UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM NEUROCIÊNCIAS E BIOLOGIA CELULAR ÁREA DE CONCENTRAÇÃO NEUROCIÊNCIAS ELIZA MARIA DA COSTA BRITO LACERDA Avaliação Psicofísica Visual Cromática e Acromática de Sujeitos Expostos de Forma Crônica Ocupacional à Mistura de Solventes Orgânicos BELÉM, PARÁ 2010 ii ELIZA MARIA DA COSTA BRITO LACERDA Avaliação Psicofísica Visual Cromática e Acromática de Sujeitos Expostos de Forma Crônica Ocupacional à Mistura de Solventes Orgânicos Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Neurociências e Biologia Celular (Área de Concentração Neurociências) da Universidade Federal do Pará como requisito parcial para obtenção do grau de mestre em Ciências Orientador: Prof. Dr. Luiz Carlos de Lima Silveira BELÉM, PARÁ 2010 iii ELIZA MARIA DA COSTA BRITO LACERDA Avaliação Psicofísica Visual Cromática e Acromática de Sujeitos Expostos de Forma Crônica Ocupacional à Mistura de Solventes Orgânicos Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Neurociências e Biologia Celular (Área de Concentração Neurociências) da Universidade Federal do Pará como requisito parcial para obtenção do grau de mestre em Ciências Data da Avaliação: 24 de fevereiro de 2010 Comissão Avaliadora: Prof. Dr. Luiz Carlos de Lima Silveira- Orientador Faculdade de Medicina, Instituto de Ciências da Saúde, UFPA Núcleo de Medicina Tropical, UFPA Prof. Dr. Antônio José de Oliveira Castro Faculdade de Nutrição, Instituto de Ciências da Saúde, UFPA Prof. Dr. Bruno Duarte Gomes Faculdade de Biotecnologia, Instituto de Ciências Biológicas, UFPA Profa. Dra. Dora Selma Fix Ventura Instituto de Psicologia, USP Dr. Anderson Raiol Rodrigues- Suplente Instituto de Ciências Biológicas, UFPA BELÉM, PARÁ 2010 iv Lacerda, Eliza Maria da Costa Brito AVALIAÇÃO PSICOFÍSICA VISUAL CROMÁTICA E ACROMÁTICA DE SUJEITOS EXPOSTOS DE FORMA CRÔNICA OCUPACIONAL À MISTURA DE SOLVENTES ORGÂNICOS. Belém, Pará, UFPA/ICB, 2010. xxi, 175 f Dissertação: Mestre em Ciências (Neurociências) 1. Solventes orgânicos. 2. Psicofísica visual. 3. Visão de cor. 4. Visão espacial. 5. Visão temporal. 6. Campo visual. 7. Neurotoxicologia. I. Universidade Federal do Pará/ Instituto de Ciências Biológica. II. Título. v vi A vida sem ciência é uma espécie de morte. (Sócrates) vii Para Heitor Lacerda Souza viii AGRADECIMENTOS Ao Prof. Dr. Luiz Carlos de Lima Silveira que é um excelente orientador, para quem eu jamais conseguiria agradecer de forma justa somente em duas linhas. À Profa. Dra. Dora Fix Ventura pelos conselhos e orientações sempre tão simpáticos ao longo deste projeto de pesquisa. Ao Prof. Dr. Givago da Silva Souza, pela incansável orientação, presteza e dedicação durante todo o desenvolvimento deste trabalho. Seu incentivo foi de fundamental importância para que eu realizasse o mestrado. Ao Dr. Anderson Raiol Rodrigues por contribuir com dados controle para este trabalho e sempre ter arranjado tempo para ajudar no que fosse necessário. Suas contribuições foram inúmeras. Ao MSc. Claúdio Eduardo Corrêa Teixeira por contribuir com dados controle para este trabalho e pelo olhar crítico importante para a busca de melhorar cada vez mais tudo que é feito. Ao Prof. Dr. Bruno Duarte Gomes por sempre procurar responder as minhas dúvidas. À Monica Gomes Lima, pela parceria durante todos estes anos de universidade. Ao Dr. Lauro José Barata de Lima por fazer a avaliação clínica oftalmológica dos sujeitos desta pesquisa. A todos os membros do Laboratório de Neurologia Tropical que contribuíram com discussões, incentivos, correções, apoio técnico e intelectual, e principalmente por formarem um ambiente tão prazeroso para trabalhar. Gosto de todos como minha família. A Universidade Federal do Pará por ter propiciado a minha formação acadêmica. ix Aos órgãos de fomento a pesquisa CNPq, CAPES e FINEP IBN-Net pelo apóio financeiro. À todos os frentistas que foram voluntários nesta pesquisa pela generosidade, paciência e cavalheirismo durante a realização dos testes. À Maria Glauciane de Oliveira Brito por cuidar com tanto carinho do meu filho enquanto eu trabalhava. A qualidade deste trabalho se deve em muito a tranqüilidade que ela me proporcionou. Agradecerei por toda minha vida aos meus pais Fernando Antônio Gama Lacerda e Raimunda Luzia da Costa Brito Lacerda que são maravilhosos, que me deram tudo o que sei e o que sou de melhor. Aos meus irmãos Fernando da Costa Brito Lacerda e Felipe André da Costa Brito pelas conversas amigas e os momentos de distração que me deram leveza para pensar. Ao casal Maria Glagean e Braz Souza, pelo incentivo para realização deste mestrado. O convívio com toda minha grande e diversificada família me ajudou muito a trabalhar com humanos, obrigada. x O presente trabalho foi realizado no Laboratório de Neurologia Tropical, Núcleo de Medicina Tropical, Universidade Federal do Pará, sob orientação do prof. Luiz Carlos de Lima Silveira. O autor recebeu bolsa de mestrado CNPq durante a realização deste trabalho. Estavam em vigências os seguintes suportes financeiros: CNPq-PRONEX/ SECTAM-FUNTEC / FADESP no 1079; CNPq-PRONEX/ FAPESPA/ UFPA/ FADESP Convênio no 2268; CNPq Edital Universal no 471815/2004-7 e 486351/20068, CNPq EDITAL MCT/CT-INFRA/CTENERG no 620248/2006-8 e 620037/2008-3; CAPES-PROCAD no 182/2007; CNPq EDITAL MCT/CT-SAÚDE no 550671/2007-2; FINEP/FADESP Rede Instituto Brasileiro de Neurociências (IBN Net), Ref no 4191/05, Proc. no 01.06.0842-00, Convênio no 1723. xi RESUMO Objetivos: Avaliar através de métodos psicofísicos visão cromática e acromática de sujeitos expostos de forma crônica ocupacional a mistura de solventes orgânicos. Métodos: Foram testados 30 frentistas (31,3 ± 8,5 anos de idade) de postos de distribuição de combustível com tempo de trabalho médio de 47,3 meses (±64,25). Testes psicofísicos usados: discriminação de cores pelo método de Mollon-Reffin (MR) (n=17) cujos parâmetros utilizados foram o diâmetro do circulo equivalente a área da elípse (D), elipticidade (a/b) e inclinação da elipse (α); ordenamento dos 100 matizes de Farnsworth-Munsell 100 (FM–100) (n=26) cujos parâmetros usados foram valor de erro e pontos médios, função de sensibilidade ao contraste espacial (SCE) e temporal (SCT) de luminância (n=25); e os protocolos central 10-2, central 30-2 e periferia 60-4 da perimetria estática de Humphrey (PEH) (n=21) cujos parâmetros usados foram valores de sensibilidade, MD e PSD. Os resultados de cada frentista e os valores médios deste grupo foram comparados com intervalos de tolerância e de intervalo de confiança do grupo controle que foi dividido na faixa etária de 16 a 30 anos, 31 a 45 anos e 46 a 60 anos. Para avaliar diferenças entre o grupo de frentistas e o grupo controle utilizou-se o teste-t e para avaliar correlações entre tempo de exposição e desempenho nos testes utilizou-se o índice de correlação linear de Pearson sempre considerando α=0.05. Resultados: MR: Oito frentistas (41,1%) apresentaram pelo menos uma das 5 elipses com valores de D acima do limite de tolerância superior em geral com o correspondente valor de a/b também fora do intervalo de tolerância, no entanto, a média dos valores de todos os parâmetros do grupo de frentistas está dentro do intervalo de confiança do grupo controle. Existe diferença estatística entre os valores de D (em E1, E3, E4); a/b (em E3, E5) e α (E2, E3, E5) entre o grupo de frentistas e o grupo controle. Não houve correlação entre tempo de exposição e desempenho neste teste. FM-100: Dezenove frentistas (73,1%) apresentaram valores de erro acima do limite de tolerância superior do grupo controle. A média dos valores de erro deste grupo está acima do limite de confiança superior do grupo controle. Existe diferença estatística entre os valores de erro do grupo de frentistas e o grupo controle. Não houve correlação entre tempo de exposição e o desempenho neste teste. SCE: Treze frentistas (52%) apresentaram valores de SCE de luminância abaixo do limite de tolerância inferior do grupo controle. A média dos valores da função de SCE de luminância estão abaixo do limite de confiança do grupo controle nas freqüências espaciais de 0,8cpg, 20 cpg, 30 cpg na faixa etária de 16 a 30 anos, 20 cpg e 30 cpg na faixa etária de 31 a 45 anos e 4 cpg, 6 xii cpg, 10 cpg, 15 cpg, 20 cpg e 30 cpg na faixa etária de 46 a 60 anos. Existe diferença estatística entre os valores da SCE de luminância entre grupo de frentistas nas freqüências espaciais de 20 e 30 cpg. Não houve correlação entre tempo de exposição e desempenho nos testes. SCT: somente dois frentistas (8%) apresentaram valores de SCT de luminância abaixo do limite de tolerância inferior do grupo controle. A média dos valores da função de SCT de luminância estão dentro do intervalo de confiança do grupo controle. Não existe diferença estatística entre os valores da SCT de luminância entre grupo de frentista e o grupo controle. Não houve correlação entre tempo de exposição e desempenho neste teste. PEH: Seis frentistas (28,57%) apresentaram valores de sensibilidade acromática menor que o grupo controle na região 100 a 600 de ângulo visual. A média dos valores de sensibilidade acromática foi menor que o limite inferior de confiança do grupo controle na região de 20 0 a 45 0 na faixa etária de 16 a 30 anos e na região de 100 a 600 na faixa etária de 31 a 45 anos. Existe diferença estatística para a média de sensibilidade acromática na região de 100 a 300 de ângulo visual entre o grupo de frentistas e o grupo controle. O PSD no Protocolo central 10-2 e central 30-2 foi menor que o grupo controle, e o MD do protocolo central 30-2 foi maior que grupo controle. Houve correlação entre tempo de exposição e sensibilidade acromática de 0 0 a 3,30 de ângulo visual e de 100 a 200 de ângulo visual. Conclusão: 25 dos 29 (86,2%) dos sujeitos expostos de forma crônica ocupacional a solventes orgânicos apresentam algum tipo de alteração visual. Os frentistas apresentaram perda de sensibilidade cromática do tipo difusa, diminuição da SCE de luminância nas freqüências espaciais mais altas de diminuição da sensibilidade acromática na região do campo visual de 10 0 a 30 0 de ângulo visual caracterizada com uma ilha de visão irregular. Existe correlação entre tempo de exposição e sensibilidade acromática na região central do campo visual. Houve maior dano para visão cromática que para visão acromática. Palavras chave: Solventes orgânicos, psicofísica visual, visão cromática, visão acromática, neurotoxicologia. xiii ABSTRACT Purpose: To evaluate achromatic and chromatic vision from chronically solventexposed workers using psychophysical methods. Methods: Thirty chronically solventexposed workers (31.3 ± 8.5 years age) with mean labour time: 47.3 ± 64.25 months were evaluated. Psychophysical tests used were Mollon-Reffin test (MR) (n = 17) whose results were expressed circles diameter (D), ellipticity (a/b) and ellipse’s inclination (α); Farnsworth-Munsell 100 (FM-100) (n = 26) where the parameter used was error value and medium point; spatial and temporal contrast sensitivity functions (n = 25) and visual automated computerized perimetry (n = 21), where the parameter used was sensibility value, MD and PSD parameters. The results of the workers were compared with tolerance interval and interval of confidence age-matched control group aged 16 to 30 years, 31 to 45 years, 46 to 60 years. To test the difference between the work group and control group used t test and to test the correlation between exposure time and result test it was used the Pearson linear correlation index (α=0.05). Results: MR: Eight workers (41.1%) showed at least one ellipse with D and a/b above of the upper tolerance limit of the control group. Solvent-exposed workers group showed all parameters in the interval of confidence of control group. There was statistical difference in the D (E1, E3, E4); a/b (E3, E5) and α (E2, E3, E5) values between the solvent exposed-workers and control group. There was no correlation between the exposure time and test results. FM-100: Nineteen workers (73.1%) showed error above the upper tolerance limit of the control group. Solvent-exposed workers group showed errors higher than normal group. There was statistical difference between the solventexposed workers and control group. There was no correlation between the exposure time and test results. Spatial contrast sensitivity function: Thirteen workers (52%) showed contrast sensitivity lower than the lower tolerance limit for at least one spatial frequency. The solvent-exposed workers group had lower contrast sensitivity than the control group at 0.8, 20 and 30 cpd for 16-30 years-old range; at 20 and 30 cpd for 3145 years-old range; and 4, 6, 10, 15, 20 and 30 cpd for 46-60 years-old range. There was statistical difference for spatial contrast sensitivity between the solvent-exposed workers and control group at 20 and 30 cpd. There was no correlation between exposure time and test result. Temporal contrast sensitivity function: Two workers (8%) showed contrast sensitivity lower than the lower tolerance limit of the control group. Solventexposed workers group had contrast sensitivity in the interval of confidence of the xiv control group and there was not statistical difference between both groups. There was no correlation between the exposure time and test results. Visual automated computerized perimetry: Six workers (28.57%) showed achromatic sensitivity lower than control group at 100 and 600 visual field. The mean achromatic sensitivity value was lower than the limit of confidence at 200 and 450 for 16-30 years-old range; at 100 and 60 0 for 31-45 years-old range. There was statistical difference between mean achromatic sensitivity of the solvent-exposed workers and control groups. PSD in the 10-2 and 30-2 central protocols and MD of 30-2 central protocol were lower than the control group. There was correlation between the exposure time and test results to achromatic sensitivity at 0 0 and 3.30 and 100 a 200 of visual field (R2 = 0.263). Conclusion: 25 of 29 (86.2%) workers showed some visual alteration. There were color vision, spatial contrast sensitivity and visual field losses. The visual field showed irregular vision loss. There was statistical correlation between exposure time and achromatic sensitivity in the central visual field (R2 = 0.223). There was more damage in the chromatic vision than achromatic vision. Keywords: Organic solvent exposition, visual psychophysics, chromatic vision, achromatic vision, neurotoxicology. xv SUMÁRIO RESUMO xi ABSTRACT xiii LISTA DE FIGURAS xvii LISTA DE TABELAS xx 1 INTRODUÇÃO 1 1.1 SOLVENTES ORGÂNICOS 1 1.2 O SISTEMA VISUAL COMO INDICADOR DE INTOXICAÇÃO NO 9 SISTEMA NERVOSO 1.3 PSICOFÍSICA VISUAL 10 1.4 LUMINÂNCIA 26 1.5 CAMPO VISUAL 27 1.6 COR 32 1.7 PROCESSAMENTO DA INFORMAÇÃO VISUAL 43 1.8 OBJETIVO 58 2 MATERIAL E MÉTODOS 59 2.1 SUJEITOS 59 2.2 TESTES DE AVALIAÇÃO VISUAL 63 2.3 ANÁLISE DOS DADOS 88 3 RESULTADOS 89 3.1 DETERMINAÇÃO DOS LIMIARES DE DISCRIMINAÇÃO DE 89 CORES PELO MÉTODO DE MOLLON-REFFIN 3.2 DISCRIMINAÇÃO DE CORES PELO TESTE DE ORDENAMENTO 95 DO 100 MATIZES DE FARNSWORTH-MUNSELL 3.3 DETERMINAÇÃO DA FUNÇÃO DE SENSIBILIDADE AO 99 SENSIBILIDADE AO 103 CONTRASTE ESPACIAL DE LUMINÂNCIA 3.4 DETERMINAÇÃO DA FUNÇÃO DE CONTRASTE TEMPORAL DE LUMINÂNCIA 3.5 AVALIAÇÃO DE CAMPO VISUAL ACROMÁTICO ATRAVÉS DA 106 PERIMETRIA ESTÁTICA DE HUMPHREY 4 DISCUSSÃO 4.1 EFEITOS NA VISÃO CROMÁTICA 115 116 xvi 4.2 EFEITOS NA VISÃO ACROMÁTICA 122 4.3 CARACTERÍSTICA DO PROCESSAMENTO VISUAL PARA OS 126 RESULTADOS OBTIDOS 4.4 CARACTERÍSTICAS DA EXPOSIÇÃO 5 CONCLUSÃO 128 130 6 PRODUÇÃO BIBLIOGRÁFICA GERADA A PARTIR DESTA 132 DISSSERTAÇÃO 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 147 ANÉXO 1 171 APÊNDICE 1 172 APRÊDICE 2 174 APÊNDICE 3 175 xvii LISTA DE FIGURAS Figura 1 Porcentagem de detecção em função da intensidade do estímulo 14 para um limiar ideal Figura 2 Porcentagem de detecção em função da intensidade do estímulo 17 para um limiar real Figura 3 Registro dos passos no procedimento em escada 19 Figura 4 Função psicométrica obtida pelo método de escolha forçada 21 Figura 5 Registro dos passos procedimentos PEST 24 Figura 6 Esquema do campo visual monocular normal 29 Figura 7 Gráfico da densidade de fotorreceptores na retina 30 Figura 8 Representação esquemática da ilha de visão normal 31 Figura 9 Espectro visível da radiação eletromagnética 33 Figura 10 Diagrama de cromaticidades da CIE 1931 36 Figura 11 Representação esquemática do sistema de classificação de cor de 39 Munsell Figura 12 Eixos de confusão de cor representados no diagrama de 42 cromaticidade da CIE 1976 Figura 13 Tipos neurais básicos da retina de mamíferos 45 Figura 14 Curva da absorção espectral dos fotorreceptores 46 Figura 15 Esquema da circuitaria da retina com ênfase para os canais de 48 oponência Figura 16 As 6 camadas do Núcleo Geniculado Lateral de macaco 53 Figura 17 Vias retino-genículo-cortical em humanos 54 Figura 18 Organograma dos procedimentos realizados com os sujeitos 62 expostos de forma ocupacional a solventes orgânicos Figura 19 Modelo dos optotipos de Snellen 64 Figura 20 Placas de Ishihara 66 Figura 21 Estímulos típicos usados no teste de limiar de discriminação de 69 cores pelo método de Mollon-Reffin Figura 22 Elipses de discriminação de cores obtidas no teste de discriminação 73 de limiares de cor pelo método de Mollon-Reffin Figura 23 Esquema do estímulo para o teste de ordenamento de 100 matizes 75 xviii de Farnsworth-Munsell Figura 24 Gráfico polar do teste de ordenamento dos 100 matizes de 78 Farnsworth-Munsell de um sujeito exposto de forma crônica ocupacional a solventes orgânicos Figura 25 Esquema do estimulo do teste de determinação da função de 81 sensibilidade ao contraste espacial de luminância Figura 26 Esquema do estimulo do teste de determinação da função de 84 sensibilidade ao contraste temporal de luminância Figura 27 Esquema da matriz de pontos testados no campo visual pela 87 perimetria estática de Humphrey Figura 28 Gráfico da média de valores de diâmetro do círculo equivalente a 94 área da elipse obtido do teste de discriminação de cores pelo método de Mollon-Reffin do grupo exposto de forma crônica ocupacional a mistura de solventes orgânicos comparado com o Intervalo de confiança do grupo controle Figura 29 Gráfico da média de valores de erro no teste de ordenamentos dos 98 matizes de Farnsworth-Munsell do grupo exposto de forma crônica ocupacional a mistura de solventes orgânicos comparado com o Intervalo de confiança superior do grupo controle Figura 30 O gráfico da média de valores de sensibilidade ao contraste 102 espacial de luminância do grupo exposto de forma ocupacional a solventes orgânicos comparado com o Intervalo de confiança do grupo controle Figura 31 O gráfico da média de valores de sensibilidade ao contraste 105 temporal de luminância do grupo exposto de forma crônica ocupacional à mistura de solventes orgânicos comparado com o Intervalo de confiança do grupo controle Figura 32 O gráfico da média de valores do limiar de sensibilidade 111 acromático em anéis concêntricos do grupo exposto de forma crônica ocupacional à mistura de solventes orgânicos comparado com o intervalo de confiança do grupo controle. Figura 33 O gráfico da média de valores de MD para os dois protocolos de 112 avaliação central (Protocolo 10-2 e 30-2) do grupo exposto de xix forma crônica ocupacional a mistura de solventes orgânicos comparado com o intervalo de confiança do grupo controle Figura 34 O gráfico da média de valores de PSD para os dois protocolos de 113 avaliação central (Protocolo 10-2 e 30-2) do grupo exposto de forma crônica ocupacional a mistura de solventes orgânicos comparado com o intervalo de confiança do grupo controle Figura 35 Gráfico da Correlação de Pearson para valores de limiar 114 acromático do grupo exposto de forma ocupacional a mistura de solventes orgânicos e o tempo de exposição em meses xx LISTA DE TABELAS Tabela 1 Resposta hipotética para estímulos apresentados em quatro 16 tentativas ascendentes e a porcentagem de detecção de cada estímulo baseado nestes resultados Tabela 2 Coordenadas do ponto central das elipses de discriminação de 70 cores, segundo o Diagrama de cromaticidade da CIE 1976 Tabela 3 Valores do diâmetro do círculo equivalente a área da elipse dos 91 sujeitos expostos de forma crônica ocupacional a mistura de solventes orgânicos Tabela 4 Valores da elipticidade (a/b) da elipse dos sujeitos expostos de 92 forma crônica ocupacional a mistura de solventes orgânicos Tabela 5 Valores de p do diâmetro do círculo equivalente a área da elipse 93 (D), elipticidade (a/b) e ângulo de inclinação (α) da elipse do grupo exposto a mistura de solventes orgânicos quando comparados ao grupo controle Tabela 6 Valores de erro e pontos médios dos sujeitos expostos de forma 96 crônica ocupacional a mistura de solventes orgânicos Tabela 7 Valores de sensibilidade ao contraste espacial de luminância em 101 cada uma das freqüências espaciais estudadas (em cpg) dos sujeitosa expostos de forma crônica ocupacional a mistura de solventes orgânicos Tabela 8 Valores de p para os valores de sensibilidade ao contraste espacial 101 de luminância do grupo exposto a mistura de solventes orgânicos quando comparados ao grupo controle em cada uma das freqüências espaciais (cpg) Tabela 9 Valores de sensibilidade ao contraste temporal de luminância em 104 cada uma das freqüências temporais estudadas (em Hz) dos sujeitos expostos de forma crônica ocupacional a mistura de solventes orgânicos Tabela 10 Valores de p para os valores de sensibilidade ao contraste temporal 104 de luminância do grupo exposto a mistura de solventes orgânicos comparados ao grupo controle em cada uma das freqüências xxi espaciais (Hz) Tabela 11 Somatória dos valores de sensibilidade acromático dos anéis 109 concêntricos do campo visual estudado (em dB) de sujeitos expostos de forma crônica ocupacional a mistura de solventes orgânicos Tabela 12 Valores de p para os valores de sensibilidade acromático dos anéis 109 concêntricos do campo visual estudado (graus de ângulo visual) do grupo exposto a mistura de solventes orgânicos quando comparados ao grupo controle Tabela13 Valores dos índices globais dos sujeitos expostos de forma crônica 110 ocupacional a mistura de solventes orgânicos Tabela 14 Valores de p para os Indices Globais (IG) do grupo exposto a mistura de solventes orgânicos quando comparados ao grupo controle 110 1 1 1.1 INTRODUÇÃO SOLVENTES ORGÂNICOS Solvente pode ser definido como um líquido que tem a habilidade para dissolver, suspender ou extrair outros materiais sem alterar a química do material ou do solvente. Os solventes orgânicos são compostos voláteis ou misturas que são quimicamente estáveis e que existem em estado líquido na temperatura de 0 a 2500 C e são compostos basicamente por átomos de hidrogênio e carbono (OSHS, 1998). A base de classificação de solventes orgânicos é sua composição química, os membros de uma mesma classe apresentam, em geral, características similares e mesma ação química, porém é comum ocorrerem importantes variações de efeitos tóxicos dentro de um mesmo grupo de solventes (NOHSC, 1990). Os solventes orgânicos são largamente aplicados nas mais diversas etapas da produção industrial. Sua versatilidade vai da produção de bebidas à composição de cosméticos, produtos farmacêuticos, desinfetantes, tintas, vernizes, combustíveis de motores, adesivos, preservativos, explosivos, plásticos, pesticidas, extração de óleos e materiais medicinais, uso em várias reações químicas e procedimentos laboratoriais (NOHSC, 1990; HSE, 1999). Uma variedade de produtos como solventes industrializados, materiais de pintura e combustíveis são compostos especificamente por tricloroetano (TCA), xileno, tolueno, metiletilcetona (MEK), benzeno e cloreto de metileno. O grande uso desses agentes requer a disponibilização de um enorme volume deles a cada ano e representa uma intermitente fonte de exposição para a população em geral que pode ocorrer tanto no ambiente urbano quanto rural, em casa ou no trabalho, através da contaminação do ar, da água ou de alimentos (LEMASTERS et al., 1997). 2 1.1.1 Neurotoxicidade dos solventes orgânicos sobre o sistema nervoso central e periférico Os estudos sobre os efeitos de solventes nos sistemas orgânicos são cada vez mais comuns em medicina do trabalho, tendo em vista que uma grande parte das contaminações prejudiciais aos organismos ocorre por exposição ocupacional (HANNINEN et al., 1976; MERGLER et al., 1990; AHMADI et al., 2002; BOECKELMANN e PFISTER, 2003; SEMPLE et al., 2007). A maioria dos trabalhadores contaminados são aqueles expostos a misturas de solventes (HANNINEN et al., 1976; MIKKELSEN, 1980; OLSEN et al., 1980; PFISTER et al., BOECKELMANN e PFISTER, 2003). A inalação é a principal via de contato do organismo humano com os solventes orgânicos no ambiente de trabalho; além desse, o contato pode ocorrer por absorção através da pele sem que necessariamente haja um dano direto à própria pele. A ingestão é relativamente o contato de menor significância na exposição ocupacional (NOHSC, 1990). O contato também pode se dar pelo uso abusivo de determinados solventes orgânicos devido as propriedades narcóticas que possuem (AMADUCCI et al., 1982; CHANCELLOR et al., 1993; SMARGIASSI et al., 1999). Os solventes orgânicos são perigosos, pois são facilmente dissolvidos e absorvidos pelo corpo e têm grande capacidade de afetar o sistema nervoso já que são fortemente lipofílicos, em outras palavras, eles apresentam grande facilidade de se distribuir em órgãos ricos em lipídios como o cérebro (ROSENBERG, 1989). A exposição a solventes orgânicos pode resultar em uma variedade de sérios danos a saúde (BAELUM et al., 1982; CHEN et al., 2001; DICK, 2007) causando efeitos tanto no sistema nervoso central quanto no sistema nervoso periférico levando a diferentes distúrbios nas funções neuropsicológicas (BOCKELMANN et al., 2002 ). Os efeitos dos solventes orgânicos no sistema nervoso são observados em estruturas lipídicas do tecido nervoso, mais precisamente na bainha de mielina dos axônios e membrana celular (BOECKELMANN e PFISTER, 2003). 