Salvador-Bahia | Junho de 2008 | Ano 17 - No 63 MP dá início a curso de especialização em direitos humanos Profissionais das áreas de Justiça e Segurança prestigiaram a solenidade Com aula inaugural proferida pelo governador da Bahia, Jaques Wagner, sobre o tema “Segurança Pública com Cidadania”, foi iniciado em 19 de maio último o Curso de Especialização em Direitos Humanos e Cidadania, dirigido a membros do Ministério Público da Bahia, oficiais da Polícia Militar, delegados da Polícia Civil e docentes universitários. Primeira atividade do Programa de Capacitação e Educação em Direitos Humanos (Procedh), o curso, segundo o procurador-geral de Justiça Lidivaldo Reaiche Britto, pretende despertar a conscientização sobre a importância da garantia dos direitos humanos como princípio universal e da Constituição Cidadã, principalmente neste período de aumento da criminalidade. | Págs. 6 e 7 Segundo concurso para servidor tem mais de 20 mil inscritos | Pág. 3 Primeiros servidores voluntários são admitidos | Pág. 3 Livro discriminatório é recolhido após denúncia de promotor | Pág. 11 Dinheiro, armas e drogas apreendidas na PLB Pág. 10 Editorial A LISTA DO MP O Ministério Público do Estado da Bahia divulgou a lista dos prefeitos municipais e ex-gestores processados criminalmente desde o ano 2000, no Tribunal de Justiça. São 413 processos, relativos a diversas práticas delituosas abrangendo inúmeros municípios. Dezenas de réus tentarão a reeleição, e, conseqüentemente, o retorno ao cargo de Prefeito, sendo o objetivo da veiculação dos seus nomes alertar as comunidades que votarão no próximo dia 05 de outubro. Além disso, expediu-se Recomendação aos Promotores de Justiça com exercício em zonas eleitorais, no sentido de promoverem a divulgação da lista dos candidatos processados pelo cometimento de atos de improbidade. Ademais, os colegas receberam outra Recomendação, orientando-os a fomentar a participação do eleitorado na fiscalização da lisura das eleições, mormente no incentivo à constituição de Comitês voltados para a observância dos dispositivos contidos na Lei nº. 9.840/99, que vedam a captação ilícita do sufrágio (compra do voto) e a utilização da máquina administrativa na publicidade dos candidatos. Outra orientação constituiu na exposição, aos estudantes e à sociedade civil, da importância da participação popular no processo eleitoral. No período que antecedeu a campanha, a atuação do Ministério Público baiano foi exemplar, pois inibiu a extemporaneidade da propaganda eleitoral. Por sua vez, os Tribunais de Contas também divulgaram as listas daqueles que tiveram suas contas rejeitadas, possibilitando aos eleitores uma reflexão no momento do voto. No próximo mês de agosto, o Ministério Público/BA lançará a versão baiana da Campanha “O QUE É QUE VOCÊ TEM A VER COM A CORRUPÇÃO?”, destinada a crianças e adolescentes, numa vertente preventiva. Finalmente, as impugnações aos registros das candidaturas e as demais ações a serem ajuizadas, até mesmo após o pleito eleitoral, demonstrarão o compromisso e o afinco dos Promotores de Justiça nos diversos rincões da Bahia. Lidivaldo Reaiche Raimundo Britto Procurador-Geral de Justiça Eny Magalhães nomeada PGJ Adjunta A procuradora de Justiça Eny Magalhães Silva Araújo é a nova procuradora-geral de Justiça Adjunta do Ministério Público baiano. O ato de nomeação foi publicado no Diário do Poder Judiciário de 11 de abril último, e, além de auxiliar o procuradorgeral de Justiça Lidivaldo Britto em suas atribuições e substituilo em seus impedimentos, afastamentos ou ausências, ela também exercerá a coordenação do Núcleo de Acompanhamento de Recursos Judiciais (Narj) e foi delegada para atuar nas ações penais e procedimentos administrativos relativos a fatos de autoria atribuída a prefeitos municipais. O cargo de PGJ Adjunto era exercido pelo procurador de Justiça Hermenegildo Queiroz, que se aposentou recentemente. Lidivaldo Reaiche Raimundo Britto Procurador-Geral de Justiça Adjunto Eny Magalhães Silva Araújo Procurador-Geral de Justiça Adjunto para Assuntos Jurídicos Carlos Frederico Brito dos Santos Corregedor-Geral Adivaldo Guimarães Cidade Chefe de Gabinete Airton Juarez Chastinet Mascarenhas Júnior Secretário-Geral Rogério Luis Gomes de Queiroz 2 Serão realizadas no próximo dia 3 de agosto, em Salvador, as provas do “II Concurso Público para Provimento de Cargos do Quadro de Pessoal Permanente do Ministério Público do Estado da Bahia”. 20.622 pessoas candidataram-se às 127 vagas disponibilizadas pelo MP para cargos de nível médio e superior em todo o estado. Para os cargos de nível médio, 67 vagas são para assistente-técnico administrativo e 30 para motorista, enquanto que os candidatos de nível superior disputarão uma das 30 vagas de analista técnico destinadas a quem possui formação nas áreas de arquitetura, urbanismo, ciências contábeis, administração, direito, agronomia, ciências biológicas, geologia, psicologia, serviço social ou das engenharias civil, ambiental, florestal e sanitária. O concurso está sendo organizado pela Fundação Escola Superior do Ministério Público (Fesmip). De acordo com o edital de abertura do concurso, 17 vagas para o cargo de assistente técnico-administrativo são para Salvador, sendo uma reservada a candidato portador de deficiência, e 50 para as Promotorias de Justiça do interior do Estado. Para o cargo de motorista, foram oferecidas 19 vagas na Capital, uma dessas reservada a pessoa com deficiência, e 11 em Promotorias Regionais. Já para o cargo de analista técnico, 28 vagas são para Salvador e duas para Promotorias de Justiça do interior. Os candidatos às vagas de assistente serão submetidos a uma etapa única, por meio de prova escrita. Já os candidatos a motoristas e analistas, além de realizarem a prova, deverão participar de uma segunda etapa, em que serão avaliados, respectivamente, experiência e títulos. Os aprovados no concurso serão nomeados e submetidos a uma carga horária semanal de 40 horas. Mais mudanças O promotor de Justiça José Renato Oliva de Mattos também foi nomeado para o cargo de coordenador do Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Justiça Criminais (Caocrim), até então ocupado pelo procurador de Justiça Rômulo de Andrade Moreira. José Renato atuava na Assessoria Especial do procurador-geral de Justiça. Em seu lugar, assumiu o promotor de Justiça Paulo Marcelo Santana Costa. Definidas prioridades para 2008 Lei Orgânica do MP é adequada à LOJ Secretário-geral do MP conduziu encontro O governador da Bahia, Jaques Wagner, sancionou, através de decreto publicado no Diário Oficial do Estado em 10 de junho último, a Lei Complementar nº 31/2008, que adequa a Lei Orgânica do Ministério Público do Estado da Bahia (Lei Complementar nº 11/1996) à nova Lei de Organização Judiciária (LOJ), aprovada no ano passado, e que já se encontra em vigor. Dentre as mudanças promovidas por ela, estão a reclassificação dos cargos de promotor de Justiça, que passam a ser de entrância inicial, intermediária e final, e a previsão de criação de Promotorias de Justiça especializadas no âmbito regional. O projeto de lei complementar foi entregue pelo procurador-geral de Justiça Lidivaldo Britto ao presidente da Assembléia Legislativa, deputado Marcelo Nilo, em 16 de abril último e teve rápida tramitação, sendo aprovado pela Casa Legislativa em 7 de maio último. PUBLICAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DA BAHIA Procurador-Geral de Justiça MP promove segundo concurso para servidor Produção, redação, fotos e edição Assessoria de Comunicação Social Projeto gráfico original Rônia Design Editoração P&A Gráfica e Editora Ltda. Impressão Gráfica Editora Liceu Ltda. Tiragem 2.000 exemplares ENDEREÇO Avenida Joana Angélica, 1312, Nazaré. Salvador / BA – Telefax: (71) 3103-6496 PORTAL: www.mp.ba.gov.br E-MAIL: [email protected] Permitida a reprodução de matérias e artigos, desde que citada a fonte. Implementação de conselhos tutelares em todos os municípios e implantação de medidas sócio-educativas em meio aberto; combate às organizações criminosas e busca de celeridade processual no júri e nos processos com réu preso; combate à degradação ambiental, com incentivo ao gerenciamento dos resíduos sólidos, e à venda de carnes em condições impróprias para o consumo; ampliação do Projeto Paternidade Responsável; garantia dos direitos dos idosos; promoção do acesso à saúde e a uma educação de qualidade. Estas são algumas das diretrizes