A Semana em Revista sexta-feira, 31 de agosto de 2012 sexta-feira, 31 de agosto de 2012 PIB: Retomada lenta PIB cresceu 0,4% no segundo trimestre, levemente abaixo do esperado Caio Megale BC reduz novamente juros no Brasil e sinaliza proximidade do fim do ciclo Fernando Barbosa Queda na confiança da Europa aumenta pressão sobre BCE Popularidade de Cristina Kirchner segue em baixa [email protected] [email protected] PIB cresce 0,4% no segundo trimestre O crescimento do PIB ficou ligeiramente abaixo do esperado no segundo trimestre (Gráfico 1). A demanda teve um desempenho mais fraco devido às quedas dos investimentos e das exportações. Do lado da oferta, o PIB agropecuário compensou parte importante da queda do trimestre anterior, enquanto a indústria confirmou a queda esperada. Os serviços aceleraram, mas em uma velocidade um pouco inferior à projetada. O resultado do PIB deve nos levar a fazer um pequeno ajuste para baixo na nossa projeção de crescimento para 2012, hoje em 1,9%. Gráfico 1 - Brasil: PIB trimestral 4% com ajuste sazonal 3% 2% 1% 0% Ciclo de queda de juros perto do fim no Brasil O Banco Central (BC) reduziu a taxa de juros (Selic) para 7,50% ao ano, em movimento amplamente esperado (Gráfico 2). A novidade foi o comunicado que acompanhou a decisão, que revela com clareza a proximidade do fim do ciclo de redução de juros. O BC justifica a sinalização afirmando que os cortes de juros implementados em parte já “se refletem na recuperação em curso da atividade econômica”. O BC deixa o próximo passo condicional ao cenário prospectivo, mas indica que, se houver nova queda de juros, ela será conduzida com “máxima parcimônia”. Ou seja, a redução seria de 0,25 ponto percentual, e não mais de 0,50 p.p. como vêm sendo os últimos movimentos. Entendemos que o BC ainda julgará pertinente uma nova redução dos juros em outubro. O cenário internacional segue complexo (ver notas abaixo) e a sustentabilidade da recuperação doméstica ainda é incerta. Uma nova redução de juros reforçaria a tendência de retomada. Esperamos agora um novo corte de 0,25 p.p. em outubro (ao invés do 0,50 p.p. esperado anteriormente), levando a taxa Selic para 7,25% - patamar que deve vigorar até meados do ano que vem. A nosso ver, uma extensão do ciclo de queda de juros (para além de 7,25%) deverá ocorrer apenas caso o cenário de retomada da economia percebido pelo Copom não se confirmar. -1% -2% -3% -4% 2006.I 2007.II 2008.III 2009.IV 2011.I 2012.II Fonte: IBGE e Itaú Gráfico 2 - Brasil: Taxa de juros básica (Selic) 30% % ao ano 25% 20% 15% 10% 5% jan-00 jun-02 nov-04 abr-07 set-09 Fonte: BCB Governo prorroga redução de IPI e reduz juros do BNDES Continuam as medidas de estímulo à economia. Esta semana, o governo anunciou a prorrogação da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para vários setores, entre eles a linha branca, bens de capital e automóveis. As linhas de financiamento do chamado Programa de Sustentação do Investimento (PSI) do BNDES também foram prorrogadas, e sua taxa de juros reduzida de 5,5% para 2,5% ao ano. A última página deste relatório contém informações importantes sobre o seu conteúdo. Os investidores não devem considerar este relatório como fator único ao tomarem suas decisões de investimento. fev-12 A Semana em Revista – sexta-feira, 31 de agosto de 2012 Confiança em queda na Europa Gráfico 3 - Zona do euro: Índice de confiança O índice de confiança na economia na Europa voltou a cair em agosto, reforçando a percepção de recessão na região (Gráfico 3). A deterioração foi disseminada tanto entre agentes econômicos – consumidores, empresários dos setores manufatureiros e de serviços – como entre os países. Mesmo na Alemanha, cuja economia mostra um desempenho positivo, foi registrada piora nas expectativas. 120 média de longo prazo =100 110 100 O risco de desaceleração adicional da economia aumenta a pressão sobre a reunião do Banco Central Europeu (BCE), no dia 6 de setembro. Espera-se que o BCE anuncie a estrutura de um programa para compra de títulos soberanos de países em crise, como vem sinalizando seu presidente Mario Draghi. Mas há opositores à medida, especialmente na Alemanha. 