CURSO D3 H3RM3NÊUTICA BÍBLICA P. João Batista Libanio SoJ, CURSO DE HERMENÊUTICA BÍBLICA '1° Introdução A.Teologia e uma busca de sempre ipaior intelçcçao do homem, dr mundo, da historia do hçmem e do ípundo, do proprig Deus a luz da PALAVRA e do AGIR de Deus na HISTORIA, ie, a luz da REVELAÇAO* Este Agir da Deus na Historia e a sua PALAVRA constituem a REVE^.ÇAO sobrenatural, gratuita, salvifica. 3sta REV3LAÇÃ0 nos chegou ate hoje substancialmente.através da PALAVRA ESCRITA nbs LIVROS SAGRADOS, que consignam a REVELAÇAO de Deus , pela palavra e pelo agir. Dai a importancia para 3 cristão de procurar compreender sempre melhor a SAGRADA ESCRITURA, que e para ele a PALAVRA de Deus. II. DIVISÃO DO CURSO 1. INSPIRAÇÃO 2. 3. 4. 5. 6* VERDADE NA SAGRADA ESCRITURA CRÍTICA TEXTUAL DO NOVO TESTAMENTO CRÍTICA LITERÁRIA E 0 PROBLEMA SINOTICO HISTÓRIA DAS FORMAS HISTÓRIA DA REDAÇÃO 1. INSPIRAÇÃO * A. INTRODUÇÃO^ 0 primeiro problema que se deve por, ao abordar o estudo dos Livros Sagradps, e o da INSPIRAÇAO. Pois não estamos diante de livros que pretendem somente narrar alguns acontecimentos passados, mas sim que nos comunicam a mensagem do groprio Deus. Para qu§ a verdade de Deus nos seja realmente comunióada e nao deturpada pela incúria e inépcia dos homens, faz-s§ mister que Deus no-la garanta, através de uma açao, gue sempre nos ficara de certo modo misteriosa, e que chamamos de INSPIRAÇAO. B. 0 FATO DA INSPIRAÇÃO Antes de mais nada constatamos este fato dogmáticos TODOS OS LIVROS DA SAGRADA ESCRITURA SÃO INSPIRADOS. Como se prova tal fato? R. Sendg um fato dogmático^ nao o provamos por,via cientifica^ no sentido de uipa analise critico-literapia do§ livros da Çiblia. Nem também podemog prova-lo por via de um raciçcinio logico. 3stgri§mos então no campo das ciências,experimentais ou filosoficas- A INSPIRAÇÃO e uip fato que,aoeitamos pela fe. Logo a prova tem que ser na linha da fe.^A fe teip seu ultimo fundamento na palayra de Deus, que nos chama a uma adesão. 31a e-nos explicitada pelo magistério da Igreja, A§sim a Igraja proclamou solenemente coipo verdade de fe, que os livros da Biblia sãç inspirados, nos últimos congilioss de Trento e Vaticano I e II. "Deus e o único autor do Antigo e Novo Testamento..."(QS 1501) e "a Igraja anatematiza quem nãç receber como sagrados e canonicos integramente todos os livros com todas §uas partes - como estão na adição da vulgata - conforma a lei çonsuetudinaria da Igreja" ( DS. 1504). 3sta§ declarações do Concilio Tridentino falam implicitamente que os livros da Biblia são inspirados, ao chamarem-nos "sacros e canonicos" e dizerem que Deus e seu autor. Mas, mais claramente ainda aparece no conqílio Vaticano.,Is "Aquele que não aceitar os livros ^a Sagrada Sscritura, íntegros com to^as suas partes, como catalogou o concilio Tridentino, sendo sagrados e canonicos, e divinamente^inspirado§, seja nanatematizado" ( DS. 3029)° 3sta condenação do^Concilio Vaticano I nos propõe como condição de não ser excluído da ccmühhão da Igreja, aceitar que os livros da Sagrada Escritura foram "divinamente inspirados". O Concilio Vaticano II. Na Constituição Dogmatica sobre a ^ivina Revelação Dei Verbum, afirma de modo claro e ampüo esta verdade de fes "As coisas divinamente reveladas, que se encerram por escrito e se manifer-tam na Sagrada Escritura, foram consignadas.sob inspiração do.Espirito Santo, Pois a Santa Mãe Igreja, segundo a fe apostólica, j^em como sagrados e canpnicos os livrus completos tanto do Antigo como do liovo Testamento, com todas as suas partes, porque, escritos sob a ins^iracão_do_3spirito Santo". ( n.ll). Questão ulteriors Baseado em quo pode a Igreja nos Concilios , Tridentino e especialmente Vaticano I ell ensinar solenemente como de fe a verdade de que os livros da Sagrada Escritura foram inspirados pelo Espirito Santo? MSPOSTAs a) 0 Novo Testamánto ao referis-se ao Antigo Testamento, fa--lo como de livros escritos sob a ação de Deuss Cristo numa discuss"g com os fariseus, referindo-se a um texto do A.T. disser "Como por tanto,diz ele, Davi falando sob a inspiração chama p (Messias) de Senhor neste textos "0 Senhor disse a meu,Senhors Assenta-te a minha direita ate que eu ponha teus inimigos sob teus pes" (Mt. 22,^3 )° Nà tentação do deserto diz Cristo, citando o Antigo Testamento, que"est§ escrito^ , forma passiva que omite o objeto de causa eficiente por sgr ele Deus, ja qu§ os judeus procuravam evitar falar o nome de Deus? "Mas^ele rep plicous esta^escrito ( se subentende por Deus) s 0 homem não vive somente do pão mas de toda palavra que sai da boca de Deus ( Dt. 8,3 ) " (Mt. Os Apostolos refletem a mesma mentalidade que J. Cristo ao se referirem ao A^T. , como palavra de,Deus, dos profetas. Assim Pedro num discurso a multidão dizs " Vos sois, vos, os falhos dos profetas e da aliança que Deus concluiu com aossos pais, quando ele disse a Abraãcs e na tua posteridade serão bendigas todas as famílias da terras ( Gn. 12,3 )" (Ate 3^25 )° "Mas e exatamente o que disse o profetas "^contegera nos últimos dias, dis o Senhor, que eu derramarei meu Espirito sobre toda a carne....(Joel 3?!)" (At. 2,ló-17), passagem tirada do sermão de Pedro a multidão no dia de Pentecostes. Ha comtudo duas passagems mais claras e por tanto mais provativas, uma de S. Paulo e outra de S. Pedro. Paulo escrenendo a Timoteo, da-lhe conselho de que se mantenha firme naquilo que ele aprendeu na sua juventudes "Mas tu persevera no que aprendgste, e que te foi confiado, sabendo de quem aprendeste; e que desde a infancia tiveste conheçimento d§s sagradas letras, que te podem instruir para a salvação, pela fe que esta em Jesus Cristo. Toda ,a, Iscritura divinamente_inspirada e util para ensinar? para repreender, para corrigir, paga formar na justiça; a fim de que o homem de Deus seja perfeito, apto para toda a boa obra (Tim.3 Naturalmente S^ Paulo §e refere ao A.T. , ao falar da escritura, que Timoteo leu na sua infancia e e util para tudo. Pedroreferindo-se aos profetas diz que foram homens inspirados por Deus, e boa parte da S. Escritura s"o consignações das palavras dos profetas, logo frutos da inspiraçao de Deuss "nenhuma profecia da Iscritura e de interpretação particular. Porque a prçfecia nunca foi dada pela vontade dos homens, mas os homens santos de Deus e que falaram inspirados pelo Espirito Santo" ( 2 Pe 1 20-21 ), b) De modo mais implicito, vemos que os propries autores do Antiso Testamento falam que receberam ordem,de Deus para escrever. Assim Isaías nos diz como sente esta ordem de Javes "Agora, vai, inscreve isto,numa taboazinha escreve-o num livro, para servir no futuro de testemunho perpetuo."(Is.30 8)? 0 memo sentia o profeta Jeremias^ "No quarto ano de Joaquim, filho de Jogias e rei de Juda, eis a palavra qu<g foi dirigida a Jeremias da parte de Javes toma um,rolo e,escreve encima todas as palavras que te dirigi a respeito de Jerusalem, Juda e tçdas as nações, desde o dia em que corpecei a falar-te,no tempo de Josias, ate hoje" (Jer. 36,1-2 ). Naturalmente éles^nada dizem do carater sobrenatural de tal composição, ma§ se percebe que tem intenção de propot estas palavras-como palavras de Jave. Inúmeras vezes repetem a expressais "oráculo de Javé" (Jer. "a palavra de Javejne foi dirigida" (Jer. 1,^-11); "Assim fal,a JavT" ( Jer. 2,2) ou expressões semelhantes. Dei um exemplo,mas sao inúmeros os casos de tais expressões na Biblia. Moisés,.escreve*- as palavTas de Javes "Moisés po§ por eçcrito todas as leis, de Jave..." eu fe-lo por ordem de Javes "Jave disse ent o a Moiséss Consigna este fato ' '' escrito num livro para perpetuar-lhe a lembrança". (Sx.17,1^). Nos escritos durante e depois do Exílio, se fala da ãscritura como "Livro da Lei ( de Jave " Ao ouvir as^palavras contidas no livro da Lei, o,rei rasgou suas vestes" (2 Re.22^11). "Eles se colocaram a ensinar em Juda, mu.:íâcs do livro da Lei de Jave, e fizeram a volta das cidades judias instruindo o povo." (2 Cron 17 9)° Certos fatos mostram que o povo cercava os ^ivros sagrados da Lei^e Pr-fetas cor, muita veneraçãç, que encontra sua ultima origem na procedência divina da tais livros. Maravilhosa foi a reforma religiosa sob <i reinado de Josias (c';0-609), quando da descoberta do livro da Lei de Jave. Assim o sacerdote Hílqiyya, ao retirar o dinheiro que fora lev§do ao templ?, encontrou no meio o Livro da Lei de Jave, transmitida por Moisés. 