de trabalho eleitas pelos promotores de Justiça do Ministério Público estadual para execução durante este ano, que foram apresentadas em 31 de março último, durante o primeiro encontro do “Planejamento Estratégico 2008”, que reuniu, no Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional do MP (Ceaf), os coordenadores de Centros de Apoio Operacional, de Núcleos de Atuação e das Promotorias de Justiça Regional. A jornada foi aberta pelo secretário-geral do MP e coordenador do Comitê de Planejamento Estratégico, promotor de Justiça Rogério Luís Gomes de Queiroz, que ressaltou que as diretrizes de trabalho para 2008 foram democraticamente escolhidas pelos promotores de Justiça em uma enquete aplicada no final do ano passado. O encerramento do encontro coube ao procurador-geral de Justiça Lidivaldo Reaiche Britto. Em 15 e 16 de maio, em Santo Antônio de Jesus, foi aberto o “Calendário de Encontros Regionais de Planejamento Estratégico”, com o evento que reuniu os promotores de Justiça integrantes das Promotorias Regionais de Santo Antônio de Jesus e Valença. Já no dias 19 e 20 de junho reuniram-se, em Camaçari, os integrantes das Promotorias Regionais de Camaçari e Alagoinhas. Os próximos encontros acontecerão em Senhor do Bonfim (para as Promotorias de Jacobina, Juazeiro, Senhor do Bonfim e Euclides da Cunha), em 17 e 18 de julho; Barreiras (para as Promotorias Regionais de Barreiras, Bom Jesus da Lapa, Ibotirama e Santa Maria da Vitória) em 14 e 15 de agosto; Porto Seguro (para as Promotorias de Paulo Afonso, Eunápolis e Teixeira de Freitas) em 28 e 29 de agosto; Itabuna (para as Promotorias de Ilhéus e Itabuna) em 18 e 19 de setembro; Vitória da Conquista (para as Promotorias de Vitória da Conquista, Brumado, Guanambi, Itapetinga e Jequié) em 16 e 17 de outubro; Feira de Santana (para as Promotorias de Feira de Santana, Serrinha e Paulo Afonso) em 30 e 31 de outubro; e Lençóis (para as Promotorias de Seabra, Itaberaba e Irecê) em 20 e 21 de novembro. PRIMEIROS VOLUNTÁRIOS COMEÇAM AS ATIVIDADES NO MP Os primeiros selecionados para o serviço voluntário do Ministério Público estadual já estão desenvolvendo suas atividades na Instituição. Os 22 voluntários, 15 na capital e 7 do interior (Ipirá, Itaparica, Ilhéus, Santo Antônio de Jesus, Camaçari, Nazaré e Rio Real), deverão trabalhar voluntariamente por um período de um ano, que pode ser prorrogado ou rescindido a qualquer tempo. Segundo a estudante de Direito Nathália Montenegro Marques, 19 anos, uma das selecionadas, o serviço voluntário “será muito proveitoso principalmente para aprender a lidar na prática com questões tratadas na faculdade”. Ela ressalta que o aprendizado no MP será de grande utilidade na vida profissional. Pode ser admitido como servidor voluntário qualquer cidadão que manifeste vontade em desempenhar atividades na Instituição, que tenha idade mínima de 18 anos, esteja em dia com as obrigações eleitorais e com o serviço militar (no caso do sexo masculino), tenha concluído o ensino médio, não possua antecedentes criminais e apresente atestado de sanidade física e mental. O serviço voluntário no MP foi instituído pelo procurador-geral de Justiça Lidivaldo Britto, em novembro de 2007, levando em consideração o interesse público e a conveniência administrativa, baseado na Lei Federal nº 9.608/1998, que considera serviço voluntário a atividade não remunerada, prestada por pessoa física, sem vínculo empregatício, funcional ou qualquer obrigação de natureza trabalhista, previdenciária ou afim, exercido mediante celebração de termo de adesão entre a Instituição e o prestador de serviço voluntário. 3 Regras eleitorais mais claras CRIADO NÚCLEO DO TERCEIRO SETOR Com o objetivo de promover a atualização eleitoral dos promotores de Justiça, delegados de Polícia e oficiais da Polícia Militar que atuam nos municípios de Acajutiba, Alagoinhas, Aporá, Araçás, Aramari, Cardeal da Silva, Conde, Crisópolis, Entre Rios, Esplanada, Inhambupe, Itapicuru, Jandaíra, Olindina e Rio Real, o Ministério Público promoveu, em abril, um curso de capacitação enfocando aspectos polêmicos da legislação criminal eleitoral, prestação de contas, propaganda eleitoral e condutas vedadas aos agentes públicos. Organizado pela Promotoria Regional de Alagoinhas, que é coordenada pela promotora de Justiça Monia Lopes Ghignone, o curso contou com palestras do coordenador do Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Justiça Cíveis, Fundações e Eleitorais (Caocife), promotor de Justiça José Ferreira de Souza Filho; do promotor de Justiça Gilberto Amorim; e do representante do Tribunal Regional Eleitoral, Jaime Barros Neto. Também em Euclides da Cunha, Quijingue e Canudos, cidadãos estão melhor instruídos quanto às regras eleitorais. Nesses três municípios, o promotor de Justiça Antônio Luciano Assis desenvolveu um trabalho de esclarecimento de direitos e obrigações dos eleitores e pré-candidatos às eleições 2008. Ele publicou um informe geral em abril ressaltando que é terminantemente proibido, antes do dia 6 de julho, confeccionar e distribuir panfletos e folhetos contendo mensagens, expressões, nomes, siglas partidárias e toda e qualquer expressão vinculada a pessoas que se intitulam pré-candidatas aos cargos eletivos nas próximas eleições. Na publicação, o representante do Ministério Público frisa que o descumprimento do comando sujeitará o responsável pela divulgação da propaganda e o beneficiário a responderem representação perante a Justiça Eleitoral. Para aprimorar as atividades do Ministério Público na fiscalização das pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, que desenvolvam atividades de interesse coletivo, como fundações e associações de assistência social e educacional integrantes do Terceiro Setor, o procurador-geral de Justiça Lidivaldo Britto instituiu, em 9 de maio último, o Núcleo do Terceiro Setor (NUTS). Dentre os objetivos do Núcleo estão o desenvolvimento de planos e estratégias de ação que possibilitem a expansão das atividades de fiscalização do Terceiro Setor; a coleta e organização de dados e informações relacionadas à área; e a orientação dos representantes legais das entidades, quando for o caso, com o auxílio de técnicos especializados em contabilidade. O NUTS será coordenado pelo promotor de Justiça Luiz Eugênio Fonseca Miranda e terá o suporte técnico do Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Justiça Cíveis, Fundações e Eleitorais (Caocife). Vereador de Camaçari comete crime ambiental O vereador do município de Camaçari, Cléber Alves de Jesus, foi denunciado à Justiça pela prática de crime ambiental. Na denúncia, oferecida pelo promotor de Justiça Luciano Pitta, o vereador, que também é corretor de imóveis, é acusado de implantar projeto de loteamento sem a licença ou autorização dos órgãos ambientais competentes e de promover construção em solo não edificável. Por esses mesmos motivos, explica o representante do Ministério Público, o Ibama já havia exarado um auto de infração contra Cléber Alves, que loteou uma área de relevante valor ecológico, situada em Área de Preservação Permanente, localizada no distrito de Vila de Abrantes, em Camaçari. Campanhas incentivam fiscalização de contas Três campanhas que visam estimular a fiscalização das contas públicas, o combate à corrupção e a participação política de jovens foram lançadas em 7 de maio último, no auditório do Campus Doroteias, no Garcia, com a participação do procurador-geral de Justiça Lidivaldo Britto. Inaugurando a sua quarta edição, a Campanha ‘Quem não Deve não Teme’ agora será articulada às campanhas de Combate à Corrupção e de Participação Política, numa iniciativa da Articulação em Políticas Públicas no Estado da Bahia. Durante o evento, o chefe do Ministério Público estadual apresentou aos participantes uma recomendação que foi encaminhada a todos os promotores de Justiça com atribuição na área de defesa do patrimônio público e da moralidade administrativa do Estado, para que eles fiscalizem se os prefeitos municipais estão disponibilizando as contas aos cidadãos, e adotem medidas para o cumprimento dos preceitos legais sempre que necessário, além de divulgarem as campanhas em palestras e audiências públicas. “A participação popular é a grande ferramenta da democracia participativa”, defendeu a 4 coordenadora da campanha ‘Quem não Deve não Teme’, Emília Gondim. Segundo ela, nos últimos três anos, a campanha conseguiu abranger 109 municípios, sendo