3 Existe uma forte relação entre a exposição aguda e crônica a solventes orgânicos e características neuropsicológicas. O neuroticismo de pintores é significativamente mais alto que em controles e tal característica está relacionada a sintomas neuropsicológicos em todos os sujeitos (CHEN et al., 2001). O aumento do neuroticismo é diretamente proporcional ao tempo de exposição aos solventes orgânicos (CHEN et al., 2001). As mudanças cognitivas e neuropsicológicas são comuns a este tipo de intoxicação (BAKER, 1994) que podem produzir uma série de mudanças em estádos mentais, como ansiedade, irritabilidade, depressão e fadiga (BAELUM et al., 1982; GREGERSEN et al., 1984; LINZ et al., 1986; GREGERSEN et al., 1987; MORROW et al., 1989; NOHSC, 1990). Pode ocorrer dificuldade na concentração (BAELUM et al., 1982), perda de memória (LEE e LEE, 1883), mudança de personalidade, perda de motivação (BAELUM et al., 1982; NOHSC, 1990), perda cognitiva até demência completa, como relatado para o n-hexano e metil butil cetona (ROSEMBERG, 1989) e outros solventes (DICK et al., 2002), além de promoção ou agravamento de distúrbios do sono em caso de exposição crônica a mistura de solventes orgânicos (VIAENE et al., 2009). Trabalhadores expostos por tempo prolongado a baixos níveis de solventes orgânicos voláteis, principalmente n-hexano e tolueno, apresentam efeito deletério central envolvendo regulação postural em situações de conflito sensorial (HERPIN et al., 2009). Isto porque a exposição crônica a solventes orgânicos voláteis causa efeitos adversos no sistema nervo central levando à perda da atividade das vias vestibulares (HERPIN et al., 2009). O uso abusivo crônico de tolueno produz diminuição da massa cinzenta em relação ao grupo controle em diversas regiões do cérebro; no entanto, somente a diminuição do volume da massa cinzenta no córtex frontal e parietal dos usuários crônicos está relacionada com deficiência cognitiva (AYDIN et al., 2009). Encefalopatias e alterações visuais são outros acometimentos observados na intoxicação aguda e crônica por solventes (RAITTA et al., 4 1981; BAELUM et al., 1982; MERGLER et al., 1990; LEE e LEE, 1993; BAKER, 1994; FELDMAN et al., 1999) sendo o tolueno um dos compostos responsabilizados por esses efeitos (ROSENBERG, 1989; GOBBA et al., 1992). Tem sido descrita também uma neuropatia ocupacional causada pela exposição crônica a 2-t-butil-2-hidroxi-5-metilexano (BHMH), sendo que alguns sintomas desaparecem quando a exposição é descontinuada (HORAN et al., 1985). A exposição crônica ao n-hexano e metil n-butil cetona é associada com a degeneração de células nervosas no sistema nervoso periférico resultando em sintomas como cansaço das pernas, mialgia, dor, fraqueza e hipoestesia dos membros (NOHSC, 1990). Irritações nos olhos, nariz e garganta também podem ocorrer em decorrência da exposição a misturas de solventes (CHEN et al., 2001). Mudanças genotóxicas pequenas podem ocorrer depois da exposição aguda a baixos níveis de solventes e combustíveis (LEMANSTER et al., 1997) e alguns estudos epidemiológicos têm sugerido que a exposição crônica a solventes orgânicos pode ser um fator de risco na maior parte das doenças neurológicas, incluindo doença de Parkinson (SMARGIASSI et al., 1990), esclerose múltipla (AMADUCCI et al., 1982; FLODIN et al., 1985) e miastenia grave (ROSENBERG, 1989; GUNNARSSON et al., 1992; CHANCELLOR et al., 1993; SCHULTE et al.,1996; GRAHAM et al., 1997). Existe evidência que o polimorfismo genético afetando a atividade enzimática de determinadas cascatas bioquímicas possa influenciar o risco de neurotoxicidade aos solventes (AHAMADI et al., 2002). Estudos humanos e em outros primatas demonstram que severas intoxicações com metanol podem provocar danos nos núcleos cinzentos da base do cérebro, principalmente do putâmen, provocando distúrbios motores semelhantes à doença de Parkinson (SHARPE et al., 1982; LE WITT e MARTIN, 1988). Estudos com tomografia computadorizada e ressonância magnética mostram que sujeitos expostos cronicamente a metanol apresentam 5 necrose do putâmen com ou sem hemorragia e lesões na matriz branca subcortical (BLANCO et al., 2006). In vitro, compostos de hexacarbono em concetrações relativamente altas são inibidores de várias enzimas glicolíticas, incluindo enolase, fosfofrutocinase e gliceraldeído3-fosfato dehidrogenase (SABRI et al., 1979; HOWLAND et al., 1980; GRIFFTS et al., 1981). In vivo, a exposição crônica a 2,5 hexanodiona não tem efeitos em enzimas hepáticas e cerebrais (PEREIRA et al., 1991), no entanto diminui enolases específicas contidas no tronco cerebral (KARLSSON et al., 1993) e aumenta a fosforilação de proteínas gliais no hipocampo de rato (PEREIRA et al., 1994); outro importante efeito da 2,5 hexanodiona e algumas cetonas alifáticas é a indução de alterações no sistema colinérgico, aparentemente inibindo a acetilcolinesterase (PEREIRA et al., 1995; 2004). Apesar da base bioquímica da neutoxicidade da 2,5 hexanodiona não ser ainda completamente entendida, sabe-se que a primeira lesão no sistema nervoso depois de uma exposição crônica envolve modificações covalentes das proteínas dos microtúbulos nos axônios (COHEN et al., 1997). 1.1.2 Neurotoxicidade dos solventes orgânicos sobre o sistema visual A função visual tem sido usada como importante indicador de neurointoxicação por solventes orgânicos (BAELUM et al., 1982; HORAN et al. 1985). A visão de cores anormal está relacionada e pode apresentar os sintomas mais precoces de neuropatias ópticas (ROSEN, 1965), encefalopatias (PAALYSAHO et al., 2007), perdas cognitivas (DICK et al., 2004), além outros efeitos neurotóxicos (MUTRAY et al., 1995; IHRIG et al., 2003). Os solventes orgânicos são responsáveis por mudanças em diferentes partes do sistema visual, incluindo os componentes do sistema óptico, as camadas da retina e o nervo óptico (TILL et al., 2001). Em trabalhos sobre o efeito do metanol no sistema visual de rato, tem também sido mostrado prolongamento da latência e diminuição da amplitude dos componentes P20 e N30 6 do potencial cortical provocado visual por flash e virtual eliminação dos componentes do eletrorretinograma. Esses efeitos podem ser devidos à ocorrência de acidose metabólica devida à metabolização do metanol em ácido fórmico (EELLS, 1991). A ação tóxica do metanol no sistema visual pode ser causada pela acumulação do ácido fórmico no humor aquoso e na retina, a qual parece ser seletiva quando comparado com a acumulação noutras regiões do sistema nervoso central, mostrando uma relação entre a acidemia e os distúrbios visuais. Outro achado relevante mostra que o efeito retinotóxico do metanol pode ser reversível com a descontinuação da intoxicação (EELLS, 1991). A intoxicação aguda pelo solvente orgânico em que este é metabolizado ao monóxido de carbono produz um padrão típico de degeneração da retina e infarto dos núcleos cinzentos da base do cérebro em adição à encefalopatia descrita (MCCORD, 1931). Dados baseados em oftalmoscopia e evidências histológicas mostram que a retina e o nervo óptico são os locais onde primariamente ocorrem lesões provocadas pelo formato decorrente da metabolização do metanol, as quais geralmente são reconhecidas como edemas no disco óptico e na retina (SHARPE et al., 1982). Estudos histopatológicos de macacos intoxicados por metanol revelam degeneração da camada nuclear externa e camada de células ganglionares da retina (POTTS et al., 1955). Também tem sido relatado em macacos alterações intraxonais, alterações mitocondriais e desintegração neurotubular no disco óptico sem alterações observáveis na retina (HAYREH et al., 1980). A visão é muito sensível à exposição a solventes orgânicos e diversos trabalhos mostram que a exposição crônica de forma ocupacional à solvente orgânicos no período gestacional origina crianças com perda da visão de cores, sensibilidade ao contraste e acuidade visual (TILL et al., 2001; 2005). As discromatopsias adquiridas são sintomas comuns em indivíduos expostos cronicamente a misturas de solventes orgânicos (MERGLER et al., 1988; MERGLER et al., 1990; GOBBA et al., 1992; ZAVALIC et al., 1998; DICK et 7 al., 2000) assim como a solventes específicos como o n-hexano, estireno e tolueno (RAITTA et al., 1981; CAMPAGNA et al., 1995; CAMPAGNA et al., 2001) e, diferentes das discromatopsias congênitas, elas apresentam variabilidade e complexidade, dependem da idade, podem ser monoculares ou localizadas igualmente nos dois olhos, podem ser de natureza progressiva ou regressiva e as perdas podem ser classificadas no verde-vermelho, no azul-amarelo ou, ainda, classificadas por sua severidade (MOLLON, 2003). Até mesmo a exposição aguda ou crônica a pequenas concentrações de solventes orgânicos como o estireno podem levar à deficiência na percepção de cores (MULTTRAY, 1997; ISSEVER et al., 2002; SCHREIBER et al., 2002). A maioria das deficiências adquiridas na visão de cores, no entanto, são subclínicas e reportam a alterações na percepção do azul-amarelo (RAITTA et al., 1981; MERGLER et al., 1988; MERGLER et al., 1990; GOBBA et al., 1991; FALLAS et al., 1992; CAMPAGNA et al., 1995; EGUCHI et al., 1995; MULTTRAY, 1997; ZAVALIC et al., 1998; ISSEVER et al., 2002; SCHAPER et al., 2004; LEE et al., 2007). Podem também progredir para uma deficiência na visão de verde-vermelho em alguns casos (MERGLER et al., 1990; PAALYSAHO et al., 2007; LACERDA et al., 2008). As alterações na visão de cores apresentam correlato com a concentração de metabólitos de solventes orgânicos na urina (GOBBA et al., 1991, EGUCHI et al., 1995, GONG et al., 2003), no entanto, são contraditórios os resultados que revelam se o tempo de exposição está relacionado ao maior prejuízo na visão de cores. Semple et al. (2000) com estudo em pintores expostos de forma crônica a mistura de solventes, verificaram que o aumento na média de exposição a solventes orgânicos aumenta o risco de deficiência na visão de cores, mas Gobba et al. (1991) e Eguchi et al. (1995) mostram que as exposições crônica e aguda de estireno, respectivamente, em trabalhadores não apresentavam correlação entre tempo de exposição e uma visão de cores pior. 8 Em estudo com exposição crônica ao n-hexano ocorre associação de diminuição da percepção de cor com maculopatias e danos no receptor lipídico (RAITTA et al., 1978). Outros estudos usando animais experimentais também correlacionam a exposição ao nhexano com a constrição do campo visual, atrofia do nervo óptico e neurite retrobulbar (YAMAMURA, 1969; LACERDA et al., 2009). A neuropatia óptica está associada com polineuropatia em trabalhos com alcoolismo, intoxicação por metanol, estireno, tolueno, tricloroetileno e mistura de solventes (GRANT e SCHUMANN, 1993). Estudos com ratos revelam que a exposição ao álcool durante o desenvolvimento fetal induz alterações persistentes na organização colunar cortical e seletividade de orientação reduzida no córtex visual, que é uma propriedade crucial para visão de contraste de luminância normal (MEDINA et al., 2005). Existem indícios de que isto ocorra devido ao álcool promover uma supressão aguda da função dos receptores NMDA (SAVAGE et al., 1992) e aumento da função dos receptores GABA (HSIAO et al., 2002), além do aumento da fosforilação CREB (CONSTATINESCU et al., 1999). Além disso, diminuição da sensibilidade ao contraste espacial de luminância associada a uma acuidade normal parece ser um indicador de deficiência visual induzida em resposta à exposição crônica ao estireno, exposição aguda ao tetracloroetileno e exposição aguda e crônica a trietilamina (CAMPAGNA et al., 1995; JARVINEN e HYBARINEN, 1997; SCHREIBER et al., 2002) e a exposição crônica a misturas de solventes orgânicos (FRENETTE et al., 1991; BROADWELL et al., 1995; BOELCKELMANN e PFISTER, 2003; GONG et al., 2003, LACERDA et al., 2008 ). A diminuição na sensibilidade ao contraste espacial de luminância é significante nas freqüências espaciais de 6 a 12 ciclos / grau, a perda pode ser dependente da intensidade da exposição e geralmente ocorre sem alteração da acuidade visual (MERGLER et al., 1991; IREGREN et al., 2002, GONG et al., 2003). 9 1.2 O SISTEMA VISUAL COMO INDICADOR DE INTOXICAÇÃO DO SISTEMA NERVOSO O monitoramento da exposição da população a agentes químicos constitui, hoje, um importante aspecto para saúde pública. Partido do princípio de que conhecimentos a respeito desta exposição podem prevenir ou minimizar os prejuízos decorrentes da interação de substâncias químicas com organismos humanos, o estudo dessa interação pode ser também o primeiro passo para a criação de normas ambientais para um contaminador químico presente no meio ambiente. Muitos fatores limitam o estabelecimento de indicadores para avaliar a ação neurotóxica de substâncias químicas, como a própria complexidade das funções nervosas, a inacessibilidade de tecidos e a variabilidade dos eventos múltiplos de neurotoxicidade (AMORIM, 2003). Dentro deste contexto, o estudo da percepção visual apresenta-se como um importante informador a respeito do funcionamento do sistema nervoso, pois as alterações visuais podem ser um sinal precoce de um efeito de neurotoxicidade (ROSEN, 1965; BAELUM et al., 1982; HORAN et al. 1985, MUTRAY et al., 1995; IHRIG et al., 2003; DICK et al., 2004; PAALYSAHO et al., 2007). Vários estudos mostraram que a exposição prolongada a metais pesados tais como o mercúrio, drogas de uso médico como a cloroquina e agentes químicos como os solventes orgânicos presentes nos combustíveis apresentam um forte fator de contaminação no sistema nervoso e este tipo de contaminação pode ser primariamente inferido com a percepção de alterações da visão destes pacientes (VENTURA et al., 2003; PARAMEI et al., 2004; RODRIGUES et al., 2007). O uso de avaliação visual através de técnicas psicofísicas, apresenta-se como um importante indicador de neurotoxicidade com enfoque neurocomportamental que tem como vantagens a identificação de efeitos precoces de neurotoxicidade e a não necessidade de procedimentos invasivos para a realização dos testes. 10 1.3 PSICOFÍSICA VISUAL A psicofísica enfoca a relação entre os aspectos físicos de um estímulo e a experiência sensorial. (GARDNER e MARTIN, 2003). A psicofísica visual é desta forma, um campo de estudos que relacionam os estímulos físicos da visão, como comprimento de onda, freqüência e energia com a experiência consciente de visão. A sensação e a percepção são os pontos de partida para a pesquisa moderna dos processos mentais. Sensação é o processo de detecção de um estímulo (ou algum aspecto dele) no ambiente. É necessário colecionar informações sobre o mundo para que a percepção aconteça. Percepção é a via de interpretação da informação captada pelos sentidos e processada (LEVINE e SHEFNER, 2000). A sensibilidade é um conceito que compartilharia três passos comuns - estímulo físico, um conjunto de eventos que transformam este estímulo em impulso nervoso e uma resposta para este sinal na forma de percepção ou experiência consciente da sensação (LEVINE e SHEFNER, 2000). A percepção é dependente de um estímulo, e na percepção visual este estímulo é o contraste que ocorre na informação luminosa. Isto acontece porque o sistema visual humano apresenta elementos ópticos e neurais preparados para detectar contraste. A capacidade de distinção de um dado estímulo varia de acordo com a intensidade do contraste e o estudo dessa variação de sensibilidade pode ajudar a compreender como o sistema visual utiliza a informação luminosa para gerar percepção do mundo (SILVEIRA et al., 2004). 1.3.1 Contraste O contraste pode ser descrito como a amplitude da diferença (seja de luminância ou de cor) entre áreas adjacentes. É uma propriedade física dos objetos que se refere à quantidade de luz emitida ou refletida por diferentes partes de um objeto ou cena e é um importante parâmetro na avaliação visual (CAMPBELL e MAFFEI, 1974; KAPLAN e SHAPLEY, 11 1986). De forma mais clara os objetos e sua periferia apresentam diferença de contraste que pode ser definido a partir da fórmula: = ( − ) Onde C indica o valor do contraste absoluto, Lo luminância do objeto e Lf a luminância do fundo no qual o objeto está inserido. Geralmente são usados padrões de grade para medir limiar de intensidade diferencial. Neste caso, contrate é definido pela razão: = (Lmax − Lmin) (Lmax + Lmin) Onde C indica o valor do contraste de Michelson, Lmax é o valor da luminância máxima do estímulo e Lmin é o valor da luminância mínima do estímulo. O valor de C varia entre 0 e 1. O tamanho das barras da grade pode ser expresso em termos de número de ciclos por grau de ângulo visual, onde um ciclo na grade é composto de uma barra clara seguida de uma barra escura, ou de uma barra verde seguida de uma barra vermelha, por exemplo. Esta repetição de ciclos é chamada de freqüência espacial da grade. É possível determinar a sensibilidade do sistema visual em função do tamanho de cada grade. Quanto maior a quantidade de barras numa área, maior a freqüência espacial. A unidade de medida pode ser ciclos por grau (cpg) (CAMPBELL e MAFFEI, 1974). A variação de contraste pode ocorrer no domínio do tempo, onde um estímulo claro é seguido por um estímulo escuro em momentos diferentes (o mesmo acontece para contraste de cor), esta variação é chamada freqüência temporal. É possível medir a sensibilidade do sistema visual para cada variação no tempo, quanto maior é a variação no tempo, maior a freqüência. A unidade pode ser ciclos por segundo ou Hertz (Hz). O contraste limiar é o mínimo contraste percebido pelo indivíduo, sendo entendido como o limite entre a percepção ou não do estímulo físico (FARELL e PELLI, 1999). A 12 sensibilidade ao contraste é definida como o inverso do contraste limiar (WATSON e AHUMADA, 1985): = 1 Onde S indica sensibilidade e CL indica contraste limiar. A estimativa da sensibilidade ao longo das freqüências espaciais e temporais é chamada de função de sensibilidade ao contraste espacial ou temporal, respectivamente (DE VALOIS e DE VALOIS, 1988). A função de sensibilidade ao contraste mostra quais os pontos no espaço ou no tempo em que o sistema apresenta maior sensibilidade e onde sistema deixa de perceber os contrastes (pontos de fusão). 1.3.2 Limiar Os primeiros trabalhos em psicofísica foram devotados para conhecer o quão bem uma pessoa ou animal pode detectar um estímulo (contraste). Estas foram pesquisas para investigar a capacidade dos sistemas sensórios, a mínima quantidade de contraste que ele poderia detectar. Este mínimo é chamado de contraste limiar ou simplesmente, limiar. O limiar é uma média que cruza o limite da não detecção para a detecção (FARELL e PELLI, 1999; LEVINE e SHEFNER, 2000). Em visão, por exemplo, se existe uma luz que é extremamente fraca a ponto de não ser visível e se aumentarmos a intensidade dessa luz invisível para um ponto em que ela eventualmente se torne visível, então este ponto é o limiar. Dada a noção de que o contraste limiar pode ser medido, existem numerosas maneiras de se realizar esta medida. O limiar ideal foi postulado como a sensibilidade para um determinado contraste em um estímulo no qual um contraste menor que o contraste limiar ideal nunca será visto e um contraste maior que o contraste limiar ideal sempre será visto. Neste caso um gráfico entre 13 porcentagem de detecção e intensidade do estímulo pode ser representada por uma mudança abrupta da função em um passo (Figura 1). Porcentagem detectada 14 100 50 0 P0 P2 P4 P6 P8 P10 P12 Intensidade Figura 1: Porcentagem de detecção em função da intensidade do estímulo para um limiar ideal. A porcentagem de detecção de intensidade do estímulo é representada pela mudança abrupta da função em um passo. O eixo vertical indica a porcentagem de vezes que o estímulo é detectado. O eixo horizontal indica a intensidade do estimulo. P indica o número de passos para se chegar ao estímulo. A seta indica o limiar ideal. Modificado de LEVINE e SHEFNER (2000). 15 1.3.2.1 Métodos psicofísicos clássicos para obtenção do limiar A- Método dos limites Foi o mais antigo método de avaliação de limiar aplicado em psicofísica. O sujeito deve responder se vê ou não o estímulo respondendo sim ou não. O teste pode começar com estímulo não detectado, e gradualmente aumenta a intensidade do estímulo em pequenos passos até o sujeito detectá-lo. Este é chamado de limite ascendente. No limite descendente o estímulo aparece bem acima do limiar e é gradualmente diminuído até o sujeito não detectar o estímulo (Tabela 1) (BI e ENNIS, 1998). A resposta em cada tentativa não é necessariamente a mesma. O limiar é aquele superior ao mais fraco que nunca é visto e inferior ao mais forte que sempre é visto. Neste caso, o ponto de detecção da porcentagem versus a intensidade do estímulo não pode ser representada por uma mudança abrupta e sim por uma mudança gradual de passo como mostra a Figura 2. Geralmente o limiar corresponde a 50% da detecção na função psicométrica (LEVINE e SHEFNER, 2000) 16 Tabela 1: Resposta hipotética para estímulos apresentados em quatro tentativas ascendentes e a porcentagem de detecção de cada estímulo baseado nestes resultados. S=Sim, percebe o estímulo. N= Não, não percebe o estímulo. Modificado de LEVINE e SHEFNER (2000). Porcentagem Estímulo Tentativa 1 Tentativa 2 Tentativa 3 Tentativa 4 de detecção 1 N N N N 0 2 N N N N 0 3 N N N N 0 4 N N N N 0 5 N N N N 0 6 S N N N 25 7 N S N 50 8 N S 75 9 S 100 10 100 11 100 12 100 Porcentagem detectada 17 100 50 0 P0 P2 P4 P6 P8 P10 P12 Intensidade Figura 2: Porcentagem de detecção em função da intensidade do estímulo para um limiar real. O gráfico figura um teste hipotético. Função psicométrica na condição geralmente encontrada nos testes para obtenção de limiares. O eixo vertical indica a porcentagem de vezes que o estímulo é detectado. O eixo horizontal indica a intensidade do estimulo. P indica o número de passos para se chegar ao estímulo. A seta indica o limiar. Modificado de Levine e Shefner (2000). 18 B- Método do ajuste É uma variação do método dos limites em que o sujeito participa ativamente tendo controle da intensidade do estímulo. Quando o estímulo é sublimiar, o sujeito pressiona um botão que aumenta a intensidade do estímulo, quando o estímulo é visível pressiona um botão diferente para diminuir a intensidade do estímulo. O limiar é obtido de forma semelhante ao método dos limites (BI e ENNIS, 1998). C- Método de escada Deriva do método dos limites em que as medidas ascendentes e descendentes são feitas alternadamente numa mesma tentativa (BI e ENNIS, 1998) (Figura 3). O estímulo pode ser apresentado inicialmente de forma sublimiar e é realizado um procedimento ascendente até a visualização do estímulo, deste ponto inicia-se um procedimento descendente até a não visualização do estímulo. Este procedimento de ascendência e descendência de contraste é realizado um determinado número de vezes visando aumentar a precisão das respostas para a obtenção do limiar. Intensidade do estímulo 19 S N N N S S S N S N N N N Sequência de apresentação Figura 3: Registro dos passos no procedimento em escada. Este esquema mostra que o método varia com passos de mesmo tamanho e apresenta procedimento ascendente e descendente numa mesma tentativa. O eixo vertical indica a variação da intensidade do estímulo e o eixo horizontal indica a seqüência de apresentação do estímulo. S=sim, o estímulo é visto. N=não, o estímulo não é visto. 20 D- Método do estímulo constante Este método tem uma forma de apresentação diferentes dos demais estímulos, não é que o estímulo de fato permaneça constante, o que acontece é que os estímulos variam em passos de intensidade randomizados. O resultado do experimento com estímulo constante é semelhante a uma função psicométrica (Figura 2). O valor do limiar é dado no valor de onde estímulo é detectado em 50% das tentativas. A função psicométrica demonstra que existe uma maior probabilidade de acerto na detecção do sinal físico em pontos de maior intensidade de estimulação e uma menor probabilidade em pontos de menor intensidade. Esta relação entre estimulação física e percepção não segue o comportamento de uma função degrau (Figura 1), onde a detecção do sinal salta de 0% para 100% a partir de um determinado momento, representando o limiar como um ponto de transição precisa entre a percepção e a não percepção. (BI e ENNIS, 1998). E- Método da escolha forçada São apresentados ao sujeito duas ou mais alternativas de resposta, e ele deve escolher uma mesmo que não tenha detectado o estímulo. Ocorrem duas diferenças entre a função psicométrica resultante deste teste e a da Figura 2. Primeiro, existe 100% de detecção para valores de estímulo que não foram detectados em 100% das vezes no experimento 1 (Figura 4). Este método gera um limiar mais baixo que no método dos limites. Isto acontece porque força o sujeito a escolher uma resposta que em outros casos seriam simplesmente “não” se o sujeito não tiver certeza. A segunda diferença é que a função perimétrica derivada dos experimentos de escolha forçada nunca cairá para 0 pois o sujeito testado sempre terá 50% de chance de escolher a resposta certa por acaso num estímulo que ele não vê (BI e ENNIS, 1998). Porcentagem detectada 21 100 75 50 25 0 S0 S2 S4 S6 S8 S10 S12 Intensidade Figura 4: Função psicométrica obtida pelo método de escolha forçada. O gráfico figura um teste hipotético. O eixo vertical indica a porcentagem de vezes que o estímulo é detectado. O eixo horizontal indica a intensidade do estimulo. P indica o número de passos para se chegar ao estímulo. A seta indica o limiar. Modificado de LEVINE e SHEFNER (2000). 22 A série progressiva de apresentação de estímulos por alguns métodos cria no sujeito testado a expectativa da magnitude do próximo estímulo a ser apresentado, em outras palavras, o sujeito tem como saber se o próximo estímulo é de maior ou menor intensidade. Este tipo de erro é conhecido como erro de antecipação é mais comum no método do ajuste e método dos limites é evitado no método do estímulo constante. Além disso, quando o sujeito responde “sim, eu vejo” ou “não, não vejo” o experimentador não tem controle sobre o critério usado pelo sujeito para responder. Um sujeito pode dizer “sim” para estímulos somente quando o estímulo é bastante óbvio, e outro sujeito pode responder “sim” mesmo quando o estímulo ainda não é tão claro. O sujeito pode ainda alterar estes critérios no meio do teste. Este erro é conhecido como erro da habituação. Para diminuição desses erros as instruções do método devem ser claras e acompanhadas de demonstrações (FALMAGNE, 1986; BI e ENNIS, 1998). 