado e Gestão do Turismo no Rio Grande do Norte
cado e as configurações comerciais no contexto socioambiental do estado do
Rio Grande do Norte. A compartimentação não se limita ao que sugerem os
títulos, pois a cada leitura se compreende melhor o turismo como atividade
política que se sustenta em gestões para colocar produtos no mercado turístico envolvendo realidades geoambientais e socioculturais do Rio Grande do
Norte que avança e recua na produção das políticas de turismo.
O organizador da coletânea é Marcelo da Silva Taveira, turismólogo,
estudioso e comprometido com o turismo, doutor em Ciências Sociais pela
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, professor efetivo do Curso de
Turismo da mesma universidade, no Campus Currais Novos. Prof. Marcelo
me solicitou ajuda na tarefa de organização do livro, o que fiz com satisfação e empenho, mas posso dizer que sou mera coadjuvante e que colaborar
nessa produção foi missão gratificante. Convidar escritores, organizar textos
e revisá-los, dar o fio condutor ao livro demandou diversos encontros, idas e
vindas de textos e informações de Natal, onde mora Marcelo, para Fortaleza,
onde moro.
A Primeira Parte, denominada Gestão e políticas do turismo potiguar agrega os seguintes textos: o Capítulo 1: Crise financeira, dinâmica imobiliária e
turismo em Tibau do Sul/Pipa, é escrito por Maria Aparecida Pontes da Fonseca e Maria Rita de Oliveira Nunes. Nele é explicado a expansão de imóveis
destinados às segundas residências no Nordeste brasileiro ao longo da última
década, vinculada à absorção dos excedentes de capitais que encontraram possibilidades de acumulação no mercado imobiliário de periferias emergentes,
tal como acontece em Tibau do Sul/Pipa – RN, área foco do estudo. A dinâmica imobiliária é incorporada e impulsionada pelo turismo, contribuindo
para intensificação da urbanização. As segundas residências são modalidades
de hospedagem que, segundo as autoras, possibilitam lazer aos residentes e
turistas e viabilizam negócios lucrativos no setor imobiliário. As autoras mostram como a crise financeira de 2008 provoca retração do fluxo turístico internacional e arrefece a dinâmica imobiliária, desencadeando reestruturação
do turismo no litoral do Rio Grande do Norte.
Em seguida, apresenta-se o Capítulo 2, Turismo e conflitos urbanos na
cidade do Natal/RN, que mostra o marketing turístico “Cidade do Sol” e de
ar puro das Américas, transformada em cartão de visita para construção da
imagem de Natal, cidade de paisagens paradisíacas. O confronto entre a cidade real e o “paraíso” do turismo acaba por gerar conflitos entre autóctones
e visitantes, é assim que Andrea de Albuquerque Vianna, Amadja Henrique
Borges mostram a relação entre o turismo e conflitos urbanos em Natal/RN.
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Marcelo da Silva Taveira; Luzia Neide Coriolano (Orgs.)
O método regressivo-progressivo de Henri Lefebvre e a coleta de dados do
Relatório dos Conflitos Urbanos em Natal entre 1976 a 1986 (Andrade et
al, 1986) ajudam apresentar a realidade dos anos que antecedem o turismo
no estado e confrontá-la com a dos anos seguintes. As autoras mostram a
dimensão dos impactos do turismo no cotidiano e o surgimento dos conflitos
urbanos em Natal.
Turismo em zonas costeiras no Rio Grande do Norte: Das incompatibilidades
a uma gestão integrada adequada é o Capítulo 3, escrito por Tatiana Moritz,
Fátima Lopes Alves e Carlos Costa que estimam ser de 80% os fluxos turísticos mundiais em zonas costeiras. Ambientes complexos e frágeis, suscetíveis a
transformações e impactos pelas atividades e avanço do nível do mar causando erosão costeira. Em algumas praias o processo é severo, requer medidas de
recuperação ou contenção efetivas. Os autores analisam a dinâmica costeira
e do turismo no estado do Rio Grande do Norte a partir da praia de Ponta
Negra em Natal, mostrando que a realidade impõe reordenamento espacial
da orla urbanizada. Os autores mostram instrumentos para uma gestão que
solucione os problemas em Ponta Negra.