que em 88 deles as contas públicas municipais foram efetivamente acessadas. Dificuldades no acesso aconteceram em 59 municípios, mas em apenas 25 deles denúncias foram oferecidas contra os gestores públicos pela prática ilegal, uma vez que em muitas cidades as ameaças contra os cidadãos acabaram impedindo a efetivação da fiscalização, afirmou Gondim. Segundo o procurador-geral de Justiça, 77 prefeitos foram denunciados pelo MP somente no ano de 2007, e grande parte dos crimes cometidos por eles foram para beneficiar pessoas que financiaram suas campanhas eleitorais. Salientando que o MP conta com um Núcleo Especializado de Crimes Atribuídos a Prefeitos (CAP), coordenado pelo promotor de Justiça Valmiro Macedo, o PGJ informou que existem atualmente cerca de 500 processos contra prefeitos em tramitação nas comarcas e no Tribunal de Justiça. PROPRIETÁRIOS DE HOSPITAL SÃO DENUNCIADOS Por entender que o atendimento inadequado prestado pelo Hospital Semec – Serviço Médico Cirúrgico e Obstétrico São Francisco Ltda., no município de Juazeiro, foi responsável pela morte por asfixia de um bebê ainda no ventre da mãe, os co-proprietários do hospital Antônio Carlos Pereira e Jamile Dubre, bem como o anestesista João Oliveira, foram denunciados pelo Ministério Público por homicídio doloso. Eles responderão pelo crime juntamente com o médico plantonista Ariovaldo Sales e o diretor-médico do hospital, Antônio Leovigildo Costa, e com as técnicas de enfermagem Joelma das Montanhas e Jaiselma Vieira, denunciados em uma ação penal pública ajuizada em abril último pelo promotor de Justiça Rildo Carvalho. Segundo ele, a parturiente Ana Paula de Jesus Santos, grávida pela primeira vez, ao ter procurado, em março do ano passado, o Hospital Semec aos primeiros sinais de parto, acabou passando mais de 19 horas em sofrimento sem receber o atendimento adequado e perdeu o filho. A denúncia inicial foi aditada pelo promotor no último dia 8 de maio, incluindo os nomes dos novos acusados. Instituições e trabalhadores se unem na luta contra o amianto Ao presidir a abertura do ‘3º Seminário sobre Amianto na Bahia – Trabalho, Saúde e Meio Ambiente’, o procurador-geral de Justiça Lidivaldo Britto ressaltou a honra do Ministério Público de sediar o evento pela terceira vez. Destacando a missão da instituição de defender os direitos sociais e individuais indisponíveis, o PGJ frisou que o MP está sempre aberto para discutir questões como a do amianto. “Neste caso, vemos a luta dos interesses econômicos de um lado e, de outro, a luta pela vida e saúde dos trabalhadores e pela defesa do meio ambiente. E o MP continua do mesmo lado, defendendo os direitos das pessoas afetadas pelo amianto e a recuperação do meio ambiente”, salientou Lidivaldo. Durante a abertura do evento, realizado em 3 e 4 de abril último, foi lançada a campanha ‘Amianto – Desinformação Mata’ e instalada a ‘Comissão Intersetorial de Acompanhamento do Manejo e Prevenção de Impactos à Saúde e ao Meio Ambiente Decorrentes da Exploração e Uso do Amianto e de Outros Minerais no Estado da Bahia’, presidida pela coordenadora do Centro Estadual de Referência em Saúde do Trabalhador, da Secretaria da Saúde (Cesat), Letícia Nobre, reunindo representantes do MP (as promotoras de Justiça Hortênsia Pinho e Cristina Seixas), de várias secretarias estaduais, Ministério Público do Trabalho, Associação Baiana dos Expostos ao Amianto (Abea), entre outras instituições e sindicatos de trabalhadores. Campanha “Amianto - Desinformação Mata” foi lançada na sede do MP Esclarecendo que as fibras do amianto – utilizadas em cerca de utilizados nos países que baniram o 3 mil produtos industriais, como telhas e amianto, pesquisa-se o uso de fibras caixas d’água – foram reconhecidas pela extraídas do coco e do sisal, que traria Organização Mundial da Saúde como desenvolvimento para o semi-árido, cancerígenas, Letícia Nobre informou que, iniciativa defendida pelo secretário de no Brasil, cerca de 200 mil pessoas Meio Ambiente, Juliano Matos. sofrem de doenças decorrentes da Pronunciaram-se dois representantes da exposição ocupacional, eventual ou Abea. O presidente, Belmiro dos Santos, indireta ao produto. “Daí a importância da que trabalhou na Eternit, em Simões Filho, campanha que objetiva a prevenção e localizou 460 ex-funcionários, sendo que mitigação de impactos à saúde e ao meio 301 foram submetidos a exames no Cesat, ambiente decorrentes do uso do amianto”, confirmando-se problemas de placas pontuou o sub-secretário de Saúde, pleurais e fibrose pulmonar em 23 deles, Washington Couto. A procuradora do sendo que dois já morreram. Esmeraldo Trabalho da 5ª Região, Adélia Marelin, o Teixeira referiu-se à mina de amianto do coordenador da Área de Saúde do município de Poções, onde foi instalada Trabalhador do Ministério da Saúde, uma usina e uma vila operária, Marcos Perez, e o secretário de desativadas na década de 1970. Além da Desenvolvimento Urbano, Afonso degradação ambiental, contou ele, há a Florence, destacaram as lutas travadas preocupante situação dos exnos últimos dez anos para o total trabalhadores – vários dos quais banimento do amianto no Brasil, conseguem após muito esforço receber providência já adotada em 45 países. O indenizações, morrendo meses depois –, superintendente de Desenvolvimento das suas famílias e de moradores da Tecnológico e Científico da Secretaria de região, que apresentam doenças Ciência e Tecnologia, Paulo César Bastos, progressivas e incuráveis decorrentes da acrescentou que, além dos produtos exposição ao amianto. Força-tarefa liderada pelo MP combate sonegação de IPVA O Ministério Público, em conjunto com a Secretaria da Fazenda, a Superintendência de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública, a Polícia Civil, por intermédio da Delegacia de Crimes Econômicos e Contra a Administração Pública (Dececap), e a Polícia Militar, deflagrou, em 28 de maio último, a ‘Operação IPVA’, em três locadoras de veículos baianas que praticaram fraude de cerca de R$ 1 milhão em sonegação do IPVA. Coordenada pelos Grupos de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas e de Investigações Criminais (Gaeco) e de Combate à Sonegação Fiscal do MP (Gaesf), a operação apreendeu carros, computadores e farta documentação na ‘Lupa Transportes Comércio e Serviços Ltda.’, ‘Emanuel Vargas Leal Filho’ (com nome de fantasia ‘Vip Rent a Car’) e ‘Opencar Transportes e Serviço Ltda.’, empresas que, segundo esclarece a promotora de Justiça Ana Rita Nascimento, do Gaeco, emplacaram cerca de 600 veículos em Palmas, no Estado de Tocantins, utilizando o benefício lá concedido da isenção da alíquota do IPVA no ano da compra, deixando, por conseqüência, de recolher o imposto na Bahia. Para concretização do esquema fraudulento, as locadoras baianas mantinham empresas fantasmas em Palmas, que funcionavam no mesmo endereço, lá sendo encontrada apenas a despachante Rúbia Rosane Kern, informa a representante do MP, acrescentando que as placas dos veículos vinham pelo correio. “O esquema fraudulento lesou o fisco baiano, que deixou de arrecadar o IPVA, já que o veículo deve ser comprado e emplacado no seu local de domicílio”. Ana Rita Nascimento conta que instaurou o inquérito em conjunto com a Inteligência Fazendária – para estimativa do débito fiscal, que, de 2004 a 2007, atingiu cerca de R$ 1 milhão – e a Superintendência de Inteligência da SSP para levantamento das empresas e dos seus proprietários. Ela adverte que quem comprou os veículos dessas três locadoras são devedores-solidários e devem pagar ao erário baiano os 2,5% de IPVA. Com oito mandados de busca e apreensão expedidos pela juíza Liz Resende, da 2ª Vara Criminal, a operação foi deflagrada em Salvador e Lauro de Freitas, contando com a participação dos promotores de Justiça Paulo Gomes Júnior e Solon Dias da Rocha (respectivamente coordenadores do Gaeco e Gaesf), Carlos Augusto Faria, Ivan Machado e Lucimeire Carvalho Farias (integrantes do Gaesf), do delegado da Dececap, Cleandro Pimenta, e do representante da secretaria da Fazenda, Cláudio Meireles. Também foram cumpridos mandados em Ilhéus pela promotora de Justiça Luciana Isabella Moreira. 