COMPORTAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS INERTIZADOS EM BARREIRA CAPILAR Ronaldo Luis dos Santos Izzo TESE SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAÇÃO DOS PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE DOUTOR EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA CIVIL. Aprovada por: __________________________________________ Prof. Claudio Fernando Mahler, D.Sc. __________________________________________ Prof. Willy Alvarenga Lacerda, Ph.D. __________________________________________ Prof. Maurício Ehrlich, D.Sc. __________________________________________ Prof. Heraldo Luiz Giacheti, Ph.D. __________________________________________ Prof. Eurípedes do Amaral Vargas Junior, Ph.D. __________________________________________ Prof. Ennio Marques Palmeira, Ph.D. RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL AGOSTO DE 2008 ii IZZO, RONALDO LUIS DOS SANTOS Comportamento de Resíduos Sólidos Inertizados em Barreira Capilar. [Rio de Janeiro] 2008 XXIII, 203 p. 29,7 cm (COPPE/UFRJ, D.Sc., Engenharia Civil, 2008) Tese - Universidade Federal do Rio de Janeiro, COPPE 1. Resíduos Sólidos 2. Barreira Capilar 3. Comportamento Mecânico I. COPPE/UFRJ II. Título ( série ) iii “ Nessuno effetto è in natura sanza ragione; intendi la ragione e non ti bisogna sperienza.” - Leonardo da Vinci. iv Aos meus Pais, Antonio Izzo Filho e Rosa Maria dos Santos Izzo. v AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente à minha família, que me deu apoio incondicional e irrestrito durante toda a realização deste trabalho. Agradeço a meu pai, pelo amor, carinho e orientação. Meu pai, António Izzo Filho, sempre foi minha fonte de inspiração e meu ponto de referência, a mais firme das rochas. Minha mãe, Rosa Maria dos Santos Izzo, que dedicou tanto carinho e preocupação com meu bem estar e minha felicidade. Minhas irmãs, Cássia e Silvia Izzo, que sempre me deram apoio, atenção e carinho. Agradeço ao Prof. Alcides Padilha, que foi responsável por despertar meu interesse pela pesquisa, quem sempre me incentivou, orientou e apoiou, uma pessoa incrível e quem considero como um pai. Agradeço ao Prof. Heraldo Luiz Giacheti, que acreditou em mim para desenvolver uma dissertação de mestrado, que me orientou e com quem aprendi muito. O conhecimento que ganhei com o Prof. Heraldo me deu uma excelente base, sem a qual, não teria sido possível cursar o doutorado, por isso, tenho por ele o maior respeito e admiração. Agradeço ao Prof. Mahler, que desde nosso primeiro encontro acreditou em mim, me apoiou nas melhores e piores situações, nunca teve para comigo má vontade e me ajudou em todos os momentos. O Prof. Mahler sempre me abriu todas as portas que ele pode e sempre me deu toda oportunidade possível, coisa que só um pai faz para um filho. Por todas estas razões também o tenho como a um pai. Agradeço a toda equipe do Instituto Leichtweiß da Universidade Técnica de Braunschweig por todo o apoio quando da minha estada na Alemanha, em especial ao Dr. Kai Münnich, Jan Bauer, Katarina Avila, Tobias Bahr e Prof. Klaus Fricke. Agradeço especial aos amigos Vinícius Paiva Guedes e André Azevedo Borgatto, que foram amigos de todas as horas, com quem passei excelentes momentos e que me ajudaram muito. Considero ambos como irmãos. Em especial para Juliana Rose, amiga, companheira e incentivadora irrestrita. vi A Ivete, grande pessoa, amiga, ajudou de todas as formas ao seu alcance para que este trabalho acontecesse. Agradeço a todos os colegas com quem convivi durante todo o período do meu doutorado, em especial a Katia Huse, Katia Monte Chiari, Cescyle Costa, Gustavo Domingos, Francisco Crescencio, Marcela Teixeira Monteiro, Petrônio Montezuma, Adriana Soares de Schueler, António Calle, Maria Clara Castiglia, Leandro, Abdul e Vitor Hugo. Aos professores da Geotecnia da COPPE devo todo meu respeito e agradecimento, pois aprendi muito com todos, em especial Prof. Mauricio Ehrlich, Prof. Willy Lacerda, Prof. Marcio Almeida, Prof. Anna Laura, Profa. Maria Claudia e Prof. Ian Schumann. Agradeço em especial aos técnicos do laboratório de Geotecnia que me deram todo o apoio e sofreram comigo para tornar possível a parte experimental deste trabalho. Agradeço especialmente ao Eng. Sergio Iorio cuja ajuda foi tremenda, a quem sou profundamente grato e a quem considero verdadeiramente como amigo. Agradeço também especialmente ao Carlinhos, Luizão, Ricardo Gil, Mauro e Bororó, que me ajudaram de forma intensa para este trabalho. A Secretaria do PEC, em especial ao Raul, Jairo, Rita de Cassia e Bethe, que sempre me atenderam prontamente e solucionaram todos os problemas com os quais me deparei junto a secretaria acadêmica. É justo dizer que eles também contribuíram para que este trabalho acontecesse. Aos alunos de Iniciação Científica, Igor Mastrianni, Rafael Junqueira Villela, Caroline Van Onselen, Paola Lindman, Monica Matsuda e Rodolfo Eccard, um agradecimento todo especial, pois estes alunos de inciação científica dedicaram seu tempo, suor e esforço para este trabalho. A Comlurb que apoiou este trabalho desde o seu início. Termino este doutorado tendo à certeza que meu maior ganho foram as pessoas que conheci e convivi. vii Resumo da Tese apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Doutor em Ciências (D.Sc.) COMPORTAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS INERTIZADOS EM BARREIRA CAPILAR Ronaldo Luis dos Santos Izzo Agosto/2008 Orientador: Prof. Claudio Fernando Mahler Programa: Engenharia Civil A disposição de resíduos sólidos urbanos em aterros está sempre ligada à geração de lixiviado, gás e mau cheiro. Para reduzir estes impactos indesejados, o resíduo deve ser coberto todos os dias e após o encerramento do aterro é feita uma cobertura específica final visando controlar a entrada de água no interior do aterro. Na maioria dos casos, tanto a cobertura diária quanto o sistema de cobertura final, são feitas utilizando solo. Muitas vezes, o solo adequado para a construção destas coberturas não se encontra nas redondezas do aterro, sendo necessário o seu transporte de uma jazida distante, o que acarreta em um aumento de custo. Uma solução seria a utilização de resíduo sólido urbano estabilizado para construir uma barreira capilar como camada de cobertura. Para estudar a utilização de resíduo sólido urbano estabilizado na construção de uma barreira capilar, um modelo foi construído em laboratório e chuva foi simulada sobre este modelo. Neste trabalho apresentam-se e discutem-se os resultados obtidos para esta barreira capilar experimental construída com o resíduo sólido urbano estabilizado, além de avaliar o comportamento mecânico deste material. Descobriu-se que, o resíduo sólido pré-tratado mecânica e biologicamente ou material oriundo de compostagem, quando preparado para utilização como barreira capilar, obedece aos mesmos princípios de uma barreira capilar construída com solo e recomenda-se, quando economicamente viável, sua utilização para este fim. Observouse também, que quando peneirado, o comportamento mecânico do resíduo sólido urbano estabilizado assemelha-se ao comportamento mecânico do resíduo sólido urbano que não sofreu tratamento, indicando que seu uso para camada de cobertura diária é possível. viii Abstract of Thesis presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the requirements for the degree of Doctor of Science (D.Sc.) INERTIZED SOLID WASTE BEHAVIOR IN CAPILLARY BARRIERS Ronaldo Luis dos Santos Izzo August/2008 Advisor: Prof. Claudio Fernando Mahler Department: Civil Engineering The disposal of municipal solid waste in landfills is always connected with liquid and gaseous emissions and bad odors. To reduce these undesirable impacts, the waste must be covered often on a daily base and latest when no more waste is deposited an specific final cover is made to control the water entrance in the interior of the landfill. In most cases, the daily cover and the final cover system are made using soil. Very often adequate soil material is not available in the surroundings of the landfill, being necessary its transport of a distant deposit, what causes an increase in cost. A solution would be the use of stabilized municipal solid waste to construct a capillary barrier as a cover layer. To study the use of stabilized municipal solid waste to construct a capillary barrier, a model was constructed in laboratory and rain was simulated on this model. This work presents and discusses the results obtained for a experimental capillary barrier constructed with stabilized municipal solid waste, and evaluate the mechanical behavior of this material. It was find out that, the pre-treated solid waste or derived material from composting, when prepared to be used as capillary barrier, follow the same principles of a capillary barrier made of soil material, and its use for this end is recommended when economically viable. It was also observed, that when sieved, the mechanical behavior of the stabilized municipal solid waste resemble to the mechanical behavior of the untreated municipal solid waste, indicating that its use for a daily cover layer is possible. ix SUMÁRIO RESUMO ..................................................................................................VII ABSTRACT ..................................................................................................VIII LISTA DE FIGURAS .............................................................................................XII LISTA DE TABELAS ............................................................................................XXII LISTA DE SIMBOLOS ..........................................................................................XXIII CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO ........................................................................1 1.1 Importância do estudo ............................................................................ 1 1.2 Objetivos................................................................................................. 2 1.3 Etapas da Pesquisa.................................................................................. 3 1.4 Organização da Tese............................................................................... 3 CAPÍTULO 2 - Revisão Bibliográfica ................................................. 5 2.1 Resíduos Sólidos Urbanos ...................................................................... 5 2.1.1 Classificação dos Resíduos Sólidos Urbanos .................................. 5 2.1.2 A Disposição dos Resíduos Sólidos Urbanos.................................. 6 2.1.3 Sistema de Cobertura de Aterros Sanitários .................................... 9 2.2 Características dos Resíduos Sólidos Urbanos ....................................... 10 2.2.1 Propriedades Biológicas dos Resíduos Sólidos Urbanos ................ 10 2.2.2 Propriedades Químicas dos Resíduos Sólidos Urbanos .................. 10 2.2.2.1 Composição Química ............................................................... 10 2.2.2.2 Poder Calorífico........................................................................ 11 2.2.2.3 Relação Carbono/Nitrogênio .................................................... 11 2.2.2.4 Potencial Hidrogeniônico ......................................................... 11 2.2.3 Propriedades Físicas ........................................................................ 11 2.2.4 Composição Granulométrica ........................................................... 14 2.2.5 Teor de Umidade ............................................................................. 15 2.2.6 Peso Específico................................................................................ 18 2.2.7 Permeabilidade ................................................................................ 21 2.2.8 Temperatura..................................................................................... 23 2.2.9 Compactação ................................................................................... 24 2.2.10 Capacidade de campo ...................................................................... 25 2.3 Métodos de Pré-Tratamento Mecânico Biológico de Resíduos Sólidos Urbanos...................................................................................... 25 2.3.1 Introdução........................................................................................ 25 2.3.2 Definições........................................................................................ 27 2.3.3 Tipos de Pré-tratamento Mecânico Biológico ................................. 29 2.3.3.1 Sistema MBA - VAGRON....................................................... 30 2.3.3.2 Sistema MBA – KIRCHDORF ................................................ 30 2.3.3.3 Sistema MBA – BASSUM....................................................... 31 2.3.3.4 Sistema MBA – LINKENBACH ............................................. 32 2.3.3.5 Sistema MBA – FABER-AMBRA RECYCLING................... 33 2.4 Sistemas de Cobertura ............................................................................ 36 x 2.4.1 Introdução........................................................................................ 36 2.4.2 Geomembranas de Polietileno de Alta Densidade (HDPEGM) ................................................................................................. 39 2.4.3 Geocomposto Argiloso (GCL) ........................................................ 40 2.4.4 Barreira de Concreto Asfáltico (ACB) ............................................ 41 2.4.5 Barreira Capilar ............................................................................... 42 2.4.6 Coberturas monolíticas .................................................................... 43 2.4.7 Materiais Minerais Alternativos ...................................................... 44 2.5 Barreiras Capilares ................................................................................. 45 2.5.1 Conceito de Potencial ...................................................................... 47 2.5.2 Capacidade de Retenção de Água de Solos Compactados .............. 51 2.5.3 Mineralogia do solo e percentagem de finos ................................... 54 2.5.4 Princípio de Funcionamento das Barreiras Capilares...................... 55 2.5.5 Fenômeno Unidimensional – Retenção Capilar .............................. 60 2.5.6 Fenômeno Bidimensional - Distância de Falha da Barreira Capilar ............................................................................................. 61 CAPÍTULO 3. MATERIAIS E MÉTODOS.....................................................63 3.1 Materiais ................................................................................................. 63 3.1.1 Resíduo Pré-Tratado ........................................................................ 64 3.1.2 Características do Composto Produzido na Usina de Tratamento e Transbordo do Caju ................................................... 69 3.2 Métodos .................................................................................................. 71 3.2.1 Teor de Umidade ............................................................................. 71 3.2.2 Ensaio de Permeabilidade................................................................ 72 3.2.3 Sistema de Aquisição de Dados ...................................................... 73 3.2.4 Tensiômetro para Medida de Sucção............................................... 73 3.2.5 Ensaios Oedométrico com Medida de Sucção ................................ 74 3.2.6 Ensaio Triaxial Com Medida Direta de Sucção .............................. 79 3.2.7 Ensaio de Retenção Unidimensional ............................................... 87 3.2.8 Barreira Capilar Experimental......................................................... 89 3.2.9 Simulação da Chuva ........................................................................ 98 CAPÍTULO 4 - APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ....101 4.1 Resultados Obtidos na Alemanha........................................................... 101 4.1.1 Granulometria.................................................................................. 101 4.1.2 Sólidos Voláteis............................................................................... 102 4.1.3 Ascensão Capilar ............................................................................. 102 4.1.4 Resultados dos Ensaios de Permeabilidade ..................................... 103 4.1.5 Ensaio de Sucção ............................................................................. 105 4.1.6 Barreira Capilar em Laboratório...................................................... 106 4.2 Resultados Obtidos no Brasil ................................................................. 108 4.2.1 Granulometria.................................................................................. 108 4.2.2 Compactação ................................................................................... 110 4.2.3 Ensaios de Permeabilidade .............................................................. 111 4.2.4 Capacidade de Campo ..................................................................... 113 4.2.5 Ensaio de Adensamento com Medida de Sucção ............................ 115 4.2.6 Ensaio Triaxial com Medida Direta de Sucção ............................... 119 4.2.7 Ensaio de Retenção Unidimensional ............................................... 124 xi 4.2.7.1 4.2.7.2 4.2.7.3 4.2.7.4 Primeiro Ensaio de Retenção Unidimensional ......................... 124 Segundo Ensaio de Retenção Unidimensional ......................... 129 Terceiro Ensaio de Retenção Unidimensional ......................... 134 Resultados Finais e Considerações Sobre o Ensaio de Retenção Unidimensional......................................................... 140 4.2.8 Barreira Capilar Experimental......................................................... 142 4.2.8.1 Resultados dos Ensaios com Variação do Ângulo de Inclinação ................................................................................. 142 4.2.8.2 Resultados dos Ensaios com Variação do Tempo de Chuva........................................................................................ 151 4.2.8.3 Resultados dos Ensaios com Camada Capilar Compactada .............................................................................. 157 4.2.8.4 Acompanhamento da Sucção ................................................... 164 4.2.8.5 Discussão dos Resultados Obtidos com a Barreira Capilar Experimental................................................................ 166 CAPÍTULO 5 - CONCLUSÕES ........................................................................176 5.1 Conclusões Relativas aos Ensaios com Medida Direta de Sucção......... 176 5.2 Conclusões Relativas aos Ensaios Realizados........................................ 176 5.3 Conclusões Relativas à Barreira Capilar ConstruÍda com RSU Pré-Tratado Mecânica e Biologicamente................................................ 177 5.4 Conclusões Relativas ao Uso da Barreira Capilar como Cobertura Diária em Aterros Sanitários ................................................. 178 5.5 Sugestões para Futuros Trabalhos .......................................................... 179 CAPÍTULO 6 - REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS .....................................180 ANEXO ..................................................................................................193 xii LISTA DE FIGURAS Figura 2.1 - Métodos de disposição de resíduos em aterros sanitários (QUIAN et al., 2002)......................................................................................................... 8 Figura 2.2 - Distribuição Granulométrica dos RSU para diferentes idades (modificada por DE LAMARE NETO, 2004). ............................................ 15 Figura 2.3 - Teor de Umidade x Profundidade (BLIGHT et al., 1992)....................................... 17 Figura 2.4 - Variação do Teor de Umidade dos RSU com a profundidade, no aterro sanitário dos Bandeirantes, SP (CARVALHO, 1999).................................. 17 Figura 2.5 - Variação da temperatura dos RSU com a profundidade, Aterro da Muribeca, Recife, (MARIANO & JUCÁ, 1998). ........................................ 23 Figura 2.6 - Curvas de Compactação para diversos resíduos (MARQUES, 2001)..................... 24 Figura 2.7 Exemplo de máquinas compactadoras (MÜNNICH, 2006). ..................................... 27 Figura 2.8 – Vista de uma leira de resíduo homogeneizado sendo degradado através da utilização do processo aeróbico, com utilização de palettes.................... 28 Figura 2.9 - Esquema operacional do sistema VAGRON (FRICKE et al. 1995). ...................... 30 Figura 2.10 - Esquema operacional do sistema KIRCHDORF (FRICKE et al. 1995)............................................................................................................. 31 Figura 2.11 - Esquema operacional do sistema BASSUM (FRICKE et al. 1995). ..................... 32 Figura 2.12 – Esquema operacional do sistema LINKENBACH (FRICKE et al. 1995)............................................................................................................. 33 Figura 2.13 – (A) Vista do aterro sanitário de São Sebastião com destaque para os materiais de grande porte separados. (B) Operação de máquina de grande porte em um dos taludes do aterro. (C) Máquina utilizada no processo mecânico de homogeneização do resíduo (abertura de sacos plásticos)......................................................................... 34 Figura 2.14 – Vista e detalhe do tubo perfurado (“chaminé”) utilizado para ventilação das leiras de compostagem.......................................................... 35 Figura 2.15 – Esquema operacional do sistema FABER AMBRA............................................. 35 xiii Figura 2.16 - (A) tipo convencional de barreira de cobertura final de aterros de resíduos perigosos no EUA (DWYER, 2003) (B) barreira de cobertura final convencional para aterros de RSU no EUA (DWYER, 2003)........................................................................................... 37 Figura 2.17 – Tipo convencional de barreira de cobertura final para aterros de RSU na Europa (MÜNNICH, 2006).A – Cobertura usada quando não há produção de gás. B – Cobertura usada quando existe produção de gás. ........................................................................................... 38 Figura 2.18 – Cobertura típica de aterros sanitários com uso de GCLs . (FOURMONT & ARAB, 2005)................................................................... 41 Figura 2.19 – Barreira asfáltica (HAUSER et al, 2001).............................................................. 42 Figura 2.20 – Camada de cobertura capilar (WEIß & WITZSCHE, 2005). ............................... 43 Figura 2.21 – Cobertura final monolítica (EPA, 2003)............................................................... 44 Figura 2.22 – Configuração padrão da barreira capilar nos modelos experimentais do aterro sanitário “Grix” em Offenbach (WEIβ & WITZSCHE, 2005)............................................................................................................. 46 Figura 2.23 – Configuração das camadas de cobertura estudadas por SUZUKI et al. (2005). .......................................................................................................... 47 Figura 2.24 - Potencial hidráulico (ψH), potencial matricial (ψm), potencial gravitacional (ψz) e conteúdo de água em uma coluna d’água (PAHL, 2006)............................................................................................... 50 Figura 2.25 - Diferentes estados de saturação e principais parâmetros da curva de retenção de água do solo (VIEIRA, 2005). .................................................. 52 Figura 2.26 - Distribuição de pressão e retenção de água em um tubo capilar. .......................... 56 Figura 2.27 - Modelo capilar de retenção de água no solo (alterado de IWATA et al.., 1988)...................................................................................................... 57 Figura 2.28 - Capacidade de retenção e distribuição de água em uma barreira capilar. .......................................................................................................... 58 Figura 2.29 - Ascensão capilar em poros de diferentes tamanhos formados por camadas de solos com diferentes curvas granulométricas............................ 59 Figura 2.30 - Perfil de sucção unidimensional de uma barreira capilar. ..................................... 60 Figura 2.31 – Representação da distância de desvio em uma barreira capilar. ........................... 61 xiv Figura 3.1 - RSU "in natura" na Usina de Tratamento e Transbordo do Caju. ........................... 64 Figura 3.2 - Vista das leiras de compostagem ao ar livre............................................................ 65 Figura 3.3 - Vista da Usina de Tratamento e Transbordo do Caju, Rio de Janeiro..................... 65 Figura 3.4 - Pilha de composto recém peneirado na Usina de Tratamento do Cajú. .................. 66 Figura 3.5 - Vista da coleta de amostra com ajuda de um trator tipo Bobcat.............................. 66 Figura 3.6 - Composto com granulometria inferior a 4mm. ....................................................... 67 Figura 3.7 - Composto com granulometria superior a 4,76mm e igual ou inferior a 9,52mm......................................................................................................... 68 Figura 3.8 - Ensaios de ascensão capilar realizados no Brasil para as amostras 01 e 02 provenientes da estação de tratamento do Caju juntamente com o realizado por PAHL (2006) na Alemanha. ........................................ 70 Figura 3.9 - Célula para ensaio de permeabilidade, com corpo de prova de resíduo, submerso em água. ....................................................................................... 72 Figura 3.10 - Conjunto copo de acrílico e pedra cerâmica de alto valor de pressão de entrada de ar............................................................................................. 74 Figura 3.11 - Equipamento adaptado para a realização de ensaios oedométricos com medida de sucção.................................................................................. 75 Figura 3.12 - Célula de adensamento com suas peças identificadas. .......................................... 76 Figura 3.13 - Detalhe da instalação do tensiômetro para medida de sucção no equipamento para compressão oedométrica. ................................................ 76 Figura 3.14 - Detalhe do corpo de prova após o ensaio de compressão oedométrica com medida direta de sucção........................................................................ 78 Figura 3.15 - Esquema de montagem final do ensaio triaxial com medida direta de sucção. .......................................................................................................... 80 Figura 3.16 - Vista do microcomputador utilizado para aquisição de dados durante o ensaio triaxial com medida direta de sucção e do controlador automático de pressão. ................................................................................. 81 Figura 3.17 - Vista do corpo de prova colocado no interior da câmara triaxial e do medidor automático de variação volumétrica............................................... 81 xv Figura 3.18 - Esquema de montagem do ensaio triaxial com medida direta de sucção. .......................................................................................................... 82 Figura 3.19 - Vista do molde tri-partido, encamisador e corpo de prova envolto por um saco plastico para minimizar perda de umidade..................................... 84 Figura 3.20 - Vista do corpo de prova colocado sobre a base para ensaio triaxial com medida de sucção.................................................................................. 85 Figura 3.21 - Esquema de montagem do ensaio de retenção unidimensional............................. 87 Figura 3.22 - Vista lateral da caixa utilizada para a construção da barreira capilar experimental em laboratório......................................................................... 89 Figura 3.23 - Esquema da caixa utilizada no ensaio da barreira capilar experimental construida com RSU pré-tratado. ................................................................. 90 Figura 3.24 - Vista da contenção construída para permitir o uso somente da parte desejada da caixa e respectivos drenos para a coleta do run off, camada capilar e bloco capilar. .................................................................... 91 Figura 3.25 - Detalhe da instalação dos drenos........................................................................... 92 Figura 3.26 - Detalhe da montagem do bloco capilar. ................................................................ 92 Figura 3.27 - Detalhe da construção do deno da camada capilar. ............................................... 93 Figura 3.28 - Esquema construtivo da barreira capilar experimental.......................................... 93 Figura 3.29 - Detalhe dos bicos aspersores e da área considerada para cálculo da chuva. ........................................................................................................... 95 Figura 3.30 - Compactação da camada capilar............................................................................ 97 Figura 3.31 - Colocação da camada de brita sobre a barreira capilar compactada...................... 97 Figura 3.32 - Detalhe da concentração de umidade em pontos específicos causada pela simulação irregular de chuva. ............................................................... 99 Figura 3.33 - Detalhe da infiltração de água na interface acrílico/composto. ........................... 100 Figura 3.34 - Detalhe da montagem final do ensaio da barreira capilar experimental, com os aspersores posicionados para cima, com a canaleta colocada e com uma camada fina de pedra britada disposta na superfície da barreira capilar. .................................................. 100 xvi Figura 4.1 - Curva granulométrica para o resíduo pré-tratado mecânica e biologicamente de Münster, Mansie (MÜNNICH, 2006) e Rethmann (PAHL, 2006). .......................................................................... 102 Figura 4.2 - Processo de ascensão capilar (PAHL, 2006). ........................................................ 103 Figura 4.3 - Resultados da umidade em relação a altura do corpo de prova (PAHL, 2006)........................................................................................................... 103 Figura 4.4 - Resultados obtidos para os ensaios de permeabilidade realizados para os materiais de Mansie, Münster. ............................................................... 104 Figura 4.5 - Resultados de Permeabilidade do material de Rethmann, com granulometria maior do que 1 mm e menor do que 2 mm (PAHL, 2006)............................................................................................. 104 Figura 4.6 - Vista do ensaio de sucção realizado com material provenientes de Mansie nos laboratórios da Universidade Técnica de Braunschweig. ............................................................................................ 105 Figura 4.7 - Resultado do ensaio de sucção versus temperatura para o material de Mansie. ....................................................................................................... 106 Figura 4.8 - Barreira capilar experimental montada na Universidade Técnica de Braunschweig. ............................................................................................ 107 Figura 4.9 – Resultado obtido por PAHL (2006) para uma barreira capilar experimental construída com material oriundo de Rethmann com granulometria entre 1 e 2mm.............................................................. 107 Figura 4.10 - Analise granulométrica feita para as amostras 01 e 02 oriundas da usina de tratamento do Caju. ...................................................................... 109 Figura 4.11 - Aspecto das frações individuais da amostra 02 proveniente da estação de tratamento do Caju (frações menores do que 10mm). ........................... 109 Figura 4.12 - Resultado do ensaio de compactação para o RSU pré-tratado mecânica e biologicamente com granulometria menor do que 4mm............................................................................................................ 110 Figura 4.13 - Ensaio de permeabilidade à carga constante para a amostra 01 da Usina do Caju, granulometria de 0,83 a 2mm. ........................................... 111 Figura 4.14 - Ensaio de permeabilidade à carga constante para a amostra de composto da Usina do Caju, com três diferentes massas específicas e com granulometria menor do que 4mm. ............................... 112 xvii Figura 4.15 - Determinação da capacidade de campo............................................................... 113 Figura 4.16 - Capacidade de Campo versus Massa Específica Seca para o composto com granulometria menor do que 4 mm com diferentes massas específicas. ................................................................................................. 