0 rei convoca qiante de sios anciãos de Juda e de Jerusalem e subindo ao Templç leu para eles o conteúdo do livro da Aliança, encontrado no templo de Jave e todos se obrigaram a cur-nrir o que se ensinava no livro. Assim inicia a reforma religiosa em Juda (2 Re 22, 1-20; 23, 1-14). A ^ Outro fato de importância foi a atuagao de Isdras. sacerdote judeu do te^po do cativerio de Babilônia e restauraç o persa^ que, ao voltar a Jerusalem, proclama numa reunião solene do povo, a Lei, a qual os juáeus se obrigaram por meio de renovação da Aliança (Esd 7? 1-10; Ne 8,l-l8)< No livr:- doa Macabnus, entre os sinais de desolação e provação da situação em que viviam, se coloca o fato de os Livros d§ Lei serem jogados ao fogo pelos inimigos (1 Mac 1.5^). Doutro lado, para eles a consolação estava em tor nas maos"os livros sagrados" ( 1 Mac 12,9). Os livros sagrados são fonte do encorajamento (2 Mac 1 5 , 1 9 ) m o m e n t o da luta dos macabeus. üa literatura hiníc^, nao faltam elogios aos judeus fieis que, "se comprarem na lei de Jave, e a balbuciam dia e noite" (SI 1,2). "A Lei Je Jave § perfeita, recomforto para § alma" ( SI 19,8) e sobretudo o salmo 119 que e um dos cantos mais belos sobre o sentido da Lei de Jave, que naturalmente estava consignada, para o judeu, nos livros sagrados. Alem desta Dd.se escrituristica, o magistério da Igreja se apoiçu sobre,.tudç na lon?a^tradi^ão_dos Santos.Padres, da liturgia e dos teologos, que, Nráo so em relacao ao A.T., mas também em relaçao ao N.T., afirmam a inspiração doslitros na Binlia. Naturalmente seria imposivel aqui elencar a serie enorme de testemunhas ao longo da grande tradição da Igreja, que, de modo direto e inequívoco. continuamente afirmam os livros sagrados taram sido escritos sob a inspiraçao do Espirito Santo. Assim entre 03 priemiros §utores cristãos, chamados apologetas, ^tenagoras (sec II), compara o haglografo (escritor dos livros da S^E.) com um instrumento de musica, no qual Deu§ toca. Outros autores como Teofilo de Antiocuia. Clemente de.Alex^n^ría, Origenes, João Crisostomo, Hipolito etc.,, nos ensinam a mesma Idéia. 3 um modo grafico de falar de inspiraçao de Deus em relação aos escritores sagrados. Ouuros usam a imagem de "orgao", dizendo que o hagiografo e um "orgao"- "instrumento' da ação de Deus para escrever os livros da S.E. (Ex. Clemente de Alexandria, Teodoreto, etc..,) ^ A dnjre os teolcgcs, basta citar o maior^deles, S. Tomas de Aquino que trata o carisma da inspiração,,seja em relação com o conceito de 'autor', seja em relaçao com o carisma profético ( Quodl 7 a.l^ ad 5 ). Na tradn^ao_llturg^ca, a leitura da S,3; durante os 3tos de culto, cçmo a palavra^do Deus para a comunidade presente, inclmi implicitamente a fe na inspiração de Deus na confecção de tais livros. c r MHRJnàj),^NSP?:3AcXo a). Depois que estabelecemos o fato da Inspiração, ie. que os livres da SiE. foram escritos sob a inspiração do Espirito Santo, devemos perguntar-nos s em que consiste tal realidade. ^ b), Os r ut^res bíblicos megmes não nos explicam tal fato, mas somente d o a entender cue Deus agiu neles, muitag vezes a modo de uma ordem, como vimos nos exemplos bíblicos citados no paragrafo anterior. c). Portanto pertence a reflexão teologica'a tarefa de explicar, enquanto posivel, tal realidade. , d). Deixando de lado as sentenc extremas, em que a Inspiração e concebida como um ditado da parte de Deus, que iria^ditando cadg palavra ao escritos sagrado, ou a posição oposta, em que a ação dè Deus sobre o _ autor seria nula, mas o livro se tornaria sagrado por uma simples aprovaçao ulterio.r de mesmo, §eja por Deus, seja pela Igreja, Deus seria então o autor do livro sagrado, somente porque aprovou suas idéias, mas naáa influiu na sua confecção. e). Ate o Concilio Vaticano II, a explicaçao mais.comum nos livros õb Teologia era a dada por Leão XIII e Bento XV. Leão.XIII: " 0 Espirito Santo, com uma força sobrenatural^ levoy. e moveu os Hagiografos a escrever de tal modo, que, ao assisti-los, eles somente conceberam em sua mente de modo exato,e fielmente quiseram escrever e exprimiram de modo apto com verdade infalível, aquilo e tudo o que o 3.S. ordenara" (DS 3293) Leo XIII, Providentissimus Deus, l8,XI,1993) Bento XV; " c poder e a ação de Deusno hagiografo deve ser entendidas Deus confere ao escritor a graça, iluminando-lhe a mente, para propor em nome de Deus aos homens a verdade, movendo-lhe a vontade e imgelindo-o a escrever, e o assiste finalmente de modo especial e continuo ate que o livro termine" (DS 3651: Bened. XV : Spiritus Paraclitas, 15.IX,1920). d). 0 Concilio Vaticano^II prefelre ser menos detalhado na Inspiração, evitando falar de'iluminação d$ entendimento', 'influxo da vontade movendo-a eficazmente', assistência sobre as^faculdades executivas' a fim de evitar todo §rro, como vimos nas explicações de Leão XIII e Bento XV. Eis como o Concilio Vaticano II descreve a ação inspiradora de Deuss "Na redação dos livros sagrados'Deus escolheu homens, dos quais se serviu fazendo-os us§r suas próprias faculdades e capacidades. afim de que, agindo proprio ne^es e por eles, escrevessem como verdadeiros autores, tudo e so aquilo que Ele proprio quisesse. (Const.Oog. Dei Verbum, n.ll): 0 texto falas - De uma escolha dos autores por parte de Deus - Deus usa o gerviço que^eles podem prestar com suas capacidades - Deus agiu neles e por,eles, sem explicitar mais tal ação - com a finalidade de,so escrever o que Deus quer cominicar Portanto^ podemos dizer com o Concilio Vaticano II, que a aatureza_da_In^piraçãp e um impulso da part§ de Deus para o hagiografo consignar por escri-* to a revelação de Deus, que e a mensagem de,Salvaçao confiada por Deus aos homens. Negte sentido, a Sagrada Escritura e a consignação escrita da Revelação salvifica, sobrenatural, de Deus aos homens = e a PALAVRA DE DEUS ESCRITA. CONCLUSÃO s SAGRADA ESCRITURA = PALAVRA DE DEUS . Assim a S.E. não se torna palavra de Deus por causa da Inspiração, mas e a inspiração qy.e levou o hagiografo a escrever a palavra de Deus, ie. a Revelação salvifica que Deus comunicara aos homens. D. ASPECTO SOCIAL DA INSPIRAÇÃO A Revelação de Deus, comunicada p^los seus enviados, seja os profetas como o grande enviado: Jesus Crrnsto, e confiada ao povo da Israel a a Igreja Primitiva. ^ 11 ^ Esta revelaçao salvifica, sobrenatural, de ^eus e pregada, vivida pela Igreja (resp. povo de Israel), crida, guardada vivamentg por estas comunidades. Vivando dentro desta comunidade o hagiografo se pos então a consjgia-la por,esarito. Tal ação, que pareceria,a um olhar profano e ta2, vez mesmo ao proprio autor, ser um simples exercicio de composição literaria, era no fundo uma aç o inspiradora de Deus, que movia a consignar por esgrito esta mensagem salvifica para as gerações vindouras. A intenção muitas vezes era simplesmente de aplicar a palavra de Deus a uma situação comcreta da çom^nidade, em que se vivia. Mas era no plano d§ Deus uma ação que levaria a toda vid§, da Igreja posterior a mensagem galvifica de Deus. Por isso a InspiraçÃo e uma realidade eclesial, comunitaria.