Projeto de transformação de uma nova biblioteca e o perfil de
um profissional educador
Norberto Jesuino Ribeiro do Valle Vieira
Bacharel/Especialista em Arquivística em Biblioteconomia pela Faculdade de
Biblioteconomia e Ciência da Informação – FaBiCI / FESPSP.
E-mail: [email protected]
Resumo: Esse artigo tem como objetivo principal identificar e racionalizar a
busca pela formação de uma nova biblioteca mais voltada para a sociedade da
informação, mas aquela em que agora o imaterial se torna atividade fim, o
indivíduo o produto a ser valorizado. Não caberá mais o acervo privilegiado, e
sim a formação da informação contemplando a atuação dos protagonistas em
seus locais periféricos contando com um novo perfil de profissional: educador e
mediador cultural.
Palavras-chave: Biblioteca Escolar; Agente Educador, Mediação Cultural,
Biblioteca Educativa.
Abstract: This article aims to identify and rationalize the search for the formation
of a new library more geared towards the information society, but one in which
now becomes immaterial end activity, the individual product to be valued. Will
not fit most privileged acquis, but the formation of information contemplating the
actions of the protagonists in their peripheral sites relying on a new professional
profile: educator and cultural mediator.
Keywords: School Library; Agent Educator, Cultural Mediation, Education
Library.
Introdução
A visão com que se pretende construir a nova biblioteca seja ela pública
ou escolar será de mais valorização do indivíduo e menos ao objeto. Um novo
e revigorador projeto de releitura está em andamento desde o ano passado em
toda rede municipal com uma proposta e visão democrática da leitura desde a
infância e no lar em que vive até as fases educacionais em que deverá passar
ainda no decorrer de sua formação intelectual.
Para surgir algo inovador deve-se ter a ruptura. Havendo conflitos e
novas inserções culturais o velho se quebra e o presente se transforma em
novas realidades sociais, mas cabe lembrar que a nova informação surgida
tange agora o imaterial e não mais a velha guarda obsoleta e irrestrita da
sabedoria parada em livros e que não se pode mais se restringir frente à
evidente cadeia documental via web.
O conceito de Estação do Conhecimento tem em sua base
reivindicações
históricas
provindas
do
passado
e
não
realizadas ainda hoje, como também está ancorada na crítica a
discursos que se mostraram e continuam se mostrando
obsoletos, mesmo quando bem intencionados, o que nem
sempre ocorre. (ROMÃO, 2011, P.14).
Quando se fala do método do discurso simplesmente a uma Estação do
Conhecimento quer se encontrar uma maneira salutar da leitura ser
impregnada no ínfimo do leitor, ou seja, se aprofundar nas raízes do conteúdo
empregado na formação do leitor, e não apenas sugestioná-lo nas prateleiras.
As ECs são instâncias de mediação cultural, portanto,
territórios de negociações simbólicas entre sujeitos, suas
singularidades e pluralidades. As ECs são espaços de
experiências
culturais
variadas
e
de
aprendizagens
informacionais essenciais, cujos conteúdos remetem à própria
informação e à cultura. (PERROTTI, 2008, P.3).
Por isso a relação de mediação cultural se faz mais que necessária
nessa perspectiva do projeto uma vez que os profissionais envolvidos, tanto
bibliotecários e outros, se farão com importantes métodos eficazes de
aprendizagem e conhecimento para fortalecer o chamado protagonismo
cultural. Por onde o cidadão surgirá naturalmente em seu modo cru e inerente
a toda massa cultural e dando ênfase ao seu estado de criação e invenção.
Para tanto, uma boa articulação entre todos os envolvidos no projeto,
será um caminho informacional atuante e contará com setores, equipes,
pessoas, profissionais e cidadãos envolvidos na formação e afirmação da
criação e não apenas no vislumbre inebriante do bem cultural.
Cultura e educação estão reunidas numa Estação do Conhecimento,
assim como informação e formação, mas em sistemas de significação
complexas em que possam caminhar em um processo de ensino
aprendizagem reativado de forma concisa, forte e integrado. A biblioteca se
coloca em posição de aquecimento e reavaliação de seus afazeres, bem
como cita o professor da ECs em suas observações.
Segundo Perrotti (2008, p.1) As categorias fundantes numa ECs são o
acolhimento, lançamento, expressão, memórias, dialogia, identidade, apropriação
cultural e a Infoeducação.