114 Figura 4.17 - Gráfico deslocamento versus raiz quadrada do tempo. Composto com granulometria menor do que 4mm. ............................................................ 116 Figura 4.18 - Pressão versus raiz quadrada do tempo. Composto com granulometria menor do que 4mm..................................................................................... 116 Figura 4.19 - Deformação específica x tensão vertical aplicada. Composto com granulometria menor do que 4mm. ............................................................ 117 Figura 4.20 - Índice de vazios versus tensão vertical aplicada. Composto com granulometria menor do que 4mm. ............................................................ 117 Figura 4.21 - Resultados do ensaio triaxial com medida direta de sucção realizado com tensões confinantes de 100, 200, 300 e 400 kPa. Tensão desvio x Deformação específica (A). Poro pressão x Deformação específica (B). Variação Volumétrica x Deformação específica. .............................................................................. 120 Figura 4.22 - Aspecto padrão do corpo de prova após o ensaio triaxial com medida direta de sucção. ......................................................................................... 121 Figura 4.23 - Envoltória de resistência em termos de tensões totais obtida para ensaio triaxial com medida direta de sucção em composto compactado na massa específica ótima com granulometria menor do que 4 mm.................................................................................... 121 Figura 4.24 - Envoltória de resistência em termos de tensões efetivas obtida para ensaio triaxial com medida direta de sucção em composto compactado na massa específica ótima com granulometria menor do que 4 mm.................................................................................... 122 Figura 4.25 - Gráfico q x p,p' para ensaio triaxial com medida direta de sucção...................... 123 Figura 4.26 - Velocidade de infiltração no topo da camada capilar do ensaio de retenção unidimensional 1.......................................................................... 125 Figura 4.27 - Frente de umedecimento e tempos do ensaio 1. .................................................. 126 Figura 4.28 - Frente de umedecimento versus tempo (Ensaio de Retenção Unidimensional 1). ..................................................................................... 127 xviii Figura 4.29 - Volume de água percolada em relação ao tempo de ensaio (Ensaio de Retenção Unidimensional 1). ..................................................................... 127 Figura 4.30 - Total do volume de vazios ocupado versus o tempo decorrido de ensaio (Ensaio de Retenção Unidimensional 1). ........................................ 128 Figura 4.31 - Teor de Umidade (base úmida) versus altura da coluna no ensaio 1................... 129 Figura 4.32 – Velocidade de Infiltração no topo da camada capilar do ensaio 2...................... 130 Figura 4.33 - Frente de umedecimento e tempos do ensaio 2. .................................................. 131 Figura 4.34 - Frente de umedecimento versus tempo (Ensaio de Retenção Unidimensional 2). ..................................................................................... 132 Figura 4.35 – Volume de água percolada em relação ao tempo de ensaio (Ensaio de Retenção Unidimensional 2). ..................................................................... 133 Figura 4.36 - Total do volume de vazios ocupado versus o tempo decorrido de ensaio (Ensaio de Retenção Unidimensional 2). ........................................ 133 Figura 4.37 - Teor de Umidade (base úmida) versus altura da coluna no ensaio 2................... 134 Figura 4.38 - Velocidade de Infiltração no topo da camada capilar do ensaio 3....................... 135 Figura 4.39 - Frente de umedecimento e tempos do ensaio 3. .................................................. 136 Figura 4.40 - Frente de umedecimento versus tempo (Ensaio de Retenção Unidimensional 3). ..................................................................................... 137 Figura 4.41 - Volume de água percolada em relação ao tempo de ensaio (Ensaio de Retenção Unidimensional 3). ..................................................................... 138 Figura 4.42 - Total do volume de vazios ocupado versus o tempo decorrido de ensaio (Ensaio de Retenção Unidimensional 3). ........................................ 138 Figura 4.43 - Teor de Umidade (base úmida) versus altura da coluna no ensaio 3................... 139 Figura 4.44 - Ensaio da barreira capilar experimental com inclinação de 20º. Composto da camada capilar menor do que 4mm e composto do bloco capilar com granulometria menor do que 9,52mm e maior do que 4,72mm. .......................................................................................... 143 Figura 4.45 - Ensaio da barreira capilar experimental com inclinação de 10º. Composto da camada capilar menor do que 4mm e composto do bloco capilar com granulometria menor do que 9,52mm e maior do que 4,72mm. .......................................................................................... 144 xix Figura 4.46 - Ensaio da barreira capilar experimental com inclinação de 5º. Composto da camada capilar menor do que 4mm e composto do bloco capilar com granulometria menor do que 9,52mm e maior do que 4,72mm. .......................................................................................... 145 Figura 4.47 - Ensaio da barreira capilar experimental com inclinação de 5º. Composto da camada capilar menor do que 2mm e composto do bloco capilar com granulometria menor do que 9,52mm e maior do que 4,72mm. .......................................................................................... 147 Figura 4.48 - Ensaio da barreira capilar experimental com inclinação de 10º. Composto da camada capilar menor do que 2mm e composto do bloco capilar com granulometria menor do que 9,52mm e maior do que 4,72mm ........................................................................................... 148 Figura 4.49 - Ensaio da barreira capilar experimental com inclinação de 20º. Composto da camada capilar menor do que 2mm e composto do bloco capilar com granulometria menor do que 9,52mm e maior do que 4,72mm. .......................................................................................... 149 Figura 4.50 – Repetição do ensaio da barreira capilar experimental com inclinação de 5º. Composto da camada capilar menor do que 2mm e composto do bloco capilar com granulometria menor do que 9,52mm e maior do que 4,72mm................................................................ 150 Figura 4.51 - Ensaio da barreira capilar experimental com inclinação de 20º. Composto da camada capilar menor do que 2mm e composto do bloco capilar com granulometria menor do que 9,52mm e maior do que 4,72mm (2 horas de chuva). ........................................................... 153 Figura 4.52 - Ensaio da barreira capilar experimental com inclinação de 20º. Composto da camada capilar menor do que 2mm e composto do bloco capilar com granulometria menor do que 9,52mm e maior do que 4,72mm (1,5 horas de chuva). ........................................................ 154 Figura 4.53 - Ensaio da barreira capilar experimental com inclinação de 20º. Composto da camada capilar menor do que 2mm e composto do bloco capilar com granulometria menor do que 9,52mm e maior do que 4,72mm (1 hora de chuva). ............................................................. 155 Figura 4.54 - Ensaio da barreira capilar experimental com inclinação de 20º. Composto da camada capilar menor do que 2mm e composto do xx bloco capilar com granulometria menor do que 9,52mm e maior do que 4,72mm (4 horas de chuva - chuva intermitente). .......................... 156 Figura 4.55 - Ensaio da barreira capilar experimental com inclinação de 20º. Composto da camada capilar menor do que 2mm e composto do bloco capilar com granulometria menor do que 9,52mm e maior do que 4,72mm (2 horas de chuva – material compactado e mais seco). .......................................................................................................... 159 Figura 4.56 - Ensaio da barreira capilar experimental com inclinação de 20º. Composto da camada capilar menor do que 2mm e composto do bloco capilar com granulometria menor do que 9,52mm e maior do que 4,72mm (2 horas de chuva – material compactado). ...................... 160 Figura 4.57 - Ensaio da barreira capilar experimental com inclinação de 20º. Composto da camada capilar menor do que 2mm e composto do bloco capilar com granulometria menor do que 9,52mm e maior do que 4,72mm (1,5 horas de chuva – material compactado). ................... 161 Figura 4.58 - Ensaio da barreira capilar experimental com inclinação de 20º. Composto da camada capilar menor do que 2mm e composto do bloco capilar com granulometria menor do que 9,52mm e maior do que 4,72mm (1 hora de chuva – material compactado)......................... 162 Figura 4.59 - Tensiômetro utilizado para acompanhar o comportamento da sucção durante os ensaios com a barreira capilar experimental. ............................ 164 Figura 4.60 - Acompanhamento do comportamento da sucção a uma profundidade de 10 cm do topo da camada capilar, durante os ensaios 13, 14 e 15................................................................................................................ 165 Figura 4.61 - Volume coletado pelo dreno da camada capilar versus ângulo de inclinação com a horizontal da barreira capilar.......................................... 167 Figura 4.62 - Volume retido na camada capilar versus angulo de inclinação com a horizontal da barreira capilar...................................................................... 168 Figura 4.63 - Volume coletado pelo dreno da barreira capilar versus angulo de inclinação com a horizontal da barreira capilar.......................................... 168 Figura 4.64 - Volume de liquido coletado pelo dreno da camada capilar versus o diâmetro máximo das partículas da camada capilar. .................................. 169 xxi Figura 4.65 - Volume de liquido coletado pelo dreno do bloco capilar versus o diâmetro máximo das partículas da camada capilar. .................................. 170 Figura 4.66 - Volume de liquido retido na capilar versus o diâmetro máximo das partículas da camada capilar....................................................................... 171 Figura 4.67 - Volume de liquido coletado pelo dreno da camada capilar versus a massa específica seca do RSU tratado utilizado na camada capilar. ........................................................................................................ 172 Figura 4.68 - Volume de liquido retido na camada capilar versus a massa específica seca do RSU tratado utilizado na camada capilar....................................... 173 Figura 4.69 - Volume de liquido retido na camada capilar versus a vazão de chuva................ 174 Figura 4.70 - Volume de liquido coletada pelo dreno da camada capilar e volume de liquido coletado pelo dreno do bloco capilar versus a vazão de chuva...................................................................................................... 175 xxii LISTA DE TABELAS Tabela 2.1 - Componentes dos RSU e seus grupos (COMLURB, 2005).................................... 12 Tabela 2.2 - Umidade dos componentes dos RSU do aterro sanitário Bandeirantes (CARVALHO, 1999). .................................................................................. 16 Tabela 2.3 - Peso Específico dos RSU de diversas regiões da cidade do Rio de Janeiro (COMLURB, 2005). ........................................................................ 19 Tabela 2.4 - Valores do peso específico de aterros sanitários de RSU no exterior. .................... 20 Tabela 2.5 - Valores do peso específico de aterros sanitários de RSU no Brasil (DE LAMARE NETO, 2004; CARVALHO, 2006 ). .......................................... 21 Tabela 2.6 - Valores de coeficientes de permeabilidade de RSU na literatura. .......................... 22 Tabela 2.7 - Componentes de um sistema convencional de cobertura de um aterro Sanitário (GILL et al., 1999). ....................................................................... 38 Tabela 2.8 - Unidades de referência para o potencial da água do solo (PAHL, 2006)............................................................................................................. 48 Tabela 4.1 - Dados iniciais dos ensaios oedométricos com medida direta de sucção............... 115 Tabela 4.2 - Condições iniciais e finais dos corpos de prova nos ensaios triaxiais com medida direta de sucção realizados. ................................................... 119 Tabela 4.3 - Variação volumétrica do corpo de prova durante a fase de adensamento. .............................................................................................. 119 Tabela 4.4 - Dados iniciais dos ensaios de coluna realizados. .................................................. 124 Tabela 4.5 - Resultados dos ensaios de coluna realizados. ....................................................... 140 Tabela 4.6 - Potencial de retenção de água e chuva equivalente para uma área considerada de 0,65 m2e camada capilar com espessura de 22cm. .......................................................................................................... 141 Tabela 4.7 – Tempo para falha da barreira capilar em decorrência da chuva. .......................... 163 Tabela 4.8 - Resultados dos ensaios de barreira capilar experimental. ..................................... 166 xxiii LISTA DE SÍMBOLOS A - Área d - Diâmetro h - Altura k - Condutividade hidráulica h - Altura m - Massa n - Porosidade g - Aceleração da gravidade T - Temperatura - Volume β - Ângulo ρw - Densidade da água ρ - Densidade σ - Tensão ψ - Potencial de água no solo ψg - Potencial gasoso ψH - Potencial hidráulico ψm - Potencial matricial ψo - Potencial osmótico ψz - Potencial gravitacional W - Teor de Umidade γd - Massa específica aparente seca V 1 CAPÍTULO 1 - 1.1 INTRODUÇÃO IMPORTÂNCIA DO ESTUDO A principal preocupação do planeta hoje são as mudanças climáticas que estão ocorrendo e a eminente escassez de recursos naturais que podem ocorrer devido às constantes agressões causadas pelos seres humanos ao meio ambiente. Isto preocupa, pois as perspectivas são sombrias e a tendência é de piorar devido ao crescimento populacional global desenfreado, a falta de planos e políticas específicos para tratar do assunto, associado ao pouco investimento (global) em pesquisas, quer sejam para recuperar o que foi degradado, quer seja para evitar degradações futuras, e a aparente indiferença de muitos países em relação ao assunto. No Brasil, estes problemas definitivamente não são menores devido ao seu tamanho continental e sua condição de “país em desenvolvimento”. Existe uma profunda carência, especificamente no Brasil, com relação à pesquisa e tecnologia nas áreas de geração, manejo e disposição final de resíduos. A geração e destino final dos resíduos sólidos urbanos, atualmente, são uma das maiores preocupações. Segundo o IBGE (2000) os principais meios de destino final dos resíduos sólidos urbanos são, na maior parte os lixões e, em menor parte os aterros sanitários. Mesmo atualmente, esta continua sendo a realidade. O aterro de resíduos gera um passivo ambiental que dura centenas de anos, mesmo, quando feito segundo critérios geotécnicos adequados, ainda assim constitui uma alternativa interessante para a disposição final dos resíduos sólidos urbanos. Um dos principais problemas em aterros sanitários é o sistema de cobertura final, que deve ser bem feito a fim de, principalmente, controlar a entrada da água de chuva no interior do aterro. A infiltração descontrolada de água no interior do aterro acarreta um aumento significativo na geração de lixiviado, o que provoca aumento do custo 2 com o tratamento deste lixiviado, e pode causar a instabilidade geomecânica de todo o aterro. A utilização de solos compactados com baixa permeabilidade é sistema mais utilizado para a construção da barreira final de cobertura, mas existem outras alternativas que podem, dependendo da situação, se mostrar mais interessantes. Uma destas alternativas é a barreira capilar, que é uma tecnologia que vem sendo cada vez mais estudada. Uma barreira capilar normalmente é construída utilizando-se solo, este trabalho estuda a construção da barreira capilar utilizando resíduo sólido urbano (RSU) pré-tratado mecânica e biológicamente. A construção da cobertura final de um aterro com a tecnologia da barreira capilar composta com RSU pré-tratado traria benefícios, tais como, aumento do espaço disponível para armazenamento de resíduos no aterro sanitário e diminuição de custos. 1.2 OBJETIVOS O presente trabalho tem como objetivo principal avaliar a utilização de resíduo sólido urbano pré-tratado mecânica e biológicamente como material de construção de uma barreira capilar, para cobertura final de aterros sanitários. Como conseqüência do objetivo principal, tem-se como objetivo secundário avaliar e estudar a utilização de uma barreira capilar como cobertura diária de um aterro sanitário. Para isto, as propriedades mecânicas do material estudado serão pesquisadas e avaliadas. Outro objetivo secundário deste trabalho será o desenvolvimento de técnicas para medida direta de sucção em ensaios mecânicos clássicos, como os ensaios oedométrico e triaxial, para se obter parâmetros de resistência para a condição não saturada. 3 1.3 ETAPAS DA PESQUISA Este trabalho concentrou-se inicialmente na definição do material que seria utilizado no estudo, e no desenvolvimento de técnicas de ensaios mecânicos para material não saturado. Paralelamente a isto, dispensou-se esforços no projeto e construção de equipamentos que possibilitassem a execução de ensaios baseados nas técnicas desenvolvidas. Após a definição do material alvo de estudo, passou-se à fase de coleta de amostras, seguida da avaliação das amostras coletadas. Uma vez definidas as propriedades físicas da amostra coletada, passou-se para a execução dos ensaios laboratoriais. Parte do trabalho foi realizado na Universidade Técnica de Braunschweig (Alemanha), fruto de parceria na pesquisa de barreiras capilares construída com resíduos sólidos urbanos, tema que é inédito. Os resultados obtidos na Universidade Técnica de Braunschweig também serão apresentados neste trabalho. Após a conclusão dos ensaios laboratoriais, seguiu-se a análise dos resultados obtidos, conclusões e o preparo do material escrito. 1.4 ORGANIZAÇÃO DA TESE Este trabalho foi dividido em 7 capítulos, tratando o segundo capítulo de uma revisão da literatura, que buscou posicionar o leitor sobre a situação atual em relação ao tema do RSU a nível mundial e nacional. Na revisão da literatura também foram analisados conceitos e experiências encontradas na literatura sobre os temas de cobertura final de aterros sanitários e barreiras capilares. 4 O terceiro capítulo expõe os materiais utilizados neste trabalho, descrevendo o material alvo de estudo e mostrando os equipamentos utilizados para a parte experimental. A metodologia utilizada para a realização dos ensaios laboratoriais é descrita neste terceiro capítulo também. No quarto capítulo são apresentados os resultados obtidos para os ensaios realizados na Universidade Técnica de Braunschweig (Alemanha), e todos os resultados experimentais obtidos no laboratório de Geotecnia da COPPE. Neste capítulo, também é feita a discussão dos resultados experimentais obtidos. No quinto capítulo, são apresentadas as conclusões do trabalho, juntamente com as recomendações para trabalhos futuros. No sexto capítulo, a revisão bibliográfica é apresentada, seguida dos anexos. Em anexo foram colocados todos os projetos dos equipamentos desenvolvidos e modificados, calibrações de transdutores e planilhas dos ensaios realizados neste trabalho. 5 CAPÍTULO 2 - 2.1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS Os resíduos sólidos, popularmente conhecidos como lixo, são restos da atividade humana, tidos como imprestáveis, sem valor e que precisam ser “jogados fora”. Na realidade, este grupo é bastante amplo englobando, além dos materiais no estado sólido que o termo sugere, também os materiais no estado semi-sólido, tais como lodos e até líquidos, com particularidades e consistências tais que não seja possível o seu livre fluir. De acordo com a definição da ABNT em sua norma NBR- 10004/2004, resíduos sólidos são “resíduos nos estados sólidos e semi-sólidos que resultam de atividades da comunidade, de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamentos de águas e esgotos, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos d’água ou exijam para isto soluções técnicas e economicamente inviáveis em face a melhor tecnologia disponível”. Do ponto de vista da Geotecnia, os resíduos podem ser classificados como materiais com “comportamento de solos” e como materiais com “comportamento diferente de solos”, segundo as recomendações do GLR – Recommendations Geotechnic of Landfill (KNOCHENMUS et al., 1998 e KÖNIG & JESSBERGER, 1997). 2.1.1 Classificação dos Resíduos Sólidos Urbanos Segundo a ABNT norma NBR 10004/2004 os resíduos sólidos podem ser classificados em: 6 • Resíduos Classe I – Perigosos: são os chamados resíduos perigosos por apresentarem periculosidade quanto à inflamabilidade, reatividade, toxidade, patogenicidade ou corrosividade; • Resíduos Classe II – Não Perigosos • Resíduos Classe II A – Não Inertes: são os resíduos que não se enquadram nas classificações de resíduos classe I – Perigosos ou resíduos de classe II B – Inertes. Podem ter propriedades tais como: biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água; • Resíduos Classe II B – Inertes: são os resíduos que quando amostrados de uma forma representativa, submetidos a um contato dinâmico e estático com água destilada ou desionizada, à temperatura ambiente, não tiveram nenhum não tiveram nenhum de seus constituintes solubilizados de forma a alterar os padrões de potabilidade da água. 2.1.2 A Disposição dos Resíduos Sólidos Urbanos O solo é o principal meio de recepção dos RSU e as formas mais usuais de disposição de RSU são: • Lixões ou Vazadouros – são caracterizados pela ausência de controle dos resíduos depositados quanto ao volume, periculosidade, classe, etc. Os resíduos ficam depositados sobre o solo natural, a céu aberto sem nenhum tipo de proteção ao meio ambiente ou à saúde pública e geralmente não sofrem compactação para redução de volume. Não é feito controle de entrada de pessoas e animais. • Aterro Controlado – a principal diferença desta forma de disposição para os vazadouros está no fato de haver um controle mínimo como cobertura de solo sobre os resíduos dispostos, compactação para redução de volume e restrição de entrada de pessoas e animais. Não estão 7 presentes, porém, sistemas de controle ambiental como impermeabilização do solo e drenagem do lixiviado e gases produzidos. • Aterros Sanitários – são aqueles que possuem elementos apropriados e técnicas de engenharia aplicadas na disposição dos resíduos. São constituídos por células de disposição, compactação do resíduo, cobertura, sistema de drenagem e tratamento do lixiviado e gases produzidos, impermeabilização de base, instrumentação e monitoramento geotécnico e ambiental, etc. Os aterros sanitários podem ser classificados quanto ao tipo de resíduo recebido e métodos de aterramento. Segundo a ABNT (1997), aterro sanitário é a forma de disposição de RSU que obedece a critérios de engenharia e normas operacionais específicas, permitindo o confinamento seguro em termos de controle de poluição ambiental e proteção à saúde pública. Métodos de Disposição em Aterros Sanitários Os principais métodos de disposição em aterros sanitários são: o método da trincheira, método da área e método da rampa. O método da área, ou aterro tipo superficial, (Figura 2.1 A) é usado se a topografia local permitir o recebimento dos resíduos sólidos sem a alteração da configuração natural do terreno onde será instalado o aterro. Este método é indicado para uma área inadequada à escavação, que seja plana e onde o lençol freático é muito superficial. Em alguns casos é necessária a construção de diques de contenção ou valas de retenção de águas pluviais. Este método tem como desvantagem a necessidade constante de rebaixamento do lençol freático, necessidade de drenagem de toda a área antes da construção e necessidade de construção de diques ao longo da linha costeira ou de rios, para evitar a contaminação das águas pelo lixiviado (MATEUS, 2005). O método da trincheira, ou vala, (Figura 2.1 B) deve ser utilizado quando existe uma quantidade adequada de material para a cobertura na área a ser escavada, o lençol freático não estiver próximo à superfície, e o local escolhido for 8 plano ou tiver pouca inclinação. É um método indicado para pequenas comunidades, com poucos recursos, mas que tenha equipamentos adequados à operação de um aterro convencional. No método da rampa, ou método de preenchimento, (Figura 2.1 C) a topografia local é aproveitada. O resíduo é disposto em locais como rampas, depressões e áreas de encostas, desde que, o solo natural apresente boas condições para a escavação e seja possível sua utilização como cobertura do resíduo. Uma desvantagem deste método é a constante necessidade de controle da drenagem superficial devido ao fato de que, normalmente, os resíduos ficam ao longo do caminho natural das águas. Figura 2.1 - Métodos de disposição de resíduos em aterros sanitários (QUIAN et al., 2002). 9 2.1.3 Sistema de Cobertura de Aterros Sanitários Uma dos principais objetivos dos projetos de disposição final de resíduos é evitar a contaminação do subsolo e da água subterrânea, para tanto, há necessidade de se controlar e minimizar ao máximo a quantidade de percolado. Segundo FARIA (2002), todos os métodos de construção de aterros sanitários diferem na forma de execução, mas a sistemática de acondicionamento do resíduo é a mesma, consistindo na construção de células sanitárias, que são cobertas com solo diariamente. O sistema de cobertura, que pode ser diário, intermediário ou final, tem a função de proteger a superfície das células do resíduo, controlar o espalhamento dos resíduos pela ação do vento, evitar a proliferação de vetores, controlar a entrada de água no corpo do aterro durante a operação e, portanto, reduzir a produção de percolados, reduzir odores, evitar a presença de catadores, permitir o tráfego de veículos coletores sobre o aterro, eliminar a queima de resíduos, controlar a saída do biogás, resistir a processos erosivos e deverá permitir a utilização futura do local. Segundo BLIGHT et al. (2003), o sistema de cobertura final é um componente do aterro sanitário e deve prevenir que o resíduo contamine e deve estar em equilíbrio com o meio ambiente, sendo que, o sistema de cobertura deve requerer o mínimo de manutenção após o fechamento do aterro sanitário. A produção de lixiviado resultante do processo de degradação é normalmente reduzida ao longo do tempo, portanto o fator principal que influencia na produção de lixiviado são as águas pluviais que se infiltram e se somam à quantidade de líquidos percolados. Assim sendo, o tipo de cobertura é um fator decisivo para a geração de lixiviado. 10 2.2 2.2.1 CARACTERÍSTICAS DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS Propriedades Biológicas dos Resíduos Sólidos Urbanos As propriedades biológicas dos RSU são regidas em função das populações microbianas. A biodegradabilidade é a principal propriedade biológica de interesse sobre o ponto de vista geotécnico. A diminuição da compressibilidade e da permeabilidade do RSU com o tempo, a perda contínua de massa, ganho de densidade e geração de gases são parâmetros de grande importância em projetos e operações de aterros sanitários (OLIVEIRA, 2002). A biodegradação é influenciada pela granulometria, idade, composição, teor de umidade, temperatura no aterro, aspectos quantitativos e qualitativos de nutrientes, pH dos líquidos presentes e densidade e grau de compactação dos resíduos. Segundo MARQUES (2001), os aterros sanitários podem ser entendidos como verdadeiros e heterogêneos reatores biológicos, tendo como principais componentes de entrada e alimentação, os resíduos sólidos e a água, e como principais elementos de saída, os líquidos percolados e o biogás. 2.2.2 Propriedades Químicas dos Resíduos Sólidos Urbanos 2.2.2.1 Composição Química A composição química faz-se importante quando da escolha do processo de tratamento a ser aplicado aos RSU ou forma de disposição final. São parâmetros importantes a quantificação dos teores de matéria orgânica, teor de cinzas, carbono, potássio, fósforo, etc. 11 2.2.2.2 Poder Calorífico O poder calorífico indica a capacidade potencial de um material desprender determinada quantidade de calor quando submetido à queima. Este parâmetro é de fundamental importância para dimensionamento de incineradores. 2.2.2.3 Relação Carbono/Nitrogênio Esta relação é um indicador do grau de decomposição da matéria orgânica dos RSU nos processos de tratamento como a compostagem e disposição final. 2.2.2.4 Potencial Hidrogeniônico O potencial hidrogeniônico (pH) indica o grau de alcalinidade ou acidez dos RSU. O pH está relacionado com a velocidade de degradação e estabilização da matéria orgânica na massa de resíduos. 2.2.3 Propriedades Físicas Composição Física ou Gravimétrica A composição física, ou gravimétrica, define o percentual de cada componente presente no resíduo espelhando, geralmente, os níveis de desenvolvimento econômico, tecnológico, sanitário e cultural da população que o gerou. A Tabela 2.1 apresenta os principais componentes presentes nos RSU, divididos em grupos. 12 Tabela 2.1 - Componentes dos RSU e seus grupos (COMLURB, 2005). Grupo Papel Plástico Vidro Orgânico Metal Inerte Outros Componente Papel Papelão Plástico Duro Plástico Filme Vidro Claro Vidro Escuro Matéria Orgânica Agregado Fino Metal Ferroso Metal Não Ferroso Pedra Louça – Cerâmica Folha Madeira Borracha Têxteis Couro Ossos Conhecer os elementos que compõem a massa de resíduos e o percentual de cada material é, também, de particular importância, visto que, este condiciona o comportamento global do aterro. Segundo CARVALHO (1999), os RSU são admitidos como materiais multifásicos constituídos por fase sólida, líquida e gasosa, assim como os solos. Existe uma variação do percentual das fases com o tempo devido aos processos de biodegradação que estão relacionados com teor de umidade, conteúdo orgânico do RSU e condições climáticas. A fase sólida é composta de diversos materiais, os quais formam um arranjo poroso, com vazios interpartículas e intrapartículas, que podem ou não estar preenchidos por líquido percolado e/ou biogás e ainda podem estar em processo de decomposição. Dessa forma, verifica-se que o ponto básico para a compreensão do comportamento dos maciços de RSU é o conhecimento das interações existentes entre as três fases e as alterações destas com o tempo. Algumas diferenças entre os RSU e solos podem ser observadas, como o fato de a fase sólida dos RSU poder ser dividida em materiais inertes estáveis, materiais altamente deformáveis e materiais orgânicos biodegradáveis. 13 Os materiais inertes estáveis (vidros, cerâmicas, solos, entulhos, etc.) apresentam comportamento semelhante aos solos granulares muito heterogêneos, desenvolvendo forças de atrito entre as partículas. Os materiais altamente deformáveis (plásticos, papéis, papelões, têxteis, borracha, etc.), além de sua deformabilidade, comportamento anisotrópico e a possibilidade de absorver ou incorporar fluidos no interior de sua estrutura, quando submetidos a carregamentos podem sofrer deformações iniciais com mudança de sua forma original, além da possibilidade de deformações de natureza viscosa. Já a matéria orgânica biodegradável, passa por transformações físicoquímicas em curto prazo, gerando líquidos e gases (GRlSOLIA & NAPOLEONI, 1996). O conhecimento da composição física dos RSU em relação aos percentuais de matéria orgânica e de plásticos/têxteis tem relação direta com a resistência ao cisalhamento dos resíduos. Os plásticos e têxteis que constituem os principais componentes fibrosos do resíduo, conferem a estes valores de coesão muitas vezes elevados, lembrando que esta coesão não tem relação alguma com a definida para solos argilosos que é devido às forças eletroquímicas de atração de partículas. Já o percentual de matéria orgânica está diretamente vinculado ao teor de umidade, à permeabilidade e ao peso específico da massa de resíduo. Teores de umidade mais elevados remetem a coeficientes de permeabilidade e pesos específicos mais baixos, que são parâmetros de grande importância em projetos e operações de aterros sanitários. O percentual de matéria orgânica dos RSU brasileiros varia entre 50 e 60%, que é um valor típicos de países em desenvolvimento. Este teor orgânico elevado propicia, entre outros fatores, um elevado teor de umidade ao resíduo. A composição física, ou gravimétrica, dos resíduos tende a se alterar ao longo do tempo em função da deterioração da matéria orgânica (DE LAMARE NETO, 2004). 