^Nasceu na comunidade 3 em ** vista da comunidade^ mas aç"o de Deus. Esta agão da Deug supera a própria consciência do,hagiografo, por que Deus age nele e por ele em vista de uma realidade salvifica para os homens. óu do Cristócu dos primeiros pregadores do evangelho, a conservara, a assimilara, a vivera, a transmitira,a seus novos membros, ela mesma cuidou de nue tal palavra sé fixasse en formulas escritas^ Tal ação se fazia sob a inspiração de Dous. 0 Espirito de Deus^inspirader cobria a ação desta comunidade, no tempo e nò espaço da confecção Ao Novo Testamento (resp. do Antigo)* A A* VERDADE NA SAGRADA ESCRITURA NEXO. A Sagrada Escritura e a^revelaçao salvifica de Deus consignada por esórito mediante uma agao inspiradgra de Deus. Logo ela nos deve' çomunicar a verdade, naõ pçde ter erro. Ela sendo a palavra de Deus, e a verdade de Deus para nos. B. HISTORIA DO PROBLEMA a) Durante os l6_primeiros séculos não houve problema em aceitar que a Sagrada Escritura nao continha nenhum erro,^que tudo que ela ensinava era verdadeiro. Não se admitiam, de modo nenhum, erros nela. , A posição de Santo Agostinho tinha dominado toda esta problemáticas se algo parecesse errado na Sagrada Escritura, entãos - ou o manuscritoestava defeituoso; - ou o tradutor não entendeu o que e manuscrito disse; - ou sou eu que^não entendo. Cem isto, se resolviam todas as dificuldades. A imaginação dos Santo-s Padres e dos Teologos funcionava para resolver as contradições e afirmações inexatas da S. E., mostrando que tudo era questão de interpretar bem. b) Mas nos séculos,XVI e XVI^ surgem grandes dificuldades, levantadas pelas descobertas cientificas da época. Parece então clara a oposição entre os ensinamentos da ciência e os da Escritura. Surge então o caso-de Galilau Galilei* Ele masmo não podia crer que houvesse erro na^Eseritura, mas acRaVa que era rn^l interpretada, Como a Telogia ^e então não dispunha de M i ^ s para resolver este problema, deu-se a condenação de Galileu, 0 problema comtudo não estava resolvido, e sim incubado. c) No soeulç XIX o progresso das ciências humanas e históricas,colocam ^m cheque uma idéia de inerranci^ da Escritura, mal explicada. A critica histórica se aplica a estudar, cientificamente ^s livros da Bíblia. E surgem então os problemas. d) As primeiras soluções por parto dos cristãos foram apressadas <e por isso. insuficientes. Uns diziam qu§ existe uma veyAsd,e.,,de co,njun to na S.E. mas aquilo que se dizia de pas.sagem somente, podia estar errado.(J.H,Newmann). Para outros existia uma verdade relativa aos tempos e lugares (Lçisy) ou se Restringia então a verdade da S. E. para o camqo_ religioso, da fe e dos costumes (d'Hulst), A perspectiva de tais soluções era" falsa,s a S, E. era dividida em um duplo campo de ensinamentos, quanto ap seu objetivos verdades pro fanas e verdades religiosas. A garantia da inerrancia so afetava ao campo das verdades religiosas. A solução vai ser encontrada n§ linha de procurar ver que coisa realmente a Escritura quer^ensinar, qual e o prisma em que ela se coloca. Onde realmente ha afirmações raais e por tanto se pode falar de verdade? C. CRITÉRIOS DE INTELACÃO ou de HERMENÊUTICA a) Na Sagrada Escpitura Deus não instrui os homens a respeito de coisas que nao interessam a salvação. Fala qe realidades materiais como erem conhecidas em seu tempo, em função das aparências. Logo devemos distinguirs afirmaçao verdadeira: onde,ha um juizo sobre uma coisa, querendo afirma-las "No começo, Deus çriçu o ceu e a teera" Gn.l.ls a^afirmação yerdadeira, ie. aquilo que o hagingrafo quis ensinar como revelação de Deus e que"Deus criou tudo^que existe, no sentido de que tudo depende da ação criadora de Deus". aparência de afirmaçães aquilo que não se pretende afirmar, por-tanto nao se pode falar nem de verdadeiro nem de falço, ainda que pareça ser uma a^irmaçao do autor. "No começo,Deus criou o ceu e,a terra" (Gn.1.1), A aparência de verdade^seria,a afirmação de que a S.E. e contra o evolucionismo e defende uma vis^o estatica ^o mundo. Nada esta dito da maneira como as coisas evoluíram. "Ceu e terra" e uma expressão para indicars tudo, §em querer sancionar como"afirmação da Escritura o esquema cultural do hagiógrafo ou melhor a imagem que ele fazia do ceu e da terra, conforme os conhecimentos científicos e populares de seu ambiente oultural'.' a madeira conc^&ua -.-.a - -rgem d-.'; homem, dos animais, a classificação dcs animais, são"aparot!Cia de afirmação", porque não foi inteção do hagiografo afirmar tudo isto, mas sim simples expressaç do mei cultural-ambient§l em que vivia, 0 que ele quis afirmar, e onde esta a verdade da Escritura e a idéia de que túdo depende de Deus: verdade revelada, de fe. b) 0 problema das afirmações históricas* Não se pode somjnais afrimar que o hagiografo não teve nunca a inteção de afirmar a existencia de un fato histçrico § por tanto aplicar a regra ante rior. Pois comova revelação de Deus e histórica, ela esta intimama^§te ligada a fatos historicos, os quais não existindo, comprometeriam a própria revelação,, Por ex. se Cristo não tivesse vivido hitoricamente, a nossa redenção estaria gravemente e irrevogavelmente comprometida, LoC" devemos §dmitir na S, -3. níveis de historicidad§. Isto,significa,que uma narração bíblica pode por ex. conter somente um núcleo mínimo, histérico, sendo tr<do^ os outros pormenores descritos mero artificio literário ou..ampliações retóricas com a finalidade de enoomiar o nuclei histérico. Assin} temo§ o caso d§ sajda (fuga) do 3gipt- por parte dos israelitas^ De fata ha um núcleo historio^, real, n e c e s s á r i a para que a açao de Deus não se esvazie, mas não se segue que os pormenores, sobretudo das "pragas" sejam acontecimentos histirrioos no nosso sentido moderno, mas^podem ger muito bem uma ampliação retórica para salientar a grandeza da ação salvifica de Deus. A^sim acontecimentos naturais são vistos como grandes milagres. Mas no fundo ha o grarde milagre,de Deus que liberta,^eu povo e o mantém durante tantos anos na fe. R3, porem-, outros íatos historicos, cujo rigor historico e maior. Assim as narrações dos livrc-s dos Reis gozam de uma. maior historicidade. Tal constatação se faz comparando as narraçoeq dos ditos livros com outras fontes hlstçricas dos pcvos^circunvizinhos e podemos ver então o grau de exatida o histórica das narrações, , E fácil de compreender a diferença de graus* de historicidade. Um a^tor bíblico c.^s tempos d^s reis d§ Israel^ ao escrever os livros^sagrados, podo colecionar,muitos dados bem proximos dele,ou bem vividos por ele. Outros dados , porem, se perdiam numa imemoravel época 9 sendo transmitidos de modo vivo na tradição oral popular. As fontes que,o autor bíblico usou eram também desde narrações de testemunhas ocydares ate narrações de festas populares. Tais fatos ao serem tecidos numa única narração guardam o seu nivel proprio de historicidade e não são reducidos a um gray. único e superior^de , historicidade por causa da inspiração,que move o hagiografo.. A inspiraçao da ao.autor sagrado uma nova perspectiva para ver ^ passado, ie. a perspectiva do Deus. Numa palavras a inspiraçao garante o nivel de historicidade correpodonte- ao grau de historicidade da narração: o que era vago,não fica claro; c que era imprecis'.' e incerto, não fica certo e preciso.. (Cfr, H. Renckens, Urgeschichte und Heilsgeschichte. Mainz 1959, p. 25,26). c). 