Setup dos Músicos Como aliar qualidade, versatilidade e personalizar o seu timbre Timbres e setups são muito pessoais e têm as suas diferentes configurações. Nesta matéria, procuramos um ponto em comum entre os bateristas, baixistas, guitarristas e tecladistas. Karyne Lins [email protected] U dos no mercado, o que manda nessa hora é o gosto pessoal e o grau de técnica e feeling do músico, que, independentemente da área de atuação, vai fazer toda a diferença. Escolhendo o tipo de setup “A escolha do que usar é muito pessoal e depende do estilo e sonoridade que cada um quer tirar. Acho muito importante pesquisar e estar atualizado com as novidades”, diz o baixista Adriano Giffoni, que toca com Roberto Menescal, Carlos Lyra, João Donato, e é também músico de estúdio. Para ele, o músico hoje em dia Setup dos Músicos Fotos: Divulgação ma coisa é unânime entre os músicos entrevistados: o setup deve atender ao profissional em todas as suas atividades. Seja na gravação, no arranjo, no estudo ou na composição. Porém, é no show que o setup terá grande importância, pois é o momento em que o músico terá uma identificação com seu próprio som. Escolher e extrair recursos do setup para atender às propostas específicas de trabalho não é uma tarefa das mais fáceis, pois exige profundo conhecimento, experiência, gosto e muita pesquisa. Entre tantas possibilidades de escolha, graças à tecnologia disponível e a facilidade e diversidade de equipamentos vendi- 46 www.backstage.com.br Fotos: Divulgação Adriano Giffoni diz que o músico deve conhecer e usar a informática Fernando Vidal aconselha a usar apenas o que o músico conheça deve conhecer e usar a informática no dia-a-dia, pois facilita a vida de quem quer ser profissional. Foram as referências musicais de Adriano Giffoni que o influenciaram na construção de seu setup e na sua sonoridade. Ele citou como maior exemplo a sonoridade de baixo de Luizão Maia, baixista que tocava com Elis Regina, e do baixista dinamarquês Niels-Henning Orsted-Pedersen. Eles ajudaram Giffoni a achar um caminho para definir seu som em shows e estúdio. tistas como Ed Motta, Zélia Duncan, Guilherme Arantes e Cássia Eller, Fernando aconselha a usar apenas o que o músico tenha conhecimento. “Não fique comprando e tentando usar uma coisa para cada situação, mas sim usar em várias situações o que você tem e sabe muito bem utilizar”, opinou. Em contrapartida, no caso de instrumentos percussivos, quanto mais acessórios, mais possibilidades de se explorar timbres. É o que defende Simone Soul, baterista e percussionista que já tocou com Chico César, Robertinho Silva e a nova formação da banda Os Mutantes. Ela possui vários acessórios: tambores tradicionais de diferentes regiões do Brasil e do mundo, sampler, objetos sonoros que encontra em ferro velho, efeitos e outras curiosidades, com os quais ela procura conceber seus sets misturando esses elementos que terão a função da condução (agudos), do chão rítmico (graves) e variações (médios). O setup de Jean Carllos, tecladista da banda Oficina G3, foi criado a partir de seu conhecimento com softwares e hoje utiliza principalmente o Nuendo. Os vst’s (teclados virtuais) mais usados por Jean são os da Native Instruments: pro-53, fm7, b4II e Akoustic Piano, além do V-Station da Novation, o discovery da DiscoDSP e o A1 da Steinberg. Durante os shows, o sistema de Jean fica ‘slave’ ao Pro Tools utilizado pela banda Oficina G3 que, quando acionado, dispara sua seção no Nuendo junto às automações dos vst’s sync via MIDI timecode. “Já uso a configuração adequada à minha proposta de trabalho, porque nessa área tudo é muito caro e não há lugar para escolhas erradas. Sugiro que não procure o mais barato, e sim o mais eficiente, que una preço a qualidade, sem prejudicar a Já uso a configuração adequada à minha proposta de trabalho, porque nessa área tudo é muito caro e não há lugar para escolhas erradas. Sugiro que não procure o mais barato, e sim o mais eficiente, que una Setup dos Músicos preço a qualidade, sem prejudicar a eficiência Adriano acredita que é fundamental ter instrumentos bem regulados e conhecer todos os tipos de baixo. “Assim, é possível para o músico entrar no mercado de trabalho e ter possibilidade de tocar todos os estilos musicais”, disse Giffoni, que gravou o CD Gal Costa Live in Blue Note, em maio de 2006, e acompanhou o guitarrista Andy Summers (ex-The Police) em São Paulo. Essa relação de intimidade com os equipamentos também tem outro defensor. O guitarrista Fernando Vidal, que acompanha a cantora Marina Lima, acredita que o setup deve atender ao músico em todas as situações “a partir do momento que você estiver totalmente íntimo e à vontade com o que você possui”. Apoiado em sua vasta experiência de sideman para ar- 48 www.backstage.com.br Fotos:Karyne Lins/ Divulgação Fotos: Divulgação Ricardo diz que qualidade sonora é importante na escolha do teclado