1.3.2.2 Métodos psicofísicos adaptativos para obtenção do limiar Na psicofísica clássica o problema central era a detecção do estímulo. A pergunta era: “O sujeito pode ver o estímulo presente?”. O limiar para detecção é chamado de limiar absoluto. Contudo, o limiar absoluto não é a única forma de limiar. Pode-se perguntar se o sujeito consegue perceber diferenças entre dois estímulos. A detecção do limiar das diferenças é chamada de limiar diferencial (DIXON e MOOD, 1948). A- Procedimentos PEST Este método varia o tamanho do passo de apresentação de estímulo, buscando aumentar a objetividade da medida com estimulação através de passos cada vez menores. A variação do tamanho do passo é realizada de acordo com um conjunto de regras heurísticas, sendo o valor do limiar originalmente tomado como a última intensidade de apresentação do 23 estímulo, quando o valor do passo fica abaixo de um valor predefinido (KAPLAN, 1975) (Figura 5). 24 Intensidade do estímulo S S S S N N S N S N S N S N N Sequência de apresentação Figura 5: Registro dos passos no procedimento PEST. Este esquema mostra que o método varia com passos de tamanho variados e de acordo com a resposta do sujeito testado e apresenta procedimento ascendente e descendente numa mesma série. O eixo vertical indica a variação da intensidade do estímulo e o eixo horizontal indica a seqüência de apresentação do estímulo. S=sim, o estímulo é visto. N=não, o estímulo não é visto. 25 B- Procedimentos de determinação da probabilidade máxima. Envolve procedimentos de escolha forçada e PEST, com mudanças na estimação de limiar e modo de escolha da intensidade do estímulo. A partir dos valores de todas as tentativas realizadas e o conseqüente cálculo do limiar é feita o construção de uma curva psicométrica (LEEK, 2001). A sensibilidade visual pode ser prejudicada ou mesmo perdida devido inúmeros fatores que vão desde a evolução normal do organismo, no caso do envelhecimento (FIORENTINI et al., 1996), a alterações visuais congênitas, como o daltonismo (GONÇALVES, 2006) e alterações visuais adquiridas causadas por doenças crônico degenerativas, como o diabetes (FEITOSA-SANTANA, 2005); infecções, como a toxoplasmose (CARVALHO, 2009) e intoxicações por agentes químicos na exposição acidental ou ocupacional a metais pesados ou outros químicos poluentes como os solventes orgânicos (RODRIGUES et al., 2007; LACERDA et al., 2009). O conhecimento destes fatores tem levado os testes de psicofísica visual à clínica oftalmológica e neurológica como complementação diagnóstica, pois permite avaliar a percepção visual de uma forma mais detalhada, de maneira a demonstrar alterações visuais subclínicas. A psicofísica visual permite avaliar vários parâmetros da percepção visual como forma, movimento, cor, luminância, etc. Este trabalho empregará testes psicofísicos que avaliem especificamente a sensibilidade ao contraste de luminância através de testes que determinam a função de sensibilidade ao contraste espacial e temporal de luminância e a sensibilidade acromática no campo visual e também avaliará a sensibilidade para cor, usando testes de ordenamento de matizes e discriminação de cromaticidades. 26 Os procedimentos de detecção de limiares citados anteriormente são utilizados em gama de testes que avaliam a sensibilidade dos diferentes parâmetros visuais. Quatro dos cinco testes psicofísicos estudados por este trabalho utilizam métodos de obtenção de limiares para avaliação visual: a estimativa da sensibilidade ao longo das freqüências espaciais e temporais (método de escada clássico), avaliação de campo visual e (método de escada diferencial) obtenção determinação dos limiares de discriminação de cores pelo método de Mollon-Reffin (Método de escada diferencial). 1.4 LUMINÂNCIA A luminância é uma medida fotométrica de luz por unidade de área. As medidas fotométricas levam em consideração o efeito do estímulo físico sobre o sistema visual humano (BRIGELL et al., 1998). Descreve uma quantidade de luz que atravessa ou é emitida de uma superfície em questão e decai segundo um ângulo sólido (VIANNA e GONÇALVES, 2001). Observando parte de uma superfície iluminada, a intensidade luminosa refletida por uma superfície dividida pela área visível denomina-se luminância e pode ser descrita pela seguinte equação: L = Ω Onde Lv é a luminância medida em cd/m2, F é o fluxo liminoso em lumens, dS é o elemento de superfície considerado em m2, dΩ é o elemento de ângulo sólido em estereorradiano e θ é ângulo entre a normal da superfície e a direção considerada. Os raios luminosos de uma fonte luminosa não podem ser vistos, é estímulo de claridade que essa superfície produz nos olhos que é transmitida para o cérebro. Já que os objetos possuem diferentes capacidades de reflexão da luz, pode-se obter diferentes luminâncias para uma mesma iluminância. 27 1.5 CAMPO VISUAL Outra importante forma de entender a sensibilidade ao contraste de luminância é através da avaliação do limiar de luminância no campo visual. O campo visual, segundo Smythies (1996), é a disposição espacial de estímulos visuais disponíveis a um observador que diz respeito a objetos físicos e fontes luminosas que estimulam a retina. O campo visual monocular normal possui limite superior de 60° de ângulo visual, limite inferior de 70° ângulo visual, limite lateral nasal de 60° de ângulo visual e lateral temporal de 90° de ângulo visual (Figura 6). As diferentes regiões do campo visual apresentam variação na sensibilidade devido a forma como a retina está organizada, este fato é responsável por como a cena visual é representada. No centro da retina, na região da fóvea se concentra a maior densidade de cones (mais sensíveis em condições fotópicas), com a excentricidade ocorre diminuição dessa concentração e a distribuição de cones se torna irregular. Os cones S (que têm maior sensibilidade a comprimentos de onda curtos) não apresentam distribuição na fóvea enquanto os cones M e L (maior sensibilidade para comprimentos de onda médios e longos, respectivamente) apresentam alta concentração foveal (ROORDA e WILLIAMS, 1999). Não existe distribuição de bastonetes (mais sensíveis em condições escotópicas) no centro da fóvea, sua distribuição, ao contrário dos cones, aumenta com a excentricidade, seu pico está por volta de 200 de ângulo visual da fóvea e depois diminui gradativamente (RODIECK, 1998) (Figura 7). Por volta e 150 de ângulo visual da fóvea se localiza a implantação do nervo óptico, esta região é caracterizada pela ausência de células fotorreceptoras. O resultado fisiológico dessa distribuição é que no campo visual para pontos de luz acromáticos em observadores saudáveis, a fóvea é a região de maior sensibilidade visual e é representada pelo pico da sensibilidade visual. Conforme aumenta a excentricidade do campo visual, a sensibilidade visual diminui, e na região de projeção do nervo óptico não há sensibilidade para estímulos visuais. Esta região sem sensibilidade visual é chamada de ponto cego 28 (WALSH, 1996). Esta variação de sensibilidade ao longo do campo visual pode ser representada de forma tridimensional. O modelo espacial de representação tridimensional do campo visual é chamado de ilha de visão. O contorno da borda representa vários níveis de sensibilidade na retina (Figura 8) (WANI et al., 2005). 29 Superior 600 Fóvea Nasal 600 150 Ponto cego Temporal 900 700 Inferior Figura 6: Esquema do campo visual monocular normal. A borda externa indica os limites aproximados do campo visual com os valores em graus de ângulo visual. O contorno tracejado intermediário indica a excentricidade de 150 onde aproximadamente está situado o ponto cego (representado pelo circulo preto). O contorno tracejado mais interno indica a região da fóvea, localizada no centro do campo visual. BASTONETES 180 CONES 160 140 120 DISCO ÓPTICO DENSIDADE DE RECEPTOR (mm-2 x 10 3 ) 30 100 80 60 40 20 0 70 60 50 40 30 20 TEMPORAL 10 0 10 20 30 40 50 60 70 FÓVEA 80 90 NASAL EXCENTRICIDADE EM GRAUS Figura 7: Gráfico da densidade de fotorreceptores na retina. Na fóvea ocorre o pico de densidade de fotorreceptores cones e à medida que a excentricidade aumenta sua a densidade diminui drasticamente enquanto a densidade de fotorreceptores bastonetes aumenta e apresenta seu pico por volta de 20 0 de ângulo visual. Em torno de 15 0 de ângulo visual da retina nasal localiza-se o disco óptico onde ocorre ausência de fotorreceptores. Modificado de Hoorda e Williams (1999). 31 FÓVEA PONTO CEGO Sensibilidade visual FÓVEA PONTO CEGO 600 00 150 900 Excentricidade do campo visual Figura 8: Representação esquemática da ilha de visão normal. O esquema superior mostra a representação tridimensional e o esquema inferior mostra um corte bidimensional da ilha de visão. O eixo vertical indica sensibilidade visual crescente no sentido da seta e o eixo horizontal indica a excentricidade do campo visual. O pico da ilha de visão indica região de maior sensibilidade visual localizada a 00 de ângulo visual (fóvea) o declínio na ilha de visão indica região de ausência de sensibilidade visual, localizada a cerca de 150 de ângulo visual (ponto cego). A borda externa da ilha de visão indica os limites do campo visual. 32 1.6 COR Devido a sensibilidade dos fotorreceptores da retina, a percepção não é a mesma para todo o espectro eletromagnético, logo, a cor não é uma propriedade inerente aos objetos e sim fruto da percepção. Psicofisicamente podemos dizer que a cor é constituída de três aspectos perceptuais: matiz, saturação e brilho. O matiz define o aspecto dos comprimentos de ondas da luz, é a cor espectral e o que popularmente se conhece como cor. A saturação é a quantidade de branco que se mistura ao matiz. E o brilho é a quantidade de energia percebida da cor. O matiz e a saturação juntos constituem o que se conhece como cromaticidade (KAISER e BOYNTON, 1996). A faixa visível do espectro eletromagnético corresponde aproximadamente à faixa de 370 a 740 nanômetros (nm). As cores percebidas nesta faixa variam entre o violeta e o vermelho (KAISER e BOYNTON, 1996) (Figura 9). Na tentativa de classificar as cores de forma precisa surgiram as representações gráficas que levam em consideração a visão de cores normal do ser humano. Os testes psicofísicos de avaliação de cor neste trabalho seguem duas representações gráficas: O diagrama de cromaticidade da CIE e o Sistema de cor de Munsell. 33 Figura 9: Espectro visível da radiação eletromagnética. 34 1.6.1 Representação gráfica das cores 1.6.1.1 Diagrama de cromaticidade da CIE O Diagrama de cromaticidades da CIE (Commission Internationale de I’Eclairage) classifica as cores em um plano de coordenadas cartesianas, onde a cor é representada por um par de coordenadas no plano ou no espaço. Esta é uma das representações gráficas mais bem sucedidas e aceitas internacionalmente. Ele leva em consideração o principio da teoria tricromática de Young e Helmholtz (YOUNG, 1802; von HELMHOLTZ, 1867) que diz que qualquer cor vista por um tricromata normal é resultado da combinação de três cores primárias. O modelo de representação de cores deve ser baseado na relação entre três informações de entrada, correspondente a cada uma dessas cores primárias: vermelho, verde e azul. Estas proporções foram dadas por funções de equiparação de cores (Color Matching). As primárias utilizadas para elaboração do diagrama não existem fisicamente e são representadas por X, Y e Z que foram baseadas em primárias reais e deveriam seguir algumas condições como: produzir conjuntos positivos de valores tri-estímulo, permitir a representação de qualquer cor, ter mesma luminância para todas as cores do diagrama e o produzir o brando com valores iguais (NAKANO, 1996). A primeira representação foi feita em 1931, onde as cores eram determinas por um conjunto coordenadas x, y e z que são obtidas da seguinte forma: = = = + + + + + + Onde X, Y e Z são as funções de mistura de cor obtidas das cores primárias e x, y e z são as coordenadas de cromaticidade. 35 Na borda exterior do diagrama estão dispostos os matizes, representando cores com maior saturação (Cores espectrais ou puras), essa região é conhecida como lócus espectral. Na região interna localizam-se as cores oriundas de misturas cuja saturação é menor que na borda e no centro se localiza o branco que corresponde a valores iguais das três coordenadas. A luminância é a mesma em todas as coordenadas do diagrama e a distância do branco para o lócus espectral representa a proporção de saturação. O diagrama de cromaticidades da CIE passou por duas revisões, uma em 1960 (CIE uv) e outra 1976 (CIE u’v’) (NAKANO, 1996) (Figura 10). Atualmente o diagrama CIE mais usado é o 1976 e todos são transformações lineares das coordenadas de 1931. Para passar do espaço x,y para o espaço u’,v’ usa-se a seguinte transformação: ′ = 4 (−2 + 12 + 3) ′ = 9 (−2 + 12 + 3) 36 y 0,8 0,7 0,6 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 0,0 0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 x Figura 10: Diagrama de cromaticidades da CIE 1931. Sistemas de representação coordenadas x, y e z. 37 1.6.1.2 Sistema de cor de Munsell O espaço de cor de Munsell foi criado pelo professor Albert H. Munsell na primeira década do século XX. Ele pode ser representado cilindricamente e é baseado em três dimensões de cor: matiz (medida por graus em círculos horizontais próximos), valor ou brilho - medida verticalmente de 0 (preto) para 10 (branco) - e croma ou pureza ou saturação da cor (medida radialmente saindo do eixo vertical cinza) (Figura 11 ). Foi o primeiro espaço de cor que separava matiz, valor e croma em dimensões percentualmente uniformes e independentes e o primeiro a separar as cores em três espaços dimensionais. Este espaço é decorrente de uma rigorosa medida da resposta visual humana para cor. O arranjo não é necessariamente limitado a um espaço cilíndrico; às vezes o sistema é lembrado como um arranjo que se assemelha a uma "árvore de cores" (KUEHNI, 2002). O parâmetro de cor conssite em 5 cores de base e 5 cores secundárias: Vermelho (R) Amarelo (Y) Verde (G) Azul (B) Violeta (P) Laranja (YR) Verde-amarelo (GY) Azul-verde (BG) Azul-violeta (PB) Vermelho-violeta (RP) O parâmetro valor varia de 0 a 10 em que 5 é o valor médio e 10 é o branco e o parâmetro croma ou saturação varia de 0 a 12 ou mais. 38 As core são especificadas conforme o formato M V/C onde M é o código do matiz, V é o valor e C é o croma. O código da cor violeta, por exemplo é 5P 5/10. Em que o 5P é o código do matiz violeta, 5 significa valor e 10 é a saturação, o que revela alto grau de pureza (KUEHNI, 2002). 39 BRANCO 10 VALOR SATURAÇÃO 12 COR NEUTRA 0 CROMA MATIZ 0 PRETO Figura 11: Representação esquemática do sistema de classificação de cor de Munsell. Este sistema usa três dimensões. A linha vertical representa o valor ou brilho, a linha horizontal representa a classificação da saturação e variando de forma angular em torno do eixo do brilho está o matiz. A representação a esquerda mostra a localização esquemática dos parâmetros e a representação a direita mostra a “árvore de cor”. Modificado de Geller e Hundnell (1997). 40 1.6.2 Classificação das alterações na visão de cores As alterações na visão de cores são denominadas de discromatopsias, a ausência de visão de cor é acromatopsia. As discromatopsias podem ser herdadas geneticamente ou adquiridas em decorrência de uma grande variedade de condições patológicas. A classificação das discromatopsias é realizada com base no diagrama de cromaticidades da CIE. Geralmente os indivíduos que apresentam determinados tipos de alteração de cor apresentam dificuldade de discriminação de cores específicas. Desta forma foi possível traçar linhas no digrama de cromaticidades da CIE que correspondem às regiões onde estes indivíduos apresentam maior dificuldade de discriminação. Estas linhas são chamadas de linhas ou eixos de confusão e para cada tipo de discromatopsia existe um conjunto de linhas de confusão característico (DAIN, 2004; MOLLON, 2003). Os eixos de confusão protan encontram-se no extremo representado pelo vermelho e são chamados pontos compunctais protan. Esta discromatopsia envolve alteração dos cones L, responsáveis por absorver comprimentos de onda longos. Os eixos de confusão deutan se encontram num extremo fora do diagrama e resultam de alterações dos cones M, responsáveis pela absorção dos comprimentos de onda médios. Os eixos de confusão tritan se encontram num ponto do diagrama de cores que corresponde ao azul, esta discromatopsia resulta de alterações nos cones S, responsáveis pela absorção de comprimentos de onda curtos (DAIN, 2004) (Figura 12). É muito importante diferenciar discromatopsias congênitas de discromatopsias adquiridas. As discromatopsias adquiridas diferentes das discromatopsias congênitas apresentam variabilidade e complexidade, dependem da idade, podem ser monoculares ou localizadas igualmente nos dois olhos, podem ser de natureza progressiva ou regressiva e as perdas podem ser classificadas no eixo verde-vermelho ou no eixo azul-amarelo, e ainda podem ser classificadas por sua severidade (MOLLON, 2003). 41 Alterações no eixo azul-amarelo são comumente causados por alterações ópticas (nas estruturas pré-receptoras) ou nos fotorreceptores (retina externa) e as alterações no eixo verde-vermelho são causadas por alterações de estruturas pós-receptorais como retina interna, nervo ótico, quiasma, Núcleo Geniculado Lateral e/ ou córtex (MOLLON, 2003). 42 0,6 0,5 0,4 A 0,3 0,2 0,1 0,0 Coordenada v’ 0,6 0,5 0,4 B 0,3 0,2 0,1 0,0 0,6 0,5 0,4 0,3 C 0,2 0,1 0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 Coordenada u’ Figura 12: Eixos de confusão de cor representados no diagrama de cromaticidade da CIE 1976. As linhas convergem para pontos compunctais que representam cores imaginárias capazes de estimular seletivamente apenas um dos cones encontrados na retina humana. Modificado de Regan e colaboradores (2004). 43 1.7 PROCESSAMENTO DA INFORMAÇÃO VISUAL 1.7.1 Retina A retina é uma estrutura trilaminada com cinco tipos de neurônios. Ela é composta de três camadas de corpos celulares separadas por duas camadas de processos neurais (axônios e dendritos). Das três camadas celulares a primeira é chamada de camada nuclear interna e é composta dos corpos celulares dos fotorreceptores (cones e bastonetes). A próxima é a camada nuclear interna, que contém o corpo celular dos interneurônios da retina, estes incluem células horizontais, células bipolares e células amácrinas. A última camada é a camada de células ganglionares, que é o local onde os axônios dos neurônios da retina formam o nervo óptico. Esta é a via de saída da retina para o sistema nervoso central (DACEY, 1999) (Figura 13). De forma direta, os receptores captam informação luminosa, esta informação vai para as células bipolares e desta para as células ganglionares, é neste processo que se inicia a representação visual da imagem ponto a ponto e as interações espaciais de centro-periferia do campo receptor. As células horizontais e amácrinas fazem a interação lateral da retina (DACEY, 1999). O processamento da informação visual começa com absorção de luz pelos fotorreceptores da retina onde a luz é convertida por uma reação fotoquímica em um sinal elétrico. Existem dois tipos de fotorreceptores: os cones, responsáveis pela absorção de luz em níveis fotópicos e os bastonetes responsáveis pela absorção de luz em níveis escotópicos. Os fotorreceptores cones são divididos em três subtipos: cones S, cones M e cones L. Os cones S têm pico de absorção em comprimentos de onda curtos, os cones M têm pico de absorção em comprimentos de onda médios e os cones L apresentam pico de absorção em comprimentos de onda longo. Assim fótons de diferentes comprimentos de onda têm diferentes afinidades sendo absorvidos pelos diferentes cones (MICHAELIDES et al., 2005). 44 Em 1878, Ewald Hering postulou que a visão de cor humana é caracterizada por oponência perceptual em que o azul e o amarelo causam efeitos antagônicos em um mecanismo de cor, enquanto o verde e o vermelho causam efeitos opostos em outro mecanismo de cor. A experiência visual resulta da interação de três canais oponentes, um canal de oponência de luminância (oponência preto-branco) e dois de oponência de cor (o azul-amarelo e verde-vermelho). Existe uma grande inconsistência entre a teoria de oponência de cor de Hering (HERING, 1878) e a teoria tricromática de Young-Helmholtz (YOUNG, 1802; VON HELMHOLTZ, 1867). Seguindo o princípio da univariância de Rushton, os fotorreceptores medem somente o número de isomerizações que ocorre em determinada janela e não pode distinguir entre os fótons de diferentes energias que são absorvidos. Os fótons que apresentam uma dada energia são absorvidos com diferentes probabilidades, e o pico do espectro de absorção depende de forças microelétricas provenientes de opsinas existentes na periferia do retinaldeído (proteína responsável pela fotossensibilidade nos fotorreceptores). A atividade elétrica do mosaico fotorreceptor é diretamente relacionada com a captura de fótons, a densidade dos fotorreceptores limita a resolução espacial e o tempo de curso do potencial dos fotorreceptores configura a resolução temporal da resposta visual. No entanto, o processamento oponente começa somente nas células ganglionares (DACEY et al., 1996) (Figura 14). 45 Figura 13: Tipos neurais básicos da retina de mamíferos. A informação dos fotorreceptores é transmitida as células bipolares e destas para as células ganglionares. As células horizontais e amácrinas são interneurônios que modulam a atividade das demais células. Retirado de Masland (2001). 46 420 498 534 Cone S Cone M Cone L Bastonete 564 Absorção normalizada 100 50 0 400 500 600 700 Comprimento de onda (nm) Figura 14: Curva da absorção espectral dos fotorreceptores. O eixo vertical indica a absorção espectral e o eixo horizontal indica comprimento de onda em nanômetros (nm). Modificado de Bowmaker e Dartnall (1980). 47 A convergência de diferentes sinais de cones e bastonetes para as células ganglionares ocorre por meio de múltiplas classes de células bipolares de cones. (BOYCOTT e WASSLE, 1991). No entanto convergem informação para as células ganglionares de forma indireta. Os bastonetes se conectam às classes de células bipolares de bastonetes, estas têm input com uma classe específica de células amácrinas, as células amácrinas do tipo AII que são responsáveis por transferir o sinal dos bastonete para as células bipolares de bastonetes para bipolares de cone. Determinando uma ligação de cones e bastonetes numa mesma via (KOLB e FAMIGLIETTI, 1974) (Figura 15). As células ganglionares têm somente duas vias sinápticas para eventos de fototransdução e representam uma ligação entre a circuitaria da retina e altos níveis do processamento cerebral (KUFFLER, 1953; ENROTH-CUGELL e ROBSON, 1966). As células ganglionares apresentam uma organização centro-periferia e algumas delas com propriedade de respostas distintas. Os sinais recebidos no centro e na periferia do campo receptor das células ganglionares são originados de diferentes classes de cones. Combinando características cromáticas e espaciais, os campos receptores podem ser agrupados em quatro subclasses: centro vermelho on/periferia verde off, centro verde on/periferia vermelho off, centro vermelho off/periferia verde on, centro verde off/periferia vermelho on (LEVENTHAL et al., 1981; PERRY et al., 1984). As células ganglionares podem ser divididas em duas categorias, as que respondem com uma polaridade para vermelho e com oposição de polaridade no verde, estas têm um ponto nulo em amarelo na região do espectro. Outro grupo é composto de células com uma polaridade para o azul e com oposição de polaridade para o amarelo, estas têm um ponto nulo na região verde do espectro (GOURAS, 1968; DE MONASTERIO e GOURAS, 1975). Estas diferentes classes de células ganglionares são o inicio do processamento visual em paralelo. 