0 uso das citações explicitas e implícitas... Ura aplicação concreta daquilo que,se disse no paragrafo anterior e o uso das citações. Assi^ quando um hagiografo cita um livro,historico ou uma fon^ to histórica,, que eüe teve nas mãos, seja de mode explicito çu de modo implícito,(isto e; indicando,a fonte suficientemente ou sem indica-la), o valor historico da afirmaçao e o mesmo que goza o autor citado. Noutras palavras: o hagiografo nao elo^a com sua citação o grau de valor da citação feita, mas jsta concerta seu prcprio valor, C^m^ podemos descobrir as citações implicitas? Por um estudo,serio, 'minucioso, as^vezes muito difícil, das fontes comparadas com o texto bíblico. As fontes serão os documentos.dos povos cincunvizinhos de Israel. d) C ^ e i t o de h^storíci^a^e. Alem dos diversos níveis de histgricidade que encontramos nos iivros sagradas e das citações explicitas,e implicitas, devemos,notar que o proprio conceito de historicidade aos..hagiografos § o ngsso não e o mesmo. Para nos,^um livro sera tan^o mais historico quanto ele gor %ais exato nas suas narrações, mesmo ncs mínimos pormenores, e quanto mais ele explicar com perspicacia e verdadeas razões dos acontecimentos, vistos sob uma perspectiva de causalidade segunda ie. causados pelo agir dos homens e da natureza. tara o nagiografo o fundamental e § interpretação teologica do acon tecimento: ie, o que Deus quer ensinar através de tal acontecimento e muitas rezos as narrações se acomodam a ^al perspectiva, modificando mesmo os pormenores, para que a mensagem he-ilógica fique,mais clara. Vejamos um exemplo do Ko'i*o Testamgato: a prisão de Cristo, Se nos lermos as quatro narrativas do evangelho sobre a prisão de Cristo, vermos que ha uma diferença entre elas Fixemo-nos somente em dois pormenoress a aça^ do ^unas e a açao de Cristo Mt e Mc Judas desempenha um papel mais salienta= ele beija a Cristo, vai a frente da tropa para a prisão de Cristo. Lo ncs mostra a Crsito rejeitando o beijo de Judas. João nem fala deste beijo, relegando a nad§ o papel!, de Judas. Em contrapartida, João não frisa a iniciativa de Je, s. .31e se da a conhecer, sem precisar do beijo de Judas, emquanto que nos sinoticos era o beijo de Judas que o ^ava a conhecer. Conforme João Judas leva a tropa ate 0 jardim, mas depois e Jesns que se adianta, que pergunta, que derruba com uma frase os soldados. Então fazemos a.nos mesmos a perguntas sera que a prisão de Cristo foi mais parecida com a descrita pelos sinoticos, ondg Cristo aparece muito mais na sua fragilidade ou a narrada por João, onde ele aparece o,soberano, que se entrega livremente, depois de mostrar a fraqueza dos adversarios, derrubando-os com uma palavra? Cs dois^modos ao mesmo tempo nao podam coexistir, se q.ao quisermos fazer u^a concordância barata e artificial. Provavelmente o§ sinoticos são mais "histéricos" na sua narrativa, mas Jcão tambeip foi historico ao querer salientar que Cristo se entregou livremente por nos. Para João o importante era salientar esta "liberdade e autoridade" de Cristo. Para que tal idéia ficase realçada, os pcrmenores^da prisão sao elementos construídos n§sta linha de pensamento, ainda que não tivessem acontecido,desta maneira. Ai vemos a diferença de conceito de historicidade. Para,nos, tal maneira de querer salientar, uma idéia seria uma infidelidade histórica, mas para um judeu, pelo contrario, a um recurso estilístico. e) Afirmações reais ou conjaturais. Para que possamos interpretar bem algumas passagens da Escritura precisamos distinguir entre afirmações que afirmam algc "e-^l. como verdadeiro, ou simplesmente como conjaturai. Assim quando. '3. Paulo diz que ira a Espanha, e depois do fato não foi, não quer dizer que houve erro na Escrâtura.i Pois sua frase indica conjectura. Seria como se dissesse: "se Deus quiser, irei ver-vos", mas da fato, outros acontecimentos impediram sua ida (Rom 15,28; 1 C ^.19). Mesmo nas profecias messiânicas, algumas afirmações s§o conjecturais, ie, exprimem um desejo do escritor de que algo aconteça. So depois que s§ pode ver, se de fato aconteceu o foi um simples desejo irrealizado. Cs proprios evangelistas ao estabelecer a cronologia da vida de Jesus Cristo, muitas vezes usaram esto recursocb ccnjecturar como teria sido a sucessão dos acontecimentos, sem querer nos garantir, que ela tinha sido realmente assim^ Hoje se usa multo isto na policia, quando acontece um crime, de que não ha nenhuma testemunha. Com os dados apurados, o perito policial faz uma descrição minuciosa do crime, mas puramente conjectural, 0 valor desta afirmações deye ser visto levando em conta esta perspectiva conjectural. Naturalmente a técnica hoje de, a partir de conjecturas,descrever uma realidade e muito maior e chega a grande verossimilhança. Ate mesmo chega-se a esboçar uma "fotografia falada" a partir dos dados que cs peritos conseguiram levanta^ ? sem que tenham vista a pessoao Falando em nomenclatura moderna, os hag^ografos, muitas vezes, nos fornocem "fotografias faladas" de personagens biblicos, e ate mesmo do Messias. A << f) Genero literário, Os orientais,para exprimir o que tinham na mente, não empregaram sempre as FORMAS e MODOS DE FALAR que hoje empregamos, an*':õs usaram os usuais dos bom mens do seu tempo. Assim clamamos GENERO LIT3R*RIC as formas e maneiras de falar que os homens duma certa época e duma cer-a região costumam usar para manifestar os proprios pensamentos í H, Haag, BibaJjexikon, E.insiedeln Zíirich KHln 1968. col 5^4)" Por isso nao encontramos na So nosso modo ptual de falar, mas aquele qu$ correspondia aos homans do Antigo Oriente. Somente por meio de um estudo serio, consciencioso, da literatura do Oriente Antigo, podemos ir descobrindo quais são estes diferentes generos literários. Logo a^primeira vi§ta, podamos notar que na S. 3. existem diversos e diferentes generos literários e e nossa tarefa procura^ ver quel o gerero literário empregado pelo escritor para que possamos então entender o que ele queria dizer Um genero literário,muitas vezes, surge ie um escritor, que usa determinado modo de exprimir-se, e depois outros açeitam tal medo, imitam-no, modificam-no, § assim se cria uma tradicao literaria como estrutura prejacen^e e disponível. Em geral j^al tradiçaç se conserva melhor em grêmios 11^ terarioso' Para um leitor, o genero literursa constitui um campo conhecido e e comum que facilita a inteligência da obra e de seu autor. Algumas vozes o autor escreve uma obrarem nome de uma comunidade, p„eg. faz versos para uma festa popular, jntão neste,caso, conhecido o gênero, e ma^s fácil a percepção unitaria da obra. 0 critico necessita de conhecer o genero literário para valorar as obras e classifica-las. Pode dar-se ao estudo comparado de diversas obras, do mesmo genero eu de diferente, fazendo analise diferencial das obras e autoras. Os elementos que constituem o gênero literário* tema peculiar, estrutura o forma interna peculiar, repertorio da procedimentos freqüentes e dominantes, "Sitz im Leben" (Icca.lizaçao cultural, humus cultural em que nasceu a obra). 0 gênero literário c ^^sííuca, configura a obra enteira, afeta a unidade tota^ da obra, e nao necessariamente o livro o. porque este pode s§r constituído de,.díversas unidades literarias,.diferentes, Ger.erc literário .nao sao peças ou membros que §o existem em o^ras literarias, como p.ex* um"excrdio", mas sao unidades literarias em si autonomas, mas que pedem oentudo.fazer parte de um generc mais g^plo ( p.ex. uma oração dentro de uma narração. 31a é uma unidade em si autônoma, mas que esta inserida ôentr : de una unidade amior, encuanto^que o "egordio" e sempre uma parte do disurso, que g.ac tem uma unidade ar^cocma). Ha um duplo movimento posivel: Uma autcn.oma que e inserida.rum contexto mais global ( o caso citados ^ ;.ma oioção,dentro de uma narraçao: Livro õb Judite c«9) ou uma pgça de um ge*nero literário que se deser.vrlve tantç a ponto de^tornar-se §utonoma ( o salmo desconfiança procrda d., salmo de suplica). 0 genero literário não e veste literaría. nem forma sue,se possa separa? da matéria, do conteúdo, nem,inovoumen+o para explicar versículos difíceis, pertence ao sentido literário. 0 gênero literário afeta a unidade to al e nao so,uma parte do discurso. Portanto não a um oodo d^ direr'-, como seria uma metafora, um eufemismo. As vezes acontece c.