As identidades e a dialogia principalmente serão sempre preservadas
em um reforma educacional, o que se quer é uma revisita nas unidades
integradas de educação – CEUS desde sala de leitura até as bibliotecas –
como cita ainda a professora:
Como primeiro passo o estabelecimento de planos, programas
e projetos envolvendo as aprendizagens informacionais que se
deseja desenvolver em cada etapa do processo educacional:
educação infantil, fundamental, ensino médio e superior.
(ROMÃO, 2011, P.22).
Na biblioteca as ações determinadas deverão ser atreladas as ações
pedagógicas educacionais de todos os envolvidos, bem como as informações
deverão ser tratadas com um intercâmbio gerencial entre bibliotecas –
públicas e escolares -, via universo formal, informal e suas ocorrências
momentâneas
em
que
se
podem
socializar
emoções,
situações
e
compartilhamento de articulações orgânicas e bem situadas.
Nessa perspectiva, as bibliotecas públicas e escolares têm
suas respectivas esferas de atuação, mas necessitam estar
integradas. O objetivamente a formação dos leitores não pode
ser responsabilidade exclusiva de uma delas, mas, ao
contrário, criteriosamente cuidada por ambas, desde os
primeiros anos de vida da criança, ainda na creche ou na
Educação infantil, e durante toda a trajetória escolar.
(PIERUCCINI, 2008, P.86).
Partindo dessa premissa das bibliotecas e visualizando os futuros
cidadãos com poder de visão critica e uma elucidação para não virarem meros
consumidores culturais, os protagonistas que são as pérolas provenientes da
região, a mediação cultural requer entendimento preciso nos significados e no
conhecimento baseado na Estação do Conhecimento, mas que precisa de
uma junção de forças e somatória de trabalhos.
1 Ação Cultural, Mediação Cultural, Agente Cultural ou
Agente Educador (Infoeducador)?
Na prática o discernimento desse provável profissional da informação
atuante como mediador cultural em tempos de revisitas educativas
sócio/cultural requer muita disposição. Antena ligada nos processos de cultura
e educação, consumidor voraz de arte e afins em seu âmago total, elaboração
de projetos sócio/educativos, articulações bem equilibradas entre urbano e
periférico (rural), periférico (marginal) e erudito, formação de coletivos nas
comunidades (no papel de difusor/coadjuvante). Atuando firmemente na
formação de prováveis cidadãos prodígios em seu estado natural.
Dentro de tais características, o infoeducador pode ser, por
exemplo,
um
bibliotecário,
proveniente
do
campo
da
informação, com interesse e conhecimento das dinâmicas
educativas e pedagógicas, como ser um educador, com
interesse e conhecimento de questões teóricas e práticas
relativas à informação e à cultura. (ROMÃO, 2008, P.27).
Outra vertente, agora na premissa da formação do profissional, aquele
que - na condição final de graduação - precisa estar bem municiado de
categorizações prováveis das situações encontradas pós curso da graduação
também precisam ser levadas em conta na atuação dele no âmbito
humanitário e de como atuar em mediações e ações culturais na comunidade
Hoje, no Brasil, estão sendo criados os Planos Municipais do Livro e
Leitura – PMLL. Então, precisamos saber desses instrumentos legais.
Eu tenho ido muito a reuniões na periferia, onde estamos construindo
demandas específicas junto aos coletivos de saraus e periféricos...
Mas, os cursos de biblioteconomia no Brasil precisam
ser
remodelados, eles sofrem uma influencia muito “americanizada
ainda”, visando muito ao objeto e não ao sujeito. Mesmo na USP, não
se pensava a biblioteca comunitária como um local de atuação do
bibliotecário. (ANTUNES, 2014).
Fica claro e evidente que uma remodelação no formato e na carreira
acadêmica – inclusive até especializações também – seria de suma
importância na averiguação e descoberta com maior rigor na averiguação de
perfis e características para trabalhar na educação comunitária, em especial
regiões periféricas de São Paulo.
Não se pode negar, porém um estado de domesticação alienante que
alcança a eficiência extraordinária no que venho chamando
“burocratização da mente”. Um estado refinado de estranheza, de
“autodemissão” da mente, do corpo consciente, de conformismo do
indivíduo,
de
acomodação
diante
de
situações
consideradas
fatalistamente como imutáveis. É a posição de quem encara os fatos
como algo consumado, como algo que se deu porque tinha que se
dar da forma como se deu, é a posição de quem assume como
fragilidade total diante do todo-poderosismo dos fatos que não
apenas se deram porque tinham que dar, mas que não podem ser
“reorientados” ou alterados. Não há, nesta maneira mecanicista de
compreender a história, lugar para a decisão humana. (FREIRE,
2011, P.111).
