Josélia Frade
Mestre em Ciências da Saúde, CPqRR (Fiocruz)
Especialista em Saúde Coletiva, UFMG
Máster em Atención Farmacêutica, Universidad de Granada (Espanha)
Atualización en Farmácia Clinica, Universidad de Chile
Farmacêutica pela UFOP
[email protected]
(022)33890291
CONTEXTUALIZAÇÃO DA ASMA
Nas últimas décadas, o aumento da prevalência da asma, seu impacto na saúde das
pessoas e a sobrecarga dos sistemas públicos de saúde têm despertado a atenção de
pesquisadores, profissionais da área e autoridades sanitárias para a necessidade de
desenvolver ações efetivas visando o seu controle.
A asma é uma doença que atinge quase todas as idades, principalmente os primeiros
anos de vida, sendo que cerca de 50% dos casos são desenvolvidos até os dez anos
de idade. É considerada uma doença heterogênea e complexa, que resulta de
fatores genéticos e ambientais, e que se manifesta com um amplo espectro de formas
clínicas. A partir da Iniciativa Global para a Asma (GINA) de 1995 estabeleceuram-se
quatro grupos de gravidade, a saber: intermitente, persistente leve, persistente
moderada e persistente grave. Estima-se que 60 a 70% dos casos sejam intermitentes e
persistentes leves, 25 a 30% moderados e 5 a 10% graves. Observa-se que quanto
maior a gravidade inicial da doença, maior o risco de persistência dos sintomas na
vida adulta.
Nos últimos anos, um notável avanço no conhecimento da fisiopatologia da asma e
de seu tratamento tem sido observado. Está estabelecido o importante papel da
inflamação na sua patogênese, definindo-a como uma doença inflamatória crônica,
caracterizada por broncoespasmo e hiper-responsividade das vias aéreas que levam
a recorrentes episódios de sibilância, dispnéia, aperto no peito e tosse. Os principais
marcadores da evolução da asma estão associados às condições individuais do
paciente: história familiar positiva para asma, rinite alérgica, dermatite atópica e
presença de atopia.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) estimou, em 2000, a existência de 100 a 150
milhões de pessoas com asma no mundo, sendo 4,8 milhões crianças. Nos Estados
Unidos esse número corresponde a aproximadamente 31,3 milhões de pessoas,
segundo dados do “Centers for Disease Control and Prevention” de 2001.
O “International Study of Asthma and Allergies in Childhood” (ISAAC), publicado em
1998, foi realizado em 56 países e permitiu avaliar a prevalência dos sintomas de asma
Frade,JCQP . Material elaborado para Oficina Prática de desenvolvimento de habilidade de uso dos dispositivos
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e de doenças alérgicas. Participaram deste estudo 156 centros colaboradores,
totalizando uma amostra de 721.601 crianças e adolescentes dividida em dois grupos
etários, 6 a 7 anos e 13 a 14 anos. Nesse estudo foram observadas acentuadas
variações na prevalência dos sintomas dessa doença, com taxas oscilando entre 2,1 a
32,2%.
A prevalência foi alta para os países da América Latina, bastante similar
àquelas relatadas para os países industrializados.
No Brasil, os dados epidemiológicos referentes à asma são escassos e os valores
obtidos do ISAAC apontam para uma prevalência média de 20% para a faixa etária
estudada. Em média, estima-se que 10% população brasileira é atingida por essa
doença, ou seja, cerca de 17 milhões de brasileiros.
Os registros oficiais de internação por asma no Brasil, outra maneira de se medir a
magnitude da doença e seu impacto nos serviços de saúde, apresentam problemas
em seus preenchimentos, o que dificulta sua avaliação global. Além disso, os dados
disponibilizados pelo DATASUS do Ministério da Saúde abrangem apenas a parcela
dos atendimentos prestados aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo
esse sistema, em média, ocorrem anualmente de 300.000 a 350.000 internações por
asma no país, constituindo-se na terceira ou quarta causa de hospitalização pelo SUS,
conforme o grupo etário considerado.