Jean Carlos, do Oficina G3, se inspira em John Lord, ex-Deep Purple eficiência”, opinou Jean, que citou John Lord e Rick Wakeman como referências em sua sonoridade. Esse tipo de setup o ajudou a ter mais liberdade no palco: placa M-Audio Firewire 410, Midiport 4x4 Midiman, Kurzweill K2600 RS, Behringer DI4000, teclado SP88X Kurzweill, teclado controlador M-Audio estilizado por Jean, notebook Apple Macbook duo core 2.0 e sistema para a banda: sincronizador Motu MIDI Timepiece AV USB, placa M-Audio Firewire 1814, notebook Apple Powerbook G4 rodando mac com Pro Tools. A área de atuação do tecladista e arranjador Ricardo Drummond, o Magôo, além de suas bandas Ozimoraes e Beatlle Street, é a propaganda: trilhas sonoras, jingles e spots para rádio, cinema e televisão. Seu setup é formado por um Roland JV 90 (Multi-timbral), Korg M1, Tokai TX5, amplificador Fender e uma mesa de oito canais Ross Systems. Para ele, o importante no equipamento é a questão de timbres, que devem estar atualizados com o estilo musical de cada um. Segundo Ricardo, qualidade sonora é seu principal critério quando vai escolher um teclado. “Gosto de ter um bom piano acústico, um Rhodes, órgão, cordas, isso tudo pode ser encontrado em um Roland JV 90, num Korg M1 ou num Tokai TX5. Como arranjador, é bom Gosto de ter um bom piano acústico, um Rhodes, órgão, cordas, isso tudo pode ser encontrado em um Roland JV 90, num Korg M1 ou num Tokai TX5. Como arranjador, é bom um computador no qual pode-se ter qualquer sequencer Fotos: Divulgação um computador no qual pode-se ter qualquer sequencer e assim ter todos os instrumentos que quiser e fazer os arranjos mais variados”, disse Ricardo, que já gravou com Erasmo Carlos, Peter Mad Cat, Greg Wilson (Blues O setup do tecladista Jean Carlos foi criado a partir de seu conhecimento e pesquisa. As configurações atuais lhe dão mais liberdade no palco www.backstage.com.br 49 Fotos: Divulgação Etílicos), Flávio Guimarães (gaitista do Blues Etílicos) e Márvio Fernandes (Erva Doce). Pesquisa sonora para escolher o setup Para realizar esse tipo de pesquisa, Adriano estuda em média quatro horas por dia e durante esses estudos grava diferentes timbres em vários estilos. No baixo acústico, o estudo é mais detalhado e inclui a sonoridade de arco e a afinação que devem ser trabalhadas com carinho e determinação. Adriano também procura tocar vários estilos como jazz, funk, música latina e música brasileira com timbres diferentes. Albino Infantozzih iniciou sua pesquisa a partir do baterista Ringo Star (The Beatles) e, por este ser sua maior referência, procurou imitá-lo, principalmente no uso do hi-hat de 15”, que possibilita uma sonoridade muito rica em freqüências e fácil controle na abertura. Outra referência é Jeff Porcaro (Toto), principalmente na profundidade dos tons e na afinação das caixas. Albino utiliza hoje três setups (veja Box). Como cada banda tem uma sonoridade, Simone Soul gosta de descobrir como suprir as necessidades rít- Albino Infantozzih utiliza três setups de acordo com o tipo de trabalho musical. Coloquei a percussão de uma maneira incisiva, para somar com a bateria e dar o colorido timbrístico necessário”, explicou Simone. Ricardo aconselha o músico a procurar marcas que tenham uma tradição no meio musical para pesquisar timbres e sonoridades. “Acredito também no gosto de quem está pesquisando, por isso, o tecladista pode usar teclados medianos com outros cérebros que tenham uma boa resposta para o som que ele quer executar”, opinou Ricardo. Necessidade ou gosto pessoal Acredito também no gosto de quem está pesquisando, por isso, o tecladista pode usar teclados medianos com outros cérebros que tenham Setup dos Músicos uma boa resposta para o som que ele quer executar micas de cada uma. Um exemplo é o seu Projeto CRU, onde utiliza bateria completa, djembê, darbuka, percussões de mão (pandeiro, caxixis, carcabous), samplers e voz. No último DVD de Chico César e Quinteto da Paraíba, Simone montou um set de percuteria mais delicado por conta das dinâmicas das cordas, mas também com um certo ‘punch’ para os momentos mais intensos. Na turnê com Os Mutantes, Simone utiliza um set de percussão mais padrão com congas, timbales, bongô, djembê, caixa de 10”, uma zabumba de 18” e acessórios como o tanque de ferro e outros ‘brinquedos’ para efeitos e ruídos, etc. “No caso dos Mutantes, foi um trabalho muito peculiar que fiz, no sentido de ‘entrar’ em um som mais do que solidificado em arranjos e proposta 50 www.backstage.com.br Quando André Christovam começou a tocar como sideman, adequou seu equipamento às necessidades do trabalho. Foi assim com a banda Heróis do Brasil, de Kid Vinil, e principalmente para interagir com Roberto de Carvalho durante sua breve passagem pela banda de Rita Lee. Já na gravação do disco de Raul Seixas e Marcelo Nova, Panela do Diabo, e no subseqüente disco acústico de Marcelo