Pró-Reitoria de Graduação Curso de Licenciatura em Matemática Trabalho de Conclusão de Curso [Digite o título do documento] [Digite o subtítulo do PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO documento] TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO SIMULAÇÃO P-FUZZY DO MODELO MALTHUSIANO Sherley Matemática Autor: Lucas dos Santos Maciel CIFRA DE HILL Orientador: Thiago Borduqui Ferrari Autor: Elaine da Silva Mantovani Orientador: Sinval Braga de Freitas Brasília - DF 2011 LUCAS DOS SANTOS MACIEL SIMULAÇÃO P-FUZZY DO MODELO MALTHUSIANO Artigo apresentado ao curso de graduação em Matemática da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para obtenção do Título de Licenciado em Matemática. Orientador: Thiago Borduqui Ferrari Brasília 2011 3 Artigo de autoria de Lucas dos Santos Maciel, intitulado SIMULAÇÃO P-FUZZY DO MODELO MALTHUSIANO, apresentado como requisito parcial para obtenção do grau de Licenciado em Matemática da Universidade Católica de Brasília, em 18 de novembro de 2011, defendido e aprovado pela banca examinadora abaixo assinada: _____________________________________________________ Prof. MSc.Thiago Borduqui Ferrari Orientador Física – UCB _____________________________________________________ Prof. MSc. Sinval Braga de Freitas Matemática - UCB _____________________________________________________ Prof. MSc. Marcos Antonio Pereira Matemática – UCB Brasília 2011 3 SIMULAÇÃO P-FUZZY DO MODELO MALTHUSIANO LUCAS DOS SANTOS MACIEL Resumo: Este é um trabalho que trata de tópicos de Teoria fuzzy. O objetivo foi descrever os fundamentos teóricos e as etapas de uma simulação computacional do modelo p-fuzzy de crescimento populacional malthusiano. Utiliza-se o software MATLAB e os pacotes Fuzzy Logic Toolbox e Simulink para realizar a simulação numérica. O texto procura relacionar os conhecimentos de conjuntos fuzzy, funções de pertinência, relações fuzzy e sistemas fuzzy às ferramentas computacionais. Palavras-chave: Fuzzy. Malthus. Simulação. 1. INTRODUÇÃO Este é um trabalho de conclusão de curso que trata de tópicos de Teoria fuzzy. Considera-se o marco inicial desta teoria com o trabalho de Zadeh, publicado em 1965. A Lógica fuzzy, também conhecida como Lógica Nebulosa ou Teoria de Possibilidades, é a área da matemática que trata das incertezas associadas à expressões verbais subjetivas e conceitos vagos em valores numéricos. Expressões como “em torno de 5”, “população grande”, “próximo de 3” entre tantas outras podem ser representadas e manuseadas dentro do formalismo da Teoria fuzzy (SHAW E SIMÕES, 2007). A lógica fuzzy possibilita a criação de modelos matemáticos onde os valores lógicos pertencem a um intervalo entre verdade e falsidade, “flexibilizando” o axioma fundamental do terceiro excluído da lógica clássica. Neste trabalho são abordamos os seguintes conceitos: conjuntos fuzzy, operações entre conjuntos fuzzy, sistemas baseados em regras fuzzy e sistemas p-fuzzy. A fim de ilustrar estes conceitos, descrevem-se as etapas do modelo Malthusiano p-fuzzy. Utiliza-se o software MATLAB, versão 7.10, e dois de seus pacotes: o Fuzzy Logic Toolbox e Simulink para realizar a simulação que permitiu relacionar os conhecimentos teóricos de Teoria fuzzy com as ferramentas computacionais. A sequência deste trabalho segue esta ordem: O texto se inicia com a seção “FUNDAMENTOS TEÓRICOS” onde são apresentados os conceitos para implementação do modelo, seguido da seção “SIMULAÇÃO P-FUZZY DO MODELO MALTHUSIANO EM MATLAB”, é feita a introdução ao software MATLAB, o modelo a ser simulado e os passos para sua implementação no software. 