Em 2000, Chatkin et al. realizaram um estudo com crianças que possuíam diagnóstico
de asma, no município de Pelotas. Ao avaliarem os últimos 12 meses anteriores ao
estudo, verificaram que cerca de 50% das crianças tinham sido internadas ou
necessitaram de atendimento no pronto socorro, 67% delas usaram medicamentos
para tratar a asma e apenas 34,5% usaram medicamentos apropriados.
Sunyer et al apud Fonseca et al (2004) estudaram dados de 15 países industrializados
e mostraram que o risco relativo para desenvolvimento de asma aumentou 2,5 vezes
entre 1946 e 1966. Apesar de se tratar da doença crônica mais comum da infância, é
sabido que as crianças tendem a apresentar melhora, ou mesmo remissão dos
sintomas, no período da adolescência e início da vida adulta. Por outro lado,
porcentagem significativa dos adultos com asma relata início da doença na infância.
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A mortalidade por asma ainda é baixa, mas apresenta uma magnitude crescente em
diversos países e regiões.
Ao longo do tempo têm-se observado modificações
importantes na sua apresentação, com relatos de aumento de incidência e
gravidade nas diferentes partes do mundo. Segundo o Ministério da Saúde do Brasil,
cerca de 2.000 óbitos/ano têm a asma como a causa básica registrada,
considerando-se todas as faixas etárias. Vários documentos chamam a atenção de
que estas mortes acontecem de forma precoce e muitas poderiam ter sido evitadas.
A asma representa uma grande parcela dentro das despesas com cuidados à saúde
em vários países. Estima-se que 30% dos custos diretos com essa doença,
representados por medicamentos, consultas médicas e custos hospitalares, derivam
de um controle inadequado e, portanto, passíveis de serem evitados ou reduzidos.
Adicionam-se a esses os custos indiretos relacionados ao absenteísmo ao trabalho e à
escola, à perda de produtividade, à morte precoce e ao sofrimento humano
envolvido, de valor incalculável, que afeta o paciente e sua família e devem ser
considerados partes do impacto sócio-econômico dessa doença.
Entre 1994 e 1996, nos Estados Unidos (EUA), foram estimados 14 milhões de dias de
aula perdidos por causa da asma. No Brasil, em 1996, os custos do SUS com internação
por asma foram de 76 milhões de reais e em 2002 o custo estimado foi de 105 milhões.
Existem tratamentos efetivos que têm demonstrado reduzir de maneira extraordinária a
morbidade por asma, porém somente são efetivos quando utilizados de forma
adequada pelos pacientes.
O uso de medicamentos anti-inflamatórios por via
inalatória permitiu o controle da doença, com melhora evidente na qualidade de vida
dos pacientes e de seus familiares. Por outro lado, o subdiagnóstico e o tratamento
inadequado ainda têm sido considerados os principais fatores contribuintes para a
morbimortalidade por asma.
Diante do panorama apresentado, diversas iniciativas em todo mundo têm sido
criadas para aumentar a percepção da asma entre profissionais de saúde,
autoridades da Saúde Pública, no público em geral, e também para melhorar sua
prevenção e seu tratamento. Um dos exemplos que merece destaque é a GINA, que
prepara relatórios científicos sobre essa doença, encoraja a disseminação e a adoção
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desses relatórios e promove colaboração internacional de pesquisas em asma.
Vale
ressaltar que somente os guias orientadores e planos nacionais não são suficientes
para a organização do atendimento à pessoa com asma dentro do sistema de saúde.
Espera-se que os farmacêuticos assumam seu papel como profissionais de saúde
contribuindo para melhorar os indicadores de morbimortalidade associados a asma e
o sofrimento de muitas pessoas com essa doença e de seus familiares.
O USO DE MEDICAMENTOS NO TRATAMENTO DA ASMA
O tratamento medicamentoso da asma é realizado com a utilização de diversos grupos
farmacológicos, divididos em duas categorias, conforme o objetivo da sua utilização: 1)
fármacos para melhora dos sintomas agudos (agonistas Beta-2 com rápido início de
ação, brometo de ipratrópio e aminofilina) e 2) fármacos para manutenção, usados para
prevenir os sintomas (corticosteróides inalatórios e sistêmicos, cromonas, antagonistas de
leucotrienos, agonistas Beta-2 de longa duração, teofilina de liberação lenta e anticorpo
monoclonal anti-IgE).