14 2.2.4 Composição Granulométrica A sistemática da determinação da dimensão e distribuição das partículas dos RSU é limitada em face da grande heterogeneidade e variedade dos resíduos não existindo um método padronizado para análise da distribuição do tamanho das partículas dos RSU (SANTOS & PRESA, 1995). A análise da distribuição do tamanho das partículas é comumente realizada utilizando-se a análise granulométrica clássica da mecânica dos solos. Assim, a composição granulométrica dos RSU o caracteriza como um material predominantemente granular que apresenta elevado percentual de frações grosseiras (tamanho correspondente a pedregulhos) e com fração fina inferior a 20% (partículas < 0,075 mm). Podem ser observado na Figura 2.2, curvas granulométricas de RSU com idades variando entre 8 meses e 15 anos. Nota-se que o percentual de materiais com granulação mais fina tende a aumentar com os anos, resultado da biodegradação do material orgânico. Estas características granulométricas podem ser acentuadas caso o sistema de drenagem interna do aterro seja eficiente, ou seja, não havendo acúmulo de efluentes líquidos e gasosos. Caso a drenagem interna seja ineficiente, ou inexistente, a dificuldade na eliminação dos efluentes poderá gerar regiões com massas orgânicas muito moles. 15 Figura 2.2 - Distribuição Granulométrica dos RSU para diferentes idades (modificada por DE LAMARE NETO, 2004). 2.2.5 Teor de Umidade O teor de umidade do RSU depende de vários fatores como sua composição granulométrica inicial, composição gravimétrica, condições climáticas, procedimentos operacionais, taxa de decomposição biológica e eficiência do sistema de drenagem de lixiviado e gases. A determinação da umidade para os RSU é realizada pelos métodos usuais da geotecnia como uma relação entre massa de água e a massa seca da amostra. Na determinação do teor de umidade, a temperatura da estufa não deve ser superior a 70°C para evitar a queima de matéria orgânica. Cabe ressaltar que não existe uma normatização específica para o ensaio da determinação do teor de umidade de amostras de RSU. O teor de umidade dos RSU pode ser determinado também com base no peso úmido da amostra, por meio da relação com a umidade com base seca, como mostrado na seguinte equação : 16 Wbúmida = Wbseca x100 (1 + Wbseca) ( 2.1 ) Em que: Wbúmida - Teor de umidade em base úmida; Wbseca - Teor de umidade em base seca; Maiores percentuais de matéria orgânica correspondem a teores de umidade mais elevados dos RSU (LANDVA & CLARK, 1990 e KNOCHENMUS et al., 1998). Cada componente constituinte dos RSU apresenta diferentes valores de umidade, conforme pode ser observado na Tabela 2.2. Tabela 2.2 - Umidade dos componentes dos RSU do aterro sanitário Bandeirantes (CARVALHO, 1999). Componentes Metal Papel Vidro Plástico Borracha Têxteis Pedra Madeira Mat. Orgânica Teor de Umidade – W(%) Massa de água / Massa Seca Massa de água / Massa Úmida 19,6 16,4 74,8 42,8 5,9 5,7 41,5 29,3 24,5 19,6 55,0 35,5 12,6 11,2 69,8 41,1 47,0 32,0 As condições climáticas como índices pluviométricos e a taxa de evapo-transpiração influem na variação do teor de umidade. Segundo BLIGHT et al. (1992), para o aterro de Linbro em Johannesburg, África do Sul, os teores de umidade entre as profundidades de 3,0 a 5,0 m praticamente duplicaram quando comparados aos valores medidos em outubro de 1988 (cerca de 50%) e novembro de 1990 (cerca de 100%) sendo este último após um período de intensas chuvas. A Figura 2.3 ilustra a variação do teor de umidade com a profundidade no aterro de Linbro. 17 Figura 2.3 - Teor de Umidade x Profundidade (BLIGHT et al., 1992). Ensaios realizados no aterro sanitário Bandeirantes, em São Paulo, por CARVALHO (1999), através de amostras coletadas em 2 furos, a trado, mostraram os resultados apresentados na Figura 2.4. Figura 2.4 - Variação do Teor de Umidade dos RSU com a profundidade, no aterro sanitário dos Bandeirantes, SP (CARVALHO, 1999). 18 2.2.6 Peso Específico O peso específico representa a relação entre o peso e o volume unitário na massa de resíduos, sendo que seu valor varia de acordo com a etapa considerada, ou seja, desde sua geração até o destino final nos aterros, variando também com o tempo após sua disposição. Os fatores principais que influenciam o peso específico dos RSU são a sua composição física, granulométrica, volume da camada de cobertura diária e o grau de compactação durante a deposição (método executivo do aterro). O valor do peso específico está diretamente ligado à sua composição gravimétrica, sendo que quanto maior for a quantidade de componentes leves (papel, papelão, plásticos, etc), ou quanto menor for à quantidade de matéria orgânica, menor será seu valor. Observa-se que em áreas de maior poder aquisitivo, com maior consumo de materiais supérfluos, o peso específico dos RSU é menor quando comparado a áreas de menor poder aquisitivo, com maior descarte de matéria orgânica. A Tabela 2.3 apresenta valores de peso específico dos RSU de diversas regiões da cidade do Rio de Janeiro. Vale ressaltar, que os pesos específicos apresentados na Tabela 2.3, foram obtidos em estações de transferência e/ou logo após a coleta, assim sendo, não são pesos específicos obtidos diretamente em aterros de RSU. Como dito, o peso específico é influenciado pela espessura da camada de cobertura diária e também pelo método executivo do aterro. Valores crescentes do peso específico com a profundidade, em conseqüência da compressão e consolidação da massa de resíduo, devido à sobrecarga das camadas superiores, são observados. WIEMER (1982) e KAVAZANJIAN (1995) demonstraram que o peso específico pode variar de valores de 6,0 kN/m3, na superfície, até cerca de 12,0 kN/m3 a profundidades em torno de 40 m, a partir das quais tende a se estabilizar. 19 Tabela 2.3 - Peso Específico dos RSU de diversas regiões da cidade do Rio de Janeiro (COMLURB, 2005). PESO Regiões ESPECÍFICO (kN/m3) AP 1 1,44 AP 2.1 1,35 AP 2.2 1,45 AP 3.1 1,47 AP 3.2 1,44 AP 3.3 1,60 AP 4 1,28 AP 5.1 1,46 AP 5.2 1,54 AP 5.3 1,56 Média 1,45 O grau de compactação é fator preponderante no valor do peso especifico, podendo-se afirmar que, de uma maneira geral, os valores encontrados podem variar de 3,0 a 7,0 kN/m3 para resíduos não compactados, até valores de 9,0 a 13,0 kN/m3 quando aplicada uma compactação controlada, utilizando-se tratores de esteira, ou rolos de compactação apropriados (DE LAMARE NETO, 2004). Na Tabela 2.4 são apresentados valores de peso específico para RSU encontrados na literatura internacional. Sabe-se que o valor do peso específico do RSU pode variar devido a diversos fatores ( idade do resíduo, grau de compactação, classe econômica da área geradora, economia predominante da área geradora, existência ou não de prétratamento, etc.). No caso da Tabela 2.4 observa-se uma enorme discrepância nos valores apresentados por OCHS & SHANE (2006), isto se deve a diferença entre as 20 classes econômicas da região geradora onde as amostras foram retiradas. Observa-se que as amostras para a população de classe econômica mais baixa apresenta um peso específico mais alto em relação a amostra retirada para uma população de classe econômica alta. Isto se deve provavelmente a maior quantidade de matéria orgânica normalmente encontrada nos resíduos de áreas onde predomina população de classe econômica baixa. Tabela 2.4 - Valores do peso específico de aterros sanitários de RSU no exterior. Peso Específico (kN/m3) Autor 7,35 OCHS & SHANE (2006) 4,9 1,96 7,64 – 9,51 11,5 – 14,21 BAUER et al. (2006) 9 – 9,51 8,33 – 10,6 Local / Condições Resíduo fresco / Pop. de baixa renda. Resíduo fresco / Pop. de classe média. Resíduo fresco / Pop. de alta renda. Medida de campo Resíduo Pré-Tratado Mecânica e Biológicamente (umidade de 38-40%) Medida de campo Resíduo Pré-Tratado Mecânica e Biológicamente (umidade de 33-35%) Medida de campo Resíduo Pré-Tratado Mecânica e Biológicamente (umidade de 38%) Medida de campo Resíduo Pré-Tratado Mecânica e Biológicamente (umidade de 30%) Na Tabela 2.5 podem ser observados valores para peso específico de RSU no Brasil, evidenciando que estes possuem valores semelhantes àqueles fornecidos pela literatura brasileira. 21 Tabela 2.5 - Valores do peso específico de aterros sanitários de RSU no Brasil (DE LAMARE NETO, 2004; CARVALHO, 2006 ). Peso Específico kN/m3 Autor KAIMOTO & CEPOLINA, 1987 BENVENUTO & CUNHA, 1991 SANTOS & PRESA, 1995 5,0 a 7,0 9,0 a 13,0 10,0 13,0 7,0 10,0 MAHLER & ITURRI, 1998 10,5 CARVALHO, 2006 entre 9,47 e 16,36 entre 9,99 e 11,75 Local/Condições Resíduos novos não decompostos e pouco compactados Resíduos após compactação com tratores de esteira ou rolo compactador e após a ocorrência de recalques Condição drenada Condição saturada Resíduos recém lançados Resíduos após a ocorrência de recalques Seção do aterro sanitário do Sítio São João com 84 m de desnível e 10 meses de alteamento lixão da cidade de Paracambi aterro sanitário de Santo André Estes valores de peso específico para RSU brasileiro encontrados na literatura mostram também uma grande variação de valores e, apesar de não se ter maiores informações a respeito da idade destes resíduos, pode se observar que resíduos mais novos apresentam menor valor de peso específico, sendo que, à medida que os resíduos vão ficando mais velhos seus respectivos pesos específicos aumentam, devido a diminuição das partículas do RSU causada pelos processos naturais de degradação. Comparando-se a Tabela 2.4 com a Tabela 2.5 verifica-se, apesar da grande variação e de valores de peso específico baixos encontrados para os RSU internacionais, que os valores são da mesma ordem de grandeza e tem a tendência de aumentarem com o envelhecimento do RSU. 2.2.7 Permeabilidade O coeficiente de permeabilidade do resíduo é um importante parâmetro de projeto e operação de aterros sanitários, particularmente nos casos de problemas de estabilidade e migração não controlada de líquido percolado. 22 Para SANTOS & PRESA (1995) os RSU são "livres drenantes" propensos a se comportarem de modo drenado, ou seja, a não desenvolverem excessos de poro pressão. Segundo BOSCOV & ABREU (2001), esta teoria é questionável, visto que, pressões de gás e de lixiviado, de até 170kPa, foram medidas em aterros sanitários brasileiros. Análises da ruptura do sub-aterro AS-l do aterro de Bandeirantes (SP) demonstraram que o fator deflagrador do fenômeno foi a elevação da poro pressão devido ao acúmulo de lixiviado. Fatores ru, de até 0,6 foram admitidos nas retro-análises para a obtenção de fatores de segurança unitário (BENVENUTO & CUNHA, 1991 apud OLIVEIRA, 2002). O coeficiente ru é utilizado nas análises de equilíbrio limite agindo como a aplicação de um valor de poro pressão na base de cada fatia correspondendo ru vezes a tensão total vertical atuante. A permeabilidade do RSU é influenciada pela sua composição gravimétrica e pelo grau de compactação da massa de resíduo. Na Tabela 2.6, a seguir, é observada uma coletânea de resultados de ensaios de permeabilidade encontrados na literatura nacional e internacional. Tabela 2.6 - Valores de coeficientes de permeabilidade de RSU na literatura. Referência EHRLICH (1994) et al. MARIANO & JUCÁ (1998) DURMUSOGLU et (2005) HEISS-ZIEGLER FEHRER (2003) CARRUBBA COSSU (2003) MUNNICH et (2005) MUNNICH et (2005) Coeficiente de Permeabilidade K (m/s) 8,0 1,0 x 10-5 - 1,89 x 10-8 a 4,15 x 10-6 4,7 x 10-6 a 1,24 x 10-4 8,83 x 10-11 a 1,1 x 10-7 1,0 x 10-8 a 1,0 x 10-4 2,0 x 10-9 a 4,0 x 10-4 6,0 x 10-7 a 2,0 x 10-3 al. & & al. al. CARVALHO (1999) AGUIAR (2001) Peso Específico (kN/m3) 8,0 – 15,0 5,0 x 10-8 a 8,0 x 10-6 - 9,39 x 10-7 a 1,09 x 10-6 Método de Ensaio Ensaio in situ em furo de sondagem Ensaio in situ em furo de sondagem Ensaio de Coluna (Laboratório) Orientação Horizontal Vertical Vertical Ensaio Triaxial Vertical Ensaio Oedométrico Vertical Laboratório Vertical Laboratório Horizontal Ensaio in situ. Infiltração em furo de sondagem Permeâmetro Guelph Vertical 23 Verifica-se, observando a Tabela 2.6, que a permeabilidade em RSU varia de 10-3m/s à 10-11m/s. Os principais fatores que influenciam na variação do coeficiente de permeabilidade em RSU são a densidade e a idade do resíduo, valendo observar que a permeabilidade horizontal é maior do que a permeabilidade vertical em RSU, sendo de 1 a 2 ordens de grandeza maior (MUNNICH et al., 2005). Ainda, segundo MUNNICH et al. (2005), com o aumento na densidade do RSU há uma redução na diferença entre a permeabilidade horizontal e a permeabilidade vertical. 2.2.8 Temperatura Em aterros sanitários de RSU a temperatura varia entre 30º a 60º, crescendo com a profundidade entre 5,0 a 10,0m, e a partir de 10,0m tende a estabilizar. Segundo estudos de COUMOULOS et al. (1995) e MARIANO & JUCÁ (1998), a partir de 5,0 m a temperatura no interior do aterro não é, aparentemente, afetada pelas variações sazonais da temperatura ambiente (Figura 2.5). Segundo JUNQUEIRA (2000), as temperaturas no interior da massa de resíduo são de grande importância principalmente no que se refere à atividade dos microrganismos que promovem a degradação dos diversos componentes presentes nos RSU. Figura 2.5 - Variação da temperatura dos RSU com a profundidade, Aterro da Muribeca, Recife, (MARIANO & JUCÁ, 1998). 24 2.2.9 Compactação A variação do peso específico seco dos RSU com o teor de umidade de compactação, apresenta comportamento semelhante ao encontrado em solos, com base em análises de um conjunto de curvas de compactação apresentadas por KÖNIG & JESSBERGER (1997). GABR & VALERO (1995) ensaiaram resíduos sólidos urbanos com idade entre 15 e 30 anos utilizando energia do Proctor Normal. Nestes, obtiveram peso específico seco máximo de 9,3 kN/m3, associado a um teor de umidade ótimo de 31 %. A saturação completa foi atingida com um teor de umidade de cerca de 70%, correspondendo a um peso específico seco de aproximadamente de 8,0 kN/m3. A curva de saturação foi obtida utilizando um peso específico dos grãos igual a 20,0 kN/m3 como apresentado na Figura 2.6. Figura 2.6 - Curvas de Compactação para diversos resíduos (MARQUES, 2001). As diferenças entre as curvas de compactação observadas por GABR & VALERO (1995) e as apresentadas por MARQUES (2001) podem ser explicadas pela utilização de resíduos antigos, com alta percentagem de materiais particulados em sua composição e também as limitações de representatividade de ensaios laboratoriais para os RSU (OLIVEIRA, 2002). 25 2.2.10 Capacidade de campo A quantidade de água que um perfil de terreno retém, sem considerar a vegetação e a evaporação, contra a ação da gravidade, após plenamente inundado e deixado drenar livremente por alguns dias (um a quatro dias). Em condições de campo, determina o volume máximo, aproximado, de água que um solo bem drenado pode armazenar por longos períodos sem evapotranspiração, este parâmetro é chamado de capacidade de campo. Experimentos em laboratório para a determinação da capacidade de campo dos RSU foram realizados por BLIGTH et al (1992) e ZORNBERG et al. (1999). O experimento constou na inundação de uma amostra de resíduo sólido, sendo permitido o escoamento do excesso de líquido num período de 24 horas. Em seguida, aplicou-se sobre a amostra uma sobrecarga a pressões crescentes, para as quais a capacidade de campo foi determinada. Os valores de capacidade de campo encontrados variaram entre 225%, para resíduo novo com baixa pressão de confinamento, a 55%, para resíduo velho comprimido a um peso especifico de aproximadamente 10kN/m3. O valor da capacidade de campo para RSU apresenta uma grande variação, necessitando assim mais estudos para entender os mecanismos que regulam o comportamento deste parâmetro em RSU. No entanto, sabe-se que a capacidade de campo varia com a idade, densidade e composição do RSU. 2.3 MÉTODOS DE PRÉ-TRATAMENTO MECÂNICO BIOLÓGICO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS 2.3.1 Introdução O tratamento mecânico consiste em diminuir as dimensões do RSU através da trituração mecânica, que serve também para homogeneizar a massa que passará pelo tratamento biológico. 26 O tratamento biológico de resíduos é baseado na biodegradação das substâncias orgânicas por vários microrganismos. A decomposição durante a compostagem ocorre na presença de ar (aerobiamente) ou na ausência dele (anaeróbiamente), e resulta na redução de qualquer matéria orgânica existente. Recalques significativos da ordem de 20 a 25% da altura do aterro são observados devido aos processos de degradação biológica, os quais, de forma desordenada e sem monitoramento podem danificar o sistema de impermeabilização de base e os sistemas de coleta de gás e de líquidos percolados. O comportamento, do aterro em termos de recalques e geração de líquidos e gases, pode ser melhorado significativamente com o processo de prétratamento dos resíduos diminuindo, também, o volume do resíduo a ser disposto em mais de 60%. O potencial de emissões dos resíduos é drasticamente reduzido com o prétratamento em comparação com resíduos não tratados. As emissões dos resíduos prétratados podem ser controladas e tratadas com baixo custo. Deve-se ter em mente que apesar do pré-tratamento mecânico biológico apresentar muitas similaridades com a compostagem, seu objetivo não é produzir composto (adubo orgânico) para ser utilizado na agricultura ou horticultura, uma vez que, metais pesados e outras substâncias nocivas, com teores inaceitáveis, ainda podem estar presentes no final do processo de pré-tratamento mecânico biológico. Nos aterros de resíduos pré-tratados o objetivo é atingir o máximo de densidade e uniformidade na compactação, o que pode ser feito facilmente com o auxílio de máquinas compactadoras ou rolo compressor, como pode se observar através da Figura 2.7. Ainda se utilizando destes recursos, é possível tomar certos cuidados, como diminuir o acúmulo de lixiviado através da execução de uma inclinação no aterro, propiciando assim, uma melhor drenagem superficial, e da utilização de coberturas que minimizem a percolação de água para dentro do aterro. 27 Figura 2.7 Exemplo de máquinas compactadoras (MÜNNICH, 2006). 2.3.2 Definições O pré-tratamento mecânico biológico é uma combinação de processos mecânicos e biológicos utilizados para o tratamento de resíduos, visando à disposição em aterro sanitário. O processo mecânico tem como objetivo preparar o resíduo para o processo biológico. Neste processo são separadas, idealmente, as substâncias que podem interferir no tratamento biológico tais como metais, vidros, plásticos e baterias, através de diversos dispositivos como homogeneização, moagem, aglomeração, classificação, separação e peneiramento. A finalidade da minimização e homogeneização é otimizar a degradação dos resíduos remanescentes através do simples aumento da superfícies de contato. O processo biológico estabiliza o resíduo bruto através da degradação da matéria orgânica existente. O nível de degradação que a fração orgânica pode atingir 28 dependerá da composição do resíduo, do método de tratamento aplicado e da duração do tratamento. O resíduo minimizado e homogeneizado mecanicamente é disposto em leiras que podem permanecer estáticas ou ser revolvidas a cada período de tempo, com o auxílio de máquinas específicas para este procedimento. Nestas leiras, pode-se utilizar o processo aeróbico ou anaeróbico de compostagem. No processo aeróbio a matéria orgânica é degradada liberando de calor, CO2 e água. A ventilação utilizada pode ser a natural ou com ajuda de dispositivos aplicados quando da montagem das leiras para se obter uma ventilação ideal desejada por um processo semelhante a uma chaminé, no qual há uma troca de energia entre a massa de resíduos da leira e o meio ambiente. Este tipo de processo foi feito no aterro de São Sebastião, Estado de São Paulo, e pode ser visto através da Figura 2.8. Na massa de resíduos, durante o processo de degradação há uma produção de microrganismos, acelerada pela presença abundante de matéria orgânica, provocando uma elevação de temperatura, o que, devido à busca de equilíbrio com o meio externo, ocasiona um fluxo praticamente espontâneo de ar através de estruturas de madeira (palettes), tubos e da própria leira. Ao invés de palettes podem ser empregados outros meios de apoio da leira os quais também garantem um fluxo de ar. No entanto, um aspecto importante a ser observado é a umidade que deve ser mantida em um nível específico, e garantida por uma irrigação descontínua. O controle de umidade periódica da leira é importante bem como o uso de conceitos de balanço hídrico. Figura 2.8 – Vista de uma leira de resíduo homogeneizado sendo degradado através da utilização do processo aeróbico, com utilização de palettes. 29 O processo anaeróbio ocorre na ausência do oxigênio e os resíduos orgânicos são convertidos em biogás, água e resíduos de digestão. Este processo exige um monitoramento dos gases gerados, uma vez que ocorre em um ambiente fechado, havendo predominância da produção de CH4. 2.3.3 Tipos de Pré-tratamento Mecânico Biológico São vários os tipos de pré-tratamento, alguns destes processos serão citados e comentados neste item, a fim de ilustrar melhor a origem do material alvo deste trabalho. De acordo com a definição da TMB (Tratamento Mecânico Biológico), o pré-tratamento destina-se principalmente ao gerenciamento adequado dos resíduos domiciliares, tendo os seguintes objetivos: Separação de diferentes tipos de resíduos para reaproveitamento de materiais; Enriquecimento do fluxo parcial calorífico para incorporá-lo no reaproveitamento térmico; Tratamento dos resíduos para disposição final. Em países desenvolvidos observam-se facilmente os três objetivos, mas em países em desenvolvimento, geralmente, o segundo item não é observado. No caso dos países em desenvolvimento, os principais interesses são a melhoria da forma de disposição dos resíduos e um possível reaproveitamento de materiais. 30 2.3.3.1 Sistema MBA - VAGRON O processo consiste em separar previamente e manualmente vidro, pedra e areia que são interessantes para reciclagem. Logo depois o resíduo é distribuído através do tratamento mecânico em várias frações. A maior parte dele é formada de ferro e materiais leves como papel e plástico que são levadas e aproveitadas para a incineração. No final o que resta é levado para o depósito onde é tratado e o resultado é um material fino e úmido que pode ser utilizado energeticamente ou pode ser usado como cobertura de aterros sanitários. LIXO SEPARAÇÃO TRATAMENTO MECÂNICO - TRITURAÇÃO TRATAMENTO BIOLÓGICO EM SISTEMA FECHADO ONDE HÁ CIRCULAÇ CIRCULAÇÃO DE AR E RECIRCULAÇÃO TRATAMENTO BIOLÓGICO DEPOSITANDO EM LEIRAS AO AR LIVRE Figura 2.9 - Esquema operacional do sistema VAGRON (FRICKE et al. 1995). 2.3.3.2 Sistema MBA – KIRCHDORF Este sistema tem como principal elemento componente um separador que decompõe o resíduo em três frações (pesada, leve e fina), sendo que a fração maior que 50mm segue para incineração e a fração menor é transformada em adubo, assim, cerca de 2/3 do material é incinerado. Este processo não requer mão de obra especializada, porém pode não ser interessante do ponto de vista ambiental. 31 LIXO CAIXA GRANDE MINIMIZAÇÃO E HOMOGENIZAÇÃO RETIRADA DE METAIS (MAGNETO) SEPARADOR LEIRA ESPECIAL FRAÇÃO PESADA E LEVE FRAÇÃO < 5cm INCINERAÇÃO ADUBO Figura 2.10 - Esquema operacional do sistema KIRCHDORF (FRICKE et al. 1995). 2.3.3.3 Sistema MBA – BASSUM Este sistema é complexo e requer um extenso número de máquinas especificamente elaboradas para a separação e processamento. Possui também um forno de aquecimento que efetua a incineração no próprio local onde o resíduo é tratado sem precisar se transportado para uma usina específica. Este processo pode ser utilizado para vários tipos de resíduos, tais como, resíduos sólidos urbanos, resíduo industrial, resíduos de madeira, resíduos de construção civil, dentre outros. Para conseguir trabalhar com esta variedade de resíduos, este processo adota uma separação em três linhas de tratamento, sendo que, a primeira linha para tratamento de resíduos de grande porte como resíduos industriais e madeiras, a segunda para resíduos sólidos urbanos e resíduos comerciais e por fim a terceira que trata de resíduos de consistência pastosa ou de lama. 32 LIXO LINHA 01 (LIXOS GRANDES, INDUSTRIAIS, MADEIRA) RETIRADA DE PORÇÃO PERTURBADORA. TRITURADOR <4 cm (FINA) PENEIRAMENTO FERMENTAÇÃO FRAÇÃO < 8cm FORNO DE AQUECIMENTO APROVEITAMENTO ENERGÉTICO FRAÇÃO > 8cm TAMBOR DE HOMOGENIZAÇÃO COM ÁGUA. LINHA 02 (LIXO URBANO E COMERCIAL) LINHA 03 (LIXO DE CONSISTÊNCIA DE UMA PASTA) PENEIRAMENTO ARMAZENAGEM >4cm e < 8cm (MÉDIA) > 8cm (GROSSO) LEIRA PENEIRAMENTO HOMOGENEIZAÇÃO ÚMIDA LEIRA INCINERAÇÃO LEIRA Figura 2.11 - Esquema operacional do sistema BASSUM (FRICKE et al. 1995). 2.3.3.4 Sistema MBA – LINKENBACH É um sistema simples que conta com a retirada prévia dos materiais maiores manualmente, um tratamento mecânico baseado na trituração e peneiramento e um tratamento biológico que se dá através da degradação com o tempo do material disposto em pilhas. Todo o produto final é disposto em um aterro que é compactado. 33 LIXO RETIRADA DE PORÇÕES MAIORES MANUALMENTE. TRATAMENTO MECÂNICO (TRITURADOR, PENEIRA, TAMBOR) PENEIRAMENTO SEPARANDO EM FRAÇÃO GROSSA (>100mm) E FRAÇÃO FINA (<100mm) FRAÇÃO GROSSA FRAÇÃO FINA SELEÇÃO MANUAL DE MATERIAL FERROSO RETIRADA DE FERRO COM IMÃ MAIS UMA TRITURAÇÃO TAMBOR DE HOMOGENIZAÇÃO TAMBOR DE HOMOGENIZAÇÃO AJUSTE DE UMIDADE COM CHORUME TRATAMENTO BIOLÓGICO PRIMEIRA FASE : DEIXAR DEGRADAR EM LOCAL COBERTO SEGUNDA FASE : DEIXAR DEGRADAR EM LOCAL ABERTO ATERRO COMPACTADO Figura 2.12 – Esquema operacional do sistema LINKENBACH (FRICKE et al. 1995). Este processo pode não ter uma garantia quanto ao controle de gases e líquidos gerados, não é permitido atualmente na Alemanha. 2.3.3.5 Sistema MBA – FABER-AMBRA RECYCLING Este processo primeiramente efetua a separação de materiais de grande porte de modo que não interfiram no tratamento mecânico, que se dá através da trituração e homogeneização do material. Após esta etapa mecânica o material é 34 disposto em leiras ao ar livre para início do tratamento biológico. Na Figura 2.13 é possível visualizar as etapas do processo. Figura 2.13 – (A) Vista do aterro sanitário de São Sebastião com destaque para os materiais de grande porte separados. (B) Operação de máquina de grande porte em um dos taludes do aterro. (C) Máquina utilizada no processo mecânico de homogeneização do resíduo (abertura de sacos plásticos). A disposição em leiras é feita sobre uma estrutura de madeira (palettes) acima do nível do solo que permite a entrada do ar por baixo da mesma. A circulação do ar no interior da leira é garantida por um sistema de tubos perfurados como se pode observar na Figura 2.14. O controle da umidade é feito através de um sistema de irrigação. 35 Figura 2.14 – Vista e detalhe do tubo perfurado (“chaminé”) utilizado para ventilação das leiras de compostagem. LIXO RETIRADA DE PORÇÕES MAIORES MANUALMENTE. TRATAMENTO MECÂNICO TRITURAÇÃO E HOMOGENEIZAÇÃO DO RESÍDUO TRATAMENTO BIOLÓGICO DEGRADAÇÃO EM LOCAL DESCOBERTO Figura 2.15 – Esquema operacional do sistema FABER AMBRA. 36 2.4 2.4.1 SISTEMAS DE COBERTURA Introdução De acordo com BIDLINGMAIER et al. (2001), a cobertura da superfície do aterro sanitário impede a infiltração da água da precipitação no corpo do aterro e assim previne e minimiza a produção de lixiviado. Além disso, o sistema de cobertura superfícial age como um sistema controlado de coleta e descarga da água de chuva e, se necessário, do gás gerado pelo aterro. De acordo com SIMON & MÜLLER (2004), o conceito básico para o projeto de um aterro é o chamado o conceito da multi-barreira. Consiste na combinação de três barreiras independentes: a barreira geológica (situação hidrológica, relevância do aqüífero e propriedades do subsolo no local do aterro), as barreiras técnicas (liners e sistema de cobertura) e o próprio corpo do aterro como uma barreira (imobilização de substâncias perigosas pelo pré-tratamento do resíduo e por técnicas apropriadas de disposição). De acordo com BIDLINGMAIER et al. (2001) os seguintes itens devem ser considerados ao se construir um sistema de cobertura superficial para um aterro sanitário: • Substâncias agressivas não podem entrar em contato com o sistema de liners do aterro (gases, condensação de gases e o ataque por microrganismos). • Não deixar que sejam geradas sobrecargas devido à recalques diferenciais do corpo do aterro os quais podem atingir dimensões extremamente elevadas especialmente em resíduos não tratados. 37 • A fim de otimizar o volume do aterro, taludes íngremes são necessários simultaneamente a garantias de estabilidade. • O sistema de liner é exposto à temperaturas flutuantes devido a decomposição no interior do corpo do aterro e devido ao clima. • O sistema de liner tem que ser protegido da penetração de raizes e da ação de animais. Nas Figura 2.16A e B é possível observar um exemplo de um sistema de cobertura convencional de acordo com padrões dos E.U.A. Encontra-se na Tabela 2.7 a descrição de cada componente. Nas Figura 2.17A e B observam-se exemplos de sistemas de cobertura convencionais, de acordo com padrões europeus. Figura 2.16 - (A) tipo convencional de barreira de cobertura final de aterros de resíduos perigosos no EUA (DWYER, 2003) (B) barreira de cobertura final convencional para aterros de RSU no EUA (DWYER, 2003). 38 Tabela 2.7 - Componentes de um sistema convencional de cobertura de um aterro Sanitário (GILL et al., 1999). Camada Solo de Cobertura Dreno • • • • • • • Barreira Função Primária Controle e pevenção de erosão causada pelo vento Suporte para vegetação Armazenar água Proteção contra ciclos de congelamento e descongelamento Remoção rápida de água de chuva Proteção da Barreira dos danos causados pelo congelamento-descongelamento Manter a estabilidade • Direcionar o gás até os pontos de coleta Fundação • Separar a cobertura do resíduo • Propiciar a correta construção (regularização) • Solo • Brita ou seixos • Areia e/ou brita • Geogrelhas • Geocompostos • • • • • • • Impedir o fluxo de água • Controle do fluxo de gás Dreno de Gás Composição Típica de taludes Argila compactada Geomembranas GCLs Geocompostos Areia e/ou brita Geosintéticos • Solo • Geofiltros Figura 2.17 – Tipo convencional de barreira de cobertura final para aterros de RSU na Europa (MÜNNICH, 2006).A – Cobertura usada quando não há produção de gás. B – Cobertura usada quando existe produção de gás. O sistema de cobertura superficial dos aterros sanitários impede a infiltração da água de chuva no corpo do aterro. Recentemente muitos estudos sobre 39 este tópico tem sido realizados; na maioria dos casos, a fim de comparar as diferentes tecnologias, as vantagens e as desvantagens e casos específicos. Parâmetros tais como a vida útil, a temperatura, a resistência mecânica, a resistência química e mesmo a resistência ao ataque biológico devem ser considerados em um projeto de sistema de cobertura. Existem muitas possibilidades e alguma delas serão apresentadas nos itens a seguir. 2.4.2 Geomembranas de Polietileno de Alta Densidade (HDPE-GM) De acordo com MÜLLER & JAKOB (2003), a degradação oxidativa do HDPE-GM, que é o processo relevante do envelhecimento, foi arduamente estudada e a vida útil foi estimada em, ao menos, cem anos de acordo com os resultados de testes. Um HDPE-GM corretamente instalado agiria como uma barreira perfeita contra o fluxo da água ou gás. HDPE-GM é virtualmente impermeável aos compostos de metais pesados e aos poluentes não orgânicos (cátions e anions em soluções aquosa) (MÜLLER et al., 1997). Uma geomembrana torna-se vulnerável ao fluxo de água e de gás devido a furos ou rasgos que possam ocorrer durante o processo de instalação. Conseqüentemente, a condutividade hidráulica de uma geomembrana depende do número e do tamanho dos orifícios que por ventura possam existir, e da permeabilidade da camada subjacente. O tipo, o tamanho e a freqüência dos furos dependem da robustez mecânica da geomembrana, do material e da preparação da camada subjacente, da camada superior e do trabalho humano na movimentação dos materiais, tais como, a colocação da camada drenante, solo, estruturas de cobertura, resíduo, etc. é essencial para a garantia de qualidade da construção (SIMON & MÜLLER, 2004). As falhas neste tipo de sistema de contenção são causadas pelo serviço de instalação e operação e são impedidas pela utilização de mão de obra apropriada, pelo eficaz controle de qualidade da construção e pelo correto projeto da camada de proteção. Conseqüentemente, este tipo de sistema requer um controle e uma 40 mão de obra capacitada, que, em muitos países subdesenvolvidos, devido ao alto custo, pode ser impraticável. Estas geomembranas necessitam de proteção apropriada contra danos quando em contato com materiais de grande granulometria, pontiagudos, ou sobrecarregados por uma carga estática ou por uma carga dinâmica. Aspectos a longo e curto prazos têm que ser considerados quando da analise da proteção da geomembrana para sistemas do liner e sistema de cobertura para aterros sanitários. 