Nesse ínterim dos fatos o professor Paulo Freire demonstra claramente
no ínfimo interno do profissional – no mercado saturado de muitos técnicos e
poucos humanistas, haja vista que o difusor cultural atua fortemente em
periferias - que não se deve aceitar de modo contumaz – ainda que falte perfil
para atuação – a não percepção e clareza que a robotização torna o homem
menos humano e mais próximo das antevisões de tempos outros, naqueles
que acreditavam em mistificação da leitura e seus leitores.
Aliás, a descentralização e polarização de outros eixos bem como uma
melhor adequação de espaços culturais em pólos da periferia acrescentariam
uma distribuição mais equilibrada para todos, inclusive para um mediador
cultural canalizar num sentido mais direcionado e robustecido por uma política
cultural.
A difusão cultural acontece em bolsões restritos, sem corresponder á
expectativa da maioria das pessoas. Essa centralização termina por
não incentivar a circulação e produção cultural no conjunto da cidade,
o que mostra a falta de uma política cultural. Temos produção cultural
nas periferias, mas ela fica restrita ao seu território, não circula pela
cidade. “A maioria da população estudantil acessa o que são
considerados equipamentos culturais pela primeira vez via escola. O
problema é que essas ações são vistas como complementares à
educação e não como parte, como núcleo, da formação das crianças
e jovens.” Falta uma política cultural de Difusão e Acesso. “E
também, uma política urbanística que preveja, além da moradia,
outros equipamentos sociais, como centros culturais”. (PEREZ, 2013,
P.19)
Mas, o que se pretende nesse momento é do mediador/agente cultural
como atuar, precisamente nesse momento das elucidações, com as ações
culturais,
com
políticas
públicas
direcionadas,
talvez
uma
interação
multidisciplinar com vários profissionais, uma dedicação extrema na aplicação
e amplitude em projetos. Pois como diz a própria Estação do Conhecimento
tudo vai requer tempo, amadurecimento, companheirismo e equilíbrio nas
ações que são intangíveis na aplicação e condicionamento desejado
O que é vital à ação cultural é a operação com os princípios da
prática em arte, fundados no pensamento divergente e no
pensamento organizado, e movido pela possibilidade, pelo vira-ser. É esse na verdade o tipo de pensamento que altera os
estados transforma o estado em processo, questiona o que
existe e o coloca em movimento na direção do não conhecido.
A proposta, portanto, é usar o modo operativo da arte- livre,
libertário, questionador, que carrega em sim o espírito da
utopia – para revitalizar laços comunitários corroídos e
interiores
individuais
dilacerados
por
um
cotidiano
fragmentante. (COELHO, 2011, P.32).
No estado natural das coisas, os bens tangíveis e intangíveis, tudo se
deve figurar como atrativos simbólicos e subjetivos para todos os protagonistas
da comunidade atuantes em suas funções de redescobrimento de memórias já
expostas, bem como redefinir suas posturas perante uma visão que os ponha e
os fortaleçam em suas descobertas e auto-estima na sociedade da informação.
Ainda sobre como fazer sem fins mercadológicos o autor define:
A fabricação é um processo com um início determinado, um
fim previsto e etapas estipuladas que devem levar ao fim
preestabelecido. A ação, de seu lado, é um processo com um
início claro e armado, mas sem fim especificado e, portanto,
sem etapas ou estações intermediárias pelas quais se deva
necessariamente passar – já que não há um tempo terminal ao
qual se pretenda ou espere chegar. (COELHO, 2011, P.12).
Assim avaliações periódicas, reuniões de grupos e coletivos,
consentimentos
e
dúvidas
surgidas
durante
o
projeto
deverão
ser
harmoniosamente equilibrados para um consenso de eficácia para que não se
tenha dúvidas em práticas meramente banalizadas e massificadas às ações a
serem desenvolvidas.
O processo extático é uma ação autêntica, parte-se de um
modo determinado, mas não há indícios sobre o ponto de
chegada, nem das estações por onde se passará – mesmo
porque as estações na são fixas, mas móveis, imprecisas,
imateriais. (COELHO, 2011, P.29).