Nova, Blackout, André usou o que tinha à disposição em seu setup: Fender Stratocaster 1962, Fender Silvertone 1961 para uso de bottleneck, um violão Martin D28, uma Triolian (guitarra de linha econômica da National que teve um papel importante para muitos músicos de blues), uma Fender Lap Steel 1953 e um amplificador Vox Cambridge. Para Simone, o bom gosto do instrumentista está acima de tudo. É ele que vai ajudar o músico a ter um setup para atender a shows, gravações e situações diversas. Em relação à necessidade de se adquirir um equipamento a mais para um determinado trabalho, é dever do profissional buscar e complementar com o que for preciso para atender ao artista da melhor forma. Já Albino diz que suas opções são intuitivas, sem o menor esforço ou estra- Marcus Salles começou a pesquisar com equipamentos de baixo custo tégia, e as decisões são naturalmente do gosto pessoal. “Nunca penso em artistas, imagino sempre canções e melodias. O artista é apenas uma conseqüência de uma ‘idéia’ musical”, opinou. se que esse período foi essencial para testar equipamentos e encontrar um identidade sonora para seu próprio trabalho. Marcus começou com equipamentos de baixo custo e depois que deixou a atividade de sideman montou seu setup básico para estrada com uma linha profissional. “Acho que nem sempre uma marca top de linha corresponde ao que você quer. Por isso, antes de comprar tem que testar. Aqui no Brasil é difícil conseguir que um lojista deixe você testar equipamentos, mas músico tem que ser cara de pau e insistir. O que não convém é levar um instrumento sem saber como ele vai ‘funcionar’ para sua proposta de trabalho”, disse Salles. Albino observa que a indústria nacional melhorou muito e hoje há marcas de amplificadores competitivas, instrumentos de boa qualidade e cordas com um bom som e isso tornou mais fácil a vida do músico brasileiro. Ele lembrou também que as marcas importadas fornecem produtos intermediários com sonoridade profissional para gravação. “Estamos vivendo uma época pós-globalização, internet, pirataria e novos patamares de preço. Nessa relação, o brasileiro é criativo e a indústria nacional muito ágil. Acredito que com os chineses melhorando seus produtos a preços cada vez melhores enfrentaremos uma fase de adaptação nessa relação artista-músico-fabricante. Agora, quando a relação envolve o artista, não devemos esquecer que em um mercado competitivo musical, a qualidade do equipamento refletirá em melhores oportunidades de trabalho”, opinou o baterista. André Christovam concorda com Felipe quando diz que o músico acaba fazendo um investimento na marca. “O fetiche por equipamento é muito grande. Acho que um instrumento clássico não se mede apenas pela idade da sua construção. Toquei muitas Stratocasters Custo-benefício Geralmente, o músico iniciante se influencia muito pelas marcas dos equipamentos dos seus ídolos e se engana ao comprar um equipamento caro. Segundo o baixista Felipe Andreoli, hoje na banda Angra, poucos saberão utilizar os recursos do equipamento, pois a maioria ainda não definiu qual direção vai seguir no mercado da música. O fetiche por equipamento é muito grande. Toquei muitas Stratocasters da década de 50 que eram uma porcaria. Gastar US$ 70 mil numa guitarra? Aponte um músico brasileiro que tenha guardado US$ 70 mil ao final de uma turnê Setup dos Músicos Foto:Karyne Lins/ Divulgação Foto:Lincoln Baracat/ Divulgação André Christovam acha que o músico investe muito na marca No início de sua carreira, Felipe conta que não tinha opção, a não ser ter um setup dentro da relação custobenefício. “O garoto que está começando a ter contato com equipamento não sabe quais as aplicações de determinados baixos. Foi assim comigo. Quando decidi me profissionalizar, passei a ter uma visão de mercado e hoje consigo escolher o equipamento certo para cada ocasião”, explicou. O pastor e baixista da banda Quatro Por Um, Marcus Salles, iniciou a carreira como sideman há 12 anos e dis- 52 www.backstage.com.br da década de 50 que eram uma porcaria. Gastar US$ 70 mil numa guitarra? O que é isso, gente? Aponte um músico brasileiro que tenha guardado US$ 70 mil ao final de uma turnê”, reclamou. Como a tecnologia afetou a composição do setup A principal mudança em termos de tecnologia foi a facilidade de edição. Hoje, não precisa ser um bom músico para gravar um disco. Acho que isso trouxe uma comodidade negativa para o músico moderno. Tirando o máximo do setup Felipe Andreoli não montou um setup específico, mas por possuir vários equipamentos, pode mudar as configurações de acordo com a situação nas viagens com o Angra. Os setups fixos são para atender a um grupo instrumental e à banda de rock progressivo Karma, que são os outros dois projetos musicais do baixista. Felipe diz ser da escola moderna - enquanto muitos têm como referência a sonoridade dos anos 70 e 80, ele coFoto:Karyne Lins/ Divulgação Em