2.4.3 Geocomposto Argiloso (GCL) Os geocompostos argilosos (GCLs) consistem em uma camada do bentonita imprensada entre duas camadas de geotexteis. A manufatura industrial e o controle de qualidade dos GCLs são usados para economia de espaço, e como um eficaz componente permanente alternativo para cobertura de aterros, substituindo a camada de argila imprensada entre tecido (CCL). Os problemas mais comuns com relação ao uso por longos períodos de tempo de GCLs são a formação de trincas devido ao ressecamento, o cisalhamento ao longo do tempo em taludes íngremes e a penetração de raízes. Descobriu-se que o comportamento do GCL ressecado é difere da CCL, devido à uma propriedade chamada de "capacidade de auto-cura". Com uma certa carga sobre GCL a formação das trincas devido ao ressecamento desaparecerá quando o GCL for umedecido novamente em virtude da capacidade de “inchamento” da bentonita (HEERTEN, 2002). O grau da capacidade de “inchamento” depende do tipo da bentonita. A penetração de raízes somente pode ser evitada com a utilização de uma camada de revegetação apropriada com uma espessura adequada e/ou pelo controle da vegetação. Na Figura 2.18 é possível observar a configuração de uma cobertura típica que faz uso do GCL. 41 Figura 2.18 – Cobertura típica de aterros sanitários com uso de GCLs . (FOURMONT & ARAB, 2005). 2.4.4 Barreira de Concreto Asfáltico (ACB) Um sistema de cobertura feito de concreto asfáltico é quase totalmente impermeável à água e ao gás, muito robusto em relação as solicitações mecânicas, e o ressecamento é um problema irrelevante. Entretanto, é suscetível ao ataque químico por hidrocarbonetos e principalmente os concentrados, que podem virtualmente destruí-lo (MÜLLER et al., 1995). Apresenta somente pequenas deformações devido à recalques diferenciais, o que é aceitável, mas tensões causadas devido ao recalque total do sistema de cobertura podem causar problemas. De acordo com WEAND et al. (1999), as barreiras asfálticas podem ser usadas no lugar da argila compactada como um componente do aterro, o que pode ser uma alternativa interessante para aterros localizados em clima árido, onde uma barreira de argila compactada pode vir a falhar devido ao ressecamento. Na Figura 2.19é possível observar a configuração de uma cobertura típica que faz uso de barreira asfáltica. 42 Figura 2.19 – Barreira asfáltica (HAUSER et al, 2001). 2.4.5 Barreira Capilar WEAND et al. (1999) escreveram que uma barreira capilar consiste em uma série de camadas, incluindo (de cima para baixo) uma camada de solo fino sobre uma camada de um material mais grosseiro (por exemplo, areia ou cascalho). A capacidade de impedir o fluxo de água, neste tipo de camada de cobertura, se dá pela grande mudança nos tamanhos dos poros entre as camadas de materiais mais finos e mais grosseiros (Figura 2.20). A finalidade da barreira capilar é aumentar a capacidade de armazenamento da água da camada de material mais fino do solo. É particularmente vantajoso onde os solos com capacidade elevada de retenção de água são inexistentes ou demasiadamente caros. Sistemas experimentais de barreiras capilares falharam algumas vezes devido ao acumulo, em demasia, de água sobre barreira. (WEAND et al, 1999). De acordo com o EPA (2003), sistemas de cobertura capilar podem também eliminar a necessidade de uma camada separada de coleta de “intrusos biológicos” e/ou do gás, porque as propriedades e a posição do solo dentro do sistema 43 de cobertura são comparáveis com uma camada típica de coleta de gás em um sistema convencional de cobertura (Figura 2.20). Figura 2.20 – Camada de cobertura capilar (WEIß & WITZSCHE, 2005). 2.4.6 Coberturas monolíticas A EPA (2003) descreve as coberturas monolíticas como uma única camada do solo de vegetação que retém a água até que a transpiração, através da vegetação, ou a evaporação da superfície do solo a eliminem. As coberturas monolíticas são tidas também como coberturas de único volume (Figura 2.21). 44 Figura 2.21 – Cobertura final monolítica (EPA, 2003). 2.4.7 Materiais Minerais Alternativos THAM et al. (2005) e TRAVAR et al. (2005) estudaram materiais de construção alternativos, tais como, cinzas, camada de areia e lodo para construir camadas de cobertura em aterros sanitário, porém, dizem que mais experiências devem ser feitas para verificar o impacto, a longo prazo, de usar materiais alternativos. As camadas evapotranspirativas de cobertura (ET) foram propostas como uma alternativa às barreiras de cobertura tradicionais por MICHAEL et al. (2005). Eles usaram resíduos de mineração para o substrato de cobertura e uma seleção de vegetação nativa de sua área de estudo. A pesquisa indicou que há um potencial significativo do uso do rejeito de mineração para sustentar uma comunidade de vegetação local com a finalidade de uso como um sistema de cobertura evapotranspirativo. De acordo com ANDREAS et al. (2005), o slag (escória) das indústrias de mineração, por exemplo, poderia ser uma alternativa possível para o uso em sistemas de cobertura de aterros, se fosse barato e disponível. 45 2.5 BARREIRAS CAPILARES Há décadas que a preocupação com a questão ambiental vem se tornando cada vez mais importante nas várias áreas do conhecimento. Na área da engenharia surgiu a preocupação com a crescente produção de resíduos nos grandes centros urbanos e os perigos que este resíduos podem acarretar à população e ao meio ambiente, bem como a questão econômica vinculada à destinação final destes resíduos. Este fato ocasionou a necessidade da pesquisa e desenvolvimento de técnicas de projeto mais apuradas e economicamente viáveis tanto para o aumento da vida útil dos aterros quanto para o controle da lixiviação dos contaminantes. Em aterros de resíduos a ocorrência de precipitações é um dos fatores que mais preocupam durante a vida útil do aterro e após seu fechamento, pois o aumento de água no corpo do aterro significa aumento na geração de lixiviado, o que por sua vez, gera um ônus devido a necessidade de se tratar, monitorar e conter este lixiviado. Outro fator importante a ser considerado é a presença excessiva de líquidos no corpo do aterro, o que pode vir a gerar problemas de estabilidade. O estudo e o emprego das barreiras capilares sugiram, portanto, para suprir a necessidade de se controlar a entrada de água e oxigênio no aterro de resíduos (VIEIRA, 2005), visando a diminuição da geração do lixiviado e diminuição da produção de contaminantes. As primeiras coberturas de aterros eram apenas uma camada de argila com espessura em geral maior do que 60 cm e acima dessa uma camada de solo em torno de 15 cm com cobertura vegetal (VIEIRA, 2005). As barreiras capilares são compostas basicamente de dois tipos de materiais, porém, podem ser compostas por mais de dois materiais objetivando considerar fatores como proteção contra animais, erosão, gelo e desgelo, ressecamento, entre outros. De acordo com WEIβ & WITZSCHE (2005), a barreira capilar é um sistema constituído por dois materiais bem definidos, um com granulometria mais fina chamado de camada capilar e um com granulometria mais grossa, chamado bloco 46 capilar. Modelos experimentais foram construídos no aterro sanitário de “Am Stempel” em Marburg e no aterro sanitário “Grix” em Offenbach Main na Alemanha e monitorados durante dois anos. Nos dois casos uma terceira camada chamada de camada de balanço hídrico foi também utilizada. Esta camada tem a função de equalizar a percolação de líquidos na camada capilar, como se vê na Figura 2.22. Figura 2.22 – Configuração padrão da barreira capilar nos modelos experimentais do aterro sanitário “Grix” em Offenbach (WEIβ & WITZSCHE, 2005). WEIβ & WITZSCHE (2005) concluíram que a utilização de materiais adequados para construção da barreira capilar, bem como da camada de balanço hídrico, além de um controle eficiente da qualidade de construção o sistema de barreira capilar, é uma eficiente alternativa para cobertura final de aterros sanitários apresentando uma eficiência de mais de 99%. SUZUKI et al. (2005) estudaram três diferentes métodos de construção de cobertura final de aterros, na cidade de Zaoh, que fica em uma província no nordeste do Japão, sendo um deles uma barreira capilar. As estruturas utilizadas na construção das coberturas estudadas por SUZUKI et al. (2005) podem ser observadas na Figura 2.23. 47 Figura 2.23 – Configuração das camadas de cobertura estudadas por SUZUKI et al. (2005). Em todas as três coberturas foi utilizada uma camada de 200 mm de espessura de uma turfa para proteger a superfície da área experimental. O resultado do experimento mostrou que a barreira capilar foi eficiente mesmo em um clima úmido como o do Japão. 2.5.1 Conceito de Potencial Como não é possível identificar todas as forças resultantes atuando sobre uma partícula de água nos poros do solo (não homogêneo, não saturado), utilizase a teoria potencial para a descrição da situação energética da água. Neste contexto, o potencial (ψ) é definido como o trabalho que é necessário para transportar uma unidade padrão de água de um ponto de referência para outro, à mesma temperatura. Desta forma, pode-se definir o potencial de água no solo conforme a seguinte expressão : ψ = m •g • h ( 2.2 ) Onde: ψ Potencial da água do solo [kg.m2/s2] m Massa de água [kg] g Aceleração da terra [m/s2] 48 h Altura sobre o nível de referência [m] Pela utilização do conceito de potencial, podem ser descritos todos os mecanismos de movimentação, tais como infiltração, ascenção capilar e drenagem. Só existe o fluxo entre locais com diferentes potenciais hidráulicos, com a finalidade de equalizar este gradiente potencial. Nesta movimentação entre áreas com potencial maior para locais com menor potencial é liberada energia. Enquanto o sistema não se encontrar em equilíbrio, isto é, quando ainda existem diferenças de potencial, a água permanece em movimento. Como o potencial, na maioria das vezes, é relacionado à uma determinada unidade física, aceitam-se diversas dimensões, de acordo com a padronização, para se referenciar o potencial de água no solo (Tabela 2.8). Tabela 2.8 - Unidades de referência para o potencial da água do solo (PAHL, 2006). Unidade de Dimensão Unidade Massa m [kg] ψ = m.g.h/m m2/s2 Volume V [m3] ψ = m.g.h/V N/m2 Pressão Peso [kg.m/s2] ψ = m.g.h/m.g m Coluna d’água referência Grandeza Geralmente escolhe-se o peso específico como a unidade de referência. Na observação do movimento da água, imagina-se um potencial total, que se compõe dos potenciais parciais das forças que atuam no solo. A equação mais utilizada é a seguinte: ψ = ψz + ψm + ψg + ψo Onde: ψz = Potencial gravitacional; 49 ψm = Potencial matricial; ψg = Potencial gasoso; ψo = Potencial osmótico. O potencial gravitacional (ψz), corresponde ao trabalho que deve ser realizado para elevar uma determinada quantidade de água sob influência da gravidade a um determinado nível de referência. Se for utilizado o peso específico da água, então o potencial gravitacional aparece como grandeza local z. De acordo com a definição, ψz é sempre maior que zero, e com isto recebe um sinal positivo. Conseqüentemente, o nível de referência deve ser sempre escolhido de tal forma que ψz receba valores positivos. O potencial matricial (ψm) é resultante dos efeitos da substância sólida (matriz) sobre as partículas da água. As forças condicionadas à matriz, como absorção e capilaridade, retém a água com mais força quanto menor for o conteúdo de água do solo. Como este efeito de retenção do potencial matricial é oposto à gravidade, o ψm recebe um sinal negativo. É também muitas vezes denominado como tensão de sucção, sendo que neste caso é considerado o valor absoluto, desconsiderando o sinal. O potencial gasoso (ψg) é gerado por um distúrbio do balanço gasoso, por exemplo, uma obstrução do trajeto do gás no maciço de solo. Quando a pressão de ar no solo não estiver em conformidade com a pressão do nível de referência, esta pressão tem de ser considerada, uma vez que tem influência sobre a água do solo e influencia o potencial matricial. O potencial osmótico (ψo) corresponde ao trabalho que deve ser elaborado para retirar uma unidade de água da matriz do solo através de uma membrana semi permeável. Esta movimentação é causada pelos íons dissolvidos na água do solo e suas interdependências com a matriz do solo. O potencial osmótico dependente da quantidade de sais dissolvidos na água presente no solo. Para que haja o fluxo de água, a soma do potencial gravitacional e do potencial matricial é decisiva, criando assim, um potencial hidráulico (ψH). 50 ψH = ψz + ψm O potencial matricial (ψm) pode ser aferido utilizando-se um tensiômetro e o potencial gravitacional (ψz) através da medida da distância ao nível de referência. Como já citado anteriormente, só acontece uma movimentação da água entre locais com potenciais hidráulicos diferentes, no esforço de equalizar esta diferença de potencial. Na Figura 2.24 são apresentadas as relações entre os potenciais hidráulicos e a movimentação de água. Figura 2.24 - Potencial hidráulico (ψH), potencial matricial (ψm), potencial gravitacional (ψz) e conteúdo de água em uma coluna d’água (PAHL, 2006). Na condição de equilíbrio (ψH = 0) as linhas potenciais são retas, e entra em curso uma distribuição de água, cujo desenvolvimento é normalmente nãolinear e típico do solo, dependendo da distância ao nível de referência (no caso da figura, o nível d’água). A infiltração e evapotranspiração causam alterações no potencial de água no solo. Com evaporação na superfície, a tensão de sucção cai e alcança valores negativos mais altos. Como o potencial gravitacional permanece constante e é independente da quantidade de água, o potencial hidráulico cai até alcançar condições de saturação menores que zero (ψH < 0). Para a equalização ocorre uma ascensão capilar, ou seja, a água se move contra a força da gravidade. 51 Havendo infiltração da água no solo, por exemplo, em virtude de precipitações, o potencial matricial aumenta e, conseqüentemente, o potencial hidráulico também sobe para valores acima de zero (ψH > 0). Isto leva a uma movimentação descendente até o equilíbrio, ou seja, a água penetra no solo. Fica claro que a matriz do solo exerce uma força, e a água infiltra-se apenas em função da gravidade. Resumindo, a movimentação da água em função do potencial hidráulico pode ser apresentada como segue: > 0 movimentação descendente da água (infiltração) ψH = ψz + ψm = sem movimentação da água ( 2.3 ) < 0 movimentação ascendente da água (ascenção capilar) 2.5.2 Capacidade de Retenção de Água de Solos Compactados A característica de retenção de água do solo em determinado estado de compactação varia com a sucção. Essa característica é representada por meio da curva de retenção de água do solo, que é a relação entre a quantidade de água retida, representada pelo teor de umidade volumétrico (ou grau de saturação), em função da sucção. O comportamento do solo durante a infiltração e a evaporação de água será controlado principalmente por essa característica e pela função de permeabilidade não saturada. Ambas vão depender da distribuição e geometria dos poros, ou seja, da estrutura do solo. Na prática, devido à dificuldade de execução de ensaios para determinação da permeabilidade do solo no estado não saturado, vem se utilizando cada vez mais modelos para estimar a função de permeabilidade do solo (e.g. VAN GENUCHTEN, 1980; WILSON & FREDLUND, 2000; KHIRE et al., 2000). Esses modelos são baseados na curva de retenção de água do solo e utilizam parâmetros de ajuste a essa curva. Dentre os parâmetros de ajuste estão: o teor de umidade volumétrico, correspondente ao valor de sucção em que há entrada de ar do solo devido à drenagem de água dos poros maiores; o teor de umidade residual, correspondente a um valor em que há variação de sucção sem que praticamente haja variação do teor de umidade volumétrica do solo; e o coeficiente de permeabilidade saturado. 52 A umidade de entrada de ar representa o teor de umidade em que há drenagem devido ao aumento da sucção e conseqüente entrada de ar no solo. A umidade residual corresponde ao ponto na curva de retenção de água (ponto de inflexão da curva) em que o teor de umidade volumétrico do solo sofre pouca ou nenhuma variação com o aumento da sucção. Na Figura 2.25, estão representados os principais parâmetros obtidos por meio da curva de retenção de água. Figura 2.25 - Diferentes estados de saturação e principais parâmetros da curva de retenção de água do solo (VIEIRA, 2005). Segundo VANAPALLI et al. (1996) existem 3 estágios para perda de água do solo (Figura 2.25): Zona de efeito de borda, em que os poros do solo estão preenchidos com água, havendo continuidade dos meniscos de água em contado com as partículas de solo e/ou agregações. Nessa fase o solo encontra-se saturado, havendo assim maior área para o fluxo de água. O coeficiente de permeabilidade será praticamente o mesmo que o do solo no estado saturado. Zona de transição, em que há desaturação com redução acentuada do teor de umidade do solo com o acréscimo da sucção, não existindo 53 mais continuidade dos meniscos em contato com as partículas do solo e/ou agregações. O coeficiente de permeabilidade do solo dependerá do nível de sucção do solo, já que há uma menor área disponível para o fluxo de água. Zona residual, em que há uma redução pequena (em relação à da zona anterior) do teor de umidade do solo para um determinado acréscimo de sucção. Nessa fase, há o predomínio de forças de adsorção (e.g. MARINHO & STUERMER, 2000) em detrimento das forças capilares (caso de solos argilosos) e provavelmente não haverá praticamente mais continuidade hidráulica. Nessa etapa, a transferência de água no solo se dará predominantemente por fluxo de vapor e de forma extremamente lenta. Nessa fase, o líquido perde a continuidade capilar e torna-se bastante viscoso, podendo apresentar comportamento de um fluido não newtoniano (ou de Bingham). Portanto, a validade dos modelos de fluxo nessa fase, principalmente em solos de alta plasticidade, é questionável, já que a maioria dos modelos é baseada na validade da teoria capilar e na equação de Possueille que supõe o comportamento newtoniano dos fluidos. VANAPALLI et al. (1996) sugere que para solos argilosos de baixa plasticidade o início da zona residual é entre 500 a 1500 kPa. Para solos de média a alta plasticidade, o início desta zona pode ser maior que 1500 kPa, havendo algumas vezes para esses solos dificuldades na definição do valor residual. Os valores sugeridos por VANAPALLI et al. (1996) servem, entretanto, só como referência, não devendo ser tomado como regra. MEERDINK et al. (1996) monitoraram duas barreiras monolíticas experimentais com camadas superficiais vegetadas, para cobertura de aterro de resíduos de 30 x 30 m cada, utilizando o método de Time Domain Reflectometry (TDR). As duas secções apresentavam camada de solo siltoso vegetado de 15 cm. A camada monolítica de argila apresentava seção de 90 cm e a camada de solo argilo-siltoso apresentava seção de 60 cm. Os valores de sucção obtidos por MEERDINK et al. (1996) para os dois solos estudados na interface das camadas foram em torno do residual (1000-3000 kPa). Assim a faixa de sucção para aplicação dos modelos de fluxo em solos não saturados pode estar restrita a valores de sucções abaixo do encontrado em campo. 54 Nesses casos, é necessário fazer a devida medição da variação do teor de umidade volumétrica com o tempo, de modo a obterem-se parâmetros mais confiáveis. A curva de retenção de água e a permeabilidade dos solos estão diretamente ligadas à estrutura do solo. Os principais fatores que influenciam a forma da curva de retenção de água e, conseqüentemente, a permeabilidade do solo não saturado são: mineralogia e percentagem de finos, histerese, energia de compactação, teor de umidade de moldagem, densidade. 2.5.3 Mineralogia do solo e percentagem de finos Com o aumento da plasticidade do solo, há um aumento do valor da sucção de entrada de ar no solo, conseqüentemente da capacidade de retenção de água (e.g. CÔTÉ et al., 2002). Segundo VIEIRA (2005), quanto maior o índice de plasticidade dos solos maior o valor da sucção em que há entrada de ar no solo e mais abatida será a curva de retenção de água. Assim os solos com maiores índices de plasticidade terão maiores capacidades de armazenagem de água. Os estudos realizados por VIEIRA (2005) para a determinação da influência da mineralogia na curva de retenção de água corroboram com a afirmação de CÔTÉ et al. (2002). Os estudos de CÔTÉ et al. (2002) em misturas de solos arenosos com solos finos (argilas e siltes) indicam que quando o teor de finos é suficiente para preencher os vazios de solos granulares (valor crítico) em determinada porosidade, o tamanho máximo dos poros será controlado pelas partículas mais finas. Portanto, a entrada de ar será maior nos solos com percentagem de finos suficiente para preencher os vazios do material mais arenoso. Os autores também observaram que há uma diminuição da inclinação da curva de retenção com o aumento da superfície específica (solo mais plástico), conforme esperado. 55 2.5.4 Princípio de Funcionamento das Barreiras Capilares O movimento e a retenção de água em camadas de solo é similar em muitos aspectos à ascensão e à retenção de água em tubos capilares. Embora existam diferenças entre esses dois casos, pode-se entender o funcionamento de barreiras capilares comparando-as a um sistema de tubos capilares interconectados. Assim, é conveniente tratar aqui do fenômeno da capilaridade em solos. Esse fenômeno é baseado em um modelo simplificado em que os vazios do solo são considerados como um conjunto de tubos capilares interconectados. A simplificação do fenômeno capilar nos solos facilita bastante a análise e a compreensão da retenção de água em solos e, conseqüentemente, o princípio de funcionamento das barreiras capilares. A retenção de água no solo e sua transmissão dependem das forças de interação entre a água e a parede dos poros do solo (paredes dos tubos capilares) ou dos grãos de solo. Essas forças são as forças coesivas superficiais e as forças de adsorção. As forças coesivas superficiais estão relacionadas às ligações moleculares que existem entre as partículas de água. As forças coesivas atuam com maior intensidade na superfície da água, onde existem menos partículas interagindo umas com as outras do que no seu interior, resultando assim em uma tensão superficial. As forças de adsorção estão associadas à capacidade de atração que a parede do recipiente formada pelos grãos do solo, exerce nas moléculas de água. Esse sistema de forças tem como resultante uma força ascendente no capilar, fazendo com que haja uma elevação do nível de água até alcançar o equilíbrio. A essa ascensão de água dá-se o nome de ascensão capilar ou efeito de capilaridade. Em outras palavras a capilaridade é o fenômeno de ascensão de água em uma coluna de pequeno diâmetro devido às forças de absorção e coesão. Na Figura 2.26, está representado o fenômeno de capilaridade em um tubo capilar de diâmetro, d. O tubo capilar está inserido em uma superfície livre de água com nível em N.A. A água sobe nas paredes do tubo por capilaridade até que haja um equilíbrio entre as forças capilares e o peso próprio da coluna de água. A altura h, que é função da tensão superficial da água (σ), do ângulo de contato (β), entre a superfície do capilar e o menisco de água (ângulo de molhagem), do diâmetro do capilar (d), da densidade da água (ρw), e da gravidade (g). A altura h é dada por: 56 h= 4σ cosβ ρ w gd ( 2.4 ) Como haverá um equilíbrio entre as forças capilares de ascensão e o peso da coluna de água, o capilar será capaz de reter, nessas condições de equilíbrio, uma quantidade de água equivalente à altura de coluna de água (h). A pressão de água logo abaixo do menisco capilar é negativa de valor –hρwg, correspondente à pressão de altura de coluna de água. No solo, essa pressão negativa, de água é conhecida como sucção. Figura 2.26 - Distribuição de pressão e retenção de água em um tubo capilar. Portanto o solo será capaz de reter determinada quantidade de água por meio de capilaridade. Se os poros do solo forem representados de maneira simplificada como um conjunto de capilares de diâmetros diferentes, haverá para cada diâmetro uma capacidade de retenção de água diferente para alturas ou cargas de pressão diferentes. A soma do volume de água de cada capilar em determinada altura (sucção) resulta na capacidade de retenção de água do solo nesse nível de carga ou sucção. Para ilustrar a capacidade de retenção de água do solo, na Figura 2.27 estão desenhados vários capilares representando os poros do solo. Esses capilares estão 57 abertos na base e no topo, estão sujeitos à pressão atmosférica (pressão de referência, considerada igual a 0) e têm diâmetros, di, com i variando de 1 a n. Cada capilar tem livre comunicação um com o outro pela sua base e está inserido na água. Como os vários capilares possuem diâmetros diferentes, a altura de ascensão capilar é diferente. Assim, para um poro de diâmetro di a ascensão capilar é a altura hi. Para uma carga de pressão hi, todos os poros com diâmetro d≤ di estão preenchidos com água. A soma do volume de água de todos esses poros resulta na capacidade de retenção de água do solo nesse nível de carga. Nesse caso, para cada valor de carga de pressão hi, com i=1 a n, tem-se associado uma quantidade de água que é retida pelo solo. A variação da quantidade de água no solo, dada pelo teor de umidade volumétrico (θ), em função da carga de pressão ou sucção (h) é representada por uma curva, conhecida como curva de retenção de água do solo. Figura 2.27 - Modelo capilar de retenção de água no solo (alterado de IWATA et al.., 1988). A barreira capilar funciona baseada na capacidade de retenção de água dos solos. Uma camada de solo mais fino com alta capacidade de retenção é sobreposta a uma camada de material mais grosso com pequena capacidade de retenção de água. A camada de material mais grosso é utilizada para que haja quebra hidráulica entre a camada de material fino e o interior do aterro (e.g. IWATA et al., 1988; NICHOLSON et al., 1989; MORRIS & STORMONT, 1999). Na Figura 2.28, está apresentada de maneira ilustrativa a capacidade de retenção de água da barreira capilar. A água que infiltra na barreira capilar é armazenada ao longo do perfil do solo. A 58 distribuição da água ao longo da camada superior de solo pode ser dividida em três zonas: zona saturada, zona de transição e zona residual (Figura 2.28). A quantidade e a distribuição de água em cada zona é representada pela curva de retenção de água do solo e depende também das propriedades de retenção da camada inferior de material mais grosso (IWATA et al., 1988). Figura 2.28 - Capacidade de retenção e distribuição de água em uma barreira capilar. A capacidade de retenção de água da camada superior (material mais fino) será menor devido à carga de pressão imposta pelo potencial matricial da camada inferior (material granular). Na Figura 2.29, está ilustrado esquematicamente o efeito do contraste granulométrico na capacidade de retenção de água de um solo. Na Figura, estão representadas duas camadas de materiais com granulometria distintas, o material da camada superior (material mais fino) e o da camada inferior (material granular). A curva de retenção de água para os dois solos também é ilustrada na Figura 2.29. A camada inferior tem espessura tal que a parte superior dessa camada, no equilíbrio, encontra-se com teor de umidade volumétrico residual, correspondente a uma sucção igual a ψ2 res. Assumindo-se essa sucção como constante em toda a interface das duas camadas dos diferentes materiais, pode-se fazer uma analogia a um tubo capilar em que este está submetido, na base, a uma pressão menor que a pressão no topo. 59 Aplicando-se a teoria capilar, o potencial matricial do solo fino (ψ1) será igual a soma do potencial gravimétrico (Hρwg) com o potencial matricial do solo granular (ψ2 res) em situação de equilíbrio (ver detalhe na Figura 2.29). Assim, a altura de ascensão capilar na camada superior será menor por influência do potencial matricial da camada inferior de solo. Se para cada capilar há a diminuição do volume de água retido (diminuição da altura), a capacidade de retenção de água da camada de material fino será menor. Figura 2.29 - Ascensão capilar em poros de diferentes tamanhos formados por camadas de solos com diferentes curvas granulométricas. Qualquer quantidade de água, igual ou menor que a capacidade de retenção de água da camada de solo, ficará “suspensa” por capilaridade na camada de material mais fino, evitando assim a entrada no interior do aterro. Quando houver um volume infiltrado de água maior que a capacidade de retenção da camada superior de solo, o excedente de água será drenado para a camada inferior. A camada inferior, por suas vez, retém parte ou toda a água de acordo com sua capacidade de retenção. O restante da água é drenado para o interior do aterro. Os fenômenos que ocorrem em uma barreira capilar podem ser divididos em duas partes, sendo o primeiro o fenômeno que ocorre em 1 dimensão e o segundo, o fenômeno que ocorre em 2 dimensões. 60 2.5.5 Fenômeno Unidimensional – Retenção Capilar Este é o fenômeno que ocorre em 1 dimensão na barreira capilar. Ocorre mais especificamente na camada capilar, onde a água percola devido à força da gravidade e é retida por forças capilares. Segundo PARENT & CABRAL (2006), existe uma altura na qual a sucção na camada capilar se torna constante e é a máxima sucção desenvolvida nesta camada, esta afirmação pode ser melhor entendida observando-se a Figura 2.30. Figura 2.30 - Perfil de sucção unidimensional de uma barreira capilar. A altura, a partir da qual a sucção assume um valor constante pode ser calculado de acordo com a seguinte equação : ZMAX Ψ CC = γ w × (Ψ CCMAX − Ψ BCMAX ) ( 2.5 ) Onde: ZMAXΨCC = Altura de máxima sucção; γw = peso específico da água; ΨCCMAX = Sucção máxima na camada capilar; ΨBCMAX = Sucção máxima no bloco capilar. PARENT & CABRAL (2006) ainda propõe um modelo para determinação do perfil de sucção na camada capilar, onde leva em consideração a 61 velocidade de infiltração e a permeabilidade não saturada do material utilizado como camada capilar. O modelo proposto segue a seguinte equação : z(Ψ ) = − ∫ Ψ 0 −1 ⎡ q entrada ⎤ ⎢ k (Ψ ) − 1⎥ dψ ⎣ ⎦ Onde: z = altura (m); Ψ = sucção (kPa); qentrada = velocidade de infiltração de entrada (m/s); k(Ψ) = permeabilidade não saturada. 2.5.6 Fenômeno Bidimensional - Distância de Falha da Barreira Capilar Quanto mais água se junta na camada capilar, mais a sucção diminui e eventualmente a função de barreira pode ser perdida a uma certa distância do topo do plano inclinado onde a barreira capilar foi construída. A esta distância dá-se o nome de distância de desvio. Na Figura 2.31 pode ser observado um esquema onde a distância de desvio é mostrada. Figura 2.31 – Representação da distância de desvio em uma barreira capilar. A distância de desvio depende principalmente da geometria da barreira capilar e das propriedades hidráulicas saturadas e não saturadas do material usado para se construir a barreira capilar (MORRIS & SORMONT, 1999). 62 De acordo com PARENT & CABRAL (2006), a distância de falha de uma barreira capilar depende da permeabilidade não saturada dos materiais que compõe a barreira capilar, das espessuras das camadas utilizadas na barreira capilar, da velocidade de infiltração de entrada e do ângulo de inclinação da barreira. PARENT & CABRAL (2006), consideram que em havendo uma infiltração, menor que a condutividade hidráulica saturada do material constituinte da camada capilar, e esta infiltração seja uniforme em toda a superfície da camada capilar, parte do liquido percolante ficará retido na camada capilar (por advecção, adsorção e forças capilares), enquanto parte do liquido será drenado lateralmente e acumulará na parte mais baixa do plano inclinado, junto a fronteira da camada capilar com o bloco capilar. Sendo assim, quanto maior a permeabilidade horizontal da camada capilar, mais facilmente ocorrerá o processo de drenagem lateral do líquido percolado. Em um ponto crítico da interface da camada capilar e do bloco capilar, chamado ponto de falha da barreira capilar, as forças capilares não conseguirão mais reter o líquido acumulado e, inevitavelmente, começará a haver infiltração para o bloco capilar. A distância de falha da barreira capilar pode ser escrita como sendo: L= Q hMAX q entrada Onde: L = distância de falha da barreira capilar (m); QhMAX = máximo fluxo horizontal na camada capilar (m2/s); qentrada = velocidade da infiltração de entrada (m/s). CABRAL et al. (2007) utilizou com sucesso modelos matemáticos no dimensionamento da espessura da camada capilar dupla para obter uma dada distância de desvio, no entanto, toda a modelagem feita teve como base dados obtidos para solos e modelos desenvolvidos para barreira capilar construída com solo. 63 CAPÍTULO 3. MATERIAIS E MÉTODOS Este capítulo terá início descrevendo os materiais utilizados para a realização dos ensaios, bem como os equipamentos que foram desenvolvidos ou modificados para os fins pretendidos. Em seguida serão descritos os métodos que foram utilizados para a realização deste trabalho. 