4 2. FUNDAMENTOS TEÓRICOS 2.1 INCERTEZAS, CONJUNTOS FUZZY E FUNÇÕES DE PERTINÊNCIA 2.1.1 Incertezas As incertezas podem ser dividas em dois tipos, uma oriunda da chance de ocorrência de um evento e outra proveniente da imprecisão de conceitos vagos que expressem um conjunto de idéias qualitativas cujo limite não é preciso. A primeira incerteza é área de estudos da Teoria de Probabilidades e a segunda é área de estudos da Teoria de Conjuntos Fuzzy (BARROS E BASSANEZI, 2010). 2.1.2 Conjuntos fuzzy A Teoria de Conjuntos fuzzy é baseada no fato de alguns conjuntos não possuírem limites bem delineados. Assim, um conjunto fuzzy é um agrupamento impreciso e indefinido. A partir dessa idéia central é adaptada a visão de conjunto clássico para a de conjunto fuzzy. Todo conjunto clássico, pode ser caracterizado por uma função chamada de função característica. Definição 1: Seja U um conjunto e A um subconjunto de U. A função característica de A é dada por: 1 se x ∈ A X A ( x) = 0 se x ∉ A o domínio de X A é U e a sua imagem está contida no conjunto {0,1} cujos dois únicos elementos são 1 e 0. X A ( x ) = 1 indica que o elemento x pertence ao subconjunto A e X A ( x ) = 0 indica que o elemento x não pertence ao subconjunto A . Seguindo esta descrição, extende-se a visão de função característica para conjuntos fuzzy. Definição 2: Seja U um conjunto (clássico); um subconjunto fuzzy F de U é representado por uma função: ϕ F : U → [0,1]. Assim sua função característica pode ser generalizada de maneira a associar cada elemento ao intervalo [0,1] e por referir-se ao subconjunto fuzzy é chamada de função de pertinência. E ϕ F indica o grau de pertinência que o elemento x de U pertence no subconjunto fuzzy F , ϕ F = 1 indica que o elemento x pertence completamente ao conjunto fuzzy F, ϕ F = 0 indica que o elemento x não pertence ao conjunto fuzzy F e 0 < ϕ F < 1 indica que o elemento x pertence parcialmente ao subconjunto fuzzy. 5 O conjunto clássico U também é chamado de universo de discurso. Tanto a função característica quanto a função de pertinência podem ser representadas graficamente, de maneira que o eixo vertical representa o grau de pertinência para um elemento x e o eixo horizontal representa cada valor de x∈U . A Figura 1 ilustra um exemplo para interpretação de “pessoa alta”. Para o conjunto clássico, uma pessoa é alta (pertence ao conjunto de pessoas altas) se tiver a medida de altura maior ou igual a 1,80 metros, ou seja, existe uma mudança abrupta na pertinência dos elementos. Enquanto para o conjunto fuzzy, uma pessoa é alta se tiver medida de altura maior que 0,70 metros, entretanto alguém que tenha altura de 0,80 metros é considera alta com grau de pertinência baixíssimo (quase nulo) e alguém que tenha altura igual ou maior a 1,80 metros é considerada alta com grau de pertinência máxima (SHAW E SIMÕES, 2007). Figura 1 – Função característica e função de pertinência. 2.1.3 Funções de pertinência Os formatos mais frequentemente encontrados são os triangulares e os trapezóides em virtude de serem geradas com facilidade. A sua quantidade em um universo de discurso e o seu formato são projetadas por especialistas através das mais variadas formas: apelos intuitivos, ajustes de curva, técnicas especiais utilizando redes neurais e/ou algoritmos genéticos (SHAW E SIMÕES, 2007). A função de pertinência triangular tem representação geral pela terna ( a, b, c ) e é descrita pela função (1). Enquanto a função de pertinência de forma trapezoidal tem representação geral denotado por ( a , b, c , d ) e descrita pela função (2). 0 x−a µ A ( x) = b − a c−x c −b 0 se x ≤ a se a < x ≤ b se b < x ≤ c se x > c (1) 6 0 x −a b − a µ A ( x) = 1 d − x d − c 0 se x≤a se a < x ≤ b se b ≤ x ≤ c (2) se c < x ≤ d se x>d Figura 2 – Função de pertinência de forma triangular e trapezoidal. 