5 Governador e PGJ iniciam curso de direitos humanos e cidadania “Os problemas de segurança pública não são simples nem localizados e vêm-se acentuando devido ao crime organizado, ao tráfico de drogas e à aceleração das desigualdades sociais. Mas eles não serão resolvidos apenas com a compra de mais equipamentos e a formação de mais policiais, pois estamos enfrentando também um grave problema civilizatório de banalização da vida, de valores áridos, de consumo desenfreado, de uma sociedade na qual cresce cada dia mais o conceito de que o que vale mais é o que as pessoas carregam no bolso”. Este foi um dos trechos da aula inaugural do Curso de Especialização em Direitos Humanos e Cidadania, proferida pelo governador Jaques Wagner em 19 de maio último, no auditório do Ministério Público. Abordando o tema ‘Segurança Pública com Cidadania’, o chefe do Poder Executivo estadual salientou que “é preciso revisar as bases que estão-se formando na sociedade, insistir na valorização da vida e na formação de um conjunto de valores”. Wagner ressaltou que falar de segurança pública é falar de segurança dos direitos humanos, assinalando que, “ao Estado Democrático, compete garantir a segurança pública de acordo com as prescrições da lei, e que as Polícias Civil e Militar da Bahia, sob o meu comando, agirão sempre dentro da lei, respeitando os direitos humanos”. Relembrou o início da sua vida profissional como professor, revelando sua satisfação por proferir, como governador, a aula inaugural de um curso que é fruto de valiosa parceria que vai propiciar o aperfeiçoamento dos agentes para oferecerem uma segurança-cidadã, parabenizando o MP pela iniciativa de valorizar a prevenção. O procurador-geral de Justiça Lidivaldo Britto também destacou a importância do início do curso que se constitui na primeira atividade do Programa de Capacitação e Educação em Direitos Humanos (Procedh), fruto do convênio firmado em dezembro do ano passado entre o MP, o Governo do Estado, por intermédio da Secretaria de Segurança Pública (SSP) e das Polícias Civil e Militar, e a Universidade do Estado da Bahia (Uneb). Coordenado pela promotora de Justiça Márcia Virgens, o curso é voltado nesta primeira etapa para 50 profissionais, entre oficiais da Polícia Militar, delegados de Polícia, procuradores e promotores de Justiça, informou o chefe do MP, “e pretende despertar a conscientização sobre a importância da garantia dos direitos humanos como princípio universal e como corolário na nossa Constituição Cidadã, principalmente por estarmos vivenciando um período de aumento de criminalidade, fenômeno que se alastra pelo país”. O PGJ explicou que o projeto conta com o apoio da Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (Aecid), já que o MP deseja propiciar aos operadores do sistema de defesa social a oportunidade de adquirir um cabedal de conceitos relativos ao que há de mais avançado na área dos Direitos Humanos, “numa abordagem isenta de idéias préconcebidas”. “Que nossa conjugação de “Caso Neylton”: promotora pede júri popular para os responsáveis Solicitando que os “responsáveis” pela morte de Neylton Souto da Silveira sejam julgados e condenados pelo Tribunal do Júri – “o juízo natural dos crimes dolosos contra a vida”–, a promotora de Justiça Criminal, Armênia Cristina Santos, apresentou as alegações finais do processo criminal que apura a morte do servidor ao juiz da 1ª Vara do Tribunal do Júri. No documento, ela reafirma e indica os motivos pelos quais Aglaé Amaral e Tânia Pedroso mandaram Jair Barbosa e Josemar dos Santos executar o crime, que aconteceu em janeiro de 2007 nas dependências da Secretaria Municipal de Saúde (SMS). Aglaé e Tânia, afirma Armênia Santos, participaram de diversos procedimentos irregulares perpetrados na Secretaria de Saúde. Conforme a promotora, investigações empreendidas pelo Ministério Público Federal, realizadas pela Controladoria Geral da União nas contas da SMS durante o ano de 2007, “demonstram que as queixas da vítima para a família eram verdadeiras” e que “ele estava a par de todas as irregularidades, e, por isso, em confronto com as acusadas”. No relatório enviado pelo MPF a Armênia no último mês de abril, existem constatações de prejuízos milionários causados por pagamentos indevidos de encargos sociais, efetuados além da previsão dos contratos, dentre outros. Nele consta, por exemplo, que, em desacordo a um Termo de Retificação-Ratificação de Contrato firmado com a Real Sociedade 6 Espanhola de Beneficência (RSEB), foram repassados quase R$18 milhões além da previsão contratual. Constam também várias indicações de prejuízos milionários causados ao erário municipal em face de repasses indevidos à Associação Obras Sociais Irmã Dulce. Para a promotora, as irregularidades e impropriedades apontadas nas investigações são redundantes, “o que demonstra que as falhas verificadas não são decorrentes de situações esporádicas ou de erros individuais”. Segundo ela, da exposição parcial dos relatórios “percebe-se que efetivamente a alegada moralidade e seriedade no trato da coisa pública jamais existiram”. Além dos documentos investigados, lembra a representante do Ministério Público estadual que foram analisados vários depoimentos que levaram à conclusão de que Tânia e Aglaé são as mandantes do crime. Das declarações trazidas pelos familiares da vítima desde o início das investigações, afirma Armênia, já se tem notícias de que havia uma dificuldade de relacionamento entre Neylton e Tânia por conta das divergências em torno dos contratos da SMS. Para ela, “tinham de fato as acusadas, nesse horror de irregularidades, o que temer, especialmente, como já dito antes, irregularidades que foram identificadas e reconhecidas pela vítima, que, acuada e humilhada por elas, desejava sair daquele ambiente nefasto”. Governador destacou a importância das ações de segurança para a valorização da vida esforços, neste projeto pioneiro, contribua para a defesa social, com a prevalência da cultura cidadã, própria da democracia”, desejou Lidivaldo. ‘História do Direito’ e ‘Conceito e Fundamentos do Direito: Ética e Cidadania’ foram as duas primeiras disciplinas ministradas no Curso de Especialização em Direitos Humanos e Cidadania, no Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional do MP (Ceaf), nos dias 23 e 24, 30 e 31 de maio, respectivamente, pelos professores espanhóis Diego Blázquez Martín e María Eugenia Rodríguez Palop, ambos com graduação e doutourado em Direito pelas universidades Carlos III e Pontifícia de Comillas, de Madri. Os professores conclamaram os integrantes da turma a terem um compromisso pessoal com os direitos humanos, cumprindo-o diariamente na família, no trabalho e na comunidade. As aulas estão tendo prosseguimento sempre às sextas e aos sábados. Lei Maria da Penha ainda enfrenta barreiras Antes da edição, em agosto de 2006, da Lei nº 11.340, mais conhecida como ‘Lei Maria da Penha’, que coíbe a violência doméstica e familiar contra a mulher, a cada 100 mulheres assassinadas no Brasil, 70 eram mortas no ambiente doméstico, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Quase dois anos após a sua sanção, a aplicação da Lei vem encontrando diversas dificuldades, seja pela inexistência de Varas Especializadas de Violência Contra a Mulher e de redes de atendimento à mulher em situação de violência em vários estados brasileiros, por questões burocráticas envolvendo o inquérito policial ou ainda em razão do medo das vítimas em denunciar seus agressores. Estas questões foram debatidas durante uma mesa-redonda realizada em 29 de abril último no Ministério Público para discutir propostas, avanços e perspectivas da aplicação da Lei na Bahia. Organizado pelo Grupo de Atuação Especial em Defesa da Mulher (Gedem), o evento foi aberto pelo procurador-geral de Justiça Lidivaldo Britto, que afirmou defender com ardor a Lei Maria da Penha, pois ela propõe e pode ser um mecanismo eficaz de defesa das mulheres, não contendo, na sua opinião, qualquer traço de inconstitucionalidade. Em seqüência, a juíza da 1ª Vara Especializada no Combate à Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher do Mato Grosso, Amini Haddad, apresentou o trabalho pioneiro realizado pelo Judiciário naquele estado, o primeiro a instalar Varas Especializadas na área, enquanto que o promotor de Justiça do MP do Distrito Federal e Territórios, Fausto Lima, falou das enormes dificuldades em se instaurar e concluir inquéritos policiais que têm como foco a violência doméstica e familiar. Sobre a inexistência de Varas Especializadas de Violência Doméstica e Familiar no Estado da Bahia, a desembargadora Ivete Caldas, representando a presidente do Tribunal de Justiça Sílvia Zarif no evento, afirmou que, com a