48 Cone M Bastonete Cone S Cone L Cél. Bipolar de bastonete Bipolar de cone Cél. amácrima AII Cél. Ganglionares Cél. Ganglionares Figura 15: Esquema da circuitaria da retina com ênfase para os canais de oponência. Este esquema exclui as células horizontais e os demais tipos de células amácrinas. Os cones se conectam com as células ganglionares por meio de células bipolares específicas para cone. Os bastonetes se conectam com células bipolares específicas para bastonetes, estas não realizam sinapse com as células ganglionares. As células bipolares de bastonetes conectam com células amácrinas do tipo AII e estas realizam sinapse com células bipolares de cones. Desta forma o sinal dos bastonetes chega às células ganglionares, determinando a ligação de cones e bastonetes em uma mesma via. 49 1.7.2 Vias visuais paralelas Como já foi mencionado, existem diferentes classes de células ganglionares na retina e cada uma delas com morfologia celular, padrões de projeção e propriedade de resposta visual diferentes. A classe de células ganglionares mais numerosas da retina são as células anãs, elas correspondem a cerca de 80% do total de células ganglionares. As células anãs apresentam pequeno corpo celular, axônio esparso e pequena árvore dendrítica (DACEY e LEE, 1994), elas se projetam para a camada mais dorsal do Núcleo Geniculado Lateral (NGL) chamada de camada Parvocelular que mantém correlação com estas características, por isso comumente as células anãs são também conhecidas como células P. Esta ligação constitui a via Parvocelular ou Via P. O campo receptor das células P apresenta antagonismo centro periferia on-off. Se o centro tem uma resposta on ou off, sua periferia responde com polaridade oponente. Os sinais recebidos no centro e na periferia do campo receptor das células ganglionares são originados de diferentes classes de cones, M e L, resultando na oponência de cor verde-vermelho. (LEVENTHAL et al., 1981; PERRY et al., 1984). Esta classe de células apresenta resposta eletrofisiológica com componente sustentado, estes componentes são importantes na percepção de forma (KREMERS, 1999). Respondem para estímulo acromático de médios e altos contrastes. Sua resposta não satura, ou apresenta pequeno grau de saturação com o aumento do contraste. Em particular as células P contribui para percepção de luz acromática (VALBERG et al., 1986) ou discriminação de estímulos supralimiares (POKORNY e SMITH, 1997), no entanto são mais sensíveis a cor que a contraste acromático (VAN HATEREN et al., 2002). Em menor proporção que a classe de células P, as células parassol apresentam corpo celular grande e árvore dendrítica grande e densa. Estas células se projetam para a 50 camada magnocelulares do NGL, aí as células mantém características similares as células ganglionares, constituindo a via magnocelular ou via M (SHAPLEY e PERRY, 1986). As células M apresentam importante papel no processamento visual acromático. As células M são mais sensíveis a contraste que as células P, mas sua resposta satura para níveis de contraste relativamente baixos. (LEE et al., 1988, 1993). As informações de posição das células M são mais precisas que as células P, especialmente para baixos contrastes. Dada a excentricidade, as células M tem menor resposta temporal que P (SOLOMON et al., 2002), logo, os sinais das células M tem melhor precisão temporal que as células P. (SILVEIRA e MELLO JR., 1998). A classe de células em menor proporção entre as células ganglionares são as células K. As células K correspondem morfologicamente às células biestratificadas de campo pequeno (DACEY e LEE, 1994) e projetam para as camadas koniocelulares do NGL (MARTIN et al., 1997), elas constituem um grupo heterogêneo de células ganglionares (DE MONASTERIO e GOURAS, 1975). O tamanho de seu campo receptor é similar as células M (DE MONASTERIO e GOURAS, 1975) e correlaciona-se com o tamanho do campo dendrítico (DACEY, 1999). Estas células ganglionares tem sinalização do cone S (MERIGAN, 1989). Apresentam oponência para azul-amarelo (azul on/amarelo off) sem uma clara organização do campo receptor (DE MONASTERIO e GOURAS, 1975). As células K também apresentam importância para o processamento acromático. As células P, M e K convergem os sinais dos cones e bastonetes para o NGL com diferentes intensidades. Essas classes de células recebem significante sinalização dos bastonetes sendo que as células M recebem fortes sinalização dos batonetes, as células P recebem fraca sinalização dos bastonetes (LEE et al., 1997). As células M e P codificam baixos e altos níveis de contrate, respectivamente, e trabalham sinergicamente para suportar a visão acromática e níveis intermediários de contraste (POKORNY e SMITH, 1997). 51 As propriedades das células M e P podem mudar drasticamente com a excentricidade (SILVEIRA e DE MELLO JR., 1998). O contraste temporal na freqüência de fusão de flicker das células M e P na retina e no NGL aumenta com o aumento da excentricidade da retina. (KILAVIK et al., 2003). As células P não apresentam oponência de cor com a excentricidade (DACEY, 1999). As células M são de 8 a 10 vezes mais sensíveis ao contraste que as células P, mas sua resposta satura em baixos contrastes e as células P são insensíveis para contraste, mas sua resposta apresenta pouca saturação com aumento do contraste. Além disso, as células M conduzem impulso com mais velocidade que as células P (VAN HATEREN et al., 2002). 1.7.3 Tálamo O campo receptor das células ganglionares de ambos os olhos tem sua metade projetada para o lado oposto do cérebro. Este cruzamento se dá através do quiasma óptico. No quiasma os axônios da metade nasal da retina cruzam para junto metade temporal da retina do outro olho, em outras palavras, a retina temporal projeta-se para o hemisfério ipsilateral enquanto a retina nasal projeta-se para o hemisfério contralateral (Figura 16). Através do trato óptico, os axônios da retina chegam ao núcleo geniculado lateral (NGL), localizado no tálamo (DE MONASTERIO e GOURAS, 1975; KAPLAN E SHAPLEY, 1986; MARTIN et al., 1997). O NGL é constituído de seis camadas principais, as quatro camadas parvocelulares localizam-se mais dorsalmente e recebem input do olho contra e ipsilateral em ordem de contra, ipsi, contra e ipsi. As camadas magnocelulares se localizam mais ventralmente e recebem input em ordem ipsi e contralateral. As camadas 1 e 2 são magnocelulares e camadas 3,4,5 e 6 são parvocelulares. Tais camadas são separadas por células interlaminares ou zonas Koniocelulares (CASAGRANDE, 1999). As células das 52 camadas magnocelulares, parvocelulares e koniocelulares do NGL apresentam propriedades morfológicas e fisiológicas semelhantes às suas correspondentes retinianas (DE MONASTERIO e GOURAS, 1975; KAPLAN E SHAPLEY, 1986; MARTIN et al., 1997). O principal alvo das fibras do NGL é o córtex visual primário, também denominado de córtex estriado ou V1 (CHATTERJEE e CALLAWAY, 2003) (Figura 17). 53 Figura 16: As 6 camadas do Núcleo Geniculado Lateral de macaco. As quatro camadas parvocelulares no topo (6, 5, 4 e 3) recebem input do olho contra e ipsilateral na ordem contra, ipsi, contra e ipsi. As duas camadas magnocelulares (2 e 1) recebem input ipsi e contra lateral respectivamente. Entre estas camas principais estão as camadas koniocelulares. Modificado de Hubel e Wiesel (1977). 54 Figura 17: Vias retino-genículo-cortical em humanos. Os axônios do nervo óptico da retina nasal cruzam o quiasma óptico e se juntam aos axônios da retina temporal do outro olho. Juntos, esses axônios contralateral e ipsilateral compõem o trato óptico e se projetam pata o NGL. Cada uma das 6 camadas do NGL recebe input de somente um olho. Os axônios do NGL constituem a radiação óptica e se projetam para o córtex estriato. Modificado de Reid e Usrey, (2008). 55 1.7.4 Córtex O principal alvo das fibras do NGL é o córtex visual primário, também denominado de córtex estriado ou V1 (CHATTERJEE e CALLAWAY, 2003). Anatomicamente, V1 é estruturado em camadas 1, 2, 3, 4A, 4B, 4Cα, 4Cβ 5 e 6. A característica fundamental da organização de V1 é o agrupamento espacial de neurônios com funções semelhantes e isto ocorre tanto na forma de camadas quanto de colunas (HUBEL e WIESEL, 1968, 1974; CALLAWAY, 1998). As fibras magnocelulares conectam com neurônios localizados, principalmente, nas camadas 4B, 4Cα e 6Cβ (HENDRICKSON et al., 1978). A maiorias dos neurônios parvocelulares se projetam para camadas 4Cβ, 4A e 6, e neurônios das camadas koniocelulares do NGL projetam-se para áreas (“blobs”) ricos em citocromo oxidase (CO), nas camadas 1, 2, 3 (CALLAWAY, 2005). Alguns autores propuseram que estas vias permanecem segregadas em V1 (LIVINGSTONE e HUBEL 1988; ROE e TS’O 1999). Visto isso, V1 está relacionado com o processamento da maior parte da informação visual, seja de luminância ou de cor. O processamento visual prolonga-se para o córtex visual secundário (V2) que é constituido por duas faixas (uma faixa espessa e uma faixa fina) e uma interfaixa também chamada de faixa pálida. As faixas espessas têm um mapa de orientação visual, as faixas finas têm um mapa de cor e as interfaixas têm um mapa de disparidade. A via magnocelular projeta-se para as camadas 4B de V1 e desta para as faixas espessas de V2, a via parvocelularblob projeta-se dos blobs de V1 para as faixas finas de V2 e a via parvocelular-interblob projeta-se da região inetrblob para as interfaixas (TOVÉE, 1996). A área visual 3 (V3) recebe projeção da via magnocelular vindo da camada 4B de V1 através das faixas espessas de V2. A maioria das células de V3 são seletivas a orientação e acredita-se que elas estejam relacionada com o processamento dinâmico de formas (TOVÉE, 1996). Além de ser uma especialização na percepção de visão de profundidade (BACKUS et 56 al., 2001), e especificamente V3a está relacionada na percepção da visão de movimento (DUKELOW et al., 2001). Na área visual 4 (V4) sugere-se duas divisões da via Parvocelular vindas das faixas finas -cor- e interfaixas -forma (TOVÉE, 1996). Estudos sugerem que algumas células de V4 são seletivas para cor, mas estas células não respondem a comprimentos de onda e sim para a cor deles, fenômeno conhecido como constância de cor (ZEKI, 1983). A área médio temporal (MT) ou área visual 5 ou V5 recebe projeção da via magnocelular vindo da camada 4B de V1 através das faixas espessas de V2 e faz o processamento da informação de movimento e profundidade esterioscópica (TOVÉE, 1996). A área visual 8 (V8) fortemente relacionada ao processamento da informação de cor (WANDELL, 1999). O córtex parietal (VP) é uma das áreas ativadas no processamento da visão de profundidade (BACKUS et al. 2001). O córtex occiptotemporal ventral (VO) também tem uma importante influência no processamento da informação de cor (WANDELL, 1999). A área médio supero temporal (MST) é um dos importantes aspectos no processamento visual do movimento (DUKELOW et al., 2001). A área occipital-cinética (KO) é especializada no processamento da cinética de bordas criadas por descontinuidades na direção do movimento (DUPONT et al., 1997). A área sulco superior temporal (STS) são também seletivamente ativadas durante a visão do movimento de figuras de movimentos pontuais (GROSSMAN e BLAKE, 2002). Esta via também é ativada por outros tipos de movimentos biológicos, como o de uma pessoa andando (PELPHREY et al., 2003), ou movimento de olhos e mãos (PUCE e PERRETT, 2003). Três importantes grupos de regiões são seletivas a objetos e compõem várias áreas: complexo occipital lateral (LOC), relacionada principalmente a imagens de objetos familiares 57 e não familiares, complexo occipito temporal (VOT), ativada preferencialmente para faces (WANDELL, 1999). Em primatas, quase que 50% do córtex está envolvido com o processamento visual (TOVÉE, 1996), mas ainda não está bem esclarecido como ocorre a integração das informações segregadas pelo córtex para a geração da percepção consciente, o que não impede o estudo e mensuração de como interpretamos as informações que chegam à retina e tornam-se consciência. 58 1.8 OBJETIVO 1.8.1 Objetivo geral Investigar com métodos psicofísicos as repercussões funcionais causadas no sistema visual humano pela exposição crônica ocupacional a misturas de solventes orgânicos de trabalhadores de postos de distribuição de combustíveis. 1.8.2 Objetivos específicos Examinar sujeitos expostos de forma crônica ocupacional a mistura de solventes orgânicos presentes em combustíveis de motores avaliando: a sensibilidade ao contraste espacial e temporal de luminância, campo visual acromático, capacidade de discriminação e ordenamento de matizes. Correlacionar tempo de exposição crônica ocupacional a mistura de solventes orgânicos com desempenho na avaliação psicofísica visual dos sujeitos expostos. 59 2 MATERIAL E MÉTODOS Este trabalho foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa envolvendo seres humanos do Núcleo de Medicina Tropical da Universidade Federal do Pará como parte integrante do projeto “Perdas sensoriais causadas pela Intoxicação por Solventes: Estudos Psicofísicos, Neuropsicológicos e Neurofisiológicos” cujas diretrizes atenderam as exigências da resolução Nº075/2006-CEP/NMT (Anexo 1). 2.1 SUJEITOS Este estudo avaliou 30 sujeitos, 28 do sexo masculino e 2 do sexo feminino, com idade compreendendo de 18 a 48 anos (média = 31,3 ± 8,5 anos de idade). Os sujeitos trabalhavam como frentistas de postos de distribuição de combustíveis e foram recrutados em 7 postos da cidade de Belém mediante convite e esclarecimento do projeto de pesquisa. O tempo de trabalho destes sujeitos variou de 1 mês a 22 anos (média = 47,3 ± 64,25 meses de trabalho) e o tempo de exposição semanal variou de 36 a 48 horas de trabalho (média = 45,23 ± 4,4 horas semanais). Após o recrutamento os sujeitos foram atendidos no Laboratório de Neurologia Tropical do Núcleo de Medicina Tropical da Universidade Federal do Pará onde foram mais uma vez esclarecidos a respeito do objetivo da pesquisa e da metodologia aplicada e indagados sobre o desejo de fazer parte da amostra, estes sujeitos foram informados ainda sobre a possibilidade de deixar a pesquisa conforme sua vontade. Após concordar em ser voluntário, o sujeito assinou um termo de livre esclarecido para o uso de seus dados neste trabalho (Apêndice 1). Depois desta etapa o voluntário passou por uma anamnese contendo questões sobre sua identificação e contato, histórico profissional, histórico clínico pessoal e familiar, histórico oftalmológico (Apêndice 2). Em seguida passou por dois testes de triagem: os 60 optotipos de Snnellen e as Placas Pseudoisocromáticas de Ishihara para avaliação da acuidade visual do paciente e possível existência de discromatopsia congênita. Considerando os critérios de inclusão, o voluntário realizou a bateria de testes psicofísicos, que foi constituída de dois testes de avaliação cromática (Discriminação de cores pelo método de Mollon-Reffin e Ordenamento das 100 matizes de Farnsworth-Munsell) e três testes de avaliação acromática (Sensibilidade ao contraste temporal de luminância, sensibilidade ao contraste espacial de luminância e avaliação de campo visual pela técnica da perimetria estática de Humphrey). A avaliação psicofísica foi realizada de acordo com a disponibilidade dos sujeitos ocorrendo casos em que foi realizado apenas um dos testes psicofísicos. Em seguida o sujeito foi encaminhado ao oftalmologista que fez uma bateria oftalmológica de rotina e que avaliou o erro de refração, fundo de olho e pressão ocular (Figura 18). Foram considerados como critérios de exclusão: relato de histórico de doenças oftalmológicas como catarata, glaucoma, retinose pigmentar, etc; relato de histórico de doenças neurológicas como esclerose múltipla, esquizofrenia, aneurisma, etc; relato de doenças sistêmicas crônicas como diabetes, hipertensão arterial, etc; histórico de malaria ou de doenças cujo tratamento fosse realizado com o uso de cloroquina ou derivados, histórico de toxoplasmose e historio de exposição a outros contaminantes ambientais como mercúrio. Para que o sujeito fosse incluso na amostra deveria também ter a acuidade visual estimada através dos optótipos de Snellen normal ou corrigida para até 20/30 e resultado normal para teste das placas pseudoisocromáticas de Ishihara. Os testes psicofísicos foram realizados em apenas um dos olhos, o olho de melhor acuidade. Quando ambos os olhos apresentavam mesma acuidade a escolha foi realizada de forma aleatória da seguinte forma: quando o olho direito era escolhido para um paciente, o próximo paciente testaria o olho esquerdo. 61 Os sujeitos testados informaram trabalhar com gasolina, diesel, álcool e lubrificantes. Destes sujeitos, quando questionados sobre algum tipo de equipamento de proteção individual (EPI), 3 relataram o uso de máscara, 1 relatou o uso de luva e 26 informaram não usar qualquer tipo de proteção. Quando indagados sobre algum tipo de informação a respeito das substâncias a que estavam expostos, somente 1 apresentou algum conhecimento. 62 ORGANOGRAMA 1º DIA (?) 2º DIA (2-3 h) RECRUTAMENTO ↓ ESCLARECIMENTO → TERMO DE LIVRE ESCLARECIENTO E CONSENTIMENTO TESTES DE TRIAGEM LABORATÓRIO DE NEUROLOGIA TROPICAL TESTES PSICOFÍSICOS ↓ 3º DIA (2-3 h) 4º DIA (?) 5º DIA (≈30min) 6º DIA (?) POSTO DE DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS TESTES PSICOFÍSICOS ↓ TESTES PSICOFÍSICOS ↓ AVALIAÇÃO OFTALMOLÓGICA ↓ ENTREGA DO LAUDO → → CLÍNICA OFTALMOLÓGICA PARTICULAR LABORATÓRIO DE NEUROLOGIA TROPICAL Figura 18: Organograma dos procedimentos realizados com os sujeitos expostos de forma ocupacional a solventes orgânicos. O lado esquerdo mostra a quantidade de vezes que foi necessário contato dos sujeitos com a nossa equipe de pesquisadores e o tempo aproximado de cada contato entre parênteses, nos parênteses onde há um ponto de interrogação significa que o tempo despendido variou bastante de acordo com o sujeito. No centro, os quadros pretos mostram o esquema dos procedimentos realizados e a direta, nos quadros brancos, o local onde cada procedimento ocorria. 63 2.2 TESTES DE AVALIAÇÃO VISUAL 2.2.1 Testes de triagem 2.2.1.1 Teste de acuidade visual com optótipos de Snellen O teste de acuidade visual com optótipos de Snellen indica se os indivíduos apresentam acuidade visual (máxima freqüência espacial distinguível) normal e é obrigatoriamente realizado em ambiente iluminado. Para realização do teste foi utilizada uma placa contendo os optótipos. O teste foi realizado monocularmente em ambos os olhos, a uma distancia de 6 metros (20 pés x 30,48 cm) entre o indivíduo e a placa dos optótipos de Snellen. Os optótipos de Snellen constituíram um quadro contendo um conjunto de letras ordenadas em fileiras no sentido horizontal (escala optométrica) sendo apresentadas em diferentes dimensões e formatos em cada linha, dificultando a capacidade de identificação das letras pelo indivíduo (Figura 19). O indivíduo foi instruído a olhar para os optótipos de Snellen começando das fileiras superiores (letras grandes) para as inferiores (letras pequenas) e indicar sempre verbalmente quais letras consegue ver. A acuidade visual por sua vez foi representada como uma fração, sendo o numerador a distância em que o observador esteve do estímulo e o denominador, a distância máxima legível do quadro. O resultado foi determinado pelo valor de escala relacionado a última fileira que o indivíduo conseguiu discriminar. O padrão de normalidade preconizado para este teste foi 20/30. 64 0,1 1 0,2 2 0,3 3 0,4 4 0,5 5 0,6 6 0,7 7 8 9 10 11 0,8 0,9 1,0 NORMAL 1,2 Figura 19: Modelo dos optótipos de Snellen. A esquerda o modelo para pacientes alfabetizados e a direita o modelo para pacientes não alfabetizados. A numeração a esquerda mostra a proporção entre a distância máxima que o paciente viu os optótipos de snellen e a distância máxima que ele idealmente deveria ver. A numeração a direita mostra o número de linhas nas quais os estímulos diminuem gradativamente. 65 2.2.1.2 Teste de Ishihara A avaliação de discriminação de cores com placas pseudoisocromáticos de Ishihara é realizada para detectar deficiência de visão de cor congênita no eixo de cor verdevermelho. O teste foi realizado em ambiente iluminado. Para realização do teste foi utilizado um livro contendo as pranchas pseudoisocromáticas. As pranchas foram constituídas de um estímulo formado de círculos com vários discos de diferentes tamanhos e cores levemente distintas gerando um ruído de luminância (Figura 20). Dentro de cada círculo havia um conjunto de discos que diferiam em cor com o fundo e revelavam um número. Neste trabalho, o teste foi constituído de um total de 25 pranchas. Estas pranchas foram apresentas a uma distância de 75 cm dos indivíduos e este foi instruído a responde qual número estava vendo. O resultado foi obtido comparando a resposta do paciente com a planilha de acompanhamento do teste que continha o resultado esperado do paciente (Apêndice 3). O indivíduo foi considerado normal quando apresenta no máximo 6 erros na resposta. 66 A C B D Figura 20: Pranchas de Ishihara. (A) Representação do primeiro estímulo apresentado ao paciente, este estímulo pode ser visualizado por sujeitos normais e com discromatopsias, ele não apresenta configuração pseudoisocromática, serve para verificar se o sujeito entendeu o comando. (B) e (C) são estímulos para avaliação de discromatopsias protans e deutans. (D) Representação de um dos estímulos utilizados para fazer diagnóstico diferencial entre discromatopsia do tipo protan e discromatopsia do tipo deutan. Devido às limitações no processo de impressão, esta figura não deve ser tomada como representando exatamente as cromaticidades usadas no teste. 67 2.2.2 Testes de avaliação psicofísica 2.2.2.1 Determinação dos limiares de discriminação de cores pelo método de Mollon- Reffin Este teste foi realizado para avaliar a sensibilidade cromática nos três eixos de confusão de cor: protan, deutan e tritan. O equipamento utilizado foi plataforma IBM POWERStation RISC 6000, modelo RISC 6000 320H, com 64 MB de RAM e disco rígido de 400 MB, placas gráficas IBM POWER GT4-24bits-3D, com paleta de cores de 24 bits (8 bits por canhão), sendo os padrões gráficos apresentados em monitor de vídeo modelo IBM 6091 19i, com resolução espacial de 1280 x 1024 pixels, freqüência horizontal de 81,32 kHz, freqüência de varredura vertical de 77 Hz. Foi realizada a correção gama dos monitores, a fim de linearizar a saída dos canhões com a voltagem aplicada sobre eles. Os testes utilizados foram desenvolvidos em linguagem de programação C++. O teste foi realizado monocularmente em ambiente pouco iluminado cuja a iluminação proveio unicamente do monitor do teste. O teste utilizou um estímulo de configuração pseudoisocromática. A configuração pseudoisocromática é um mosaico caracterizado pela presença de uma série de elementos (neste caso círculos) espacialmente separados com diferentes luminâncias em torno da luminância média e diferentes tamanhos. A presença de cromaticidades diferentes em arranjos de determinados elementos gera a sensação de um desenho. O estímulo foi constituído de um conjunto de círculos que formaram um alvo (desenho) e pelo restante do mosaico (fundo). O alvo foi uma figura semelhante ao C de Landolt com diâmetro externo de 4,3º de ângulo visual, diâmetro interno de 2,2º e abertura de 1º. O alvo foi constituído por cromaticidades localizadas em oito diferentes direções cromáticas igualmente espaçadas da cromaticidade do fundo no diagrama da CIE1976 em cada série. A luminância média entre o alvo e o fundo 68 foram iguais e se mantiveram constante ao longo dos testes. A luminância dos discos do estímulo foi modificada aleatoriamente a cada apresentação para um de seis níveis prováveis no intervalo de 12 cd/m2 a 20 cd/m2 gerando um ruído de luminância que obrigava o sujeito a realizar a tarefa baseado somente na percepção da matiz (REGAN et al., 1994) (Figura 21). 69 PROTAN DEUTAN TRITAN Figura 21: Estímulos típicos usados no teste de limiar de discriminação de cores pelo método de Mollon-Reffin. Os painéis, de cima para baixo, mostram os estímulos dos testes protan, deutan e tritan, respectivamente de cima para baixo. Os estímulos à esquerda em cada par são saturados e seriam mostrados próximo do começo do teste; os estímulos menos saturados à direita representam uma discriminação mais difícil. Devido às limitações no processo de impressão, esta figura não deve ser tomada como representando exatamente as cromaticidades usadas no teste. Modificado de Regan et al. (1994). 70 Foram realizadas cinco séries de testes, nos quais a cromaticidade do fundo apresentou uma cromaticidade específica e constante no diagrama da CIE 1976 em cada série (Tabela 2). Tabela 2: Coordenadas do ponto central das elipses de discriminação de cores, segundo o Diagrama de cromaticidade da CIE 1976. Elipse 1 Elipse 2 Elipse 3 Elipse 4 Elipse 5 u’ 0,215 0,219 0,225 0,175 0,278 v’ 0,531 0,481 0,415 0,485 0,472 A sensibilidade cromática foi medida ao longo destes diferentes eixos do espaço de cor usando um procedimento de escada. O computador mantinha um procedimento em escada para cada direção do eixo de cor sendo testada. A tentativa de cada uma das linhas de confusão foi aleatoriamente misturada. A diferença cromática entre alvo e fundo ao longo de uma dada linha de confusão foi adaptativamente aumentada ou diminuída de acordo com o desempenho do sujeito na apresentação prévia naquela linha. O teste realizou um procedimento de escada onde o contraste aumentava ou diminuía a metade do contraste anteriormente visto até a mínima possibilidade de divisão, esta medida foi determinada como o limiar de sensibilidade cromático do sujeito. Os padrões foram apresentados seqüencialmente para que os sujeitos respondessem para qual direção a abertura do C estava apontando (cima, baixo, esquerda, direita). O tempo de apresentação de cada figura foi de 1,5 s. O teste foi realizado a três metros de distância entre o sujeito e o estímulo. O tempo para cada um dos 8 eixos estudados foi de aproximadamente 10 minutos. As respostas dos indivíduos forma registradas pelo experimentador através do teclado do computador, sendo considerados incorretos tanto os erros de orientação quanto as respostas ausentes. 71 Após o termino do teste, os dados foram extraídos da estação de teste e alimentaram uma planilha do Excel automatizada, que utilizava os pontos avaliados para a construção de 5 elipses, que representam uma área fisiologicamente indistinguível da cromaticidade do fundo do estímulo (Figura 22). Das elipses foram retiradas informações quantitativas que permitiram a análise dos resultados, este trabalho avaliou o diâmetro do círculo equivalente a área da elipse (D), a razão entre o eixo maior e menor (a/b) e o ângulo de inclinação do eixo maior da elipse (α). Os significados fisiológico desses parâmetros são: Diâmetro do círculo equivalente a área da elipse (D) indica a capacidade de discriminação do indivíduo. Quanto maior o D, menor é a capacidade de discriminação. Razão entre o eixo maior e menor da elipse (a/b) indica elipticidade, tendência a um determinado eixo de confusão de cor. Quanto maior a elipticidade, maior é a tendência de erro para um determinado eixo de confusão de cor. Este trabalha considera que se a elipticidade for maior que o normal, a perda cromática é difusa. Ângulo de inclinação do eixo maior da elipse (α) revela qual eixo de confusão é mais é predominante nos erros. Os ângulos de inclinação do eixo maior das elipses foram medidos em escala de 00 a 1800. No entanto para avaliação estatística foi necessário converter os valores angulares para valores positivos ou negativos até 900. Para este teste os sujeitos expostos de forma ocupacional a solventes orgânicos foram comparados a grupos controle de mesma faixa etária. Os grupos controles etários foram constituídos como segue: - Faixa etária de 16-30 anos: 51 sujeitos (20,8 ± 3,1 anos de idade). - Faixa etária de 31-45 anos: 21 sujeitos (36,9 ± 4,4 anos de idade). - Faixa etária de 46-60 anos: 16 sujeitos (51,9 ± 3,7 anos de idade). 