3.1 MATERIAIS Atualmente, na Alemanha, parte do resíduo sólido urbano que é destinado para aterros sanitários passa pelo processo de pré-tratamento mecânico biológico, enquanto que no Brasil este tipo de tecnologia não é empregada, sendo possível apenas uma comparação com o processo de compostagem, que é realizado em muitas cidades brasileiras com o único intuito de se produzir adubo orgânico. Buscando atingir o objetivo principal deste trabalho, que é estudar a utilização de resíduo sólido urbano pré-tratado mecânica e biologicamente como barreira capilar em um aterro sanitário, a escolha do material alvo de estudo é de suma importância. Uma vez que no Brasil as experiências realizadas com a tecnologia de pré-tratamento mecânico biológico foram encerradas e não há perspectivas de implantação de aterros que utilizem a técnica de pré-tratamento, a alternativa é a utilização de um material oriundo do resíduo sólido urbano que passou por algum tipo de processo de tratamento similar ao pré-tratamento mecânico biológico. Assim, decidiu-se utilizar o composto produzido pela COMLURB, na Usina de Tratamento e Transbordo do Caju, localizada no município do Rio de Janeiro, RJ. Neste item serão apresentados os materiais utilizados para a realização dos ensaios. As características do composto utilizado para se construir a barreira capilar também serão apresentadas. 64 3.1.1 Resíduo Pré-Tratado O resíduo pré-tratado utilizado sofreu processo de compostagem na Usina de Tratamento e Transbordo do Caju. Na Usina, o resíduo sólido urbano “in natura” (Figura 3.1) passa por um processo no qual há uma separação manual com o auxilio de esteiras, dos materiais com valor comercial (plástico, papelão, garrafas PET, latas de alumínio, etc.), a exceção dos metais que são separados utilizando imãs. Na Figura 3.3 é possível ter uma idéia do processo. Em seguida, é feita a homogeneização e disposição do material não reciclável em leiras de compostagem ao ar livre (Figura 3.2). O composto obtido então é peneirado e utilizado como adubo. Neste trabalho, o composto peneirado foi o material estudado. Figura 3.1 - RSU "in natura" na Usina de Tratamento e Transbordo do Caju. Alguns ensaios preliminares foram realizados objetivando a identificação do material a ser estudado. Tais ensaios foram: granulometria, autoaquecimento e determinação de sólidos voláteis. 65 Figura 3.2 - Vista das leiras de compostagem ao ar livre. Figura 3.3 - Vista da Usina de Tratamento e Transbordo do Caju, Rio de Janeiro. Foram realizadas duas coletas, sendo a primeira de um composto com nove meses de idade e a segunda de um composto recém peneirado, com 4 meses de idade. O local onde foi feita a coleta pode ser observado na Figura 3.4 e o processo de coleta pode ser observado na Figura 3.5. 66 Figura 3.4 - Pilha de composto recém peneirado na Usina de Tratamento do Cajú. Figura 3.5 - Vista da coleta de amostra com ajuda de um trator tipo Bobcat. O ensaio de granulometria seguiu a norma NBR 07181 (1984), para análise granulométrica de solos. Com o composto coletado também foi feito o ensaio de autoaquecimento, que consiste em colocar uma dada quantidade de resíduo em um recipiente térmico e observar, utilizando um termômetro, a variação da temperatura ao longo do tempo. Este ensaio tem como objetivo verificar a intensidade da atividade biológica no resíduo. 67 Constatou-se com os resultados dos ensaio de auto-aquecimento que as temperaturas se mantiveram constantes e próximas a temperatura ambiente , o que indicou que o composto coletado na Usina de Tratamento do Caju estava estável, ou mineralizado. Após os ensaios de auto-aquecimento e granulometria foram definidas as faixas granulométricas que seriam utilizadas na construção da barreira capilar experimental. Ficou definido que a granulometria a ser utilizada na camada capilar seria aquela passante na peneira com malha de 4mm de abertura. Esta decisão foi tomada baseada nos resultados obtidos por PAHL (2006). Estes resultados serão apresentados e discutidos em outro capítulo. A peneira escolhida para separar, o composto que seria utilizado para construir a camada capilar, foi a de 4mm de abertura, pois é a mais comum encontrada no mercado da construção civil. O composto separado com a peneira de malha com abertura de 4mm pode ser visto na Figura 3.6. Figura 3.6 - Composto com granulometria inferior a 4mm. A faixa granulométrica do bloco capilar foi definida como sendo maior do que 4,76mm e menor do que 9,52mm. Esta faixa granulométrica foi definida, pois é de diâmetro maior do que a faixa granulométrica definida para a camada capilar, 68 porém, não grande o suficiente para que as partículas da camada capilar colmatem o bloco capilar. Outro aspecto considerado, porém não decisivo, na escolha da faixa granulométrica do bloco capilar foi a quantidade de material disponível dentro da faixa granulométrica desejada. Isto foi avaliado pelo resultado do ensaio de distribuição granulométrica realizado com a amostra do composto. O resultado do ensaio de distribuição granulométrica será apresentado mais adiante. O composto com granulometria entre 4,76 e 9,52mm pode ser observado na Figura 3.7. Figura 3.7 - Composto com granulometria superior a 4,76mm e igual ou inferior a 9,52mm. 69 3.1.2 Características do Composto Produzido na Usina de Tratamento e Transbordo do Caju 3.1.2.1 Sólidos Voláteis O ensaio de sólidos voláteis, feito no composto coletado, seguiu a norma NBR 13600 (1996), para determinação do teor de matéria orgânica em solos, uma vez que não existe norma brasileira específica para determinação dos sólidos voláteis em resíduos. Este ensaio teve por objetivo ter uma noção do teor de matéria orgânica presente no composto coletado. O resultado obtido mostrou que a amostra de composto coletado na Usina de Tratamento do Caju continha um total de 44% de sólidos voláteis, que corresponde a massa que foi perdida. 3.1.2.2 Ascensão Capilar Os ensaios de ascensão capilar consistem em colocar o material particulado em um cilindro e mergulhar sua base em água e em seguida observar a ascensão da água por capilaridade no material ao longo do tempo. Vários ensaios de ascensão capilar foram feitos com o intuito de conhecer melhor o comportamento do material estudado. Utilizou-se um cilindro de acrílico para moldar o corpo de prova. Foram moldados corpos de prova com composto de diferentes densidades e diferentes granulometrias. Observam-se na Figura 3.8 os resultados dos ensaios de ascensão capilar para as amostras 01 e 02 do composto coletado na usina de tratamento do Caju e o resultado, para o mesmo ensaio, obtido por PAHL (2006). Nota-se claramente que a ascensão por capilaridade foi mais pronunciada para o material de Rethmann (PAHL,2006), possivelmente em virtude de 70 uma maior quantidade de material orgânico e da faixa granulométrica escolhida. Obviamente, existem outros fatores que influenciam a ascensão capilar, tais como, a densidade, o teor de umidade, qualidade do tratamento do RSU, etc. Teste 01 - (0,59-2mm) - Levemente compactado 3 Coluna h 23,5cm - γ =0,51g/cm inicial d Teste 02 - (0,83-2mm) - Levemente compactado 3 Coluna h 26,0cm - γ =0,52g/cm inicial d Teste 03 - (0,83-2mm) -Levemente compactado 3 Coluna h 25,0cm - γ =0,53g/cm inicial d Teste 04 - (menor que 22mm) - Levemente compactado 3 Coluna h 25,0cm - γ =0,39g/cm inicial d Teste 05 - (menor que 10mm) - Levemente compactado 3 Coluna h 25,0cm - γ =0,56g/cm inicial d Altura Média da Coluna (cm) 25 20 15 10 5 Teste 06 - (menor que 10mm com 5% de bentonita) 0 0 10 20 30 40 50 Umidade na Base Úmida (%) 60 3 Compactado - Coluna h 20,0cm - γ =0,86g/cm inicial d Teste 07 - (menor que 10mm) - Compactado 3 Coluna h 25,0cm - γ =0,71g/cm inicial d Rethmann - PAHL (2006) Figura 3.8 - Ensaios de ascensão capilar realizados no Brasil para as amostras 01 e 02 provenientes da estação de tratamento do Caju juntamente com o realizado por PAHL (2006) na Alemanha. 71 3.2 MÉTODOS Neste item, serão apresentados e discutidos a metodologia utilizada para a realização dos ensaios feitos utilizando o composto da Usina de Tratamento e Transbordo do Caju. 3.2.1 Teor de Umidade Em mecânica dos solos, defini-se teor de umidade como sendo a relação entre o peso da água e o peso dos sólidos, no entanto, no estudo da mecânica dos resíduos esta definição pode causar problema. Quando se utiliza a definição de teor de umidade da mecânica dos solos no estudo da mecânica dos resíduos, muito freqüentemente, o valor da umidade passará de 100%, podendo dificultar a análise dos resultados. Por este motivo, em geotecnia ambiental, mais especificamente no estudo da mecânica dos resíduos e no estudo do fluxo de líquido em RSU, defini-se umidade como sendo: w= m água m total ( 3.1 ) Onde: w = umidade (%); mágua = massa de água. mtotal = massa total (massa seca + massa de água, em gramas); Desta maneira, o valor da umidade não passará de 100%, tornando mais fácil a interpretação dos resultados obtidos para RSU. Neste trabalho será estudado a mecânica de resíduos sólidos, bem como, propriedades físicas e hidráulicas de RSU tratados e, portanto, o teor de umidade será definido como a relação entre a massa de água e a massa total. 72 3.2.2 Ensaio de Permeabilidade A condutividade hidráulica foi determinada em ensaios com carga constante e variável. Estes ensaios foram realizados segundo o procedimento padrão do Laboratório de Geotecnia da COPPE para os ensaios de permeabilidade em solos. Foram realizados ensaios com corpos de prova compactados com diferentes densidades visando avaliar o coeficiente de permeabilidade em função da densidade do composto estudado. Os corpos de prova compactados, com diâmetro de 10,15cm e altura de 10,15cm, foram colocados para saturação com fluxo ascendente, submersos por no mínimo 72 horas (Figura 3.9) quando então foi aplicada uma carga hidráulica e foram realizadas leituras periódicas até que se obtiveram leituras constantes. Figura 3.9 - Célula para ensaio de permeabilidade, com corpo de prova de resíduo, submerso em água. 73 3.2.3 Sistema de Aquisição de Dados O sistema de aquisição de dados montado para este trabalho é composto de 8 canais de tensão, com um programa dedicado para realizar os procedimentos necessários do ensaio a ser executado. O hardware é composto por uma fonte de alimentação (+10Vdc) estabilizada - que excita os transdutores a serem lidos - uma unidade de aquisição de 8 canais - com resolução de 16 bits - e uma unidade de interface RS232 para comunicação com o computador. 3.2.4 Tensiômetro para Medida de Sucção Para realizar medidas de sucção utilizou-se o tensiômetro desenvolvido na COPPE-UFRJ (2004) e utilizado nas dissertações de mestrado de PACHECO (2001), DIENE (2004), RIOS (2006) e HUSE (2007). Este tensiômetro é constituído basicamente de um copo acrílico, um transdutor e uma pedra cerâmica com alto valor de pressão de entrada de ar (Figura 3.10), sendo que a pedra porosa funciona como uma interface entre solo, água e sistema de medição. O copo de acrílico tem 3,5 cm de diâmetro e sua altura varia de acordo com o local onde o tensiômetro precisa ser posicionado. A pedra porosa utilizada tem 2,845 cm de diâmetro e uma altura de 1 cm, sendo o valor de entrada de ar de 5 bar. Para se medir a sucção de um dado material (particulado) com o tensiômetro, deve-se garantir que a água presente em sua estrutura apresente uma continuidade hidráulica com a água da pedra porosa deste equipamento. O transdutor da marca Ashcroft foi utilizado, e é composto de um invólucro em aço inoxidável, com acabamento polido e cabo blindado, com sinal de saída de 1-5 Vcc e alimentação de 10Vcc. 74 Figura 3.10 - Conjunto copo de acrílico e pedra cerâmica de alto valor de pressão de entrada de ar. O fornecimento de energia foi garantido através de um cabo conectado ao corpo do instrumento, que é acoplado a uma fonte de alimentação, passando a gerar sinais analógicos de saída, que são lidos e armazenados em um computador. 3.2.5 Ensaios Oedométrico com Medida de Sucção O ensaio oedométrico com medida de sucção tem como objetivo compreender o comportamento do resíduo estudado em termos de adensamento e, principalmente, em termos de sucção quando solicitado por uma carga ao longo do tempo. Os ensaios realizados tiveram como base a norma da ABNT NBR 12007, porém, foi acoplado na base da célula de adensamento o tensiômetro desenvolvido na COPPE-UFRJ (2004). Na Figura 3.11 observa-se o equipamento que foi adaptado para a realização dos ensaios oedométricos com medida de sucção. 75 Figura 3.11 - Equipamento adaptado para a realização de ensaios oedométricos com medida de sucção. As células de adensamento utilizadas foram do tipo convencional com drenagem de topo. As prensas de adensamento utilizadas são de fabricação da Wykeham Farrance com relação do braço de alavanca para aplicação de carga igual a 1:10. A célula de adensamento desmontada pode ser observada na Figura 3.12. O anel de aço inox e o fixador do anel tem um diâmetro interno de 7,5cm, enquanto que o cabeçote tem um diâmetro de 7,4 cm e o orifício no centro da célula de adensamento, por onde o tensiômetro é acoplado, tem um diâmetro de 3,6 cm, sendo que, dois “O” rings foram colocados na parte interna deste orifício para se evitarem vazamentos indesejados. O tensiômetro foi posicionado na base do equipamento em contato direto com a amostra para garantir a eficácia na medida da sucção ou pressão gerada durante o decorrer do ensaio. A instalação do tensiômetro pode ser vista em detalhe na Figura 3.13. 76 Figura 3.12 - Célula de adensamento com suas peças identificadas. Figura 3.13 - Detalhe da instalação do tensiômetro para medida de sucção no equipamento para compressão oedométrica. 77 Os corpos de prova para o ensaio de adensamento foram compactados em anéis de aço inoxidável com 7,5 cm de diâmetro, 2,5 cm de altura e 44,18 cm2 de área. Após a compactação dos corpos de prova estes eram colocados dentro de sacos plásticos, com o intuito de evitar excessiva perda de umidade, até que se finalizasse a montagem do tensiômetro. Coletaram-se amostras do material compactado para a verificação da umidade. O corpo de acrílico e a pedra porosa do tensiômetro eram colocados no vácuo, onde permaneciam por um período mínimo de 24 horas. Posteriormente a aplicação do vácuo e a compactação do corpo de prova, o corpo de acrílico, juntamente com a pedra porosa, eram acoplados no transdutor, tomando-se o cuidado para que não fossem geradas pressões excessiva. Todo este procedimento foi realizado com todas as partes do tensiômetro mergulhadas em água para evitar qualquer entrada de ar. Após a montagem do tensiômetro, este ficava mergulhado em água para evitar que a pedra cerâmica perdesse saturação e para permitir a dissipação de qualquer excesso de pressão gerada pelo processo de montagem. Após a estabilização da leitura de pressão do tensiômetro, procediase a montagem final do ensaio de adensamento. O tensiômetro era acoplado na célula de adensamento e o conjunto era colocado na prensa. Durante todo este processo, as leituras dos valores de pressão lidos pelo tensiômetro eram feitas pelo sistema de aquisição acoplado a um microcomputador. Após o posicionamento final do conjunto, nivelava-se o braço de alavanca e iniciava-se os estágios de carregamento. Os incrementos de estágios de carga mantiveram a razão δσv/δσv=1, e as tensões adotadas iniciaram em 3,125 kPa até a tensão máxima de 1600 kPa. Os estágios de carregamento tiveram duração mínima de 24 horas. Após a fase de carregamento, seguia-se a fase de descarregamento observando-se a mesma metodologia da fase de carregamento. O descarregamento, normalmente, foi feito até atingir a tensão de 25 kPa. Após o ensaio, a célula de adensamento era desmontada e coletavam-se amostras do corpo de prova para verificação da umidade. O aspecto do material, após o ensaio de adensamento com medida direta de sucção, pode ser observado na Figura 3.14. 78 Figura 3.14 - Detalhe do corpo de prova após o ensaio de compressão oedométrica com medida direta de sucção. 79 3.2.6 Ensaio Triaxial Com Medida Direta de Sucção Neste trabalho, o ensaio triaxial com medida direta de sucção tem como objetivo estudar o comportamento mecânico incluindo o efeito da sucção para o resíduo pré-tratado em virtude da falta deste tipo de informação para este material na literatura. Com estes resultados será possível fazer uma avaliação do comportamento mecânico do resíduo tratado em relação ao comportamento mecânico do resíduo não tratado. O ensaio consiste em um equipamento para realização de ensaios triaxiais convencionais, adaptado para medida automática de sucção utilizando o tensiômetro desenvolvido na COPPE-UFRJ (2004). Foi construído um novo suporte para a base da câmara triaxial na qual o tensiômetro pudesse ser acoplado. A base da câmara triaxial foi furada e um novo pedestal para o corpo de prova, também furado, foi construído. Desta maneira, o tensiômetro ficou posicionado em contato direto com a base do corpo de prova. O esquema de montagem final, com todo o conjunto (câmara, base, suporte e tensiômetro) colocado no pórtico da prensa triaxial pode ser observado na Figura 3.15. 80 Figura 3.15 - Esquema de montagem final do ensaio triaxial com medida direta de sucção. Para aplicar a pressão confinante na câmara triaxial foi utilizado um controlador automático de pressão da Wykeham Farrance, modelo WF12468 (Figura 3.16). Este controlador tem capacidade para aplicar até 1700 kPa com uma precisão de +/- 1 kPa, sua capacidade de armazenamento de água é de 200 ml e utiliza um transdutor externo para fazer o controle da pressão. Este equipamento foi ligado diretamente na câmara triaxial e a um transdutor de pressão, responsável por medir e retornar, ao controlador automático, o valor da pressão aplicada. Para as medidas de variação volumétrica do corpo de prova, durante o ensaio triaxial com medida direta de sucção, foi utilizado um medidor automático de variação volumétrica da marca Wykeham Farrance, modelo 17044, com capacidade de 80 cm3 reversíveis. Este medidor automático de variação volumétrica pode ser visto na Figura 3.17, juntamente com o corpo de prova já montado no interior da câmara triaxial. 81 Figura 3.16 - Vista do microcomputador utilizado para aquisição de dados durante o ensaio triaxial com medida direta de sucção e do controlador automático de pressão. Figura 3.17 - Vista do corpo de prova colocado no interior da câmara triaxial e do medidor automático de variação volumétrica. 82 O esquema de montagem completo do ensaio triaxial com medida direta de sucção pode ser visto na Figura 3.18. O procedimento para a realização do ensaio triaxial com medida direta de sucção tem início com o cálculo e preparação da quantidade necessária de amostra para compactar o corpo de prova a ser ensaiado. O corpo de prova para o ensaio triaxial é moldado com 10 cm de diâmetro e 20 cm de altura, tendo um volume inicial de 1571 cm3. A compactação de todos os corpos de prova para os ensaios triaxiais foram dinâmicas e foram feitas em 4 camadas, sendo que, após a compactação de uma camada eram feitas ranhuras no seu topo para receber a próxima camada, procurando garantir desta maneira, um corpo de prova homogêneo. Após a compactação do corpo de prova, procedia-se a montagem e acoplagem do tensiômetro na base da câmara triaxial. Com o tensiômetro já posicionado, iniciava-se o programa de aquisição de dados, colocava-se o corpo de prova no interior da câmara triaxial e procedia-se a montagem final. Figura 3.18 - Esquema de montagem do ensaio triaxial com medida direta de sucção. 83 Com o corpo de prova no interior da câmara triaxial, procedia-se a colocação de água no interior da câmara, até que esta estivesse cheia por completo. Após isto ser feito, abriam-se os drenos superior e inferior e deixava-se o corpo de prova durante 1 dia em repouso para que a sucção se estabiliza-se. Após a estabilização da sucção, abria-se outro arquivo para aquisição de dados e procedia-se a fase de adensamento com a aplicação da pressão confinante, ainda com a drenagem aberta, e deixava-se o corpo de prova mais 1 dia em repouso para que houvesse a estabilização dos valores da variação volumétrica e da sucção. Uma vez atingidas à estabilização do valor da variação volumétrica e da sucção, abria-se um terceiro arquivo para a aquisição de dados e procedia-se a fase de ruptura. A fase de carregamento durava cerca de 6 horas, quando definia-se a ruptura com cerca de 20% de deformação e a fase de descarregamento durava cerca de 2 horas. Após o fim do ensaio, a câmara triaxial era desmontada, expondo-se o corpo de prova, do qual, eram coletadas amostras do topo, do meio e da base para determinação do teor de umidade. Entre a execução dos ensaios, a cerâmica do tensiômetro ficava imersa em água, sendo que 24 horas antes do início do ensaio colocava-se a cerâmica, imersa em água destilada, dentro de uma câmara e aplicava-se vácuo, visando garantir a saturação da cerâmica pela retirada de quaisquer bolhas de ar do interior da mesma. Para a realização do ensaio triaxial com medida direta de sucção, primeiramente a umidade da amostra de composto era corrigida para a umidade desejada e a amostra era homogeneizada. Em seguida, a amostra era separada, pesada e reservada em sacos plásticos para evitar perda de umidade. O tensiômetro, para medida de sucção, seguiu o mesmo procedimento de montagem que foi utilizado para os ensaios oedométricos com medida direta de sucção. Após a montagem do tensiômetro, este ficava imerso em água para evitar que a pedra porosa perdesse saturação. 84 Os corpos de prova compactados para a realização do ensaio triaxial com medida direta de sucção tinham 10 cm de diâmetro por 20 cm de altura. A compactação do corpo de prova foi feita em 4 camadas, de forma dinâmica, buscando atingir uma densidade seca desejada, no caso deste trabalho, a densidade seca ótima obtida com o ensaio de compactação. Utilizou-se um molde tri-partido (Figura 3.19), um soquete e um martelo para se compactar o corpo de prova. Figura 3.19 - Vista do molde tri-partido, encamisador e corpo de prova envolto por um saco plastico para minimizar perda de umidade. Após a compactação, o corpo de prova era retirado do molde e colocado sobre uma bancada para aguardar o encaixe do tensiômetro na base da célula triaxial. Este procedimento era feito relativamente rápido, porém se cobria o corpo de prova para evitar perda de umidade para a atmosfera (Figura 3.19). Depois da instalação do tensiômetro na base da célula triaxial, o corpo de prova era colocado na base (Figura 3.20), era posicionada a membrana de borracha e a câmara triaxial era enfim colocada. Durante todo este processo, os dados do tensiômetro eram continuamente coletados pelo sistema de aquisição de dados e armazenados por um microcomputador. 85 Figura 3.20 - Vista do corpo de prova colocado sobre a base para ensaio triaxial com medida de sucção. Depois da câmara triaxial ser devidamente fechada, procedeu-se o preenchimento da mesma, com água. Após a câmara triaxial ter sido preenchida com água, aplicou-se uma pressão confinante para dar início à fase de adensamento do corpo de prova. Foi permitida a livre drenagem do corpo de prova durante esta fase do adensamento. Durante esta fase, leituras constantes do tensiômetro e da variação volumétrica foram feitas e armazenadas em um microcomputador. Esta fase do ensaio teve duração mínima de 24 horas, tempo suficiente para que houvesse estabilização das leituras do tensiômetro e da variação volumétrica. 86 Após o fim da fase de adensamento, passou-se para a fase de ruptura, onde a velocidade de ruptura foi definida como sendo 0,12 mm/minuto, de acordo com a seguinte equação: Vruptura = ε axial × L 100 × t r ( 3.2 ) Onde: Vruptura = Velocidade de ruptura; εaxial = Deformação axial estimada na ruptura; L = Altura do corpo de prova; tr = tempo para que ocorra a ruptura. Durante a fase de ruptura do ensaio triaxial com medida direta de sucção, os dados de carga, deslocamento, variação volumétrica, tempo decorrido do ensaio e sucção/pressão foram lidos e armazenados em um microcomputador. A livre drenagem foi permitida durante a ruptura, que durava em média 8 horas (carregamento e descarregamento). Foram feitos ensaios triaxiais para tensões confinantes de 100, 200, 300 e 400 kPa. Estas tensões confinantes foram utilizadas visando o estudo da utilização da barreira capilar construída com RSU tratado como cobertura diária em um aterro sanitário. Ao todo foram feitos 7 ensaios, sendo que foram aproveitados para este trabalho somente os resultados de 4 ensaios. Após o final do ensaio, a câmara triaxial era desmontada e o corpo de prova retirado da base triaxial. Em todos os ensaios foram retiradas, e levadas à estufa a 55oC, amostras de composto do topo, meio e base do corpo de prova, para cálculo de umidade. Após todo este procedimento, para cada uma das tensões confinantes, procederam-se os cálculos do ensaio, nos quais foram consideradas as calibrações dos transdutores utilizados, a correção de área devido a deformação do corpo de prova e a variação volumétrica da câmara triaxial. Todas as calibrações feitas se encontram em anexo. 87 3.2.7 Ensaio de Retenção Unidimensional O de retenção unidimensional teve como objetivo principal avaliar o fenômeno unidimensional que ocorre em barreiras capilares, tentando avaliar o desempenho do RSU tratado como material componente da barreira capilar. Em outras palavras, buscou-se avaliar a capacidade de retenção de água de uma barreira capilar construída com RSU tratado levando em consideração os fenômenos de capilaridade e absorção. Para realização deste ensaio, um tubo de plástico com 4,21 cm de diâmetro interno e 61,5 cm de altura foi preso por uma garra, que por sua vez estava presa a um suporte. O tubo e o conjunto garra e suporte foi colocado sobre uma balança com capacidade máxima de 10 kg e resolução de 0,1g. Uma bureta, também presa a um suporte foi posicionada sobre o tubo plástico, porém sem haver contato com a balança. O esquema de montagem é apresentado na Figura 3.21. Um recipiente foi colocado sob a coluna para coletar o liquido resultante de uma possível falha da barreira capilar. Figura 3.21 - Esquema de montagem do ensaio de retenção unidimensional. 88 O tubo plástico foi marcado de tal maneira que permitisse ensaios com uma camada capilar de no máximo 50 cm. Sobre a marca, divisa entre a camada capilar e a barreira capilar, foi feito um orifício onde foi colocado um outro tubo plástico, com menor diâmetro, visando que este funcionasse como um piezômetro. O objetivo da colocação deste tudo foi verificar e registrar a possível geração de pressões positivas na camada capilar. O procedimento padrão de ensaio foi compactar a camada capilar no interior do tubo de plástico com uma dada densidade e com uma altura de 25cm. Posteriormente o bloco capilar era colocado e a coluna, agora contendo a barreira capilar, era posicionada no suporte, que por sua vez era colocado sobre a balança. Pequenas pedras foram colocada no topo da camada capilar para evitar que o gotejamento perfurasse a camada capilar, também, tomou-se o cuidado de retirar, do material componente do bloco capilar, objetos com dimensões que pudessem impedir a passagem de água ou que mascarassem os resultados, já que o papel do bloco capilar é tão somente propiciar a quebra hidráulica entre a camada capilar e o material sobre o qual a barreira capilar é construída. Após a colocação do suporte com a camada capilar sobre a balança, a mesma era zerada e a bureta posicionada sob a coluna. Iniciava-se o cronometro juntamente com o início do gotejamento sobre o topo da camada capilar. A leitura da balança e o tempo eram anotados a cada 5 minutos, bem como a distância de avanço da frente de umedecimento, a partir do topo da camada capilar. A adição de água era feita, procurando se manter uma variação de 2 gramas a cada 5 minutos, até que a frente de umedecimento atingisse a fronteira entre a camada capilar e o bloco capilar. Assim que algum sinal de passagem era visualmente constatado, a adição de água era interrompida. Depois de um período de estabilização de cerca de 12 horas, a última leitura da balança e tempo eram anotados. Após a última anotação, a coluna era desmontada, recolhendo-se amostras a cada 5cm da camada capilar e recolhendo-se todo o material do bloco capilar para se efetuar a determinação do teor de umidade. Procurando-se repetir o que foi feito no ensaio oedométrico com medida direta de sucção e nos ensaios de permeabilidade, foram feitos 3 ensaios com 3 89 densidades diferentes da camada capilar, visando verificar o efeito da densidade no fenômeno capilar e na capacidade de retenção de água da barreira capilar. 3.2.8 Barreira Capilar Experimental Este ensaio tem como objetivo simular a construção e o comportamento de uma barreira capilar em laboratório. Para este experimento utilizouse o mesmo equipamento de AVELAR (2003) e SOARES (2006) que estudaram fluxo de água em taludes. Esta caixa pode ser observada na Figura 3.22. Figura 3.22 - Vista lateral da caixa utilizada para a construção da barreira capilar experimental em laboratório. As dimensões da caixa utilizada para a construção da barreira capilar feita com RSU pré-tratado são 1,80 por 0,60m de largura e 0,44m de profundidade. Na Figura 3.23 pode se observar um esquema da caixa com as respectivas dimensões indicadas. 90 Figura 3.23 - Esquema da caixa utilizada no ensaio da barreira capilar experimental construida com RSU pré-tratado. Para ser possível a coleta da água percolada pela camada capilar, bloco capilar e por run off, separadamente, utilizou-se somente a porção da caixa que sofre inclinação. Isto foi feito para que não se causassem danos na caixa utilizada para o ensaio da barreira experimental. Para isto, uma contenção foi construída e pode ser observada na Figura 3.24. A contenção foi construída em plástico para que fosse fácil executar furos para passar a tubulação dos drenos das diferentes camadas. Depois de ser feita a furação, foi colocado o tubo dreno e foi vedado com silicone ao redor do tubo, dos dois lados (interno e externo), para se evitarem vazamentos. Na Figura 3.25 é possível visualizar a parte interna da caixa, onde o dreno repousa sobre uma manta de PVC e passa pela contenção, onde procurou-se garantir a vedação. Foi vedado com silicone todo o contato entre a contenção e a caixa acrílica para, também se evitarem vazamentos. 91 Figura 3.24 - Vista da contenção construída para permitir o uso somente da parte desejada da caixa e respectivos drenos para a coleta do run off, camada capilar e bloco capilar. Na Figura 3.26 observa-se detalhe do posicionamento do dreno do bloco capilar. Este dreno foi construído em forma de “T” e sua colocação foi feita junto a contenção devido a própria construção da caixa de acrílico que impedia que o dreno fosse posicionado de outra maneira. Isto foi benéfico pois propiciou que a menor quantidade de liquido possível ficasse retida no interior da caixa. Detalhes do posicionamento do dreno da camada capilar podem ser observados na Figura 3.27. A princípio pensou-se em, como no bloco capilar, fazer um dreno em forma de “T”, porém esta configuração não foi eficaz. Sendo assim, optou-se por aproveitar o formato em “T” e acrescentar furos junto à contenção e revesti-los com um geossintético para evitar-se a colmatação do dreno. Esta configuração também permitiu que a menor quantidade possível de líquido ficasse retida no interior da caixa. 92 Figura 3.25 - Detalhe da instalação dos drenos. Figura 3.26 - Detalhe da montagem do bloco capilar. 93 Figura 3.27 - Detalhe da construção do deno da camada capilar. O esquema de montagem da barreira capilar experimental, bem como a altura da colocação dos drenos são apresentados na Figura 3.28. Figura 3.28 - Esquema construtivo da barreira capilar experimental. Para este trabalho, a eficiência total da barreira capilar foi definida como sendo a porcentagem de água que não passou pela barreira, ou seja, será a somatória de toda a água que não passou pela barreira capilar dividida pela quantidade total de água que entrou na barreira capilar. Assim sendo, a eficiência será definida como : E= (VCC + VRO + VRET ) VTOT × 100(% ) ( 3.3 ) 94 Onde: E = Eficiência Total da Barreira Capilar; VCC = Volume que saiu da Camada Capilar (cm3); VRO = Volume que saiu por Run Off (cm3); VRET = Volume que ficou retido no material (cm3); VTOT = Volume total de precipitação (cm3). A precipitação foi aplicada na parte superior da camada capilar atravez dos aspersores posicionados sobre ela. Ressalta-se também, que para os ensaios realizados, não foi considerada a perda de água devido à evaporação, quer seja durante o evento da chuva, quer seja após o evento da chuva. O ensaio da barreira capilar experimental teve como procedimento padrão o início da marcação do tempo com o início da chuva. A duração da chuva foi estabelecida em 2 horas para tentar simular uma chuva de nível moderado. Durante o período da chuva as leituras eram feitas de 10 em 10 minutos. Após o período de 2 horas a chuva era interrompida e as leituras continuavam a ser feitas com intervalos de 10 minutos por cerca de 2 horas e, após este período, com intervalos de 20 minutos por cerca de 1 a 2 horas. Após este início de ensaio, os recipientes de coleta eram posicionados e cerca de 20 horas era feito uma nova leitura. Após um período total de 24 horas (de um dia para o outro) reiniciava-se a chuva por um mesmo período de 2 horas, voltando a se fazer medidas com intervalos de 10 minutos. Isto foi feito para se averiguar o que aconteceria com eficiência da barreira com a recorrência de uma chuva de igual intensidade após um período de 24 horas Depois da repetição da chuva inicial eram feitas medidas com intervalos de 10 minutos, e, posteriormente, com intervalo de 20 minutos. Deixava-se a barreira “descansar” por cerca de 24 horas e, após este período, mudava-se a inclinação da barreira e iniciava-se o mesmo procedimento de ensaio. Durante todo o ensaio, uma 95 temperatura média de 25º Celsius foi mantida, visando controlar possíveis diferenças nos resultados devido á variação de temperatura. Estabeleceu-se que durante o período de chuva, se faria uma aferição da quantidade de chuva “precipitada” colocando-se recipientes com área conhecida sobre a superfície da barreira, os quais coletariam a água da chuva e, posteriormente, conhecendo-se o volume coletado em cada recipiente era calculado o volume de chuva por metro quadrado por hora. De posse do volume de chuva estimou-se, para efeito de cálculos, a quantidade de chuva pela área de barreira capilar por minuto. A rede de aspersores utilizada para a realização dos ensaios continha, ao todo, 8 bicos aspersores, sendo que os 2 últimos bicos aspersores foram fechados, para se minimizar a ocorrência de chuva na área onde a geomembrana de PVC foi colocada, evitando assim, mascarar os resultados obtidos. Na Figura 3.29 observa-se os bicos aspersores utilizados, os bicos aspersores fechados e a área onde se considerou que houve chuva. Assim, foi considerada uma área de 6519 cm2 como sendo a área onde havia chuva. Figura 3.29 - Detalhe dos bicos aspersores e da área considerada para cálculo da chuva. 