vigência da nova Lei de Organização Judiciária, o TJ deverá instalar três delas ainda este ano, em Salvador, Feira de Santana e Vitória da Conquista. “É um compromisso nosso”, ratificou ela. Cidade é empossado corregedor-geral O procurador de Justiça Adivaldo Guimarães Cidade tomou posse no cargo de corregedor-geral do Ministério Público no último dia 8 de maio. Durante o biênio 2008-2010, ele, em parceria com o procurador de Justiça Ademário Silva Rodrigues, empossado no cargo de subcorregedor-geral, dirigirá o órgão orientador e fiscalizador das atividades funcionais e da conduta dos membros do MP. Durante a posse, Cidade, que ingressou no MP em 1981, garantiu que procurará fazer da Corregedoria um órgão predominantemente orientador sem, contudo, tirar-lhe as funções de fiscalizador e disciplinador. O comprometimento dele e de Ademário foi, aliás, destacado pelo procuradorgeral de Justiça Lidivaldo Britto como primordial para o exercício das atividades, pois pode evitar que erros se constituam em infrações disciplinares. Cidade, lembrou o PGJ, já tem experiência e conhece bem o funcionamento do órgão por já ter sido subcorregedor. Despedindo-se do cargo, o excorregedor Washington Araújo Carigé lembrou que a modificação na chefia da Corregedoria faz parte da dinâmica de uma instituição democrática. Segundo ele, Cidade recebe uma Corregedoria “conceituada em todos os estados e reconhecida por ter realizado um trabalho árduo e contínuo”. A atuação de Carigé foi destacada pelo procurador-geral que deixou registrado o seu agradecimento ao ex-corregedor por ter colaborado com a gestão compartilhada do MP. 7 Combate à dengue: MP quer acesso a imóveis fechados A existência de imóveis fechados ou abandonados e a recusa do acesso a residências é um dos principais obstáculos no combate ao mosquito Aedes Aegypti, transmissor da dengue. Preocupado com o fato, o Ministério Público recomendou a todos os promotores de Justiça do estado, com atribuição na área de defesa da saúde, que solicitassem à Justiça alvará judicial de autorização para o acesso dos agentes comunitários de Saúde a todos os imóveis abandonados, fechados, bem como a residências ou estabelecimentos comerciais em que lhes tenha sido vedado o ingresso, utilizando-se de força policial quando houver resistência. A recomendação foi assinada em 28 de abril último, pelo procurador-geral de Justiça da Bahia, Lidivaldo Britto, em uma entrevista coletiva (foto) concedida na sede do MP em conjunto com o secretário Municipal de Saúde de Salvador, José Carlos Brito; a superintendente de Vigilância e Saúde do Estado, Lorene Pinto, representando o secretário estadual de Saúde, Jorge Solla; os promotores de Justiça Itana Viana, que coordena o Grupo de Atuação Especial em Defesa da Saúde (Gesau), e Márcio Fahel, da comarca de Itabuna, que foi o primeiro representante do MP a solicitar e conseguir na Justiça autorização para o acesso dos agentes de saúde nas residências fechadas do município. Certificada a resistência, o alvará judicial de autorização deverá dar acesso aos imóveis abandonados ou fechados, bem como a residências ou estabelecimentos comerciais em que tenha sido vedado o ingresso pelos seus moradores ou proprietários, devendo a fechadura ou cadeado ser repostos após o término do trabalho por profissional especializado. O documento será válido para o ano de 2008 e dele constarão pedido de intimação do secretário municipal de Saúde para conhecimento da decisão judicial e autorização do uso da força policial quando for necessária. Segundo a recomendação, os agentes comunitários de Saúde serão, em tese, responsáveis civil e criminalmente por qualquer excesso quando do ingresso em imóveis abandonados ou fechados. Garantido, no STJ, andamento de ação penal contra ex-prefeito Após interpor recurso especial perante o Superior Tribunal de Justiça (STJ) contra acórdão da 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ), que concedeu Habeas Corpus em favor do ex-prefeito de Ilhéus, Jabes Souza Ribeiro, determinando o trancamento da ação penal ajuizada em seu desfavor, o Ministério Público garantiu decisão favorável ao seu pedido: o STJ determinou o retorno dos autos do processo ao TJ para que se prossiga o julgamento da ação. Agora, o ex-prefeito deverá responder pelo crime de responsabilidade imputado a ele, que é acusado pelo MP de, quando gestor municipal, ter contratado 612 servidores sem concurso público. Ajuizada em novembro de 2005 pela promotora de Justiça de Ilhéus, Karina Cherubini, a ação denuncia que o exprefeito contratou servidores por prazo determinado, amparado “falsamente” em lei municipal. Jabes, relata a promotora, mesmo ciente do vencimento do prazo dos 8 contratos, não afastou os contratados, permitindo que os mesmos ocupassem os cargos até o fim do seu mandato. Contrário às acusações, o ex-prefeito, portanto, impetrou Habeas Corpus perante o TJ para anular o procedimento investigatório e a denúncia formulada pelo MP. Isso, sob o argumento de que o Ministério Público não poderia investigar. Entendendo não estar impedido de empreender investigações para alicerçarem a deflagração das ações penais que propõe, o MP, então, interpôs recurso perante o STJ, que julgou procedente o pedido, pois entende que “não é da índole do direito penal a feudalização da investigação criminal na Polícia e a sua exclusão do Ministério Público”. Conforme publicado na decisão, “tal poder investigatório, independentemente de regra específica, é manifestação da própria natureza do direito penal, da qual não se pode dissociar a da instituição do Ministério Público, titular da ação penal pública”. Prefeito de Nazaré acusado de descumprir TACs PREVENÇÃO AO CONSUMO DO ÁLCOOL POR JOVENS TAMBÉM É TAREFA DOS PROFESSORES O prefeito de Nazaré, Clóvis Figueiredo Souza, deixou de cumprir dois Termos de Ajustamento de Conduta (TACs) firmados em 2005 com o Ministério Público e, agora, deverá responder por isso na Justiça. A decisão é da promotora de Justiça da comarca, Thelma Leal de Oliveira, que ajuizou dois pedidos de execução dos TACs celebrados visando a adequação do mercado público municipal e a construção de aterro sanitário controlado. Ela requer também o pagamento de multa de mais de R$ 900 mil pelo descumprimento dos Termos. Explica a promotora de Justiça que o prefeito de Nazaré, tendo em vista as irregularidades do funcionamento do mercado municipal, celebrou um TAC com o MP, em 23 de novembro de 2005, prevendo a reforma do mercado no prazo de cinco meses, sob pena de multa diária no valor de R$ 83. Entretanto, passado mais de dois anos desde o prazo final para a conclusão da obra, o acordo não foi cumprido. Da mesma forma, explica Thelma Oliveira, o prefeito não apresentou qualquer justificativa para o descumprimento de um segundo TAC, firmado em 15 de dezembro de 2005, que previa a construção de um aterro sanitário controlado e a retirada do lixão a céu aberto. Diante da inércia do Município em resolver a questão, e tendo em vista que, de acordo com o Termo, as obras de construção deveriam ser iniciadas em 180 dias, sob pena de multa diária de R$ 1.245, a promotora advertiu mais uma vez, em setembro de 2007, o gestor municipal, cobrando dele a execução do que foi pactuado e concedendo-lhe um novo prazo, de 90 dias, para início da construção, o que novamente não foi cumprido. No Brasil, o consumo de bebidas alcoólicas começa precocemente, geralmente aos 12 anos de idade. Para a maioria das crianças e adolescentes que o consomem, o álcool é visto como algo natural e inofensivo, capaz de dar prazer, poder e virilidade. Esta visão resulta não só da cultura brasileira, que não considera o álcool como uma droga, como também é reforçada pelas propagandas que estimulam seu consumo. Entretanto, além de interferir no rendimento intelectual e contribuir para a evasão escolar, o consumo de bebidas por menores de 18 anos é um fator de risco: a longo prazo, provoca danos à saúde, como a dependência química, e, a curto prazo, é uma das principais causas de acidentes e da violência. Estas foram algumas das informações apresentadas, em 18 de junho último, no Centro de Convenções, a centenas de professores das redes pública e particular de ensino da Bahia participantes do ‘I Seminário Baiano sobre o Combate à Venda de Bebida Alcoólica para Crianças e Adolescentes’, promovido pelo Ministério Público, Governo da Bahia – por intermédio das Secretarias da Educação e de Segurança Pública –, Tribunal de Justiça, Polícias Civil e Militar, Bahiatursa, Prefeitura de Salvador, Superintendência de Engenharia de Tráfego, Conselho Tutelar de Salvador e Superintendência de Controle e Ordenamento do Uso do Solo. Prefeitos afastados O prefeito do município de Camamu, José Raimundo Assunção Santos, foi afastado do cargo após o Tribunal Pleno do Tribunal de Justiça receber denúncias oferecidas pelo Ministério Público. Segundo o promotor de Justiça Valmiro Macedo, o Pleno recebeu duas denúncias oferecidas por ausência de licitação, decidindo pelo afastamento do prefeito porque entendeu que ele poderia praticar outros crimes caso continuasse gerindo o Município, além de dificultar o acesso a documentos importantes, prejudicando a colheita de provas, como ele já vinha fazendo. Também denunciados pelo MP, os prefeitos municipais de Jaguarari, Edson Almeida; de Itacaré, Jarbas Barbosa Barros, e de Ubaitaba, Asclepíades de Almeida, foram afastados no último dia 6 de junho, durante a sessão plenária do TJ. Na abertura do seminário, o procuradorgeral de Justiça Lidivaldo Britto destacou que o MP elegeu como prioridade a proteção da Infância e Juventude, principalmente neste ano em que o Estatuto da Criança e do Adolescente completa 18 anos, informando que a venda de bebidas alcoólicas para crianças e adolescente é um problema que preocupa a Instituição, pois propicia o avanço da violência; daí a importância de debater o assunto com os professores. “Nenhuma escola é uma ilha. Os problemas que identificamos na sociedade também aparecem nas escolas. Precisamos levar informação e valores para esses jovens. A cultura do álcool só mudará quando fizermos um esforço coletivo pela mudança”, acrescentou o secretário de Educação Adeum Sauer. Responsável pela organização do evento, o promotor de Justiça Carlos Martheo Guanaes informou que a intenção do MP e das entidades parceiras em capacitar os professores deve-se ao fato deles terem o contato direto e constante com os jovens, podendo muitas vezes identificar aqueles que consomem bebidas alcoólicas. “Os professores são, muitas vezes, os primeiros a sofrerem as conseqüências do uso do álcool pelas Bahia, 6º lugar em denúncias de violência sexual no país Destacando que a Bahia ocupa o sexto lugar no ranking de denúncias de violência sexual recebidas pela Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República (SEDH), a consultora técnica da área de tratamento de dados do serviço Disque-Denúncia Nacional de Abuso e Exploração Sexual, Fernanda Cavicchiolli, participou do ‘Seminário da Infância e Juventude’, realizado pelo Ministério Público em maio. De acordo com ela, a Secretaria recebe uma média diária de 95 denúncias de violência sexual contra crianças e adolescentes, que, em sua maioria, são lamentavelmente vitimizadas dentro da própria rede familiar. Somente este ano, a SEDH já recebeu 10 mil e 900 denúncias, informou Fernanda, salientando que a Bahia vem ocupando uma das primeiras posições no ranking por causa do crescimento da confiança da população no serviço oferecido por meio do Disque 100, “o que se deve muito às campanhas desenvolvidas no estado”. O chamamento da sociedade, aliás, lembrou a coordenadora do Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Justiça da Infância e Juventude (Caopjij), procuradora de Justiça Lícia Oliveira, é um dos objetivos do seminário que buscou conclamar todos para denunciarem a violência sexual infanto-juvenil. De acordo com Lícia, em 2005, foram recebidas pelo Caopjij 225 denúncias de violência sexual na Bahia, em 2006, foram 467; em 2007, o número de denúncias subiu para 1229, e até maio de 2008, já foram registradas 722 casos deste tipo de violência. Os números espantam, lamentou a promotora de Justiça Sandra Oliveira, relatando que, quando chegou à Vara Especializada de Crimes contra a Criança e Adolescente, onde atua, imaginou que encontraria muitos números relativos a roubos, e maustratos, porém o maior número de crimes registrado lá é referente ao abuso sexual de crianças, chegando a somar 80% dos casos. PGJ convida professores a entrarem na luta contra as bebidas crianças e adolescentes. Por isso precisamos do apoio deles, pois, na maioria das vezes, o problema não chega até nós”, explicou. Segundo ele, o seminário buscou orientar os educadores a atuarem tanto na vertente preventiva, mostrando aos jovens os efeitos psicológicos, orgânicos e sociais do uso do álcool, como auxiliar no combate ao problema, ensinando-os como denunciarem, pois “o adolescente consumir álcool é uma questão de saúde. Enquanto que a venda de bebida alcoólica para eles é uma questão criminal”. MP E CONSELHOS TUTELARES UNIDOS NA DEFESA DAS CRIANÇAS E ADOLESCENTES Conselheiros estão sendo capacitados pelo MP Contribuir para que os conselheiros tutelares de Salvador se sintam mais fortalecidos para o pleno exercício da tarefa que lhes foi confiada pela sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente. Com este objetivo, a coordenadora do Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Justiça da Infância e da Juventude do Ministério Público (Caopjij), procuradora de Justiça Lícia de Oliveira, abriu, em 17 de abril último, na sede do MP, o seminário ‘Conversando sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente: Ministério Público e Conselho Tutelar’, que reuniu os novos integrantes dos 13 Conselhos Tutelares de Salvador, empossados em 17 de março para mandato de três anos. Destacando a importância da parceria e do trabalho integrado dos promotores de Justiça e dos conselheiros tutelares na defesa dos direitos das crianças e adolescentes, Lícia de Oliveira ressaltou que a implantação de conselhos tutelares em todos os municípios baianos é uma principais metas do MP. 9 Operação Big Bang descobre R$ 280 mil em cela de traficante Uma “grande explosão” contra o tráfico de drogas da Bahia. Foi desta forma que o Ministério Público e a Secretaria de Segurança Pública (SSP) avaliaram a ‘Operação Big Bang’, deflagrada com as Polícias Civil e Militar, no último dia 2 de junho, em diversos bairros de Salvador e Região Metropolitana. Além da prisão de 26 pessoas, foram apreendidos três pistolas, um revólver, oito quilos de cocaína, um quilo de maconha e R$ 280 mil. A quantia foi encontrada embaixo da cama daquele que está sendo considerado o maior traficante da Bahia, Genilson Lino da Silva, vulgo ‘Perna’, na Penitenciária Lemos Brito (PLB), que foi transferido três dias depois, a pedido do MP, para a Penitenciária Federal de Catanduvas, no Paraná. As imagens da operação e o material apreendido foram apresentados à imprensa em uma entrevista coletiva no auditório da SSP, que teve a participação do coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco), promotor de Justiça Paulo Gomes; do secretário de Segurança Pública, César Nunes; do delegado-chefe da Polícia Civil, Joselito Bispo; do comandante-geral da PM, Antônio Jorge Santana; da promotora de Justiça Ana Rita Nascimento; além de alguns dos cerca de 500 policiais que participaram da operação. “A partir das provas colhidas durante esta operação, o Ministério Público deflagrará ações penais contra esta organização criminosa”, destacou Paulo Gomes. Ele explicou que, com a Big Bang, ficou comprovado que, de dentro do sistema prisional baiano, emanavam ordens de assassinatos, seqüestros e tráfico de drogas, fatos que vinham sendo investigados pelo MP desde março de 2006. “Surpresa foi encontrar R$ 280 mil dentro de uma cela”, destacou o coordenador do Gaeco, anunciando que o MP irá apurar se houve conivência dos dirigentes do Complexo Penitenciário. Durante a ‘Big Bang’ foram efetuadas 13 prisões em flagrante e cumpridos 13 mandados de prisão. A operação resultou de investigações conduzidas pelo MP e Superintendência de Inteligência da SSP após um assalto, em dezembro do ano passado, ao carro-forte da empresa upo CONDENAÇÕES Santos foi condenado, em 14 de abril último, a 15 anos de prisão em regime fechado, pela 1ª Vara do Júri da Comarca de Salvador, presidida pelo juiz Moacyr Pitta Lima Filho. “Foi uma sentença justa e merecida”, ressaltou o promotor de Justiça Criminal Jânio Braga, destacando que os jurados acolheram a prova do processo, e, por unanimidade, atribuiram a autoria do crime a Capistrano e o condenaram por homicídio duplamente qualificado. Por causa do crime, Capistrano foi submetido a processo disciplinar pela PM, que o excluiu da corporação. Suspeito de pertencer