CURSO DE ENGENHARIA CIVIL Luís Henrique Thier APLICAÇÃO DAS FÓRMULAS DINÂMICAS PARA CONTROLE E AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE DE CARGA DE ESTACAS PRÉ-MOLDADAS DE CONCRETO PARA UM PERFIL GEOLÓGICO-GEOTÉCNICO DE UM TERRENO DE SANTA CRUZ DO SUL - RS Santa Cruz do Sul 2013 UNIVERSIDADE DE SANTA CRUZ DO SUL Luís Henrique Thier APLICAÇÃO DAS FÓRMULAS DINÂMICAS PARA CONTROLE E AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE DE CARGA DE ESTACAS PRÉ-MOLDADAS DE CONCRETO PARA UM PERFIL GEOLÓGICO-GEOTÉCNICO DE UM TERRENO DE SANTA CRUZ DO SUL - RS Santa Cruz do Sul 2013 Luís Henrique Thier APLICAÇÃO DAS FÓRMULAS DINÂMICAS PARA CONTROLE E AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE DE CARGA DE ESTACAS PRÉ-MOLDADAS DE CONCRETO PARA UM PERFIL GEOLÓGICO-GEOTÉCNICO DE UM TERRENO DE SANTA CRUZ DO SUL - RS Trabalho de conclusão apresentado ao Curso de Engenharia Civil da Universidade de Santa Cruz do Sul para obtenção do título de Engenheiro Civil. Orientador: Nervis Santa Cruz do Sul 2013 Prof. Ms. Leandro Olivio Luís Henrique Thier APLICAÇÃO DAS FÓRMULAS DINÂMICAS PARA CONTROLE E AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE DE CARGA DE ESTACAS PRÉ-MOLDADAS DE CONCRETO PARA UM PERFIL GEOLÓGICO-GEOTÉCNICO DE UM TERRENO DE SANTA CRUZ DO SUL - RS Este trabalho de conclusão foi submetido ao Curso de Engenharia Civil, Universidade de Santa Cruz do Sul – UNISC para obtenção do título de Engenheiro Civil. Professor Eng. Ms. Leandro Olívio Nervis Professor Orientador Professor Eng. Ms. João Rodrigo Guerreiro Mattos Professor Examinador Professor Eng. Ms. José Antônio Rohlfes Jr. Professor Examinador Santa Cruz do Sul 2013 Até os jovens se cansam, e os moços tropeçam e caem; mas os que confiam no Senhor recebem sempre novas forças. Voam nas alturas como águias, correm e não perdem as forças, andam e não se cansam. (Isaías 40. 30-31, NTLH) AGRADECIMENTOS Primeiramente a Deus, por me acompanhar em todos esses anos de caminhada, dando a mim sabedoria, inteligência, disciplina, autocontrole, força e coragem para enfrentar todos os desafios e adversidades que passei nesses anos de estudo. Obrigado por me mostrar e me ajudar a seguir pelos caminhos que Senhor preparou para mim. A meus pais Lúcio e Marta Thier, pelo amor, carinho, dedicação, confiança e paciência nesses anos de caminhada. O sucesso dessa conquista certamente passa por vocês dois. Vocês sempre serão um espelho para minha vida. Eu amo vocês, muito obrigado! A minha irmã Daniela Thier Rollof e sua família, André e Rafaela. Obrigado por todos os conselhos e ajuda, sempre seguirei o teu exemplo de perseverança e dedicação. Agradeço também ao amigo e orientador dessa pesquisa, professor e engenheiro Leandro Olívio Nervis. Obrigado pelo apoio e dedicação, obrigado pela transmissão de conhecimentos e por dedicar tempo para a realização dessa conquista. Agradeço também a todos os professores com quem tive convívio, agradeço a paciência e a dedicação nesses anos de aprendizagem. Ao engenheiro Auro Schilling e a toda equipe da empresa Estacas Brasil Limitada. O apoio de vocês foi de fundamental importância para a realização desse trabalho. A todos os meus amigos e pessoas que de alguma forma contribuíram para a realização dessa pesquisa. Muito obrigado. RESUMO Considerando que mesmo sendo a solução mais simples para a maioria dos problemas de fundações, as estacas escavadas tradicionais nem sempre possuem as devidas condições de serem implantadas, pois alguns fatores presentes no local da obra eventualmente impedem tal emprego. Assim, com o passar do tempo, fez-se necessário à criação de novas tecnologias para solucionar tais problemas, e as estacas pré-moldadas se enquadram nesse contexto. Podendo ser constituídas de apenas um material, como por exemplo, madeira e aço, ou dois materiais, como concreto armado, as estacas pré-moldadas apresentam-se como a solução tecnológica mais indicada quando o solo possui lençol freático próximo à superfície, quando o mesmo é composto basicamente por areias e quando há risco de desmoronamentos na execução do fuste quando a estaca é escavada. Então, a execução das estacas pré-moldadas foi se tornando algo corriqueiro, e observou-se que, especialmente as pré-moldadas de concreto, apresentavam-se uma solução econômica bastante atraente em relação a outras estacas cravadas, com perfil metálico, por exemplo. Frente a isso, surgiu à necessidade da criação de um sistema de controle de qualidade dessas estacas que comprovassem as capacidades de carga determinadas com os Métodos Semiempíricos tradicionais, e os sistemas de controle mais usados atualmente, tratando-se cravação a percussão de estacas pré-moldadas de concreto, são as Fórmulas Dinâmicas. Com base em tudo isso, o objetivo principal desse trabalho consistiu em realizar uma análise comparativa entre os valores de capacidade de carga geotécnica de estacas prémoldadas de concreto determinados com os Métodos Semiempíricos de dimensionamento Aoki & Velloso (1975) e Decourt & Quaresma (1978) e aqueles obtidos com o emprego das Fórmulas Dinâmicas para determinado perfil geológicogeotécnico de um terreno localizado na cidade de Santa Cruz do Sul - RS. Tomouse como ponto de partida a análise do perfil geológico-geotécnico elaborado a partir dos resultados dos ensaios SPT realizados no terreno em questão. Foi realizado o controle da nega durante a execução das estacas pré-moldadas de concreto, o que possibilitou a obtenção dos valores de capacidades de carga através do emprego das Fórmulas Dinâmicas. Em paralelo a isso, foram determinadas as capacidades de carga com a aplicação dos Métodos Semiempíricos, sendo então efetuada uma análise comparativa entre os resultados obtidos. Palavras-chave: Solos, fundações e estacas pré-moldadas. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 – Capacete usado em estacas pré-moldadas de concreto ......................... 58 Figura 2 – Equipamento para cravação a percussão de estacas .............................. 58 Figura 3 – Planta de fundação e localização dos pontos de sondagem SPT ........... 59 Figura 4 – Localização da obra no centro urbano de Santa Cruz do Sul ................. 60 Figura 5 – Mapa geológico de Santa Cruz do Sul .................................................... 61 Figura 6 – SPT 01 ..................................................................................................... 62 Figura 7 – SPT 02 ..................................................................................................... 63 Figura 8 – Perfil geológico-geotécnico do terreno segundo o Ensaio SPT .............. 42 Figura 9 – Depósito das peças no canteiro de obras ............................................... 46 Figura 10 – Rolos e cepos de madeira para posicionamento e deslocamento da máquina no canteiro de obras .................................................................................. 47 Figura 11 – Içamento da peça com o capacete de proteção .................................... 48 Figura 12 – Verificação do prumo da torre do bate-estaca ...................................... 49 Figura 13 – Verificação do prumo da estaca pré-moldada de concreto ................... 49 Figura 14 – Cavalete para a aferição da nega ......................................................... 50 Figura 15 – Medição da nega ................................................................................... 51 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Coeficientes de minoração 2 e 1 ........................................................... 31 Tabela 2 – Decourt & Quaresma (1978) ................................................................... 44 Tabela 3 – Aoki & Velloso (1975) .............................................................................. 45 Tabela 4 – Valores de nega para as estacas controladas ......................................... 51 Tabela 5 – Capacidade de carga admissível de acordo com as Fórmulas Dinâmicas (KN) ........................................................................................................................... 52 Tabela 6 – Valores de capacidade admissível de carga (KN) ................................... 54 Tabela 7 – Coeficientes F1 e F2 ................................................................................. 64 Tabela 8 – Coeficientes K e ................................................................................... 65 Tabela 9 – Coeficientes C ......................................................................................... 66 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 13 1.1 Área e limitação do tema .................................................................................. 14 1.2 Objetivo geral .................................................................................................... 14 1.3 Objetivos específicos........................................................................................ 14 1.4 Justificativas...................................................................................................... 15 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................. 16 2.1 Fundações ......................................................................................................... 16 2.1.1 Fundações superficiais.................................................................................. 16 2.1.2 Fundações profundas .................................................................................... 16 2.1.2.1 Estacas escavadas ...................................................................................... 17 2.1.2.2 Estacas de deslocamento........................................................................... 17 2.2 Estacas pré-moldadas de concreto ................................................................. 17 2.2.1 Fabricação das estacas pré-moldadas de concreto.................................... 18 2.2.2 Capacidade estrutural das estacas pré-moldadas de concreto ................. 18 2.2.3 Processo executivo das estacas pré-moldadas .......................................... 19 2.2.3.1 Cravação por percussão............................................................................. 19 2.2.3.1 Cravação por prensagem (estacas tipo Mega) ......................................... 