2.2 OPERAÇÕES ENTRE CONJUNTOS FUZZY 2.2.1 Operações-padrão Na Teoria de Conjuntos Clássica as operações (típicas) entre os conjuntos como união, intersecção e complementar são únicas, no entanto para a Teoria de Conjuntos Fuzzy são diversificadas. Nesta seção são apresentadas as operações-padrão em Conjuntos Fuzzy que são muito utilizadas em modelagem fuzzy (NICOLETTI E CAMARGO, 2009). Definição 3: Sejam A e B dois conjuntos fuzzy de U , com suas respectivas funções de pertinência ϕ A e ϕ B , A ⊂ B se ϕ A ( x ) ≤ ϕ B ( x ) para todo x ∈ U . Definição 4: O Conjunto vazio φ é dado por ϕφ = 0 e o conjunto universo U é dado por ϕU =1. Portanto, o conjunto vazio está contido em qualquer conjunto e todo conjunto fuzzy está contido no conjunto U , respectivamente A ⊂ U e φ ⊂ A para todo A . Definição 5: A união fuzzy padrão entre A e B é o subconjunto fuzzy de U cuja função de pertinência é dada por: ϕ A∪B ( x) = max{ ϕ A ( x), ϕ B ( x) }, x ∈ U . Definição 6: A intersecção fuzzy padrão entre A e B é o subconjunto fuzzy de U cuja função de pertinência é dada por: 7 ϕ A∩ B ( x) = min{ ϕ A ( x), ϕ B ( x) }, x ∈U . Definição 7: O complementar fuzzy padrão de um subconjunto A é o subconjunto fuzzy A ´ de U cuja função de pertinência é dada por: ϕ A´ ( x) = 1 − ϕ A ( x), x ∈U . No contexto fuzzy a intersecção entre um conjunto fuzzy e seu complementar pode não ser vazio: ϕ A∩ A´ ( x) ≠ 0 , isto é, A ∩ A´≠ φ . A união entre um conjunto fuzzy e seu complementar pode não ser o coincidente com o universo de discurso: ϕ A∪ A ( x) ≠ 1 , isto é, A ∪ A´≠ U . Como ilustrado na Figura 3. Figura 3– Complementar fuzzy padrão, Intersecção fuzzy padrão e União fuzzy padrão. 2.2.2 Operações t-norma e t-conorma Para conjuntos fuzzy existem diversas generalizações das operações típicas, elas estão dividas em duas normas. As normas triangulares (t-normas) que são funções qualificadas como intersecção fuzzy enquanto as normas duais (t-conormas) que são funções qualificadas como união fuzzy (NICOLETTI E CAMARGO, 2009). Definição 8: Uma t-norma é dada pelo operador ∆ : [0,1] × [0,1] → [0,1] , ∆ ( x, y ) = x∆y se satisfazer as seguintes condições de acordo com a Tabela 1. Tabela 1 – Axiomas para t-norma onde todo x , y , u ∈ [0,1] Axioma Elemento neutro Comutativa Associativa Monotonicidade Desenvolvimento se ∆ (1, x ) = 1∆x = x ∆ ( x, y ) = x∆y = y∆x = ∆ ( y , x ) x∆ ( y∆ z ) = ( x∆ y ) ∆ z x ≤ u e y ≤ v, então x∆y ≤ u∆v A operação t-norma estende o operador ∧ que modela o conectivo “e”. Um exemplo muito utilizado é o operador ∆ ( x , y ) = min{ x , y} = x ∧ y . Definição 9: Uma t-conorma é dada pelo operador ∇ : [0,1] × [0,1] → [0,1] , ∇ ( x, y ) = x∇y se satisfazer as seguintes condições de acordo com a Tabela 2. 8 Tabela 2 – Axiomas para t-conorma onde todo x , y , u ∈ [0,1] Axioma Elemento neutro Comutativa Associativa Monotonicidade Desenvolvimento ∇ (0, x ) = 0∇x = x ∇ ( x , y ) = x ∇ y = y∇ x = ∇ ( y , x ) x∇ ( y∇z ) = ( x∇y )∇z se x ≤ u e y ≤ v, então x∇y ≤ u∇v. O operador t-conorma estende o operador ∧ que modela o conectivo “ou”. Um exemplo muito utilizado é o operador ∆ ( x , y ) = max{ x , y} = x ∨ y . 2.3 RELAÇÕES FUZZY O conceito de relação fuzzy generaliza o conceito de relação dado pela teoria clássica de modo a atribuir um valor no intervalo [0,1] para cada associação entre os elementos que participam da relação. Esse valor busca medir a intensidade com que os elementos estão relacionados, ou seja, a relação fuzzy além de indicar se há ou não associação, indica também o grau desta relação (NICOLETTI E CAMARGO, 2009). Definição 10: Uma relação fuzzy R sobre U1 × U 2 × ... × U n é qualquer subconjunto fuzzy de U1 × U 2 × ... × U n . Assim, uma relação fuzzy R é dada por uma função de pertinência: ϕ R : U1 × U 2 × ...