96 Foram feitos 3 ensaios, com inclinações de 5, 10 e 15 graus, para camada capilar com composto de granulometria menor de 4 mm e 3 ensaios, com inclinações de 5, 10 e 15 graus, para camada capilar com granulometria menor do que 2 mm. Em seguida, mantendo uma inclinação de 20 graus, variou-se o tempo de chuva aplicada sobre a superfície da camada capilar. A barreira capilar foi submetida a 2, 1,5 e 1 hora de chuva. Ainda com a inclinação de 20 graus, para avaliar a diminuição da velocidade de infiltração sobre a camada capilar, aplicou-se o volume correspondente a 2 horas de chuva, em um período de tempo de 4 horas. Isto foi feito ligando e desligando os aspersores de 5 em 5 minutos, durante 4 horas. Todo este procedimento foi feito para uma barreira capilar com camada capilar medindo 25 cm de altura e bloco capilar medindo 12 cm de altura. Visando verificar o efeito do aumento da densidade da camada capilar, impôs-se uma compactação à mesma e repetiu-se a aplicação de chuva com diferentes tempos. O processo de compactação pode ser observado na Figura 3.30. Novamente se submeteu a barreira capilar a 2, 1,5 e 1 hora de chuva. Após a compactação a altura da camada capilar foi reduzida para 16 cm de altura, sendo que o bloco capilar ficou com os mesmos 12 cm de altura. Para completar o espaço que sobrou, devido a redução da altura da camada capilar, colocou-se uma camada de RSU tratado, com partículas menores do que 4 mm, no topo da camada capilar. Isto foi feito pois, com a quantidade de amostra restante, não seria possível obter a quantidade suficiente de material com partícula menor do que 2 mm para completar a caixa. 97 Figura 3.30 - Compactação da camada capilar. Com a caixa completa, colocou-se novamente uma fina camada de pedra britada sobre a barreira capilar para evita que pingos de água a transpassassem. Este procedimento pode ser visto na Figura 3.31. Figura 3.31 - Colocação da camada de brita sobre a barreira capilar compactada. 98 3.2.9 Simulação da Chuva O ensaio da barreira capilar experimental em laboratório apresentou alguns desafios para a sua execução. A simulação da chuva foi o maior deles, pois como não havia condições para a construção de uma camada para balanço hídrico (controle e distribuição equânime da infiltração) a distribuição por igual da chuva representou um desafio. A princípio, colocou-se os aspersores virados em direção da caixa, porém isto causou um problema sério os aspersores. Devido à pouca altura em relação à superfície da barreira capilar, os aspersores concentravam a névoa de água em lugares específicos, causando o umedecimento excessivo de alguns pontos, enquanto outros continuavam secos. Este fato pode ser observado na Figura 3.32. A concentração de chuva em determinados pontos foi corrigida virando-se os aspersores para cima, fazendo com que a névoa de água subisse e depois caísse por igual na superfície da barreira capilar. Porém isto causou outro problema, a ocorrência de goteiras devido à concentração de água no tubo dos aspersores. A formação de gotas pode ser observada na Figura 3.34. Isto foi solucionado, colocandose uma camada fina de pedra sobre o composto para suportar o impacto do gotejamento, evitando assim, a formação de buracos na barreira capilar. 99 Figura 3.32 - Detalhe da concentração de umidade em pontos específicos causada pela simulação irregular de chuva. Outro problema encontrado foi a infiltração de água na interface acrílico/composto. Isto ocorreu devido a névoa de água se concentrar no acrílico e escorrer na interface acrílico/composto (Figura 3.33). Este problema foi solucionado com a instalação de canaletas em toda a borda da área superficial da barreira capilar (Figura 3.34). Mesmo assim, verificou-se que a canaleta não seria eficaz se ela não estivesse encostada na superfície da barreira capilar, pois neste caso, continuaria havendo acúmulo de água no acrílico e conseqüente passagem de águá na interface acrílico/composto. Por este motivo, a canaleta foi colocada em contato com a superfície do composto. 100 Figura 3.33 - Detalhe da infiltração de água na interface acrílico/composto. Figura 3.34 - Detalhe da montagem final do ensaio da barreira capilar experimental, com os aspersores posicionados para cima, com a canaleta colocada e com uma camada fina de pedra britada disposta na superfície da barreira capilar. 101 CAPÍTULO 4 - APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Neste capitulo serão apresentados e discutidos os resultados obtidos em todos os ensaios realizados, tanto na Alemanha quanto no Brasil, utilizando o resíduo sólido urbano pré-tratado mecânica e biologicamente e o composto produzido na usina de tratamento do Caju. 4.1 RESULTADOS OBTIDOS NA ALEMANHA Os estudos feitos na Alemanha usaram resíduos pré-tratados dos aterros de Mansie (distrito de Ammerland), Rethmann (empresa alemã que possui um processo de pré-tratamento para os seus resíduos) e Münster. 4.1.1 Granulometria Na Figura 4.1 é possível observar o resultado do ensaio de granulometria para os resíduos de Münster, Mansie e Rethmann. O resíduo de Rethmann claramente tem mais finos do que os outros dois resíduos, provavelmente devido ao processo de pré-tratamento. De acordo com MUNNICH (2008), o resíduo de Rethmann foi colocado dentro de um tambor e triturado com o auxilio de esferas de aço. 102 Es cala Granu lomé tri ca ABNT arg ila sil te areia méd ia fina 0. 00 2 0 .2 0.0 6 fin o g rossa 0 .6 2.0 0 6 .00 ped re gu lho méd io 20 .00 g ro sso 1 00 90 Münster Mansie Rethmann 80 70 60 50 40 30 20 10 0 0,001 0,01 0,1 1 10 100 diâmetro (mm) Figura 4.1 - Curva granulométrica para o resíduo pré-tratado mecânica e biologicamente de Münster, Mansie (MÜNNICH, 2006) e Rethmann (PAHL, 2006). 4.1.2 Sólidos Voláteis PAHL (2006) realizou o ensaio de sólidos voláteis para os materiais provenientes de Mansie e Rethmann. O material proveniente de Mansie teve uma perda de 38,2% e o material proveniente de Rethmann teve uma perda de 42,0%. Estes resultados mostram que provavelmente o material proveniente de Rethmann tem mais material orgânico do que o material proveniente de Mansie. 4.1.3 Ascensão Capilar O processo de ascensão capilar no ensaio realizado por PAHL (2006) para o material proveniente de Rethmann pode ser observado na Figura 4.2. O resultado mostra que no período de 24 horas o processo já estava completo e a linha de umedecimento já havia atingido o topo da amostra de 17cm de altura. 103 Figura 4.2 - Processo de ascensão capilar (PAHL, 2006). Após o termino do processo de ascensão o corpo de prova foi dividido em camadas de 5 cm e a umidade de cada camada foi medida. Os resultados encontrados por PAHL (2006) podem ser observados na Figura 4.3. Altura da Coluna (cm) 20-30 15-20 5-10 0-5 0,40 0,42 0,44 0,46 0,48 0,50 0,52 0,54 0,56 Umidade (Vol%) Figura 4.3 - Resultados da umidade em relação a altura do corpo de prova (PAHL, 2006). 4.1.4 Resultados dos Ensaios de Permeabilidade Foram realizados ensaios de permeabilidade com carga constante visando estudar a permeabilidade do RSU pré-tratado mecânica e biologicamente. 104 Nas Figura 4.4 e Figura 4.5, pode-se observar os resultados obtidos para os ensaios de permeabilidade realizados. Os resultados obtidos mostram que quanto maior a massa específica menor é a permeabilidade e os resultados obtidos por PAHL (2006) mostram que os menores valores de permeabilidade foram encontrados para o material de Rethmann. Münter(0,6 a 2mm d=0,68 g/cm3) Mansie(0,6 a 2mm d=053 g/cm3) Mansie(0,6 a 1mm d=0,73 g/cm3) Münter(0,6 a 1mm d=0,52 g/cm3) 12:00 PM 12:00 AM 12:00 PM 12:00 AM 12:00 PM Permeabilidade (cm/s) 1,0E+00 1,0E-01 1,0E-02 1,0E-03 Tempo Figura 4.4 - Resultados obtidos para os ensaios de permeabilidade realizados para os materiais de Mansie, Münster. Permeabilidade (cm/s) 1,2E-02 8,0E-03 4,0E-03 0,0E+00 31/8/06 10/9/06 20/9/06 30/9/06 10/10/06 20/10/06 Data da Leitura Figura 4.5 - Resultados de Permeabilidade do material de Rethmann, com granulometria maior do que 1 mm e menor do que 2 mm (PAHL, 2006). 105 4.1.5 Ensaio de Sucção Uma coluna com material proveniente de Mansie foi montada e instrumentada com 2 tensiômetros e com 3 termômetros com o objetivo de verificar a variação da sucção em função da variação de temperatura. O esquema de montagem pode ser observado na Figura 4.6. Figura 4.6 - Vista do ensaio de sucção realizado com material provenientes de Mansie nos laboratórios da Universidade Técnica de Braunschweig. Uma lâmpada foi colocada sobre o corpo de prova com o intuito de provocar um aumento de temperatura. Os resultados obtidos podem ser observados na Figura 4.7. Constatou-se que há grande influencia da temperatura nos valores de sucção, apesar dos valores obtidos para a sucção terem sido baixos, no máximo 6 kPa. Isto deveu-se, provavelmente, a granulometria do material estudado (0,6 a 2mm). 106 80 Termômetro do Topo o Temperatura ( C) 60 2o Termômetro 40 3o Termômetro 20 0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000 0 Tensiômetro perto da base Pressão (kPa) -1 -2 -3 -4 Tensiômetro perto do topo -5 -6 -7 Tempo (s) Figura 4.7 - Resultado do ensaio de sucção versus temperatura para o material de Mansie. 4.1.6 Barreira Capilar em Laboratório PAHL (2006), em continuação ao estudo iniciado por IZZO (2006) realizou o teste de uma barreira capilar experimental construída com RSU tratado proveniente de Rethmann com granulometria entre 1 e 2mm. PAHL (2006) utilizou RSU tratado tanto para construir a camada capilar quanto para construir o bloco capilar. Simulando o evento de uma chuva e variando a inclinação da barreira capilar, os resultados obtidos podem ser vistos na Figura 4.9. Na Figura 4.8 é possível observar a caixa onde foi montada a barreira capilar com RSU pré-tratado na Universidade Técnica de Braunschweig. 107 Figura 4.8 - Barreira capilar experimental montada na Universidade Técnica de Braunschweig. 10 Q Pico de Fluxo (CC) Q Média do Fluxo Máximo (CC) Fluxo de Saída [ml/s] 8 Q Média do Fluxo Máximo (CB) 6 4 2 0 0° 4° 8° 10° Inclinação 14° 18° Figura 4.9 – Resultado obtido por PAHL (2006) para uma barreira capilar experimental construída com material oriundo de Rethmann com granulometria entre 1 e 2mm.. O desempenho da barreira capilar experimental construída por PAHL (2006) mostrou-se muito bom. No entanto, a observação de fluxo de saída quando da inclinação a 0º e a respectiva ausência de fluxo pelo bloco capilar evidencia que provavelmente não houve um cuidado na construção do bloco capilar. Por se tratar de um ensaio de pequena escala (7,3 x 25 x 85 cm), talvez não tenha havido o cuidado em se excluir do material utilizado como bloco capilar, partículas com dimensões tais que pudessem comprometer os resultados. Sendo assim, o bloco capilar, além de propiciar a quebra hidráulica entre necessária para a ocorrência do fenômeno capilar, funcionou também como uma barreira física para o fluxo do percolado, descaracterizando assim, o funcionamento da barreira capilar. 108 Observa-se também, que não houve saída de liquido pelo bloco capilar em nenhuma das inclinações impostas. Isto é perfeitamente possível, pois depende das características do material e da velocidade de infiltração de entrada. No entanto, o crescente acúmulo de liquido na camada capilar leva, inevitavelmente, à falha da barreira capilar e conseqüente passagem de liquido para o bloco capilar. Sendo assim, a ausência total de registro de fluxo pelo bloco capilar é no mínimo estranha. 4.2 RESULTADOS OBTIDOS NO BRASIL Neste item serão apresentados os resultados de ensaios experimentais obtidos no laboratório de geotecnia da COPPE-UFRJ para o composto coletado na Usina de Tratamento e Transbordo do Caju. Serão apresentados resultados de ensaios de compactação, permeabilidade, adensamento com medida de sucção, ensaios triaxiais com medida de sucção, ensaio de retenção unidimensional e os resultados para uma barreira capilar experimental construída em laboratório. 4.2.1 Granulometria Na Figura 4.10 é possível observar o resultado da análise granulométrica para a primeira e para a segunda amostra coletada na usina de tratamento do Caju. Em vermelho estão os resultados para a primeira amostra e em preto os resultados para a segunda amostra. O material coletado na primeira amostra, como resultado do processo de compostagem, passou por uma peneira com malha de 10mm. Na segunda amostragem foram coletados dois materiais, um que passou por uma peneira de 10mm e outro que passou por uma peneira de 22mm. 109 O primeiro material coletado apresenta uma maior quantidade de finos. Uma possível explicação para isto é o método de coleta, e o fato de que este material estave armazenado no pátio da usina de tratamento do Caju por um bom tempo, assim, a quantidade de pó e areia coletada juntamente com o composto foi alta. Na segunda coleta realizada, os cuidados foram redobrados, o que resultou em uma menor quantidade de areia e pó, o que é facilmente observado na Figura 4.10. Na Figura 4.11, apresenta-se o aspecto do material coletado em cada peneira, durante o processo de peneiramento. Referência - Escala Granulométrica ABNT Similar a argila similar a silte fina 0.002 0.06 similar a areia média 0.2 similar a pedregulho grossa 0.6 fino 2.00 grosso médio 6.00 20.00 100 porcentagem que passa (%) 90 S01 - T01 10mm S01 - T02 10mm S01 - T03 10mm S02 - T01 10mm S02 - T02 10mm S02 - T03 22mm S02 - T04 22mm S02 - T05 22mm 80 70 60 50 40 30 20 10 0 0,001 0,01 0,1 1 10 100 Diâmetro (mm) Figura 4.10 - Analise granulométrica feita para as amostras 01 e 02 oriundas da usina de tratamento do Caju. Figura 4.11 - Aspecto das frações individuais da amostra 02 proveniente da estação de tratamento do Caju (frações menores do que 10mm). 110 O composto da Usina do Caju, em comparação com o RSU prétratado mecânica e biologicamente estudado por PAHL (2006) mostrou ser mais bem graduado, o que é uma desvantagem, devido a menor disponibilidade de material das faixas granulométricas desejadas. Isto seria facilmente corrigido, atuando-se no processo de produção do composto. O composto da Usina do Caju, apesar de apresentar praticamente a mesma quantidade de material orgânico do que o RSU pré-tratado estudado por PAHL (2006), ainda mostra uma deficiência grave, que é a presença em grande quantidade de vidro, metais e plástico. A capacidade de retenção de água e a permeabilidade do composto estão intimamente ligadas com a qualidade do composto (RSU pré-tratado). Mais uma vez, a solução para o problema passa pelo controle no processo de produção do composto. 4.2.2 Compactação O ensaio de compactação seguiu a metodologia da norma NBR 7182 (1986) com energia normal. O resultado é apresentado na Figura 4.12. Massa Esp. Aparente Seca (g/cm3 ) 0,84 0,82 0,80 0,78 0,76 0,74 0,72 0,70 32 34 36 38 40 42 44 46 48 Umidade Média na Base Úmida (%) Figura 4.12 - Resultado do ensaio de compactação para o RSU pré-tratado mecânica e biologicamente com granulometria menor do que 4mm. 111 Através do resultado do ensaio de compactação determinou-se uma umidade ótima de 39,4% (base úmida) e massa específica seca de 0,82 g/cm3. Estes valores foram utilizados como referência durante todo este trabalho. Observa-se que foram necessários vários pontos para se obter a curva de compactação para este material, isto foi devido a grande variabilidade dos resultados obtidos. O RSU tratado é um material bastante heterogêneo e, devido a este fato, é esperada uma grande dispersão em resultados obtidos em ensaios realizados com este tipo de material. 4.2.3 Ensaios de Permeabilidade Na Figura 4.13 é possível observar o resultado do ensaio de permeabilidade à carga constante feito para a amostra 01 com grãos entre 0,83 e 2mm e com uma massa específica seca de 0,52 g/cm3. O resultado mostra valores de permeabilidade da ordem de 10-2 cm/s, enquanto que a amostra do composto com toda a sua faixa granulométrica apresentou permeabilidade da ordem de 10-6 cm/s, mostrando a forte influência da poeira e areia coletados juntamente com o composto. Coeficiente de Permeabilidade (cm/s) 1,0e+0 1,0e-1 1,0e-2 1,0e-3 0 2 4 6 8 10 12 Tempo (horas) Figura 4.13 - Ensaio de permeabilidade à carga constante para a amostra 01 da Usina do Caju, granulometria de 0,83 a 2mm. 112 Para a segunda amostragem feita, e por praticidade, decidiu-se ensaiar o composto passante em uma peneira de malha com abertura de 4 mm. Sendo assim, toda faixa entre 4 mm e 0 mm foi usada. Com isto, obteve-se 3 vantagens de ordem prática : aumento da quantidade de material para ensaio, diminuição no tempo necessário para se peneirar o material e peneira com malha disponível comercialmente. Os resultados para os ensaios de permeabilidade com o composto da Usina do Caju, passante na peneira 4mm e com 3 diferentes massas específicas são apresentados na Figura 4.14. Coeficiente de Permeabilidade (cm/s) 1,00e-2 y = 2,36387e R² = 0,92389 1,00e-3 60% da Massa Específica Ótima 80% da Massa Específica Ótima Massa Específica Ótima -16,94983x 1,00e-4 1,00e-5 1,00e-6 1,00e-7 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 3 Massa Específica Seca (g/cm ) Figura 4.14 - Ensaio de permeabilidade à carga constante para a amostra de composto da Usina do Caju, com três diferentes massas específicas e com granulometria menor do que 4mm. O valor do coeficiente de permeabilidade encontrado para o composto com granulometria menor do que 4 mm é compatível com os valores encontrados na literatura para RSU. Ainda, os valores do coeficiente de permeabilidade encontrados foram cerca de uma ordem de grandeza menores que os encontrados para o material utilizado por PAHL (2006) Apesar de ser um material relativamente estável, ainda existem resquícios de atividade biológica ocorrendo. Por este motivo, os resultados mostram 113 uma leve variação de uma leitura para outra, variação esta, também encontrada nos resultados de PAHL (2006) e nos resultados obtidos na Alemanha. Aparentemente, esta pequena geração de gás é comum para o RSU que passou por pré-tratamento similar ao pré-tratamento aplicado no composto utilizado para este estudo. Este fato faz com que seja necessária uma atenção maior durante a execução de ensaios de permeabilidade, pois os gases produzidos podem afetar os resultados. A verificação constante da existência de acumulo de gases na tubulação e a retirada dos mesmos devem garantir a qualidade dos resultados. 4.2.4 Capacidade de Campo Ao final do ensaio de permeabilidade para o material da amostra 01 com granulometria de 0,83 à 2mm, deixou-se o corpo de prova drenar até que não saísse mais água e, então, determinou-se o teor de umidade, que foi de 52,3% (base úmida). Pode-se visualizar o processo na Figura 4.15. Figura 4.15 - Determinação da capacidade de campo. No final de cada ensaio de permeabilidade, para o composto com granulometria menor do que 4 mm, foi determinada a capacidade de campo. O corpo de prova com massa específica de 0,492 g/cm3 (Grau de Compactação de 60%) apresentou uma capacidade de campo de 56,0%. O corpo de prova com massa específica de 0,656 g/cm3 (Grau de Compactação de 80%) apresentou uma capacidade de campo de 48,3%. 114 O corpo de prova com massa específica de 0,82 g/cm3 (Grau de Compactação de 100%) apresentou uma capacidade de campo de 46,8%. Com os resultados da capacidade de campo para os três corpos de Capacidade de Campo (%) - Base Úmida prova com massas específicas diferentes, foi possível traçar o gráfico da Figura 4.16. 58 Y = 42,78.X 56 -0,361 R² = 0,92 54 52 50 48 46 44 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 3 Massa Específica Seca (g/cm ) Figura 4.16 - Capacidade de Campo versus Massa Específica Seca para o composto com granulometria menor do que 4 mm com diferentes massas específicas. Os resultados indicam que quanto maior a massa específica seca do composto com dimensão de partícula equivalente a 4 mm, menor será a capacidade de campo e menor será o coeficiente de permeabilidade. Isto se deve a grande redução do volume de vazios causada pelo aumento da massa específica seca, no entanto, o aumento da massa específica seca deve ocasionar um aumento do valor da máxima sucção que o material pode atingir, melhorando assim o fenômeno da ascenção capilar, o que pode ser vantajoso considerando o fenômeno unidimensional da barreira capilar. Quanto ao fenômeno bidimensional que ocorre nas barreiras capilares, o aumento da massa específica pode vir a ser um problema, pois de acordo com MÜNNICH et al. (2005), a permeabilidade horizontal em RSU é maior que a permeabilidade vertical e o aumento da massa específica causa uma redução na 115 diferença entre a permeabilidade vertical e horizontal. Sendo assim, a distância de falha da barreira capilar pode diminuir, ocasionando a passagem do lixiviado em pontos indesejados. 4.2.5 Ensaio de Adensamento com Medida de Sucção Foram feitos ensaios com corpos de prova com diferentes massas específicas secas, os dados iniciais dos ensaios realizados podem ser vistos na Tabela 4.1. Na Figura 4.17 são apresentados os resultados de deslocamento versus a raiz quadrada do tempo dos ensaios, de adensamento com medida direta de sucção e do ensaio de adensamento convencional, realizados. Tabela 4.1 - Dados iniciais dos ensaios oedométricos com medida direta de sucção. CP Condição Grau de Compactação (%) 8 7 6 9 Não Saturado Não Saturado Não Saturado Saturado 60 80 100 100 e0 Massa Úmida do CP (g) winicial 3,14 2,10 1,55 1,24 83,20 109,30 135,30 102,98 39,00 ------- Massa Específica Seca 3 (g/cm ) 0,46 0,61 0,79 0,85 Os valores da umidade inicial das amostras 7, 6 e 9 da Tabela 4.1 foram perdidos devido a um problema ocorrido na estufa onde as amostras foram colocadas para secar. Na Figura 4.18 são apresentados os resultados de sucção/pressão para os ensaios de adensamento realizados com diferentes massas específicas. 116 0 -2 Deslocamento (mm) -4 -6 -8 -10 Massa Específica e Umidade Ótima 80% da Massa Específica Ótima 60% da Massa Específica Ótima Massa Específica e Umidade Ótima (Saturado) -12 -14 0 200 400 Tempo 600 800 1000 (min1/2 ) Figura 4.17 - Gráfico deslocamento versus raiz quadrada do tempo. Composto com granulometria menor do que 4mm. Massa Especifica e Umidade Ótimas Densidade e Umidade Ótima 200 80% Massa Especifica Ótima 80%dada Densidade Ótima 80% Massa Especifica Ótima 60%dada Densidade Ótima Sucção (kPa) 150 100 50 0 -50 -100 0 200 400 Tempo 600 (min1/2 ) 800 1000 Figura 4.18 - Pressão versus raiz quadrada do tempo. Composto com granulometria menor do que 4mm. Os resultados de deformação específica versus tensão vertical são apresentados na Figura 4.19. Nota-se um claro aumento da deformação com a diminuição da massa específica, o que era de se esperar. 117 A variação do índice de vazios para os ensaios oedométricos com medida direta de sucção e ensaios oedométrico convencional, são apresentados na Figura 4.20. Os valores do índice de vazios tem uma variação maior para massas específicas menores, este resultados corroboram com os resultados obtidos para a deformação específica. Massa Específica e Umidade Ótimas 80% da Massa Específica Ótima 60% da Massa Específica Ótima Massa Específica e Umidade Ótimas (Saturado) Deformação Específica (%) 0 10 20 30 40 50 60 1 10 100 1000 10000 Tensão Vertical (kPa) Figura 4.19 - Deformação específica x tensão vertical aplicada. Composto com granulometria menor do que 4mm. 3,5 Massa Específica e Umidade Ótimas 80% da Massa Específica Ótima 60% da Massa Específica Ótima Massa Específica e Umidade Ótimas (Saturado) Índice de Vazios, e 3,0 2,5 2,0 1,5 1,0 0,5 1 10 100 1000 10000 Tensão Vertica (kPa) Figura 4.20 - Índice de vazios versus tensão vertical aplicada. Composto com granulometria menor do que 4mm. 118 A magnitude das deformações observadas para o composto da Usina do Caju são muito maiores do que aqueles observados, por exemplo, para um solo utilizado como cobertura em um aterro de resíduos da cidade do Rio de Janeiro (vide Anexo, item A.6), sendo que, a diferença pode chegar a 35%. Em comparação com os resultados de deformações obtidos, para RSU pré-tratado, por CARRUBBA e COSSU (2003), que foram da ordem de 50% para uma tensão vertical de 400 kPa, os resultados obtidos para o composto da Usina do Caju foram similares, apresentando uma deformação vertical de 22, 31 e 45% para uma massa específica seca de 0,49 , 0,65 e 0,82 g/cm3, respectivamente. Sendo assim, construindo-se uma barreira capilar com este tipo de material, seu comportamento, em termos de deformação, seria semelhante ao comportamento do RSU, o que traria alguns benefícios, como a redução de formação de trincas. 119 4.2.6 Ensaio Triaxial com Medida Direta de Sucção Neste item serão apresentados os resultados dos ensaios triaxiais com medida direta de sucção. O composto utilizado para compactar os corpos de prova foi aquele menor do que 4 mm. Na Tabela 4.2 são apresentadas as condições iniciais e finais dos 4 corpos de prova compactados para a realização dos ensaios triaxiais com medida direta de sucção. Tabela 4.2 - Condições iniciais e finais dos corpos de prova nos ensaios triaxiais com medida direta de sucção realizados. Ensaio CP5 CP2 CP3 CP4 hinicial Φinicial Ainicial V0 (cm) (cm) 20,65 20,05 20,05 20,05 10,10 10,00 10,02 10,02 (cm2) 80,12 78,54 78,85 78,85 (cm3) 1654,45 1574,72 1581,03 1581,03 w inicial (base úmida) (%) 33,80 34,45 34,51 36,92 w final γ inicial γs inicial σ3 (g/cm3) 1,22 1,28 1,29 1,28 (g/cm3) 0,81 0,84 0,84 0,81 (kPa) (%) 100 200 300 400 32,23 33,38 -31,36 (base úmida) Na Tabela 4.3 são apresentados os valores da variação volumétrica ocorrida durante a fase de adensamento dos corpos de prova compactados. Observa-se na Figura 4.21 os resultados dos ensaios triaxiais com medida direta de sucção para os 4 corpos de prova compactados com o composto da Usina do Caju. Os gráficos da tensão desvio, sucção/pressão e variação volumétrica versus a deformação específica podem ser observados. Tabela 4.3 - Variação volumétrica do corpo de prova durante a fase de adensamento. CP Variação Volumétrica na Fase de Adensamento 3 (cm ) Variação Volumétrica em Relação ao Volume Inicial (%) 5 2 3 4 217,84 73,81 91,04 127,18 13,17 4,69 5,76 8,04 120 Os corpos de prova não apresentaram uma superfície de ruptura definida, sendo que todos os corpos de prova apresentaram um aspecto típico de barril (Figura 4.22). 800 Tensão Desvio (kPa), σd A 600 400 200 0 Poro Pressão durante a ruptura (kPa), urup 0 5 80 10 15 20 Deformação Específica (%), ε 25 30 B σ3= 100 kPa 60 σ3= 200 kPa 40 σ3= 300 kPa σ3= 400 kPa 20 0 0 5 10 15 20 Deformação Específica (%), ε 25 30 Variação Volumétrica Específica (%) 0 C -20 -40 -60 -80 -100 -120 -140 0 5 10 15 20 Deformação Específica (%), ε 25 30 Figura 4.21 - Resultados do ensaio triaxial com medida direta de sucção realizado com tensões confinantes de 100, 200, 300 e 400 kPa. Tensão desvio x Deformação específica (A). Poro pressão x Deformação específica (B). Variação Volumétrica x Deformação específica. 121 Figura 4.22 - Aspecto padrão do corpo de prova após o ensaio triaxial com medida direta de sucção. A envoltória de resistência, em termos de tensões totais, para os ensaios triaxiais realizados, é apresentada na Figura 4.23. A envoltória de resistência em termos de tensões efetivas é apresentada na Figura 4.24. Tensão Cisalhante (kPa), τ 800 φ = 25,8o 600 400 c = 67 kPa 200 0 0 200 400 600 800 1000 1200 1400 Tensão (kPa), σd Figura 4.23 - Envoltória de resistência em termos de tensões totais obtida para ensaio triaxial com medida direta de sucção em composto compactado na massa específica ótima com granulometria menor do que 4 mm. 122 A envoltória da Figura 4.24, foi obtida subtraindo os valores obtidos, para sucção, pelo tensiômetro do resultado das tensões totais. Isto foi feito, pois o tensiômetro utilizado fornece o valor de sucção de forma direta. Assim, de fato, se obtém como resultado o valor da poropressão, positiva para pressão e negativa para sucção. 800 Tensão Cisalhante (kPa), τ φ =30o 600 400 c = 52 kPa 200 0 0 200 400 600 800 1000 1200 1400 Tensão (kPa), σd Figura 4.24 - Envoltória de resistência em termos de tensões efetivas obtida para ensaio triaxial com medida direta de sucção em composto compactado na massa específica ótima com granulometria menor do que 4 mm Utilizando o mesmo princípio de análise, o gráfico q versus p e p’, para todos os ensaios triaxiais realizados, é apresentado na Figura 4.25. 123 σ3= 100 kPa 300 σ3= 200 kPa 200 σ3= 300 kPa σ3= 400 kPa (σ 1 - σ3)/2 - (kPa) 400 100 0 0 200 (σ 1 400 600 800 1000 + σ3)/2 ; (σ1'+σ3')/2 - (kPa) Figura 4.25 - Gráfico q x p,p' para ensaio triaxial com medida direta de sucção. CARVALHO (1999) obteve resultados de ensaios triaxiais para RSU sem tratamento e na umidade natural, onde o intercepto de coesão teve uma variação de 42 e 60 kPa e ângulo de atrito interno teve uma variação de 21º a 27º. Comparando os resultados obtidos, neste trabalho, para o composto com granulometria menor do que 4mm constata-se que os valores são similares, apesar do composto não contar com o efeito fibra, presente nos RSU em virtude da alta quantidade de plásticos presente neste tipo de material. O efeito fibra foi estudado por DE LAMARE NETO (2004), BORGATTO (2006) e CALLE (2007). 124 4.2.7 Ensaio de Retenção Unidimensional Foram realizados ao todo 3 ensaios de coluna, com 3 massas específicas diferentes. Seguindo o exemplo dos ensaios de adensamento com medida de sucção realizados, a camada capilar foi compactada dentro da coluna com massas específicas secas de 0,82, 0,66 e 0,57 g/cm3. Os dados iniciais dos ensaios de coluna realizados são apresentados na Tabela 4.4. Tabela 4.4 - Dados iniciais dos ensaios de coluna realizados. Ensaio Massa Volume de Específica Vazios Inicial Seca 3 1 2 3 g/cm 0,82 0,66 0,57 3 cm 197,98 227,98 244,10 Massa Inicial w inicial Massa de Água Inicial Massa Seca g 340,12 241,35 262,68 % 16,10 15,76 24,76 g 54,75 40,04 65,03 g 285,37 214,06 197,65 4.2.7.1 Primeiro Ensaio de Retenção Unidimensional Definiu-se que a velocidade de infiltração seria a menor possível para possibilitar o maior desempenho possível do fenômeno unidimensional da barreira capilar. Na Figura 4.26 é apresentada a velocidade de infiltração versus o tempo decorrido de ensaio. Esta velocidade foi calculada, para cada instante, dividindo-se o volume de liquido percolado pelo tempo e, em seguida, dividindo o produto desta divisão pela área da coluna. Observa-se que na Figura 4.26 o gráfico apresenta uma interrupção, isto ocorreu devido ao acumulo de água no topo da camada capilar, acumulo este 125 indesejado. Então, interrompeu-se por alguns instantes a entrada de liquido na coluna e, portanto, resultando em uma velocidade de infiltração igual a zero. Velocidade de Infiltração (m/s) 1e-4 1e-5 1e-6 1e-7 0 100 200 300 400 500 600 Tempo (min) Figura 4.26 - Velocidade de infiltração no topo da camada capilar do ensaio de retenção unidimensional 1. Na Figura 4.27, apresenta-se o desenvolvimento da frente de umedecimento ao longo do tempo. O volume de água percolado através da coluna foi de 132 ml e o tempo total de ensaio foi de 26 horas e 13 minutos. Na Figura 4.28 é apresentado o gráfico da posição da frente de umedecimento, tendo como referência o topo da camada capilar, versus o tempo decorrido de ensaio. As medidas foram feitas de maneira visual e procurando, sempre, fazer o registro do valor médio observado. A linha tracejada nesta figura é uma tentativa de se representar o valor médio da frente de umedecimento em função do tempo. 126 Figura 4.27 - Frente de umedecimento e tempos do ensaio 1. 