20 2.2.3.1 Cravação por vibração ................................................................................ 21 2.2.4 Emendas e ligação estaca/bloco .................................................................. 21 2.3 Controles da qualidade na execução de estacas pré-moldadas de concreto .................................................................................................................................. 22 2.3.1 Provas de carga estática ............................................................................... 22 2.3.2 Controle da nega ............................................................................................ 22 2.3.3. Controle do repique ...................................................................................... 23 2.4 Sondagens de investigação do subsolo ......................................................... 24 2.4.1 Horizontes constituintes de um perfil pedogenético .................................. 24 2.4.2 Camadas constituintes de um perfil geológico-geotécnico ....................... 25 2.4.3 Sondagem SPT ............................................................................................... 25 2.4.2.1 Definições e equipamentos constituintes ................................................. 25 2.4.2.2 Procedimentos ............................................................................................ 26 2.4.2.3 Amostragem ................................................................................................ 26 2.5 Métodos Semiempíricos de dimensionamento da capacidade de carga ..... 27 2.5.1 Método Aoki & Velloso (1975) ....................................................................... 27 2.5.2 Método Decourt & Quaresma (1978) ............................................................. 29 2.5.3 Dimensionamento geotécnico ...................................................................... 30 2.5.3.1 Método dos valores admissíveis ............................................................... 30 2.5.3.2 Método dos valores de projeto .................................................................. 30 2.5.3.3 Método alternativo para a obtenção da resistência de projeto ............... 30 2.6 Estimativas de carga com a aplicação das Fórmulas Dinâmicas ................. 31 2.6.1 Fórmulas de Wellington ................................................................................. 32 2.6.2 Incorporação da Lei de Choque de Newton ................................................. 33 2.6.3 Fórmula dos Holandeses ............................................................................... 34 2.6.4 Fórmula de Janbu........................................................................................... 34 2.6.5 Fórmula dos Dinamarqueses ........................................................................ 35 2.6.6 Fórmula de Hiley ............................................................................................ 35 2.6.7 Fórmula de Brix .............................................................................................. 36 3 METODOLOGIA .................................................................................................... 38 4 DESCRIÇÃO GERAL DA OBRA E DO MEIO EXPERIMENTAL .......................... 39 4.1 Descrição do projeto e da obra a ser implantada ........................................... 39 4.2 Caracterização geológica-geotécnica e pedológica do local ........................ 39 4.3 Análise do perfil geológico-geotécnico obtido através do Ensaio SPT ....... 40 4.4 Análise do perfil referente ao SPT-01 .............................................................. 41 4.5 Análise do perfil referente ao SPT-02 .............................................................. 41 4.6 Camadas constituintes do perfil geológico-geotécnico ................................ 42 4.7 Escolha do tipo de fundação segundo o Ensaio SPT .................................... 43 5 CAPACIDADES DE CARGA DETERMINADAS COM OS MÉTODOS SEMIEMPÍRICOS ..................................................................................................... 44 5.1 Capacidade de carga de acordo com Decourt & Quaresma (1978) .............. 44 5.2 Capacidade de carga de acordo com Aoki & Velloso (1975) ......................... 44 5.3 Análise dos Métodos Semiempíricos .............................................................. 45 6 CONTROLE DE CAMPO E APLICAÇÃO DAS FÓRMULAS DINÂMICAS .......... 46 6.1 Controle de campo ............................................................................................ 46 6.2 Valores de nega obtidos para cada estaca controlada .................................. 51 6.3 Aplicações das Fórmulas Dinâmicas .............................................................. 52 6.4 Análise das Fórmulas Dinâmicas .................................................................... 52 7 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 54 7.1 Análise comparativa das capacidades de carga determinadas com os Métodos Semiempíricos e as Fórmulas Dinâmicas ............................................. 54 8 BIBLIOGRAFIA ..................................................................................................... 56 ANEXO A – Figuras 1 e 2 ........................................................................................ 58 ANEXO B – Planta de fundação e localização dos pontos de sondagem SPT . 59 ANEXO C – Localização da obra no centro urbano de Santa Cruz do Sul ......... 60 ANEXO D – Mapa geológico da cidade de Santa Cruz do Sul ............................. 61 ANEXO E – SPT 01 .................................................................................................. 62 ANEXO F – SPT 02 .................................................................................................. 63 ANEXO G – Tabela 7 ............................................................................................... 64 ANEXO H – Tabela 8 ................................................................................................ 65 ANEXO I – Tabela 9 ................................................................................................. 66 13 1 INTRODUÇÃO Desde os tempos pré-históricos as estacas vêm marcando um importante papel no meio civil. Esses elementos eram uma boa solução para uma série de situações nas obras, como por exemplo, construções em regiões pantanosas ou em áreas onde materiais mais resistentes eram escassos (VELLOSO e LOPES, 2010). Considerando que mesmo sendo a solução para a maioria dos problemas, as estacas escavadas tradicionais nem sempre tinham as devidas condições de serem implantadas, pois o tipo de solo presente no local da obra impedia tal ato. Por isso, com o passar do tempo, se fez necessário o uso de novas tecnologias para solucionar tais problemas, e as estacas pré-moldadas se enquadram nesse grupo. Podendo ser constituídas de apenas um material, como por exemplo, madeira e aço, ou dois materiais, como concreto armado, as estacas pré-moldadas são a solução tecnológica mais indicada quando o solo apresenta lençol freático próximo da superfície, quando o mesmo é composto basicamente por areias e quando há risco de desmoronamentos na execução do fuste pelos equipamentos de escavação. Então, a execução das estacas pré-moldadas foi se tornando algo corriqueiro, e observou-se que, especialmente as pré-moldadas de concreto, apresentavam-se uma solução econômica bastante atraente em relação a outras estacas cravadas, com perfil metálico, por exemplo. Frente a isso, surgiu à necessidade da criação de um sistema de controle de qualidade dessas estacas que comprovassem as capacidades de carga determinadas com os Métodos Semiempíricos tradicionais. Cita-se como um dos sistemas mais conhecidos, as Fórmulas Dinâmicas. Essas fórmulas aplicam leis da física levando em consideração que o processo de cravação das estacas pré-moldadas é um fenômeno dinâmico (VELLOSO e LOPES, 2010). Segundo Alonso (2011), o controle de qualidade na cravação das estacas prémoldadas, em especial a aplicação das Fórmulas dinâmicas, é de suma importância, pois é através desses sistemas que é possível aferirem a existência de três importantes fatores em um projeto de fundações: segurança, funcionalidade e durabilidade. 14 1.1 Área e limitação do tema A pesquisa possui como foco principal um estudo sobre a aplicabilidade das Fórmulas Dinâmicas para a avaliação de capacidade de carga geotécnica de estacas pré-moldadas de concreto e seu emprego no controle de execução desse tipo de estaca para determinado perfil geotécnico de um terreno localizado na cidade de Santa Cruz do Sul - RS. Primeiramente, será realizada uma abordagem sobre os vários tipos de fundações profundas e, em especial, sobre as estacas pré-moldadas de concreto. Detalhes relativos às sondagens SPT e Métodos Semi Empíricos Aoki & Velloso e Decourt & Quaresma para a determinação da capacidade de carga geotécnica a nível de projeto serão observados e se constituirão parte integrante do presente estudo. O desenvolvimento do trabalho será focado na área da engenharia geotécnica, com ênfase em engenharia de fundações, sendo demandados conhecimentos de geologia de engenharia, mecânica dos solos e fundações. 1.2 Objetivo geral O objetivo geral do trabalho consiste em realizar uma análise comparativa entre os valores de capacidade de carga geotécnica de estacas pré-moldadas de concreto determinados com os Métodos Semiempíricos de dimensionamento Aoki & Velloso (1975) e Decourt & Quaresma (1978) e aqueles obtidos com o emprego das Fórmulas Dinâmicas para determinado perfil geológico-geotécnico de um terreno localizado na cidade de Santa Cruz do Sul - RS. 1.3 Objetivos específicos Os objetivos específicos constituíram-se do acompanhamento sob um olhar crítico dos procedimentos da realização de uma sondagem SPT e a emissão do respectivo relatório, a aplicação prática dos Métodos Semiempíricos de dimensionamento já mencionados para a determinação da capacidade de carga geotécnica de estacas pré-moldadas, a aplicação prática do monitoramento da nega durante a execução de estacas pré-moldadas e os aspectos relacionados e a 15 verificação da validade desse procedimento no controle de execução de estacas pré-moldadas de concreto. 