relação à bateria, Albino Infantozzih lembrou que a tecnologia na gravação digital alterou totalmente seu comportamento musical e seu setup. Ele explicou que isso aconteceu porque a era digital democratizou a gravação no sentido de possibilitar equipamento a preços mais acessíveis e estimular o aumento do número de estúdios. Adriano Giffoni passou a simplificar mais a parte elétrica de seus instrumentos e a usar a qualidade dos prés dos estúdios. “Um acessório que melhorou muito em qualidade foram os captadores e hoje uso meus instrumentos apenas com os volumes e um potenciômetro de tonalidade. A tecnologia também me ajudou muito para as aulas e hoje uso os programas Band in a Box, Finale, Encore e Cubase para preparar playbacks e partituras das levadas e músicas”, explicou Giffoni. André Christovam diz ser um “viciado” nos anos 60, principalmente a segunda metade dessa década, e sente falta do som da fita de duas polegadas. Porém, admite que computadores e simuladores de amplificadores, pré-amplificadores e efeitos facilitam muito na edição e composição. “Tempo é dinheiro. Temos que conviver com as duas opções (analógica e digital) sem preconceitos e fazer com que a música saia lucrando”, opinou o guitarrista. Jean explicou que quando o tecladista faz uso de tecnologia com a música é essencial um bom notebook e bons periféricos. Isso significa segurança no palco. Outra dica é ter uma latência baixa (a menor possível). Bons controladores são fundamentais para não prejudicar a performance do músico e para evitar que a energia do palco desestabilize todo o sistema, pensar em um nobreak ou um bom estabilizador. “A principal mudança em termos de tecnologia foi a facilidade de edição. Hoje, não precisa ser um bom músico para gravar um disco, na época das gravações de fita, os músicos eram obrigados a tocar de verdade, estar muito bem preparados e as produções eram mais demoradas. Acho que isso trouxe uma comodidade negativa para o músico moderno. A maioria não tem mais a preocupação de fazer uma gravação perfeita porque depois vai consertar e inserir muita coisa através de um software”, reclamou Felipe. Felipe Andreoli tem equipamentos que atendem todos os seus projetos musicais: Angra, Karma e Banda Instrumental www.backstage.com.br 53 Setup para todas as ocasiões meçou a tocar sendo influenciado por bandas do início dos anos 90, e por isso opta sempre por ‘baixos modernos’, como ele mesmo define. São instrumentos de marcas diferentes, porém, com características comuns: baixos com espaçamento de corda um pouco menor, toda captação humbucking e sistema pré-ativo (com um shape mais moderno que possui uma sonoridade mais definida, controle da equalização evitando ruídos e um volume de saída equilibrada e balanceada, que consiga gerar um timbre com peso e médio cortante). Na atual turnê com o Angra, Felipe está com todo o setup de baixos Yamaha (ver setup completo no Box). Requisitado para gravar diversos estilos que vão desde MPB, rock, pop, sertanejo até o fuzz, Albino Infantozzih procura adequar técnica a esses diversos estilos, mudando constantemente de baquetas para melhorar o equilíbrio nas superfícies dos pratos e Hi-Hats. Para cada estilo musical, usa peles, pratos, caixas, vassouras e baquetas diferentes. Nas gravações usa peles monofilme ou filme simples, porosas para caixa e transparentes para os tons. Peles de filme duplo transparente com anel de abafar no bumbo e na resposta do bumbo pele monofilme leitoso (sem porosidade). O furo varia conforme o estilo. Para salas com acústica mais ‘viva’ usa pratos com decay menor e caixas de madeira. Em salas com característica ‘seca’ gosta dos pratos com decay longo e prefere as caixas de metal com harmônicos bem abertos. A escolha do setup para shows funciona basicamente assim: shows onde o repertório possui mais músicas românticas usa o primeiro setup com o bumbo 24”. Situações onde o repertório só contém músicas dançantes, ele troca o bumbo para 22”. Quando o repertório é mais fusion, costuma utilizar o bumbo de 20”. Marcus Salles encontrou nestes cinco contrabaixos a possibilidade de trabalhar em todas as aplicações que necessitar: Music Man de cinco cordas, Fender Jazz Bass, Fender Precision Bass, Fretless de cinco cordas Luthier (tipo de baixo em que sua escala é totalmente lisa) e um baixo acústico Strinberg BA-350C. Ele mesmo montou uma pedaleira com um Master Bass Drive Conheça os setups mais famosos Wilson Sideral • Amplificadores: Marshall JCM2000 com três canais TSL, Fender Twin 1975, Marshall MK2 JMP (reedição). Guitarras: duas Fender Jazz Máster 1964, uma Fender Stratocaster 1963, Grestch 1950, Grestch Country Gentleman 1964, três Gibson (Les Paul 335, SG doubleneck e uma viola Gibson), Fender Plus Parkle 1962 e violões Crafter (endorsement). Setup dos Músicos Foto: Divulgação Adriano Giffoni • Contrabaixos: Nhureson ¾ acústico, Yamaha Natan East de cinco