× U n → [0,1]. Uma relação particular muito importante para inferências é o produto cartesiano fuzzy. Definição 11: O produto dos conjuntos fuzzy A1 × A2 × ... × An de U1 × U 2 × ... × U n , respectivamente, é a relação fuzzy A1 × A2 × ... × An , cuja função de pertinência é dada por: ϕ A × A ×...× A ( x1 , x2 ,..., xn ) = ϕ A ( x1 ) ∧ ϕ A ( x2 ) ∧ ... ∧ ϕ A ( xn ). 1 2 n 1 2 n 2.4 SISTEMAS BASEADOS EM REGRAS FUZZY Sistema Baseado em Regras fuzzy – SBRF – é um sistema que se utiliza da lógica fuzzy para produzir saídas para cada entrada fuzzy. Um caso particular de SBRF é um controlador fuzzy que para cada saída representada por uma “ação” é correspondente uma “condição” ou entrada do sistema. Em controladores fuzzy as tarefas são comandadas por conjuntos fuzzy, relacionados com alguma variável de interesse (BARROS E BASSANEZI, 2010). 9 2.4.1 Base de Regras Fuzzy No SBRF as regras fuzzy, são chamadas de proposição fuzzy. Cada regra tem a forma: se “condição” então “ação”, em que cada “ação” e cada “condição” são modeladas por conjuntos fuzzy. Os componentes da “condição” são chamados como antecedentes e os componentes da “ação” são chamados de consequentes. A base de regras fuzzy é construída alternando-se uma proposição fuzzy com um conectivo “ou”, sucessivamente, terminando com uma proposição fuzzy como mostra a Tabela 3. Tabela 3 – Forma da Base de Regras Fuzzy. Conectivo Regra fuzzy R1 : “Proposição fuzzy 1” Ou M Ou R2 : “Proposição fuzzy 2” M R j : “Proposição fuzzy j” 2.4.2 Controlador Fuzzy Um controlador fuzzy é composto por quatro módulos e seu esquema geral é mostrado na Figura 4. 1. O Módulo de Fuzzificação responsável pela entrada do sistema. Essa entrada é modelada através de conjuntos fuzzy e, assim, se faz necessária a participação de especialistas do fenômeno a ser modelado. Os dados inseridos podem ser tanto conjuntos clássicos quanto conjuntos fuzzy. Quando forem conjuntos clássicos serão “fuzzificados”, ou seja, serão tratados a partir de sua função característica (BARROS E BASSANEZI, 2010). 2. O Módulo de Base de regras que faz parte do “núcleo” do Controlador Fuzzy e é composto de proposições fuzzy. 3. O Módulo de Inferência Fuzzy, cujo produto é uma relação que modela a base de regras e é onde cada proposição fuzzy pode ser manuseada pelas técnicas de lógica fuzzy (t-norma, t-conorma) mais adequadas para objetivo de controle. 4. O Módulo de Defuzzificação responsável pelo processo de transformação de um conjunto fuzzy em um número real. Figura 4 – Esquema geral de um controlador fuzzy. 10 A base de conhecimento no controlador fuzzy é composta pelo Módulo de Base de Regras e Módulo de Inferência Fuzzy, em destaque na Figura 4. A base de regras é modelada por uma Relação fuzzy R. A função de pertinência de R, onde os valores x e u representam a condição e o controle, é dada por ϕ R ( x, u) = ∇(ϕ R ( x, u)) , com 1 ≤ i ≤ r. i 2.4.3 O método de inferência de Mamdani O método de inferência de Mamdani é uma relação fuzzy M entre x e u para modelar a base de regras conforme o procedimento: 1. Em cada regra R j , da base de regras fuzzy, a condicional “se x é Aj então u é B j ” é modelada pelo operador ∧ (mínimo). 2. Adota-se a t-norma ∧ (mínimo) para o conectivo “e”. 3. Para o conectivo lógico “ou” adota-se a t-norma ∨ (máximo) que conecta as regras fuzzy da base de regras. Definição 12: A relação fuzzy M é o subconjunto fuzzy de X ×U cuja função de pertinência é dada por ϕ M ( x, u ) = max (ϕ R ( x, u )) = max[ϕ A ( x ) ∧ ϕ B (u )]. 