O tratamento padronizado conforme a escala de gravidade em que se encontram os
pacientes prevê o uso de broncodilatadores de curta duração como droga de alívio e o
uso de corticóides inalatórios em doses progressivamente maiores conforme a
classificação do caso. Outras drogas também vão sendo acrescentadas de acordo com
a gravidade da situação, como broncodilatadores de longa duração e corticóides orais.
Os principais objetivos do tratamento da asma são: 1) controlar sintomas; 2) prevenir
limitação crônica ao fluxo aéreo; 3) permitir atividades normais – trabalho, escola e lazer;
4) manter função pulmonar normal ou a melhor possível; 5) evitar crises, consultas de
emergência e hospitalizações; 6) reduzir a necessidade do uso de broncodilatador para
alívio; 7) minimizar efeitos adversos da medicação e 8) prevenir a morte (SOCIEDADE...,
2002; FRADE et al, 2005).
A educação do paciente e de seus familiares tem sido considerada um dos pilares do
tratamento da asma em vários consensos nacionais e internacionais. Tem como objetivo
habilitar o paciente a participar ativamente do seu tratamento e, assim, maximizar a
resposta a ele, aprimorando as técnicas de uso dos medicamentos, aumentando o
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conhecimento sobre a doença e as medidas de controle ambiental, além de
desenvolver habilidades para o auto-manejo.
Três vias para a administração dos medicamentos podem ser empregadas no
tratamento da asma: oral, injetável ou inalatória. A partir da década de 50, tornou-se
crescente a utilização da via inalatória, considerada como a de eleição para o
tratamento da asma devido às numerosas vantagens que apresenta.
Como principais vantagens podemos citar: 1) a ação direta do fármaco sobre a mucosa
respiratória possibilita atingir o efeito com doses menores que a via oral (30 vezes menos),
2)
a
baixa
biodisponibilidade
sistêmica
diminui
o risco
de
reações
adversas
(especialmente no caso dos corticóides) e; 3) o rápido início da ação no caso dos
broncodilatadores. Entretanto, a via inalatória possui como principais desvantagens: a
necessidade de conhecimentos e habilidades para uso correto dos inaladores por parte
dos usuários, familiares e um esforço educativo por parte dos profissionais de saúde
(FRADE, 2006).
Diferentes modelos de dispositivos inalatórios têm sido desenvolvidos para possibilitar a
utilização da via inalatória. Eles são agrupados em três classes: Aerossol Dosimetrado “Bombinha”, Inaladores de Pó e Nebulizadores. Seu uso incorreto poderá resultar em uma
menor quantidade de medicamentos nas vias aéreas inferiores, o que poderia contribuir
para uma falha no controle da doença (FRADE, 2006).
Cada grupo apresenta vários representantes com características específicas que devem
considerados na hora da execução da técnica.
O aerossol dosimetrado é o mais utilizado dentre os dispositivos inalatórios. Neste, o
fármaco encontra-se pressurizado num cilindro metálico e é liberado através do
acionamento de uma válvula dosificadora. Este grupo tem como vantagem o pequeno
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tamanho do dispositivo; encontra-se disponível para a maioria dos fármacos e apresenta
um custo menor em relação aos inaladores de pó. Apresentam como desvantagem uma
técnica de uso de aprendizado mais difícil, provoca maior deposição do medicamento
na orofaringe e o propelente pode causar tosse e irritação na garganta. O uso destes
dispositivos pode ser facilitado com a utilização de espaçadores (FRADE et al, 2005,
BANDEIRA, 2006).
O aerossol sem o uso do espaçador deve ser utilizado da seguinte forma (FRADE et al,
2005, BANDEIRA, 2006):
 Retirar a tampa;
 Agitar o inalador vigorosamente antes do uso;
 O usuário deve estar de pé ou com o tronco reto;
 Segurar firmemente o inalador com o cilindro metálico contendo o medicamento
voltado para cima e a uma distância de 5 a 10 cm aproximadamente (mais ou
menos 4 a 7 dedos de um homem adulto) da boca;
 Inclinar a cabeça levemente para trás;
 Antes de disparar o dispositivo, expirar normalmente, colocando o máximo de ar
para fora (mas não no dispositivo) e manter a boca aberta;
 No início de uma inspiração (pela boca) lenta e profunda, pressionar o cilindro
metálico com o dedo indicador na parte de cima deste;
 Prender a respiração por no mínimo 10 segundos com a boca fechada;
 Respirar normalmente;
 Quando prescrito mais de um jato, significa que a técnica deverá ser repetida
novamente;
 Recolocar a tampa;
 Após esse processo, é recomendável escovar os dentes ou enxaguar a boca e
gargarejar com água para retirar a parcela do medicamento que ficou
depositada na cavidade oral.