cordas, Vertical Bass D’Lara, Fretless M. Laghus de quatro cordas e um Jazz Bass D’Lara com captadores EMG. Cordas para baixo elétrico Giannini 0,45 e para acústico Thomastick solo. Para Simone Soul, o gosto do instrumentista está acima de tudo 54 www.backstage.com.br Fernando Vidal • Pedaleira: Wah wah Cry Baby, VoodooVibe (tremolo, vibrato) RogerMayer, Compressor CS3 Boss, Tube Screamer Ibanez, Blues DriverBoss, Oitavador OC2 Boss, Digital Delay DD2, TC Chorus, Digital Delay DD5 com Tap Tempo Guitartech e Auto Q MXR. Set para shows grandes: amplificador Fender The Twin, a pedaleira, o Mesa Boogie Mark 1 e o Ragna Purple Haze. • Estudo: Tascam CD-GT1 para transcrições e Korg Pandora para headphone. • Gravações: Fender Princeton Reverb II, POD Line 6 e Wah wah Vox. • Pequenas apresentações: Marshall JTM30, Mesa Boogie Dual Caliber DC-5 e Ragna Rock da Warm Music. • Endorseement: Guitarras Crafter, cordas Groove, amplificadores Warm Music, cabos Santo Ângelo. André Christovam • 1o setup Para estudo, aulas e Gigs em espaços pequenos com um bom sistema de monitor: Amplificador Roland Cube 60 (simulador de vários amplificadores clássicos) com a regulagem Black Face e uma guitarra Zaganin Telecaster semi-acústica com um captador Seymour Duncan P90 modelo vintage. Cor- MPX500 Meteoro para distorção, um Electro-Harmonix Micro Synthesizer Pedal (que reproduz vários sons vintage análogos), um Bass Chorus da Boss, um Pedal Drive da Boss e um afinador Fender. Um sistema de inear Sennheiser EW 300 e microfone AKG com fio também fazem parte do setup, além de um violão Takamine, viola Yamaha de 12 cordas e o software Mbox para composição e para pré-produção. Nas gravações de baixo elétrico, Giffoni usa o Yamaha Natan East, que é um instrumento versátil e combina com todos os estilos musicais. Ele grava o baixo acústico com microfones e o captador Wilson em canais separados e depois mixa os timbres. Para arranjo, utiliza os programas Finale, Encore e, depois de tudo pronto, passa para o Cubase e grava uma parte do arranjo em áudio e o restante em MIDI. Conheça os setups mais famosos das flatwound (13/52) com a corda G encapada nessa guitarra e palhetas de madeira Cerne. • 2o setup Som de rock e blues para shows: Amplificador MG Double DeLuxe e Telecaster Zaganin com dois captadores Seymour Duncan Seth Lover. As cordas são de nickel 10/46 da Ernie Ball. • 3o setup Guitarra Blend Zaganin de 12 cordas, captadores TV Jones e o tampo de Curly Maple num corpo semi-acústico dão um ar vintage a uma guitarra moderna. É ligada a um amplificador Fender Twin reedição 1965. • 4o setup Violão de aço Novaes feito de madeira Gabiroba para as laterais e o fundo em três partes unidas por filetes de “flamed maple”, o Granadillo na escala, o mogno no braço e o tampo de sitka spruce, o acabamento no “soundhole” feito com um “herringbone” (german style) e o “binding” de “flamed maple”. O braço se juntando ao corpo no 12º traste e um “Florentine Cutaway” para facilitar o acesso à região mais aguda da escala. Cordas Ernie Ball 13/52 Bronze. Albino Infantozzih • 1º setup Tama modelo Star Classic Maple Cor: green sparkle; Casco sem anel de reforço; Tambores: 8x8, 10 x 9, 12 x 10, 13 x 11, suspensos; Tambores de chão: 14 x 14 e 16 x 16; Bumbo 24 x 18 • 2º setup Tama modelo Star Classic Maple Cor: green sparkle ; Casco com anel de reforço (Focus Ring); Tambores: 10 x 8, 12 x 9, 14 x 11, 16 x 13 todos suspensos; 1º Bumbo: 20 x 18; 2º Bumbo: 22 x 18 sem anel de reforço • 3º setup Tama Star Classic Performer Madeira: Birch; Cor: Sun Burst; Tambores: 10 x 8, 12 x 9, 14 x 12, 16 x 14, todos suspensos; Bumbo: 22 x 18; Caixas: 14 x 6 ½ Sistema Air – Ride Maple; 14 x 5,5 Maple; 14 x 5,5 Birch; 14 x 5,5 Bronze; 14 x 5,5 Cobre; 12 x 5 Maple; 12 x 5 Aço; Pratos Sabian Rides: 22: Power Bell Ride 22” H.H.; 22: Liquid Ride Chester Thompson; 21: Lunar Ride Willian Calhoun; 21: Salcero Ride Ritchie Garcia; 21: Raw – Dry H.H. • Crashes 17” Extreme Chad Smith; 19” Extreme Chad Smith; 16” H. H. Mediun Thin; 18” H. H. Mediun Thin; 15” Studio Crash H.Hx; 17” Studio Crash H.Hx; 16” Stage Crash H.Hx; 18” Stage Crash H.Hx; 15” Studio Crash AAx; 17” Studio Crash AAx; 19” Fierce Crash H.H. • Chynas: 18” Radia Terry Bozzio; 18” H.Hx; 20” H.Hx • Splash 10” Paragon; 12” Splash AAx; 10” H.Hx; 8” Splash AAx; Hi Hats; 15”: Groove Hats H.Hx; 13” Groove H.Hx; 13” Fusion Hats H.H; 13” David Garibaldi H.H; 14: El Sabor H.Hx Peles e caixas de roxinho RMV para gravações e shows, baquetas de Hickory Vater 5-B e 5-A e modelos Fusion, Rock e Chad Smith, kit de microfones: Neumann e Sennheiser para gravações e SuperLux para shows. Bateria eletrônica Roland TD-20 e um RMP-5. Felipe Andreoli Contrabaixos Yamaha TRB6P-II, BBNE-2 (modelo Nathan East, de 5 cordas), BBNE-2 (5 cordas, fretless), SVB-200 “Silent Bass” (4 cordas, upright, escala 41"), BEX-4C (4 cordas, semi-acústico, com captadores magnético