a um grupo de extermínio, o ex-policial militar é acusado de cometer outros dois assassinatos: o de Uendel Santos Silva, em 2004, e de Josenilton dos Santos, em 2002. “Zequinha do Ixagerado” O Tribunal de Justiça da Bahia confirmou, à unanimidade, a sentença do júri que condenou, em 1994, José Guedes Lemos, vulgo “Zequinha do Ixagerado”, a 12 anos de reclusão pelo assassinato da comerciária Rita Santana, a “Ritinha”, em 12 de abril de 1988. A decisão foi tomada em 29 de maio último, no julgamento de um recurso interposto pela defesa do acusado, que, apesar de condenado, encontrava-se solto em razão do advogado de defesa, João de Melo Cruz, ter retido os autos do processo desde o dia do julgamento. A localização do processo e a agilização da apreciação do recurso só foram possíveis após a intervenção do Núcleo de Acompanhamento de Recursos Judiciais (Narj) do Ministério Público, criado em 2006, que solicitou ao TJ a busca e apreensão do documento. Para o procurador-geral de Justiça Lidivaldo Britto, a retenção dos autos por 12 anos pelo advogado “prejudicou a celeridade da justiça”, por isso, ele encaminhou ofício à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) para dar ciência do fato. Ex-policial militar Acusado de executar com quatro tiros na cabeça o adolescente Gledson Batista de Almeida em dezembro de 2002, o expolicial militar Eduardo Capistrano dos 10 Universitários Acatando denúncia do MP, o juiz da 8ª Vara Criminal, Abelardo Paulo da Matta Neto, condenou, em 13 de maio último, os universitários Hélio Ramos Neto, Antônio Abreu Trindade Júnior, Luís Cláudio Holmes de Souza e Christian de Jesus Oliveira pelo assassinato do policial civil Yan Milton Oliveira de Souza, ocorrido em 2 de julho de 2007, próximo a uma boate da orla de Salvador. Os quatro foram condenados por crime de latrocínio (roubo seguido de morte), sendo Hélio Ramos e Antônio Abreu condenados também por crime de formação de quadrilha. A Hélio Interdição para a cadeia de Feira de Santana Dinheiro apreendido é apresentado Brinks, quando dez homens armados renderam os vigilantes que faziam entrega de malotes, roubando R$ 435 mil. Duas das maiores quadrilhas de narcotraficantes da Bahia, com atuação na penitenciária, foram identificadas durante as investigações, que descobriram também a participação de membros do grupo no assalto ao Banco do Brasil da cidade de Nazaré, no último dia 28 de abril. A vaga destinada a Genilson Lino da Silva foi solicitada pelo MP e concedida pelo diretor do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), Wilson Salles Damázio, desde 29 de maio último, e a transferência dele foi autorizada no dia 4 de junho pelo juiz da Seção de Execução Penal de Catanduvas, Danilo Pereira Júnior, em face da “urgência” e “do interesse da segurança pública”. Ramos foi aplicada pena de 22 anos de reclusão; a Antônio Abreu, de 16 anos, 2 meses e 20 dias. Luís Cláudio foi condenado a 20 anos e 7 meses, e Christian a 13 anos e 4 meses. Christian e Luís Cláudio, juntamente com outros dois jovens, Rafael Silvany Ramos e Robson José de Oliveira Júnior, já foram condenados, em fevereiro, a penas que variam de 14 a 20 anos por roubo e formação de quadrilha, em denúncia também oferecida pelo MP. Mãe e tia Por homicídio triplamente qualificado e participação em estupro e atentado violento ao pudor contra uma criança de dois anos de idade, Ildenícia de Souza e Eliete de Souza foram condenadas, em 13 de maio último, pelo Tribunal do Júri em Bom Jesus da Lapa, à pena de reclusão de 32 anos e sete meses, em regime fechado. A menina Ivete de Souza era filha de Ildenícia e sobrinha de Eliete, e foi assassinada em 1º de setembro de 2003, no município de Serra do Ramalho, após seis dias de tortura praticada com o intuito de realizar um suposto “tratamento” em um ritual de “magia negra”, segundo informações do promotor de Justiça Maurício José Falcão Fontes, que atuou na acusação. Co-autor do crime, o padastro da criança, Josivaldo Ferreira dos Santos, encontra-se foragido. A sessão do Tribunal do Júri foi presidida pelo juiz Roberto Wolff. A superlotação carcerária e as péssimas condições de alimentação, de higiene e sanitárias da cadeia pública de Feira de Santana levaram o Ministério Público a ajuizar uma ação civil pública com pedido de tutela antecipatória contra o Estado da Bahia, representado judicialmente pelo procurador-geral do Estado. Os autores da ação – o promotor de Justiça da Cidadania, Cristiano Chaves de Farias, e os promotores de Justiça Criminais, Kárita Conceição de Lima, Luciana Meirelles Café, Luís Cláudio Nogueira e Nayara Valtércia Barreto – requerem a imediata interdição parcial da cadeia, com remoção dos presos que excedam o número permitido pela estrutura física do estabelecimento penal, bem como a proibição de recebimentos de outros presos, além do fechamento das celas que não possuam condições para garantir segurança, integridade física e psíquica, saúde e alimentação dos presos, após perícia técnica a ser realizada pela Vigilância Sanitária Municipal. Os promotores de Justiça lembram que a cadeia pública de Feira “vem-se destacando como lastimável modelo de violação dos direitos humanos e das elementares garantias constitucionais, em especial atentando frontalmente contra a dignidade da pessoa humana”. Com capacidade para 38 presos, o estabelecimento “vem, historicamente, atendendo a uma população carcerária superior ao dobro de sua lotação, chegando ao absurdo, em 2 de abril último, de abrigar 125 pessoas custodiadas pelo Estado, excedendo em mais do que três vezes sua capacidade física”, assinalam os promotores. Embasa é proibida de faturar contas de água em Entre Rios A Empresa Baiana de Águas e Saneamento S.A. (Embasa) está proibida de faturar contas de água no município de Entre Rios até que seja comprovada a boa qualidade da água oferecida à população, podendo cobrar apenas a “tarifa mínima de consumo” dos 35 mil usuários da cidade. A decisão liminar foi concedida em 13 de maio último pelo juiz Anderson de Souza Bastos e teve por base uma ação civil pública proposta pelo Ministério Público da Bahia, que denunciou que a água fornecida pela empresa é imprópria para o consumo humano. De acordo com o promotor de Justiça Luciano Valadares, autor da ação, a água de Entre Rios apresenta acentuado percentual de “coliformes totais” e da bactéria escherichia coli, que vêm causando surtos de diarréia e de hepatite “A” entre todas as faixas etárias da população. A empresa também deverá adquirir, no prazo de 30 dias, equipamento de motor-bomba reserva para utilização pela estação de captação, tratamento e/ou distribuição de água no município de Entre Rios, e providenciar, em até 20 dias, o conserto e manutenção da caixa de distribuição de água localizada no Bairro de Bela Vista que, segundo denunciou o MP, encontra-se descoberta, oferecendo riscos à saúde pública, e causando desperdício de água. Na hipótese de descontinuidade dos serviços de captação, tratamento e distribuição de água para a população de Entre Rios por período superior a duas horas, a Embasa ficará sujeita a pagamento de multa diária no valor de R$15 mil. As alegações do Ministério Público no que se refere à qualidade ruim da água servida em Entre Rios foram fundamentadas em documentos e depoimentos colhidos no curso de um inquérito civil e em 15 laudos periciais elaborados pelo Laboratório Central da Bahia (Lacen), que concluíram que a água servida pela Embasa no município não atendia aos padrões bacteriológicos de potabilidade. Livros que discriminam religiões espírita e de matriz africana serão recolhidos Todos os exemplares da obra ‘Sim, Sim! Não, Não! Reflexões de Cura e Libertação’, de autoria do padre Jonas Abib, devem ser recolhidos das livrarias e bancas de jornais e revistas de Salvador pela Editora Canção Nova, responsável pela sua publicação. Decisão neste sentido foi proferida, em maio último, pelo juiz da Vara Crime de Salvador, Ricardo Augusto Schmitt, que acolheu denúncia e deferiu medida cautelar penal requerida pelo coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate à Discriminação do Ministério Público do Estado da Bahia (Gedis), promotor de Justiça Almiro Sena. Destacando que a Constituição Federal dispõe que a liberdade de consciência e de crença é inviolável, garante proteção aos locais de culto e que ninguém será provido de direitos por motivo de fé, o representante do MP ressalta que o padre “faz afirmações