1.4 Justificativas As fundações são parte constituinte da estrutura de qualquer obra civil, pois são responsáveis por transmitir de forma tecnicamente adequada os esforços para o solo. Dessa forma, assim como outros elementos, devem oferecer, sob a ação de carregamentos, garantias de qualidade, segurança e funcionalidade, observados também os critérios de economicidade. A partir disso, Alonso (1991) salienta que, para garantir tais características, às fundações devem ser apoiadas por três características básicas: um bom projeto, um bom controle e uma boa execução, sendo que o controle constitui uma das etapas mais importantes. Portanto, quando se trata de estacas pré-moldadas de concreto, sendo estas devidamente dimensionadas com métodos comprovados por sua eficiência, o controle das capacidades de carga das mesmas pode ser feito com a monitoração das negas durante a execução. Uma vez garantidos estes dados aplicam-se a Teoria das Fórmulas Dinâmicas que proverão o engenheiro de dados confiáveis para a determinação da qualidade e posterior aprovação ou não destes elementos. Estes procedimentos são imprescindíveis e nunca devem ser ignorados durante o projeto e execução das estacas pré-moldadas de concreto. Nesse contexto, se encontram disponíveis na literatura técnica diversas Fórmulas Dinâmicas, as quais foram obtidas experimentalmente em vários tipos de perfis geológico-geotécnicos e em diferentes países. Entretanto, essas fórmulas têm sido largamente empregadas ao redor do mundo. Constata-se ser de grande importância a realização de um estudo focado na busca de conclusões sobre a aplicabilidade de tais fórmulas para situações específicas, como por exemplo, para o caso de estacas pré-moldadas para determinado perfil geológico-geotécnico de um terreno de Santa Cruz do Sul - RS. De forma paralela, o estudo permitirá também a revisão e aplicação de diversos aspectos e técnicas referentes à engenharia de fundações, o que contribui para a fixação e difusão do conhecimento na área. 16 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 Fundações Pode-se definir fundação como todo e qualquer elemento estrutural que tenha a função de transmitir os esforços provenientes do sistema estrutural global de qualquer edificação ao solo (NBR 6122, 2010). Entende-se que o principal papel das fundações é resistir estruturalmente a esses esforços e também não provocar ruptura do sistema solo-fundação, oferecendo, assim, recalques aceitáveis e que a estrutura possa absorver sem oferecer riscos aos usuários. Segundo Hachich et al. (1998), as fundações são separadas em dois grandes grupos: fundações superficiais (ou rasas) e fundações profundas. A escolha do tipo de fundação que será adotado dependerá de fatores básicos que deverão ser analisados de acordo com a situação imposta pelo projeto. São vários os fatores, mas primeiramente e o mais importante é o tipo de solo que se encontra no local onde se deseja executar a obra e posição do nível de água. Cita-se, depois, a proximidade de edifícios e o tipo de fundação que foi empregado neles, a limitação dos tipos de fundações que estão disponíveis no mercado e a grandeza dos carregamentos de projeto. 2.1.1 Fundações superficiais A NBR 6122 (2010) descreve que fazem parte do grupo das fundações superficiais ou rasas todos os elementos que transmitem os carregamentos ao solo pela distribuição de tensão através da base. Deve-se também levar em conta que estes elementos têm a ‘profundidade de assentamento em relação ao terreno duas vezes menor que a dimensão de menor proporção. As fundações que pertencem a esse grupo são as sapatas, os blocos, os radiers, as sapatas corridas, as sapatas associadas e as vigas de fundação. 2.1.2 Fundações profundas Segundo a NBR 6122 (2010), pode-se definir fundação profunda qualquer elemento que transmita carregamento ao solo através de sua ponta, área lateral ou 17 a combinação das duas. É também importante salientar que o elemento deve estar assente em profundidade superior ao dobro de sua menor dimensão em planta, e no mínimo 3m. Fazem parte das fundações profundas as estacas, os tubulões e os caixões. A distinção de estacas, tubulões e caixões se dão basicamente pelos seus métodos construtivos. Enquanto as estacas são executadas somente com equipamentos e ferramentas, os tubulões e caixões utilizam a escavação manual em algum momento do processo executivo. A partir disso, é possível classificar as estacas seguindo vários critérios. Podem ser classificadas de acordo com o material que as constituem (madeira, aço ou concreto) ou conforme o efeito provocado no solo em decorrência do método executivo empregado. Assim, seguindo o preceito desta segunda classificação, as estacas são divididas em dois grandes grupos: estacas escavadas e estacas de deslocamento (HACHICH et al., 1998). 2.1.2.1 Estacas escavadas Como o próprio nome sugere, estacas escavadas são aquelas nas quais se retira o solo com o uso de algum processo mecânico. Nesse grupo enquadram-se todas as estacas moldadas in loco como, por exemplo, as estacas Strauss, Franki, Rotativas com uso ou não de lama bentonítica e as Hélices Contínuas em geral. 2.1.2.2 Estacas de deslocamento Nesse grupo encontram-se estacas nas quais o processo construtivo não promove a retirada do solo. Podem ser citadas, como exemplo, as estacas cravadas (pré-moldadas de concreto armado, aço e madeira) que na sua execução “empurram” o solo lateralmente e para a ponta na medida em que avançam em profundidade. 2.2 Estacas pré-moldadas de concreto De acordo com Velloso e Lopes (2010), o concreto é o melhor material para confecção das estacas. Sabe-se que a garantia de qualidade é fundamental, pois as 18 mesmas devem ser submetidas a um processo industrial no qual se tem rigoroso controle de qualidade. 2.2.1 Fabricação das estacas pré-moldadas de concreto As estacas pré-moldadas de concreto podem ser confeccionadas com o uso de concreto armado simples ou concreto protendido, sendo que o concreto é adensado por vibração ou centrifugação, levando em consideração que o primeiro é o de uso mais corriqueiro (HACHICH et al., 1998). O adensamento por centrifugação se dá basicamente pelo uso de uma fôrma cilíndrica oca no qual a armadura é posicionada em seu interior e o concreto adicionado regularmente por toda a fôrma. Essa fôrma é então disposta sobre roletes que irão girar a velocidades constantes durante determinado período de tempo. De acordo com Hachich et al. (1998), considerações quanto ao tipo de concreto, tamanho dos agregados graúdos e miúdos e tempo de centrifugação são de suma importância, pois esses fatores serão as variáveis que interferirão na boa ou má qualidade do concreto pré-moldado, existindo a possibilidade da separação dos materiais dentro da fôrma. Já o adensamento por vibração consiste na simples colocação do concreto em fôrmas de pré-fabricados e posterior vibração mecânica. Cabe lembrar que o processo de cura do concreto se dá por vapor tanto no adensamento por vibração ou por centrifugação garantindo ganho de resistência nas primeiras horas e antecipação da desfôrma. A cura a vapor do concreto consiste na colocação da peça pré-moldada dentro de uma câmara fechada onde existe a circulação de vapor d’água pelo seu interior. O vapor pode ser gerado através de uma fonte calorífera e é levado até a câmara por meio de tubulações. 2.2.2 Capacidade estrutural das estacas pré-moldadas de concreto Como o foco do presente trabalho não é o dimensionamento estrutural das estacas pré-moldadas, serão expostas apenas algumas considerações relevantes referentes ao assunto. A NBR 6122 (2010) prescreve que as estacas pré-moldadas de concreto devem ser dimensionadas como elementos estruturais pré-fabricados. As tensões 19 atuantes no concreto podem variar de 6Mpa a 14Mpa e suas cargas de trabalho vão girar em função direta das dimensões, taxa de armadura e do tipo de fabricação desses elementos. Para se fazer uma melhor escolha é necessário consultar as empresas que fabricam tais elementos, conhecendo assim as cargas admissíveis, a fim de tornar o projeto melhor adequado para cada situação. É importante citar que a nível de pré-projeto ou estudo de alternativas corriqueiramente são utilizadas tabelas de referência para a escolha das estacas pré-moldadas. 2.2.3 Processo executivo das estacas pré-moldadas As estacas pré-moldadas de concreto, as quais fazem parte do grupo de estacas de deslocamento, podem ser executadas de várias formas. Citam-se como as mais usuais, os processos de cravação por vibração, prensagem e percussão (HACHICH et al, 1998). 2.2.3.1 Cravação por percussão A forma mais conhecida e usualmente adotada para a execução de estacas pré-moldadas de concreto é a cravação por percussão. Usam-se basicamente duas técnicas de execução nessa modalidade: os martelos de queda livre e os martelos automáticos. (VELLOSO e LOPES, 2010). Na primeira técnica o pilão é puxado para cima com o auxilio de um cabo de aço. Ao atingir-se a altura de queda desejada, o cabo é solto, o pilão cai e aplica o golpe na estaca. Nessa modalidade não é recomendado o uso do cabo dobrado, mas sim a utilização de um cabo simples (HACHICH et al, 1998). Na segunda técnica, os martelos automáticos baseiam-se na utilização de um motor a combustão diesel que projeta o martelo para cima. Esta modalidade é mais eficiente que os martelos de queda livre, pois é garantida uma maior frequência na aplicação dos golpes sobre a estaca. Entretanto, cita-se como desvantagem a não precisão na altura de queda do pilão, pois a força que faz o martelo ser projetado para cima não é constante e influencia na altura de projeção. Tanto nos martelos de queda livre como nos martelos automáticos é necessária a preparação da peça pré-fabricada. Essa preparação consiste na colocação de um capacete na cabeça da estaca onde o mesmo terá a função de 20 absorver parte das tensões que o pilão aplica que eventualmente poderiam danificar o concreto na região superior da estaca. Esse capacete é composto com uma peça metálica, sendo que em sua parte superior é acoplado um cepo de madeira e na parte inferior um coxim também de madeira. Além de ter a função de amortecer o impacto do pilão o capacete também guia o martelo durante a queda para que o mesmo possa ser eficiente em seu desempenho. Um equipamento tradicional para cravação de estacas pré-moldadas encontrase no ANEXO A. 2.2.3.2 Cravação por prensagem (estacas tipo Mega) O processo executivo de cravação por prensagem constitui-se por um sistema onde a estaca é “empurrada” por macacos hidráulicos. Esses macacos hidráulicos podem ser apoiados sobre uma plataforma ou na própria estrutura desde que esses elementos ofereçam a resistência necessária para que as cargas impostas na estaca não sejam transferidas para esses elementos de apoio. Hachich et al. (1998) afirma que essa técnica de execução se sobressai às outras porque durante a execução é realizada uma prova de carga com cerca de 1,5 vezes a carga de trabalho da mesma, como consequência do próprio processo executivo. A partir disso pode-se dizer que o controle de qualidade nesses casos é eficiente e atesta à técnica grande credibilidade. Geralmente esse processo de cravação é empregado quando se deseja não gerar no local da obra ruídos, vibrações no solo, sendo assim muito utilizada no reforço de fundações. Cabe também ressaltar que a impossibilidade de instalação de outros equipamentos no local da obra é fator determinante para a escolha dessa modalidade. No que diz respeito ao tempo de execução, quando o sistema é apoiado na estrutura, as estacas podem ser executadas simultaneamente com outras etapas, mas se o apoio for sob plataforma compara-se o tempo de execução com as estacas cravadas a percussão (VELLOSO e LOPES, 2010). 