e piezo), TRB1005 (5cordas) e RBXJM2 (6 cordas). Amplificador Mesa Engineering M-Pulse 600, amplificador Meteoro B52 (spare), caixa Meteoro 810BS. Multi-efeitos Zoom GFX 2200, pré-amplificador Meteoro MPX 500, pedais chorus Danelectro Cool Cat, equalizer Danelectro Fish & Chips, overdrive Zoom Powerdrive PD-01, afinador Boss TU-2. • Shows: amplificador Mesa Engineering M-Pulse 600, caixa Meteoro B52, pré-amplificador Meteoro MPX 500, pedais chorus Danelectro Cool Cat, afinador Boss TU-2, sistema sem fio Audio-Technica AEW série 4000, cordas Elixir Nanoweb 0.45 e cabos Monster Bass. • Setup banda instrumental Amplificador Mesa Engineering M-Pulse 600, pedal Zoom B2.1u, sistema sem fio Audio-Technica AEW série 4000, cordas Elixir Nanoweb 0.45 e cabos Monster Bass. www.backstage.com.br 55 Seu setup para shows é simples, pois Adriano não usa efeitos ao vivo. Leva o baixo indicado para cada trabalho e em alguns casos uso dois baixos e um pedal da Power Click para separar os instrumentos. “O meu setup atual funciona bem para todas as ocasiões. Muitos dos meus temas apareceram quando eu estava estudando baixo acústico ou elétrico e quando isso acontece procuro gravar imediatamente e depois trabalho com calma em cada música”, completa Giffoni. Em estúdio, André usa tudo o que puder. Quando está na estrada, utiliza o que tem disponível e se o lugar for compatível leva um dos seus amplificadores. Se não, o guitarrista pede no rider um Fender Twin reedição 1965. “Para evitar as surpresas nem sempre agradáveis em relação a amplificador e estar sempre com um timbre legal debaixo dos dedos, carrego sempre os seguintes pedais: Crunsh e Creamy da MG Music muito bons para ‘arredondarem’ esses Marshalls JCM 900 que rodam por aí desregulados e falantes com os dias contados. Eles te devolvem o ‘corpo e a alma’ que os Marshalls deveriam sempre ter! Tenho também um Fulldrive 2 da Fulltone, bem velhinho, que uso com a compressão desligada”, conta André. Diminuindo para modernizar Há alguns anos, Jean está aprimorando seu setup e ao invés de aumentá-lo vai simplificar. O novo equipamento é chamado Muse Receptor. Ele já existe há pelo menos alguns anos e Jean está finalizando os testes e a configuração do mesmo. O tecladista disse que esse sistema vai substituir seu notebook, placa de áudio e todas as ligações feitas via cabo, afinal, ele vai estar ligado so- Setup dos Músicos Steve Morse Aproveitando o final da turnê do Deep Purple no Brasil, no final do ano passado, o guitarrista Steve Morse ministrou um workshop exclusivo realizado pelo IG&T (Instituto de Guitarra e Tecnologia) no Auditório da UNIP (São Paulo). A Backstage foi até lá saber mais sobre as mudanças recentes no setup que o atende nos workshops e turnês com o Deep Purple e a Steve Morse Band. Faz um ano que Morse trocou os velhos Marshall por um setup de amplificadores ENGL modelo Special Edition E670 com válvulas EL34. São amplificadores fabricados com tecnologia alemã e, segundo o guitarrista, equipamentos ainda pouco conhecidos pela maioria das pessoas. A principal diferença desses amplificadores em relação ao set de Marshall utilizados anteriormente e até mesmo dos Peavey, também utilizados por ele, é por terem um pouco mais de brilho no som. “Consigo, de uma forma mais agradável, aquelas freqüências que dão presença no som. Outra razão pela qual estou gostando de usar estes amps é porque eles me dão um som de guitarra encorpado”, explicou. Steve Morse usa em sua pedaleira três pedais de volume Ernie Ball, um TU-12 Chromatic Tuner da Boss e um BF1 Buffer. Também utiliza um ENGL Z-9 footswitch para mudar presets via MIDI. Em relação às guitarras, o músico esclareceu que ainda está testando os novos modelos de guitarras Music Man 56 www.backstage.com.br Steve Morse Signature, que possuem algumas diferenças peculiares, principalmente nas pontes, que permitem ação na corda grave mais baixa. Com esses testes, ele pretende saber até onde essas diferenças afetam a sonoridade do instrumento. Segundo Morse, uma das vantagens é que essas guitarras tendem a ter um som um pouco melhor para tocar rock´n´roll. O músico mostra, com esse setup bem compacto e versátil, que é possível dar continuidade à sonoridade que o consagrou, buscando em novos setups e configurações seus timbres particulares. Este é um bom exemplo de como experimentar para encontrar novas propostas de sons. Após a saída de Blackmore, o Purple se viu mais livre para novos caminhos e talvez a opção por Steve Morse foi pelo fato de ele ser totalmente oposto a Richie Blackmore. A musicalidade de Morse é resultado da mistura entre o country sulista, o erudito, o folclore Celta, o rock setentista, o progressivo e o jazz rock que consagrou seu estilo peculiar no Dixie Dregs. Morse segue um processo de pesquisa cujo foco é aprender coisas novas usando a imaginação. Ele imagina frases meramente através de um som e depois