íe us genero literário, sendo transformado, reint^rpre^ado, sofrendo um§ transposição significativas p vocação Moisés (genero historico; o narrada como vocação profética (genero profético). A escolha do genero iiterario, per parte do escritor, depende de diversos fatores? qual o assunto a ser tratado^ que impressão o autor quer causar no seu leitor; a cultura do ouviente cu leitor, ao qual o autor se dio temperamento do escritor, etc,.. ( H. Haag. OsC. col. 514)'. A nossa expgriencia diária nos ensina que a verdade que queremos exprimir depende do genero literário que usamos. Assim p.ex. alguém nos aprisenta um cbjeto e dizemos: isto nao vale um centavo. Nao queremos de modo nunh-m^afirmar o valor material^da coisa^mas simplesmente indicar que o objeto nao tgm valor para nos. Dai a iupcrtancia de, na < du Escritura, vermes o genero para sabermos de que verdade se trata. ha uma noversteade enorme na classificaçao dos gêneros literário^ na S I.,. Os diferentes autores apressariam sua; divisões.. A nos interessa somente ter uma idéia mais geral, Por isso Judiramos somente alguns exemplos, deixando,naturalmente, para um estude mais aprofundado, o delimitar mais amplamente cs generosl Uma primeira divisão, muito,geral, mas não sem impcrtancia, que classifica tçda a literatura^bibli.,a es, gênero literario^prcfano e generc litarario religioso. A S. 3. se coloca toca sob o signo do genero literário religioso, Assim as partas profanas são fortemente coloridas por este aspecto religioso. é l s L_ex.emp i r n sl,es_d.o_ ^ e r c .ge^ R.'. . 1 i ^ e r a . r i o A n t i g o Testamento Poesia popular unldad es Éncc rpo: ^ ^^^^^^^^^^ ^^^^^^^ cante de sent ine.Ias Is 21, 11-12 ^ ' canto da pres -T-.Í+utas Is.23, 15-16 elegia s 2 S. "5 19-27; 2 s; 3-33-34 Prosa oficial; alianças ix 19 e 2^; Jos 24 , símbolos de fe. Breves enunciados,,em contexto cultico: Dt 26,5 em contexto cateqUeticc: Dt 6, 21-25. Literatura narrativas sagas locais s Jud 15, 9^19 , lendas Gn 28, 10-28 ; crônicas^ ai^ais,memorias(Nehemias) Historiografia; incorpora,materiais muito complexos, &te mesmo fragmentos de narraçao épicas (descrição do êxodos Ix 14,22. Na r i' a ç a o bur le_s_c o s aparece em Daniel. Narraçao com grande morgemde ^fiçaos Judite, Ester, fobias. Literatura proféticas Inclui oráculos de ameaça, castigo individual e coletivo, oráculos contra as nações, oráculo de salvação, visões, ações simbólicas, gtc.., , Literatura escatclogica: Composiçces complexas sobra o juizo definitivo, em aue cs inimigos serão castigados e se estabelece uma nova crdems Is 2à 27; Ez 38-39; Jcel 3-4; Zac 14. Hío.js.° cantos de leuvos, principalmente cs salmos, Literatura apocalípticas sobretudo Daniel. Usa ps3Udonimos, visões,sonhos. Literatura sapiencials Contem provérbios, descrições de costumes (etopeias), antíteses continuadas, etc.... g) 0 sentido pleno. Deus em vis^a da un desenvolvimento futuro da Revelação, orientou de tal modo o hagiografo que elo exprimiu com suas palavras umg verdade, cujo sentido pleno,^total, não lhe era conhecido, mas somente pode ser entendido mais tarde a luz de outros textos inspirados posteriores. ,Assim certos ditod profeticossobre o tempo mesianico da vinda de Cristç, so foram conhecidos çom clareza e plenitude com a vinda de Cristo. Istp e posivel porque o hagiografo agá sob influxo de uma luz sobrenatural e pode consignar por gscrito noçoes, que sob certos aspectos, ultrapassam o terreno de sua,consciência a se converte em veiculo dum sentido pleno, que so mais tarde § captadç, porque a própria Escritura o explicitou ou a Igreja. De fato^o hagiografo so podia ter uma percepção limitada a seu tempo e aquilo que ele comunicou sera explicitado ao longo da historia da Revelação e dos dogmas por meio de uma sempre maior entelecção da fe e da Escritura. D. NOVA PERSPECTIVA DO PROBLEMA DA INERRANCIA DA S. ESCRITURA. a) Superação da perspectiva apolosetica. Durant^ muitos anos, a perspectiva gatolica era fortemente apologetica. Os adversarios nos apontavam posive^s erros da S.E* e o teologo se punha logo a mostrar que de fato não havia erro, mas a passagem tinha outra explicação. Praticamente ora umç posição defensiva e ao sabor das dificuldades que sempre surgiam novamente, a espera de novas respostas. Via-se a inerrancia de S.E. como uma consequencia da inspiração. A perspectiva atual se coloca numa _ visão positiva. Procura-se estabelecer quql e a verdade da Escritura. Pois a Escritura,como palavra de Deus escrita, e a fixação da revelação, qu.3 participa da mesma vgrdade_de Deus. 0 problema não e mostrar que nao ha erro, mas de descobrir qual a mensagem que Deus nos quer comunicar. b) Problema de vários autores. É un fato que a redação final de um livro da S. E. ^ como o possuimos hoje, foi fruto do trabalho de diversos autores, que, em épocas diferentes, redigiram a obra, ate que^um redator final a terminasse. Por isso e muito mais logico falar da inerrancia dos livros sagrados , do que dos autores. c) Inerrancia da S.Escritura como um todo. Os livros da S.E. formam um todo. eles nao tem existencia separada, mas mutuamente se condicionam. 0 sentido final e dicisivo de cada um deles e inclusive de cada uma de su§s afirmações dependem do çonte^to maior em que foram inseridos. Assim o ultimo resultado da S. E. e o Novo Testamentos o fato da Jesus Cristo. Assim a inerrancia no sentido mais formal pertence aos livros sagrados e a seus enunciados particulares em primeiro lugar em função da releitura final e definitiva, cuja^expressão foram os livros do Novo Testamento. Isto mostra que 3 Escritura não nos quer dar simplesmente uma historia, nem mesmo uma "historia sagrada'*,' mas uma interpretação teologica da historia. A Revelação e a comunicaçao por parte de Deus do^misterio d^ salvação realizado em Jesus Cristo. Assim nenhuma realidade deste mundo e objeto de ensinamento divino a não ser sob o angulo particular de sua relação com a salvação. A S. Escritura consigna por-tanto es^a Revelação, i.a. ensinamentos divinos salvificos. Por isso na S.E. não ha nenhpma verdade divinamente garantida a n^o ser os pontos em que asta se refere a salvação. Falando de um modo escolastico, diria que o objeto material da Escritura, o que e ensinado, deve ser entendido a luz do objeto formal quo ia. o sob a luz do mistério da salvação. A Escritura contem a verdade que Deus quis incluir^para no ^a salvarão (Const. Dei Verbum^, n.ll), ie. verdade que se refere a nossa salvação. Note-se que a Constituição dogmatica Dei Verbum do Vaticano II sempre usa a palavra "verdade" no singular. ^ão bas^a considerar o que dissaram os autores da S.3., ipas também desde que angulo eles o disseram,,para entender seus ditos. 0 critério da verdade da Escritura não e o critério material de distinguir os assuntos religiosos e ,morai§, nem a exatidão dos fatos narrados,^mas intenção do es.cri- toT - que á^tambem a de Deus -s ipostrar nos fatos a ação de Deus na historia, a relação deste fatos com o mistério da salvação.,Portanto a verdade da Escritura supõe a realidade do$ acontecimentos historicos, quando estes afetam e pelo fato de afetar o mistério da salvação. Nao se trata da uma verdade que se identifique com o conceito de exatidão ( verdade no sentido do pensamento grego), mas da uma verdade que seja a revelaçao do mistério da salvaçao. Nesta visão, o interesse historico do nasci^entç do livço sagrado e da forma real dos acontecimentos que são narrados nele e secundário. So^ tem valor na medida em que favorece a interpretaçãç do texto, da inteleCçao da mensagem salvifica que Deus nos comunica, através deste livro e destes f§tos. Os livros sagrados são escritos em vista de nossa salvação^ como critério d$ intelecção e como finalidade. A palavra de Deus escrita e para levamos a salvação. e) 0 caráter prosresivo da Revelação. Jesus Cristo a o ponto final da Revelação que teve sua longa preparação no Antigo Testamento. Em Cristo a Revelaçap chegou a seu ponto máximo a tudo que foi dito antes, ^eve ser enteqdido a luz do avento Jesus Cristo. A Igreja ao longo de §ua historia procurara entender, penetrar esta realidade maravilhosa que e Jesus Cristo. Por isso o conteúdo ppsitivo de ca^a texto deve ser apreciado compreendido, numa perspectiva dinamic§ cristologica. A verdade de cada $exto deve ser entendida lavando em conta o conjunto da Revelação e seu cara ter progresivo. , Isto explica as imperfeições da Revelação, sobretmdo nos seus estádios iniçiais. Deus^pod§ria ter-se revelado totalmente e .completamente desde o^inicio, como Ele es Pai, Filho e Espirito Santo. Mas^quis que tal revelação fosse lentamente preparada na