72 Para analisar o tipo de alteração de cor apresentada pelos indivíduos foram necessários dados que classificassem os sujeitos com alterações difusas ou predominantes para o eixo de confusão de cor protan, deutan ou tritan. Estas normas foram retiradas de dados de sujeitos protan e deutan em que foi utilizado o mesmo equipamento que este trabalho e classifica alterações cromáticas para o eixo protan e deutan das cinco elipses também estudadas aqui (GONÇALVES, 2006). Este grupo está constituído como segue: - Grupo protan: 18 sujeitos (32,5 ± 11,5 anos de idade). - Grupo deutan: 29 sujeitos (30,8 ± 9,2 anos de idade). Para análise, primeiro foi avaliado se o sujeito apresentava diâmetro do círculo equivalente a área da elipse normal. Somente quando os valores do diâmetro do círculo equivalente a área da elipse estivam acima do normal é que a razão entre o eixo maior e o eixo menor da elipse foi avaliada, somente se elipticidade da elipse era estatisticamente maior que o normal é que o ângulo de inclinação da elipse foi avaliado. 73 LIMIAR DE DISCRIMINAÇÃO DE CORES Sujeito Teste 0.6 E1 E2 E3 E4 E5 0.525 v' C1(0,215, 0,531) C2(0,219, 0,481) C3(0,225, 0,415) C4(0,175, 0,485) C5(0,278, 0,472) 0.45 0.375 0.3 0 0.075 0.15 0.225 0.3 0.375 0.45 u' Figura 22: Elipses de discriminação de cores obtidas no teste de discriminação de limiares de cor pelo método de Mollon-Reffin. A legenda identifica as elipses através das representações de cores e das coordenadas do ponto central segundo o diagrama de cromaticidade da CIE 1976. 74 2.2.2.2. Discriminação de Cores pelo Teste de Ordenamento das 100 matizes de Farnsworth-Munsell Este teste foi realizado para avaliar a capacidade de discriminar matizes nos três eixos de confusão de cor: protan, deutan e tritan. O equipamento utilizado foi um microcomputador IBM-compatível modelo Pentium IV 1.7GHz, com 512MB de RAM e disco rígido de 40GB, placa gráfica ANNIHILATOR 2, da CREATIVE, com paleta de cores de 24 bits (8 bits por canhão). Os padrões gráficos são apresentados em monitor de vídeo modelo SONY Multiscan G420, de 19 polegadas, com resolução espacial de 1024 x 768 pixels, freqüência horizontal de 98,8kHz e freqüência de varredura vertical de 120Hz Foi realizada a correção gama dos monitores, a fim de linearizar a saída dos canhões com a voltagem aplicada sobre eles. Os testes utilizados foram desenvolvidos em linguagem de programação C++. O teste foi realizado monocularmente em ambiente pouco iluminado onde a iluminação proveio unicamente do monitor do teste. O teste consistiu de quatro séries formadas por 85 estímulos ao todo. O estímulo era constituído por um círculo com raio de 1º de ângulo visual, 30% de pureza de cor e luminância média de 41,75 cd/m2. Os círculos apresentaram diferentes matizes, mesma saturação e mesma luminância e foi instruído ao paciente que os estímulos teriam que ser organizados seqüencialmente em função de seus matizes. Cada círculo apresentou um número de ordenamento, o qual era desconhecido pelo sujeito testado (Figura 23). 75 A B C Figura 23: Esquema do estímulo para o teste de ordenamento de 100 matizes de Farnsworth-Munsell. (A) representa estímulo inicial do teste onde o sujeito vê uma série de círculos seqüenciados com graduais mudanças de matizes e saturação constante. (B) representa os círculos misturados. (C) Representa o reordenamento das peças. Devido às limitações no processo de impressão, esta figura não deve ser tomada como representando exatamente dos matizes usados no teste. 76 O teste foi realizado a distância de 1 m entre o sujeito e o estímulo. O sujeito foi instruído sobre o teste e foi dado um tempo para a familiarização da tarefa, em seguida, as peças eram espalhadas aleatoriamente, ficando posicionadas corretamente somente as peças com os matizes extremos e o sujeito deveria reordenar as demais peças o mais próximas possível da organização inicial. O procedimento foi repetido para as várias configurações cromáticas e foi contabilizado o número de erros na ordenação dessas várias configurações. Não foi estabelecido tempo limite para a execução do teste, cada sujeito foi estimulado a realizar a tarefa com atenção. No fim de cada seqüência o paciente informou se havia necessidade de correção da posição de qualquer uma das peças. O resultado foi obtido com base no valor de erro cometido para cada peça. O valor de erro de uma peça foi contabilizado pela soma das diferenças entre o número da peça e o número das peças adjacentes a ela (FARNSWORTH, 1957). Os resultados foram processados por meio de uso de um programa específico para este fim gerando resultados gráficos e numéricos. Os gráficos dos indivíduos com tendência de erro para um eixo de confusão de cor apresentava pontuações maiores concentradas em duas regiões aproximadamente opostas no gráfico. O gráfico no qual foi representado o resultado do teste foi apresentado em forma de círculo. Cada linha que representa um ponto no eixo das ordenadas identifica um matiz segundo o sistema de notação de corres de Munsell (Figura 24). A pontuação média de cada indivíduo ou grupo de indivíduos nos hemisférios superior, inferior, esquerdo, direito no gráfico polar do espaço de cor de Munsell foi representado pelos respectivos pontos médios, correspondendo ao matiz no qual apresentam pior desempenho na tarefa do ordenamento das cores. Os matizes começaram a ser enumerados do matiz número 1, no ponto referente ao ângulo de 900, de tal forma que o hemisfério superior não apresentou continuidade de 77 valores em toda extensão. Essa característica distorce os valores e média e desvio padrão do ponto central superior. Para evitar essa situação, os valores do ponto central superior foram convertidos para outra escala, subtraindo-se dos valores de erro o número 85 e adotando-se valores negativos. Os valores do ponto médio superior (S) recalculado como descrito a pouco foram chamados de ponto central superior* (S*). Os parâmetros analisadas neste trabalho foram os valore de erro, e quando este estava alterado, os pontos médios também foram estudados. Para este teste os sujeitos expostos de forma ocupacional ã solventes orgânicos foram comparados ao grupo controle normal de mesma faixa etária. Os grupos controles etários foram constituídos como segue: - Faixa etária de 16-30 anos: 83 sujeitos (20,8 ± 2,8 anos de idade). - Faixa etária de 31-45 anos: 28 sujeitos (35,3 ± 3,9 anos de idade). - Faixa etária de 46-60 anos: 27 sujeitos (50,9 ± 4,2 anos de idade). Para analisar o tipo de alteração de cor apresentada pelos indivíduos foram necessários dados que classificassem os sujeitos com alterações difusas ou predominantes para o eixo de confusão de cor protan e deutan, para tanto as normas foram retiradas do grupo de dados utilizou o mesmo equipamento que este trabalho e classifica alterações cromáticas para o eixo protan e deutan nos mesmos parâmetros estudadas neste trabalho (Gonçalves, 2006). Este grupo está constituído como segue: - Grupo protan: 18 sujeitos (32,5 ± 11,5 anos de idade). - Grupo deutan: 29 sujeitos (30,8 ± 9,2 anos de idade). 78 TESTE DE ORDENAMENTO DE CORES DE FARNSWORTH-MUNSELL 1 1 20 2 3 4 5 6 85 84 83 82 81 19 7 80 18 8 9 79 78 17 16 10 77 15 11 76 14 12 75 Pureza = 30% Estímulo = 1º 13 13 74 12 14 73 11 10 15 72 9 16 71 8 7 17 70 6 18 5 69 Erro: 208 4 19 68 3 20 67 R 21 66 P Y 22 65 23 64 G B 24 63 25 62 26 61 27 60 28 59 29 58 30 Pontos médios: E = 19 D = 64 S = 84 I = 47 57 31 56 32 55 33 54 34 53 35 52 36 51 37 50 38 49 39 48 40 41 42 43 44 45 46 47 Figura 24: Gráfico polar do teste de ordenamento dos 100 matizes de Farnsworth-Munsell de um sujeito exposto de forma crônica ocupacional a solventes orgânicos. Este gráfico é originado de um programa específico criado para este fim. Os números em torno do círculo representam a posição correta de cada matiz. As linhas de contorno representam o valor de erro do sujeito em cada posição. À direita os dados mostram na seguinte ordem, porcentagem de pureza e tamanho de cada um dos 85 estímulos, valor de erro e pontos médios esquerdo (E), direito (D), superior (S) e inferior (I). 79 2.2.2.3 Determinação da função de sensibilidade ao contraste espacial de luminância O objetivo deste teste foi avaliar a sensibilidade ao contraste espacial de luminância. O equipamento utilizado foi um microcomputador IBM-compatível modelo Pentium IV 1.7GHz, com 512MB de RAM e disco rígido de 40GB, placa gráfica ANNIHILATOR 2, da CREATIVE, com paleta de cores de 24 bits (8 bits por canhão). Os padrões gráficos são apresentados em monitor de vídeo modelo SONY Multiscan G420, de 19 polegadas, com resolução espacial de 1024 x 768 pixels, freqüência horizontal de 98,8kHz e freqüência de varredura vertical de 120Hz Foi realizada a correção gama dos monitores, a fim de linearizar a saída dos canhões com a voltagem aplicada sobre eles. Os testes utilizados foram desenvolvidos em linguagem de programação C++. O teste foi realizado monocularmente em ambiente pouco iluminado onde a iluminação proveio unicamente do monitor do teste. O estímulo utilizado consistiu de uma rede de barras verticais claras e escuras, isocromáticas com variação senoidal de luminância no espaço sem modulação temporal (estacionária). A luminância média do estímulo foi de 43,5 cd/m2 durante toda a realização do teste. Foram utilizadas 11 freqüências espaciais: 0,2 cpg, 0,5 cpg, 0,8 cpg, 1 cpg, 2 cpg, 4 cpg, 6 cpg, 10 cpg, 15 cpg, 20 cpg, 30 cpg. O padrão exibido foi retangular, correspondendo à 6,5º por 5º de ângulo visual à 3 m de distância (Figura 25). Para estimar a sensibilidade ao contraste espacial de luminância utilizou-se o método de escada. As freqüências espaciais foram mostradas em uma seqüência ascendente partindo de contrastes subliminares, foram realizadas 10 reversões. Os resultados foram mostrados em valores de sensibilidade ao contraste, correspondente ao inverso do contraste limiar. Para cada sujeito foi realizada uma tentativa do teste de sensibilidade ao contraste nas onze freqüências espaciais. 80 Para este teste os sujeitos expostos de forma ocupacional a solventes orgânicos foram comparados a grupos controle de mesma faixa etária. Os grupos controles etários foram constituídos como segue: - Faixa etária de 16-30 anos: 59 sujeitos (21,2 ± 2,8 anos de idade). - Faixa etária de 31-45 anos: 28 sujeitos (36,2 ± 3,9 anos de idade). - Faixa etária de 46-60 anos: 27 sujeitos (53,3 ± 4,3 anos de idade). 81 B C ∆ CONTRASTE A ∆S Figura 25: Esquema do estimulo do teste de determinação da função de sensibilidade ao contraste espacial de luminância. E A, B e C temos diferentes representações de freqüências espaciais de grades acromáticas onde o estímulo muda senoidalmente entre claro e escuro. (A) Representa menor freqüência espacial. (B) Representa freqüência espacial média. (C) Representa maior freqüência espacial. Os quadrados superiores mostram o estímulo com alto contraste e os quadrados inferiores mostram o mesmo estímulo com contraste menor. 82 2.2.2.4. Determinação da função da sensibilidade ao contraste temporal de luminância O objetivo deste teste foi avaliar a sensibilidade ao contraste temporal de luminância. O equipamento utilizado foi um microcomputador IBM-compatível modelo Pentium IV 1.7GHz, com 512MB de RAM e disco rígido de 40GB, placa gráfica ANNIHILATOR 2, da CREATIVE, com paleta de cores de 24 bits (8 bits por canhão). Os padrões gráficos são apresentados em monitor de vídeo modelo SONY Multiscan G420, de 19 polegadas, com resolução espacial de 1024 x 768 pixels, freqüência horizontal de 98,8kHz e freqüência de varredura vertical de 120Hz Foi realizada a correção gama dos monitores, a fim de linearizar a saída dos canhões com a voltagem aplicada sobre eles. Os testes utilizados foram desenvolvidos em linguagem de programação C++. O teste foi realizado monocularmente em ambiente pouco iluminado onde a iluminação proveio unicamente do monitor do teste. O estímulo utilizado consistiu de um quadrado isocromático espacialmente homogêneo com proporções de 2,5ºpor 2,5º de ângulo visual em um fundo de 6,5º por 5º de ângulo visual a 3 metros de distância, com variação senoidal de luminância no tempo. A luminância média do estímulo e do fundo foi de 43,5 cd/m2 durante toda a realização do teste. Foram utilizadas 7 freqüências temporais: 0,5 Hz ,1 Hz, 2 Hz, 4 Hz, 8 Hz, 16 Hz, 32 Hz. As freqüências temporais foram mostradas em uma seqüência ascendente (Figura 26). Para estimar a sensibilidade ao contraste espacial de luminância utilizou-se o método de escada, iniciando-se a partir de contrastes subliminares, foram realizadas 10 reversões. Os resultados são mostrados em valores de sensibilidade ao contraste, correspondente ao inverso do contraste limiar. Para cada sujeito foi realizada uma tentativa da sensibilidade ao contraste nas sete freqüências temporais. 83 Para este teste os sujeitos expostos de forma ocupacional a solventes orgânicos foram comparados a grupos controle de mesma faixa etária. Os grupos controles etários foram constituídos como segue: - Faixa etária de 16-30 anos: 12 sujeitos (26,3 ± 7,8 anos de idade). - Faixa etária de 31-45 anos: 11 sujeitos (39,5 ± 3,6 anos de idade). - Faixa etária de 46-60 anos: 10 sujeitos (53,6 ± 4,3 anos de idade). 84 ∆t Figura 26: Esquema do estimulo do teste de determinação da função de sensibilidade ao contraste temporal de luminância. A figura mostra horizontalmente a variação do estímulo no tempo e verticalmente mostra a variação senoidal entre claro e escuro. 85 2.2.2.5. Avaliação de campo visual acromático através de perimetria estática de Humphrey O equipamento utilizado foi um campímetro computadorizado do tipo Humphrey Field Analyzer Segunda edição – model 745 (Humphrey Systems, Dublin, CA, USA). O teste foi realizado monocularmente em ambiente pouco iluminado, com iluminação proveniente unicamente do monitor de teste. O programa escolhido apresentava estímulo com mira III, de padrão acromático e luminância média de 31,5 ASB. Foram utilizados 3 protocolos de testes do Humphrey Field Analyzer, o protocolo acromático central 10-2, acromático central 30-2 e acromático periférico 60-4. No protocolo acromático central 10-2 foi selecionada a estratégia SITA-Fast, enquanto no protocolo acromático central 30-2 e acromático 60-4 foi selecionada a estratégia SITA-Standard (Figura 27). Os valores de intensidade dos estímulos foram apresentados em apostilbs (ASB), onde 1 ASB é cerca de 0,32 cd/m² e esta unidade de medida é inversamente proporcional a dB que é uma unidade que compara duas grandezas logarítimicas. O equipamento projetou estímulos que podiam variar a intensidade de brilho em uma escala de 5,1 log de unidades, em outras palavras 51 dB, entre 0,08 e 10 000 asb, sendo que 10000 ABS foi o brilho máximo. Somente a intensidade de brilho do estímulo variou durante os testes. Para monitorar a fixação do olhar do paciente foi utilizada a câmera do equipamento além do monitoramento automático da direção do olhar que ocorre periodicamente durante a realização dos testes. A medida do limiar foi feita com um procedimento de escada em que o estímulo era inicialmente levemente brilhante. Se o paciente visse o ponto, a intensidade do estímulo diminuia em 4 dB em passos subseqüentes até que o paciente não o visse mais. Então a intensidade voltava a aumentar 2 dB até que o paciente visse novamente. Se o paciente não visse o primeiro estímulo, o mesmo processo era realizado de forma inversa. 86 As estratégias de teste escolhidas proporcionaram o teste de 68 pontos do campo visual até 10 0 de ângulo visual, 76 pontos do campo visual até 300 de ângulo visual e 60 pontos do campo visual entre 300 e 60 0 graus de ângulo visual. Estes pontos eram testados randomicamente com cada intensidade do estímulo. Os resultados do teste foram apresentados em decibel (dB) e analisados pelo pacote estatístico STATPAC, gerando dados de comparação do resultado ponto por ponto testado com um banco de dados normais de mesma faixa etária do paciente que vem no próprio equipamento permitindo a detecção de defeitos de campo visual bem como a acompanhamento de resultados do mesmo paciente em momentos diferentes. Os resultados do paciente foram liberados em diferentes tipos de gráfico, foram considerados como dados para este trabalho somente o gráficos com os valores do limiar de sensibilidade para cada ponto testado (Threshold) e os parâmetros globais: Desvio médio ou MD (Mean Deviation ) e Desvio padrão padronizado ou PSD (Patter Standard Deviation). Os três protocolos estudados foram divididos em 8 anéis. O protocolo central 10-2 foi dividido em anéis de 0 0 a 3,30, de 3,30 a 6,60 e de 6,60 a 100 de ângulo visual. O protocolo central 30-2 foi dividido em anéis de 00 a 100, de 100 a 20 0 e de 200 a 300 de ângulo visual. O protocolo periferia 60-4 foi dividido em anéis de 300 a 450 e de 45 0 a 600 de ângulo visual. Para este teste os sujeitos expostos de forma ocupacional a solventes orgânicos foram comparados a grupos controle de mesma faixa etária. Os grupos controles etários foram constituídos como segue: - Faixa etária de 16-30 anos: 12 sujeitos (26 ± 2,6 anos de idade). - Faixa etária de 31-45 anos: 10 sujeitos (38,5 ± 4,1 anos de idade). - Faixa etária de 46-60 anos: 7 sujeitos (51,7 ± 4,6 anos de idade). 87 100 6,70 3,30 A 300 200 100 B 600 450 300 C Figura 27: Esquema da matriz de pontos testados no campo visual pela perimetria estática de Humphrey. (A) Pontos testados no protocolo central 10-2. (B) Pontos testados no protocolo central 30-2. (C) Pontos testados no protocolo periferia 60-4. O triangulo vermelho representa o ponto cego localizado a cerca de 150 de ângulo visual. O protocolo central 30-2 foi dividido em anéis de 00 a 100, de 10 0 a 200 e de 200 a 30 0 de ângulo visual. O protocolo periferia 60-4 foi dividido em anéis de 300 a 450 e de 450 a 600 de ângulo visual. 88 2.3. ANÁLISE DE DADOS Todos os dados foram analisados mediante comparação entre o grupo exposto a solventes orgânicos e grupo controle de mesma faixa etária. Foram utilizados os seguintes testes estatísticos: 1-Cálculo do intervalo de tolerância, utilizado para verificar se o resultado individual dos sujeitos expostos a solventes orgânicos estavam dentro dos parâmetros de normalidade em cada teste. 2-Cálculo do intervalo de confiança, para verificar se a média dos valores resultantes de cada teste do grupo exposto a solvente orgânicos estão dentro do parâmetros de normalidade. 3-Teste t, para avaliar diferença entre as médias do grupo expostos a solventes orgânicos e o grupo controle. 4-Cálculo do coeficiente de correlação linear de Pearson, para analisar a força da correlação entre o tempo de exposição e o desempenho dos sujeitos no teste e força da correlação entre os desempenhos em cada teste. Foi considerado α=0,05. Os testes estatísticos foram realizados com suporte do pacote estatístico BioEstat 5.0. 89 3 RESULTADOS 3.1 DETERMINAÇÃO DOS LIMIARES DE DISCRIMINAÇÃO DE CORES PELO MÉTODO DE MOLLON-REFFIN Foram avaliados 17 sujeitos expostos de forma crônica ocupacional à mistura de solventes orgânicos com o teste de determinação dos limiares de discriminação de cores pelo método de Mollon-Reffin distribuídos em três faixas etárias, 8 sujeitos na faixa etária de 16 a 30 anos, 7 sujeitos na faixa etária de 31 a 45 anos e 2 sujeitos na faixa etária de 46 a 60 anos. Os parâmetros tomados para estudo neste teste foram o valor do diâmetro do círculo equivalente a área da elipse (D), razão entre eixo maior e eixo menor da elipse conhecido como elipticidade (a/b) e ângulo de inclinação da elipse (α) retirados de 5 elipses obtidas no testes (E1, E2, E3, E4, E5), primeiro era avaliado o valor de D, quando este apresentava valores superiores ao controle era feita análise da elipticidade e se este estivesse fora dos padrões normais é que α era avaliado. Os valores de α estudados foram comparados a dois grupos com deficiência de cor (grupo protan e grupo deutan). Na análise desse teste foi excluída a elipse 4 do paciente GJS070621D devido ter ocorrido uma falha aquisição dos dados brutos referentes a coordenadas da quarta série de teste por parte do programa o que impediu a construção da elipse tornando impossível a análise desses dados para este paciente. Foi encontrado que 8 (47,1%) sujeitos expostos de forma crônica ocupacional à mistura de solventes orgânicos apresentaram valor do D acima do limite de tolerância superior do grupo controle da faixa etária relativa em pelo menos uma das elipses, considerando = 0,05. Destes, 4 eram da faixa etária de 16 a 30 anos e 3 eram da faixa etária de 31 a 45 anos e 1 era da faixa etária de 46 a 60 anos (Tabela 3). Foi analisado a/b desses 8 sujeitos, e todos apresentaram elipticidade maior que limite de tolerância superior do grupo controle (Tabela 90 4). Na comparação com os grupos protans e deutans, os valores de α dos sujeitos expostos de forma crônica ocupacional à mistura de solventes orgânicos não se encaixaram em nenhum intervalo de tolerância representante das duas classificações. 91 Tabela 3: Valores do diâmetro do círculo equivalente a área da elipse dos sujeitos expostos de forma crônica ocupacional a mistura de solventes orgânicos. E1=elipse 1, E2= elipse 2, E3= elipse 3, E4= elipse 4, E5= elipse 5. * Representa valores fora do intervalo de tolerância do grupo controle. Sujeitos EJN070412E EJS070321D GXA081119E JCS081118D KCF070622D MAS090318D MSB080417E OOS070517E ACC090325D GJS070621D JS080402E JSM090317D LOS070302E MAS081112D MJM090311E CAS070518E RJM070524D Idade 25 20 23 28 23 28 27 20 42 37 37 45 44 31 35 48 47 E1 18.896 25.188 19.436 36.489* 24.310 34.419* 15.496 19.415 19.061 29.092 19.910 41.013* 13.080 26.164 18.593 18.713 35.908 E2 12.200 17.357 19.067 40.470* 20.386 19.371 11.927 22.696 19.797 53.021* 24.664 40.380* 17.277 19.242 21.424 14.245 40.104* E3 14.075 22.116 19.103 40.090* 25.112 31.307* 31.714* 23.448 23.030 60.026* 29.437 45.711* 29.566 22.350 23.399 20.156 30.998 E4 12.337 17.227 17.728 33.560* 25.074 30.118* 16.691 22.182 40.784* excluído 22.441 38.311* 24.313 25.460 25.891 15.300 29.161 E5 11.631 18.031 15.646 40.052* 23.474 27.373 22.086 32.240* 27.575 36.242 23.897 38.530* 18.306 28.679 26.396 24.430 27.288 92 Tabela 4: Valores da elipticidade (a/b) da elipse dos sujeitos expostos de forma crônica ocupacional a mistura de solventes orgânicos. E1=elipse 1, E2= elipse 2, E3= elipse 3, E4= elipse 4, E5= elipse 5. * Representa valores fora do intervalo de tolerância do grupo controle. Sujeitos Idade EJN070412E 25 EJS070321D 20 GXA081119E 23 JCS081118D 28 KCF070622D 23 MAS090318D 28 MSB080417E 27 OOS070517E 20 ACC090325D 42 GJS070621D 37 JS080402E 37 JSM090317D 45 LOS070302E 44 MAS081112D 31 MJM090311E 35 CAS070518E 48 RJM070524D 47 E1 1.235 2.582 1.575 2.035 3.094 4.098 1.897 1.965 1.604 6.902 1.332 1.567 1.195 1.604 1.675 1.821 1.594 E2 1.249 1.143 2.232 2.588* 2.524 1.209 1.336 1.389 1.263 3.829* 2.026 2.321 1.072 1.35 1.357 1.376 3.841* E3 2.158 4.002 2.368 2.108 3.648 3.792* 2.915* 3.307 2.13 4.053* 1.595 5.229* 4.278 1.756 3.143 2.413 1.778 E4 2.707 1.839 3.898 1.766 1.626 1.461 1.546 1.44 6.236* excluído 1.323 1.859 2.514 2.73 2.157 1.38 1.376 E5 6.813 2.939 1.637 1.775 2.009 2.114 2.086 2.235* 2.05 5.618 1.748 1.379 3.468 1.619 1.163 2.33 1.478 93 A média do valor do diâmetro do circulo equivalente a área da elipse e da elipticidade obtidas do teste de discriminação de cores pelo método de Mollon-Reffin do grupo exposto de forma crônica ocupacional a mistura de solventes orgânicos está dentro do intervalo de confiança do grupo controle em todas as (Figura 28) considerando = 0,05. Existe diferença estatística nos valores do diâmetro do círculo equivalente a área da elipse dos sujeitos expostos de forma crônica ocupacional a solventes orgânicos e os valores do grupo controle em E1, E3 e E4, considerando = 0,05, o valor de p encontrado foi: p= 0,0061; p=0,0211 e p=0,0353 respectivamente. Existe diferença estatística entre os valores de elipticidade dos sujeitos expostos de forma crônica ocupacional a solventes orgânicos e os valores do grupo controle em E3 e E5, considerando = 0,05, o valor de p encontrado foi: p= 0,0004 e p=0,0296 respectivamente. Existe diferença estatística entre os valores do ângulo de inclinação da elipse dos sujeitos expostos de forma crônica ocupacional a solventes orgânicos e os valores do grupo controle em E2, E3 e E5, considerando = 0,05, o valor de p encontrado foi p= 0,0164; p=0,0007 e p=0,0345 respectivamente (Tabela 5). Tabela 5: Valores de p do diâmetro do círculo equivalente a área da elipse (D), elipticidade (a/b) e ângulo de inclinação (α) da elipse do grupo exposto a mistura de solventes orgânicos quando comparados ao grupo controle.. E1=elipse 1, E2= elipse 2, E3= elipse 3, E4= elipse 4, E5= elipse 5. D a/b α E1 0.0061 >0.05 >0.05 E2 >0.05 >0.05 0.0164 E3 0.0211 0.0004 0.0007 E4 0.0353 >0.05 >0.05 E5 >0.05 0.0296 0.0345 O coeficiente de correlação de Pearson não mostra correlação estatística significativa entre o tempo de exposição a misturas de solventes orgânicos e valores de diâmetro do círculo equivalente a área da elipse ou a elipticidade considerando = 0,05. 94 60 A 50 Diâmetro do círculo equivalente a área da elipse 40 D D Diâmetro do círculo equivalente a área da elipse 60 30 20 10 0 B 50 40 30 20 10 0 0 E1 E2 E3 E4 E5 15 0 E1 E2 E3 E4 E5 15 D Diâmetro docírculo equivalente a área da elipse 60 C 50 40 Intervalo de Confiança (Controle) 30 Média e Desvio Padrão (Expostos) 20 10 0 0 E1 E2 E3 E4 E5 15 Figura 28: Gráfico da média de valores de diâmetro do círculo equivalente a área da elipse obtido do teste de discriminação de cores pelo método de Mollon-Reffin do grupo exposto de forma crônica ocupacional a mistura de solventes orgânicos (representados pelo círculo verde) comparado com o Intervalo de confiança do grupo controle (linha pontilhada vermelha). (A) Representação para faixa etária de 16 a 30 anos. Em B representação para faixa etária de 31 a 45 anos. Em C representação para faixa etária de 46 a 60 anos. E1=elipse 1, E2=elipse 2, E3= elipse 3, E4=elipse 4, E5=elipse 5. 