O Capítulo 4 denomina-se Turismo e políticas públicas em Parnamirim/
RN na perspectiva dos atores locais, é de autoria de Renata Mayara Moreira de
Lima e João Bosco Araújo da Costa, que avaliam a partir dos moradores se
o turismo contribui para o desenvolvimento local. Vão além do desenvolvimento no viés economicista, verificam as contribuições de Amartya Sen na
busca do desenvolvimento como liberdade. Realizam entrevistas com residentes sobre gestão pública do turismo e iniciativa privada. Afirmam que o
PRODETUR II coopera com o desenvolvimento de Parnamirim/RN, mas
os resultados do programa poderiam ser substanciais com o fortalecimento da
gestão pública e a mobilização da população local, imprescindíveis para maior
efetividade das políticas de turismo.
O Capítulo 5 é Museu e turismo cultural: espaços museais do centro histórico de Natal/RN autoria de Andréa Virgínia Freire Costa e Patrícia Daliany
Araújo do Amaral. As autoras traçam panorama dos museus do centro histórico de Natal, apontam entraves e potencialidades para o turismo cultural.
Fazem pesquisa de campo com base no modelo do IBRAM. Os resultados
encontrados mostram quadro preocupante que exige cuidados. Os museus
são atrativos culturais e em Natal o turismo não explora temas ligados à arte
e cultura, quando os museus poderiam tornar-se referências culturais para
turistas e população local.
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Políticas, Mercado e Gestão do Turismo no Rio Grande do Norte
Turismo no espaço rural: uma proposta para exploração dos atributos construtivos dos engenhos da microrregião do Brejo- PB é o Capítulo 6, produzido
por Mabel Simone Guardia e Dermeval Araújo Furtado. É apresentado o
cenário dos engenhos da microrregião do Brejo paraibano, especificidades
físicas e atributos que podem valorizar a exploração da atividade turística e a
recepção aos visitantes. O recorte espacial da pesquisa foi Brejo na Paraíba.
Afirmam os autores que os engenhos, embora tenham sofrido intervenções
de várias ordens, não apresentam ostentação, revelam precária infraestrutura
e que a relação com o turismo é preliminar. Contudo, o turismo rural é um
segmento que pode associar o Rio Grande do Norte com a Paraíba.
Kelson de Oliveira Silva é o autor do Capítulo 7: Lazer ou turismo? Valor
de uso ou valor de troca? Abordagem conceitual da residência secundária. Trata-se de profundo estudo sobre segunda residência, atividade responsável por
processos de urbanização, associados a problemas socioambientais, conhecidas como casas de praia próximas de aglomerados urbanos. O autor afirma
que, no século XXI, há deslocamento cada vez maior de pessoas e de capitais
quando a produção e o uso das residências secundárias assumem diversas
conotações e significados, tornando a prática socioespacial mais complexa.
A dimensão econômica do processo de territorialização turística em Tibau do
Sul/RN é o Capítulo 8, de Salete Gonçalves, que analisa o processo de reterritorialização desencadeado pelo turismo na dimensão econômica de Tibau
do Sul/RN. A autora constata que ocorrem desterritorializações no município
e que o processo perpassa conflitos de poder, na relação empresariado e poder público local. Afirma a autora que territorialização e desterritorialização
pelo turismo têm implicações econômicas, socioculturais e políticas, e que a
participação dos nativos contribuiria para um processo mais equitativo das
reterritorializações entre os agentes produtores do espaço no jogo de interesses
em Tibau.
Marcelo da Silva Taveira é o autor do 9º capítulo intitulado São Miguel do
Gostoso na crista da onda: de vilarejo a destino turístico. O texto foi inspirado
na tese de doutorado em Ciências Sociais que o autor desenvolveu. O objeto
da investigação localiza-se no Litoral Norte Potiguar, que se posiciona no
mercado nacional como importante destino de turismo de sol e praia, com
destaque para os esportes de aventura de natureza náutica como o Windsurf e
Kitesurf. A localização geográfica é responsável pela intensidade e constância
dos ventos alísios necessários para essas práticas esportivas. O pesquisador
mostra os conflitos socioculturais e ambientais do lugar e como foram solucionados com a chegada do turismo em São Miguel do Gostoso, sobretudo
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Marcelo da Silva Taveira; Luzia Neide Coriolano (Orgs.)
com a transformação política da vila de pescadores em cidade turística. Esse
destino é o terceiro polo turístico em oferta e demanda turística do Rio Grande do Norte, depois de Natal e Pipa.