No caso de uso do aerossol com espaçador a técnica utilizada sofre algumas variações
(FRADE et al, 2005, BANDEIRA, 2006):
 Montar o espaçador com os acessórios adequados;
 Retirar a tampa do aerossol dosimetrado;
 Agitar o inalador vigorosamente antes do uso;
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 Acoplar o aerossol dosimetrado ao espaçador, posicionando-o verticalmente
(formando um L).
 O usuário deve estar de pé ou com o tronco reto;
 Expirar normalmente, colocando o máximo de ar para fora (não expirar no
espaçador);
 Colocar o bocal do espaçador na boca, com os lábios fechados ao seu redor;
 Pressionar o cilindro metálico com o dedo indicador na parte de cima e logo em
seguida iniciar uma inspiração (pela boca) lenta e profunda;
 Retirar o espaçador da boca e prender a respiração por no mínimo 10 segundos;
 Respirar normalmente;
 Quando prescrito mais de um jato, significa que a técnica deverá ser repetida
novamente.
 Após esse processo, é recomendável escovar os dentes ou enxaguar a boca e
gargarejar com água para retirar a parcela do medicamento que ficou depositad
 a na cavidade oral.
 Desacoplar o inalador do espaçador;
 Recolocar a tampa.
Desinfecção do espaçador FLUMAX® em caso de uso coletivo (orientações do
fabricante)
Os
espaçadores
são
dispositivos
concebidos
apenas
para
uso
individual.
Alternativamente, nos serviços de urgência de instituições com recursos financeiros que
impeçam sua distribuição para cada paciente, o FLUMAX® pode ser usado por mais de
um paciente desde que atendidos procedimentos de desinfecção descritos a seguir.
• Desmontar todo o sistema e imergir em solução com detergente doméstico.
• Lavar bem cada uma das partes do conjunto removendo partículas sólidas.
• Manter todas as peças imersas por 10 minutos em recipiente de plástico, fosco e com
tampa.
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•
Decorrido este período, retirá-las desta solução, preferentemente com luvas de
procedimento e/ou pinça longa, e enxágüe-as abundantemente em água corrente.
• Em um outro recipiente imergi-las durante 60 minutos em solução de hipoclorito de
sódio a 1%
•
Decorrido este período, retirá-las desta solução e
enxágüe-as (a solução de
hipoclorito deve ser desprezada após cada ciclo de desinfecção).
• A seguir, em um outro recipiente contendo uma solução composta de 4 gotas de
detergente doméstico para cada litro de água, mergulhe apenas o corpo do
espaçador, sem agitá-lo.
•
Por um a dois minutos, faça movimentos de rotação suaves de forma que o
detergente se espalhe uniformemente nas faces interna e externa do espaçador.
• Retire o corpo do espaçador desta solução sem enxaguá-lo.
•
Sobre um campo limpo, disponha o corpo do espaçador e os demais acessórios
(máscara
facial,
bocal
e
conexões)
na
posição
vertical,
deixando
escorrer
espontaneamente o excesso de água destes últimos e o excesso de detergente da
câmara de inalação.
• Aguarde a secagem completa de cada um dos componentes do kit antes de reutilizar
o espaçador que deverá ser guardado em um recipiente tampado ou saco plástico.
RESPIMAT
O Respimat é modelo mais recente de inalador comercializado no país. Foi desenvolvido
com o objetivo de promover melhor deposição pulmonar e reduzir a deposição de
medicamento na orofaringe. Até o momento, ele se encontra disponível somente para o
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Brometo de Tiotrópio. Seu funcionamento está associado às propriedades mecânicas de
uma mola que gera a nuvem de aerossol a partir de uma solução.
Esse dispositivo não necessita de propelentes, possui marcador de doses, contém 60
doses por cartucho e não apresenta refil.