No quesito projetos culturais de uma biblioteca, um sarau poderá ser uma
ação já definida e permanente na programação mensal sendo temático e
aproveitando um elo de organização pedagógica com as escolas, comunidade
e artistas da região. Também com ações fora do eixo rural periférico, ainda
surgindo outros micro-grupos nesse já formado, trazendo experiências do
urbano metropolitano e fazendo aquela antropofagia que se pretende para
criação e surgimentos mais heterogêneos.
Um sarau poético musical, por exemplo, poderá ampliar numa
integração de interesses, não só da área de Comunicação e
Expressão, mas também de História e Geografia, na medida
em que é possível contextualizar as produções poéticas e
musicais em seus movimentos históricos acontecidos num
determinado espaço geográfico, pesquisando dados com
auxílio dos recursos informacionais disponíveis. (ROMÃO, 2008,
P.22).
Para tanto também será imprescindível o registro histórico de tudo, no
projeto, em questão. A criação de um memorial de guarda - seja textual ou de
imagens - e resgate servirá para tais serviços e aferições registradas em todas
as ações que os próprios protagonistas realizarem e servirão de resgate de
suas aparições e incentivos a outros futuros candidatos a pesquisas e
continuidades do processo.
A mediação é um trabalho de grande importância, pois lida com a
produção de sentidos, com os processos de significação de toda
essa informação. As práticas de mediações culturais colocarão o
sujeito enquanto ator, protagonista cultural nos processos de
produção de sentidos, constituindo mecanismos de apropriação
cultural e simbólica da informação de imagens. O ato de criação
cultural humano passa a se concretizar de forma intensa e
plurissignificativa. (OLIVEIRA, 2013, P.11).
Portanto, e para esse efeito cultural com os protagonistas e suas
atuações nos vários suportes da informação as avaliações dos serviços e
produtos servem exatamente para saber das opiniões e questionamentos dos
usuários e com que perspectivas estão observando esses novos quadros de
estruturação material e imaterial da informação, seja em acervos das escolas
ou bibliotecas.
2 Biblioteca Educativa
Em uma nova dinâmica de continuísmo histórico das bibliotecas, agora
vai além de escolar, pública e mais adiante de ser uma hipotética biblioteca
hibrida, está surgindo, ou melhor, tentando se posicionar frente a todo esse
contingente de formação da informação onde o sujeito acondicionado melhor
no mundo com seus significados e maior formalidade de relações de contexto
social.
Mais uma vez a importância máxima de envolvimento maciço de todos
os profissionais das áreas educacionais, uns já trazem experiência em
pedagogia prática e teórica, outros estarão se inserindo num processo de
multidisciplinaridade de etnias, credos e aptidões culturais.
Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. Esses que
fazeres se encontram um corpo do outro. Enquanto ensino continuo
buscando, reprocurando. Ensino porque busco, porque indaguei,
porque indago e em indago. Pesquiso para constatar, constatando,
intervenho, intervindo educo me educo, Pesquiso para conhecer o
que ainda não conheço e comunicar ou anunciar a novidade.
(FREIRE, 2011, P.30).
Quando Paulo Freire propõe essa construção coletiva entre todos, a
valorização do próprio educador e educando se reinventam numa sintonia
conjunta, mas o método de exploração do indivíduo em sua potencialidade
ainda, talvez desconhecida, só faz acreditar no campo da pesquisa e com ela
novas transformações surgirão mutuamente, portanto um projeto bem
elaborado e reavaliado mensalmente com indicadores de avanços, ou
percalços, mas que implicará em novos testes e outras ações.
Fala-se hoje, com insistência, no professor pesquisador. No meu
entender, o que há de pesquisador no professor não é uma qualidade
ou uma forma de ser ou de atuar que se acrescente à de ensinar. Faz
parte da natureza da prática docente a indagação, a busca, a
pesquisa. O de que se precisa é que, em sua formação permanente,
o professor se perceba e se assuma, porque professor, como
pesquisador. (FREIRE, 2011, P.30).
Corroborando com a tese freiriana o perfil desse novo bibliotecário
educador, alinhado com outros educadores, também deve avançar numa linha
evolutiva de pesquisa de campo, textos acadêmicos e artigos científicos nas
observações de ações culturais e atuação constante na formação dessa nova
biblioteca junto da comunidade e em percepção de sua magnitude na arte de
ensinar e aprender também.