O Capítulo 10, que fecha a primeira parte, é de Jurema Márcia Dantas
da Silva e Luzia Neide Coriolano intitula-se Políticas nacionais de turismo no
Rio Grande do Norte: programas de municipalização e regionalização. As autoras revisitam o Programa de Municipalização Turismo, programa nacional
desenvolvido em três fases para sensibilizar os municípios brasileiros para a
atividade turística, capacitar para ações no turismo e realizar o planejamento
do turismo para o município capacitado. Programa que desenvolve bases para
o Programa de Regionalização com objetivo de integrar oferta e demanda,
promover a estruturação de planos e ações, consolidar produtos turísticos entre municípios, de modo a formar regiões turísticas e não apenas roteirização.
O primeiro com foco no município e o segundo privilegia a região.
A Segunda Parte, denominada O mercado e as configurações comerciais no
contexto socioambiental, compõe-se dos textos seguintes: o Capítulo 11 intitulado Mercado de eventos e atuação do Natal Convention & Visitors Bureau, é
de autoria de Darlyne Fontes Virgínio e Renata Paula Costa Trigueiro. As autoras mostram como o segmento contribui para reduzir a sazonalidade, gerar
emprego e renda, e estimular outros setores da economia. Explicam a atuação
do Convention and Visitors Bureau (C&VB) na captação de eventos e crescimento de 88% entre eventos apoiados e captados no intervalo de cinco anos.
O Capítulo 12 denomina-se: Nós não vamos invadir sua praia: habitus
segregados do lazer de turistas e residentes no destino Natal/RN, de autoria de
Michel Jairo Vieira da Silva. O texto mostra formas de segregação social na
relação turistas e residentes, enfocando práticas de lazer dos residentes e turistas. Destaca o autor a dessemelhança entre a Cidade de Natal e a “Cidade do
Sol” a partir da comparação do documentário “Redinha Arredia”, que retrata
a praia popular de Natal em vídeos de turistas, com registros de viagem postados na Internet no intervalo de 2007 a 2013. Michel faz análise de conteúdo
das falas dos sujeitos, mostra o muro invisível que isola o lazer turístico sofisticado do lazer dos moradores. Evidencia a coexistência de realidades diferenciadas como se fossem cidades distintas, que não dialogam, sendo resultado
também da forma da gestão pública que contribui para o afastamento entre
visitantes e visitados.
Continua a obra o Capítulo 13, Sistema de gestão ambiental e hotelaria: um
estudo no Nordeste brasileiro de Ana Neri da Paz Justino, Fernanda Fernandes
Gurgel, Lydia Maria Pinto Brito e Laís Karla da Silva Barreto. As autoras mos10
Políticas, Mercado e Gestão do Turismo no Rio Grande do Norte
tram como a implantação de um sistema de gestão ambiental na hotelaria daria
qualidade aos hotéis e ao planeta com promoção do desenvolvimento sustentável.
Sugerem a adesão à norma ISO 14001 como compromisso dos equipamentos
hoteleiros para melhorias contínuas da política ambiental. Buscam a percepção
dos gestores e colaboradores acerca do sistema de gestão ambiental na hotelaria
do Nordeste do Brasil. Mostram que gestores e colaboradores veem o sistema
de Gestão Ambiental de forma mercadológica e que, embora executem pressupostos da normativa do hotel, muitos não conseguem visualizar seu significado.
O Capítulo 14, Da responsabilidade do fornecedor decorrente de compras
coletivas as consequências no turismo em Nata/RN é de autoria de Antônio Jânio Fernandes, Jéssika Ezequiel de Brito e Sidcley D’Sordi Alegrini da Silva.
Os autores mostram que o consumo é parte integrante no cotidiano humano
e que, para a relação acontecer com sucesso, faz-se necessária a disseminação
de informações e a distribuição eficaz do produto. Para atrair mais consumidores, o comércio eletrônico – ou e-commerce – firma-se como processo
de compra e venda de produtos, serviços e informações oferecidas por redes
de computadores ou Internet. Trata-se de comércio que influencia os turistas
para uso de sites de compras coletivas que oferecem promoções e descontos.
Os pesquisadores analisam também o Código de Defesa do Consumidor em
relação às compras on-line e coletivas na cidade do Natal, referentes a produtos turísticos e constatam fragilidades do sistema e ineficiência dos órgãos
competentes de defesa dos direitos do consumidor. Afirmam que faltam ferramentas compatíveis com a realidade das relações nesse comércio específico.