Primeiro uso – inserção do frasco/cartucho
•
Manter a tampa verde fechada e apertar o dispositivo de segurança e puxar a
base de acrílico transparente para baixo.
•
Pegar o cartucho na caixa e inseri-lo no inalador até ouvir um clique.
•
Para assegurar que o cartucho entrou completamente no inalador, sugere-se
pressioná-lo contra uma superfície firme.
•
Recolocar a base de acrílico transparente e não removê-la mais.
•
O produto está montado.
Preparo para administrar a primeira dose
-
Segurar o inalador na posição vertical, com a tampa verde fechada.
-
Girar a base transparente na direção das setas vermelhas do rótulo até ouvir um
clique (meia volta).
-
Abrir a tampa verde até que a mesma fique travada em posição completamente
aberta.
-
Apontar o inalador em direção ao chão. Pressionar o botão de aplicação (cinza
escuro).
OBS. repetir os 3 últimos passos, até que se consiga visualizar uma nuvem (por mais 3
vezes). Após esse processo o O inalador está pronto para ser usado.
O laboratório alerta que estes passos não afetarão o número de doses disponíveis. Alerta
ainda que toda vez que o paciente ficar mais de 7 dias sem usar o inalador esses passos
deverão ser repetidos, para garantir que o sistema de dosagem esteja cheio. Caso o
paciente fique mais de 21 dias sem utilizar o inalador os passos deverão ser repetidos, até
que uma névoa seja visível, em seguida, repetir o processo por mais 3 vezes.
Uso diário
- Girar a base transparente na direção das setas vermelhas até ouvir um clique (meia
volta).
- Abrir a tampa verde
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Preparo do paciente:
-
Soltar lenta e totalmente o ar dos pulmões;
-
Colocar os lábios em torno do bocal (sem cobrir as entradas de ar);
-
Inspirar lenta e profundamente pela boca e pressionar o botão de aplicação
(continuar a inspiração o mais lentamente e o máximo de tempo que conseguir).
-
Retirar o inalador da boca;
-
Prender a respiração por 10 segundos ou o quanto o paciente conseguir.
- Repetir esses passos para aplicar o segundo puff
No grupo dos inaladores de pó seco o fármaco se encontra na forma de um pó que será
inalado pelo paciente. O aerossol se forma no momento em que o usuário realiza uma
inspiração. No Brasil se encontra disponível seis tipos de inaladores de pó com princípio
de uso semelhante, diferenciando-se apenas no preparo do dispositivo.
Apresentam
como vantagem a técnica de uso mais simples e como desvantagem um custo mais
elevado do que o aerossol dosimetrado. Os inaladores de pó são utilizados da seguinte
forma (FRADE et al, 2005):
 Preparar o dispositivo conforme sua característica;
 Expirar normalmente, colocando o máximo de ar para fora (distante do
dispositivo) e prender a respiração;
 Colocar o bocal (parte superior do inalador) entre os dentes e fechar os lábios ao
redor dele;
 Inclinar a cabeça levemente para trás;
 Inspirar pela boca o mais rápido e profundo possível;
 Retirar o inalador da boca;
 Prender a respiração por no mínimo 10 segundos;
 Respirar normalmente;
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 Após esse processo, é recomendável escovar os dentes ou enxaguar a boca e
gargarejar com água para retirar a parcela do medicamento que ficou
depositada na cavidade oral;
 Recolocar a tampa protetora.
Os nebulizadores representam o último grupo dos dispositivos inalatórios. Neste, o
fármaco na forma de solução é fragmentado em pequenas partículas que serão
inaladas. Estes aparelhos têm seu uso restrito, sendo indicado somente nas crises
asmáticas. A técnica baseia-se na montagem do aparelho e preparo da solução a ser
inalada. Após estas etapas o nebulizador é ligado e o usuário deve ser orientado a
(FRADE et al, 2005):
 Colocar a máscara no rosto cobrindo o nariz e a boca;
 Manter os olhos fechados durante a nebulização se em uso de medicamentos;
 Respirar pela boca;
 Observar no reservatório, se o medicamento foi completamente nebulizado.