“Durante muito tempo, no Brasil, o livro foi enxergado como veículo da
propaganda política oficial. Então sempre, esteve desse ponto de
vista, sob censura, e o que havia era uma política do livro, não havia
uma política da leitura. O que acontece muito em São Paulo, nesses
movimentos autônomos – falo principalmente de saraus, mas as
bibliotecas já são mais de cem, concentradas na zona sul-, é que eles
têm começado a trabalhar com o livro como um instrumento vivo:
‘vamos dar voz a ele vamos usar a nossa voz’.” (ANTUNES, 2014).
Nota-se a importância clara da investida da valorização de linguagens
seja ela oral visual e textual, mas com conteúdo de apropriação do imaterial,
seu significado real e histórico.
A reflexão crítica sobre a prática se torna uma exigência da relação
teoria/Prática sem a qual a teoria pode ir virando blá-blá-blá e a prática,
ativismo. (FREIRE, 2011, P.24).
Nessa nova fomentação social cultural deve-se levar em conta uma
postura mais agressiva em relação aos usuários e atraí-los de forma continua e
não meramente acesso do acervo, mas sim contextualizar e enraizar seus
saberes e diagnosticar hipóteses, necessidades e soluções para com eles
mesmos, os cidadãos pensadores críticos e atuantes em seus territórios de
origem. A nova biblioteca terá que buscar essa posição com parcimônia e uma
missão combinada entre gestores, educadores e comunidades.
Também conhecer especificamente cada região e com ela identificar seus
dilemas, dificuldades e negociar com sabedoria sabendo ouvir e ter autonomia
para aplicar um plano de ação bem equilibrado e heterogêneo com as
diferentes linguagens encontradas. Algumas situações que podem ser
flexibilizadas, como estas:
•
Encontros nos meios de comunicação de rádios da região,
•
Encontros dentro da biblioteca em reuniões de projetos culturais,
•
Encontros externos na sede de outros parceiros (delimitar territórios),
•
Encontros de artes, culturas e etnias diferentes,
•
Promoção e intercâmbio com protagonistas da região,
•
Promoção de gincanas com circulação externa,
•
Promoção incessante de oficinas de leitura para todas as idades,
•
Intensificação maciça do boca a boca, ainda a formalidade melhora a
relação,
•
Visitação aos lares com família reunida e amigos para contemplação,
•
Relação de confiança e credibilidade com o indivíduo,
•
Noção de superação e melhoria da autoestima de todos.
Como aplicar com eles novas técnicas e deixar saber seus gostos, seus
repertórios, suas preferências e orientá-los na busca do que querem e
precisam mostrar que sabem fazer, nos seus modos operantes, mas com seus
olhares e reinventá-los e reinventar no aprendizado.
Um processo que oferece condições para que as pessoas envolvidas
descubram sua capacidade de criar, inventar e reinventar seus
objetivos, uma vez que as atividades não lhes são impostas nem
dirigidas para alcançar determinados resultados. (CARVALHO et al
2007, P.33).
Quando se fala na biblioteca educativa como um centro de
protagonismo cultural e se pensa na junção principalmente do papel do
professor e bibliotecário mediador cultural fundindo os dois nesse contexto da
função de educar e gratuidade de ações – perfil do agente - esperando
espontaneidade das trocas recebidas é pensar numa construção de
reciprocidade e empenho entre ambos.
A mediação de leitura pode ser feita dentro da biblioteca, mas nas
comunidades também existem outros lugares onde pode ser bem
bacana fazer essa atividade: no centro comunitário, embaixo de uma
árvore, numa praça, na casa dos moradores, no início de uma
reunião, enfim, a mediação pode acontecer em muitos momentos e
principalmente, para muitos públicos. (GUIMARÃES, 2007).
Como se percebe existe inúmeras possibilidades dessa ação ocorrer
dentro e fora da biblioteca, mas sempre criando vínculos e territórios
conquistados com os cidadãos e suas características, além do que sempre se
descobrem novos atores com talentos e geralmente ricos em histórias da sua
região.
É esse descobrimento do sujeito como papel principal e a informação
que lhe cerca na relação constante de valor no exercício livre do individuo se
apoderar e conscientizar-se da natureza da formação intrínseca do universo
que lhe cerca. A biblioteca educativa deverá ser gerida nesses alicerces de
discussão, participação e generosidade em construção e apoderação do novo
saber.