coloca isso em prática no âmbito da composição e criação, porém, as técnicas e estilo dos solos não mudam. Pode-se perceber dessa forma porque Steve Morse é um dos guitarristas mais admirados pelos músicos. Foto:Diego Soares/ Divulgação Wilson Sideral investiu em equipamentos simuladores de vintages O setup de pedaleira de Sideral foi feito pelo técnico Diego Soares mente ao notebook da banda via cabo de rede crossover, usando a tecnologia Uniwire, junto com o Pro Tools. Dessa forma, Jean deixará de ter dois notebooks em sync via MIDI timecode. “Não terei mais problemas com a ligação Windows XP e placa de áudio, e caso aconteça algum problema durante o show, o Muse reinicia em 10 segundos, contra o mínimo de 1 minuto para se iniciar o Windows, logo após o Nuendo e a seção em questão”, explicou. No Line 6, o músico pode ter três tipos de delay digital para solos: tape eco para canções soul music (uma simulação delay de fita antiga), um delay regulado com um chorus que já vem com uma simulação de chorus para rock, quatro timbres com prés sets, um rotary (simulador de caixa Leslie), tremolo e flanger. Diego Soares, técnico de guitarra de Sideral, projetou a pedaleira baseado em pesquisas e em seu conhecimento em montagem de sistemas para pedais junto a Maecelo Coelho da Guitartech que construiu e desenvolveu soluções para a pedaleira com cabos de melhor qualidade, fonte master estabilizada para todos os pedais e isso diminuiu a perda de sinal. Sideral passou a usar os efeitos em loop e Diego acrescentou um micro amp MXR para dar um ‘boost’ no sinal ediminuir ainda mais a perda entre o “send / return” deste mesmo. Nestas ligações, há um patch que pode fazer várias conexões em loop e stereo e uma ventoinha acoplada nas fontes que não deixa acontecer um super aquecimento nem mesmo em ocasiões de energia 220, pois ela é bi-volt. “O Sideral é um cara bem resolvido em relação a som. Ele chega e diz o que quer e eu soluciono ajudando nas montagens e viabilizações”, disse Diego, que morou três anos em New York e teve acesso a cursos de luthier e regulagem de equipamentos. Enfim, depois de conhecer alguns dos setups que fizeram história na mão desses músicos e nos ouvidos do público, consideramos que para se ter um setup ‘quase’ perfeito é necessário anos de testes e pesquisa. Experimente sempre, pois sempre haverá uma oportunidade para novas sonoridades. Setup dos Músicos Tecnologia atual para conseguir o vintage A proposta de trabalho do guitarrista Wilson Sideral é trazer referências de rock, pop, soul e black music dos anos 70 para a música pop brasileira contemporânea e recentemente fez algumas mudanças em seu setup. O real motivo da mudança foi evitar problemas com equipamentos antigos, por isso, deixou no estúdio os equipamentos vintage que antes eram levados para a estrada e passou a usar simuladores. Sideral atualizou seu setup para a turnê de seu último disco e esse processo consistiu em montar um pedal board (pedaleira), fazer backup de todo o sistema para os shows e levar os simuladores de timbres. O músico deixou claro que não leva a pedaleira para o estúdio e utiliza os equipamentos originais para a gravação de seus discos. O guitarrista utiliza o DL4 Delay da Line 6, que simula todos os timbres vintage que gosta de tocar e corre menos risco de dar problema. “Com bom gosto e fazendo as regulagens corretas, esses pedais simulam os sons a que se propõem. Não tinha mais condição de levar raridades para todo lugar”, disse Wilson Sideral. 58 www.backstage.com.br Michel Leme O guitarrista Michel Leme faz parte dos grupos Michel Leme & A Firma, Alex Buck & Michel Leme Quarteto e de um trio com Alexandre Mihanovich e Alex Buck. Também toca em outros trabalhos com Zerró Santos e Arismar do Espírito Santo, além de lecionar na EM&T e no Souza Lima. Karyne Lins [email protected] I Setup dos Músicos niciou a carreira de músico profissional no início dos anos 90 tocando na banda de baile Santo Angellus e foi sideman da banda Os Incríveis, do cantor Fábio Junior, e depois prosseguiu gravando seus próprios discos. Em relação a timbres, Michel teve como referência George Benson, Jim Hall e Barney Kessel. Ele não fecha o tone da guitarra e gosta de um timbre mais aberto e com as freqüências equilibradas. Michel consegue isso com a ajuda de amplificadores valvulados. O que é mais importante na escolha do set up? Michel Leme - Testar ao vivo, porque em casa é uma coisa, ao vivo é completamente outra. Isso se aplica a pedais e a amplificadores. Em relação a guitarras, acho que se deve ter poucas. O legal seria ter uma ou duas, no máximo, como estou fazendo hoje em dia. Criar uma real intimidade com o instrumento é muito bom. Sem esquecer que o fundamental na escolha de um setup é qualidade, preço e a pergunta: eu realmente preciso disso? Geralmente, a pessoa investe em equipamentos que visam a atender seu 60 www.backstage.com.br