Quando a névoa parar de sair e o recipiente estiver praticamente vazio, o
tratamento terá terminado o aparelho deverá ser desligado;
 Após esse processo, limpar a face. É recomendável escovar os dentes ou
enxaguar a boca e gargarejar com água para retirar a parcela do medicamento
que ficou depositada na cavidade oral.
A efetividade dos medicamentos administrados por via inalatória depende, além das
propriedades do fármaco, da sua quantidade e distribuição nas vias aéreas, aspectos
esses influenciados pelo tipo de inalador utilizado e pela adesão do paciente ao
tratamento. Portanto, a técnica inalatória (TI) constitui um aspecto muito importante para
a efetividade do tratamento medicamentoso. Existem estudos que demonstram que a
proporção de uso da TI incorreta entre os usuários é elevada, na maioria dos estudos
superior a 50%, variando de acordo com o dispositivo e características do usuário. Esses
percentuais de erro podem atingir cifras muito elevadas, como demonstrado no estudo
realizado por Plaza (1998), em que apenas 9% dos pacientes utilizavam de forma correta
o Aerossol Dosimetrado (AD).
A literatura também tem apontado pobre habilidade no uso de dispositivos inalatórios
por parte de médicos, farmacêuticos e enfermeiros. Em um estudo multicêntrico realizado
na Espanha, somente 15% das enfermeiras e 28% dos médicos sabiam utilizar
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corretamente o AD. Outro estudo de que participaram médicos de serviço de urgências
concluiu que aproximadamente 50% deles realizavam alguma etapa da técnica de uso
dos inaladores avaliados (AD, “Turbuhaler” e “Diskus”) de maneira inadequada. Estudo
realizado por Frade (2006), com um grupo de farmacêuticos da capital mineira,
confirmou a necessidade de programas de formação dedicados a farmacêuticos
devido ao baixo nível de conhecimentos e habilidades relacionadas ao tratamento da
asma encontrado no grupo estudado.
Os principais tipos de comportamentos de não adesão no caso da asma envolvem altos
índices de abandono do tratamento, irregularidade do uso da terapêutica profilática,
uso abusivo de broncodilatadores nas crises, tratamento somente das crises, erro no
horário de administrar as doses e baixa adesão às estratégias de controle do ambiente
doméstico. Todos esses comportamentos podem ser considerados como fatores de risco
que interferem nos indicadores de morbimortalidade associados à asma e são
influenciados pela idade do paciente e pelos aspectos socioeconômicos, psicológicos e
culturais. Vale destacar os temores e mitos relacionados aos tratamentos, a negação da
necessidade do tratamento e experiência negativa com os medicamentos. Barreiras
como a falta de apoio familiar, as deficiências nos sistemas de saúde, o comportamento
dos profissionais de saúde, o caráter crônico da doença e do tratamento, a
complexidade do regime terapêutico e a freqüência de uso dos medicamentos também
têm sido descritas.
Além de todos os problemas apresentados, vale ainda ressaltar que uma parcela
considerável da população não tem acesso ao tratamento antiasmático, especialmente
em países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento.
Na literatura consultada, várias propostas para melhorar o processo de uso de
medicamentos antiasmáticos e as medidas não farmacológicas estão descritas, sendo a
educação do paciente e da família uma das principais intervenções apontadas. A
simplificação do regime terapêutico e a construção de uma relação de confiança entre
paciente e profissional de saúde, que considere as crenças em saúde do usuário e
estimule sua participação ativa, também têm sido relatadas. O farmacêutico pode ter
um papel importante nesse processo, embora, isoladamente, não seja suficiente para a
solução de todos os problemas.
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ATIVIDADE 1: Completar o quadro abaixo
Distribuição da imagem dos aparelhos segundo nome e classe a que pertence
CLASSE
NOME DO APARELHO
IMAGEM DO APARELHO
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ATIVIDADE 2:

Trabalho em Grupos: Classificação dos dispositivos inalatórios
INALADORES PRESSURIZADOS COM DOSES MEDIDAS
Nome comercial
PA
Dispositivo
Modelos de espaçador:....................................................................................................................
..............................................................................................................................................................
..............................................................................................................................................................

PÓ SECO

NEBULIZADORES
Modelos de nebulizadores................................................................................................................
..............................................................................................................................................................
.............................................................................................................................................................
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