1≤ j ≤ r 1≤ j ≤ r j j j Onde r é o número de regras que compõem a base de regras, Aj e B j são os subconjuntos fuzzy da regra j. A relação fuzzy M é a união dos produtos cartesianos fuzzy entre os antecedentes e os conseqüentes de cada regra. 2.4.4 O método defuzzificação centro de gravidade A cada entrada fuzzy o módulo de inferência produz uma saída fuzzy e mesmo que esta entrada seja um número real, em geral, a saída ainda será fuzzy. Para transformar a saída fuzzy em um numero real é utilizado o método defuzzifucação centro de gravidade, chamado também de centróide ou centro de área. Este método é semelhante à média aritmética para uma distribuição de freqüências de uma dada variável, onde os pesos da média são os valores ϕ B j (u) que indicam o grau de compatibilidade do valor u com o conceito modelado pelo conjunto fuzzy B (BARROS E BASSANEZI, 2010). O centro de gravidade expressa a média das áreas de todas as funções que representam os graus de pertinência de um conjunto fuzzy: n ∑u ϕ G( B ) = i =0 n i ∑ϕ i =0 B B (u i ) (ui ) 11 2.5 SISTEMA P-FUZZY Um Sistema p-fuzzy é um caso particular de sistema dinâmico. O que diferencia cada caso é o tratamento dado à taxa de variação e/ou como esta se relaciona com as variáveis de estado. Para sistema p-fuzzy a variação está relacionada com as variáveis de estado por meio de regras fuzzy em vez de uma equação. Assim a variável de estado é a entrada do Sistema baseado em regras fuzzy enquanto a variação é a saída. Tem-se um sistema da seguinte forma: dx = f ( x) dt x( a ) = x0 (3) onde f é substituída por um controlador fuzzy coerente com o modelo a ser estudado. Esse sistema é parcialmente fuzzy (p-fuzzy) no sentido que o campo de direções f em questão é conhecido parcialmente. No entanto, sua solução é um número real, ou seja, um valor preciso x(t ) que representa a variável de estado em cada instante t . 3 SIMULAÇÃO P-FUZZY DO MODELO MALTHUSIANO EM MATLAB 3.1 MODELO MALTHUSIANO P-FUZZY O modelo de crescimento Malthusiano não previa fundamentalmente uma equação matemática para descrever o crescimento populacional. Simplesmente enunciava que a população cresceria geometricamente enquanto o alimento cresceria numa taxa aritmética, desde que não houvesse mecanismo de controle como doença. A partir dessa conjectura de Malthus interpretou-se o modelo determinístico em que “o crescimento de uma população é proporcional à própria população” (BARROS E BASSANEZI, 2010). O sistema p-fuzzy que modela a conjectura de Malthus é dado por: dx = kx(t ) dt x(a ) = x0 (4) dx é definida dt por um controlador fuzzy que modela a conjetura de Malthus, propondo que a variação da população é dada com base em sua própria densidade. Assim x (população) é o valor da dx variável de entrada e (variação da população) é o valor da variável de saída. dt Onde a constante k , o valor de x0 e o valor de a são reais. Enquanto, 12 3.2 MATERIAIS E MÉTODOS 3.2.1 MATLAB MATLAB, que abrevia Matriz Laboratory, é um programa de computador para executar cálculos científicos e de engenharia. Ele nasceu como programa de operações matemáticas sobre matrizes, porém, ao decorrer do tempo, transformou-se em um sistema computacional capaz de resolver essencialmente qualquer problema técnico. O programa implementa uma linguagem própria e oferece uma ampla biblioteca de funções prédefinidadas para que a programação técnica se torne mais fácil. Sua plataforma é independente, ou seja, tem suporte em muitos sistemas computacionais como Windows e Unix (CHAPMAN, 2003) Dentre as várias ferramentas especializadas (toolboxes), o Fuzzy Logic Toolbox e o SIMULINK, a primeira é para manuseio de Sistemas fuzzy e a segunda para ambiente de simulação dinâmica. As duas ferramentas são de interface gráfica (GUI, Graphic Usar Interface). Simulink é uma ferramenta de simulação integrada, baseada em diagramas de blocos que permite modelar e analisar sistemas dinâmicos. Fuzzy Logic Toolbox suporta construção de sistemas fuzzy com habilitação para uso no simulink. Esse Toolbox é composto por cinco ferramentas de interface gráfica: 1. FIS Editor – Fuzzy System Inference: é um Sistema Baseado em Regras Fuzzy. Na sua tela inicial são mostradas as escolhas para os módulos: Defuzzificação e Método de Inferência. 