90 80 70 60 jan-04 Catalunha pede ajuda, recessão espanhola continua set-06 mai-09 jan-12 Fonte: Bloomberg A Catalunha requisitou um pacote de resgate de 5 bilhões de euros ao (já fragilizado) governo central da Espanha. A região é a mais endividada do país (Gráfico 4). Em meio às dificuldades fiscais das regiões e do governo central, a economia espanhola segue em crise. O PIB do segundo trimestre recuou 1,3% frente ao mesmo trimestre do ano passado. A agência de classificação de risco Moody’s voltou a sinalizar com uma nova redução da nota do país. 50 Gráfico 4 - Espanha: Dívida bruta por região bilhões de euros 45 40 35 30 Mitt Romney confirmado como candidato nos EUA 25 A convenção do partido republicano confirmou a candidatura de Mitt Romney para as eleições presidenciais de novembro. O primeiro desafio do presidente eleito no campo econômico será lidar com o chamado “abismo fiscal”: diversos incentivos tributários oferecidos nos últimos anos vencem no início de 2013 (cerca de 4% do PIB). Cabe ao presidente negociar com o novo Congresso uma prorrogação de pelo menos parte desses estímulos. 20 15 10 5 0 Fonte: Banco da Espanha Na economia, o PIB do segundo trimestre foi revisado levemente para cima (de 1,5% para 1,7% de crescimento anualizado), e o consumo real das famílias de julho subiu 0,4%, indicando bom um início de terceiro trimestre. Os números sugerem que o crescimento mantém um ritmo estável de crescimento, ainda que em ritmo modesto. Economia japonesa dá sinais de enfraquecimento As vendas no varejo no Japão recuaram 1,5% em julho, abaixo das expectativas do mercado. Na indústria, o desempenho foi ainda mais decepcionante: queda mensal de 1,2%, enquanto analistas (nós inclusive) esperavam uma alta de perto de 2%. Com relação ao ano passado, o varejo recua 0,8%, e a indústria 1,0% (Gráfico 5). Os dados sugerem que, após um período de reconstrução dos danos impostos pelo terremoto do ano passado, a economia do país volta a enfraquecer. Adicionalmente, o fim dos subsídios que vinham sendo dados para compra de automóveis deve fazer com que o setor contribua negativamente para a atividade nos próximos meses. Hundreds Gráfico 5 - Japão: Atividade econômica 25% Ano contra ano 20% 15% 10% 5% 0% -5% -10% -15% -20% jun-10 Vendas no varejo Produção industrial dez-10 jun-11 Fonte: Bloomberg Aprovação de Cristina Kirchner recua para 30% A aprovação do governo Cristina Kirchner recuou para 30% em agosto, de acordo com pesquisa feita por uma consultoria privada. A popularidade da presidente vem recuando continuamente desde outubro de 2011 (logo após sua reeleição), quando atingiu o pico de 64%. O recuo está relacionado à crise econômica, aos conflitos Itaú 2 dez-11 jun-12 A Semana em Revista – sexta-feira, 31 de agosto de 2012 com governos regionais (especialmente Buenos Aires) e ao aumento da criminalidade. Destaques da próxima semana Destaque para a reunião do Banco Central Europeu na quinta-feira, onde devem ser anunciadas novas medidas de sustentação aos mercados financeiros. Nos EUA, serão divulgados a pesquisa ISM do setor manufatureiro na terça-feira, e os dados do mercado de trabalho de agosto, na sexta-feira. Agenda movimentada também no Brasil. Na quinta-feira, o Banco Central divulga a ata da reunião desta semana de seu comitê de política monetária. Também teremos o anúncio da produção industrial de julho na terça-feira e o IPCA de agosto na quarta-feira. Pesquisa macroeconômica no Itaú Ilan Goldfajn – Economista-Chefe Adriano Lopes Artur Passos Aurelio Bicalho Caio Megale Elson Teles Felipe Salles Fernando Barbosa Gabriela Fernandes Giovanna Siniscalchi Guilherme da Nóbrega Guilherme Martins Luiz G. Cherman Luka Barbosa João Resende Juan Carlos Barboza Mauricio Oreng Natasha Daher Roberto Prado Para acessar nossas publicações e projeções visite nosso site: http://www.itau.com.br/itaubba-pt/analises-economicas/publicacoes/ Informações Relevantes As informações contidas neste relatório foram produzidas pelo Itaú Unibanco Holding, dentro das condições atuais de mercado e conjuntura econômica, com base em informações e dados obtidos de fontes públicas. Tais informações não constituem, tampouco devem ser interpretadas como sendo uma oferta ou solicitação de compra ou venda de um instrumento financeiro, ou de participação em uma determinada estratégia de negócios em qualquer jurisdição. Todas as recomendações e estimativas aqui apresentadas derivam de nosso julgamento e podem ser alteradas a qualquer momento sem aviso prévio. O Itaú Unibanco Holding não se responsabiliza por quaisquer decisões de investimento tomadas com base nos dados aqui divulgados. Este relatório foi preparado e publicado pelo Departamento de Pesquisa Econômica do Banco Itaú BBA S.A. (“Itaú BBA). Este relatório não é um produto do Departamento de Análise de Ações do Itaú BBA e não deve ser considerado um relatório de análise para os fins do artigo 1º da Instrução CVM n.º 483, de 6 de Julho de 2010. Este material é para uso exclusivo de seus receptores e seu conteúdo não pode ser reproduzido, redistribuído publicado ou copiado de qualquer forma, integral ou parcialmente, sem a expressa autorização prévia do Itaú Unibanco Holding. Itaú 3