21 2.2.3.3 Cravação por vibração Do contrário do processo de cravação por prensagem, a cravação por vibração causa elevadas vibrações no solo que podem afetar edificações vizinhas. Por isso, atualmente, não são empregadas com muita frequência. O equipamento é constituído por um sistema de agarradeiras que são fixadas na estaca, sendo em seguida acionado um motor que realiza o giro de duas massas excêntricas que geram uma vibração de grande intensidade. 2.2.4 Emendas e ligação estaca/bloco Como a maioria das estacas possui um tamanho limitado, é corriqueiro acontecer em obras a necessidade de emendas dos elementos pré-moldados. Essas emendas devem garantir a resistência necessária para a mesma suportar os esforços gerados no processo de cravação bem como na utilização dessas peças (HACHICH et al., 1998). Basicamente, citam-se duas formas de executar tais emendas: usando anéis de encaixe ou luvas metálicas do tipo “macho e fêmea” (HACHICH et al., 1998). É permitido usar esses dois sistemas quando a peça é solicitada apenas por cargas de compressão. Caso houver cargas tracionando a estaca ou momentos nela atuando, a NBR 6122 (2010) indica para estes casos a utilização de luvas e anéis soldados, estes sim resistentes aos esforços de tração e de momentos. Outro detalhe importante é o que diz respeito às ligações das estacas prémoldadas de concreto com o bloco de coroamento. Primeiramente deve-se quebrar o concreto e expor a armadura da estaca com uso de marteles e rompedores específicos para este fim sempre observando a forma certa de posicionar as ferramentas de quebra. Se o concreto for danificado no topo da estaca após a cravação é indicada a remoção do material comprometido e em seguida realizar o preenchimento da estaca com grout. Esses cuidados devem ser tomados, pois é na parte superior da estaca que os esforços atuantes na peça irão gerar maiores tensões. 22 2.3 Controles da qualidade na execução de estacas pré-moldadas de concreto Uma das etapas mais importantes da execução de estacas pré-moldadas de concreto está ligada ao controle de qualidade para verificar se a capacidade de carga prevista no projeto está sendo atendida. Ao realizar esse controle, o engenheiro estará apto a verificar se tais elementos atingiram a cota de projeto e se o comportamento entre o elemento de fundação e o solo acontece sem nenhuma anormalidade. Para tal, lança-se mão de métodos para realizar este controle, tais como: a prova de carga estática e a aplicação dos Métodos Dinâmicos, sendo que esses levam em consideração dados de nega e repique controlados em obra. (ALONSO, 2011). 2.3.1 Provas de carga estática Provas de carga estáticas consistem na aplicação de uma carga direta no elemento pré-fabricado. Além de testar a capacidade de carga, esse ensaio também determina o recalque correspondente (ALONSO, 2011). Esse ensaio é considerado como a melhor maneira de determinar a capacidade de carga de uma estaca pré-moldada, sendo que ele pode ser feito em uma estaca isolada ou também em grupo de estacas que se unirão e compor um bloco. A prova de carga constitui-se de um macaco hidráulico que é apoiado sobre uma base ou estacas de reação que pressionarão ou tracionarão a peça contra o solo. Atualmente, esse ensaio não é muito usado por se tratar de um procedimento de elevado custo e tempo. 2.3.2 Controle da nega A nega é considerada a medida mais comumente observada no processo executivo de estacas pré-moldadas de concreto cravadas a percussão. Define-se a nega como a penetração efetiva da estaca após um golpe do pilão sobre a mesma. Essa medida costuma ser feita com a penetração média depois de dez golpes (ALONSO, 2011). 23 A medida da nega determinada em obra servirá de base para a aplicação das Fórmulas Dinâmicas para verificação da capacidade de carga dos elementos préfabricados. As Fórmulas Dinâmicas serão abordadas com mais ênfase na sequência deste trabalho, sendo que esta abordagem abrangerá também modelos teóricos utilizados quando se aplica a nega para o controle da capacidade de carga. Existem várias formas de se observar a nega de uma peça pré-moldada. Segundo Velloso e Lopes (2010), a maneira mais simples consiste em colar um papel na lateral da estaca e usar uma régua bi apoiada como referência, riscar com um lápis uma marca inicial junto à régua, aplicar dez golpes com o pilão e repetir novamente a marca no papel com um lápis. A distância entre as duas marcas feitas com o lápis divididas pelos dez golpes resultará na nega obtida da peça. Entretanto, existem atualmente técnicas mais modernas de se obter tais medidas. Pode-se aplicar instrumentação eletrônica com o uso de sensores que farão as leituras de forma mais precisa e fornecerão, portanto, dados mais confiáveis. Ainda assim, devido ao alto custo e a sofisticação exigida, a aplicação da instrumentação eletrônica para o controle da nega torna o mesmo um procedimento pouco atrativo. 2.3.3 Controle do repique Conforme Alonso (2011), o repique consiste na parcela elástica do deslocamento máximo de uma seção de estaca após a aplicação de um golpe do pilão. A forma mais simples de se obter essa medida é a aplicação de uma folha de papel na seção considerada da estaca e riscar a mesma com o uso de uma régua continuamente, enquanto aplicam-se golpes com o pilão. Dessa maneira, determinase graficamente a medida do repique bem como o da nega, estudada anteriormente. Na mesma maneira que a nega, aplicam-se os dados do repique nas Fórmulas Dinâmicas específicas para o uso desta observação. Como o foco do presente trabalho não é a aplicação do repique nas Fórmulas Dinâmicas, não será dada maior ênfase nesse assunto. 24 2.4 Sondagens de investigação do subsolo Segundo Schnaid (2000), projetos de fundações que têm como objetivos serem econômicos e seguros devem ter como ponto de partida um ensaio de reconhecimento do subsolo. É reconhecida essa importância, pois esses ensaios fornecem dados básicos para qualquer projeto de fundações ou obras de terra como, por exemplo, estruturas de contenção e obras relacionadas à estabilidade de taludes. Atualmente no Brasil, empregam-se vários tipos de ensaios de campo, podendo-se citar como exemplo o SPT, CPT, Piezocone, Pressiômetro e Palheta (SCHNAID, 2000). 2.4.1 Horizontes constituintes de um perfil pedogenético Segundo Streck et al. (2008), um perfil de solos é constituído por camadas verticais paralelas a superfície que se originaram a partir do processo de formação do solo. É possível diferenciar tais camadas quando analisada características como a coloração, textura, espessura e estrutura. Uma vez caracterizadas tais camadas as mesmas passam a ser chamadas de horizontes pedogenéticos. Dentre os horizontes constituintes de um perfil, cita-se como exemplo os mais frequentes. O Horizonte A, que se caracteriza por se localizar logo a superfície, apresentar quantidades significativas de matéria orgânica e tem coloração escura. O Horizonte B já é observado com cores mais claras e possui presença de argilas. O Horizonte C geralmente está situado abaixo do B quando o mesmo existe, é constituído de rocha alterada pouco afetada por processos pedogenéticos e apresenta material de origem do solo de origem. O Horizonte E tem perdas de argila e ganho de areias, por isso observa-se corem mais claras e por fim o Horizonte R que se constitui de uma camada mineral constituído de substrato rochoso podendo ser contínuo ou fendilhado (STRECK et al., 2008). 25 2.4.2 Camadas constituintes de um perfil geológico-geotécnico As camadas constituintes de um perfil geológico-geotécnico são descriminadas quando a sua formação geológica, características granulométricas, compacidade e consistência e coloração. A formação geológica se refere qual a maneira que o solo tenha se formado. Solos residuais são aqueles em que seu material está ligado à rocha-mãe que deu origem ao mesmo. Já os solos sedimentares são formados por transporte e acumulo de material. Esse transporte pode ser feito de várias formas, como por exemplo, pela gravidade (solos coluviais), pela água (solos aluviais) e pelo vento (solos eólicos). As características granulométricas estão ligadas ao tamanho das partículas que compõem todos os solos, sendo que cada faixa granulométrica caracteriza cada tipo de amostra. Nas faixas de solos finos se enquadram as argilas e os siltes e nas faixas de solos grosso as areias e os pedregulhos. A coloração é facilmente visualizada com uma simples caracterização visual e a sua compacidade (areias e pedregulhos) ou consistência (argilas e siltes) pode ser determinada com ensaios de laboratório. 