Viva & conheça Natal – uma proposta de turismo para a capital potiguar
constitui o Capítulo 15 e foi escrito por Alberto Signoretti e Michele Galdino
Câmara. Trata-se de proposta de plataforma digital “gameficada” para dispositivos móveis interligada com servidor Web. Afirmam os autores que, nessa
plataforma, tanto turistas como moradores podem adquirir informações e
conhecimento sobre história, cultura e turismo da capital potiguar. O uso de
processo “gameficado” permite que o usuário aprendiz possa ser conduzido
de forma lúdica. Para o turista, além de fonte de informação, é auxílio digital
no processo de localização dos produtos oferecidos na cidade. Explicam os
autores que a plataforma pode ser associada a serviços turísticos: hotéis, bares,
restaurantes e serviços de buggy, e funciona de forma que os vencedores de
etapas do jogo ou do nível de pontos suficiente podem receber promoções. A
plataforma digital utiliza diversas tecnologias de informação e comunicação
sobre a realidade com som, imagem, texto, QR codes, georeferenciamento,
mapeamento do panorama local.
11
Marcelo da Silva Taveira; Luzia Neide Coriolano (Orgs.)
Finaliza o livro o Capítulo 16, Gestão de pessoas em empreendimentos turísticos potiguares: uma aplicação do modelo de valores competitivos é de autoria
de Leilianne Michelle Trindade da Silva Barreto e Wayne Thomas Enders.
Mostram os autores que pessoas nas organizações turísticas representam fonte
de vantagem competitiva que não pode ser limitada, sendo a gestão de pessoas, estratégia essencial para o sucesso organizacional. Mostram os impactos
gerados pela gestão de pessoas sobre os resultados organizacionais de algumas
empresas. O Modelo de Valores Competitivos é utilizado na investigação.
Pesquisas em empreendimentos turísticos do Rio Grande do Norte revelam
que a flexibilidade tem apresentado resultados positivos como modelos de
gestão de pessoas em desempenhos organizacionais.
Fortaleza, 31 de agosto de 2015.
Luzia Neide Coriolano
12
PARTE 1
Gestão e políticas do
turismo potiguar
Crise financeira, dinâmica imobiliária
e turismo em Tibau do Sul/Pipa
Maria Aparecida Pontes da Fonseca
Maria Rita de Oliveira Nunes
Introdução
As políticas públicas governamentais viabilizaram, a partir dos anos de
1980, a expansão da atividade turística na Região Nordeste do Brasil, historicamente desfavorecida e com graves problemas sociais. Dentre diversos programas, destaca-se o Programa de Desenvolvimento do turismo no Nordeste
(PRODETUR I e II) que possibilitou aportes financeiros, para investimentos
em infraestrutura básica (especialmente estradas, aeroportos e urbanização),
de modo a propiciar condições concretas para a expansão do turismo regional. Tais investimentos desencadearam a internacionalização da atividade a
partir dos anos de 1990, com a atração de fluxo turístico e investimentos
estrangeiros, dentre os quais podemos destacar os investimentos imobiliário-turísticos, que associam a atividade turística ao segmento imobiliário. A chegada desses investimentos está vinculada à onda imobiliária internacional que
atingiu não só capitais do Nordeste brasileiro, mas também algumas destinações turísticas litorâneas mais periféricas da região, como é o caso de Tibau do
Sul (Mapa 1), localizado no estado do Rio Grande do Norte, onde se encontra
a conhecida “praia de Pipa”, que se especializou no turismo internacional,
estruturando, inclusive, a atividade para o público oriundo do exterior.
O “boom” imobiliário, nessa destinação, ocorreu principalmente a partir
de transações de terrenos e de segundas residências por investidores estrangeiros, muitas vezes associados com brasileiros. No entanto, a crise financeira
internacional se repercutiu de modo significativo nessa localidade, desencadeando uma crise da atividade turística sem precedentes, uma vez que o fluxo
de turistas internacionais que procediam da Europa (principalmente portugueses, espanhóis e italianos) reduziu expressivamente, concomitantemente
ao aumento da oferta de meios de hospedagens, uma vez que as segundas
residências passaram a ser construídas para essa finalidade.
Partindo da problemática delineada acima, o objetivo do artigo é analisar
como a crise financeira internacional se repercute na dinâmica dos investimentos imobiliários e na destinação turística de Tibau do Sul/Pipa.
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