historia.,As conseqüências existenciais desta revelação^são também muito ricas, e so foram posãveis, quando aconteceu tal revelação. Mas ag.tes qu§ Deus pudegse comunicar-se assim em plenitude, antes que suas exigencias etico-existenciais pudessem ^dequar-se a plenitude de tal revelação^ houve mutos momentos em que na historia da revelação o homem viveu situações ainda muito imperfeitas. Para usar a compara- . ção de um exegeta: Deus deunos com a revelação desde o inicio uma montanha com pedras, areias, barro, para que pudessemos descobrir o "veio de ouro" da verdade de sua mensagem e plano salvifico. Mas tal mensagem estava ainda envolta em muita imperfeição, que nãç era diretamente ensinada, nem querida por Deus, mas necessaria devido ao^estadiç ainda primitivo em que g,e encontrva o homem com respeito a revelação salvifica de Deus. Por isso não nos devemos escandalizar das passagens do Antigo Testamento, onde^certas condutas de homens como Davi, Salomão nos parecem^escadalosas e não recebiam por parte dos profetas de Deus nenhuma reprovação, antes eram apressentados como abençoados por Deus: ex. poligamia, concubinato,etc.... f) Conclusão. Para ver claramente o que Deus quis comunicar-nos temos que buscar atentamente e saber: - que queriam dizer os escritores,sagrados - que queria Deus comunicar através deles. Para conhecer o que queriam^dizer os Escritores.ie. para saber sua inteção, devemos levar em^conta os generos literários, o modo de falar, de narrar u§ados no tempo deles, as formas de expressão em usonas Relações humanas da época. Deve-se levar em conta o desenvolvimento da historia da Salvação, a mensagem de salvação contida nos livros sagrados, a tradição viva da Igreja, a nalogia da fe, para saber o que Deus quis nos comunicar e nos comunica hoje. 3. CRITICA.TEXTUAL DO NOVO TESTAMENTO A. PROBLEMA , Para conhecer a Palavra de Deus escrita o primeiro ponto a estabelecer e reconstruir de modo mais perfeito,e seguro o TE^TO ORIGINAL. 0 probelma se,põe precisamente porque nos não o possuímos e ele foi redigido faz tantos séculos. B. DIFICULDADES DO. PROBLEMA a) A primeir§ dificuldade com que deparamos e que Jesus Cristo mesmo não escreveu nada. Ela so pregou^e agiu. Outros escreveram. Alem do mais o $}^xto original de tais escritos não se conserva . b) Maig ainda. Não possuímos nenhuma redação original de nenhum texto original do Novo Testamento, por menor que,seja tal texto. A razão e multo simples: os textos originaos e as primeiras copias dos mesmos foram escritas eip paprios, Tal material se_ acom-dava ao carater ocasional dos escritos do Nove yestamea^o e as condignas sociais da Igreja primitiva. Ora, tal mate rial e muito frágil e nao resiste as intemperies dos anos. c) Da época em que p§ra copiar se usavam papiros, chagaram ate nos somente alguns fragmentos de copias e não o texto original. d) Copia manuscrita do Novo ^estameqto completa nao sobe alem da segunda matada do àe século, áté esta época so possuímos fragmentos. C* TAREFA DA CRITICA. T5XTUAL a) Até o ano 1963 existiam: 76 papiíes , 250 manuscritos maiusculos ou unciais 2,6íj.6 manuscritos minusculos 1.997 lecionarios. b) Nenhum texto coincide totalmente coip outro^e apressentam 250.000,variantes, mais do que palavras tem o proprio Novo Testamento. Variante e uma forma diferente, seja de uma palavra ou de colocaçao. c),Diante deste quadro a tarefa da critica textual e procurar com maior,exatidão posivel, conforme os cânones da critica textual, de modo cientifico, fixar o cexto^ori^lnal. Salta a^s c^hos a dificuldade da tarefa, pois estamos a mâis de lgOO aq^s de distancia do texto original e nenhuma obra recebeu tanta traduçao, copia, transcrição, como o Novo Testamento elevando portanto a 250.000 as variantes. d) C resultado deste estudo cientiflco-critico nao será a certeza do texto original, mas um texto que seja, ate o memento, cientificamente o mais proximo do originais e) As edições impressas mais antigas nao dispunham de muitos textos gregos, dai snaimperfeíçces. P.ex.: Novo testamento de Erasmo (1516); tisneros ( 1 5 1 ^ cu 1520); etc,... , f) primeira edições mais críticas são de finais do século XVII e inicigs do Século XVIIl^ feitas pelos ingleses Tell e Mill. Bengel (1734) fez autentico trbbalho crítico, assim como Iriesbach (1777). g) Diante da multidão imensa de papiros e manuscritos e lecionarios, a critica textual tem uma dupla tarefas - sistematizar as vatlantes^dadas pelos manuscritos; - escolher dentre este montão as que parecem refletir com maior exatidao o texto primitivo. h) á escolha deve ser baseada em princípios científicos para que a variante escolhida seja realmente a mais próxima do original, e não deve tal escolha ser entregue ao gosto de cada^critico, com perigo de subjetivismo. Portanto a preferencia por um texto não pode ser por questão pessoal ou porque enquadra melhoi no contexto, nem porque tal^texto ajuda mais a telogia. P.ex. em João lemos (1,13)s aquele (s) que não pala via do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade dç homem, mas de Deus nasceu (nasceram). Ha manuscritos para o singular e para o plural. 0 singular favorecia a concepção virginal de Cristo, mas nem por isso deve ser prefe rido, ja^que os manuscritos que trazem o plural são mais fidedignos. i) 0c critérios para a escolha da variante podem ser externos ou internos^ j) Ci.riterjLos,,ex^jnps. - sao os mais impcr';an*cess , - Nao interessa o conteúdo nem a idéia do texto, mas se o texto está ou não apoiado pelos manuscritos; - deve-se preferir como mais antigo, o texto mais apoiado por testemunhos; - deve-se levar em conta as familias dos manuscritos, de modo que nem sempre a,quantidade dos manuscritos vale mais. pois podem todos pertencer a uma so familia enquanto que outro texto tenha menos manuscritos, mas de diferentes familias e portanto de maior qualidade; - quanto mais antigo o texto,,tanto mais valor tem; - Deve-se atender as características do um textos o esmero do copista, quali dada do documento-base^mudanças em relação a outros textos; - notar e estudar a relação entro as variantes. Aplicando tais regras e outra mais, podemos estabelecer,nual o tex to mais próximo do original, usando os critérios externos. Em auxilio pode-se e deve-se trazer os critérios internos. k) critérios internos. - a leitura mais difícil é a mais antiga, por que em geral os copistas tem a tentação de simplificar os textos para ajudarão leitor; - a leitura mais breve em geral e a mâis antiga ja que se tem a tendencia a ampliar,, ^ , - contudo ha casos, de^que a versão mais breve e a mais tardia porque representa um resumo e não que a outra fosse uma ampliação; - so em caso extremo que se usa a conjectura. - deve-se buscar que o texto escolhido armonize com o contexto; - depois de escolher uma variante, deve-se tentar explicar como apareceram as outras variantes rejeitadas. 1. Depois de apl^cado§ estes critérios, externos e internos, chegamos a,um texto,que se cr§, gte o^momento da investj,gaçao,em questão,. como mais proximo do original. E sobre ele que se exercera a critica literaria. m) Apesar; da tarefa de reconstruir o texto original dos evangelhos seja realmente difícil § nunca poderemos dizer que conseguimos ter o te%to original, dontudo não ha nenhuma,obra da antigüidade que tenha tantos códices e que possua um texto tão proximo do original. Se a quantidade,das variantes ^orna o problema de reconstruir o texto original muito difícil, contudo e uipa riqueza § uma garantia de que, se feito o trabalho com seriedade e critérios cientificos, temos uma maior probabilidade de possuir um c texto mais proximo do original. CRÍTICA LITERARIA E 0 IROBLE.u'^ SINTÓIICO. A* NEXO. Depois que so fixou o mais exatamente posivel o,texto do N^T. vamos dar um passo a frente submetendo-o a uma amalise literaria. B-. PROBLEMA. a) Procurar examinar este texto buscando captar nele as peculiaridades e intenções literarias; , b) esclarecer a§ peripecias da composição de cada livro? buscar as eventuais fontes literarias dos mesmos; c) resolyer o problema da paternidade do livro; d) não so tentar fixar as fontes literarias do texto, mas cataloga-las segundo ordem determinada; , a) procurar também ver como^se manejou esta fonte, se se cp^ou ao pe da letra, se se fez alguma adaptação, profunda ou não, etc.... f) numa palavra: fazer a CRITICA DAS FONTES. C. PROBLEMA SINOTICO. , 0 problema mais serip são os tres evangelhos chamados sinoticos, ie. de Mateus, Marcos e Luças. a primeira vista eles aprqssentam muitas semelhanças a doutro lado também algumas^desemelhanças bem nítidas. 