gosto pessoal, mas o que acontece quando essa pessoa precisa definir em que segmento do mercado ela vai trabalhar (sideman, estúdio, solo, estilos musicais)? Como isso vai afetar a montagem do setup? Michel - Eu nunca pensei em ‘segmento de mercado’. Sempre procuro tocar com o equipamento que chegue o Em relação a guitarras, acho que se deve ter Como o músico deve estar preparado para não mudar completamente seu setup em função do estilo do artista com quem vai trabalhar? Michel - É possível ter uma sonoridade própria e não abrir mão do seu setup. Se você é chamado para tocar, deve ser chamado pelo seu som. Tudo que vier depois disso será mais digno. Quando as pessoas começam a exigir coisas em que o músico não acredita, acho que o mais sensato é pular fora. poucas. O legal seria ter uma ou duas, no máximo. Criar uma real intimidade com o instrumento é muito bom. mais próximo do som que imagino. Acho que o lance é cuidar da música primeiro. O que vier depois será uma conseqüência natural e o melhor é que as pessoas chamem pelo que você é tocando, e não pelas necessidades momentâneas que ela tem, como, por exemplo, “quero um cara que toque no estilo do fulano de tal”. Isso é nocivo, antimusical, e quero estar cada vez mais longe dessas pessoas. Em que estágio do aprendizado e convivência com a música o instrumentista define como vai trabalhar? Michel - Acho que a experiência é ouro! Você aprende a se valorizar e aprende a não se violentar. Se for para sair de casa para tocar, por exemplo, que seja para evoluir! Se for só para ter dor de cabeça, então é melhor nem sair de casa. Acho que o músico tem que ter consciência do que lhe faz bem, do que o faz tocar melhor. No Brasil, as ‘roubadas’ não param de rolar, mas a gente vai aprendendo a não se prejudicar tanto. Como organizar quanto e como gastar para montar um setup? Isso depende do momento. Músico no Brasil não tem essa de programar. Ele vai fazendo rolos, juntando uns trocos aqui e ali até chegar no que quer. E isso é bem demorado às vezes. Quais os danos para o músico se este faz um investimento na marca e não na música? Michel - Já soube de várias guitarras de nome que deram ‘paus’ violentos. O lance é testar com toda paciência e, se possível, levar um cara que conheça bem a parte mecânica do instrumento. Como a questão do dinheiro atrapalha a pesquisa do músico? Michel - Bem, não é só a grana. Às vezes, o cara vai numa loja e o atendimento é péssimo. O lojista não conhece o cara e já vai logo tratando mal e dizendo que tal coisa não pode testar, enfim, ainda existem esses absurdos por aí. A questão cultural é a base de tudo. Se a cultura melhora, as pessoas dão mais valor ao músico, passam a compreender que música não é só o lixo que as emissoras de TV e a mídia vendida despencam na cabeça das pessoas o tempo todo. Assim, todo mundo que faz um trabalho musical decente teria mais oportunidades e, conseqüentemente, mais trabalho. Mas, já que não é assim ainda, temos que lutar para inverter esse quadro fazendo música honesta. Não adianta reclamar, o lance é ter consciência e tocar muito! Como a referência de outros instrumentistas pode ajudar a montar o setup? Michel - Eu não escuto guitarristas na maioria do tempo em que ouço música. Então, o leque se abre e isso, claro, afeta até a parte do timbre. Acho muito saudável um guitarrista ouvir um concerto para violino de Beethoven e imaginar que está tocando aquilo. Isso abre a mente. Agora, o cara que só ouve Pat Metheny, por exemplo, está fadado a ser um imitador de seu timbre e das frases. Isso é muito chato. As pessoas se ligam, embora o músico iludido ache que não. Como saber se está recebendo orientação de um bom profissional? Michel - Essa pergunta abrange muita coisa. Acho que você ter calma e não se iludir com a lábia das pessoas já é um bom começo. O discernimento é uma coisa que vem com a prática da música, vem com a vivência. No começo, as pessoas até caem nas armações, mas isso acaba um dia. A música é uma bênção que faz com que a pessoa evolua em todos os aspectos e essa evolução levará o indivíduo a se associar com os que estão na mesma freqüência. Setup Guitarras: Gibson ES-175 do ano de 1979, Tagima T-One com captadores DiMarzio, que Michel usa para timbres diferentes da acústica, violão Del Vecchio da década de 40, viola de 10 cordas Del Vecchio 1977. Efeitos: Pedais Onerr (um Reverb Digital, um Delay Digital, ambos de 24 bits, um wah wah e um flanger). Michel costuma utilizar mais a guitarra ligada só no reverb e raramente usa estes outros efeitos. Amplificadores: Os amplificadores valvulados sempre responderam melhor às dinâmicas e timbres de Michel Leme e atualmente o músico está utilizando os da marca Rotstage (um cabeçote de 100W ligado numa caixa com 2x12’), que são valvulados e fabricados em São Paulo. Este é o setup para todas as ocasiões, seja em shows ou em estúdio. www.backstage.com.br 61