2.4.3 Sondagem SPT O ensaio SPT (Standard Penetration Test) é reconhecido em nosso país como uma das maneiras mais simples, eficientes e economicamente viáveis de se ter conhecimento do subsolo. Esse ensaio pode ser aplicado em praticamente todos os tipos de solos e fornece importantes parâmetros de resistência do solo de grande aplicabilidade nas teorias de determinação da capacidade de carga em estacas. Schnaid (2000) salienta que o ensaio SPT se sobressai aos outros pela sua simplicidade dos equipamentos empregados, baixo custo de operação e aplicação dos parâmetros obtidos em projetos de fundações. 2.4.3.1 Definições e equipamento constituintes A definição que Schnaid (2000) dá ao ensaio SPT é de que o mesmo constituise basicamente de uma medida de resistência dinâmica do solo somada a uma sondagem de simples reconhecimento. 26 A NBR 6484 (2001) diz que a medida de resistência dinâmica NSPT é a quantidade de golpes necessários para a cravação do amostrador-padrão em 30 cm de solo, após a cravação inicial de 15 cm. Quanto à sondagem de simples reconhecimento, essa se constitui por perfuração com ou sem circulação de água auxiliada por um trépano de lavagem sendo que as amostras podem sem obtidas a cada metro de perfuração com o amostrador-padrão (SCHNAID, 2000). É importante ressaltar que o amostrador-padrão é cravado através de golpes desferidos por um martelo de 65 Kg que cai de uma altura de 750 mm, sendo que o mesmo é puxado manualmente por um operador com auxílio de um cabo de aço. 2.4.3.2 Procedimentos Inicialmente é feita a devida marcação dos pontos onde serão feitos os furos de sondagem. Na norma NBR 8036 (1983) são fornecidos maiores detalhes sobre essa operação. O ponto de partida do ensaio é a perfuração com a utilização do trado-concha até a profundidade de 1 metro. Em seguida é instalado o primeiro metro de tubo de revestimento que deve ser cravado com golpes do martelo-padrão (NBR 6484, 2001). Estabelecida a cota do primeiro metro com a perfuração inicial, o amostradorpadrão será posicionado no fundo do furo com o auxílio de hastes de aço. O operador irá desferir golpes com o martelo até que o amostrador seja cravado 45 cm, contudo, a cada 15 cm de cravação serão contados o número de golpes aplicados. Na sequência o amostrador é retirado e substituído pelo trépano de lavagem que será usado para a perfuração dos 55 cm restantes, até a cota do segundo metro (NBR 6484, 2001). 2.4.3.3 Amostragem As amostras devem ser coletadas junto ao amostrador-padrão a cada metro de perfuração. O solo coletado é classificado através de uma classificação táctil-visual pelo sondador sendo que este deve observar em que cota ocorre a mudança de camada, tanto observando o amostrador como na lavagem com o trépano. 27 2.5 Métodos Semiempíricos para a determinação da capacidade de carga geotécnica de estacas É possível afirmar que os Métodos Semiempíricos são largamente empregados para a determinação da capacidade de carga geotécnica de estacas por se basearem na utilização dos índices dos ensaios SPT e CPT, sendo esses empregados atualmente no Brasil como a forma mais simples de se ter conhecimento do subsolo. Basicamente, esses métodos preveem que a capacidade de carga de uma estaca PR é definida pela soma de duas parcelas: a parcela resistida pelo atrito lateral PL e a parcela de resistência dada pela ponta da estaca PP. (1) Levando em consideração que PL e PP são forças, não é possível associar as mesmas quando se trata de solos, por isso deve-se usar o próprio conceito de tensão para assim converter as duas parcelas. Se força é o produto de uma tensão por uma área, a parcela PL será igual ao produto da tensão lateral rL pela área lateral AL, da mesma forma que a parcela PP será igual ao produto da tensão de ponta rP pela área da ponta AP. (2) Então todos os Métodos Semiempíricos diferenciam-se entre si pela diferente dedução das varáveis rL e rP. Cita-se como os mais utilizados os métodos de Aoki & Velloso (1975), Decourt & Quaresma (1978), Meyerhof (1956), Velloso, Teixeira (1996) e Urbano Rodrigues Alonso. O presente trabalho não irá tratar especificadamente de todos eles, apenas dos métodos Aoki & Velloso e Decourt & Quaresma. 2.5.1 Método Aoki & Velloso (1975) O método em questão foi primeiramente desenvolvido para ser calculado com os dados provenientes do ensaio CPT (HACHICH et al., 1998). A resistência de 28 ponta qP e lateral qL são fornecidas diretamente do ensaio já que o mesmo fornece tais valores eletronicamente. Obviamente o material que constitui o cone do CPT difere dos materiais que compõem as estacas, tanto pré-moldadas quanto as moldadas em obra. Então o método propõem o uso de dois fatores, F1 e F2, que “ajustam” as resistências de ponta e lateral fornecidas pelo ensaio conforme o tipo de material usado na confecção da estaca. (3) (4) Os valores de qP e qL são as resistências de ponta e lateral fornecidas pelo ensaio CPT respectivamente. Vale a pena destacar que, quando não se dispor do valor de qL, pode-se estimar o valore de rL multiplicando qP por . O qual é tabelado em função do tipo de solo. Mais tarde, foi proposta uma correlação dessas equações para a aplicação do método com o uso dos dados fornecidos pelo ensaio SPT. Os fatores de ajuste F1 e F2 permanecem os mesmos e o diferencial ocorre na determinação das resistências lateral e de ponta, sendo que para tal aplica-se um coeficiente de correlação K, o qual é tabelado e é função do tipo de solo. (5) (6) Portanto, se fizer do uso das duas parcelas deduzidas para o uso do SPT e aplicar as mesmas na equação de (2), assim configura-se a equação para Aoki & Velloso: 29 (7) As tabelas para os fatores F1 e F2, K e são encontrados respectivamente nos ANEXOS G e H. 2.5.2 Método Decourt & Quaresma (1978) O Método Decourt & Quaresma foi desenvolvido em 1978 e faz uso do índice SPT. Segundo Hachich et al. (1998), esse método foi primeiramente desenvolvido para determinar a capacidade de carga em estacas de deslocamento sendo que o mesmo já passou por várias revisões sendo até mesmo usado comumente com o ensaio SPT-T. Para a resistência de ponta, o método relaciona a média entre os SPT na profundidade referida com os valores imediatamente acima e imediatamente abaixo juntamente com o coeficiente C correspondente ao solo que compõem a camada na ponta da mesma, sendo esse último presente em tabela. A tabela para os valores do coeficiente C encontram-se no ANEXO I. (8) Quanto à resistência lateral rL, esta varia unicamente em função do número SPT N referente à camada. (9) Então, substituindo as equações deduzidas na equação (2), tem-se a equação final para o Método Decourt & Quaresma. (10) 30 2.5.3 Dimensionamento geotécnico 2.5.3.1 Método dos valores admissíveis Segundo a NBR 6122 (2010), a capacidade de carga admissível Padm de uma estaca pode ser determinada usando um fator de segurança global igual a 2, tanto para o Método de Aoki & Velloso quanto para o Método de Decourt & Quaresma. ! (11) Utiliza-se este método quando o projeto de estruturas fornece os valores característicos de carregamentos dos pilares, ou seja, valores de cargas que não foram majorados por fatores de segurança. 2.5.3.2 Método dos valores de projeto A NBR 6122 (2010) também diz que, para a determinação da capacidade de carga resistente de projeto Pd é indicado o uso de um coeficiente de segurança igual/parcial a 1,4. "# (12) Utiliza-se este método quando o projeto de estruturas fornece valores de projeto referente às cargas dos pilares, ou seja, carregamentos majorados por fatores de segurança. 2.5.3.3 Método alternativo para a obtenção da resistência de projeto Segundo a NBR 6122 (2010), o cálculo das resistências características dadas pelos métodos semiempíricos quando se reconhecem regiões representativas do terreno pode ser obtida pela expressão: 31 $%"& '()*+$%"% , -./012 3 +$%"% , -.4512 6 (13) Rc,k = resistência característica; (Rc,cal)med = resistência característica com base nos valores médios; (Rc,cal)min = resistência características com base nos valores mínimos; 1 e 2 = coeficientes de minoração da resistência. TABELA 1 - Coeficientes de minoração a 1 e 2 1 2 3 4 5 6 10 1 1,4 1,3 1,3 1,3 1,2 1,2 1,2 2 1,4 1,2 1,2 1,2 1,1 1,1 1,1 a = número de perfis de ensaio no terreno; Fonte: NBR 6122 – 2010 A NBR 6122 (2010) diz que os valores de 1 e 2 podem ser multiplicados por 0,9 no caso de execução de ensaios complementares à sondagem a percussão. Aplicados os fatores da Tabela 1, para determinar a carga admissível deve ser empregado um fator de segurança global de no mínimo 1,4. Se a análise for feita em termos de fatores de segurança parciais (cargas resistentes de projeto), não pode ser aplicado fator de minoração da resistência. 2.6 Estimativas de carga com a aplicação das Fórmulas Dinâmicas Segundo Velloso e Lopes (2010), as Fórmulas Dinâmicas consistem um método pelo qual é possível estimar a capacidade de carga de uma estaca prémoldada observando sua resposta à cravação, sendo que a nega é a resposta à cravação mais comumente observada. Basicamente, as Fórmulas Dinâmicas utilizam princípios da física que descrevem o comportamento de dois corpos que se chocam. Além de determinar a capacidade de carga de uma estaca, Alonso (2011) afirma que as Fórmulas Dinâmicas também auxiliam no controle de qualidade garantindo um estaqueamento uniforme na obra. Em outras palavras esse tipo de 32 controle garante que todas as estacas monitoradas estão instaladas na cota de projeto estipulada. Todas as fórmulas partem de um mesmo princípio que, segundo a teoria da conservação de energia de Newton, um corpo que entra em choque com outro corpo gera a mesma quantidade de energia para realizarem um determinado deslocamento. Tratando-se de estacas pré-moldadas de concreto, a energia que o martelo produz quando aplica um golpe na estaca é a mesma energia gasta pela estaca para romper a resistência do solo. 7 8 9 : (14) W = peso do martelo; h = altura de queda do martelo; R = resistência à cravação; s = penetração ou nega. Esta dedução exprime perfeitamente a Fórmula de Sanders, datada como a mais antiga Fórmula Dinâmica. Observa-se que esse modelo considera que a transferência de energia do martelo para a estaca é perfeita, que não há perda de energia devido ao amortecimento do martelo sobre o cepo e o coxim e que o solo não sofre deformações elásticas (ALONSO, 2011). Para compensar tais fatores, essas perdas podem ser supridas com a incorporação de mais dois fatores a Fórmula de Sanders (VELLOSO e LOPES, 2010). ; 7 8 9 : < (15) µ = perda de energia no bate estaca; X = perdas de energia no solo 2.6.1 Fórmula de Wellington Segundo Velloso e Lopes (2010), a Fórmula de Wellington leva em consideração que o martelo antes de transferir toda a energia para a estaca encurta 33 a mesma. Só depois desse encurtamento que a estaca efetivamente penetra no solo encontrando a resistência de cravação. Portanto, é acrescentado um coeficiente c que exprime o encurtamento elástico do solo e da estaca configurando a formulação desta forma: 9 : = 9 >? (16) assim: ; 7 8 9 > ? ! =: (17) O fator de segurança para a Fórmula de Wellington é 2. 