95 3.2 DISCRIMINAÇÃO DE CORES PELO TESTE DE ORDENAMENTO DOS 100 MATIZES DE FARNSWORTH-MUNSELL Foram avaliados 26 sujeitos expostos de forma crônica ocupacional a mistura de solventes orgânicos com o teste de ordenamento de matizes de Farnsworth-Munsell distribuídos em três faixas etárias, 13 sujeitos na faixa etária de 16 a 30 anos, 11 sujeitos na faixa etária de 31 a 45 anos e 2 sujeitos na faixa etária de 46 a 60 anos. Os parâmetros tomados para estudo neste teste foram o valor de erro obtido do gráfico polar, pontos médios superior e inferior para classificar os sujeitos como tendo alterações de cor sem tendência de erro ou com tendência de erro a determinado eixo de confusão de cor, e pontos médios esquerdo e direito, caso houvesse necessidade de classificálo quanto a tendência de erro de confusão de cor. Os pontos centrais só eram avaliados quando os sujeitos apresentavam valor de erro acima do normal. Foi encontrado que 19 (73,1%) sujeitos expostos de forma crônica ocupacional a mistura de solventes orgânicos apresentaram valor de erro maior que o intervalo de tolerância superior do grupo controle de cada faixa etária considerando = 0,05 . Destes, 11 eram da faixa etária de 16 a 30 anos (média de valor de erro= 141±52), 7 eram da faixa etária de 31 a 45 anos (média de valor de erro= 141±52) e 1 era da faixa etária de 46 a 60 anos (média de valor de erro= 156±74). Os pontos médios do estudo do gráfico de erro no espaço de cor de Munsell desses sujeitos se apresentaram dentro do desvio padrão de grupo controle normal. Não apresentando tendência de erro para nenhum eixo de confusão de cor. Os pontos médios desses sujeitos foram estudados (Tabela 6). 96 Tabela 6: Valores de erro e pontos médios dos sujeitos expostos de forma crônica ocupacional a mistura de solventes orgânicos. E= ponto médio esquerdo, D= ponto médio direito, S= ponto médio superior, I= ponto médio inferior. * Representa valores fora do intervalo de tolerância do grupo controle. Sujeitos Idade DPX080410E 18 EJN070412E 25 EJS070321D 20 FSM080423D 28 GXA081119E 23 JCS081118D 28 JPS080707E 29 LCC090414E 23 MAP080625D 29 MAS090818D 28 MSB080417E 27 OOS070517E 20 RCL080627E 23 ACC090325D 42 JLM080407D 39 JMA080630D 34 JS080402E 37 JSM090317D 45 LOS070302E 44 MAS081112D 31 MJM090311E 35 PRO080626D 37 RCB081127E 31 RVM081111D 34 CAS070518E 48 RJM070524D 47 Erro 156* 176* 128* 108* 132* 160* 128* 84 104* 160* 56 260* 156* 60 156* 104 236* 172* 152* 164* 72 96 160* 180* 104 208* E 18 29 31 22 29 27 21 23 20 22 18 25 33 32 33 32 23 23 36 22 22 24 32 23 25 19 D 30 63 62 60 65 60 67 71 66 67 25 68 60 63 60 63 63 65 58 62 67 67 63 68 62 64 S 62 82 80 5 78 83 81 85 9 84 66 82 80 82 80 81 81 80 76 81 84 77 84 75 78 84 I 82 43 40 46 45 46 44 42 43 44 72 37 44 52 44 48 51 45 48 51 44 47 41 46 44 47 97 Todos os sujeitos com valor de erro alterado apresentaram pontos médios superior e inferior dentro do desvio padrão da média de pontos no grupo controle. A média do valor de erro do grupo exposto de forma crônica ocupacional a mistura de solventes orgânicos está acima do limite de confiança superior do grupo controle nas três faixas etárias (Figura 29) considerando = 0,05. A média dos pontos médios superior e inferior do grupo exposto de forma crônica ocupacional a solventes orgânicos é semelhante a média desses pontos no grupo controle e encontra-se dentro do desvio padrão do mesmo. Houve diferença estática entre os valores de erro do grupo exposto de forma crônica ocupacional a mistura de solventes orgânicos (média= 141 ± 50) e o grupo controle (média= 86 ± 6) considerando = 0,05, o valor de p encontrado foi p < 0,0001. O coeficiente de correlação de Pearson encontrado foi r2= 0,1495 e p= 0,0509, considerando = 0,05 não existe correlação significativa entre o tempo de exposição a mistura de solventes orgânicos e valores de erro do teste FM-100 de sujeitos expostos de forma crônica ocupacional a mistura de solventes orgânicos. 98 250 250 A B 200 Valor Valorde de erroerro Valor Valor de de erro erro 200 150 100 50 150 100 50 0 0 250 Média DP LC Média do grupo exposto Média DP LC Média do grupo exposto C Valor Valor de de erro erro 200 Média (Controle) 150 Desvio padrão (Controle) Limite de confiança (Controle) 100 Média e Desvio Padrão (Expostos) 50 0 Média DP LC Média do grupo exposto Figura 29: Média de valores de erro no teste de ordenamentos dos matizes de FarnsworthMunsell do grupo exposto de forma crônica ocupacional a mistura de solventes orgânicos (representados pelo círculo) comparado com o Intervalo de confiança superior do grupo controle (linha contínua verde). (A) Representação para faixa etária de 16 a 30 anos (média de valor de erro= 139±50). Em B representação para faixa etária de 31 a 45 anos (média de valor de erro= 141±52). Em C representação para faixa etária de 46 a 60 anos (média de valor de erro= 156±74). Linha verde – intervalo de confiança superior da média de erros do grupo controle; Linha vermelha – média de erros do grupo controle; Linha azul – desvio padrão de erros do grupo controle. 99 3.3 DETERMINAÇÃO DA FUNÇÃO DE SENSIBILIDADE AO CONTRASTE ESPACIAL DE LUMINÂNCIA Foram avaliados 25 sujeitos expostos de forma crônica ocupacional a mistura de solventes orgânicos com o protocolo para estimativa da função de sensibilidade ao contraste espacial de luminância distribuídos em três faixas etárias, 12 sujeitos na faixa etária de 16 a 30 anos, 11 sujeitos na faixa etária de 31 a 45 anos e 2 sujeitos na faixa etária de 46 a 60 anos. Foi encontrado que 13 (52%) sujeitos expostos de forma crônica ocupacional a mistura de solventes orgânicos apresentaram pelo menos uma freqüência espacial de luminância abaixo do limite inferior de tolerância do grupo controle de cada faixa etária. Destes, 5 sujeitos estavam na faixa etária de 16 a 30 anos e apresentaram alterações nas freqüências de 0,8; 1; 2; 6 e 20 cpg, 6 sujeitos eram da faixa etária de 31 a 45 anos e apresentaram alterações nas freqüências de 0,2; 2; 4 e 20 cpg e 2 eram da faixa etária de 46 a 60 anos e apresentaram alterações nas freqüências de 1; 2;4;6;10;15;20 e 30 cpg (Tabela 7). Todas as faixas etárias do grupo exposto de forma crônica ocupacional a mistura de solventes orgânicos apresentam a média de sensibilidade ao contraste espacial de luminância nas freqüências espaciais de luminância de 20 cpg e 30 cpg abaixo do limite inferior de confiança, na faixa etária de 16 a 30 anos do grupo exposto de forma crônica ocupacional a solventes orgânicos também os valor de sensibilidade na freqüência de 0,8 cpg está abaixo do limite de tolerância inferior do grupo controle e na faixa etária de 46 a 60 anos do grupo exposto de forma crônica ocupacional a mistura de solventes orgânicos apresenta também a média de sensibilidade ao contraste espacial de luminância nas freqüências espaciais de luminância de 4 cpg, 6 cpg, 10 cpg e 15 cpg também abaixo do limite inferior de confiança (Figura 30). Houve diferença estatística entre os valores de sensibilidade ao contraste espacial de luminância do grupo exposto de forma crônica ocupacional a mistura de solventes 100 orgânicos e o grupo controle nas freqüências de 20 e 30 cpg considerando = 0,05, o valor de p encontrado foi p=0, 0011 e p= 0,0002, respectivamente (tabela 8). O coeficiente de correlação de Pearson não mostra correlação estatística significativa entre o tempo de exposição a misturas de solventes orgânicos e valores de sensibilidade ao contraste espacial de luminância considerando = 0,05. 101 Tabela 7: Valores de sensibilidade ao contraste espacial de luminância em cada uma das freqüências espaciais estudadas (em cpg) dos sujeitos expostos de forma crônica ocupacional à mistura de solventes orgânicos. * Representa valores fora do intervalo de tolerância do grupo controle. Sujeitos Idade 0.2 0.5 DPX080410E 18 25 20 28 23 28 29 23 29 28 27 23 42 39 34 37 45 44 31 35 37 31 34 48 47 0.907 0.885 0.527 0.775 0.897 1.275 0.732 0.753 0.712 0.656 0.85 0.692 0.578 0.775 0.592 0.639 0.524 1.018* 0.712 1.012 1.012 0.692 0.775 1.261 0.605 1.752 1.687 1.465 1.208 2.12 2.053 1.576 1.576 2.053 1.752 2.354 1.752 1.354 1.752 1.752 1.354 1.752 1.687 1.275 2.178 2.053 1.752 2.053 1.687 1.752 2.053 2.354 2.178 2.164 2.164 2.767 2.767 1.562 2.164 1.863 1.863 1.451* 1.451* 1.752* 1.752 2.479 2.479 2.655 2.53 2.178 2.655 2.655 2.655 2.178 2.354 2.655 2.655 1.752 2.053 2.354 2.655 2.053 2.178 2.655 2.655 2.053 2.178 2.354 2.178 2.178 2.655 2.655 2.655 2.053 2.053 2.178 2.178 1.451 1.752 2.053 2.178 2.178 2.354 2.354 2.354 2.178 2.178 2.354 2.354 2.053 2.053 2.655 2.655 2.053 2.053 2.178 2.354 2.164 2.289 2.289 2.289 1.451 1.576* 1.752* 2.053 2.354 2.655 2.655 2.655 2.178 2.354 2.655 2.655 2.053 2.053 2.178 2.178 2.053 2.354 2.655 2.655 1.687* 1.164* EJN070412E EJS070321D FSM080423D GXA081119E JCS081118D JPS080707E LCC090414E MAP080625D MAS090318D MSB080417E RCL080627E ACC090325D JLM080407D JMA080630D JS080402E JSM090317D LOS070302E MAS081112D MJM090311E PRO080626D RCB081127E RVM081111D CAS070518D RJM070524D 0.8 1 6 10 15 20 30 1.576* 2.766 1.687 1.752 2.53 2.655 2.655 2.354 2.354 2.178 2.354 2.178 2.178 2.354 2.354 2.354 2.354 2.289 2.053 2.655 2.655 2.178 2.354 1.354 1.863 1.562 1.576 2.451 2.354 2.655 2.053 2.053 1.752 2.053 2.053 2.053 1.752 2.178 2.354 2.053 2.289 1.752 2.655 2.354 2.053 2.354 1.354 1.562 1.05 1.576 1.672 2.177 2.655 1.576 1.576 1.208 1.576 1.15 1.451 1.053 2.177 1.275 1.208 1.687 1.275 2.479 1.451 1.15 1.576 0.592 0.626 0.065 1.012 1.316 1.15 0.94 0.94 0.712 0.09 0.41 0.088 0.411 0.754 0.034 0.444 0.712 0.017 0.017 0.357 0.488 0.017 0.017 1.099 0.017 0.017 0.841 0.0173 0.823 0.674 0.488 0.186 1.465* 1.164* 0.783* 0.548* 0.088* 2.164 2.465 2.767 2.465 2.289 2.164 1.562 1.21 0.386 1.863* 2 1.863* 4 1.687* 0.007* 0.007* 1.053 0.423* 0.368* 0.607 1.752 0.065* 0.007* 1.123 0.142 1.752 1.576 0.423* Tabela 8: Valores de p para os valores de sensibilidade ao contraste espacial de luminância do grupo exposto a mistura de solventes orgânicos quando comparados ao grupo controle em cada uma das freqüências espaciais (cpg). Frequência p 0.2 0.5 0.8 1 2 4 6 10 15 20 30 >0,05 >0,05 >0,05 >0,05 >0,05 >0,05 >0,05 >0,05 >0,05 0.0011 0.0002 3 A 2.5 3 B 2.5 2 1.5 2 1.5 1 0.5 1 0.5 0 0.1 1 10 100 Frequência espacial de luminância (cpg) Sensibilidade ao contraste 10) Sensibilidade ao contraste (Log (Log 10) Sensibilidade ao contraste (Log 10) Sensibilidade ao contraste (Log 10) Sensibilidade contraste (Log 10)(Log 10) Sensibilidade aoaocontraste 102 Freqüência espacial de luminância (cpg) 0 0.1 1 10 100 Frequência espacial de luminância (cpd) Freqüência espacial de luminância (cpg) 3 C 2.5 2 Intervalo de Confiança (Controle) 1.5 Média e Desvio Padrão (Expostos) 1 0.5 0 0.1 1 10 100 Frequência espacial de luminância (cpg) Freqüência espacial de luminância (cpg) Figura 30: O gráfico da média de valores de sensibilidade ao contraste espacial de luminância do grupo exposto de forma ocupacional a solventes orgânicos (representados por círculos) comparado com o Intervalo de confiança do grupo controle (linhas tracejadas). Em A representação para faixa etária de 16 a 30 anos. Em B representação para faixa etária de 31 a 45 anos. Em C representação para faixa etária de 46 a 60 anos. 103 3.4 DETERMINAÇÃO DA FUNÇÃO DA SENSIBILIDADE AO CONTRASTE TEMPORAL DE LUMINÂNCIA Foram avaliados 25 sujeitos expostos de forma crônica ocupacional a mistura de solventes orgânicos com o protocolo para estimativa da função de sensibilidade ao contraste espacial de luminância distribuídos em três faixas etárias, 12 sujeitos na faixa etária de 16 a 30 anos, 11 sujeitos na faixa etária de 31 a 45 anos e 2 sujeitos na faixa etária de 46 a 60 anos. Foi encontrado que 2 (8%) sujeitos expostos de forma crônica ocupacional a mistura de solventes orgânicos apresentaram pelo menos uma freqüência espacial de luminância abaixo do limite inferior de tolerância do grupo controle de cada faixa etária. Destes sujeitos com alterações, 1 era da faixa etária de 16 a 30 anos e teve a sensibilidade ao contraste temporal de luminância diminuído nas freqüências de 0,5; 1 e 2 Hz e 1 sujeito era da faixa etária de 31 a 45 anos e teve a sensibilidade ao contraste temporal de luminância diminuído na freqüência de 0,5 Hz (Tabela 9). A média dos valores de sensibilidade ao contraste temporal de luminância do grupo expostos de forma crônica ocupacional a mistura de solventes orgânicos estão dentro do intervalo de confiança do grupo controle em todas as faixas etárias (Figura 31). Não houve diferença estatística entre os valores de sensibilidade ao contraste temporal de luminância do grupo exposto de forma crônica ocupacional a mistura de solventes orgânicos e o grupo controle, considerando α=0,05 (tabela 10). O coeficiente de correlação de Pearson não mostra correlação estatística significativa entre o tempo de exposição a misturas de solventes orgânicos e valores de sensibilidade ao contraste espacial de luminância considerando = 0,05. 104 Tabela 9: Valores de sensibilidade ao contraste temporal de luminância em cada uma das freqüências temporais estudadas (em Hz) dos sujeitos expostos de forma crônica ocupacional a mistura de solventes orgânicos. * Representa valores fora do intervalo de tolerância do grupo controle. Sujeitos Idade 0.5 1 DPX080410E 18 1.594* 1.628* EJN070412E 25 1.862 1.929 EJS070321D 20 1.385 1.503 FSM080423D 28 1.804 2.008 GXA081119E 23 1.708 1.707 JCS081118D 28 2.106 1.929 JPS080707E 29 2.009 2.407 LCC090414E 23 1.862 1.93 MAP080625D 29 2.106 2.106 MAS081112D 31 1.708 1.708 MSB080417E 27 1.753 1.753 RCL080627E 23 2.106 2.106 ACC090325D 42 1.667* 1.628 JLM090407D 39 2.106 2.008 JMA080730D 34 1.93 1.929 JS080402E 37 1.629 1.561 JSM090317D 45 1.862 1.708 LOS070302E 44 1.804 1.862 MAS081112D 31 1.429 1.531 MJM090311E 35 1.753 1.862 PRO080626D 37 2.23 2.407 RCB081127E 31 1.753 1.708 RVM081111D 34 1.666 1.708 RJM070524D 47 1.929 2.009 CAS070518E 48 1.804 1.93 2 1.862* 1.929 1.628 1.929 1.667 2.009 2.23 2.009 2.106 1.708 1.93 2.106 1.708 2.009 2.23 1.561 1.862 1.804 1.666 2.009 2.106 2.009 1.666 1.804 1.862 4 2.009 2.106 2.009 2.009 1.862 2.106 2.23 2.106 2.106 2.007 2.23 2.106 1.862 2.009 2.106 1.708 1.929 1.929 1.804 2.106 2.407 2.106 1.561 2.106 2.009 8 2.106 2.009 1.93 2.009 1.93 2.106 2.407 2.106 2.23 2.009 2.23 2.407 1.93 2.009 2.106 1.863 2.009 2.009 1.863 2.009 2.23 2.106 1.753 2.23 2.106 16 1.804 1.594 1.667 1.708 1.667 1.93 1.929 1.862 1.93 1.753 1.93 1.862 1.594 1.862 1.804 1.531 1.862 1.407 1.407 1.708 1.929 1.708 1.452 2.106 1.862 32 1.429 1.365 1.327 1.429 1.365 1.628 1.594 1.452 1.503 1.452 1.531 1.429 1.309 1.452 1.628 1.245 1.407 1.327 1.176 1.429 1.629 1.452 1.216 1.385 1.429 Tabela 10: Valores de p para os valores de sensibilidade ao contraste temporal de luminância do grupo exposto a mistura de solventes orgânicos comparados ao grupo controle em cada uma das freqüências espaciais (Hz). Frequência p 0.5 >0,05 1 >0,05 2 >0,05 4 >0,05 8 >0,05 16 >0,05 32 >0,05 5 A 4.5 4 3.5 3 2.5 2 1.5 1 0.5 0 0.1 1 10 100 Sensibilidade ao contraste 10) Sensibilidade ao contraste (Log (Log 10) Frequência temporal (Hz) Freqüência temporal de luminância (cpg) 5 Sensibilidade ao contraste 10) Sensibilidade ao contraste (Log (Log 10) Sensibilidade ao contraste 10) Sensibilidade ao contraste (Log(Log 10) 105 5 B 4.5 4 3.5 3 2.5 2 1.5 1 0.5 0 0.1 1 10 100 Freqüência temporal (Hz) Freqüência temporal de luminância (cpg) C 4 3 Intervalo de Confiança (Controle) 2 Média e Desvio Padrão (Expostos) 1 0 0.1 1 10 100 Freqüencia temporal (Hz) Freqüência temporal de luminância (cpg) Figura 31: O gráfico da média de valores de sensibilidade ao contraste temporal de luminância do grupo exposto de forma crônica ocupacional a mistura de solventes orgânicos (representados por círculos) comparado com o Intervalo de confiança do grupo controle (linhas tracejadas). Em A representação para faixa etária de 16 a 30 anos. Em B representação para faixa etária de 31 a 45 anos. Em C representação para faixa etária de 46 a 60 anos. 106 3.5 AVALIAÇÃO DE CAMPO VISUAL ACROMÁTICO ATRAVÉS DE PERIMETRIA ESTÁTICA DE HUMPHREY Foram avaliados 21 sujeitos expostos de forma crônica ocupacional a mistura de solventes orgânicos em três protocolos da perimetria estática de Humphrey, 12 sujeitos na faixa etária de 16 a 30 anos, 8 sujeitos na faixa etária de 31 a 45 anos e 1 sujeito na faixa etária de 46 a 60 anos. Seis (28,57%) sujeitos expostos de forma crônica ocupacional a mistura de solventes orgânicos apresentaram valores do limiar de sensibilidade acromático abaixo do limite de tolerância inferior do grupo controle: 4 sujeitos da faixa etária de 16 a 30 anos apresentaram esta diminuição da sensibilidade no anel de 200 a 300 de ângulo visual, sendo que 1 desses sujeitos também apresentou diminuição da sensibilidade nos anéis de 300 a 450 e de 450 a 60 0 de ângulo visual; 2 sujeitos na faixa etária de 31 a 45 anos apresentaram a sensibilidade diminuída nos anéis de 30 0 a 450 e de 450 a 600 graus de ângulo visual sendo que 1 desses sujeitos também apresentou a sensibilidade diminuída no anéis de 100 a 20 0 e de 20 0 a 30 0 graus de ângulo visual (Tabela 11). Oito (38,1%) sujeitos expostos de forma crônica ocupacional a mistura de solventes orgânicos apresentaram valores de índices globais fora do intervalo de tolerância do grupo controle: 3 sujeitos da faixa etária de 16 a 30 anos apresentaram o valor do MD abaixo do limite de tolerância inferior do grupo controle no protocolo central 30-2 sendo que entre esses 1 apresentou valor de PSD acima do limite de tolerância superior do grupo controle e além desses, 1 sujeito apresentou somente o valor de PSD acima do limite de tolerância superior do grupo controle; 2 sujeitos da faixa etária de 31 a 45 anos apresentaram o MD abaixo do limite de tolerância inferior do grupo controle no protocolo central 10-2, 1 apresentou valor de PSD acima dos limite de tolerância superior do grupo controle sendo que este também apresentou valor de MD abaixo do limite de tolerância inferior do grupo controle no protocolo central 30-2 e 1 apresentou somente valores de PSD 107 do protocolo central 30-2 acima do limite de tolerância superior do grupo controle (Tabela 13). Na faixa etária de 16 a 30 anos a média dos limiares de sensibilidade acromático dos anéis concêntricos de 200 a 300 e de 300 a 450 de ângulo visual do grupo exposto de forma crônica ocupacional a mistura de solventes orgânicos está fora do intervalo de confiança do grupo controle. Na faixa etária de 31 a 45 anos a média dos limiares de sensibilidade acromático dos anéis concêntricos de 100 a 200, de 200 a 300, de 300 a 450 e de 450 a 600 de ângulo visual do grupo exposto a solventes orgânicos está fora do intervalo de confiança do grupo controle. A média dos valores dos índices globais dos protocolos central 10-2 ficou fora do intervalo de confiança do grupo controle na faixa etária de 31 a 45 anos e a média dos valores dos índices globais dos protocolos central 30-2 ficou fora do intervalo de confiança do grupo controle nas faixas etárias de 16 a 30 anos e de 31 a 45 (Figura 32). Os valores médios de MD (-1,04±0,96; para os protocolos central 30-2 na faixa etária de 16 a 30 anos; 1,38±1,02 e -2,34±1,37, respectivamente para os protocolos central 10-2 e central 30-2 na faixa etária de 31 a 45) ficaram abaixo do intervalo de confiança inferior do grupo controle e os valores médios de PSD (2,01± 0, 38 para os protocolos central 30-2 na faixa etária de 16 a 30 anos ; 1,24±0,28 e 2,38±1,84, respectivamente para os protocolos central 10-2 e central 302 na faixa etária de 31 a 45) ficaram acima do limite de confiança superior do grupo controle (Figura 33 e Figura 34). Houve diferença estatística entre os valores do limiar de sensibilidade acromático do grupo expostos de forma crônica ocupacional a mistura de solventes orgânicos e os valores de limiar de sensibilidade acromático do grupo controle nos anéis de 100 a 200 e de 200 a 300 de ângulo visual, considerando α=0,05, os valores de p encontrados foram p=0,0259 e p=0,0113 respectivamente (Tabela 13). No protocolo central 10-2 houve diferença estatística entre os grupo exposto a solventes orgânicos e o grupo controle para os valores de PSD, o 108 valor de p encontrado foi p=0,0344. No protocolo central 30-2 houve diferença estatística entre os grupo exposto a solventes orgânicos e o grupo controle para os valores de MD e PSD, os valores de p encontrados foram p=0,0107 e p=0,0364, respectivamente (Tabela 14). O coeficiente de correlação de Pearson mostra fraca correlação estatística significativa entre o tempo de exposição a misturas de solventes orgânicos e valores de limiar de sensibilidade acromática nos anéis de 00 a 3,3 0 e de 100 a 200 de ângulo visual, considerando = 0,05, os valores do coeficiente de correlação de Pearson e p encontrados, respectivamente, foram: R2= 0,2632; p=0,0173 e R2= 0,2229; p=0,0306 (Figura 35). 109 Tabela 11: Somatória dos valores de sensibilidade acromático dos anéis concêntricos do campo visual estudado (em dB) de sujeitos expostos de forma crônica ocupacional a mistura de solventes orgânicos. * Representa valores fora do intervalo de tolerância do grupo controle. Paciente EJN070412D EJS070321D FSM080423D GXA081109E LCC090414E MAP080625D MAS090318D MSB080417E RCL080627E JCS081118D PVM080626D JPS080707E ACC090325D JLM080407D JMA080630D JS080402E MAS081112D MJM090311E RCB081127E RVM081111D CAS070518E Idade 28 20 28 29 23 29 28 27 23 28 21 29 42 39 34 37 31 35 31 34 48 3,30 3,30 - 6,60 6,60- 100 36.25 35.08 34.13 33.75 33.08 32.38 35.58 34.08 33.75 36 34.83 34.25 35.67 34.75 34.44 34.08 32.5 31.72 34.75 33.63 33.38 35 33.96 32.79 34.5 33.63 33.29 35.5 34.63 33.69 33.58 32.92 32.03 33.42 33.25 32.59 33.25 32.46 32.78 33.75 33.08 32.84 33.08 33 32.31 32.25 32.25 31.31 35.08 33.96 33.09 33.75 32.67 31.63 32.67 32.92 32.94 32 31 29.84 34.25 33.5 32.81 00-100 100-200 200-300 34 29.63 27.63* 32.75 29.25 26.25 33.75 29.88 28.78 32.92 29.92 28.95 34.92 30.46 28.78 32.17 28.5 29.08 33.92 30.25 30.5 32.33 29.42 27.7* 31 28.21 27.3* 34.08 31.04 29.48 31.92 28.92 28.15* 33.25 29.71 29.43 31.17 27.54 26.45 31.92 29.29 29.28 31.67 25.5* 21.15* 31.42 26.58 25.18 32.42 28.04 26.03 29.92 27.5 28.25 31.58 29.17 29.35 30.42 27.25 27.18 32.17 28.63 29.38 300-450 25.29 24.46 26.79 27.75 25.04 23.33 27.29 25.5 18.71* 27.67 24.58 28.08 24.71 27 15.79* 21.67* 25.54 27.04 27.25 23.96 26.33 450-600 20.25 17.78 19.64 22.92 18.64 18.97 19.64 19.83 14.61* 20.86 17.78 23.89 20.89 22.81 10.44* 12.67* 18.75 19.92 23.33 15.89 21.03 Tabela 12: Valores de p para os valores de sensibilidade acromático dos anéis concêntricos do campo visual estudado (graus de ângulo visual) do grupo exposto a mistura de solventes orgânicos quando comparados ao grupo controle. Anéis p 3,3 3,3 - 6,6 6,6 - 10 >0,05 >0,05 >0,05 0-10 >0,05 10-20 0.0259 20-30 0.0113 30-45 >0,05 45-60 >0,05 110 Tabela 13: Valores dos índices globais dos sujeitos expostos de forma crônica ocupacional a mistura de solventes orgânicos. MD 10-2= Desvio médio no protocolo central 10-2. PSD 102= Desvio padrão padronizado no protocolo central 10-2. MD 30-2 Desvio médio no protocolo central 30-2. PSD 30-2= Desvio padrão padronizado no protocolo central 30-2. * Representa valores fora do intervalo de tolerância do grupo controle. Paciente Idade MD 10-2 PSD 10-2 MD 30-2 PSD 30-2 EJN070412D 28 0.47 1.02 -0.8 2.67 EJS070321D 20 -1.73 1.05 -2.16* 2.64 FSM080423D 28 -0.19 1.16 -0.66 2,04 GXA081109E 29 0.06 1.03 -0.98 2.02 LCC090414E 23 0.13 1.07 -0.21 2.15 MAP080625D 29 -1.9 1.1 -1.47* 2.05 MAS090318D 28 -0.72 1.04 0.32 1.65 MSB080417E 27 -0.71 1.18 -1.37 2.06 RCL080627E 23 -1.07 1.1 -2.82* 1.97 JCS081118D 28 -0.03 1.02 0.23 1.8 PVM080626D 21 -2.09 1.14 -1.94* 1.54 JPS080707E 29 -1.37 1.51 -0.62 1.55 ACC090325D 42 -0.26 1.13 -1.98* 1.5 JLM080407D 39 -0.59 0.83 -0.4 1.38 JMA080630D 34 -1.43 1.6 -4.97* 6.71* JS080402E 37 -2 1.42 -3.07* 2.75 MAS081112D 31 -0.39 0.93 -2.39* 2.45 MJM090311E 35 -1.59 1.58 -2.29* 1.65 RCB081127E 31 -1.36 1.23 -1.01 1.52 RVM081111D 34 -3.38* 1.19 -2.63* 1.07 CAS070518E 48 0.16 1.06 0.26 2.02 Tabela 14: Valores de p para os Indices Globais (IG) do grupo exposto a mistura de solventes orgânicos quando comparados ao grupo controle. IG MD 10-2 PSD 10-2 MD 30-2 PSD 30-2 p >0,05 0.0344 0.0107 0.0364 111 40 A Limiar acromático (dB) Limiar acromático (dB) Limiar acromático (dB) Limiar acromático (dB) 40 35 30 25 20 15 10 5 B 35 30 25 20 15 10 5 0 0 0 10 20 30 40 50 60 Anéis concêntricos (graus de ângulo visual) Anéis concêntricos (graus) 70 0 10 20 30 40 50 60 70 Anéis de concêntricos (graus de ângulo visual) Anéis concêntricos (graus) Intervalo de Confiança (Controle) Média e Desvio Padrão (Expostos) Figura 32: O gráfico da média de valores do limiar de sensibilidade acromático em anéis concêntricos do grupo exposto de forma crônica ocupacional a mistura de solventes orgânicos (representados por círculos) comparado com o intervalo de confiança do grupo controle (linhas tracejadas). Em A representação para faixa etária de 16 a 30 anos. Em B representação para faixa etária de 31 a 45 anos. A faixa etária de 46 a 60 anos não está representada nestes gráficos por apresentar somente um sujeito. 112 0.5 0 0.5 A 0 -0.5 Valor deMDMD Valor de -0.5 Valor MD Valorde de MD B -1 -1.5 -2 -2.5 -1 -1.5 -2 -2.5 -3 -3 -3.5 -3.5 -4 -4 Protocolo 10-2 Protocolo 10-2 Protocolo 30-2 Protocolo 30-2 Protocolo 10-2 Protocolo 10-2 Protocolo 30-2 Protocolo 30-2 Intervalo de Confiança (Controle) Média e Desvio Padrão (Expostos) Figura 33: O gráfico da média de valores de MD para os dois protocolos de avaliação central (Protocolo 10-2 e 30-2) do grupo exposto de forma crônica ocupacional a mistura de solventes orgânicos (representados por círculos) comparado com o intervalo de confiança do grupo controle (linhas tracejadas). Em A representação para faixa etária de 16 a 30 anos. Em B representação para faixa etária de 31 a 45 anos. A faixa etária de 46 a 60 anos não está representada nestes gráficos por apresentar somente um sujeito. 113 4.5 4.5 4 4 3.5 3.5 3 3 Valor de PSD Valor de PSD A 2.5 2 B 2.5 2 1.5 1.5 1 1 0.5 0.5 0 0 Protocolo 10-2 Protocolo 30-2 Protocolo 10-2 Protocolo 30-2 Figura 34: O gráfico da média de valores de PSD para os dois protocolos de avaliação central (Protocolo 10-2 e 30-2) do grupo exposto de forma crônica ocupacional a mistura de solventes orgânicos (representados por círculos) comparado com o intervalo de confiança do grupo controle (linhas tracejadas). Em A representação para faixa etária de 16 a 30 anos. Em B representação para faixa etária de 31 a 45 anos. A faixa etária de 46 a 60 anos não está representada nestes gráficos por apresentar somente um sujeito. 