0 critico lite^rrio devera §xplicar tanto a razão haver tan_tas semelhanças, como também donde provem as desemelhanças e ate contradições. a) Semelhança da Evangelhos Sinoticos. - no conteúdos Marcos tem (sem^contar Mc 16,9-20) 66l versículos, dos quais mais dg 600 estão em Mateus a pelo menos 350 em Lucas - sequencias nos tres evangelhos se encontra o mesmo arcabouço da vida publica de Jesus s* aparição de J. Batista e,batismo de Jesus * longa atividade na Galileia^ Cafanaum centro. * viagem para a Pascoa, graves da Pereia, e permanencia em Jerusalem com a morte e se, pultamento., , João pelo^contrrio fa^a do varias viagens a Jeru§alem ( cinco) - vocabulários a coincidência vai ate o extremo do uso das mesmisimas palavras em muitos casos. b) Dessemelhançass - no conteudos*em Mc^ faltam quase totalmente os discursos emquanto que em Mt. são os ditos de Jesus agrupados em 6 grandes discursos; em Lc. os ditos egtão espalhados por todo o evangelho; *o evangelho da infancia falta em Mc.e são difrentes em Lc. e Mt. , , *cada evangelho tem alem disto seu material proprio; o mais de todos Lc. depois Mt. e depois Mc. D. ALGUNS PONTOS PARA A SOLUÇÃO DO PROBLEMA. a) Os evangelhos sinoticos são a fase final de uma loga- evolução, 1- fasefo^mecao. da- -trad-içãos:. logo após 'a:mor^e' 'e. CBi^tg.^ — ^ o dimehsÕíg.s reduzidas" "(vEf Lc 1,1-14). Mt..._.epLc-* ^s,am^fp^tes^esçr-ites ant^^iores, aneles;, Uma destas'font'ã's-'*(Q'- ^úelie' - fonte cm"alemão) Q, ' """'uma*coleção sobretudo de ditos de Jesus (Logia) era mais^importante. Mt. e Lc. usaram os Logia em grego, mas o original destes (Q) Logia era em aramaico. a " 5- fases redaçao dos evangelhos: os evangelhistas, imersos dentro da tradiçao oral, mas ja com^muitas redações escritas, parciais, se deram * ao trabalho da redação dos evangelhos. b) Ordem e dependência dos eva&gelhos. * Marcos e considerado o mais antigo dos evangelhos; *Lc< e Mt. usaram como fonte própria a Mc. e ^ (Logiã traduzidos em grego do aramaico). * Lc. usou também outras fontes desconhecidass Assim temos o seguinte esquemas ^ Q. * * * * * * ,Mc outras fontes o) atitude dos evangelistas diante do documento-base. ' '----i; Os evangelistas introduziram em relação aá fontes que.encontraram melhoras estilísticas. ^ .. . As vezes resumem as narrações: comoare Mt 9s 18-26 com Mc 5^21-43 e vera que Mc, o evangelho mais primitivo, nos apresenta uma narração muito maisrica em pcrmenores, esquento.que Mt. nos fornece uma narração resumida. Em outros casos se da o contrario, o evangelista tardio amplia o texto, para facilitar o leitor: Mt, 8,17 em relação a Mc 1.34 acrescenta uma passagem Antigo Testamento p?ra mostrar como Cristo realizou a profecia, de Igaias. As vezes temos dois fatos diferentes, mas que tematicamente são ligados, então o-evangelista faz,uma ligação entre eles. Assim a vocação de Mateus para Lc. se deu logo apos o milagre do paralitico enquanto que Mc. f^la de outra ida a beira-mar: Lc 5 17-37; Mc 2 1-22; mais: a discussão^se da çom os fariseus^dentro da casa de Levi (lc 5 29-39) a mesma discussão se da amoútra ocasião (mc 2 18-22). Noutros casos temos simples aclaragões^ Lc 5 29 cçloca Levi dan^ç o banquete para.Cristo, enquanto que Mc 2 15 usa uma formula mais elipticá. Lc. simplesmente aclarou. , Mudança de sentidos Pfa parabola da ovelhg perdida, o terceiro mehbro da comparaçac,para Lc, e a alegria, consequenc^a do encontro ( Lc 15.-3-7); pelo contrario, para Hat. e porque"nenhum destes pequeninos se perdera" Mt 18.12-14). Mt. evidentemente mudou o sentido. HISTORIA DAS FORMAS A. -NEXO critica literaria tentou estudar o texto escrito, ija tal analise e^incompleta poi existe o fato de que na realidade ha uma historia naprescrita e que por tanto se tem que ir mais alam dos textos literários escritos. A Historie das formas começada perguntar pelas formas literárias a pra-literãrias em sua evolução histórica. 3. PROBLEMA. , "' ^An/ia) O método da Historia das formas discerne na S.E.,comç. em qualauer outra literatura, uma quantidade de"formas literárias" (hino, lamentações, parábolas) que ele considera com as unidades menores e das quais os livros bíblicos foram tecidos. b) Para o método da Historia das formas o presuposto e,de que os escritos do N.T. pertencem a diversos generos literários, e de que uns mais, outros menos, conservam tesouros da trdiçao plasmados em moldar de "formas" e"alementos formais". c) Então o problema do método da Historia das formas es - detectar por meio„de análises minuciosas, em,cada escrito biblico, o carae a extensão de todas as formas literarias ai existentes; - estudar__leis literarias a que, em geral, estão subordinadas estas formas literarias; - descobrir as condições sociais, culturais e religiosas, em que nasceram tais formas e se enraizaram; - investigar o desenvolvimento ulterior das formas literarias; - numa palavra, a terfa principal e deaprossentar em sua pristina pureza as as formas de que no começa da tradição se revestiu a matéria evangelica, fazendo compreender sua genese e seguindo seu crescimento (evolmçao a trans formação)ate sua fização escrita. C. PRESUPOSTO DO MÉTODO E fato conhecido que entre gente iletrada a transf.iripaçao da matéria tradicionalmente se realiza dentro de um cy^Èo numero de formas bastante fixas, com leis de estilo e formas próprias. D. PRINCÍPIOS a) Os evangelhos carecem,de unidade organicas são formados artificialmente de "pequenas unidades literarias" de carater popular, primitivamente isoladas, e que foram reunidas em ciclos mais ou manso consideráveis; o trabalho do escritor sagrado (Mc. Lc. Mt. ) foi dar um enquadramento, uma moldura, em que se encaixam, enquadram estas unidades, antas soltas a isoladas. b) Tais unidades são fruto da tradição oral coletiva: os elementos que darão nascimento a^literatura evangelica sao fruto de^tradição oral coletiva, saida expontaneamente da comunidade primitiva, Estes elementos foram escritos^para as Qecessidad^s e a serviço da m§sma comunidade: pre? gação, discussão apologetica, polemica,com os adversarios, culto pala oração a canto. Tudo foi feito,j^urn espirito de adoração de Jesug Cristo. Não interessa os dados bibliográficos no sentido estrito, nem sobre Jesus nem sobre os que viveram a seu lado. Uma vez constituídas, estas pequenas criações evoluem, aperfeiçoan-se, acabam por aglomerar-se em grupos mais compactos para terminar nos evangelhos escritos. c) Existem^internas relações entre as múltiplas funções da comunidade na elaboração das "pequenas unidades literarias". Assim o exame atento de uma leva a outra. 3, MÉTODO a) Sxtrair os frgementos literários particulares de seu marco artificial onde foram enquadrados. 