“Há alguns anos, empreguei a expressão Biblioteconomia Guerrilheira
e, em seguida, as expressões Biblioteca Guerrilheira e Bibliotecário
Guerrilheiro. O conceito tinha duas grandes vertentes: uma voltada
para a sociedade como um todo e a outra voltada para os intestinos
da área de Biblioteconomia e Ciência da Informação. As informações
que circulam, todas elas, não são neutras. Estão prenhas de
significados, concepções, ideias, conceitos, interesses, desejos,
necessidades, ideologias. A informação não está completa quando
exteriorizada, ao contrário, ela vai se construindo em todo o processo
de sua existência. Se ela é formada na construção, não pode ser
mercadoria, não pode ser coisa. Ela morre quando, apropriada, se
transforma em conhecimento. Um mesmo e único conhecimento?
Não, o conhecimento é individual, mas construído apenas e tão
somente na relação (do sujeito com o mundo, do sujeito com os
sujeitos). (Os significados, conceitos, interesses, ideologias, etc., que
ela traz em si, vão se debatendo na arena do processo de sua
existência.) ( ALMEIDA JUNIOR, 2014).
Assim sendo, o sentido de luta é de mais aproximação formal, mistura
heterogênea e antropofagia do conhecimento, seja ele resquícios de memórias
tangíveis – historiografia de lugares, territórios e geologia – tal como a
informação intangível essa carregada de genuíno, ingênuo e não pasteurizada
nas regiões de origem de cada individuo.
3 Públicos da Biblioteca Educativa
Quando da elaboração do projeto – quem serão os novos usuários? em sua formulação na parte intrínseca que está inserido todo o grande elo de
todo esse aparato chamado perfil do cidadão freqüentador e como reconquistálo em suas atuações e performances, na biblioteca, com a biblioteca e para a
comunidade integrada.
Como nas pesquisas de campo, observadas por Mario de Andrade em
suas pesquisas folclóricas regionais, a observação e análise quantificada se
fará necessário na medida de exteriorizar as possíveis características genuínas
dos cidadãos de Parelheiros. Ainda mais, quando se sabe que não estão em
contato com o meio urbano e mantém regionalidades, peculiaridades
responsáveis por sua miscigenação local e de outros.
Na concepção da gênese do indivíduo e suas constituições étnicas
culturais da região – influenciada por imigrantes japoneses, alemães e outros -
mas, com nítida aptidão em áreas rurais e apropriações que são recriadas a
todo momento.
Refletindo com cautela, entretanto, logo perceberemos que
sobre essas diferenças, alguns valores e concepções são
implementados
socialmente,
através
de
complexos
mecanismos de produção e divulgação de idéias, como se
fossem, ou devessem se tornar, os modos de agir e de
pensar de todos. È essa na verdade uma das funções mais
importantes (embora não é a única) das escolas, das igrejas,
dos museus e dos meios de comunicação de massa.
(ARANTES, 2006, P.10).
Numa comunidade onde tamanhas diferenças sócio/culturais se
sobressaem – desde o matuto genuíno popular até o já mecanizado com a
cultura imposta pelos canais midiáticos - a importância de mapeamento e
identificação dos potenciais, claro sem aniquilações forçadas e o despertar
inebriante de conhecimento do novo, a curiosidade do desconhecido e aquele
que vai agregar outras formas, linguagens e artes num plano estético
aglutinador.
Ainda que muitas vezes de modo indireto e implícito, essas agências
procuram aproximar o que é efetivamente dissemelhante, legitimando a
supremacia de alguns modos particulares de “saber” sobre os demais.
(ARANTES, 2006, P.12).
Por isso o cuidado na averiguação num modo de dialoga, assimilação,
apropriação conhecendo aqueles que transitam pela biblioteca e pela
identidade legitima de seus conhecimentos, elevando sempre sua autoestima
– quase sempre combalida por estarem longe do urbano - com reafirmações
de protagonismo e a introdução aos poucos e meticulosamente de ações
culturais elevadas e de arte num todo.
Quem são os prováveis públicos dessa nova biblioteca que se assume
como educativa, e agora mais do que nunca na medida em que pode estar em
todos os lugares inimagináveis da comunidade.
Numa ação isolada, em ações em grupos – externa ou internamente –
em casa com a família, aliás, essa também deve estar presente em conluio
com experiências em conjunto, ações revestidas em um grupo familiar podem
resultar em saudáveis criações genuínas surgidas no lar.
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ARANTES, A. A. O Que é Cultura Popular. São Paulo: Brasiliense, 2006.
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COELHO, T. O Que é Ação Cultural. São Paulo: Brasiliense, 2006.
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