114 A B 37 R² = 0.263 35 35 33 33 Limiar acromático (dB) Limiar acromático (dB) 37 31 29 R² = 0.222 31 29 27 27 25 25 23 23 0 50 100 150 200 Tempo de exposição (meses) 250 300 0 50 100 150 200 250 300 Tempo de exposição (meses) Figura 35: Gráfico da Correlação de Pearson para valores de limiar acromático do grupo exposto de forma ocupacional a mistura de solventes orgânicos e o tempo de exposição em meses. A linha vermelha revela a tendência dos valores. R2 significa o quadrado do coeficiente de correlação de Pearson. (A) Representação para o anel de 00 a 3,30 graus de ângulo visual. (B) Representação para o anel de 100 a 20 0 de ângulo visual. 115 4 DISCUSSÃO Uma série de estudos mostra que a exposição a solventes orgânicos causa distúrbios em diferentes funções do sistema nervoso no qual as funções visuais se revelam bons “termômetros” do grau de intoxicação dos sujeitos expostos já que muitas vezes são as primeiras funções a demonstrarem sofrimento com as agressões sofridas pela intoxicação (ROSEN, 1965, BAELUM et al., 1982; HORAN et al., 1985, DICK et al., 2004; PAALYSAHO et al., 2007). De forma geral o grande alvo dessas pesquisas é a exposição ocupacional, principalmente de trabalhadores de fábricas, pintores, trabalhadores na área de limpeza, pois apresentam uma séria e clara forma de exposição (MIKKELSEN, 1980; SCHREIBER et al., 2002; BOECKELMANN E PFISTER, 2003; SEMPLE ET AL., 2007; LEE AT AL, 2007). No entanto, a exposição ocupacional a solventes orgânicos abrange um grupo muito maior e mais sutil de sujeitos expostos que trabalham em diversas atividades as quais aparentemente são inofensivas, primeiro por não se saber o potencial intoxicante das substâncias com as quais se trabalha, segundo devido a suposição de que a quantidade do agente tóxico com o qual se trabalha é incapaz de provocar dano a saúde. É com atenção a esse grupo de trabalhadores que este trabalho buscou, através de métodos psicofísicos, técnicas de avaliação de diferentes parâmetros visuais que pudessem mostrar mesmo que minuciosas alterações visuais em frentistas de postos de distribuição de combustíveis que tecnicamente seguem as leis ambientais. Dos 30 sujeitos recrutados expostos de forma crônica ocupacional a mistura de solventes orgânicos 1 foi excluído da amostra por ser daltônico. O resultado mostra que 25 dos 29 (86,2%) sujeitos estudados expostos de forma crônica ocupacional a mistura de solventes orgânicos através do trabalho com combustíveis apresentaram algum tipo de alteração visual, seja na percepção de cor ou na percepção de luminância. 116 4.1 EFETOS NA VISÃO CROMÁTICA Análise do limiar de discriminação de cores obtido pelo método de Mollon-Reffin foi feita com base no valor do círculo equivalente a área da elipse, que mostra a sensibilidade do indivíduo a cores. A elipticidade e o ângulo de inclinação da elipse também foram avaliados, mas somente quando o primeiro era alterado. Por considerar neste trabalho que se a sensibilidade no limiar de cor é normal, torna-se desnecessário classificar se existe ou qual é a tendência de erro para cor tendo em vista que é nosso objetivo classificar as alterações encontradas e não a normalidade dos sujeitos expostos de forma crônica ocupacional a solventes orgânicos. Existem dados na literatura que sugerem a utilização de somente uma elipse para avaliação do limiar de cor, no entanto existe discordância sobre qual seria a elipse mais indicada para essa avaliação (GONÇALVES, 2006), por este motivo, as cinco elipses foram adotadas para análise em conjunto neste trabalho, mesmo todas elas oferecendo dados que permitem a avaliação dos três eixos de confusão de cor. Os resultados mostram que 8 dos 17 dos sujeitos avaliados no teste de obtenção do limiar de discriminação de cores pelo método de Mollon-Reffin apresentam diminuição da sensibilidade a cor (Tabela 3). Destes, todos aparentavam tendência de erro a um determinado eixo de confusão de cor (Tabela 4). Para avaliar qual possível eixo apresentava mais erros, os valores de α dos sujeitos expostos de forma crônica ocupacional a mistura de solventes orgânicos foram comparados aos valores de α de sujeitos protan e deutan. Esta escolha foi realizada devido estes sujeitos terem sido avaliados utilizando mesmos equipamentos, programas e população que este trabalho. Esta comparação pode mostrar que se existia tendência para eixos de confusão de cor nos sujeitos expostos de forma crônica ocupacional a mistura de solventes orgânicos, estas não se localizavam no eixo protan ou deutan, em outras palavras, não eram localizadas no eixo verde-vermelho. Por não apresentarmos um grupo de sujeitos com alteração específica somente no eixo tritan não se pode fazer a separação entre 117 grupo com alteração de cor do tipo difusa (perda de sensibilidade no eixo de confusão de cor verde-vermelho e azul-amarelo) e grupo com alteração de cor do tipo tritan (tendência de erro para eixo de oponência de cor azul-amarelo). Apesar disso, a análise visual do gráfico e a consideração de todas as elipses para montagem do diagnóstico, permite-nos classificar os sujeitos expostos de forma crônica ocupacional a mistura de solventes orgânicos sem alterações do tipo protan e deutan e com valores de erro maior que o limite de tolerância superior do grupo controle como sujeitos com alteração de cor do tipo difusa. Quando considerados enquanto grupo, os sujeitos expostos de forma crônica ocupacional a mistura de solventes orgânicos não apresentam perda grave da sensibilidade a cor, tendo em vista que a média dos valores do diâmetro do círculo equivalente a área da elipse se encontra dentro do intervalo de confiança do grupo controle (Figura 28), no entanto, existe diferença estatística entre o grupo exposto de forma crônica ocupacional a mistura de solventes orgânicos e o grupo controle para os valores de diâmetro do círculo equivalente a área da elipse de E1, E3 e E4, mostrando que o grupo exposto de forma crônica ocupacional a mistura de solventes orgânicos mesmo não apresentando alterações clínicas claras apresenta sensibilidade a cor diminuída em relação à população normal. Apesar de E3 e E5 apresentarem elipticidade maior que o normal e E2, E3 e E5 apresentarem valores de α também diferentes do normal, quando pesquisadas, a alteração na visão de cor dos sujeitos expostos não apresentou tendência clara a um eixo específico de confusão de cor. A análise do ordenamento dos 100 matizes de Farnsworth-Munsell foi realizada com base no valor de erro, obtido do reordenamento dos estímulos do teste e os valores dos pontos médios superior, inferior, esquerdo e direito do gráfico polar resultante das respostas. O valor de erro é uma variável inversamente proporcional a capacidade discriminativa do indivíduo testado a cor, podendo indicar a sensibilidade cromática dos sujeitos testados. Os valores dos pontos centrais representam a região do gráfico onde se localiza o valor médio de 118 erro, ele demonstra a tendência de erro em diferentes eixos de confusão de cor. Como já foi mencionado em Material e Métodos, os parâmetros estudados no teste de ordenamento dos 100 matizes de Farnsworth-Munsell do grupo exposto de forma crônica ocupacional a mistura de solventes orgânicos foram comparados a dados do grupo controle com visão normal e a dados de sujeitos protan e deutan quando houve necessidade. Esta escolha foi realizada por motivos já esclarecidos anteriormente. A conversão do ponto central superior permitiu que o trabalho fosse desenvolvido usando uma escala contínua de valores, evitando sobreposição de resultados unicamente por artifícios matemáticos. Os pontos centrais superior* e inferior demonstram importância para a distinção entre sujeitos normais e discromatópsicos (do tipo protan e deutan). O grupo controle normal estudado teve tendência erro maior na direção do eixo de confusão tritan, conforme é encontrado na literatura (DAIN, 2004). O eixo tritanópico tem orientação vertical e é importante para sujeitos normais ou com formas de deficiência na visão de cor com tendência de erro no eixo de oponência de cor azul-amarelo. Por não apresentarmos um grupo de sujeitos com alteração específica no eixo tritan não se pode fazer a separação entre grupo com alteração de cor do tipo difusa e grupo com alteração de cor do tipo tritan. Apesar disso, a análise visual do gráfico polar de cada um dos sujeitos permite com certa tranqüilidade classificarmos os sujeitos expostos de forma crônica ocupacional a mistura de solventes orgânicos sem alterações do tipo protan e deutan e com valores de erro maior que o limite de tolerância superior do grupo controle como sujeitos com alteração de cor do tipo difusa. Os pontos médios esquerdo e direito são considerados importantes no estudo de alterações no eixo verde e vermelho (protan e deutan), pois é nessa região que estão dispostos os eixos de confusão de cor de oponência verde e vermelho. Considerando o ponto médio esquerdo o grupo protan, deutan e normal apresentaram diferenças significativas em qualquer associação feita, indicando a possibilidade de uso dessa variável como um fator de distinção 119 entre as alterações no eixo verde–vermelho (protan ou deutan), no entanto, na classificação gerada a partir do ponto médio esquerdo ocorre sobreposição de dados entre os intervalos do grupo deutan e protan, por isso para confirmação de um desses diagnósticos é necessário o uso do ponto central direito. Os pontos médios só foram analisados quando os valores de erro dos sujeitos expostos de forma crônica ocupacional a solventes orgânicos estavam acima do normal, pelos mesmos motivos que já foram explicados. Os resultados mostram que 19 dos 26 sujeitos avaliados no teste de ordenamento das 100 matizes de Farnsworth-Munsell apresentaram diminuição da sensibilidade a cor (Tabela 5). Todas essas alterações podem ser classificadas como difusas. Quando considerados enquanto grupo, os sujeitos expostos de forma crônica ocupacional a mistura de solventes orgânicos apresentam nítida perda da sensibilidade a cor, ocorrendo clara diferença estatística entre o grupo exposto de forma crônica ocupacional a mistura de solventes orgânicos e o grupo controle (Figura 29). Quando os pontos médios foram estudados, eles eram semelhantes aos do grupo controle, revelando uma perda difusa de percepção de cor para os sujeitos expostos de forma crônica ocupacional a mistura de solventes orgânicos. É importante esclarecer nesta discussão que apesar deste trabalho ter utilizado sujeitos com defeito na visão de cor hereditária do tipo protan e deutan para classificação da perda de visão de cor, em nenhum momento se cogitou que a amostra de sujeitos expostos de forma crônica ocupacional a solventes orgânicos apresentasse este tipo de alteração genética, tendo em vista que todos os sujeitos testados já haviam passado por teste de triagem que excluíam daltônicos da amostra. Os sujeitos protans e deutans serviram unicamente como controle para alterações de cor com tendência de erro para o eixo de confusão de cor verdevermelho. 120 Na avaliação da capacidade de discriminação de cores observou-se que o teste de ordenamento dos 100 matizes de Farnsworth-Munsell (FM-100) apresentou uma quantidade maior de alterações na capacidade de discriminar cores que o teste de discriminação de cores pelo método de Mollon-Reffin, estes dados estão de acordo com o que já vem descrito na literatura onde o FM-100 aparece como um dos testes mais indicados para avaliação de visão de cor de sujeitos expostos a solventes orgânicos (ou outras substâncias neurotóxicas) devido sua alta sensibilidade a minuciosas alterações na visão de cor e confiabilidade dos resultados (EGUCHI et al., 1995; ISSEVER et al., 2002). Vários estudos já demonstraram que indivíduos expostos a solventes orgânicos podem apresentar importantes déficits visuais, de maneira mais comum, alterações na visão de cor (ROSEN, 1965; RAITTA et al., 1981; MERGLER et al., 1988; MERGLE et al., 1990; GOBBA et al., 1992; CAMPAGNA et al., 1995, MULTTRAY, 1997; ZAVALIC et al., 1998; DICK et al., 2000; CAMPAGNA et al., 2001; ISSEVER et al., 2002; SCHREIBER et al., 2002). As alterações de cor geralmente reportam perda de sensibilidade inicialmente no eixo azul-amarelo chegando secundariamente a alterações também no eixo verde-vermelho como as alterações reportadas neste trabalho (RAITTA et al., 1981; MERGLER et al., 1988; MERGLE et al., 1990; GOBBA et al., 1992; FALLAS et al., 1992; CAMPAGNA et al., 1995; EGUCHI et al., 1995; MULTTRAY, 1997; ZAVALIC et al., 1998; DICK et al., 2000; CAMPAGNA et al., 2001; ISSEVER et al., 2002; SCHREIBER et al., 2002; SCHAPER et al., 2004; LEE et al., 2007; PAALYSAHO et al., 2007) O mecanismo exato de como esse tipo de alteração visual é causada ainda não está completamente claro, mas já é bem conhecida a propriedade lipofílica dos solventes orgânicos o que explicaria a preferência desses solventes por tecidos como o do sistema nervoso e conseqüentemente o sistema visual, tecidos ricos em lipídeos (ROSENBERG, 1989). 121 A discromatopsia adquirida pode resultar de alterações na estrutura ocular ou nas vias neuronais. A perda de visão de cor que acontece com a idade pode ocorrer primariamente devido a uma maior opacidade das lentes e secundariamente por uma degeneração macular (POKORNY et al., 1979; BOWMAN, 1982). No entanto, este trabalho assim como outros estudos com trabalhadores expostos a solventes orgânicos não apresenta relato de nenhuma grande anomalia na estrutura ocular (MERGLER et al., 1987; PAALLISAHO et al., 2007), estes achados suportam a idéia de que a perda de visão de cor associada a exposição a solventes orgânicos resulta de mudanças no funcionamento neural das vias visuais (MERGLER et al., 1987; PAALLISAHO et al., 2007). Estudos com ratos demonstram que a ação do metanol no sistema visual, por exemplo, pode ser uma conseqüência da acumulação seletiva de formato (um dos metabólitos do metanol) no humor vítreo e na retina comparado a outras regiões do sistema nervoso central (EELLS, 1991). Tais dados estão de acordo com os achados onde a retina e o nervo óptico são reportados como primeiros locais de lesão provocada por formato em exposição a metanol (HAYREH et al., 1980) e existem, ainda, evidências de degeneração da camada nuclear externa e camada de células ganglionares da retina em macacos intoxicados por metanol (POTTS et al., 1955). Estes dados, em adição a achados que serão discutidos mais adiante, sugerem que alterações no funcionamento da retina podem ser uma das causas das alterações na visão de cor encontrada neste e em inúmeros outros trabalhos que descrevem intoxicação por solventes orgânicos. A localização cromática (diminuição da sensibilidade no eixo de confusão de cor verde-vermelho e ou no eixo azul-amarelo) de discromatopsias adquiridas pode indicar qual a área do dano neural. De acordo com Kollner (VERRIEST, 1964) a presença de diminuição da sensibilidade a cor no eixo azul-amarelo reflete alterações nas camadas da retina externa, enquanto a perda envolvendo o eixo verde-vermelho reflete alterações nas camadas da retina interna ou do nervo óptico. Muttray e colaboradores (1997) reportam que a deficiência de cor 122 azul-amarelo em trabalhadores expostos a solventes orgânicos geralmente afeta as camadas da retina externa. A discromatopsia relatada na exposição a solventes orgânicos tem sido mais especificamente atribuída a alterações maculares, dano nos fotorreceptores cones, células ganglionares e desmielinização das fibras do nervo óptico por interferência dos solventes em receptores lipídicos dessas células (RAITTA et al., 1978; SCHAUMBERG e SPENCER, 1978, RAITTA et al., 1981). É sugerido que a perda de sensibilidade se inicia com alterações para o azul-amarelo e evolui para uma deficiência de visão de cor incluindo alterações para verde-vermelho refletindo progressiva deterioração que se origina da retina externa até o nervo óptico (BLAIN e MERGLER, 1986). Além do exposto, os solventes orgânicos podem agir mais centralmente causando alterações nas camadas corticais envolvidas no processamento visual. (RAITTA et al.,1978; SCHAUMBERG e SPENCER, 1978; RAITTA et al., 1981; MERGLER et al., 1988; MERIGAN, 1989; SCHILLER et al., 1990; MERIGAN et al., 1991). No presente trabalho as discromatopsias foram do tipo difusas ou complexas, definidas por perda da sensibilidade em ambos os eixos de confusão e cor (azul-amarelo e verde-vermelho). Este tipo de perda de visão de cor geralmente acomete sujeitos com alta exposição a solventes orgânicos (MERGLER e BLAIN, 1987; MERGLER et al., 1988). 4.2 EFEITOS NA VISÃO ACROMÁTICA Treze dos 25 sujeitos testados no teste de determinação da função de sensibilidade ao contraste espacial de luminância apresentaram clara diminuição da sensibilidade ao contraste em freqüências baixas, médias e altas (Tabela 6). Mesmo os demais sujeitos não apresentando alterações tão nítidas, na análise de grupos, o grupo exposto de forma crônica ocupacional à mistura de solventes orgânicos apresenta em média valores de sensibilidade que 123 não pertencem ao grupo controle nas freqüências espaciais de 0,8; 4; 6; 10; 15, 20 e 30 cpg (Figura 30) mostrando que mesmo os sujeitos considerados com sensibilidade ao contraste espacial de luminância normal apresentam sensibilidade diminuída. Isto fica mais claro com a comparação entre as médias de sensibilidade ao contraste espacial de luminância dos dois grupos, o qual é revelado que o grupo exposto de forma crônica ocupacional a solventes orgânicos apresenta sua média de sensibilidade ao contraste espacial de luminância estatisticamente menor que a média do grupo controle nas freqüências mais altas (20 e 30 cpg), mesmo com cerca de metade dos sujeitos sem alterações clínicas graves. Somente 2 dos 25 sujeitos testados no teste de determinação da função de sensibilidade ao contraste temporal de luminância apresentaram diminuição da sensibilidade ao contraste temporal, estas alterações ocorreram para as freqüências temporais mais baixas (0,5, 1 e 2 Hz) (Tabela 7). Na análise de grupos, o grupo exposto de forma crônica ocupacional a mistura de solventes orgânicos apresenta em média valores de sensibilidade dentro do grupo controle em todas as freqüências temporais estudadas (Figura 31), com a comparação entre as médias de sensibilidade ao contraste espacial de luminância dos dois grupos é possível se observar que o grupo exposto de forma crônica ocupacional a solventes orgânicos apresenta sua média de sensibilidade ao contraste temporal de luminância estatisticamente igual a média do grupo controle em todas as frequências temporais estudadas, o que mostra que alterações nas freqüências temporais de luminância não é uma característica que se mantém para todo o grupo de exposição a solventes orgânicos. Na literatura encontramos que baixa sensibilidade ao contraste espacial de luminância em freqüências baixas e médias possivelmente reflete alterações neurais, como tem sido sugerido para exposição a substâncias neurotóxicas como solventes orgânicos (BOECKELMANN e PFISTER, 2003; JÄRVINEN e HYVARINEN, 1997). As alterações nas freqüências mais altas são descritas como decorrentes de alterações ópticas 124 (BOECKELMANN e PFISTER, 2003; JÄRVINEN e HYVARINEN, 1997). No entanto neste estudo os sujeitos expostos de forma crônica ocupacional a mistura de solventes orgânicos passaram por avaliação clínica do olho onde se avaliou a estrutura óptica dos sujeitos além de ter-se aferido a acuidade visual, e em ambas análises os sujeitos apresentaram resultados normais. Este fato leva a crer que as alterações de sensibilidade ao contraste espacial de luminância (tanto nas freqüências baixas e médias quanto nas freqüências mais altas) nos sujeitos expostos de forma crônica ocupacional a mistura de solventes orgânicos são decorrentes de alterações neurais. É importante notar que a medida da sensibilidade ao contraste espacial, no presente trabalho, pode detectar alterações da visão espacial que a medida da acuidade visual não foi capaz. Dados de diminuição da sensibilidade ao contraste espacial de luminância sem alteração da acuidade visual dos sujeitos expostos a solventes orgânicos estão de acordo com a literatura e são também encontrados em outros trabalhos com exposição a mistura de solventes, percloroetileno, tetracloroetileno, trietilamina, (FRENETTE et al., 1991; MERGLER et al., 1991; BROADWELL et al., 1995; CAMPAGNA et al., 1995; JARVINEN e HYBARINEN, 1997; IREGREN et al., 2002; SCHREIBER et al., 2002; BOECKELMANN e PFISTER, 2003; GONG et al., 2003). A análise da avaliação do campo visual acromático através da perimetria estática de Humphrey foi realizada com base nos valores de limiar acromáticos em diversos pontos do campo visual, estes dados mostram a sensibilidade do sujeito nos diferentes locais do campo visual. Também foram estudados os valores de MD, que é a média em dB de quanto o sujeito testado se afastam dos valores de sensibilidade acromático dos dados normais de sujeitos controle de mesma faixa etária presentes no banco de dados do equipamento e foram estudados os valores de PSD, que é a mediada de pontos do campo visual que mostra a irregularidade das respostas em cada ponto testado do campo visual medido do paciente 125 mostrando o quanto ele se afasta do normal em sujeitos controle de mesma faixa etária provenientes do banco de dados do equipamento. É importante esclarecer que um MD baixo indica perda de sensibilidade acromática no campo e um MD alto indica valores de sensibilidade maiores que o normal, bem como um PSD baixo revela uma ilha de visão achatada de forma homogênea e um PSD alto indica ilha de visão irregular. O campo visual foi dividido em anéis de 00 a 3,30, de 3,30 a 6,6 0 e 6,60 a 100 graus de ângulo visual (protocolo central 10-2), de 0 0 a 10 0, de 100 a 200 e 200 a 300 graus de ângulo visual (protocolo central 302), de 30 0 a 450, de 45 0 a 60 0 graus de ângulo visual (protocolo perifera 60-4) para ajudar a localizar as possíveis alterações encontradas. Seis dos 21 sujeitos que realizaram a avaliação do campo visual acromático através da perimetria estática de Humphrey apresentaram diminuição do limiar acromático nas regiões do campo visual superiores a 100 de ângulo visual, os valores de MD e PSD caracterizam estas alterações por perda de campo não generalizada e ilha de visão irregular (Tabela 8 e Tabela 9). A média dos valores do limiar acromático do grupo exposto de forma crônica ocupacional a mistura de solventes orgânicos ficaram fora do intervalo de confiança do grupo controle nos protocolos centrais 30-2 e 60-4, o que significa que em média, a sensibilidade acromática é menor que a do grupo controle na região de 10 0 a 600 de ângulo visual do campo visual (Figura 32). Existe diferença estatística entre o grupo exposto de forma crônica ocupacional a mistura de solventes orgânicos e o controle para os valores de limiar acromáticos nos anéis de 10 0 a 20 0 e de 20 0 a 300 ângulo visual do campo visual, esses dados revelam que mesmo que a maioria dos sujeitos expostos não tenham apresentado grave perda de campo visual, sua sensibilidade é mais baixa do que seria o normal na região que vai de 100 a 30 0 graus de ângulo visual. Essa menor sensibilidade foi caracterizada por baixo valor de MD e alto valor de PSD (Figura 33 e Figura 34), mostrando que uma perda de campo não generalizada com ilha de visão irregular, o tipo de perda encontrada manteve limiar na 126 região da mácula normal (não foram observadas irregularidades no campo até 100 de ângulo visual), assim como os limites do campo visual foram mantidos, mas ocorreu diminuição da sensibilidade cromática em diversos pontos espalhados pelo campo visual. De forma geral se observou uma constrição de campo visual onde os piores resultados se localizaram de 10 0 a 30 0 graus de ângulo visual. Estes achados de alteração de campo visual são semelhantes ao encontrado na literatura (YAMAMURA, 1969) e promovem um indício de neuropatia óptica já descrito para metanol, estireno, tolueno, tricloroetileno e misturas (GRANT e SCHUMAN, 1993). 4.3 CARACTERÍSTICAS DO PROCESSAMENTO VISUAL PARA OS RESULTADOS OBTIDOS Existem evidências de que as células da via parvocelular e magnocelular juntas formem a grande maioria (provavelmente mais de 90%) da via retino-geniculado na fóvea de primatas (MARTIN, 2004), e que o sinal cromático verde-vermelho na via anãs-parvocelular parece ter uma dimensão de sinal visual adicional que também transmite sinal de altas freqüências espaciais para o córtex visual (MARTIN, 2004). Neste arranjo do processamento do sinal no sistema visual humano é sugerido que a diminuição da habilidade de discriminar cor detectada nos sujeitos exposto de forma crônica ocupacional a solventes orgânicos testados neste estudo possivelmente indica dano nas vias parvocelular e koniocelular. Em adição para o sinal cromático verde-vermelho, os neurônios da via parvocelular respondem extremamente bem para altos contrastes de estímulos de freqüência temporal baixa e freqüência espacial alta (MERIGAN et al., 1993). Desta forma, é razoável supor que a possibilidade de lesões na via parvocelular, bem como lesões na matriz de fotorreceptores poderia reduzir a sensibilidade ao contraste para estímulos de altas freqüências 127 espaciais e baixas freqüências temporais e diminuição do limiar acromático do campo visual na região de 100 a 300 de ângulo visual. Por estar baseada, em um provável modelo visual de multicanais (KAPLAN e SHAPLEY, 1986; SILVEIRA, 1996), alterações na sensibilidade ao contraste de luminância geralmente aparecem secundariamente a alterações na visão de cor e são mais difíceis de se manifestar, explicando a menor proporção de sujeitos com alteração nas funções de sensibilidade ao contraste de luminância que na sensibilidade a cor encontrados neste trabalho. Este trabalho também demonstra que a função de sensibilidade ao contraste espacial de luminância apresenta uma maior proporção de alterações que a função de sensibilidade ao contraste temporal. Sugere-se que este acontecimento se deva, associado com o comprometimento da visão de cores, ao fato de que a visão de cor e de contraste espacial de luminância é mais dependente da via parvocelular que o processamento da informação temporal, cuja principal via responsável pelo processamento é a via magnocelular (KAPLAN e SHAPLEY, 1986; LEE et al., 1988; 1993). As respostas tônicas da via parvocelular podem exigir um maior gasto metabólico da célula, tornando-as mais sensíveis ao estresse metabólico causado pela presença de solventes orgânicos no organismo. Estudos prévios em eletrorretinograma de animais experimentais evidenciam que a exposição aguda ao tolueno e estireno afetam a onda c da resposta do eletrorretinograma (SKOOG et al., 1981) e a exposição aguda a metanol afeta a onda b do eletrorretinograma e causa alterações nos componentes P20 e N30 do potencial provocado visual (EELLS, 1991). Estes dados apoiam a evidência também de que a exposição a solventes orgânicos causa alterações desde estruturas na retina até regiões mais centrais do processamento da informação visual. Evidências de estudos de imagem com humanos mostraram que a percepção cortical de cor vai além do córtex visual primário em múltiplas áreas de córtex 128 occiptotemporal ventral. Lesões vasculares localizadas bilateralmente que atingem córtex occiptotemporal causam danos severos na habilidade de discriminar cores quando da realização do FM-100, por exemplo. Portanto uma possível localização para danos causados em sujeitos expostos de forma crônica ocupacional a mistura de solventes orgânicos, além da retina e das vias paralelas de processamento visual, sejam estas áreas seletivas para cor no córtex, não necessariamente córtex visual primário (BEAUCHAMP et al., 1999). 