2.6.2 Incorporação da Lei de Choque de Newton Velloso e Lopes (2010) dizem que, a Lei de Choque de Newton descreve a perda de energia, quando dois corpos de chocam, com a seguinte equação: @A ! B B B B C C (18) Sendo que M1, M2, V1, V2 e e equivalem respectivamente a massa do martelo, a massa da estaca, velocidade do martelo, velocidade da estaca e o coeficiente de restituição de choque pode-se dizer que: B D E "B E "F G! 8 HAF (19) Onde g e P correspondem respectivamente à aceleração da gravidade e ao peso da estaca. Se, a partir disso for deduzido toda perda de energia correspondente X, tem-se: < @A 7 7 8 (20) 34 Substituindo-se essa dedução de X na equação inicial (com µ = 0): 9 7 : 7 A 7 8 (21) As Fórmulas Dinâmicas apresentadas a partir daqui seguem essa mesma linha de raciocínio. 2.6.3 Fórmula dos Holandeses Velloso e Lopes (2010) apontam que, considerando-se que e = 0, a Fórmula dos Holandeses resume-se a: 9 : 7 7 8 (22) Fatores de segurança no valor de 10 para martelos de queda livre e 6 para martelos a vapor são considerados nessa fórmula. 2.6.4 Fórmula de Janbu Segundo Velloso e Lopes (2010), a Fórmula de Janbu foi deduzida em 1953 e expressa que: 9 : IJ 7 K 8 (23) L M I onde: N "OP " P 7 AL 7 R 8 Q S (24) 35 A = área da seção transversal da estaca; Ep = módulo de elasticidade do material da estaca; L = Comprimento da estaca. O fator de segurança indicado para a Fórmula de Janbu é 2. 2.6.5 Fórmula dos Dinamarqueses Velloso e Lopes (2010) dizem que, a Fórmula dos Dinamarqueses (1957) leva o fator de eficiência do sistema de cravação µ em consideração para deduzir sua equação. Esse fator faz parte da dedução da perda e energia de cravação X. 9 ! < !; T 7 R 8 Q (25) Os valores referentes ao fator de eficiência do sistema de cravação variam de acordo com o sistema de cravação utilizado. Velloso e Lopes (2010) diz que para martelos de queda livre com uso de guincho usa-se µ = 0,7 e para martelos automáticos µ = 0,9. Fator de segurança adotado é de F = 2. A fórmula final deduzida a partir de X: 9 : ! ; K 7 !; 8 7 R 8 Q (26) 2.6.6 Fórmula de Hiley Segundo Velloso e Lopes (2010), a Fórmula de Hiley considera em sua dedução todos os fatores de perda de energia. Os amortecedores, a própria estaca e o solo são os fatores levados em consideração. A parcela de perda de energia atribuída aos amortecedores é deduzida através da seguinte equação: 36 9 U RV V (27) A segunda equação exprime a perda de energia correspondente a fatores relacionados à estaca: 9 ! Q (28) R E por último, a equação que descreve a perda de energia devido ao solo: PW X (29) O somatório desses fatores (amortecedores + estaca + solo) corresponde a variável c da equação de Hiley, sendo que a resistência à cravação R pode se descrita conforme a seguinte equação: 9 ; : 7 > ! 8 7 7 A (30) Sendo que t, Ac e Ec correspondem a espessura, área e módulo de elasticidade dos amortecedores. L, B, Ap e Ep correspondem ao comprimento, diâmetro, área e módulo de elasticidade da estaca. Adota-se como coeficientes de segurança F valores superiores a 2 e inferiores a 6. 2.6.7 Fórmula de Brix Velloso e Lopes (2010) diz que a Fórmula de Brix é aplicada comumente na execução de estacas tipo Franki. A adaptação para uso nessa modalidade é feita com a substituição do peso da estaca P pelo peso do tubo. Mas como o presente trabalho não se trata sobre estacas tipo Franki, aplicar-se-á a fórmula normalmente. Assim, a configuração para essa equação é a seguinte: 37 9 # Y Y 8 Z (31) 38 3 METODOLOGIA O presente trabalho teve como metodologia primeiramente a escolha de um projeto que foi implantado em um terreno na cidade de Santa Cruz do Sul. Determinou-se a geologia típica da região com o auxílio de mapas geológicos e foi executada a sondagem SPT no lote. Foi realizado o dimensionamento de três estacas do projeto escolhido com o uso dos Métodos Semiempíricos apresentados no item 2.5. Durante a execução das estacas foi feito o monitoramento da nega nos elementos selecionados. Finalmente, foi desenvolvida a análise comparativa das capacidades de carga obtidas com os Métodos Semiempíricos e com as Fórmulas Dinâmicas. O terreno adotado para a pesquisa consiste em um lote no município de Santa Cruz do Sul, o mesmo situa-se mais precisamente na Rua Dona Cristina, no Bairro Margarida. Nele, está sendo implantado um edifício residencial de quatro pavimentos. Assim, através das consultas às cartas geológicas da CPRM – Serviço Geológico do Brasil determinou-se qual a formação geológica do local estudado. Foi possível, através desse estudo, realizar uma previsão que se confirmou em relação ao perfil geológico-geotécnico encontrado na sondagem STP realizada no terreno. Segundo Schnaid (2000), os resultados do ensaio SPT são usados diretamente para a elaboração de projetos de fundações. Foram realizadas sondagens SPT no terreno referenciado acima, possibilitando a elaboração do perfil geológicogeotécnico do terreno. Os resultados dos ensaios e o mencionado perfil serviram de base para o dimensionamento das estacas pré-moldadas. Em relação à execução das estacas, foi realizado o controle da nega durante a cravação à percussão das estacas pré-moldadas de concreto, de acordo com o procedimento prescrito no item 2.3.2. De posse dos dados anteriores a esta etapa, efetuou-se a aplicação das Fórmulas Dinâmicas apresentadas no item 2.6 e se realizou então a comparação com os resultados obtidos no dimensionamento com os Métodos Semiempíricos. 39 4 DESCRIÇÃO GERAL DA OBRA E DO MEIO EXPERIMENTAL 4.1 Descrição do projeto e da obra a ser implantada A edificação a ser implantada, a qual se refere o presente estudo, situa-se na Rua Dona Cristina, Bairro Margarida, cidade de Santa Cruz do Sul, mais precisamente nas coordenadas geográficas 29º43’33,65”S – 52º25’16,32”O. A obra compreende um edifício residencial de quatro pavimentos que será executado em estrutura de concreto armado. No Anexo C é possível visualizar o mapa com a posição da obra dentro do centro urbano da cidade. Quanto ao projeto de fundações, a empresa responsável, ao analisar o perfil geológico-geotécnico, adotou a solução em estacas pré-moldadas de concreto. Ao todo, o projeto estrutural definiu 18 pontos de carga, sendo que para cada ponto existe um número determinado de estacas, todas elas com seção de 18x18 centímetros e cota de projeto de 7 metros a partir da cota de arrasamento. A nega estipulada de projeto é entre 5 e 10 milímetros. As estacas a serem controladas foram escolhidas de acordo com a localização dos pontos de sondagem SPT. Optou-se por duas estacas próximas a cada ponto de sondagem (Estacas 1 e 3 próximas aos SPT’s 1 e 2 respectivamente) e uma terceira entre os pontos de sondagem (Estaca 2). No ANEXO B é possível verificar a posição das estacas e o local dos pontos de sondagem SPT no canteiro de obras. 4.2 Caracterização geológica-geotécnica e pedológica do local Quanto à geologia do local, através de consulta do Mapa Geológico do Estado do Rio Grande do Sul – CPRM, observa-se a predominância da classe rochosa Formação Santa Maria (T23sm), a qual é predominante na zona urbana de Santa Cruz do Sul - RS. A descrição dessa formação encontrada do referido mapa é a seguinte: • Formação Santa Maria (T23sm): apresenta-se na forma de um arenito ou de um siltito argiloso maciço geralmente numa coloração rosa avermelhada. 40 Com relação à pedologia, o perfil do terreno foco do presente trabalho pertence à classe de solo Argissolo Bruno-Acinzentado Alítico úmbrico (PBACal3) (STRECK et al., 2008), a qual é descrita conforme segue: • Argissolo Bruno-Acinzentado Alítico úmbrico (PBACal3): são solos que apresentam um horizonte mais argiloso ao longo do perfil. Podem ser profundos a muito profundos variando de bem drenados a imperfeitamente drenados e seus horizontes geralmente apresentam as sequências A-Bt-C ou A-E-Bt-C, onde Bt é o horizonte B textual. Nesse tipo de perfil de solos, é comum observar a presença em maior quantidade de argilas no horizonte B sendo que os Argissolos formam-se a partir de diversos materiais, tais como, basaltos, granitos, arenitos, argilitos e siltitos (STRECK et al. 2008). O mapa geológico da cidade de Santa Cruz do Sul pode ser observado no Anexo D. 4.3 Análise do perfil geológico-geotécnico obtido através do Ensaio SPT Através dos Ensaios SPT realizados no terreno objeto de estudo, foi possível realizar uma análise geológica-geotécnica das camadas presentes no local. Cabe lembrar que o ensaio SPT teve duração de três dias e foi feito como descrito no item 2.4 do proposto trabalho. A classificação dessas amostras foi feita como descreve a norma NBR 6484 (2001) e para tal procedimento buscou-se avaliar basicamente características tácteis-visuais das amostras de solo. Segundo Streck et al. (2008), as areias possuem certa aspereza e quando molhadas não apresentam plasticidade e não são pegajosas. Os siltes por sua vez apresentam certa sedosidade e quando molhados são ligeiramente plásticos e assim como as areias não são pegajosos. E por fim, as argilas também são sedosas e quando molhadas apresentam grande plasticidade e são pegajosas. Observando essas características, fica claro que a propriedade de coesão dos materiais argilosos altera significantemente seu comportamento plástico dando a esse tipo de solo, certa trabalhabilidade, tornando assim sua fácil detecção. 41 Levando essas características acima descritas em consideração, pode-se classificar as amostras extraídas do Ensaio SPT, classificando-as e consequentemente “construindo” um perfil geológico-geotécnico de todo o terreno. 