127 Frente de Umedecimento (cm) 0 5 10 15 20 25 30 0 100 200 300 400 500 600 Tempo (min) Figura 4.28 - Frente de umedecimento versus tempo (Ensaio de Retenção Unidimensional 1). A umidade inicial (base úmida), para este primeiro ensaio, foi de 16,1%, para uma massa inicial de 340,1 g. Assim sendo, de início haviam 54,75g de água já presentes na camada capilar. Na Figura 4.29, é apresentado o volume de água colocado na camada capilar versus o tempo de ensaio, levando em conta os 54,75g já presentes na camada capilar. Mostra-se, com as linhas tracejadas desta figura, que após se adicionar 185,1g de água e decorridos 490 minutos de ensaio, a frente de umedecimento atingiu o limiar entre a camada capilar e o bloco capilar. PONTO EM QUE A FRENTE DE UMEDECIMENTO ATINGIU O BLOCO CAPILAR 3 Volume Percolado (cm ) 200 150 100 50 0 0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 Tempo (min) Figura 4.29 - Volume de água percolada em relação ao tempo de ensaio (Ensaio de Retenção Unidimensional 1). 128 A partir da Figura 4.29, conhecendo-se o volume inicial de água na camada capilar e conhecendo-se o volume de vazios inicial, traçou-se o gráfico da porcentagem de volume de vazios ocupado versus o tempo decorrido de ensaio, que está apresentado na Figura 4.30. Ressalta-se que um volume de água equivalente a 94,3% do 100 80 PONTO EM QUE A FRENTE DE UMEDECIMENTO ATINGIU O BLOCO CAPILAR Total do Volume de Vazios Ocupado (%) volume de vazios foi colocado antes de que houvesse a falha da barreira capilar. 60 40 20 0 0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 Tempo (min) Figura 4.30 - Total do volume de vazios ocupado versus o tempo decorrido de ensaio (Ensaio de Retenção Unidimensional 1). Ao final do ensaio, amostras foram retiradas a cada 5 centímetros para determinação do teor de umidade. Todo o material do bloco capilar também foi coletado para determinação do seu teor de umidade. Na Figura 4.31, apresentam-se os valores de umidade versus a altura da barreira capilar, tendo como referência o topo da camada capilar. A teor de umidade médio da camada capilar foi de 38,8%, enquanto o teor de umidade do bloco capilar ficou em 22%. Com base nestes resultados é possível calcular que um volume de 3 180,52 cm de água ficou retido na camada capilar e a massa total final foi de 465,89g, neste primeiro ensaio, onde a camada capilar foi compactada com massa específica seca de 0,82 g/cm3 129 A perda de água por evaporação foi de 0,4g, sendo este valor calculado como sendo o peso de água colocado (132g) subtraído do do peso final (131,6g). Nada foi coletado no recipiente colocado sob a coluna. Figura 4.31 - Teor de Umidade (base úmida) versus altura da coluna no ensaio 1. 4.2.7.2 Segundo Ensaio de Retenção Unidimensional Na Figura 4.32, esta apresentado o resultado da velocidade de infiltração no topo da camada capilar, versus o tempo, para a camada capilar compactada com uma massa específica seca de 0,66 g/cm3. A queda na velocidade de infiltração deveu-se a um defeito na válvula responsável por controlar a entrada de água na coluna. Assim que o problema foi constatado a velocidade de infiltração foi corrigida, ficando com um valor médio de 5,27 x 10-6 m/s. 130 Velocidade de Infiltração (m/s) 1e-4 1e-5 1e-6 1e-7 0 100 200 300 400 Tempo (min) Figura 4.32 – Velocidade de Infiltração no topo da camada capilar do ensaio 2. Na Figura 4.33 observa-se a evolução da frente de umedecimento em relação ao tempo de ensaio. O volume de água percolado através da coluna foi de 130 ml e o tempo total de ensaio foi de 21 horas e 40 minutos. Nota-se, pela Figura 4.33, que existe uma desigualdade da frente de umedecimento neste ensaio, isto se deveu a uma pequena inclinação sofrida pela coluna durante o ensaio. Na Figura 4.34, é apresentado o gráfico da distância da frente de umedecimento (valor médio) versus o tempo de ensaio. Observa-se nesta figura, que o evento da diminuição da velocidade de infiltração, ocorrida devido a falha de um dos equipamentos do ensaio, ficou evidente até mesmo pela observação visual da frente de umedecimento e, após a correção do problema, a frente de umedecimento avançou de maneira constante no tempo. A linha tracejada, nesta figura, é uma tentativa de se expressar o comportamento médio da frente de umedecimento em relação ao tempo. 131 Figura 4.33 - Frente de umedecimento e tempos do ensaio 2. 132 Frente de Umedecimento (cm) 0 5 10 15 20 25 30 0 100 200 300 400 Tempo (min) Figura 4.34 - Frente de umedecimento versus tempo (Ensaio de Retenção Unidimensional 2). A umidade inicial (base úmida), para este segundo ensaio, foi de 15,8%, para uma massa inicial de 254,1 g. Assim sendo, de início havia 40,04g de água já presentes na camada capilar, valor este, próximo do volume de água no início do primeiro ensaio. Na Figura 4.35, é apresentado o volume de água colocado na camada capilar versus o tempo de ensaio, levando em conta os 40,04g já presentes na camada capilar. Quer se mostrar, com as linhas tracejadas desta figura, que após se adicionar 162,94g de água e decorridos 291,83 minutos de ensaio, a frente de umedecimento alcançou a fronteira entre camada capilar e o bloco capilar. 180 140 PONTO EM QUE A FRENTE DE UMEDECIMENTO ATINGIU O BLOCO CAPILAR 3 Volume Percolado (cm ) 160 120 100 80 60 40 20 0 0 200 400 600 800 1000 1200 1400 Tempo (min) Figura 4.35 – Volume de água percolada em relação ao tempo de ensaio (Ensaio de Retenção Unidimensional 2). 133 A partir da Figura 4.35, conhecendo-se o volume inicial de água na camada capilar e conhecendo-se o volume de vazios inicial, traçou-se o gráfico da porcentagem de volume de vazios ocupado versus o tempo decorrido de ensaio, que está apresentado na Figura 4.36. Ressalta-se que um volume de água equivalente a 71,5% do 100 80 PONTO EM QUE A FRENTE DE UMEDECIMENTO ATINGIU O BLOCO CAPILAR Total do Volume de Vazios Ocupado (%) volume de vazios foi colocada antes da falha da barreira capilar. 60 40 20 0 0 200 400 600 800 1000 1200 1400 Tempo (min) Figura 4.36 - Total do volume de vazios ocupado versus o tempo decorrido de ensaio (Ensaio de Retenção Unidimensional 2). Neste segundo ensaio houve passagem clara de líquido para o bloco capilar, ou seja, houve falha evidente da barreira capilar, no entanto, não o suficiente para ser coletado no recipiente colocado abaixo da coluna. Ao final do ensaio, amostras foram retiradas a cada 5 centímetros para determinação do teor de umidade. Todo o material do bloco capilar também foi coletado para determinação do seu teor de umidade. Na Figura 4.37, apresentam-se os valores de umidade versus a altura da barreira capilar, tendo como referência o topo da camada capilar. O teor de umidade médio da camada capilar foi de 40,4%, enquanto o teor de umidade do bloco capilar ficou em 27,3%. O valor do teor de umidade do bloco capilar foi maior do que no primeiro ensaio devido a clara passagem de líquido para o bloco capilar. 134 Figura 4.37 - Teor de Umidade (base úmida) versus altura da coluna no ensaio 2. Com os resultados apresentado na Figura 4.37 é possível calcular que um volume de 145,24 cm3 de água ficou retido na camada capilar, que ficou com uma massa total final de 465,89g. A perda de água por evaporação foi de 6,1g, sendo este valor calculado como sendo o peso de água colocado (130g) subtraído do peso final (123,9g). Nada foi coletado no recipiente colocado sob a coluna. 4.2.7.3 Terceiro Ensaio de Retenção Unidimensional Na Figura 4.38, está apresentado o resultado da velocidade de infiltração no topo da camada capilar, versus o tempo, para a camada capilar compactada com uma massa específica seca de 0,57 g/cm3. Observa-se que a velocidade 135 de infiltração 4,70 10-6 m/s, bem próxima da velocidade dos outros dois ensaios x anteriores. Velocidade de Infiltração (m/s) 1e-4 1e-5 1e-6 1e-7 0 100 200 300 400 Tempo (min) Figura 4.38 - Velocidade de Infiltração no topo da camada capilar do ensaio 3. Na Figura 4.39, observa-se a evolução da frente de umedecimento em relação ao tempo de ensaio. O volume de água percolado através da coluna foi de 125 ml e o tempo total de ensaio foi de 22 horas e 30 minutos. Nota-se, que neste ensaio a passagem de líquido para o bloco capilar ocorreu mais rapidamente do que nos outros ensaios e de forma abrupta. Na Figura 4.40, é apresentado o gráfico da distância da frente de umedecimento (valor médio) versus o tempo de ensaio. Observa-se que com 90 minutos decorridos do inicio do ensaio, a frente de umedecimento chegou a fronteira entre a camada capilar e o bloco capilar, havendo assim a passagem de liquido para o bloco capilar e caracterizando a falha da barreira capilar. Observa-se, também, que com 300 minutos decorridos do início do ensaio, o liquido que passou para o bloco capilar foi suficiente para chegar ao recipiente de coleta posicionado sob a coluna de ensaio. 136 Figura 4.39 - Frente de umedecimento e tempos do ensaio 3. 137 Frente de Umedecimento (cm) 0 5 10 15 20 25 30 0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 Tempo (min) Figura 4.40 - Frente de umedecimento versus tempo (Ensaio de Retenção Unidimensional 3). A umidade inicial (base úmida), para este segundo ensaio, foi de 24,8%, para uma massa inicial de 197,64 g. Assim sendo, de início havia 65,03g de água já presentes na camada capilar, valor este, próximo do volume de água no início do primeiro ensaio. Na Figura 4.41, é apresentado o volume de água colocado na camada capilar versus o tempo de ensaio, levando em conta os 65,03g já presentes na camada capilar. Quer se mostrar, com as linhas tracejadas desta figura, que após se adicionar 33,6g de água e decorridos 90 minutos de ensaio, a frente de umedecimento alcançou a fronteira entre camada capilar e o bloco capilar. 150 100 PONTO EM QUE A FRENTE DE UMEDECIMENTO ATINGIU O BLOCO CAPILAR 3 Volume Percolado (cm ) 200 50 0 0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 Tempo (min) Figura 4.41 - Volume de água percolada em relação ao tempo de ensaio (Ensaio de Retenção Unidimensional 3). 138 A partir da Figura 4.41, conhecendo-se o volume inicial de água na camada capilar e conhecendo-se o volume de vazios inicial, traçou-se o gráfico da porcentagem de volume de vazios ocupado versus o tempo decorrido de ensaio, que está apresentado na Figura 4.42. Ressalta-se que um volume de água equivalente a 40,4% do 100 80 60 40 PONTO EM QUE A FRENTE DE UMEDECIMENTO ATINGIU O BLOCO CAPILAR Total do Volume de Vazios Ocupado (%) volume de vazios, foi adicionada antes que houvesse a falha da barreira capilar. 20 0 0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 Tempo (min) Figura 4.42 - Total do volume de vazios ocupado versus o tempo decorrido de ensaio (Ensaio de Retenção Unidimensional 3). Neste terceiro ensaio houve passagem de líquido para o bloco capilar bem mais rápida do que nos ensaios anteriores. Além disso, a passagem ocorreu de forma abrupta. Este foi o único dos ensaios em que se coletou liquido no recipiente colocado abaixo da coluna. Ao final do ensaio, novamente, amostras foram retiradas a cada 5 centímetros para determinação do teor de umidade. Todo o material do bloco capilar também foi coletado para determinação do seu teor de umidade. Na Figura 4.43, apresentam-se os valores de umidade versus a altura da barreira capilar, tendo como referencia o topo da camada capilar. O teor de umidade médio encontrado na camada capilar foi de 40,4%, enquanto o teor de umidade do bloco capilar ficou em 42,1%. O valor do teor de umidade do bloco capilar foi maior do que nos ensaios anteriores, ficando inclusive maior do que na própria camada capilar. Isto se deveu a grande 139 passagem de liquido para o bloco capilar, o que não ocorreu nos outros ensaios realizados. Figura 4.43 - Teor de Umidade (base úmida) versus altura da coluna no ensaio 3. Com os resultados apresentado na Figura 4.42 é possível calcular que um volume de 133,93 cm3 de água ficou retido na camada capilar, que ficou com uma massa total final de 331,58g. A perda de água por evaporação foi de 3,6g, sendo este valor calculado como sendo o peso de água colocado (125g) subtraído do peso final (121,4g). Um total de 20,53g de água foi coletado no recipiente colocado sob a coluna. 140 4.2.7.4 Resultados Finais e Considerações Sobre o Ensaio de Retenção Unidimensional Na Tabela 4.5, está apresentado o resumo dos resultados obtidos com os ensaios de coluna realizados. Observa-se claramente que quanto maior a massa específica da camada capilar construída com RSU tratado, mais água ela é capaz de reter. Isto se deve ao aumento das forças capilares. Tabela 4.5 - Resultados dos ensaios de coluna realizados. Ensaio 1 2 3 Volume Massa Específica de Vazios Seca Inicial g/cm3 0,82 0,66 0,57 cm3 197,98 227,98 244,10 w inicial w final (médio) Massa de Água Retida Total do Volume de Vazios Ocupado por Água g % % g % 285,37 214,06 197,65 16,1 15,8 24,8 38,7 40,4 40,4 180,52 145,24 133,93 91,2 63,7 54,9 Massa Seca Considerando a menor das massas específicas como sendo a simples colocação do RSU tratado como camada capilar, sem que haja qualquer forma de compactação, o simples fato de compactar o material até que este atinja uma massa específica seca de 0,82 g/cm3 (massa específica seca ótima), ocasiona um aumento de 25,8% na quantidade de água que o RSU tratado consegue reter. Para ilustrar o potencial de retenção de água, das configurações estudadas, tomando uma área de 0,65 m2, que é bem próxima da área da caixa onde foi montada a barreira capilar experimental e cujos resultados são apresentados a seguir, e considerando uma camada capilar com 22 cm de espessura, se pode calcular o volume de água que seria retida e, o equivalente em chuva para gerar o volume calculado. Os resultados destes cálculos podem ser observados na Tabela 4.6. 141 Tabela 4.6 - Potencial de retenção de água e chuva equivalente para uma área considerada de 0,65 m2e camada capilar com espessura de 22cm. Massa Específica Seca 3 g/cm 0,82 0,66 0,57 Área Considerada 2 m 0,65 0,65 0,65 Água Retida Chuva Equivalente l 74,17 59,68 55,03 mm 114,12 91,82 84,67 Ressalta-se, que a retenção do volume de água calculado só ocorreria sob condições ideais, ou seja, com a mesma massa específica da camada capilar que foi estudada e com uma chuva com intensidade fraca e de longa duração. A velocidade de infiltração para os ensaios realizados foi da ordem de 1x10-6 m/s. 142 4.2.8 Barreira Capilar Experimental Neste item serão apresentados os resultados dos ensaios realizados com a barreira experimental construída em laboratório. Foram feitos ensaios para 2 faixas granulométricas diferentes da camada capilar, a princípio, camada capilar com granulometria menor do que 4 mm e, posteriormente, camada capilar com granulometria menor do que 2 mm. Em seguida serão discutidos os resultados obtidos e as dificuldades encontradas para a realização dos ensaios. 4.2.8.1 Resultados dos Ensaios com Variação do Ângulo de Inclinação Para as duas faixas granulométricas obtiveram-se resultados para 3 diferentes inclinações, 5, 10 e 20 graus. Na Figura 4.44, são apresentados os resultados de vazão de chuva (A); volume total de chuva, volume total de lixiviado que passou pelas camadas e volume total de run off (B); vazão do lixiviado que passou pelas camadas e vazão do run-off (C); e por último, eficiência da barreira capilar (D); na inclinação de 20 graus para composto com granulometria menor do que 4 mm. Ainda, na Figura 4.44 (C), observa-se que o tempo decorrido para que houvesse a falha da barreira capilar foi de 90 min para a primeira chuva e 70 minutos para a segunda chuva. Na Figura 4.45, são apresentados os resultados de vazão da chuva (A); volume total de chuva, volume total de lixiviado que passou pelas camadas e volume total de run off (B); vazão do lixiviado que passou pelas camadas e vazão do run-off (C); e por último, eficiência da barreira capilar (D); na inclinação de 10 graus para composto com granulometria menor do que 4 mm. Ainda, na Figura 4.45 (C), observa-se que o tempo decorrido para que houvesse a falha da barreira capilar foi de 100 min para a primeira chuva e 90 minutos para a segunda chuva. Na Figura 4.46, são apresentados os resultados de vazão da chuva (A); volume total de chuva, volume total de lixiviado que passou pelas camadas e volume total de run off (B); vazão do lixiviado que passou pelas camadas e vazão do run-off (C); e por último, eficiência da barreira capilar (D); na inclinação de 5 graus para composto com granulometria menor do que 4 mm. Ainda, na Figura 4.46 (C), 143 observa-se que o tempo decorrido para que houvesse a falha da barreira capilar foi de 140 min para a primeira chuva e 90 minutos para a segunda chuva. Vazão - Chuva (ml/min) 200 180 160 140 120 100 80 60 (A) 40 20 0 0 2000 4000 6000 8000 Tempo (minutos) Volume Total (ml) 50000 Chuva Camada Capilar Bloco Capilar Run Off 40000 30000 20000 (B) 10000 0 0 2000 4000 6000 Tempo (minutos) Camada Capilar Bloco Capilar Run Off 120 70 min Vazão (ml/min) 100 80 8000 90 min 60 40 (C) 20 0 0 2000 4000 6000 8000 Tempo (minutos) Eficiência (%) 100 80 60 40 20 (D) 0 0 2000 4000 6000 8000 Tempo (minutos) Figura 4.44 - Ensaio da barreira capilar experimental com inclinação de 20º. Composto da camada capilar menor do que 4mm e composto do bloco capilar com granulometria menor do que 9,52mm e maior do que 4,72mm. 144 Vazão - Chuva (ml/min) 300 250 200 150 100 (A) 50 0 0 2000 4000 6000 8000 Tempo (minutos) Volume Total (ml) 70000 Chuva Camada Capilar Bloco Capilar Run Off 60000 50000 40000 30000 (B) 20000 10000 0 0 2000 4000 6000 Tempo (minutos) Camada Capilar Bloco Capilar Run Off 120 100 min Vazão (ml/min) 100 8000 90 min 80 60 40 (C) 20 0 0 2000 4000 6000 8000 Tempo (minutos) Eficiência (%) 100 80 60 40 20 (D) 0 0 2000 4000 6000 8000 Tempo (minutos) Figura 4.45 - Ensaio da barreira capilar experimental com inclinação de 10º. Composto da camada capilar menor do que 4mm e composto do bloco capilar com granulometria menor do que 9,52mm e maior do que 4,72mm. 145 Vazão - Chuva (ml/min) 140 120 100 80 60 40 (A) 20 0 0 2000 4000 6000 8000 Tempo (minutos) Volume Total (ml) 35000 Chuva Camada Capilar Bloco Capilar Run Off 30000 25000 20000 15000 (B) 10000 5000 0 0 2000 4000 6000 Tempo (minutos) Camada Capilar Bloco Capilar Run Off 100 Vazão (ml/min) 90 min 80 8000 140 min 60 40 (C) 20 0 0 2000 4000 6000 8000 Tempo (minutos) Eficiência (%) 100 80 60 40 20 (D) 0 0 2000 4000 6000 8000 Tempo (minutos) Figura 4.46 - Ensaio da barreira capilar experimental com inclinação de 5º. Composto da camada capilar menor do que 4mm e composto do bloco capilar com granulometria menor do que 9,52mm e maior do que 4,72mm. 146 Na Figura 4.47, são apresentados os resultados de vazão da chuva (A); volume total de chuva, volume total de lixiviado que passou pelas camadas e volume total de run off (B); vazão do lixiviado que passou pelas camadas e vazão do run-off (C); e por último, eficiência da barreira capilar (D); na inclinação de 5 graus para composto com granulometria menor do que 2 mm. Ainda, na Figura 4.47 (C), observa-se que o tempo decorrido para que houvesse a falha da barreira capilar foi de 110 min para a primeira chuva e 50 minutos para a segunda chuva. Na Figura 4.48, são apresentados os resultados de vazão da chuva (A); volume total de chuva, volume total de lixiviado que passou pelas camadas e volume total de run off (B); vazão do lixiviado que passou pelas camadas e vazão do run-off (C); e por último, eficiência da barreira capilar (D); na inclinação de 10 graus para composto com granulometria menor do que 2 mm. Ainda, na Figura 4.48 (C), observa-se que o tempo decorrido para que houvesse a falha da barreira capilar foi de 70 min para a primeira chuva e 70 minutos para a segunda chuva. Na Figura 4.49, são apresentados os resultados de vazão da chuva (A); volume total de chuva, volume total de lixiviado que passou pelas camadas e volume total de run off (B); vazão do lixiviado que passou pelas camadas e vazão do run-off (C); e por último, eficiência da barreira capilar (D); na inclinação de 20 graus para composto com granulometria menor do que 2 mm. Ainda, na Figura 4.49 (C), observa-se que o tempo decorrido para que houvesse a falha da barreira capilar foi de 110 min para a primeira chuva e 100 minutos para a segunda chuva. Decidiu-se repetir o ensaio com inclinação de 5 graus, visando verificar-se a efetiva ausência de fluxo através do dreno da camada capilar. Os resultados da repetição deste ensaio são apresentados na Figura 4.50 (A), Figura 4.50B, Figura 4.50C e Figura 4.50D, onde os gráficos de vazão da chuva; volume total (chuva, lixiviado que passou pelas camadas e de run off), vazão (do lixiviado que passou pelas camadas e do run-off) e eficiência total da barreira capilar, respectivamente. Ainda, na Figura 4.50 (C), observa-se que o tempo decorrido para que houvesse a falha da barreira capilar foi de 120 min para a primeira chuva e 80 minutos para a segunda chuva. 147 Vazão - Chuva (ml/min) 200 180 160 140 120 100 80 60 40 20 (A) 0 0 1000 50000 Volume Total (ml) 2000 3000 4000 Tempo (minutos) Chuva Camada Capilar Bloco Capilar Run Off 40000 30000 20000 10000 (B) 0 0 1000 2000 3000 Tempo (minutos) Camada Capilar Bloco Capilar Run Off 100 50 min Vazão (ml/min) 110 min 4000 80 60 40 20 (C) 0 0 1000 2000 3000 4000 Tempo (minutos) Eficiência Total (%) 100 80 60 40 20 (D) 0 0 1000 2000 3000 4000 Tempo (minutos) Figura 4.47 - Ensaio da barreira capilar experimental com inclinação de 5º. Composto da camada capilar menor do que 2mm e composto do bloco capilar com granulometria menor do que 9,52mm e maior do que 4,72mm. 148 Vazão - Chuva (ml/min) 200 180 160 140 120 100 80 60 40 (A) 20 0 0 1000 50000 Volume Total (ml) 2000 3000 4000 Tempo (minutos) Chuva Camada Capilar Bloco Capilar Run Off 40000 30000 20000 (B) 10000 0 0 1000 2000 3000 Tempo (minutos) Camada Capilar Bloco Capilar Run Off 100 Vazão (ml/min) 70 min 4000 70 min 80 60 40 (C) 20 0 0 1000 2000 3000 4000 Tempo (minutos) Eficiência Total (%) 100 80 60 40 (D) 20 0 0 1000 2000 3000 4000 Tempo (minutos) Figura 4.48 - Ensaio da barreira capilar experimental com inclinação de 10º. Composto da camada capilar menor do que 2mm e composto do bloco capilar com granulometria menor do que 9,52mm e maior do que 4,72mm 149 Vazão - Chuva (ml/min) 200 150 100 50 (A) 0 0 1000 50000 Volume Total (ml) 2000 3000 4000 Tempo (minutos) Chuva Camada Capilar Bloco Capilar Run Off 40000 30000 20000 (B) 10000 0 0 1000 2000 3000 Tempo (minutos) Camada Capilar Bloco Capilar Run Off 100 Vazão (ml/min) 110 min 4000 100 min 80 60 40 (C) 20 0 0 1000 2000 3000 4000 Tempo (minutos) Eficiência Total (%) 100 80 60 40 (D) 20 0 0 1000 2000 3000 4000 Tempo (minutos) Figura 4.49 - Ensaio da barreira capilar experimental com inclinação de 20º. Composto da camada capilar menor do que 2mm e composto do bloco capilar com granulometria menor do que 9,52mm e maior do que 4,72mm. 150 Vazão - Chuva (ml/min) 250 200 150 100 50 (A) 0 0 1000 60000 Volume Total (ml) 2000 3000 4000 Tempo (minutos) Chuva Camada Capilar Bloco Capilar Run Off 50000 40000 30000 20000 10000 (B) 0 0 1000 2000 3000 Tempo (minutos) 120 Vazão (ml/min) Camada Capilar Bloco Capilar Run Off 80 min 120 min 100 4000 80 60 40 20 (C) 0 0 1000 2000 3000 4000 Tempo (minutos) Eficiência Total (%) 100 80 60 40 20 (D) 0 0 1000 2000 3000 4000 Tempo (minutos) Figura 4.50 – Repetição do ensaio da barreira capilar experimental com inclinação de 5º. Composto da camada capilar menor do que 2mm e composto do bloco capilar com granulometria menor do que 9,52mm e maior do que 4,72mm. 151 4.2.8.2 Resultados dos Ensaios com Variação do Tempo de Chuva Após a investigação da variação no ângulo de inclinação, a caixa contendo a barreira capilar experimental foi inclinada a um ângulo de 20 graus em relação a horizontal e mantida fixa nesta posição. A inclinação de 20 graus foi escolhida pois verificou-se que com esta inclinação a saída de liquido através do dreno da camada capilar era maior, o que indica um melhor desempenho do fenômeno bidimensional que ocorre em barreiras capilares. Nesta etapa, a variação do tempo de chuva e a variação da velocidade de infiltração foram estudadas. Na Figura 4.51, são apresentados os resultados de vazão da chuva (A); volume total de chuva, volume total de lixiviado que passou pelas camadas e volume total de run off (B); vazão do lixiviado que passou pelas camadas e vazão do run-off (C); e por último, eficiência da barreira capilar (D); para uma chuva com duração de 2 horas. Ainda, na Figura 4.51 (C), observa-se que o tempo decorrido para que houvesse a falha da barreira capilar foi de 120 min. Já na Figura 4.52, são apresentados os resultados obtidos para uma chuva com duração de 1 hora e meia. Os resultados de vazão da chuva (A); volume total de chuva, volume total de lixiviado que passou pelas camadas e volume total de run off (B); vazão do lixiviado que passou pelas camadas e vazão do run-off (C); e por último, eficiência da barreira capilar (D); são apresentados. Ainda, na Figura 4.52 (C), observase que o tempo decorrido para que houvesse a falha da barreira capilar foi de 120 min. Na Figura 4.53, são apresentados os resultados de vazão da chuva (A); volume total de chuva, volume total de lixiviado que passou pelas camadas e volume total de run off (B); vazão do lixiviado que passou pelas camadas e vazão do run-off (C); e por último, eficiência da barreira capilar (D); para uma chuva com 152 duração de 1 hora. Ainda, na Figura 4.53 (C), observa-se que o tempo decorrido para que houvesse a falha da barreira capilar foi de 170 min Na Figura 4.54, são apresentados os resultados de vazão da chuva (A); volume total de chuva, volume total de lixiviado que passou pelas camadas e volume total de run off (B); vazão do lixiviado que passou pelas camadas e vazão do run-off (C); e por último, eficiência da barreira capilar (D); para uma chuva intermitente com duração de 4 horas. Neste caso o volume de chuva foi similar às chuvas com duração de 2 horas, porém deu-se durante 4 horas. O objetivo deste procedimento foi diminuir a velocidade de infiltração no topo da camada capilar. Ainda, na Figura 4.54 (C), observa-se que o tempo decorrido para que houvesse a falha da barreira capilar foi de 180 min 153 Vazão - Chuva (ml/min) 180 160 140 120 100 80 60 40 20 (A) 0 0 500 1000 25000 Volume Total (ml) 1500 2000 2500 3000 Tempo (minutos) Chuva Camada Capilar Bloco Capilar Run Off 20000 15000 10000 5000 (B) 0 0 500 1000 1500 2000 2500 Tempo (minutos) Camada Capilar Bloco Capilar Run Off 40 120 min Vazão (ml/min) 3000 30 20 10 (C) 0 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 Tempo (minutos) Eficiência Total (%) 100 80 60 40 20 (D) 0 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 Tempo (minutos) Figura 4.51 - Ensaio da barreira capilar experimental com inclinação de 20º. Composto da camada capilar menor do que 2mm e composto do bloco capilar com granulometria menor do que 9,52mm e maior do que 4,72mm (2 horas de chuva). 154 Vazão - Chuva (ml/min) 160 140 120 100 80 60 40 20 (A) 0 0 500 1000 2000 2500 3000 Tempo (minutos) 14000 Volume Total (ml) 1500 Chuva Camada Capilar Bloco Capilar Run Off 12000 10000 8000 6000 4000 2000 (B) 0 0 500 1000 1500 2000 2500 Tempo (minutos) 14 Camada Capilar Bloco Capilar Run Off 120 min 12 Vazão (ml/min) 3000 10 8 6 4 (C) 2 0 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 Tempo (minutos) Eficiência Total (%) 100 80 60 40 20 (D) 0 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 Tempo (minutos) Figura 4.52 - Ensaio da barreira capilar experimental com inclinação de 20º. Composto da camada capilar menor do que 2mm e composto do bloco capilar com granulometria menor do que 9,52mm e maior do que 4,72mm (1,5 horas de chuva). 155 Vazão - Chuva (ml/min) 180 160 140 120 100 80 60 40 20 (A) 0 0 1000 3000 4000 Tempo (minutos) 10000 Volume Total (ml) 2000 Chuva Camada Capilar Bloco Capilar Run Off 8000 6000 4000 2000 (B) 0 0 1000 2000 3000 Tempo (minutos) Camada Capilar Bloco Capilar Run Off 5 170 min Vazão (ml/min) 4000 4 3 2 1 (C) 0 0 1000 2000 3000 4000 Tempo (minutos) Eficiência Total (%) 100 80 60 40 20 (D) 0 0 1000 2000 3000 4000 Tempo (minutos) Figura 4.53 - Ensaio da barreira capilar experimental com inclinação de 20º. Composto da camada capilar menor do que 2mm e composto do bloco capilar com granulometria menor do que 9,52mm e maior do que 4,72mm (1 hora de chuva). 156 Vazão - Chuva (ml/min) 100 80 60 40 20 (A) 0 0 500 25000 Volume Total (ml) 1000 1500 2000 Tempo (minutos) Chuva Camada Capilar Bloco Capilar Run Off 20000 15000 10000 5000 (B) 0 0 500 1000 1500 Tempo (minutos) Camada Capilar Bloco Capilar Run Off 35 180 min 30 Vazão (ml/min) 2000 25 20 15 10 (C) 5 0 0 500 1000 1500 2000 Tempo (minutos) Eficiência Total (%) 100 80 60 40 20 (D) 0 0 500 1000 1500 2000 Tempo (minutos) Figura 4.54 - Ensaio da barreira capilar experimental com inclinação de 20º. Composto da camada capilar menor do que 2mm e composto do bloco capilar com granulometria menor do que 9,52mm e maior do que 4,72mm (4 horas de chuva chuva intermitente). 157 4.2.8.3 Resultados dos Ensaios com Camada Capilar Compactada Nesta etapa, a camada capilar foi compactada utilizando uma marreta e um soquete. Este procedimento foi realizado para avaliar o desempenho da barreira capilar com o aumento da massa específica da camada capilar. Após a compactação, impôs-se novamente chuvas com duração de 2, 1,5 e 1 hora. Como o processo de compactação e rearranjo da barreira capilar, não se impôs chuva na barreira capilar durante vários dias e, assim, o RSU tratado perdeu umidade, ficando mais seco do que os outros ensaios feitos até então. Assim um ensaio foi feito para umedecer novamente a camada capilar e deixá-la nas mesmas condições dos ensaios anteriores. Na Figura 4.55, são apresentados os resultados de vazão da chuva (A); volume total de chuva, volume total de lixiviado que passou pelas camadas e volume total de run off (B); vazão do lixiviado que passou pelas camadas e vazão do run-off (C); e por último, eficiência da barreira capilar (D); para a barreira capilar com RSU tratado mais seco, compactada e para uma chuva com duração de 2 horas. Ainda, na Figura 4.55 (C), observa-se que o tempo decorrido para que houvesse a falha da barreira capilar foi de 140 min. Estabelecidas as condições dos ensaios anteriores, uma chuva de 2 horas foi novamente imposta à barreira capilar. Na Figura 4.56, são apresentados os resultados de vazão da chuva (A); volume total de chuva, volume total de lixiviado que passou pelas camadas e volume total de run off (B); vazão do lixiviado que passou pelas camadas e vazão do run-off (C); e por último, eficiência da barreira capilar (D); para a barreira capilar compactada e para uma chuva com duração de 2 horas. Ainda, na Figura 4.56 (C), observa-se que o tempo decorrido para que houvesse a falha da barreira capilar foi de 100 min. 158 Na Figura 4.57, são apresentados os resultados de vazão da chuva (A); volume total de chuva, volume total de lixiviado que passou pelas camadas e volume total de run off (B); vazão do lixiviado que passou pelas camadas e vazão do run-off (C); e por último, eficiência da barreira capilar (D); para a barreira capilar compactada e para uma chuva com duração de 1 hora e meia. Ainda, na Figura 4.57 (C), observa-se que o tempo decorrido para que houvesse a falha da barreira capilar foi de 90 min. Na Figura 4.58, são apresentados os resultados de vazão da chuva (A); volume total de chuva, volume total de lixiviado que passou pelas camadas e volume total de run off (B); vazão do lixiviado que passou pelas camadas e vazão do run-off (C); e por último, eficiência da barreira capilar (D); para a barreira capilar compactada e para uma chuva com duração de 1 hora. Ainda, na Figura 4.58 (C), observa-se que o tempo decorrido para que houvesse a falha da barreira capilar foi de 60 min. 159 Vazão - Chuva (ml/min) 100 80 60 40 20 (A) 0 0 500 1000 2000 2500 3000 Tempo (minutos) 12000 Volume Total (ml) 1500 Chuva Camada Capilar Bloco Capilar Run Off 10000 8000 6000 4000 2000 (B) 0 0 500 1000 1500 2000 2500 Tempo (minutos) Camada Capilar Bloco Capilar Run Off 1,6 140 min Vazão (ml/min) 1,4 3000 1,2 1,0 0,8 0,6 0,4 (C) 0,2 0,0 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 Tempo (minutos) Eficiência Total (%) 100 80 60 40 20 (D) 0 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 Tempo (minutos) Figura 4.55 - Ensaio da barreira capilar experimental com inclinação de 20º. Composto da camada capilar menor do que 2mm e composto do bloco capilar com granulometria menor do que 9,52mm e maior do que 4,72mm (2 horas de chuva – material compactado e mais seco). 160 Vazão - Chuva (ml/min) 200 180 160 140 120 100 80 60 40 20 (A) 0 0 500 1000 25000 Volume Total (ml) 1500 2000 2500 3000 Tempo (minutos) Chuva Camada Capilar Bloco Capilar Run Off 20000 15000 10000 5000 (B) 0 0 500 1000 1500 2000 2500 Tempo (minutos) Camada Capilar Bloco Capilar Run Off 50 100 min Vazão (ml/min) 3000 40 30 20 10 (C) 0 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 Tempo (minutos) Eficiência Total (%) 100 80 60 40 20 (D) 0 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 Tempo (minutos) Figura 4.56 - Ensaio da barreira capilar experimental com inclinação de 20º. Composto da camada capilar menor do que 2mm e composto do bloco capilar com granulometria menor do que 9,52mm e maior do que 4,72mm (2 horas de chuva – material compactado). 