4.4. CARACTERÍSTICAS DA EXPOSIÇÃO O presente trabalho mostra fraca correlação entre o tempo de exposição aos solventes e sensibilidade acromática na região central do campo visual até 3,30 e na região de 10 0 a 200 de ângulo visual (Figura 35). A concentração de solventes orgânicos ou metabólicos no organismo exposto não necessariamente está relacionada a tempo de exposição, sabe-se da existência de genes que codificam enzimas responsáveis pelo metabolismo dos solventes orgânicos e que o polimorfismo modifica absorção e o risco de efeitos neurotóxicos entre os indivíduos (SÖDERKVIST et al., 1996). Fatores de suscetibilidade incluindo idade e diferenças inter individuais no padrão de absorção a solventes orgânicos estão envolvidos no metabolismo e processos compensatórios o que explica, também, a diferença de resultados entre os sujeitos expostos a mistura de solventes orgânicos (SCHREIBER et al., 2002). É importante ressaltar que este trabalho mostra alterações visuais em sujeitos expostos de forma crônica ocupacional a misturas de solventes orgânicos observada em uma ambiente de trabalho dentro dos padrões legais exigidos para exposição ocupacional, sugerindo que estes padrões estão inadequados para proteção da função visual dos trabalhadores, dados semelhantes são também apresentados em outros trabalhos com mistura 129 de solventes orgânicos, estireno, percloroetileno e benzeno (MUTTRAY et al., 1997; GOBBA, 2000; ISSEVER et al., 2002). Estes achados se tornam ainda mais relevantes considerando o fato de que um dos desafios no estudo neurotoxicologia está em poder identificar alterações neurofisiológicas em trabalhadores expostos antes de danos sérios e irreversíveis no sistema nervoso. Os achados de alteração visuais, principalmente na visão de cor estão associados a déficit cognitivo (DICK et al., 2004), encefalopatias (PÄÄLLYSAHO et al., 2007), e em muitos casos a deficiência na visão de cor pode representar o primeiro sinal de uma neuropatia ótica (ROSEN, 1965) e danos no sistema nervoso periférico pois pode ser detectada antes de desabilidade funcional (GRANT, 1980). Motivo também que possibilita a visão ser um importante marcador de neurointoxicação por solventes e torna mais graves os achados nos sujeitos expostos de forma crônica ocupacional a mistura de solventes orgânicos. 130 5 CONCLUSÃO 25 dos 29 (86,2%) sujeitos expostos de forma crônica ocupacional a mistura de solventes orgânicos estudados neste trabalho apresentaram algum tipo de alteração visual adquirida, seja na visão de cor ou na visão de luminância. O grupo de sujeitos exposto de forma crônica ocupacional a solventes orgânicos apresenta diminuição da sensibilidade à cor nos dois eixos de confusão e cor: azul-amarelo e verde-vermelho, diminuição da sensibilidade ao contraste espacial de luminância nas freqüências mais altas e diminuição da sensibilidade acromáticas nas regiões de campo visual que vão de 10 0 a 300 de ângulo visual, estas alteração de campo caracterizam-se por uma ilha de visão irregular. Não se encontrou diferença estatística entre a média de sensibilidade ao contraste temporal de luminância do grupo exposto de forma crônica ocupacional a solventes orgânicos e o grupo controle. Os resultados de avaliação de cor mostram que o teste de ordenamento dos 100 matizes de Farnsworth-Munsell é mais sensível a alterações de cor que o teste de discriminação de limiares de cor pelo método de Mollon-Reffin. O pior desempenho dos indivíduos expostos a solventes foi na avaliação da sua visão de cor. Apesar da porcentagem de indivíduos com visão de cor afetada ser maior que a de indivíduos com alterações de campo, os resultados apresentaram grande diferença estatística entre o grupo exposto a mistura de solventes orgânicos e o grupo controle. Houve correlação significante entre tempo de exposição a mistura de solventes orgânicos e a sensibilidade acromática na região central até 3,3 0 de ângulo visual e de 10 0 a 20 0 de ângulo visual. O grupo exposto de forma crônica ocupacional a mistura de solventes orgânicos trabalhava em ambiente que seguia a fiscalização exigida pelos parâmetros legais em vigor, 131 sugerindo que estes parâmetros estão inadequados para proteção da função visual dos trabalhadores. Os resultados do presente trabalho mostram que a exposição ocupacional a solventes orgânicos em frentistas de postos de distribuição de combustíveis causam diminuição da sensibilidade ao contraste de luminância, perda de campo visual e alterações sérias na visão de cor. Nossos resultados sugerem que essa investigação seja ampliada para um grupo maior de indivíduos e que a avaliação visual usada neste trabalho seja empregada para monitorar o estado de saúde desses indivíduos e também de outros trabalhadores da escala produtiva de combustível. 132 6 PRODUÇÃO BIBLIOGRÁFICA ORIGINADA GERADA A PARTIR DESTA DISSERTAÇÃO Este trabalho gerou as seguintes publicações: 1 LACERDA, E.M.C.B.; LIMA, M.G.; SOUZA, G.S.; RODRIGUES, A.R.; TEIXEIRA, C.E.C.; VENTURA, D.F.; SILVEIRA, L.C.L. Avaliação psicofísica de pessoas expostas de modo crônico ocupacional a solventes orgânicos: sensibilidade ao contraste espacial e temporal de luminância, discriminação de cores e perimetria estática de humphrey. I Congresso IBRO / LARC de Neurociências da América Latina, Caribe e Península Ibérica, Búzios, Rio de Janeiro. Anais. No do programa D.03.047. 2008. 2 LACERDA, E.M.C.B.; LIMA, M.G.; VENTURA, D.F.; SILVEIRA, L.C.L. Avaliação de campo visual através da perimetria estática de humphrey em sujeitos expostos ocupacionalmente a solventes orgânicos. Resumos da XXIV Reunião Anual da Federação de Sociedades de Biologia Experimental, Águas de Lindóia, São Paulo CD-ROM. No do programa 09.030. 2009. 3 LACERDA, E.M.C.B. Os girassóis de Vincent van Gogh. Neurociências, v. 5, p. 70-72, 2009. 4 LACERDA, E.M.C.B.; SOUZA, G.S.; RODRIGUES, A.R.; SILVEIRA, L.C.L.S. Neurotoxicidade dos solventes orgânicos. Neurociências, v. 5, p. 165-173, 2009. 133 D.03.047 AVALIAÇÃO PSICOFÍSICA DE PESSOAS EXPOSTAS DE MODO CRÔNICO OCUPACIONAL A SOLVENTES ORGÂNICOS: SENSIBILIDADE AO CONTRASTE ESPACIAL E TEMPORAL DE LUMINÂNCIA, DISCRIMINAÇÃO DE CORES E PERIMETRIA ESTÁTICA DE HUMPHREY Lacerda, E.M.C.B.1; Lima, M. G.1; Souza, G. S.1; Rodrigues, A. R.1; Teixeira, C. E. C.1; Ventura, D. F.2; Silveira, L. C. L.3 - 1Universidade Federal do Pará - Instituto de Ciências Biológicas; 2USP – Instituto de Psicologia; 3Universidade Federal do Pará - Núcleo de Medicina Tropical Objetivo: Investigar as repercussões visuais causadas pela exposição ocupacional crônica a solventes orgânicos em frentistas (28±11,8 anos de idade) de postos de distribuição de combustível (54,6±74,5 meses de trabalho). Métodos: Foram estudadas a função de sensibilidade ao contraste espacial (FSCE) e temporal (FSCT) de luminância (n=10), a discriminação de matizes pelo teste de Farnsworth-Munsell 100 (FM– 100) (n=11) e a perimetria estática de Humphrey (PEH) (n=4). Os resultados de cada frentista foram comparados com intervalos de tolerância de sujeitos controles (FSCE, FSCT, FM-100) ou à análise Statpac do PEH. O teste-t (α=0,05) foi realizado para comparar o grupo de frentistas e o grupo controle e o índice de correlação linear de Pearson para tempo de exposição ou idade no desempenho dos testes. Resultados: FSCE: o grupo de frentistas teve sensibilidade ao contraste espacial de luminância diminuída em 30 cpg. Cinco sujeitos tiveram sensibilidade ao contraste diminuída em pelo menos uma freqüência espacial. FSCT: o grupo de frentistas teve diminuição sensibilidade ao contraste temporal de luminância diminuída em 2 Hz. Quatro sujeitos apresentaram sensibilidade ao contraste diminuída em pelo menos uma freqüência temporal. FM–100: o grupo de frentistas apresentou valores de erro maiores que sujeitos normais. Oito sujeitos obtiveram valores de erros acima dos de referência. Nenhuma correlação foi observada entre tempo de exposição ou idade com o desempenho nos testes (p > 0,05). Não houve alteração nos resultados do protocolo 10-2 da PEH. No protocolo 30-2 da PEH, os defeitos de profundidade médios foram de 1,32±1,21 no campo temporal superior, 1,82±1,17 no campo temporal inferior, 0,84±0,75 no campo nasal superior e 1,17±0,75 no campo nasal inferior. No protocolo 60-4 da PEH, os defeitos de profundidade médios foram de 0,6±1,34 no campo temporal superior, 1,2±0,84 no campo temporal inferior, 3±4,51 no campo nasal superior e 5±4,36 no campo nasal inferior. Conclusão: O grupo de frentistas apresentou comprometimento na discriminação de matizes e pouco comprometimento da visão de contraste de luminância. Os campos visuais periférico nasal e central temporal foram os mais comprometidos. Palavras-Chave: Intoxicação por solventes, psicofísica visual, contraste espacial, contraste temporal, visão de cores, perimetria Apoio Financeiro: CAPES, CNPq, CNPq / FUNTEC PRONEX, FINEP-IBN Net I IBRO/LARC CONGRESS OF NEUROSCIENCES OF LATIN AMERICA, CARIBBEAN AND IBERIAN PENINSULA September 1-4, 2008, Búzios, RJ, Brazil 877 134 XXIV Reunião Anual da FeSBEResumoID:2326-1 Área: Visão / Oftalmologia AVALIAÇÃO DE CAMPO VISUAL ATRAVÉS DA PERIMETRIA ESTÁTICA DE HUMPHREY EM SUJEITOS EXPOSTOS OCUPACIONALMENTE A SOLVENTES ORGANICOS Eliza Maria da Costa Brito Lacerda (UFPA); Monica Gomes Lima (UFPA); Dora Fix Ventura (USP); Luiz Carlos de Lima Silveira (UFPA) Resumo OBJETIVOS: Objetivo: Avaliar o campo visual através da perimetria estática de Humphrey em sujeitos expostos ocupacionalmente a solventes orgânicos. MÉTODO: Material e Métodos: 20 frentistas (31,9±7,7 anos de idade) de postos de distribuição de combustível realizaram o teste monocular de perimetria estática de Humphrey. Protocolos central 10-2 (SITA-Fast), central 30-2 (SITAStandard) e periferia 60-4 (SITA-Standard); Threshold Test; Estímulo III White; iluminação de fundo 31,5 Asb. RESULTADOS: Resultados: Um sujeito foi excluído do protocolo 30-2 e um sujeito foi excluído do protocolo 60-4 por não apresentarem bons índices de confiabilidades. Protocolo 10-2. 6 frentistas apresentaram Mean Deviation (MD) com p<10% (média= -2,2±0,6 dB) e 5 frentistas apresentaram Pattern Standard Deviation (PSD) com p<10% (média 1,5±0,08 dB). 18 frentistas apresentaram pelo menos um ponto do gráfico de Desvio Padrão com diferença estatística em relação ao grupo controle (p<5%), média -3,3±0,5 dB no campo superior esquerdo e profundidade do defeito média de 0 dB; -3,9±1,2 dB e 6±1 dB no campo superior direito; -3,9±1,2 dB e 5±1 dB no campo inferior esquerdo; -3,8±0,8 dB e 6±1 dB no campo inferior direito. Protocolo 30-2. 8 frentistas apresentaram MD com p<10% (média -2,9±1,1 dB) e 3 frentistas apresentaram PSD com p<10% (média 4,3±2,2 dB). 17 sujeitos apresentaram pelo menos um ponto do gráfico de Desvio Padrão com diferença estatística em relação ao grupo controle (p<5%), média -7,3±3,2 dB no campo superior esquerdo e profundidade do defeito média de 8,3±3,1 dB; -6,8±3,9 dB e 7,7±4,1 dB no campo superior direito; -8,5±5,5 dB e 9±5,3 dB no campo inferior esquerdo; -7,3±3,6 dB e 7,7±3,5 dB. Protocolo 60-4. 18 frentistas apresentaram pelo menos um ponto alterado no gráfico de profundidade do defeito (p<5%), média 9,4±4,2 dB no campo superior esquerdo; 9,1±4,3 dB no campo superior direito; 10,5±5,3 dB no campo inferior esquerdo; 9,8±5,4 dB no campo inferior direito. CONCLUSÃO: Conclusão: 95% dos sujeitos expostos ocupacionalmente a solventes orgânicos apresentaram diminuição nos limiares de sensibilidade em todo campo visual. Os valores de MD indicam perda de sensibilidade em partes do campo visual concordando com o PSD que mostra uma ilha de visão irregular. Tais resultados estão de acordo com estudos de sensibilidade ao contraste que mostram perda sensibilidade em sujeitos expostos a misturas de solventes orgânicos (Boeckelmann e Pfister, J. Occup. Environ. Med. 45: 25, 2003; Mergler et al.,Toxicol. 49: 341, 1988). 135 136 137 138 139 140 141 142 143 144 145 146 147 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1 AHMADI, A.; JONSSON, P.; FLODIN, U. Interaction between smoking and glutathione Stransferase polymorphisms in solvent-induced chronic toxic encephalopathy. Toxicology and Industrial Health, v. 18, p. 289-296, 2002. 2 AMADUCCI, L.; ARFAIOLI, C.; INZITARI, D.; MARCHI, M. Multiple sclerosis among shoe and leather workers: an epidemiological survey in florence. Acta Neurologica Scandinavica, v. 65, p. 94-103, 1982. 3 AMORIM, L.C,A. 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A cohort study of disability pension and death among painters with special regard to disabling presenile dementia as an occupational Disease. Scandinavian Journal of the Society Medical, v. 16, p. 34-43, 1980. 127 MOLLON, J.D.; JORDAN, G. On the nature of unique hues. In: DICKINSON, C.; MURRAY, I.; CARDEN, D. (eds.) John Dalton’s Colour Vision Legacy, p. 381-392. London, England: Taylor & Francis, 1997. 128 MOLLON, J.D. The origins of modern color science. In: SHEVELL, S. Color Science, p. 1-39. Washington: Optical Society of America; 2003. 162 129 MORROW, L.A.; RYAN, C.M.; GOLDSTEIN, G.; HODGSON, M.J. A distinct pattern of personality disturbance following exposure to mixtures of organic solvents. Journal of Occupational Medicine, v. 31, p. 743-746, 1989. 130 MUTTRAY, A.; WOLTERS, V.; MAYER-POPKEN, O.; SCHICKETANZ, K.H.; KNIETZKO, J. Effect of subacute occupational exposure to toluene on color vision. 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Scandinavian Journal of the Society Medical, v. 16, p. 44-49, 1980. 136 OSHS. Chronic organic solvent neurotoxicity. Diagnostic criteria. In: OSHS. Occupational Safety and Health Information Series, p. 1-15. II. New Zealand: Occupational Safety and Health Service, Department of Labour, 1998. 163 137 OSTERBERG, G. Topography of the layer of rods and cones in the human retina. Acta Ophthalmologica, v. 6, p. 1-103, 1935. 138 PÄÄLLYSAHO, J.; NÄSÄNEN, R.; MÄNTYJÄRVI M; KAUKIAINEN, A.; SAINIO, M. Colour vision defects in occupational chronic solvent encephalopathy. Human & Experimental Toxicology, v. 26, p. 375-383, 2007. 139 PARAMEI, G.V.; MEYER-BARON, M.; SEEBER, A. Impairments of colour vision induced by organic solvents: a meta-analysis study. Neurotoxicology, v. 25, p. 803-816, 2004. 140 PELPHREY, K.A.; MITCHELL, T.V.; MCKEOWN, M.J.; GOLDSTEIN, J.; ALLISON, T.; MCCARTHY, G. Brain activity evoked by the perception of human walking: controlling for meaningful coherent motion. Journal of Neuroscience, v. 23, p. 6819-6825, 2003. 141 PEREIRA, M.E.; BORDIGNON, A.M.; BURGER, C.; HUANG, C.I.; ROCHA, J.B.T. Long-term treatment with 2,5-hexanedione has no effect on the specific activity of some brain and liver glycolytic enzymes of adult rats. Brazilian Journal of Medical and Biological Research, v. 24, p. 735-740, 1991. 142 PEREIRA, M.E.; GONÇALVES, C.A.; RODNIGHT, R. Phosphorilation in vitro of glial fibrillary acidic protein is increased in rat hippocampus by administration of 2,5hexanedione. Brain Research, v. 656, p. 417-419, 1994. 143 PEREIRA, M.E.; ROCHA, J.B.T.; IZQUIERDO, I. Atropine reverses the antinociception induced by 2,5-hexanedione in rats. Journal of Pharmacology and Toxicology, v. 77, p. 91-94, 1995. 144 PEREIRA, M.E.; ADAMS, A.I.H.; SILVA, N.S. 2,5-Hexanedione inhibits rat brain acetylcholinesterase activity in vitro. Toxicology Letters, v. 146, p. 269-274, 2004. 164 145 PERRY, V.H.; COWEY, A. Retinal ganglion cells that project to the superior colliculus and pretectum in the macaque monkey. Neuroscience, v. 12, p. 1125-1137, 1984. 146 PFISTER, E.; BÖCKELMANN I.; DARIUS, S.; WURTHMANN, C. Einbeziehung psychopathologischer verfahren zur objektivierung von neurotoxischen früheffekten durch blei und lösemittelgemische. Fortschritte der NeurologiePsychiatrie, v. 67, p. 435-440, 1999. 147 POKORNY, J.; SMITH, V.C.; VERRIEST, G.; PINKERS, A.J. Congenital and acquired colour defects. New York: Grune and Stratton, 1979, pp. 409. 148 POKORNY, J.; SMITH, V. Psychophysical signatures associated with magnocellular and parvocellular pathway contrast gain. Journal of the Optical Society of America, v. 14, p. 2477-2486, 1997. 149 POTTS, A.; PRALIN, J.; FAMCÝS, I.; LOWELL, M.S.; ORBISON, L.; CHICKERING, D. Studies on the visual toxicity of methanol. VIII. Additional observations on methanol poisoning in the primate test object. 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California, United State: Academic Press is a Imprint Elsevier, 2008. 155 RODIECK, R.W. The primate retina. In: STEKLIS, H.D. Comparative Primate Biology. New York: Liss, 1988. 156 RODRIGUES, A.R.; SOUZA, C.R.B.; BRAGA, A.M.; RODRIGUES, P.S.S.; SILVEIRA, A.T.; DAMIN, E.T.B.; CORTES, M.I.T.; CASTRO, A.J.C.; MELLO, G.A.; VIEIRA, J;L.F.; PINHEIRO, M.C.N.; VENTURA, D.F.; SILVEIRA, L.C.L. Mercury toxicity in the Amazon: contrast sensitivity and color discrimination of subjects exposed to mercury. Brazilian Journal of Medical and Biological Research, v. 40, p. 415-424, 2007. 157 ROE, A.W.; TS’O, D.Y. Specificity of color connectivity between primate V1 and V2. Journal of Neurophysiology, v. 82, p. 2719-2730, 1999. 158 ROORDA, A.; WILLIAMS, D.R. The arrangement of the three cone classes in the living human eye. Nature, v. 397, p. 520-522, 1999. 159 ROSEN, J.A. Pseudoisochromatic visual testing in the diagnosis of disseminated sclerosis. 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Perception, v, 25, p. 369-371, 1996. 168 178 SHARPE, J.; HOSTOVSKY, M.; BILBAO, J.; REWCASTLE, N.B. Methanol optic neuropathy: a histopathological study. Neurology, v. 32, p. 1093-1100, 1982. 179 SOLOMON, S.G.; MARTIN, P.R.; WHITE, A.J.R.; TTIGER, L.; LEE, B.B. Modulation sensitivity of ganglion cells in peripheral retina of macaque. Vision Research, v. 42, p. 2893-2898, 2002. 180 SÖDERKVIST, P.; AHAMADI, A.; AKERBACK, A. Glutathione S-transferase M1 null genotype as a risk modifier for solvent- induced chronic toxic encephalopathy. Work, Environment & Health, v. 22, p. 360-363, 1996. 181 TILL, C.; WESTALL, C.A.; ROVET, J.F.; KOREN, G. Effects of maternal occupational exposure to organic solvents on offspring visual functioning: a prospective controlled study. Teratology, v. 64, p. 134-141, 2001. 182 TILL, C.; WESTALL, C.A.; KOREN, G.; NULMAN, I.; ROVET, J.F. Vision abnormalities in young children exposed prenatally to organic solvents. 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Sleep disturbances and occupational exposure to solvents. Sleep Medicine Reviews, v. 13, p. 235-243; 2009. 189. VIANNA, N. S.; GONÇALVES, J. S. Iluminação e Arquitetura. VIANNA, N. S.; GONÇALVES, J. S (Eds). São Paulo, Brasil: Virtus S/c Ltda, 2001. 190 VON HELMHOLTZ, H. Handbuch der Physiologischen Optik. Voss: Hamburg and Leipzig, 1867. 191 WANI, J.S.; MIR, M.S.; NASTI, A.R. Automated Perimetry-- Interpreting the Data. v. 12, p. 219-223, 2005. 192 WALSH, T.J. Visual fields: examination and interpretation. American Academy of Ophthalmology. II. 1996. 193 WANDELL, B.A. Computational neuroimaging of human visual cortex. Annual Reviews of Neuroscience, v. 22, 145-73, 1999. 194 WATSON, A.B.; AHUMADA JR, A.J. A model of human visual motion sensing. Journal of the Optical Society of America, v. 2, p. 322-342, 1985. 195 YAMAMURA, Y. N-hexane polyneuropathy. Folia Psychiatrica et Neurologica Japonica, v. 23, p. 45-57, 1969. 196 YOUNG, T. The Bakerian lecture: On the theory of light and colours. Philosophical Transaction of Royal Society London, v. 92, p. 12-48, 1802. 170 197 ZAVALIC, M.; MANDIC, R.; TURK, R.; BOGADI-SARE, A.; PLAVEC, D.; GOMZI, M.; SKENDER, L.J. Assessment of colour vision impairment in male workers exposed to toluene generally above occupational exposure limits. Occupational Medicine, v. 48, p.175-180, 1998. 198 ZEKI, S. Colour coding in the cerebral cortex. The reaction of cells in monkey visual cortex to wavelengths and colour . Neuroscience, v. 9, p. 741-756, 1983. 171 ANEXO 1 172 APÊNDICE 1 TERMO DE LIVRE CONSENTIMENTO Universidade Federal do Pará Centro de Ciências Biológicas Núcleo de Medicina Tropical Laboratório de Neurofisiologia Tropical Termo de Consentimento Título do Projeto: Perdas Sensoriais Causadas Pela Intoxicação por Solventes: Estudos psicofísicos, neuropsicológicos e neurofisiológicos. Responsável: Professor Doutor Luiz Carlos de Lima Silveira. A visão é uma função muito importante na vida de cada pessoa, por isso os problemas na visão podem atrapalhar várias atividades do dia-a-dia, além disso, podem atingir outras atividades relacionadas à memória, atenção e comando dos movimentos. Estes problemas podem ser causados por fatores genéticos (aqueles com os quais a pessoa já nasce); por doenças como diabetes, pressão alta; por causa de alguns remédios; ou ainda, por causa de contaminação por mercúrio, zinco, agrotóxicos, solventes, etc. Para verificar como está a visão de cada pessoa, existem exames que avaliam como cada um vê o mundo, e ainda, como o cérebro dessa pessoa funciona quando ela está vendo as coisas no seu dia. Estes exames não são invasivos (ou seja, não têm nada relacionado a cortes, injeções, colheita de sangue; nada desse tipo!). este laboratório realiza este tipo de teste. O objetivo deste trabalho é pesquisar quais as conseqüências causadas por doenças no sistema visual do ser humano. Os testes serão de avaliação psicofísica e métodos comuns na rotina das consultas de visão. Será realizada uma avaliação de voluntários que sejam frentistas de postos de gasolina expostos aos solventes orgânicos presentes nos combustíveis. Todos estes exames serão explicados detalhadamente antes de sua realização e conforme a pessoa a ser testada apresente dúvidas durante ou após os testes. Os exames serão realizados colocando a pessoa sentada a frente de um computador que mostra figuras. A resposta do paciente é registrada com a pessoa respondendo se vê ou não. O possível desconforto do projeto para a pessoa que será testada está em ela ter que comparecer em média três vezes no local do teste para realizar todos os exames psicofísicos necessários e ainda fazer a consulta com o oftalmologista (médico que cuida da visão), isto pode ser difícil por exigir transporte e ausência no trabalho. 173 Para diminuir estes problemas garantimos o valor em dinheiro para o transporte, conforme a pessoa tenha necessidade, e atestado médico para justificar as possíveis faltas. Os benefícios para a pessoa que participará voluntariamente da pesquisa é que ela terá uma avaliação visual completa e acompanhada por um médico. Para a ciência, o benefício será o de ter conhecimento da ação do solvente na visão e no sistema nervoso. Deixamos claro que as pessoas testadas serão voluntárias (ou seja, não receberão dinheiro, que não seja para transporte, e nem serão obrigadas a participar da pesquisa) e poderão desistir em qualquer parte do processo de avaliação visual. Esclarecemos que todos os dados dos pacientes serão usados em uma pesquisa que servirá para a melhoria de métodos de diagnóstico de doenças que acometem o ser humano. Garantimos a privacidade e o anonimato das pessoas testadas no uso dos dados na pesquisa científica. Diante do que foi esclarecido à pessoa a ser testada, esta declara que concorda participar dos testes, e assina o termo de consentimento. Belém, de de . _________________________________ 174 APÊNCIDE 2 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ NÚCLEO DE MEDICINA TROPICAL LABORATÓRIO NEUROLOGIA TROPICAL Av. Generalíssimo Deodoro, 92 – Belém/PA Anamnese 1 Dados de Identificação Código: Procedência – Nome: Sexo: F( ) M( ) Idade: anos Cor: Branco ( ) Pardo ( ) Negro ( ) Índio ( ) Amarelo ( ) Estado Civil : Solteiro ( ) Divorciado ( ) Casado ( ) Viúvo ( ) Residência atual: Residência anterior: Escolaridade: 2 Histórico Profissão atual: Tempo de exposição por semana (horas): Tempo de trabalho: Tipo de material com que trabalha: Uso de EPI: Não ( ) Máscara de proteção ( ) Outros Profissão anterior: Dificuldade em discriminar cores: sim ( ) não ( ) (S.I.C) Familiares com problemas em discriminar cores: sim ( ) Doenças oculares (antecedentes pessoais e familiares): Doenças neurológicas: Medicamentos em uso: 3 Doenças da fase adulta e infantil 4 Observações não ( ) Fone: 175 APÊNDICE 3 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ NÚCLEO DE MEDICINA TROPICAL LABORATÓRIO NEUROLOGIA TROPICAL Av. Generalíssimo Deodoro, 92 – Belém/PA Teste das Lâminas Pseudoisocromáticas de Ishihara Tabela 1 – Planilha para acompanhamento do teste de Ishihara Placa Normal Discriminação Resposta do Sujeito Deficiente Ausente D 1 12 12 12 2 8 3 X 3 6 5 X 4 29 70 X 5 57 35 X 6 5 2 X 7 3 5 X 8 15 17 X 9 74 21 X 10 2 X X 11 6 X X 12 97 X X 13 45 X X 14 5 X X 15 7 X X 16 16 X X 17 73 X X 18 X 5 X 19 X 2 X 20 X 45 X 21 X 73 X Protan Deutan grave leve grave leve 22 26 6 (2) 6 2 (2) 6 X 23 42 2 (4) 2 4 (4) 2 X 24 35 5 (3) 5 3 (3) 5 X 25 96 6 (9) 6 9 (9) 6 X Conclusão: Acuidade Visual (Optotipos de Snellen – 6 metros): OD: OE: E