4.4 Análise do perfil referente ao SPT 01 O primeiro furo de SPT apresentou ao todo sete camadas, as amostras retiradas do amostrador apresentavam predominância de argilas compostas por parcelas de siltes e areias. O nível d’água foi tirado no dia da sondagem e 24 horas depois, sendo que esse último foi observado a 0,80 metros de profundidade. Quanto à consistência das camadas constituintes do perfil, observou-se que as mesmas apresentaram consistência mole a média em praticamente toda a profundidade. Apenas na última camada ouve um grande acréscimo de resistência sendo que a mesma foi classificada com consistência mole à dura. Estas características do perfil apresentado no SPT 01 podem ser comprovadas ser for observado os números de golpes do respectivo ensaio, onde que os maiores números de golpes encontram-se justamente da camada onde se observou o acréscimo abrupto de resistência. Quanto à coloração das camadas, na superfície a amostra de solo teve coloração marrom claro com alguma presença de material orgânico, muito provavelmente ligado a vegetação que, apesar de estar em pequena quantidade, existia no lote. Passada a primeira camada, todas as seguintes possuem coloração que varia de predominância de vermelho a cinza. O laudo de sondagem referente ao SPT 01 encontra-se no ANEXO D. 4.5 Análise do perfil referente ao SPT 02 Diferentemente do primeiro furo, o segundo apresentou seis camadas e também se observou a predominância de argilas compostas por siltes e areias. Cabe destacar que este perfil foi o único que apresentou uma camada onde a predominância foi de areia. O nível d’água desse furo pós 24 horas também foi observado próximo à superfície a profundidade de 1,15 metros. A coloração do referente furo difere um pouco do primeiro. A coloração marrom foi observada nas três primeiras até a lente de areia encontrada a profundidade 42 aproximada de 3,45 metros, sendo que esta camada de areia possui coloração vermelha contrastando bastante com as amostras anteriores a ela. A partir da lente de areia, a coloração volta a ser semelhante às camadas finais do primeiro furo, onde foi observado predominância da cor vermelha e cinza. A consistência das camadas do SPT 02 difere bastante do SPT 01. Primeiramente, vale a pena destacar que, segundo a NBR 6484 (2001), areias e siltes-arenosos não apresentam consistência, mas sim compacidade, e o estado desses materiais variam de fofo a muito compacto. Assim sendo, as primeiras camadas apresentaram consistências de mole a rija até a camada de areia, onde a mesma apresentou compacidade de pouco compacta a medianamente compacta. A partir disso houve ganhos significativos de resistência onde a camada próximo ao limite da sondagem apresentou consistência dura. O laudo do segundo furo de sondagem encontra-se junto ao ANEXO E. 4.6 Camadas constituintes do perfil geológico-geotécnico Uma vez descrita os dois perfis do Ensaio SPT é possível traçar todo o perfil geológico-geotécnico do terreno objeto de estudo. Buscou-se comparar semelhanças nas camadas descritas no SPT e assim pode-se estimar o perfil do terreno. Figura 8 - Perfil geológico-geotécnico do terreno segundo o Ensaio SPT Fonte: imagem elaborada pelo autor 43 4.7 Escolha do tipo de fundação segundo o Ensaio SPT Alonso (2010) apresenta um procedimento geral que pode ser adotado para a determinação de qual tipo de fundação o engenheiro que irá projetar as fundações poderá escolher. Este procedimento apresenta itens que visam satisfazer condições técnicas e econômicas da obra e uma vez analisado tais itens o tipo de fundação é escolhida por processo de eliminação. Citam-se esses elementos que irão nortear a escolha como a proximidade dos edifícios limítrofes assim como seu tipo de fundação, tipos de solos presentes no local da obra assim como suas características geotécnicas, grandeza das cargas que irão ser aplicadas aos elementos de fundação e por fim limitação dos tipos de fundações disponíveis para a execução no mercado (ALONSO, 2010). Quanto às estacas pré-moldadas de concreto, normalmente suportam cargas de 200 a 1500 KN e não são indicadas em alguns casos, como por exemplo, terrenos com presença de matacões e camadas muito espeças de pedregulhos, terrenos onde não será possível manter a cota de ponta das estacas em um nível constante e quando existe próximo a obra construções que apresentem um estado precário de conservação (estacas pré-moldadas causam vibrações excessivas no solo podendo danificar tais edificações) (ALONSO, 2010). Levando em consideração os apontamentos descritos, pode-se dizer que a escolha pelo tipo de fundação a ser executado para o perfil geológico-geotécnico em questão é adequada tecnicamente. 44 5. CAPACIDADES DE CARGA DETERMINADAS COM OS MÉTODOS SEMIEMPÍRICOS Segundo a metodologia apresentada no item 2.5 foram calculou-se valores de capacidade de carga para cada Método Semiempírico apresentados no presente trabalho. Como foi calculada a capacidade de carga metro a metro, considerou-se o tipo mais desfavorável de solo para cada camada em relação aos coeficientes que levam em consideração o tipo de solo e também foi usado um fator de segurança igual a 2 para os dois métodos. Para o cálculo da Estaca 1 foi usado o SPT 01 e para o cálculo das Estacas 2 e 3 o SPT 02 levando em considerações as proximidades das peças em relação aos locais dos SPT’s. Foi considerado para todas as estacas do projeto comprimento de sete metros e seção de 18x18 centímetros. 5.1 Capacidade de carga de acordo com Decourt & Quaresma (1978) As capacidades de carga segundo o Método de Decourt & Quarema para as três estacas são observadas na Tabela 2. Tabela 2 - Decourt & Quaresma (1978) PP (KN) PL (KN) PR (KN) PRadm (KN) Estaca 1 217,728 367,200 584,928 292,464 Estaca 2 461,700 408,000 869,700 434,850 Estaca 3 461,700 408,000 869,700 434,850 Fonte: tabela elaborada pelo autor 5.2 Capacidade de carga de acordo com Aoki & Velloso (1975) As capacidades de carga segundo o Método de Aoki & Velloso para as três estacas são observadas na Tabela 3. 45 Tabela 3 – Aoki & Velloso (1975) PP (KN) PL (KN) PR (KN) PRadm (KN) Estaca 1 228,096 238,299 466,395 233,198 Estaca 2 242,722 249,169 491,892 245,946 Estaca 3 242,722 249,169 491,892 245,946 Fonte: tabela elaborada pelo autor 5.3 Análise dos Métodos Semiempíricos Para o perfil geológico estudado no presente estudo, a capacidade de carga obtida no SPT 1 (Estaca 1) houve pouca diferença de valores entre cada método, como pode ser observado na Tabela 6. Também é possível observar, através da Tabela 2 do item 5.1 que a relação entre a resistência de ponta RP e a resistência lateral RL segundo o Método de Decourt & Quaresma para a Estaca 1 apresentaram valores de resistência com uma diferença pouco expressiva diferentemente do Método Aoki & Velloso onde se observou que a amplitude da diferença entre RP e RL foi maior. Já para o perfil SPT 2 (Estacas 2 e 3) se observou uma expressiva diferença entre os valores obtidos em cada método. Os valores de RP e RL tanto para Decourt & Quaresma como para Aoki & Velloso apresentaram valores muito próximos, contudo no Método de Decourt & Quaresma, a resistência de ponta RP foi maior que a resistência lateral RL. Credita-se esse último fato a presença de material significativamente mais resistente (silte argiloso) nas duas últimas camadas do perfil de SPT 2, aumentando assim a resistência de ponta RP das estacas. Também é importante ressaltar que em ambos os perfis SPT, Decourt & Quaresma apresentou capacidades de carga superiores às capacidades de carga determinadas com Aoki & Velloso. 46 6 CONTROLE DE CAMPO E APLICAÇÃO DAS FÓRMULAS DINÂMICAS 6.1 Controle de campo Utilizando as técnicas apresentadas no item 2.3.2, realizou-se o controle de execução das estacas pré-moldadas de concreto da referente obra com o objetivo de determinar a nega das mesmas. Para isso, acompanhou-se todo o processo executivo das peças, desde o seu posicionamento até a finalização da cravação. Lembrando que as estacas a serem controladas foram definidas conforme o item 4.1. Dando início a execução das estacas, primeiramente foi preciso realizar o depósito das peças no canteiro de obras. Como o terreno objeto de estudo se encontra em um nível bem abaixo em comparação ao nível da rua, a operação teve de ser feita com cuidados especiais, pois se fez necessário depositar as estacas no nível mais baixo do terreno facilitando assim o manuseio dos operadores durante a execução. Figura 9 - Depósito das peças no canteiro de obras Fonte: fotografia elaborada pelo autor 47 Fez-se necessária tal operação porque as peças sofreriam choques se fossem posicionadas a grandes distâncias do local da execução. Tais eventos poderiam gerar danos às estacas como trincas e quebras no concreto expondo a armadura e comprometendo as mesmas quanto a sua resistência tanto estrutural como geotécnica depois de instaladas no solo. Uma vez posicionadas as peças no canteiro se deu início ao posicionamento da máquina de cravação. A mesma é constituída por uma torre com um pilão içado por cabos e aço tracionados por um motor elétrico e sua locomoção é feita através de rolos de aço e cepos de madeira. Figura 10 - Rolos e cepos de madeira para posicionamento e deslocamento da máquina no canteiro de obras Fonte: fotografia elaborada pelo autor Uma vez posicionada a máquina no local de uma estaca, se dá início a cravação da mesma com o içamento de uma peça em direção a torre por meio de um guincho auxiliar presente na máquina. Esta operação exige destreza por parte dos operadores e ajudantes, pois dificilmente se tem previsão do comportamento da estaca que está sendo puxada. Assim, a peça deve ser puxada vagarosamente evitando riscos de choques nas edificações vizinhas e também na própria torre do 48 bate-estaca o que eventualmente gera riscos de acidentes para os operadores e porventura pode danificar a peça como citado anteriormente. Detalhe importante a ser observado, antes de realizar essa operação é necessário à colocação do capacete de proteção na ponta do pré-moldado. As finalidades desse procedimento são descritos no item 2.2.3.1. Figura 11 - Içamento da peça com o capacete de proteção Fonte: fotografia elaborada pelo autor Aspecto importante também a ser observado é a verificação do prumo tanto da máquina como das peças pré-moldadas. Esta etapa se dá em duas partes, primeiramente é verificado o prumo da máquina logo após seu posicionamento no local de execução de alguma estaca. A verificação é feita basicamente com o uso de um prumo de corda posicionando nas faces da torre do bate-estaca, uma vez constatada alguma inclinação na torre, utiliza-se o guincho auxiliar, os rolos e os cepos de madeira para então corrigir tais inclinações. Já a verificação do prumo da estaca pré-moldada é feita obviamente quando a peça já está posicionada e pronta para ser cravada, a aferição do prumo da estaca é feita da mesma forma como na torre e a correção para eventual inclinação da peça é também corrigida tal como na torre. 