0 presuposto a de que tais unidades litsrarias da tradição evangelica^tem seu "Sitz im Leben" (= lugar natural da origem e vida; ex. "quem não se cemunica se trumbica"^tem seu "Sitz im Leben" no programam do Çhacrinha) na comunidade cristã primitiva; ie. nasceram de sus manifestações e necessidades vitais s^pr^gação, liturgia, instrução catequetica. Por-tanto o "Sitz im Leben" não e a vida da Jesus. ^ b) Classificar por generos, formar e fórmulas., - generosentendemos a forma que tem mais extensão e e mais ampla, abarcadora;, - fçrma-a e -yma unidade literaria menos, fixada oralmente ou por escrito; - formulas e o giro ou maneira da falar breve e expressiva. Exemplos de generos des escritos., do .Novo Testamento.?. - genero dos evtngelhos: um genero criado pela Igreja primitiva. Não se ralação com cada indivíduo a com todos os homens o Filho de Deus g Senhor anunciado na Palavra e presente no culto da comunidade,, esse Senhor que e ao mesmo tempo o Rabi e Profeta Jesus de Nazaré. A ^ A ^ A - sangro dos Atos dos Apostoloss genero proprio do Novo Testamento, fazendo uma unidade com o evangelho de Lucas. - gênero das cartas. - genero apocalíptico Exemplos de formas__dos. livros dcNpvo Testamentos - nos 3vangelhos-s-temos a tradição doutrinai que apresenta diversas formas s " - temos ditos proféticos: Lc 12,32 ditos sapienciaiss Mo 6,4 ditos jurídicos ou legislativos: Mt 7?6 comparações: ex. as parabolas de Cristos Lc 15 94-7 os ditos do "3u"s Mt 11,25 ditos que falam de seguimentos^Mt 8,12-22 agrupamento de ditos: ex. sermão da Montanha Mt 5?7 ainda a tradição históricas - paradigmas, tradições curtas: Mb 2, 1-12 dialçgos-disputas Mc 12, 13-13; Mc 12,18-27 historia dos milagres: Mc i 29-31 , narrações históricas: comtem algum feto historicos Mc 6,17-29 historia da paixão. c) Seguis a evoluçao^ das"unidadas" desde seus começos ate sua coleção por,escrito. Na transmissão oral sofreram ampliação e transformação. 0 método e procurar ver como os textos de Mc,e Q s§ modificaram pela elaboração de Ijt e Lc. Esta regularidade descoberta ai, tera sido mais ou menos a mesma na época da transmissão oral. Trabalho muito dificil. F. CRÍTICA a) Sem duvida tal método representa um progresso sobre a critica literaria,qua era unilateral; b) 3 um auxiliar util para iluminar um pouco o tampo obscuro da transmissão oral; c) 0 pressuposto fundamental e verdadeiros os evangelhos sao um tecido de pequenas unidades menores, e^t^rio^es. Pode-se distinguir nos evangelhos a tradição de palavras, historias soltas do Jesus Cristo e o marco artificial do autor, que enquadra as tradições; d) Contudo §xagarou-se demais est§ distinção, pois o marco, a moldura dos autores, não e tao artificial, mas e histórica nas suas grandes ^inhas, Dentro destas grandes linhas históricas, o resto foi disposto de um modo mais ou menos arbitrario; e) A classificação das^"unidades menores" por geqeros e formas é muito dificil, Ha muitas divergências entre os autores. Nos citamos no tra balho alguns exemplos, sem querer ser completo a pormenorizado. f) putra falha do método foi atribuir demasiada e quase exclusiva importancia a função criadora da comunidade primitiva, esvaziando o trabalho e a personalidade literaria dos escritores; g) Finalmente e falho querer medir a credibilidade histórica dos evangeihos sinoticos simplesmente pgr meio da critica da,historia das formas litararias, esquecendo um estudo sobre o fundo do conteúdo. Ha todo um trabalho feito por testemunhas oculares que fornecem elementos de conteúdo para çs evangelhos. 0 trabalho da comunidade primitiva não se explica som a existencia dos testemunhas oculares dos acontecimentos relativos a Jesus Cristo. 6. A. HISTORIA D^ REDAÇAO N3XO O método da historia das forcas negiiconciou bastante o aspecto da redação dos escritos na sua ultima fase^ ie. dar razão da obra em sua confuguração atual. Vendo o i%odo proprio de conceber de cada evangelista. A investigação histórica de cada redaçao vem completar este aspecto do estudo dos evangelhos. B. TAREFnS a) Investigar sobre o marco ou encuadrnmento que os evangelistas usam para agrupar os materiais da tradiçao chegados a eles . A redaçao dou aos escritores uma posibilida.de de reorganizar e reestruturar tais elementos. , b§ Salientar o papel pessoal do cada evangelista através da s - seleção do material" todos os evangelistas procuraram selecionar o material. S.João o indica expressamente,(Jo 20,38). Mc. se fixa preferentemente em fatos reais e e raro trazer discursos; - disposição e articulaçao .do .maretial: para os sinoticos e redaçao se converta em otimo meio de interpretação, elos se encontravam diante de uma tradição bem formada, muitgs vezes sem uma "situação" e toca a;os evangelistas por as ilações cronologlcas e topográficas. - acomodação do material da.._.tradic.apu por meio da acomodação se ve que os evangelistas nao foram meros transmisores e compiladores, mas interpretes da tradição. - o trabalho peculiar de cada evangelista: - estilístico: introduzam melhoras no estilo, tem sou estilo proprio, escolhem as palavras, modificam a construção das frasáes, etc... - aclaracão do texto-bases quando o evangelista quer que seu leitor entenda a expressão usada no documentos ex. Lc 22.69 acrescentando Deus" a palavra "força'' de Mc 14.62. - omissão de uma expressão difícil: Mt 8.3 o Lc 5*13 omitem a palayra"irado" e falam de "comovido", como aliag diversas versões de Mc 1.4l,T. Outras vezes de Mc 1.41 preferem a versão "irado". - transposição de uma mateforas Mt 7.24-27 tem diante de SI a casa palestinense e,Lc 6.47?49 traz a metafora para o territorio helenistico 03.de a casa bem construída so fazia sempre sobre a rocha natural. - transposição de uma pericope-fontes Mc 14*57-58 e Mt 26.6Õ-6I se referem a Jesus^ At 6.13-14 aplica a mesma idéia ao matiriode S. Estevão - mudanças dentro da mesma oericooas as tentações em Mt. tem a seguinte ordems deserto-Jerusalemmonte; em Lc temoss deserto-monte-Jerusal&i, - Adição & outra unidade_literaria_da tradicãosLc 14.16-24 tem a redaçao primitiva da parabola ^o festim e ^t 22^1^4 acrescenta outra parabol^ originariamente autonoma; o mesmo na parabola da vinha se coloca o "logion" "os últimos serão os primeiros (Mt 20. 1-16) que aparece em outro contextos Mt 19*30. - Proceso de intercalação de um texto que vagava na tradição; Mc interca la na sua parabola do semeador a explicação? Mb 4*3-9 e Mc 4*13-20. - completa-se uma passagem com outras da tradição: Mt completa,a narraçã do processo do Jesus por Pilatos ( Mt 27.15-26) com a pericopa do sonho da mulher de Pilatos (Mt 27.19). - abrevia-se,o documento-base: Mt abrevia a parte narrativa da Mc nao "raras vezes: (Mt 8. 28-34) Mc 5.1-20). - uso de palavras-ponte: para introduzir o Pai Nosso, Mt usa a expressão: "quando oreis" (Mt 6.5-13). - ligação de pericopas primitivamente desligadas: Mc liga-as freqüentemente sem fazer ilaçao, mas Mt faz mediante a particula graga "tote = então , Mt 9.14; 11.20; 12.22-38; 51.1). - técnica da composição de^sumários: entre uma cena e outra ta coloca uma transiçao ou ampliação, de modo que cada na um caso particular do narrados Mc 1.34-45s fala que muitos milagres e depois vem alguns casos particulares o evangeliscena se torJesus fez de mmlagres. - acréscimos da dados geográficos e topográficos: as§im para Mt a montanha tem um papel distinto que em Lc. Para Mt e^o lug^r das revelações (Mt 5*1; 15.22) empara Lc o lugar da oração a sos,( Lc 6.12; 9.28) Jerüsalem para Lc e o centro de sua exposição histórica da salvação; - alusão,ao cumppimeto das profecias do antigo Testamentos e uma caracteristica de M^s Mt 1.22-ss"; 2<,5-ssl*15.17-ss; 23; 3.3; etc... ainda que também Mo 14?49 e Lc 24*44 e Jo Í2.38 fazem o mesmo. h, ^ - dramatizacao de uma cena_ou"logion":.a narraçao sóbria de Mc 7*25 sofre uma transformaçao mais dramatica em Mt 15;22-4* - interpretação acrescenta que aquele Audos ( cf teológicas Quando a vocação da ^aví Mc 2.24 Lc que "deixando tudo" (Lc 5*28), ele pretende acentuar que se decide seguir a Cristo deve desprender-se de Lc 5.11; 14*33; 18,22.28). Como se,pode ver 9 trabalho de analise dos evangelhos e algo muito serio e dificil. Ha tantos nuances e pormenores que, bem entendidos, nos ajudam a uma intelecção mais rica da mensagem de Cristo. Contudo não nos deve tal reflexão nos afastar da,leitura ^os evangelhos çomo de algo hermetico.,Pelo contrario, sara a leitura assídua que nos introduzira lentamente numa melhor,intelecção, que, §inda que nem sempre tenh§ um cunho cientifico, contudo será muito proveitosa para nos. Belo Horizonte, 7 de setambro da 1970 João Batista Libanio S.J.