161 Vazão - Chuva (ml/min) 300 250 200 150 100 50 (A) 0 0 500 1000 1500 25000 Volume Total (ml) 2000 2500 3000 3500 4000 4500 Tempo (minutos) Chuva Camada Capilar Bloco Capilar Run Off 20000 15000 10000 5000 (B) 0 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 Tempo (minutos) Camada Capilar Bloco Capilar Run Off 35 90 min Vazão (ml/min) 30 4500 25 20 15 10 (C) 5 0 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 Tempo (minutos) Eficiência Total (%) 100 80 60 40 20 (D) 0 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 Tempo (minutos) Figura 4.57 - Ensaio da barreira capilar experimental com inclinação de 20º. Composto da camada capilar menor do que 2mm e composto do bloco capilar com granulometria menor do que 9,52mm e maior do que 4,72mm (1,5 horas de chuva – material compactado). 162 Vazão - Chuva (ml/min) 200 150 100 50 0 (A) 0 500 1000 12000 Volume Total (ml) 1500 2000 2500 3000 Tempo (minutos) Chuva Camada Capilar Bloco Capilar Run Off 10000 8000 6000 4000 2000 (B) 0 0 500 1000 1500 2000 2500 Tempo (minutos) Vazão (ml/min) 4 3000 Camada Capilar Bloco Capilar Run Off 60 min 3 2 1 (C) 0 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 Tempo (minutos) Eficiência Total (%) 100 80 60 40 20 (D) 0 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 Tempo (minutos) Figura 4.58 - Ensaio da barreira capilar experimental com inclinação de 20º. Composto da camada capilar menor do que 2mm e composto do bloco capilar com granulometria menor do que 9,52mm e maior do que 4,72mm (1 hora de chuva – material compactado). 163 Na Tabela 4.7, apresenta-se a relação dos ensaios realizados com os respectivos tempos em que houve o início da passagem de água pela barreira capilar, configurando a falha da barreira capilar. Tabela 4.7 – Tempo para falha da barreira capilar em decorrência da chuva. Ensaio Inclinação da Barreira Capilar (graus) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 20 10 5 5 10 20 5 20 20 20 20 20 20 20 5 Diâmetro das Tempo Partícular da de Camada Chuva Capilar (horas) (mm) 4 4 4 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 1,5 1 4 2 2 1,5 1 Condição da Camada Capilar padrão padrão padrão padrão padrão padrão padrão padrão padrão padrão padrão Compactado/Seco Compactado Compactado Compactado Intencidade Média da 1ª Chuva (mm/hora) Tempo para Falha da Barreira Capilar 1ª Chuva (min) Tempo para Falha da Barreira Capilar 2ª Chuva (min) 14,2 21,6 11,8 16,4 16,6 16,8 16,8 14,7 12,9 14,3 8,0 8,4 16,0 22,2 17,4 90 100 140 110 70 110 120 120 120 170 180 140 100 90 60 70 90 90 50 70 100 80 --------- Observa-se, que em média a barreira capilar resistiu pouco menos de 2 horas antes que houvesse a passagem de líquidos, sendo que, o maior tempo de resistência foi o do ensaio 11, onde a intensidade da chuva foi menor. 164 4.2.8.4 Acompanhamento da Sucção Decidiu-se, colocar uma pedra cerâmica com alto valor de entrada de ar (15 bar), com altura de 1 cm e diâmetro de 1,6 cm, a aproximadamente 10 cm de profundidade na camada capilar e a cerca de 90 cm do pé da caixa, com o objetivo de verificar o comportamento em termos de sucção dessa camada. Na Figura 4.59, é apresentado o tensiômetro construído para acompanhar o comportamento da sucção durante os ensaios realizados com a barreira capilar experimental. Figura 4.59 - Tensiômetro utilizado para acompanhar o comportamento da sucção durante os ensaios com a barreira capilar experimental. Na Figura 4.60, observa-se o resultado da variação de sucção na camada capilar durante os ensaios 13, 14 e 15. Observa-se no início uma pequena sucção positiva, ou seja pressão, isto foi devido a montagem do tensiômetro. Em seguida a cerâmica começa a entrar em equilíbrio com o meio e os valores de sucção começam a baixar até o advento da chuva simulada, quando a sucção começa novamente a diminuir devido ao aumento da umidade da camada capilar. Durante os ensaios, é possível observar que houveram variações bruscas de leituras de sucção entre os eventos da simulação de chuva. Atribui-se estas 165 variações ao acionamento do ar condicionado do laboratório onde a barreira experimental estava montada. -2 CHUVA -1 CHUVA Pedra retirada da caixa e mergulhada na água. CHUVA 0 Sucção (kPa) 1 Ensaio 13 16/06/08 - 18/06/08 2 Ensaio 15 20/06/08 - 22/06/08 Ensaio 14 18/06/08 - 20/06/08 3 4 5 6 7 ar condicionado 8 ar condicionado ar condicionado 9 0 48 96 144 192 240 Tempo (horas) Figura 4.60 - Acompanhamento do comportamento da sucção a uma profundidade de 10 cm do topo da camada capilar, durante os ensaios 13, 14 e 15. Nota-se pela Figura 4.60, que as condições de sucção no início de cada ensaio foram as mesmas, cerca de 7,47 kPa de sucção antes do início da chuva e cerca de no mínimo 4,53 kPa de sucção após a chuva, o que indica que a umidade também foi a mesma no início de cada ensaio, cerca de 40,9% antes do início da chuva e cerca de 45,6% de umidade (em média) depois da chuva. Devido à decisão de se alterar o menos possível a estrutura da barreira capilar durante a realização dos ensaios, não foi possível coletar amostras para a determinação do teor de umidade em todas as etapas do ensaio, assim uma análise mais precisa da sucção em função do teor de umidade ficou comprometida no ensaio da barreira capilar experimental. Inclusive, devido a esta decisão, a determinação da massa específica seca foi realizada somente 2 vezes, sendo a primeira feita no fim do ciclo de ensaios com a camada capilar não compactada e a segunda feita depois do último ensaio realizado e antes desmontagem da barreira capilar. 166 4.2.8.5 Discussão dos Resultados Obtidos com a Barreira Capilar Experimental Levando em consideração apenas o evento de uma chuva para cada situação imposta à barreira capilar e tomando sempre a última leitura após o evento da chuva, tem-se na Tabela 4.8 os resultados de todos os ensaios feitos com a barreira capilar experimental construída. Volume Retido na Camada Capilar Volume Coletado pelo Dreno da Camada Capilar Volume Coletado pelo Dreno da Barreira Capilar Volume Coletado por Run Off 0,55 18463,94 8950,86 3715,57 5725,54 71,97 69,0 1400 padrão 0,55 28215,72 16466,45 1827,64 9921,63 0,00 64,8 2,13 1530 padrão 0,55 15344,13 8868,96 3,52 6471,65 0,00 57,8 2,97 1574 padrão 0,55 21384,88 18421,38 0,00 2963,50 0,00 86,1 2 3,01 1380 padrão 0,55 21683,42 9743,14 4594,88 7345,40 0,00 66,1 graus horas ml/s minutos 1 4 25 20 2 2,56 1740 2 4 25 10 2 3,92 3 4 25 5 2 4 2 25 5 2 5 2 25 10 Ensaio cm Eficiencia Total Volume de Chuva % padrão mm Condição Inicial cm3 Tempo Decorrido cm3 Vazão de Chuva cm3 Tempo de Chuva cm3 Inclinação cm3 Altura da Camada Capilar g/cm3 Diâmetro das Partículas da Camada Capilar Massa Específica Seca Tabela 4.8 - Resultados dos ensaios de barreira capilar experimental. 6 2 25 20 2 3,04 1455 padrão 0,55 21902,55 10754,59 3924,60 7223,36 0,00 67,0 7 2 25 5 2 3,04 1425 padrão 0,55 21888,24 12765,23 0,00 9123,01 0,00 58,3 8 2 25 20 2 2,66 2680 padrão 0,55 19165,68 9779,13 1789,62 7596,93 0,00 60,4 9 2 25 20 1,5 2,34 2750 padrão 0,55 12635,11 5893,08 1068,44 5673,59 0,00 55,1 10 2 25 20 1 2,6 1737 padrão 0,55 9354,17 5480,82 683,70 3189,65 0,00 65,9 11 2 25 20 4 1,45 1661 padrão 0,55 20827,07 12664,52 1277,51 6885,04 0,00 66,9 12 2 16 20 2 1,53 2800 seco 0,70 11001,99 8549,94 270,39 2181,66 0,00 80,2 13 2 16 20 2 2,9 2635 padrão 0,70 20845,76 12679,92 605,50 7560,34 0,00 63,7 14 2 16 20 1,5 4,02 4118 padrão 0,70 21694,62 13605,96 1063,67 7024,99 0,00 67,6 15 2 16 20 1 3,15 2590 padrão 0,70 11335,45 1165,61 4272,99 0,00 62,3 5896,85 Variação da Inclinação Com base na Tabela 4.8, tomando os dados dos ensaios 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8, em que somente houve variação do ângulo de inclinação com a horizontal da barreira capilar, é possível traçar o gráfico da Figura 4.61, onde observa-se o volume coletado pelo dreno da camada capilar em relação ao ângulo de inclinação com a horizontal. Observa-se que há um aumento do volume coletado com o aumento do 167 ângulo de inclinação, isto se deve ao aumento da atuação do fenômeno bidimensional com o aumento da inclinação. Volume Coletado pelo Dreno da Camada Capilar (ml) 5000 4000 3000 2000 1000 0 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 Ângulo de Inclinação com a Horizontal (graus) Figura 4.61 - Volume coletado pelo dreno da camada capilar versus ângulo de inclinação com a horizontal da barreira capilar. Ainda, em relação à variação da inclinação, tomando os mesmos ensaios podem ser traçados os gráficos da Figura 4.62 e da Figura 4.63. Ressalta-se na Figura 4.62 a diminuição do volume de líquido que ficou retido na camada capilar em função do aumento da inclinação. Este comportamento já era esperado, pois com o aumento do volume de liquido saindo pelo dreno da camada capilar, naturalmente, menos liquido ficou retido nos vazios da camada capilar. Este resultado corrobora com o preconizado por ROSS (1990) e por PARENT e CABRAL (2006) para barreiras capilares construídas com solo. Na Figura 4.63, constata-se que o aumento do ângulo de inclinação com a horizontal pouco influenciou no volume de liquido coletado pelo dreno do bloco capilar. Isto ocorreu, pois a retenção e a capacidade de drenagem são propriedades do material que constitui a barreira capilar, sendo assim, uma vez atingido o volume máximo de liquido que o bloco capilar pode reter (fenômeno unidimensional) ou superada a distância de falha da barreira capilar (fenômeno bidimensional), o excedente de líquido passará para o bloco capilar ocasionando a falha da barreira capilar. Assim, 168 todos os ensaios analisados aqui tiveram, em relação à capacidade de retenção da Volume Retido na Camada Capilar (ml) barreira capilar, um “excedente” apresentando pouca variação entre eles. 20000 18000 16000 14000 12000 10000 8000 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 Ângulo de Inclinação com a Horizontal (graus) Figura 4.62 - Volume retido na camada capilar versus angulo de inclinação com a horizontal da barreira capilar. Volume Coletado pelo Dreno do Bloco Capilar (ml) 12000 10000 8000 6000 4000 2000 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 Ângulo de Inclinação com a Horizontal (graus) Figura 4.63 - Volume coletado pelo dreno da barreira capilar versus angulo de inclinação com a horizontal da barreira capilar. 169 Variação do Diâmetro Máximo das Partículas da Camada Capilar Tomando-se os resultados dos ensaios 1, 6 e 8, na Tabela 4.8, é possível avaliar o efeito da granulometria da camada capilar no desempenho da barreira capilar. Na Figura 4.64, é apresenta-se a relação, entre o volume de liquido coletado pelo dreno da camada capilar e o diâmetro máximo das partículas da camada capilar, para os resultados obtidos nestes ensaios. Ressalta-se, que teoricamente o esperado era o aumento do volume de líquido coletado pela camada capilar com o aumento do diâmetro máximo das partículas da camada capilar. Na Figura 4.64, observa-se que existe uma tendência do aumento do volume de líquido coletado com o aumento do Volume pelo Dreno da Camada Capilar (ml) tamanho das partículas da camada capilar, mas os resultados não são conclusivos. 4500 4000 3500 3000 2500 2000 1500 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 Diâmetro Máximo das Partículas da Camada Capilar (mm) Figura 4.64 - Volume de liquido coletado pelo dreno da camada capilar versus o diâmetro máximo das partículas da camada capilar. O aumento do volume de liquido coletado pelo dreno da camada capilar devido ao aumento do diâmetro máximo das partículas da camada capilar era esperado, pois, pelo simples fato da diminuição do diâmetro das partículas da camada capilar há uma diminuição da permeabilidade horizontal. Segundo ROSS (1990), a distância de falha da barreira capilar depende da permeabilidade horizontal não saturada do material constituinte da camada capilar. Assim, quanto menor a permeabilidade horizontal do material da camada capilar, menor será a distância de falha e, conseqüentemente, menos líquido será coletado pelo dreno da camada capilar. 170 Apesar de ROSS (1990) ter postulado a dependência da distância de falha em relação à permeabilidade horizontal não saturada, em especial para solos, verifica-se um indício desta dependência também quando o material constituinte da barreira é o material estudado neste trabalho. Vale comentar que, a diminuição do liquido coletado pelo dreno da camada capilar seria de pequena ordem, pois caso houvesse uma diminuição de grande ordem na permeabilidade horizontal do material da camada capilar, provavelmente a distância de falha da barreira iria diminuir de tal maneira que o liquido não mais atingiria o dreno da camada capilar, cessando por completo a saída de líquido pelo dreno da camada capilar. Ainda, analisando-se os mesmos ensaios 1, 6 e 8, apresenta-se na Figura 4.65 a relação entre o volume de líquido coletado pelo dreno do bloco capilar e o tamanho máximo das partículas constituintes da camada capilar. Observa-se que, justamente pela maior dificuldade que o liquido tem para se deslocar horizontalmente, há um maior acumulo de líquido, o que ocasiona a falha da barreira capilar, gerando um volume maior coletado no dreno do bloco capilar dos ensaios onde o diâmetro máximo Volume pelo Dreno do Bloco Capilar (ml) das partículas é inferior a 2 milímetros. 8000 7500 7000 6500 6000 5500 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 Diâmetro Máximo das Partículas da Camada Capilar (mm) Figura 4.65 - Volume de liquido coletado pelo dreno do bloco capilar versus o diâmetro máximo das partículas da camada capilar. 171 Conseqüentemente a diminuição da drenagem lateral do liquido, a barreira capilar passa a ter como principal fenômeno atuante, o fenômeno unidimensional, que depende da retenção por capilaridade. Sabe-se que, quanto menor o diâmetro das partículas de um meio particulado, menor será o diâmetro equivalente dos espaços vazios entre as partículas e, conseqüentemente, maior será a atuação do fenômeno da ascensão capilar. Sendo assim, observa-se na Figura 4.66, onde esta apresentado o resultado do volume de liquido retido na camada capilar em função do diâmetro máximo das partículas da camada capilar, que se verifica uma diminuição do volume retido com o aumento do diâmetro máximo das partículas. Este resultado confirma que o comportamento do RSU tratado é coerente com o comportamento de um meio particulado. Volume Retido na Camada Capilar (ml) Variação no Diâmetro das Partículas da CC 11000 10800 10600 10400 10200 10000 9800 9600 9400 9200 9000 8800 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 Diâmetro Máximo das Partículas da Camada Capilar (mm) Figura 4.66 - Volume de liquido retido na capilar versus o diâmetro máximo das partículas da camada capilar. Variação da Massa Específica Seca Comparando os ensaios 6, 8 e 13, é possível avaliar o efeito do aumento da massa específica sobre o comportamento da barreira capilar. Assim como a redução do diâmetro máximo das partículas, o aumento da massa específica causa uma conseqüente diminuição do coeficiente de permeabilidade do RSU tratado. Isto foi 172 verificado com os resultados dos ensaios de permeabilidade realizados para o RSU tratado estudado. Porém, no ensaio de permeabilidade realizado, foi verificada a variação do coeficiente de permeabilidade vertical em função da massa específica do RSU tratado. Sabe-se, no entanto, com os estudos de autores como MÜNNICH at al. (2005) que o coeficiente de permeabilidade horizontal é reduzido também, com o aumento da massa específica. Na Figura 4.67, é apresentada a relação entre os resultados do volume de liquido coletado pelo dreno da camada capilar e da massa específica no RSU tratado utilizado para se construir a camada capilar. Observa-se que com o aumento da massa específica, o volume coletado no dreno da camada capilar também diminui. Isto já era esperado, pois novamente, a redução do coeficiente de permeabilidade horizontal causa a redução da capacidade de drenagem lateral da barreira capilar. Volume Coletado pelo Dreno da Camada Capilar (ml) 5000 4000 3000 2000 1000 0 0,45 0,50 0,55 0,60 0,65 0,70 0,75 Massa Específica Seca da Camada Capilar (g/cm3) Figura 4.67 - Volume de liquido coletado pelo dreno da camada capilar versus a massa específica seca do RSU tratado utilizado na camada capilar. Há um aumento da capacidade de ascensão capilar com o aumento da massa específica, novamente, porque os poros do RSU tratado, equivalentes ao diâmetro de um tubo capilar, são diminuídos com o aumento da massa específica. Assim, a camada capilar mais compacta, pode reter mais liquido do que uma camada capilar 173 menos compacta. Constata-se na Figura 4.68, que nos ensaio analisados o aumento de retenção de liquido devido ao aumento da massa específica realmente ocorre. O resultado, novamente, é o aumento da concentração de liquido que, eventualmente irá Volume Retido na Camada Capilar (ml) levar à falha da barreira capilar. 13000 12500 12000 11500 11000 10500 10000 9500 0,45 0,50 0,55 0,60 0,65 0,70 0,75 Massa Específica Seca da Camada Capilar (g/cm3) Figura 4.68 - Volume de liquido retido na camada capilar versus a massa específica seca do RSU tratado utilizado na camada capilar. Variação da Vazão de Chuva Com a visível deficiência para promover a drenagem lateral do liquido, decidiu-se avaliar a variação da velocidade de infiltração. Como o equipamento aspersor, utilizado para simular a chuva, não oferecia a possibilidade de uma regulagem precisa da vazão de saída, contornou-se este problema ligando e desligando o equipamento pelo tempo necessário que simulasse a chuva com uma vazão desejada. Analisando os resultados dos ensaios 6, 8 e 11, é possível avaliar a variação da vazão de chuva sobre a camada capilar. Na Figura 4.69, apresenta-se a relação entre o volume de liquido retido na camada capilar e a vazão de chuva. Observase que o volume de liquido retido aumenta com a diminuição da vazão de chuva. 174 O ensaio de retenção unidimensional realizado, mostrou que com uma vazão de chuva mais baixa do que a inicial utilizada nos ensaios da barreira capilar experimental, a camada capilar pode reter mais líquido nos seus poros, devido somente ao fenômeno unidimensional que ocorre em barreiras capilares. Tanto o volume de liquido coletado pelo dreno da camada capilar, quanto o volume de liquido coletado pelo dreno do bloco capilar, aumentaram com o Volume Retido na Camada Capilar (ml) aumento da vazão de chuva. Na Figura 4.70, estes resultados são apresentados. 13000 12500 12000 11500 11000 10500 10000 9500 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 Vazão de Chuva (ml/s) Figura 4.69 - Volume de liquido retido na camada capilar versus a vazão de chuva. O aumento do liquido coletado pelos drenos, tanto da camada capilar quanto do bloco capilar, pode ser explicado devido a ocorrência de vários fatores. Dentre estes fatores, se pode citar a pouca espessura da camada capilar estudada (25 a 12cm), o que não favorece a drenagem lateral dos líquidos. 175 8000 Col 9 vs Col 10 Volume Coletado (ml) 7000 Volume Coletado pela Camada Capilar Volume Coletado pelo Bloco Capilar 6000 5000 Col 16 vs Col 17 Col 19 vs Col 20 4000 3000 2000 1000 0 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0 2,2 2,4 2,6 2,8 3,0 3,2 Vazão de Chuva (ml/s) Figura 4.70 - Volume de liquido coletada pelo dreno da camada capilar e volume de liquido coletado pelo dreno do bloco capilar versus a vazão de chuva. A espessura da camada capilar utilizada foi a máxima espessura que a caixa inclinável, onde a barreira capilar experimental foi construída, permitia. Além disso, uma maior compactação da camada capilar iria requerer uma maior quantidade de amostra do RSU tratado utilizado, o que simplesmente não seria possível. Outro fator que contribuiu, foi a irregularidade da chuva simulada, que apesar dos esforços no sentido de representar o mais fielmente possível uma chuva real, sempre esbarrou nas dificuldades práticas de fazê-lo. A falta da possibilidade de controle da vazão de chuva e a conseqüente falta de um controle rigoroso da velocidade de infiltração levam ao sub-aproveitamento da capacidade de retenção da camada capilar e ao sub-aproveitamento da capacidade de drenagem lateral de líquidos através da camada capilar. 176 CAPÍTULO 5 - 5.1 CONCLUSÕES CONCLUSÕES RELATIVAS AOS ENSAIOS COM MEDIDA DIRETA DE SUCÇÃO Os ensaios com medida direta de sucção se mostraram eficientes e de fácil execução. As adaptações necessárias nos equipamentos convencionais são simples. Estes ensaios reproduzem melhor a realidade, sem impor condições específicas e, por este motivo, devem representar melhor o comportamento não saturado de materiais granulares. A obtenção dos parâmetros na condição não saturada é simplificada com a medida direta de sucção, pois, a introdução de um tensiômetro fornece valores reais da sucção de forma direta, desta maneira, possibilitando a análise dos resultados simplesmente utilizando a medida feita pelo tensiômetro como uma pressão, naturalmente negativa. 5.2 CONCLUSÕES RELATIVAS AOS ENSAIOS REALIZADOS O valor do coeficiente de permeabilidade vertical do composto estudado obedece a um padrão bem definido de comportamento em relação a variação da massa específica aparente seca. Os valores encontrados para o coeficiente de permeabilidade do composto são coerentes com os valores encontrados na literatura. O adensamento do RSU pré-tratado parece sofrer influência da massa específica e da umidade, ou seja, quanto menos denso e quanto mais úmido, maiores serão os recalques. 177 Os parâmetros de resistência obtidos com os ensaios triaxiais com medida direta de sucção para RSU pré-tratado, são menores do que os parâmetros de resistência obtidos, na literatura, para RSU. No entanto, não há incompatibilidade entre o comportamento mecânico do RSU pré-tratado e do RSU. 5.3 CONCLUSÕES RELATIVAS À BARREIRA CAPILAR CONSTRUÍDA COM RSU PRÉ-TRATADO MECÂNICA E BIOLOGICAMENTE A retenção de água pela barreira capilar construída com RSU prétratado mecânica e biologicamente depende do diâmetro máximo das partículas da camada capilar, da velocidade de infiltração e do ângulo de inclinação da barreira capilar com a horizontal. Dentre estas condições que influem fortemente sobre o desempenho da barreira capilar construída com RSU pré-tratado, destacam-se o ângulo de inclinação e a velocidade de infiltração. A velocidade de infiltração é uma condição determinante no desempenho da barreira capilar construída com RSU pré-tratado mecânica e biologicamente, pois influi diretamente no fenômeno unidimensional e, principalmente, influi de forma intensa no fenômeno bidimensional, que ocorrem em barreiras capilares. A barreira capilar construída com RSU pré-tratado parece respeitar todos os preceitos determinados para uma barreira capilar construída apenas com solo, no entanto, uma afirmação conclusiva ainda não é possível. O fenômeno unidimensional, ou seja, a retenção de água por capilaridade e absorção foi o principal fenômeno atuando nos ensaios de coluna e nos ensaios da barreira capilar experimental. O RSU pré-tratado mecânica e biologicamente pode chegar a reter o equivalente a mais de 60% do seu peso seco. A barreira capilar construída com RSU pré-tratado mecânica e biologicamente, é uma opção viável para ser utilizada em aterros sanitários, devido as 178 suas vantagens em relação ao controle da geração de lixiviado, a utilização do próprio RSU para tratar o RSU e o aumento da vida útil do aterro sanitário, pois o RSU prétratado ocupa menos volume do que o RSU in natura. Alem de todas as vantagens, a barreira capilar construída com RSU pré-tratado pode ser uma ferramenta de controle da umidade que chega até o RSU. O dimensionamento da barreira capilar construída com RSU pré-tratado pode deixar com que apenas uma dada quantidade de água, aceitável, passe para o interior do aterro, permitindo assim que os processos biológicos continuem ocorrendo no interior do aterro, sem ocasionar uma elevada produção de lixiviado e garantindo a geração de gás para um possível aproveitamento energético. 5.4 CONCLUSÕES RELATIVAS AO USO DA BARREIRA CAPILAR COMO COBERTURA DIÁRIA EM ATERROS SANITÁRIOS A utilização da barreira capilar construída com o próprio RSU para cobertura diária do resíduo pode ser viável, no entanto, o que é possível se afirmar até o momento é que, se utilizada uma barreira capilar como cobertura diária, esta melhoraria o controle do acúmulo de líquidos no interior do maciço de resíduos. O RSU pré-tratado é um material mais homogêneo que o RSU sem tratamento, com partículas menores e não está sujeito a grandes mudanças físicas. O RSU pré-tratado pode sofrer grandes deformações, quase da mesma magnitude do que o RSU sem tratamento e, por este motivo, se for usado no meio do maciço de RSU sem tratamento, deverá acompanhar as deformações que por ventura ocorram no aterro sanitário. Em termos do comportamento mecânico, o ângulo de atrito interno e coesão do RSU pré-tratado são menores do que os do RSU sem tratamento e na umidade natural. 179 5.5 SUGESTÕES PARA FUTUROS TRABALHOS A continuação do estudo da barreira capilar construída com RSU prétratado mecânica e biologicamente é de suma importância, pois pode representar uma solução viável, de baixo custo e que represente um aumento na vida útil dos aterros sanitários. Muito se avançou com este trabalho, porém, ainda há muito para se entender a respeito dos parâmetros que regem o fenômeno da capilaridade, tanto em solos como em RSU pré-tratado. O melhor entendimento destes parâmetros pode levar a definição de uma metodologia para dimensionamento deste tipo de barreira, que siga certos requisitos de projeto pré-estabelecidos (ex. espessura da camada em função da distância de falha da barreira capilar). Assim sendo, sugere-se os seguintes estudos : • Determinação da distância de falha em barreiras capilares construídas com RSU pré-tratado. • Estudo da espessura ideal para um desempenho desejado de uma camada capilar construída com RSU pré-tratado. • Estudo e desenvolvimento de uma técnica de pré-tratamento adequada a realidade Brasileira. • Estudo da relação custo benefício do pré-tratamento do resíduo sólido urbano. • Estudo do comportamento mecânico dos resíduos sólidos urbanos e de resíduos pré-tratados, visando obter parâmetros para otimização de projetos de aterros sanitários. • Obtenção de parâmetros de resistência com a utilização de medida direta de sucção. • O papel da geotecnia ambiental no desenvolvimento de tecnologias que criem mecanismos para o desenvolvimento limpo e sustentável. 180 CAPÍTULO 6 - REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDREAS, L., HERRMANN, I., LIDSTRÖM-LARSSON, M. AND LAGERKVIST, A. (2005). Physical Properties of Steel Slag to be Re-Used In a Landfill Cover. 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DENSIDADE REAL DOS GRÃOS 0 PICNÔMETRO N 0 TEMPERATURA DA ÁGUA E SOLO ( C) 0 CÁPSULA N PICNÔMETRO + SOLOSECO PICNÔMETRO PICNÔMETRO + ÁGUA PICNÔMETRO + SOLO + ÁGUA I T II III 25 25 25 WW 161 104,02 607,16 174,30 117,24 615,76 148,78 91,37 599,65 W WS 634,07 643,00 627,05 SOLO SECO (g) ÁGUA DESLOCADA (W S + W W - W WS) WS 56,98 57,06 57,41 FATOR DE CORREÇÃO DENSIDADE REAL DOS GRÃOS W S . K / (W S + W W - W WS) K GS 30,07 0,9971 1,889 29,82 0,9971 1,908 30,01 0,9971 1,907 MÉDIA 1,902 DETERMINAÇÃO DA UMIDADE 0 CÁPSULA N CÁPSULA + SOLO UMIDO CÁPSULA + SOLO SECO ÁGUA CÁPSULA SOLO SECO UMIDADE (%) COPPE/UFRJ ALUNO: RONALDO MESTRADO: RECEBIDO EM __/__/__ WW WS W PROGRAMA DE ENGENHARIA CIVIL LAB. DE GEOTECNIA - CARACTERIZAÇÃO AMOSTRA: COMPOSTO RESP. SETOR: OPERADOR: LCARLOS DATA: REG.LAB. 26/06/2007 Figura A. 2 - Resultado do ensaio para determinação da densidade real dos grãos (Picnômetro). 195 A.2 - CALIBRAÇÕES Os transdutores de pressão utilizado no tensiômetro, transdutores de deslocamento (LVDT) do ensaio de adensamento e a variação volumétrica da câmara triaxial foram calibrados antes do início dos ensaios. Os resultados das calibrações feitas podem ser observadas na Figura A. 3, Figura A. 4 e Erro! Fonte de referência não encontrada.. Calibração do Transdutor de Pressão ASHCROFT - K1 - 0 a 150 PSI - N.Série CO7 134866 Pressão kPa 0 10,56 25 50 100 200 300 547 300 200 100 50 25 10,56 0 1º Ciclo Carga / Descarga 109,89 115,57 120,99 131,24 152,66 193,8 235,1 339,06 235,28 194,24 152,77 131,37 121,11 115,68 110,01 Pressão kPa 0 10,56 25 50 100 200 300 547 300 200 100 50 25 10,56 0 2º Ciclo Carga / Descarga 110,03 115,67 120,1 131,33 152,72 193,84 235,2 339,05 235,32 194,23 152,81 131,4 121,14 115,72 110,03 Pressão 3º Ciclo kPa Carga / Descarga 0 110,03 10,56 115,65 25 121,06 50 131,29 100 152,67 200 193,67 300 235,14 547 338,73 300 235,28 200 194,04 100 152,77 50 131,35 25 121,11 10,56 115,68 0 110 1º Ciclo 2º Ciclo 600 y = 2,398x - 265,18 R² = 1 500 y = 2,3966x - 264,89 R² = 1 500 400 400 300 300 kPa kPa 600 200 100 200 100 0 0 -100 0 100 200 300 400 Milivolts -100 0 100 200 300 400 Milivolts 3º Ciclo 600 y = 2,4013x - 265,7 R² = 1 500 kPa 400 300 200 100 0 -100 0 100 200 300 400 Milivolts Figura A. 3 - Calibração do transdutor de pressão utilizado no tensiômetro do ensaio oedométrico com medida direta de sucção. 196 Calibração do LVDT Desloc. mm 20,295 19 17 15 12,5 11 10 9,54 10 11 12,5 15 17 19 20,295 Pressão kPa 20,295 19 17 15 12,5 11 10 9,54 10 11 12,5 15 17 19 20,295 1º Ciclo Carga / Descarga 0,62 -5,81 -16,16 -26,49 -39,39 -47,15 -52,35 -55,45 -52,35 -47,13 -39,39 -26,44 -16,1 -5,79 0,63 Pressão kPa 20,295 19 17 15 12,5 11 10 9,54 10 11 12,5 15 17 19 20,295 2º Ciclo Carga / Descarga 0,63 -5,8 -16,15 -26,49 -39,38 -47,2 -52,36 -55,46 -52,33 -47,15 -39,39 -26,44 -16,1 -5,77 0,63 1º Ciclo 2º Ciclo 25 y = 0,1933x + 20,133 R² = 0,9999 25 y = 0,1932x + 20,131 R² = 0,9999 20 20 15 kPa kPa 15 10 10 5 5 0 -60 -50 -40 -30 3º Ciclo Carga / Descarga 0,63 -5,79 -16,14 -26,49 -39,42 -47,15 -52,35 -55,46 -52,38 -47,13 -39,38 -26,43 -16,1 -5,77 0,63 -20 -10 0 0 10 -60 -50 -40 Milivolts -30 -20 -10 0 10 Milivolts 3º Ciclo 25 y = 0,1932x + 20,13 R² = 0,9999 20 kPa 15 10 5 0 -60 -50 -40 -30 -20 -10 0 10 Milivolts Figura A. 4 - Calibração do LVDT utilizado no ensaio de adensamento com medida direta de sucção. 197 35 y = 0,00000004x 3 - 0,00003756x 2 + 0,07172654x + 0,04383940 R² = 0,99959347 ) 30 m c ( 25 e m u l 20 o V e d 15 o ã ç a ir 10 a V 5 3 0 0 100 200 300 400 500 600 Pressão (kPa) Figura A.1 – Calibração da variação volumétrica da câmara Triaxial. A.3 - DETALHES DO ENSAIO DE ADENSAMENTO Os ensaios de adensamento respeitaram a seqüência de cargas da Tabela A. 1. O tensiômetro utilizado no ensaio de adensamento e no ensaio triaxial, teve seu copo de acrílico respeitando as dimensões da Figura A. 5 e utilizou um transdutor da marca Ashcroft modelo K1. 198 Tabela A. 1 - Tabela de carregamentos utilizada para o ensaio oedométrico com medida direta de sucção. Tabela de Carregamento kPa Kgf acumulado Kgf adicionado 3,125 6,25 12,5 25 50 100 200 400 800 1600 0,141 0,282 0,564 1,128 2,256 4,512 9,024 18,048 36,096 72,192 0,141 0,141 0,282 0,564 1,128 2,256 4,512 9,024 18,048 36,096 De acordo com Transdutor De acordo com Transdutor Figura A. 5 - Dimensões dos copos de acrílicos construídos para os tensiômetros utilizados nos ensaios triaxial e oedométrico. 199 A.4 - ENSAIOS E MATERIAIS UTILIZADOS NA ALEMANHA Na Universidade Técnica de Braunschweig (Alemanha), foram feitos ensaios com resíduos pré-tratados mecânica e biologicamente de três diferentes locais. O aspecto do matéria proveniente de Mansie (cidade alemã da região de Niedersachsen) pode ser observado na Figura A. 6. O aspecto do material oriundo de Münster (cidade alemã da região de North Rhine-Westphalia) pode ser observado na Figura A. 7. Uma barreira capilar experimental de pequenas dimensões foi construída, também, na Universidade Técnica de Braunschweig. Detalhes desta barreira experimental podem ser vistos na Figura A. 8. Figura A. 6 - Aspecto do material proveniente de Mansie (IZZO,2006). 200 Figura A. 7 - Aspecto do material proveniente de Münster (IZZO,2006). Figura A. 8 - Teste em laboratório de barreira capilar feita com resíduo sólido urbano pré-tratado mecânica e biologicamente feito na UT Braunschweig (IZZO, 2006). 201 A.5 - BARREIRA CAPILAR EXPERIMENTAL Após os ensaios da barreira capilar experimental realizados, onde a camada capilar foi construída com o composto passante na peneira de 4 mm, o material foi retirado da caixa e peneirado com um peneira de malha com abertura de 2 mm. A retirada de material da caixa, ainda úmido, pode ser observado na Figura A. 9. O processo de secagem pode ser observado na Figura A. 10 e o peneiramento pode ser visto na Figura A. 11. Figura A. 9 - Retirada do material da Caixa para ser seco e peneirado. 202 Figura A. 10 – Processo de secagem do composto. Figura A. 11 - Composto sendo peneirado. 203 A.6 - ENSAIO DE ADENSAMENTO OEDOMÉTRICO Ensaios oedométricos foram feitos para um solo argiloso proveniente de Belford Roxo, que é utilizado para cobertura em um aterro de resíduos sólidos urbanos, e comparado com os resultados de ensaios oedométricos feitos com composto. Os resultados podem ser observados na Figura A. 12. 1,8 ïndice de Vazios, e 1,6 1,4 1,2 1,0 0,8 0,6 0,4 0,2 1 10 100 1000 Tensão Vertical (kPa) 10000 Deformação Específica (%) 0 Composto (1-4mm) - Não Saturado Composto (1-4mm) Saturado Solo de Belford Roxo - Não Saturado Solo de Belford Roxo - Saturado 10 20 30 40 50 0 200 400 600 800 10001200140016001800 Tensão Vertical (kPa) Figura A. 12 - Comparação entre os resultados do ensaio de adensamento para o composto e para um solo argiloso de Belford Roxo (RJ).