49 Figura 12 - Verificação do prumo da torre do bate-estaca Fonte: fotografia elaborada pelo autor Figura 13 - Verificação do prumo da estaca pré-moldada de concreto Fonte: fotografia elaborada pelo autor 50 Uma vez finalizada todas estas etapas se deu início a cravação propriamente ditas das estacas pré-moldadas de concreto. Para a realização do controle da nega se fez uso da um cavalete de madeira para traçar riscos de caneta numa das faces da peça pré-moldada, assim o ponto de partida do procedimento se dá na aplicação da primeira marca de caneta e a posterior execução de dez golpes do pilão sobre a peça. Os golpes são aplicados com o pilão de 1500 Kg solto a uma altura de 80 centímetros. Terminada a aplicação dos dez primeiros golpes se aplica outra marca de caneta junto ao cavalete, assim é possível medir a penetração da estaca para os dez golpes aplicados sendo que a nega será a penetração média para os dez golpes aplicados. Figura 14 - Cavalete para a aferição da nega Fonte: fotografia elaborada pelo autor 51 Figura 15 - Medição da nega Fonte: fotografia elaborada pelo autor Este procedimento foi repetido inúmeras vezes até a estaca alcançar a nega estipulada de projeto juntamente com a profundidade mínima também estipulada no projeto de fundações. 6.2 Valores de nega obtidos para cada estaca controlada Os valores de nega obtidos através do controle de campo são observados na Tabela 4. Tabela 4 – Valores de nega para as estacas controladas Estaca Nega Nega (mm) Estaca 1 Estaca 2 Estaca 3 2,00 6,50 4,00 Fonte: tabela elaborada pelo autor 52 6.3 Aplicação das Fórmulas Dinâmicas Após realizar o controle de campo na execução das estacas pré-moldadas de concreto na referida obra objeto de estudo, aplicou-se os dados obtidos nas Fórmulas Dinâmicas como descrito no item 2.6 para a determinação da capacidade de carga das mesmas. Tabela 5 – Capacidade de carga admissível de acordo com as Fórmulas Dinâmicas (KN) Estaca Estaca 1 Estaca 2 Estaca 3 Holandeses 435,41 133,97 217,71 Janbu 539,30 375,36 456,59 Dinamarqueses 513,78 331,37 412,79 Brix 477,75 147,001 238,88 Fórmula Fonte: tabela elaborada pelo autor Observa-se que não foi aplicado as Fórmulas de Sanders, Wellington e de Hiley tendo como justificativa a impossibilidade de se obter os fatores de perda de energia no bate-estaca µ e perda de energia do solo X para a Fórmula de Sanders e o coeficiente de encurtamento elástico do solo c para a Fórmula de Wellington. Para a Fórmula de Hiley não foi possível determinar com exatidão os parâmetros C1, C2 e C3 que exprimem as perdas de energia no processo de cravação. 6.4 Análise das Fórmulas Dinâmicas Com relação às Fórmulas Dinâmicas que apresentaram valores satisfatórios, cabe observar que todas as fórmulas empregadas apresentaram coerência de valores de acordo com a nega empregada proveniente de cada estaca. Obviamente, a estaca que apresentou nega de 2 milímetros gerou capacidade de carga maior que a estaca que apresentou nega e 6,5 milímetros, como pode ser observado na Tabela 6. As fórmulas que apresentaram valores menos conservadores de capacidade de carga foram as Fórmulas de Jambu e Dinamarqueses respectivamente para todas as estacas analisadas levando assim a elevados valores de capacidade de carga. 53 Outra importante observação feita é quanto à capacidade de carga para uma mesma Fórmula Dinâmica em relação aos diferentes valores de nega apresentados. As Fórmulas dos Holandeses e de Brix deram uma resposta onde às resistências mínimas e máximas apresentaram grande amplitude, em contraponto as Fórmulas de Janbu e Dinamarqueses apresentaram pouca amplitude nas resistências calculadas. 54 7 CONCLUSÃO 7.1 Análise comparativa das capacidades de carga determinadas com os Métodos Semiempíricos e as Fórmulas Dinâmicas Segundo os resultados obtidos com a aplicação da teoria exposta no presente trabalho, observam-se os valores resumidos na Tabela 6. Tabela 6 – Valores de capacidade de carga admissível (KN) Métodos Fórmulas Dinâmicas Semiempíricos Método Aoki & Decourt & Velloso Quaresma Estaca 1 233,198 Estaca 2 Estaca 3 Estaca Holandeses Janbu Dinamarqueses Brix 292,464 435,41 539,30 513,78 477,7 245,946 434,850 133,97 375,36 331,37 147,0 245,946 434,850 217,71 456,59 412,79 238,9 Fonte: tabela elaborada pelo autor A avaliação dos Métodos Semiempíricos em comparação às Fórmulas Dinâmicas parte da análise de cada estaca separadamente. Para a Estaca 1 todos os resultados de capacidades de carga determinadas com as Fórmulas Dinâmicas ultrapassaram consideravelmente as capacidades de carga determinadas com Aoki & e Velloso e Decourt & Quaresma. Já a Estaca 2 obteve resultados diferentes da Estaca 1. Primeiramente todas as Fórmulas Dinâmicas não alcançaram resistências alcançadas com a aplicação do Método Decourt & Quaresma e apenas as Fórmulas de Janbu e Dinamarqueses deram resposta superior ao Método de Aoki & Velloso em relação às capacidades de carga. Por último, a Estaca 3 apresentou resultados onde as Fórmulas Dinâmicas de Janbu e Dinamarqueses geraram valores de capacidade de carga muito próximos ao resultado de resistência obtido com a aplicação de Decourt & Quaresma. Outra importante observação a ser feita é que as Fórmulas dos Holandeses e Brix 55 apresentaram resistências próximas aos valores obtidos com a aplicação de Aoki & Velloso. Feita estas observações, pode-se dizer que os resultados de capacidades de carga obtidos com a aplicação das Fórmulas Dinâmicas produzem resultados que tendem a se aproximar mais de Decourt & Quaresma, obviamente levando em conta as características desse perfil geológico-geotécnico. Levando Aoki & Velloso em consideração, as resistências das Fórmulas Dinâmicas tendem a apresentar valores que superam as capacidades de carga determinadas com a aplicação do respectivo método. Observou-se que, na Estaca 2, houve visível decréscimo na capacidade de carga em relação as outras duas estacas, possivelmente gerada pela nega de valor maior que as demais. As causas para tal problema podem ser encontradas na imprecisão das Fórmulas Dinâmicas, pois dificilmente os parâmetros usados nos cálculos conferem exatamente com o que está ocorrendo em campo. Outro fator que pode ter acarretado tal fato é algum erro na medição da nega em campo. Levando em consideração que a principal variável para as Fórmulas Dinâmicas é justamente a nega, qualquer erro nesse item pode mascarar um resultado mais preciso. E por último, fator também importante e de difícil controle é a variação do perfil geológico-geotécnico e pedológico no local onde o elemento pré-moldado foi executado. A sondagem SPT não pode determinar com toda certeza as características de toda a área da obra, assim sendo, a variação da estratigrafia pode ocorrer e alterar resultados das resistências das estacas. 56 8 BIBLIOGRAFIA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6122: projeto e execução de fundações. Rio de Janeiro, 2010. _______. NBR 6484: sondagem de simples reconhecimento com SPT. Rio de Janeiro, 2001. _______. NBR 8036: programação de sondagens de simples reconhecimento dos solos para fundações de edifícios – Procedimento. Rio de Janeiro, 1983. _______. NBR 6502: rochas e solos. Rio de Janeiro, 1992. ALONSO, Urbano Rodrigues. Previsão e Controle das Fundações: uma introdução ao controle de qualidade em fundações. 2 ed. São Paulo: Blucher, 2011. ALONSO, Urbano Rodrigues. Dimensionamento de fundações profundas. 2 ed. São Paulo: Blucher, 2012. VELLOSO, D. de A.; LOPES, F. de R. Fundações, volume 2: fundações profundas. Nova ed. São Paulo: Oficina de Testos, 2010. HACHICH, Waldemar. et al. Fundações: teoria e prática. 2 ed. São Paulo: Pini, 1998. SCHNAID, Fernando. Ensaios de campo e suas aplicações à engenharia de fundações. São Paulo: Oficina de Textos, 2000. STRECK, Edemar Valdir. et al. Solos do Rio Grande do Sul. 2 ed. Porto Alegre: EMATER/RS, 2008. WILDNER, W.; RAMGRAB, G. E.; LOPES, R. da C.; IGLESIAS, C. M. da F. Mapa Geológico do Estado do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: CPRM, 2005. Escala 1:750.000. (Projeto Mapas Estaduais – PME). 57 AGNES, Clarice; HELFER, Inácio. Normas para apresentação de trabalhos acadêmicos. 8 ed. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2006. 58 ANEXO A – Figuras 1 e 2 Figura 1 - Capacete usado em estacas pré-moldadas de concreto Fonte: www.ebah.com.br Figura 2 - Equipamento para cravação a percussão de estacas Fonte: www.estacasbrasil.com.br 59 ANEXO B – Planta de fundação e localização dos pontos de sondagem SPT Figura 3 - Planta de fundação e localização dos pontos de sondagem SPT Fonte: planta elaborada pelo autor 60 ANEXO C – Localização da obra no centro urbano de Santa Cruz do Sul Figura 4 – Localização da obra no centro urbano de Santa Cruz do Sul Fonte: Google Earth 61 ANEXO D – Mapa geológico da cidade de Santa Cruz do Sul Figura 5 – Mapa geológico de Santa Cruz do Sul Fonte: Mapa Geológico do Rio Grande do Sul - CPRM 62 ANEXO E – SPT 01 Figura 6 - SPT 01 Fonte: Empresa de nome confidencial 63 ANEXO F – SPT 02 Figura 7 - SPT 02 Fonte: Empresa de nome confidencial 64 ANEXO G – Tabela 7 TABELA 7 – Coeficientes F1 e F2 Tipo de estaca F1 F2 Franki 2,50 5,00 Pré-moldadas 1,75 3,50 Escavadas 3,00 6,00 Fonte: ALONSO, 2011. 65 ANEXO H – Tabela 8 TABELA 8 – Coeficientes K e Tipo de solo K (Mpa) Areia 1,00 1,4 Areia siltosa 0,80 2,0 Areia silto-argilosa 0,70 2,4 Areia argilosa 0,60 3,0 Areia argilo-siltosa 0,50 2,8 Silte 0,40 3,0 Silte arenoso 0,55 2,2 Silte areno-argiloso 0,45 2,8 Silte argiloso 0,23 3,4 Silte argilo-arenoso 0,25 3,0 Argila 0,20 6,0 Argila arenosa 0,35 2,4 Argila areno-siltosa 0,30 2,8 Argila siltosa 0,22 4,0 Argila silto-arenosa 0,33 3,0 Fonte: ALONSO, 2011. (%) 66 ANEXO I – Tabela 9 TABELA 9 – Coeficiente C Tipo de solo C (KPa) Argilas 100 Siltes 250 Areias 400 Fonte: ALONSO, 2011.