2. Membership Function Editor: manuseia os conjuntos fuzzy tanto de entrada(s) quanto de saída do sistema, além de adicionar, remover e modificar as funções de pertinência. 3. Rule Editor: edita como as regras fuzzy serão relacionadas e são escolhidos os conectivos que ligam as funções de pertinência dos antecedentes de cada regra. 4. Rule Viewer: visualiza os valores numéricos reais de saída para a(as) entrada(s) real (is) definida (s). 5. Surface Viewer: visualiza o gráfico da(s) variável(s) de entrada(as) em função da variável de saída. 3.2.2 Dados e métodos fuzzy Os dados para construção do Controlador Fuzzy em MATLAB foram retirados do livro Tópicos de Lógica Fuzzy e Biomatemática nas páginas 276 e 277. Nessas páginas constam a Base de regras, os conjuntos fuzzy de variação e população, as escolhas para método de inferência e de defuzzificação, respectivamente, método de inferência de Mamdani e o método de centro de gravidade. A base de conhecimento do controlador será uma base de regras com quatro regras onde os antecedentes são o conjunto fuzzy de população e os conseqüentes são o conjunto fuzzy de variação. Sobre o modelo malthusiano, a condição inicial é x0 = 2 e α = 0,95. As funções de pertinência que compõem os conjuntos de população e variação são apresentadas na Tabela 4 e na Tabela 5. A base de regras fuzzy é descrita na Tabela 6. 13 Tabela 4 – Valores para as funções de pertinência da variável de entrada “população”. Name (nome) MB B M A Type(forma da função de pertinência) trapmf (trapezoidal) trimf (triangular) trimf (triangular) trapmf (trapezoidal) Params(valores) a B c d 0 0 11.90 35.71 17.86 41.66 71.42 53.57 89.28 113.1 89.28 119 250 250 Tabela 5 – Valores para as funções de pertinência da variável de saída “variação”. Name (nome) MB B M A Type(forma da função de Params(valores) pertinência) a B c d trapmf (trapezoidal) 0 0 5.238 13.1 trimf (triangular) 9.17 18.33 24.88 trimf (triangular) 20.95 34.05 41.90 trapmf (trapezoidal) 36.66 49.76 250 250 Tabela 6 – Base de regras fuzzy para modelar a variação da população com base na densidade da própria população. Conectivo Regra fuzzy R1 : Se a população (x) é MB então a variação é MB Ou R2 : Se a população (x) é B então a variação é B Ou R3 : Se a população (x) é M então a variação é M Ou R4 : Se a população (x) é A então a variação é A Para as Tabelas 4, Tabela 5 e Tabela 6 as siglas MB, B, M e A representam, respectivamente, Muita Baixa, Baixa, Média e Alta. 3.3 APLICAÇÃO NO MATLAB 3.3.1 FIS Editor No FIS Editor são feitas as escolhas para o método de inferência, método de defuzzificação, t-norma e t-conorma a ser utilizado. Conforme a Figura 5. A escolha para o método de defuzzificação é centroid que se refere ao método de centro de gravidade. As escolhas do Módulo de inferência segundo procedimento explicitado na seção 2.4.3: 1. And method se refere à escolha da t-norma que modela o conectivo “e”, isto é, é utilizado o operador ∆ ( x , y ) = min{ x , y} = x ∧ y . 2. Or Method se refere à escolha da t-conorma que modela o conectivo “ou”, isto é, é utilizado o operador ∆ ( x , y ) = max{ x , y} = x ∨ y . 14 3. Implication se refere à escolha da implicação de cada regra, isto é, operador ∆ ( x , y ) = min{ x , y} = x ∧ y . 