inverídicas e preconceituosas à religião espírita e às religiões de matriz africana, como a umbanda e o candomblé, além de flagrante incitação à destruição e desrespeito aos seus objetos de culto”. Almiro acrescenta que a venda do livro na Bahia constitui violação ainda mais grave, “pois a Constituição Estadual diz que é dever do Estado preservar e garantir a integridade, respeitabilidade e permanência dos valores da religião afro-brasileira”. A partir da representação do presidente do Centro Espírita Cavaleiros da Luz, José Medrado, o promotor de Justiça deu início ao procedimento administrativo, apurando que o padre Jonas, fundador da Comunidade Canção Nova (localizada no município de Cachoeira Paulista, em São Paulo), que tem a missão de evangelizar pelos meios de comunicação, “está incurso nas penas do artigo 20 da Lei 7.716./89 (que define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor), pela prática e incitação de discriminação ou preconceito religioso”. O representante do MP justificou o pedido cautelar ressaltando que, “em 2007, a obra já contava com 400 mil exemplares vendidos, o que demonstra a amplitude alcançada pelas idéias contidas no seu conteúdo e o grave risco de propiciar o acirramento de conflitos étnico-religiosos”. Além da cautelar, o juiz acatou a denúncia, decidindo pela expedição de carta precatória com o objetivo de citar e intimar o padre Jonas, respectivamente, dos termos da ação e para comparecer a audiência de interrogatório, em dia e horário a serem designados. Bompreço deve ter empacotadores O Bompreço Bahia Supermercados Ltda. deverá colocar à disposição dos seus clientes, em todas as suas lojas de Salvador, um empacotador por cada caixa registradora em funcionamento. A obrigação foi assumida em um Compromisso de Ajustamento de Conduta firmado com o Ministério Público do Estado da Bahia, por meio do promotor de Justiça do Consumidor Aurisvaldo Sampaio, em 25 de março último. Em caso de descumprimento, o Bompreço ficará sujeito ao pagamento de multa diária no valor de R$ 1 mil por cada caixa em funcionamento sem a presença do empacotador. De acordo com o documento, o MP fiscalizará o cumprimento do acordo, diretamente ou através de órgão designado para tal, tomando as medidas legais cabíveis sempre que necessário. 11 Biblioteca do MP completa 31 anos Promotor integra comissão de congresso da ONU “Esta é uma comemoração da instituição, pois a Biblioteca Promotor de Justiça Antônio Luiz Affonso de Carvalho é um patrimônio do Ministério Público, um celeiro de valiosas informações que propicia a ampliação dos conhecimentos dos membros e servidores do MP e do público em geral”. Com estas palavras, o procurador-geral de Justiça Lidivaldo Britto comemorou a passagem dos 31 anos de fundação da biblioteca do MP, recebendo, na oportunidade, a proposta de um ato normativo que visa a aprovação do Regulamento do Sistema de Bibliotecas do MP e sugere, entre outros itens, a criação de ‘Centros Setoriais de Leitura e Documentação Bibliográfica’ a serem implantados nas Promotorias de Justiça Regionais. Lidivaldo destacou que a biblioteca é considerada uma das melhores pelo seu acervo na área jurídica. Ele lembrou o incêndio que destruiu em 1998 a sede do MP e os esforços que foram empreendidos para salvar a biblioteca, que é coordenada pela bibliotecária Adriana Tourinho de Sá. O coordenador do Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional do MP (Ceaf), promotor de Justiça Fernando Lins (ao qual a biblioteca está ligada), informou que está sendo providenciada a aquisição de um sistema informatizado de gerenciamento da biblioteca e a adoção de um processo semestral de aquisição de obras, de forma a atualizar e ampliar o acervo. Shopping acionado por segurança falha Após identificar falhas no sistema de segurança do Salvador Shopping e obter resposta negativa quanto à proposição de assinatura de um acordo, o Ministério Público ajuizou uma ação civil pública com pedido de liminar contra o empreendimento na Justiça. Na ação, a promotora de Justiça do Consumidor Joseane Suzart solicita que seja determinado o aumento do número de câmeras de segurança instaladas no estacionamento e o reforço da segurança nos seus pátios; o aumento da altura dos muros que separam o estacionamento da área externa; e a retirada imediata da cláusula gravada nos cartões de estacionamento, que prevê a não indenização em relação a possíveis danos causados aos veículos dos clientes. Segundo a promotora, “a segurança dos consumidores não está efetivamente resguardada pelo Salvador Shopping no tocante à confiabilidade da guarda dos veículos automotores, visto que insuficientes têm-se mostrado os mecanismos postos a evitar danos aos clientes”. Lá, não só o sistema se segurança é falho, afirma ela, dizendo que a empresa ainda insere nos cartões de estacionamento cláusulas “com o fito de buscar a exclusão de sua responsabilidade patrimonial por danos porventura causados aos veículos, o que está em flagrante descompasso com a legislação consumerista vigente”. Por isso, Joseane, além de solicitar a retirada da cláusula abusiva dos cartões, requer que seja neles inserida uma informação que oriente o consumidor a, em caso de dano, procurar a Central de Atendimento ao Cliente (CAC) para que o shopping adote as devidas providências no sentido de reparar a lesão. O promotor de Justiça da Bahia Geder Gomes foi designado pelo Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP) para representá-lo como membro da comissão de organização do “XII Congresso das Nações Unidas de Prevenção ao Crime e Justiça Criminal”, que acontecerá aqui no Brasil, em Salvador, no ano de 2010. O congresso, que acontece de cinco em cinco anos em diferentes países, é, segundo o promotor, o mais importante da área penal realizado no mundo, tendo como objetivo promover políticas de prevenção ao crime e medidas de justiça penal mais eficazes. A partir dele, a Organização das Nações Unidas delibera toda a política criminal para países que a integram. Geder Gomes é membro do CNPCP desde 2006 e foi empossado como vicepresidente da entidade em 26 de maio último. Ciências Criminais Um Curso de Especialização em Ciências Criminais encontrase em fase de formatação pelo Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional (Ceaf), Fundação Escola Superior do MP (Fesmip) e Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Justiça Criminais (Caocrim). Serão oferecidas 60 vagas para membros do MP e o curso terá certificação pela Universidade do Estado da Bahia (Uneb). Presos delegado e PM acusados de homicídios A partir de denúncias de assassinatos ocorridos nos municípios de Uibaí e Ibititá e de investigações realizadas pelo Núcleo de Inteligência Criminal (NIC) e pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público para identificação dos autores dos crimes que levaram a óbito o ex-verador Edmeris de Almeida, vulgo “Dede”, e o filho dele, Edmeris Filho, mais conhecido como “Tuty”, quatro pessoas foram presas em 1º de abril último durante operação realizada pelo MP, em conjunto com a 14ª Coordenadoria Regional de Polícia de Irecê. A ação, denominada “Operação 1º de Abril”, foi comandada pelo coordenador do NIC, promotor de Justiça Edmundo Reis, juntamente com os promotores de Justiça de Uibaí, Anselmo Pereira; de Ibititá, André Garcia; e de Irecê, Maria Augusta Carvalho; além do diretor do Departamento de Polícia do Interior, Bernardino Brito; do Comando de Missões Especiais e Grupamento Aéreo da PM; e resultou na prisão do delegado de Polícia de São Gabriel, Fábio Luis Silva, do sargento PM Ivan Carlos Vital, além de Otalício Dourado Júnior e Beijamim dos Santos. Preso chefe de grupo de extermínio O empresário Francisco Marques Pinto, vulgo ‘Francimar’, acusado de chefiar um grupo de extermínio que atuava no município de Juazeiro, foi preso em 13 de abril último, após o juiz Cláudio Santos Pantoja Sobrinho acatar pedido de prisão preventiva oferecido pelo Ministério Público. Conforme denúncia do promotor de Justiça Rildo Mendes de Carvalho, Francimar e seu irmão Jonas Magalhães Marques, o ‘Bode’; Iata Anderson dos Santos Pedro, o ‘Nêgo Lata’; e Francisco Soares dos Santos Filho, o ‘Fernandinho Beira Rio’, são os responsáveis pela morte de Francemildo Gomes, em dezembro de 2003. Segundo o representante do MP, um suposto furto de alguns doces que estavam na carroceria de um veículo S-10 – pertencente a Francimar – teria motivado o crime.