AMAZÔNIA
Por Alcilene Costa
Cooperação:
um caminho para
o desenvolvimento
Cooperativa no estado do Acre mostra que um empreendimento com gestão participativa,
preocupação socioambiental e boas práticas sustentáveis pode trazer grandes benefícios sociais
e econômicos aos seus cooperados.
U
m grande exemplo que une organização, cooperativismo em rede e preocupação com a conservação dos produtos da floresta é o que vem
sendo praticado no estado do Acre, por meio da
Cooperativa Central de Comercialização Extrativista do estado, a Cooperacre. Esta cooperativa de comércio e indústria de
produtos florestais, entidade que reúne 25 cooperativas e associações, espalhadas em mais de dez municípios, dedicadas a atividades extrativistas como a coleta, beneficiamento e venda de
castanha, extração do óleo de copaíba e da borracha, in natura,
e o processamento de polpa de frutas. Sua fábrica beneficia
mais de 2.400 famílias ligadas às associações e cooperativas
com as quais trabalham em rede.
A cooperativa tem contado com o financiamento do Banco da Amazônia nos últimos três anos através do Fundo Constitucional de Financiamento do Norte (FNO). O último
recurso recebido, no valor de R$ 5 milhões para capital de giro
e compra de produção, permitiu o aumento do número de
famílias atendidas e da infraestrutura da Cooperacre, o que
propiciou o beneficiamento também de polpas de frutas. São
mais de dez tipos de polpas de frutas como açaí, abacaxi, acerola, manga, cajá, cupuaçu, goiaba, todas vendidas para o mercado nacional.
De acordo com Manoel Monteiro, superintendente da
Cooperacre, o principal produto da cooperativa é a castanha:
“Cerca de 90% da nossa produção é vendida para quase todo
o país, em especial para os estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Espírito Santo e Distrito Federal, nossos
principais mercados”.
Manoel Monteiro explica que, a cada mês, novas famílias
se interessam em ingressar na cooperativa, o que garante o seu
constante crescimento. “Nosso faturamento atual é de cerca
de R$ 15 milhões por ano, e como estamos, cada vez mais,
ampliando os nossos negócios, a expectativa é a de que o crescimento da nossa produção ultrapasse os atuais 30% anuais”,
comemora.
Para o superintendente do Banco da Amazônia no Acre,
Marivaldo Melo, a cooperativa representa um excelente exemplo de projeto que extrai produtos in natura, de forma não predatória, e faz uma sistematização de seu uso com logística de
transporte e beneficiamento para que sejam comercialmente
viáveis. “A experiência da cooperativa permite que seus cooperados tenham um bom rendimento mensal, pois os recursos recebidos com a venda da castanha são divididos de forma
proporcional ao volume da produção. O Banco da Amazônia
apoia este projeto porque constata que ele, efetivamente, contribui para a cadeia produtiva, não só da castanha, mas também de outros produtos do estado, como a borracha”, informa Melo.
Inauguração de usina reforça produção – No dia 27 de
maio deste ano, a produção de castanha do estado do Acre
ganhou um grande reforço a partir da inauguração da nova
Usina de Beneficiamento de Castanha-do-Brasil, no município de Brasileia. A usina foi inaugurada pelo governador do
estado, Tião Viana, e já beneficia 1.111 famílias extrativistas,
coletores de castanha dos municípios do Alto Acre (Brasileia,
Xapuri, Epitaciolândia e Assis Brasil), gera 160 empregos dire-
RUMOS - 26 – Maio/Junho 2011
A produção de castanha
no Acre ganhou um grande
reforço com a inauguração
da usina.
A usina gera 160 empregos
diretos e 40 indiretos e permite
a produção de cinco mil quilos
por dia e 1,21 milhão de quilos
por ano.
Fotos: Sergio Vale
nal e local. “Uma das metas do
governo é evitar que a castanha
seja levada do Brasil, vendida em
mercados externos, como o da
Bolívia, e depois volte ao país
para ser comercializada aqui.
Queremos que toda a cadeia produtiva aconteça tendo como
base o nosso estado. Por isso
vamos combater essa prática
que nos é altamente prejudicial”,
explicou o secretário.
Marques informou que a usina funcionava há mais de dez
anos, porém, com uma estrutura
muito defasada. A decisão do
governo de reformar a antiga
estrutura e adquir novos equipamentos permitiu um aumento da produção de 290 mil quilos para mais de 1,2 milhão de
quilos beneficiados por ano. E o faturamento daí decorrente
também teve significativa elevação: saltou 76%, passando de
R$ 5,8 milhões para R$ 24,2 milhões.
O Acre possui outra usina similar no município de Xapuri, e existe a intenção de se construir uma nova na capital Rio
Branco. “Esperamos que dentro de dois anos essa nova usina
entre em funcionamento. Dessa forma, poderemos beneficiar toda a nossa castanha aqui mesmo no estado”, informou o
secretário.
n
tos e 40 indiretos e permite a produção de cinco mil quilos por
dia e 1,21 milhão de quilos por ano.
De acordo com o secretário de Extensão Agroflorestal e
Produção Familiar do governo local, Lourival Marques, a usina contou com um investimento da ordem de R$ 4 milhões e
recebeu novos equipamentos que dispõem da melhor tecnologia existente no país.
O secretário explicou que a castanha, dentre os produtos
extrativistas, ocupa o primeiro lugar nas exportações do Acre,
mas que mesmo assim o produto pode ter seu acesso ainda
mais ampliado, o que elevaria seu valor nos mercados nacio-
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