4. Aggregation se refere a escolha da conexão entre as regras fuzzy da base de regras, isto é, operador ∆ ( x , y ) = max{ x , y} = x ∨ y . Figura 5 – FIS Editor. 3.3.2 Membership Function Editor O Membership Function Editor adiciona e remove funções de pertinência das variáveis de entrada e saída. A caixa range faz referencia ao universo de discurso do conjunto fuzzy e a caixa params faz referência aos valores ( a, b, c, d ) ou ( a, b, c ) das formas de cada função de pertinência. Veja a Figura 6. 1. Para a variável de entrada preencha range com o intervalo [0, 250] e para variável de saída preencha com [0, 110]. 2. Nomeie cada função de pertinência e preencha a caixa params conforme a Tabela 4 para variável de entrada “população” e conforme a Tabela 5 para variável de saída “variação”. Figura 6 - Membership Function Editor. 15 3.3.3 Rule Editor e Rule Viewer No Rule Editor é editada a base de regras fuzzy, conforme a Tabela 6. O Rule Viewer calcula a saída (variação) para cada entrada (população) do sistema e também mostra visualmente as operações. Figura 7 – Rule Editor e Rule Viewer. 3.3.4 Surface Viewer No Surface Viewer é gerada o gráfico variável de entrada (população) em função da dx do sistema p-fuzzy (4). variável de saída (variação), ou seja, revela o comportamento dt Figura 8 – Gráfico População x Variação. 16 3.3.5 Arquitetura do sistema p-fuzzy em Simulink A arquitetura do sistema p-fuzzy (4) construída no simulink é formada pelos seguintes blocos: 1. Bloco Gain1 que determina constante a = 0.95 2. Bloco Integrator que determina a condição inicial x0 = 2 e a iteração do sistema. 3. Bloco Fuzzy Logic Controller que faz referência ao controlador fuzzy. 4. Bloco scope é responsável por gerar o gráfico da solução do sistema. Figura 9 – Arquitetura do sistema p-fuzzy em Simulink. 4. RESULTADOS E CONCLUSÕES 4.1 RESULTADOS A solução clássica do modelo Malthusiano através de uma equação diferencial ordinária produz uma família de soluções. Cada solução do sistema p-fuzzy é dependente dos parâmetros das funções de pertinência que compõem tanto a variável de entrada como a variável de saída. As soluções fuzzy, em geral, não produzem um resultado tão preciso como os das soluções clássicas. Quanto mais complexo for problema e o contexto envolvido, mais imprecisa será a solução obtida. O resultado da simulação p-fuzzy do modelo Malthusiano em MATLAB determinou uma solução fuzzy com comportamento de crescimento exponencial, muito próxima a uma solução clássica existente, como mostra o comparativo da Figura 10. 17 Figura 10 – Solução analítica e a solução fuzzy. 4.2 CONCLUSÃO O artigo possibilitou a conexão entre os conhecimentos obtidos ao longo da graduação e os conhecimentos de lógica fuzzy. Ao longo do trabalho foram apresentados os conceitos e técnicas básicas de Teoria Fuzzy, finalizando com uma simulação. As Teorias Fuzzy foram relacionadas de maneira direta ou indireta com o modelo simulado. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMENDOLA, M.; SOUZA, A.L. Manual do uso da teoria dos conjuntos fuzzy no MATLAB 6.5. FEAGRI/UNICAMP, 2005. BARROS, L.C.; BASSANEZI, R. C. Tópicos de lógica fuzzy e biomatemática. Campinas: UNICAMP, 2010. CHAPMAN, Stephen J. Programação em MATLAB® para engenheiros. 1. ed. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003. NICOLETTI, M.C.; CAMARGO, H. A. Fudamentos da teoria de conjuntos fuzzy. São Carlos: UFSCar, 2009. SHAW, I. S.; SIMÕES, M. G. Controle e modelagem fuzzy. São Paulo: Edgard Blucher, 1999. Lucas dos Santos Maciel ([email protected]) Curso de Matemática, Universidade Católica de Brasília EPCT – QS 07 – Lote 01 – Águas Claras – Taguatinga – CEP.: 72966-700